28ª Sem. do Fazendeiro - Caderno 1

Propaganda
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
28a SEMANA DO FAZENDEIRO
Agenda
5 a 8 de junho de 2006
Caderno I
EMARC - URUÇUCA
Editor: Miguel Antonio Moreno-Ruiz
Editoras Assistentes: Jacqueline C.C. do Amaral e Selenê Cristina Badaró
Editoração eletrônica: Jacqueline C.C. do Amaral e Selenê Cristina Badaró
Endereço para correspondência:
SIDOC/CEPEC/CEPLAC
Caixa Postal 07, 45600-970, Itabuna, Bahia, Brasil
Telefone: (73) 3214 -3217
Fax: (73) 3214 - 3218
E-mail: [email protected]
Tiragem: 3000 exemplares
Endereço para correspondência:
CEPLAC/CENEX/EMARC
Rua Dr. João Nascimento, s/n
45680-000 Uruçuca, Bahia, Brasil
Telefone: (73) 3239 -2121
Fax: (73) 3239 - 2221
633.74063
S471
2006
SEMANA DO FAZENDEIRO, 28a, Uruçuca, 2006. Agenda.
Uruçuca, CEPLAC/CENEX/EMARC. 426p. 2 vols.
1. Theobroma cacao - Encontro. 2. Agricultura - Encontro. 3. Pecuária
- Encontro. I. Título
APRESENT
AÇÃO
APRESENTAÇÃO
Durante o período de 05 a 08 de junho de 2006, a Comissão Executiva
do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC promoverá na Escola Média de
Agropecuária Regional da CEPLAC-EMARC, em Uruçuca, Bahia, a 28ª
Semana do Fazendeiro. Durante o evento serão apresentados e discutidos
temas técnico-científicos relevantes para a agropecuária sustentável da
região sul da Bahia. Estima-se a presença de 5.000 pessoas. A Semana do
Fazendeiro emergiu para o cenário da agropecuária baiana, nas regiões
de atuação da CEPLAC, no transcurso dos anos 60. Trata-se de um evento
voltado para o debate das questões atinentes à dinamização das atividades
agro econômicas, mais especificamente nos aspectos das políticas: social,
econômica, tecnológica e ambiental. Desde quando se realizam estes
encontros constata-se a aplicação do princípio da articulação e interação
entre agricultores, trabalhadores, pesquisadores, extensionistas e
empresários vinculados às áreas afins, conjunto que responde pela
cristalização das idéias, concepções, conhecimentos e experiências
explicitadas nas palestras e reuniões que integram o conclave.Ressaltase que as temáticas em discussão sintonizam com as expectativas do público
alvo, abordando assuntos pertinentes a agroecologia, relações de
intercâmbio e trabalho, recursos naturais renováveis, aspectos tecnológicos
(cacauicultura, apicultura, clonagem, palmiteiros, piscicultura, bovinocultura
e outros), administração rural, política de crédito, desenvolvimento
sustentável e agroindustrialização. O evento tem como tema: "ESTIMULAR
O AGRONEGÓCIO COM RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL",
propondo promover o debate entre os atores dos meios de produção dos
agrossistemas do Sul da Bahia. Além desta vertente, buscar, indicar
soluções para os graves problemas que afligem ou conturbam o ambiente
de atuação dos produtores.Por fim, promover a revisão e adoção de
atitudes que resultem na construção do desenvolvimento agrossilvopastoril
em bases sustentáveis, centrado nos princípios que norteiam as relações:
homem, trabalho e natureza. Tais premissas pressupõem a inclusão social,
geração de emprego e renda, redução das desigualdades, segurança
alimentar, resgate da cidadania e fortalecimento da democracia.
Comissâo Organizadora
OBJETIV
OS
OBJETIVOS
♦ Promover o fortalecimento do associativismo e cooperativismo;
♦ Agregar valor ao agronegócio com responsabilidade sócioambiental;
♦ Difusão de tecnologias para o agronegócio do cacau e outros
sistemas agroflorestais;
♦ Integrar os agentes da cadeia produtiva regional, visando o
fortalecimento do produtor;
♦ Apresentar as vantagens da agroindustrialização como suporte para
a diversificação agropecuária;
♦ Incentivar o desenvolvimento da verticalização da produção como
agregadora de valor (renda) ao setor primário;
♦ Debater as novas técnicas de enxertia e manejo integrado de
cacaueiros clonados que devem ser adotados;
♦ Discutir e recomendar a diversificação agropecuária como atividade
lucrativa e alternativa para a região cacaueira;
♦ Promover a integração e intercâmbio entre produtores rurais,
expositores, estudantes, agroindústrias, técnicos e demais
participantes;
♦ Difundir modelos de agricultura sustentável e estimular a utilização
correta dos recursos naturais renováveis, através do entendimento
da importância destes fatores para a vida em equilíbrio.
