Os chefes de Estado, prontos para uma foto para a prosperidade, na Cúpula de Londres. AFP PHOTO / ERIC FEFERBERG 036 cúpul a de londres OS RESULTADOS DA CÚPULA DE LONDRES O G20, criado em 1999, é um grupo que reúne os ministros da Economia e os presidentes de bancos centrais de 19 países – Alemanha, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos da América (EUA), França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia –e da União Europeia (UE). Na Cúpula de Londres de 2 de abril de 2009, participaram também Espanha, Holanda, República Tcheca (cujo presidente está no comando da UE), Etiópia (da Nova Parceria para Desenvolvimento da África) e Tailândia (da Associação de Nações do Sudeste Asiático). Os países do G20 representam quase 90% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, e neles vivem dois terços da população mundial. Ao término do encontro, os líderes dos países participantes lançaram um pacote de US$1,1 trilhão para socorrer a economia global. Este valor equivale ao PIB da Índia, a 12ª maior economia do mundo, ou a 28 vezes a fortuna de Bill Gates, o homem mais rico do planeta. O anúncio gerou muito otimismo nas bolsas de valores de várias capitais. Com uma alta de 4,19 pontos, a Bovespa (São Paulo) atingiu, no dia 2 de abril de 2009, seu melhor nível em seis meses. Ao pacote anunciado deve-se somar mais US$5 trilhões que, de acordo com o relato da Cúpula, já foram prometidos ou colocados de fato na economia global pelos diversos governos. A participação do Brasil O presidente Luiz Inácio Lula da Silva circulou com muita desenvoltura entre os líderes das nações presentes e acabou ganhando o elogio de “o político mais popular da Terra”. Quem apostou no prestígio do presidente dos EUA, Barack Obama, como a estrela principal da Cúpula de Londres, perdeu feio. O centro das atenções da reunião do G20 foi o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como prova da popularidade do chefe de Estado brasileiro, o presidente dos EUA protagonizou uma cena que pegou de surpresa o nosso presidente. Antes do início da reunião do G20, numa sala de conferência do Excel Center, à margem do rio Tamisa, Obama introduziu Lula na roda de conversa com o primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, com uma saudação superinformal, registrada pela mídia. “Ele é o cara”, disse Obama, apontando para Lula, depois de trocar um aperto de mão e olhar para Rudd. “Meu chapa, adoro este cara” (My man, I love this guy), acrescentou Obama, completando a saudação com uma Richard Lewis / newsteam.co.uk / Crown Copyright “Ele é o cara”, disse Obama sobre o presidente Lula O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa animada conversa com o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown e o presidente do México, Felipe Calderón Hinojosa. frase que certamente fez a festa de toda a diplomacia brasileira: “Ele é o político mais popular da Terra. Deve ser porque é boa pinta.” E o primeiro-ministro australiano Kevin Rudd ainda agregou que Lula continua muito popular, apesar de estar no terceiro ano de seu segundo mandato. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mereceu também uma menção elogiosa do primeiro-ministro Gordon Brown, que contou para todos a história de vida que lhe foi passada pelo presidente do Brasil ao explicar que já não era mais hora de procurarmos culpados pela crise. Disse Gordon Brown: “Lula me contou que, quando era sindicalista, ele sempre culpava o governo. Quando era da oposição, culpava o governo. Quando virou governo, culpava os EUA e a Europa. Chega de procurar culpados. Vamos atrás das soluções perenes.” E o presidente Lula ainda ganhou lugar de destaque, ao sentar-se ao lado da rainha Elizabeth II na foto oficial dos líderes do G20, à frente de Barack Obama, que ficou de pé, atrás do presidente brasileiro. O nosso presidente não perdeu a oportunidade para comemorar toda a sua popularidade e buscou ampliá-la ao anunciar que o Brasil também vai dar dinheiro ao FMI (Fundo Monetário Internacional). Disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: “Quero entrar para a história por ter emprestado dinheiro para o FMI. Acho muito chique o Brasil emprestar dinheiro para o