Aplicação do FMEA nas Centrais de Quimioterapia Mario Luiz P. Ferreira Área da Qualidade Introdução • O tema Segurança do Paciente se transformou em preocupação, nas instituições de saúde, a partir de 2003 com a publicação do artigo Errar é Humano: Construindo um Sistema de Saúde mais Seguro. • Cada ano, os erros médicos provocam morte entre 44.000 e 98.000 pacientes, nos EUA. • O custo total de eventos médicos adversos está entre US$ 17 milhões e US$ 29 milhões, por ano. Introdução Introdução Tipos de Eventos Sentinela Qtde % Cirurgia em lado errado 921 13,3 Suicídio 816 11,8 Complicações operatórias 749 10,8 Atraso no tratamento 592 8,6 Erro de medicação 554 8,0 Queda de paciente 450 6,5 Fonte: Joint Comission International Introdução ERRO DE MEDICAÇÃO – qualquer erro que ocorra, desde a prescrição até a administração de medicamento ao paciente. • Erro de Prescrição: escolha incorreta do medicamento, erro de cálculo na dose, via de administração, concentração, velocidade de infusão ou prescrições ilegíveis. • Erro de Preparação: diluição incorreta, reconstituição inapropriada, medicamento fora do prazo de validade. • Erro de Administração: técnica inapropriada (inclui via errada); via correta, porém em local errado; velocidade da administração; intervalo diferente do prescrito; omissão e doses extras. Fonte: Carvalho, M e Vieira, AA. Erro Médico em Pacientes Hospitalizados. Jornal de Pediatria (Rio) 2002; 78 (4): 261-8: Introdução • O Instituto de Medicina, dos EUA, estima que morrem 7.000 americanos, por ano, devido a erros de medicação. • Na Espanha, erros de medicação são responsáveis por 5% da hospitalização com custo médio de 3.000 Euros por paciente. • Na Colômbia, entre 1993 e 2006, erros de medicação foram responsáveis por 45% das mortes e 47% de danos aos pacientes. • Na Argentina, estima-se que a cada dez prescrições duas contêm erros. Introdução • No Brasil, um estudo em hospital privado de Campinas mostrou que erros de medicação representaram 50% de todos os eventos adversos contabilizados. • Em Belo Horizonte, estudo de um hospital público mostrou que 82% das 422 prescrições avaliadas continham pelo menos um erro de dispensação. • Estudo multicêntrico, conduzido pelo Brasil mostrou que 27% dos eventos adversos eram devidos a erros de administração. Objetivo • Apresentar de forma sintética o método de Análise do Modo e Efeito da Falha (Failure Mode and Effect Analysis – FMEA). • Mostrar como foi desenvolvido o trabalho de aplicação do FMEA no processo de cuidado nas Centrais de Quimioterapia do INCA. O Método FMEA • Origem do Método – National Aeronautics and Space Administration (NASA), para prevenção de defeitos em projetos , processos e de eventos adversos. • Permite identificar possíveis falhas na execução dos processos de trabalho. • Induz a discussão sobre as causas e efeitos das falhas. O Método FMEA AÇÕES RECOMENDADAS CONTROLES ATUAIS CAUSA(S) OCORRÊNCIA DETECÇÃO MODO DE FALHA SEVERIDADE TEMPO ÍNDICE DE RISCO EFEITO(S) O Método FMEA CONCEITOS Modo de Falha – deixa de atender a uma função. Efeito – impacto ou consequência do Modo de Falha. Causa – evento(s) que produz(em) o Modo de Falha. Controles – mecanismos que previnem ou detectam o Modo de Falha FMEA - Severidade 1 Mínima Não compromete o tratamento nem gera dano 2e3 Pequena Pode não comprometer o tratamento e não causar dano 4 Média Pode causar dano temporariamente 5 Média Pode causar dano temporariamente e prolongamento da hospitalização 6 Média Pode causar dano temporariamente, com uso de antídotos para reverter o dano 7 Alta Pode resultar em intervenção com baixo risco de morte 8 Alta Pode resultar em intervenção com médio risco de morte 9 Muito Alta Pode resultar em intervenção com alto risco de óbito e medidas especiais em UTI 10 Muito Alta Pode resultar em dano permanente ou resultar em morte FMEA - Ocorrência 1 Remota Taxa de falhas: 1 em 10.000.000 2 Pequena Taxa de falhas: 1 em 20.000 3 Pequena Taxa de falhas: 1 em 4.000 4 Moderada Taxa de falhas: 1 em 1.000 5 Moderada Taxa de falhas: 1 em 400 6 Moderada Taxa de falhas: 1 em 80 7 Alta Taxa de falhas: 1 em 40 8 Alta Taxa de falhas: 1 em 20 9 Muita Alta Taxa de falhas: 1 em 8 10 Muito Alta Taxa de falhas: 1 em 2 FMEA - Detecção 1 Muito Alta Probabilidade: 10 em 10 2e3 Alta Probabilidade: 7 em 10 4, 5 e 6 Média Probabilidade: 5 em 10 7e8 Pequena Probabilidade: 2 em 10 9 Mínima Mínima Possibilidade 10 Mínima Detecção Nula FMEA – Índice de Risco IR = Oco x Sev x Det Para IR ≥ 50 as equipes precisam implementar ações para a redução do nível risco. FMEA nas Centrais de QT 1. Identificar as Etapas do Processo • Início do Processo • Término do Processo 2. Associar os Modos de Falhas com as Etapas 3. Identificar os Efeitos dos Modos de Falha 4. Identificar as Causas dos Modos de Falha 5. Identificar os Controles Existentes 6. Definir os critérios para a avaliação (Oco, Sev e Det). 