FMI! E bem eu, que passei parte da minha juventude carregando faixa contra o FMI no centro de São Paulo.” Aliás, nessa ida a Londres, o presidente Lula usou um enorme arsenal de frases de efeito, que repercutiram muito. Aí vão algumas delas: °° “Quero ser o Cassius Clay desta crise e dar um nocaute nela.” °° “Obama é o primeiro presidente dos EUA que tem a cara da gente. Se encontrasse com ele na Bahia, diria que é baiano. Ele é muito tranquilo e humilde.” °° “O Brasil não vai agir aqui como se fosse um país pequeno, sem importância.” °° “Não existe explicação para haver um mundo real, que investe no setor produtivo, e uma economia que termina por esconder o dinheiro do crime organizado, do narcotráfico e da lavagem de dinheiro.” °° “Digamos que eu encontre um cidadão moribundo, baleado. Não vou ficar tentando saber quem deu o tiro, onde está a bala. Vou levá-lo para o hospital para tentar salválo. Depois a gente discute o resto. A economia mundial está moribunda e sabemos por que está assim.” Deliberações da Cúpula Os países do G20 abordaram diversos temas. Seguem as principais resoluções: á Incentivos Fiscais - EUA, Grã Bretanha e Japão foram fortes defensores de uma ação harmônica global para injetar mais recursos governamentais em pacotes de incentivos fiscais. Os EUA querem um compromisso coletivo de elevação de gastos públicos para o equivalente a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) de cada país. França e Alemanha lideraram os pedidos para repelir esta medida, preferindo aguardar por resultados de fundos já aplicados para solucionar a crise. Como conclusão, a reunião não estabeleceu compromissos definitivos em relação a mais medidas fiscais, fato recebido com satisfação pela Alemanha; porém os EUA, o Japão e a China já estão injetando muitos bilhões em suas economias. á Paraísos Fiscais - A crise despertou um forte movimento contra os paraísos fiscais. A ideia é que esses centros financeiros devem seguir regras transparentes e deixem de ser um refúgio seguro para o dinheiro ilegal. Segundo o G20, “a era do sigilo bancário acabou”. Foi publicada uma lista que apontou os paraísos fiscais que não respeitam as regras internacionais, e daqui para frente os infratores serão punidos mais severamente. Isto O presidente dos EUA, Barack Obama. Anita Maric / newsteam.co.uk / Crown Copyright O primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd. As intervenções de alguns chefes de Estado na Cúpula de Londres. Frantzesco Kangaris / newsteam.co.uk / Crown Copyright O presidente da França, Nicolas Sarkozy. significa que a vida dos paraísos fiscais vai ficar mais difícil. Aqueles que não cumprirem as regras internacionais serão alvos de sanções, entretanto, é uma certa ilusão que o sigilo bancário vai desaparecer tão facilmente ... á Protecionismo - Grã-Bretanha, EUA, Coreia do Sul, Canadá e Índia solicitaram que o G20 se comprometa firmemente com o livre comércio. O comércio mundial está caindo pela primeira vez em 25 anos. Com o aumento do desemprego, há o sério risco de surgir uma onda mundial de protecionismo comercial e financeiro. O compromisso do G20 de não adotar medidas protecionistas, firmado em novembro de 2008, foi prorrogado até o fim de 2010. Os países prometeram disponibilizar US$ 250 bilhões para o financiamento do comércio exterior. O resultado dessa posição do G20 deve, sem dúvida, inibir, mas não eliminar, as medidas protecionistas. Entretanto, na prática, muitos dos países do G20 adotaram medidas protecionistas desde a reunião de novembro. á Fiscalização dos bancos - Uma das principais razões da crise, evidentemente, foi a falta de fiscalização dos O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown. bancos e das instituições financeiras. Vários países, como a França, defendem a adoção de regras internacionais severas para que o desastre não se repita no futuro. Os países do G20 prometeram reforçar seus sistemas de regulação financeira. A fiscalização será estendida até aos fundos fechados, conhecidos como hedge. As regras para o pagamento de bônus para os executivos das instituições financeiras também serão mais rigorosas e as somas não serão tão vultosas. A conclusão de tudo isso é que foi muito bom o G20 ter anunciado a criação de um órgão internacional para FRANTZESCO KANGARIS/Newsteam.co.uk/Crown Copyright Anita Maric / newsteam.co.uk / Crown Copyright 038 cúpul a de londres Consequências para o mundo É vital que seja disponibilizada essa cifra extraordinária para tempos extraordinários, ou seja, US$1,1 trilhão para ser injetado na veia financeira do mundo. Esta foi uma prova tangível de que a reunião da Cúpula de Londres produziu grandes resultados. Parte do dinheiro tem que ser empenhada agora, uma parte está contada duas vezes e uma parte talvez seja “moeda sintética”, que na verdade não é dinheiro real. Cerca de US$ 500 bilhões do total de US$1,1 trilhão representam o financiamento direto para o FMI, que foi significativamente aumentado. Porém, pelas contas de Eswar S. Prasad, ex-chefe da divisão dedicada à China no FMI, até agora menos da metade desse valor foi empenhado pelo Japão, pela União Europeia (UE), pelo Canadá e pela Noruega. A China deve contribuir com US$ 40 bilhões, mas comprando bônus emitidos pelo FMI. Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos EUA, designou US$ 100 bilhões da parte dos EUA, porém é necessária uma autorização do Congresso, no qual muitos integrantes não são favoráveis, diante dos pesados encargos com os planos de estímulo econômico domésticos. Entre os doadores potenciais estão a Arábia Saudita, outros países do Golfo Pérsico e as nações emergentes, como Índia e Brasil. Entretanto, a sua disposição para contribuir vai depender de terem voz mais ativa nos assuntos do FMI. Disse o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown: “Para reativar o debilitado cenário mundial, os líderes do G20 concordaram em alocar US$ 250 bilhões em crédito ao comércio por dois anos, além dos US$ 100 bilhões de empréstimos por bancos de desenvolvimento multilaterais, que emprestam para países mais pobres. Juntas, estas medidas nos dão confiança de que a economia global poderá voltar a crescer até mais rápido do que as atuais previsões do FMI.” Mas, segundo os especialistas, dos US$ 250 bilhões, apenas um quarto é dinheiro vivo: o financiamento do comércio será renegociado a cada seis meses, quando os exportadores forem pagos pelos produtos vendidos e reembolsarem as agências de onde tomaram empréstimos. Essas agências, então, de novo lhes emprestam a mesma soma. Portanto, neste caso, ocorre uma contagem dupla... É previsível que o FMI emita US$ 250 bilhões em Direitos Especiais de Saques (a sigla em inglês é SDR), ou seja, vai surgir uma “moeda virtual” cujo valor é estabelecido por uma cesta de moedas que inclui o dólar, o euro e a libra esterlina. O FMI emitirá os SDRs para todos os seus 185 membros, que podem, sucessivamente, emprestar aos países mais pobres! Dessa maneira, por exemplo, para os benefícios do programa serem sentidos globalmente, a Europa, os EUA, o Richard Lewis / newsteam.co.uk / Crown Copyright O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, entre o rei Abdullah Bin Abdul Aziz Al Saud da Arábia Saudita e o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, durante a sua participação na Cúpula de Londres. fiscalizar os mercados, porém, sem dúvida, será muito difícil unificar as regras para todos os países. á Moeda global - A China e a Rússia propuseram a criação de uma nova moeda global para servir como reserva internacional, no lugar do dólar. De acordo com os chineses, essa moeda teria mais possibilidade de se manter estável a longo prazo. Não se pode esquecer que a China tem US$1,95 trilhão de reservas aplicadas em dólares e está preocupada com o impacto da crise na moeda norte-americana. No comunicado final do G20, não se cogitou a possibilidade de criar uma nova moeda global. Mas não a ideia deve continuar a ser debatida nos próximos meses. Contudo, é quase certo que, quando a economia norte-americana se recuperar, a confiança no dólar voltará a prevalecer... á Alavancar o FMI - Austrália, Canadá e África do Sul estavam entre os países que propuseram haver um grande aumento de recursos para os empréstimos do FMI. Rússia, Argentina, China, Índia, Arábia Saudita e outros países sugeriram reformas, para dar às economias emergentes maior poder de voto no FMI. De fato, o FMI precisa de mais dinheiro para socorrer os países em apuros financeiros. Esses recursos são muito relevantes, embora parte deles tenha sido reempacotada, pois já eram compromissos programados. O resultado final é que os fundos de empréstimos do FMI foram triplicados, mais do que se esperava. Até o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva assegurou que o Brasil vai “emprestar alguns reais” para o FMI. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o montante exato da participação brasileira no FMI será divulgado “nos próximos dias”. E, no ambicioso documento apoiado pelos líderes que compareceram à Cúpula de Londres, está recomendada uma retomada da Rodada de Doha, estimando-se que o aumento das transações dela decorrentes representaria um impulso acima de US$150 bilhões na economia mundial. Anita Maric / newsteam.co.uk / Crown Copyright 040 cúpul a de londres A comunidade internacional parece ter optado por um esforço coletivo em prol da ordem pós-crise, mediante o diálogo e a convergência entre diferentes visões Japão etc. vão ter que emprestar os seus SDRs, e não vai ser tão fácil assim, visto que nos EUA isso exigiria novamente a aprovação do Congresso, e nos outros países mais ricos também se deverá passar por trâmites semelhantes. O crescimento da China É interessante a opinião do colunista do Financial Times, Martin Wolf, grande especialista em política internacional, que no seu artigo G2, depois do G20, no jornal Valor Econômico (8/4/2009) escreveu: “As reuniões como a Cúpula de Londres não podem solucionar desacordos fundamentais sobre o que deu errado e como fazer o conserto. Em consequência, o mundo está no caminho de uma recuperação insustentável, que pode ser melhor do que nada, mas não é suficientemente boa. Porém esta cúpula teve, sem dúvida, duas conquistas: uma ampla e outra específica. Em primeiro lugar, ‘bater boca é melhor que guerrear’, como observou há um bom tempo Winston Churchill. Dada a intensidade da ira e do medo à solta no mundo, as próprias discussões são necessariamente um fato positivo. Em segundo lugar, o G20 decidiu triplicar os recursos à disposição do FMI e apoiar uma alocação de muitos bilhões de SDRs, um ativo de reserva do FMI. Se implementadas, essas decisões deverão ajudar as economias emergentes mais adversamente impactadas pela crise. As decisões também assinalam um retorno a um grande debate: o funcionamento do sistema monetário internacional. O país que levantou grandes questões tanto na Cúpula como diretamente com os EUA foi a China. E não restam dúvidas que isso se deve a razões de autointeresse: a China está preocupada com o valor de suas reservas em moeda estrangeira, a maior parte das quais está denominada em dólares norte-americanos. O presidente da China, Hu Jintao, chegando para a recepção no palácio de Buckingham um dia antes do início da Cúpula. Os chineses querem se distanciar da culpa pela crise, e o país deseja preservar bastante o seu modelo de desenvolvimento. O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao apontou recentemente a preocupação de seu país quanto ao valor de suas gigantescas reservas, US$1,95 trilhão, um montante de quase metade do PIB de 2008. Imagine o que diriam os norte-americanos se seu governo tivesse investido cerca de US$7 trilhões (o equivalente em relação ao PIB norte-americano) em dívida de governos não inteiramente amistosos. O governo chinês está começando a se dar conta do seu erro – lamentavelmente tarde demais. A China está buscando dialogar com os EUA diretamente, daí talvez o surgimento do G2, grupo das duas grandes potências mundiais, e isso é, em si mesmo, muito importante e talvez até aterrorizante para as outras nações desenvolvidas. Por mais autointeressada que seja a motivação da China, esta é a condição necessária para uma discussão séria sobre reformas mundiais. Porém a China também precisa compreender um aspecto fundamental: o mundo não pode absorver com segurança os superávits em conta corrente que o país provavelmente irá gerar em sua atual trilha de desenvolvimento. Um país tão grande quanto a China não pode se apoiar na dependência em relação a tão vultosos superávits em conta corrente como fonte de