7. Avaliar o Risco dos Modos de Falha ou das Causas. 8. Discutir as Ações Necessárias FMEA nas Centrais de QT Equipes Participantes • Enfermagem Cristiane, Selma e Valdete, do HC I, Maxwell e Sheila do HC II, Ana Cristina e Maria Cristina, do HC III. • Farmácia Letícia e Dulce, do HC I, Priscila, Carlos e Denise, do HC II, Maria Fernanda e Fernanda Maria, do HC III. FMEA nas Centrais de QT Definição das Etapas do Processo HC I Agendamento na Central Agendamento na Farmácia Elaboração de Rótulo Manipulação Identificação e Rotulagem Dispensação Entrega na Central Recepção Administração HC II Prescrição Médica Agendamento Recepção Análise Elaboração do Rótulo Manipulação Dispensação Conferência Verificação de Sinais Vitais Punção de Acesso Venoso Administração Liberação HC III Agendamento Recepção Elaboração de Rótulo Análise Manipulção Dispensação Administração FMEA nas Centrais de QT Etapas do Processo Modos de Falha Associados as Etapas Agendamento Errado Sem Liberação Médica Dose errada Erro na Rotulagem Tempo de infusão errado Erro na Prescrição Erro na Identificação Hora errada Via de Administração Errada FMEA nas Centrais de QT Recomendações HC I Etapa: Entrega do Antineoplásico na Central de QT. Modo de Falha: Erro na Entrega. Efeito: Atraso no Atendimento. Causa Potencial: Não há norma de checagem na etapa. Controle: Não há. Oco = 3; Sev = 7; Det = 10; IR = 210 Ação: Normatizar a etapa de recebimento. FMEA nas Centrais de QT Recomendações HC I Etapa: Administração de Antineoplásico. Modo de Falha: Sem Liberação Médica. Efeito: Terapêutica Ineficaz; RAM; EA; ES. Causa Potencial: Falta de atenção da equipe. Controle: Não há. Oco = 1; Sev = 10; Det = 10; IR = 100 Ação: Implementar controle no momento do agendamento. FMEA nas Centrais de QT Recomendações HC II Etapa: Preparo do Antineoplásico. Modo de Falha: Contaminação da Bolsa. Efeito: Terapêutica Ineficaz; RAM; EA; ES. Causa Potencial: Uso incorreto da técnica de manipulação. Controle: Visual. Oco = 1; Sev = 10; Det = 9; IR = 90 Ação: Planejar treinamento da técnica de manipulação. FMEA nas Centrais de QT Recomendações HC II Etapa: Administração do Antineoplásico. Modo de Falha: Extravazamento. Efeito: Terapêutica Ineficaz; RAM; EA; ES. Causa Potencial: Mobilização indevida do paciente. Controle: Visual. Oco = 4; Sev = 10; Det = 3; IR = 120 Ação: Em discussão. FMEA nas Centrais de QT Recomendações HC III Etapa: Manipulação do Antineoplásico. Modo de Falha: Medicamento errado. Efeito: Atraso no atendimento. Causa Potencial 1: Técnico lê errado. Controle 1: Não há. Causa Potencial 2: Farmacêutico ouve errado. Controle 2: Alguns farmacêuticos repetem o que ouvem. Oco = 2; Sev = 5; Det = 8; IR = 80 Ação: Verificação do rótulo pelo farmacêutico. FMEA nas Centrais de QT Recomendações HC III Etapa: Administração do Antineoplásico. Modo de Falha: Dose errada. Efeito: Terapêutica Ineficaz; RAM; EA; ES. Causa Potencial: A tripla checagem não inclui o item medicamento. Controle: Não há. Oco = 2; Sev = 5; Det = 8; IR = 80 Ação: Incluir a dose na tripla checagem. A Planilha FMEA Comentários Finais FERRAMENTA Conduz o grupo para uma avaliação dos modos de falha, assim como suas causas e mecanismos de controle. Prioriza os modos de falha por meio do índice de risco. Promove mais CONFIABILIDADE e SEGURANÇA. O GRUPO 1. Reconhecimento da utilidade da ferramenta. 2. Variação na pontuação (ocorrência e detecção). 3. “Falta de Atenção” como Causa. 4. Dificuldade de definição dos modos de falha, controles e efeito. OBRIGADO !!! Direção Geral Dr. Luiz Antônio Santini Assessoria de Gestão da Qualidade Mário Ferreira Ronaldo Cunha Amanda Adorno TEL.: (21) 2276-4786 E-mail: [email protected]