demanda. Permanece, pois, a necessidade de que os gastos na esfera doméstica na A China indicou que já começa a exercitar os seus músculos nos foros internacionais, onde antes primava por eloquente silêncio. Não se limitou a admoestar os EUA sobre a fragilidade de sua moeda, mas surgiu com a proposta de uma progressiva substituição do dólar por uma cesta de moedas. Se a emergência da China é indiscutível, o entendimento entre as duas potências será indispensável para o encaminhamento de importantes temas da agenda internacional, o que leva muitos analistas a preconizar a inevitabilidade de um G2 constituído pelos EUA e pela China. Uma das boas resoluções da Cúpula do G20 foi a revogação da regra não-escrita de que os diretores do FMI e do Banco Mundial precisam ser europeu e norte-americano, respectivamente. Porém uma legítima pretensão dos países emergentes para uma revisão da ponderação de votos foi adiada para 2011, quando a pressão por mudança já poderá ter arrefecido. A ênfase dada à green recovery poderá ter um alcance efetivo no cenário pós-crise. A posição do governo Obama no tema das mudanças climáticas deverá viabilizar a conclusão de um acordo em substituição ao Protocolo de Kyoto. Hoje, a comunidade internacional parece ter optado por um esforço coletivo e progressivo para a construção da ordem pós-crise, mediante o diálogo e a convergência entre visões diferentes. Esta talvez seja a lição do G20, que não deveria refletir apenas sobre imposição de uma crise, mas sobre o início de um processo de democratização nas instâncias internacionais.” Daniel Hambury / newsteam.co.uk / Crown Copyright China cresçam forte e sustentadamente em relação ao crescimento da produção potencial. E isso é, ao mesmo tempo, simples e muito difícil.” Hoje é indiscutível a importância da China, que já é a terceira maior economia do mundo e que está acumulando cada vez mais riqueza. Seguramente, em menos de cinco anos também irá superar o Japão, fazendo jus a fazer parte do G2, o duo das maiores economias do mundo, com poder de equilibrar e também de desequilibrar novamente os mercados do mundo... Em um artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo (8/4/2009), com o título A geopolítica da crise, o embaixador Sergio Amaral, diretor do Centro de Estudos Americanos da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), disse: “A Cúpula do G20 em Londres evidenciou, embora por vezes de modo simbólico, que a atual crise global trazia em seu bojo uma nova geografia econômica. Os EUA continuarão sendo uma potência econômica dominante, pelo avanço tecnológico, pela competitividade da sua economia e pelo dinamismo e tamanho do seu mercado. Porém seu peso relativo já é bem menor. Após a Segunda Guerra Mundial, a economia norte-americana representava mais da metade do PIB mundial. Hoje, corresponde a menos de um quarto. Em poucas décadas, a China poderá alcançar um PIB semelhante. Os EUA ainda continuarão a ser a força hegemônica na cena mundial. Porém o seu desafio estratégico, bem como o da Europa, será acomodar a emergência da China – primeiro a econômica, a qual já estamos assistindo, e em seguida a política. Os chefes de Estado, na foto oficial da Cúpula de Londres (2/4/2009). Da esquerda para a direita: 1ª fileira - Lee Myung-bak (Coreia do Sul); Nicolas Sarkozy (França); Abdullah Bin Abdul Aziz Al-Saud (Arábia Saudita); Hu Jintao (China); Gordon Brown (Reino Unido); Elizabeth II (Reino Unido); Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil); Susilo Bambang (Indonésia); Felipe Calderón (México); Cristina Kirchner (Argentina); Dmitry Medvedev (Rússia); 2ª Fileira - Kevin Rudd (Austrália); Stephen Harper (Canadá); Angela Merkel (Alemanha); José Luis Rodrígues Zapatero (Espanha); Jan Peter Balkenende (Holanda); Kgalema Motlanthe (África do Sul); Barack Obama (EUA); Recep Tayyip Erdogan (Turquia); Manmohan Singh (Índia); José Manuel Durão Barroso (Comissão Europeia); Meles Zenawi (Etiópia); 3ª fileira - Dominique Strauss-Kahn (FMI); Ban Ki-moon (ONU); Pascal Lamy (OMC); Abhisit Vejjajiva (Tailândia); Taro Aso (Japão); Silvio Berlusconi (Itália); Mirek Topolanek (República Tcheca); Mario Draghi (BC da Itália); Robert Zoellick (Banco Mundial).