6
Índice
Adoção do sistema agroflorestal cacau x seringueira - melhoria de
condições de cultivo e agregação de valores
Cultivo e controle de pragas e doenças do coqueiro
Produção de frutos de açaí, juçara e pupunha
Criação racional de suínos
produção de mudas: frutíferas e flores tropicais
fabricação artesanal de licor, chocolate e seus derivados
fertilização do cacaueiro
Importância dos sistemas agroflorestais para a sustentabilidade dos
biomas tropicais
desenvolvimento sustentável através da ovinocaprinocultura
plantio de mudas de cacaueiros clonados por estaquia
poda de cacaueiro clonado por estaquia
farinha de rochas para os cultivos orgânicos ou não
criação de frango e galinha caipira
doenças mais importantes do cacaueiro
beneficiamento da mandioca e agregação de valor aos seus derivados
paisagismo e jardinagem
o dendezeiro como cultura energética para os trópicos úmidos
criação de avestruz
Apicultura comercial no sul da Bahia
Criação racional de peixes
Territórios rurais como unidade de planelamento das políticas públicas
Programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar - PRONAF
Desenvolvimento tecnológico para o cultivo da cajazeira
Biocaldas para agricultores de baixa renda
Manejo estratégico da pastagem e o sucesso do agronegócio de carne e leite
O agronegócio borracha como alternativa ao desenvolvimento do sul da
Bahia
Associação e cooperativa de produtores rurais
Produção e comercialização de palmito de pupunha (Bactris gasipaes
kunth) in natura no sistema de integração da inaceres agrícola
7
9
10
24
33
41
54
62
64
74
84
90
94
103
113
122
124
129
133
144
147
161
172
179
182
192
205
221
223
Conceitos e aspectos legais sobre áreas de preservação permanente
Conservação do solo e da água na região Cacaueira da Bahia
Cultivo de flores tropicais na região Sul da Bahia
A obtenção de bezerros de boa qualidade e a produção de leite
O agropolo vale do rio das contas no estado da bahia como instrumento
de desenvolvimento regional
Agricultura de baixo uso de insumos externos e agroecologia
Agroindústria como alternativa de agregação de valores
Construção com solo cimento
Compostagem de resíduos orgânicos
Cultivo da graviola
Controle de pragas e doenças da gravioleira
Turismo sustentável como negócio
Ecoturismo: Planejamento para a sustentabilidade
Pronaf, sistemas agroflorestais e desenvolvimento sustentável
no baixo Sul da Bahia
A piaçava do litoral da Bahia
Qualidade e beneficiamento do cacau
Controle biológico de doenças do cacaueiro
Produção orgânica de leite no Sul da Bahia
Fitoterapia
Ecoturismo e o direito ambiental: Um olhar de articulação municipal
Administração rural e os testes de competência administrativa
Manejo do rebanho bubalino para produção de leite
Curso de horticultura
Pragas e doenças da seringueira
Agronegócio dendê - uma potencialidade para o baixo sul
Baixa produtividade em áreas com cacaueiros clonados - causasalgumas recomendações para solucionar o problema
Vassoura-de-bruxa, evolução do fungo e necesidade de remoção
das partes afetadas em clones resistentes
8
243
251
258
267
274
281
287
289
295
303
307
312
315
324
334
343
347
354
365
371
381
389
396
403
411
417
423
ADOÇÃO DO SISTEMA AGROFLORESTAL
CACAU X SERINGUEIRA - MELHORIA DE CONDIÇÕES DE
CULTIVO E AGREGAÇÃO DE VALORES
José Raimundo Bonadie Marques
Wilson Reis Monteiro
CENÁRIO ATUAL DA REGIÃO CACAUEIRA BAIANA
Várias culturas perenes há muito tempo vêm sendo exploradas em
monocultura no sudeste baiano, o que trouxe inicialmente grandes
vantagens dadas as facilidades do manejo da própria cultura em extensas
áreas, proporcionando, assim, um sistema voltado à obtenção de altas
produções com lucros substanciais. Todavia, este sistema é muito frágil
podendo, inclusive comprometer a viabilidade dos agronegócios. Inúmeros
fatores podem ser apontados, como por exemplo, o custo inicial de
manutenção de certos cultivos até a sua entrada em produção, a
concorrência entre plantas, a extensão de áreas ocupadas com baixa
densidade de plantas e a suscetibilidade a instabilidades ambientais,
biológicas e econômicas. Esses fatores, geralmente, elevam o custo de
produção, tornando o agronegócio pouco competitivo, especialmente em
ocasiões de crise, como as provocadas pela escassez de crédito, aumento
da oferta do produto no mercado interno e mundial, aumento do custo dos
insumos e da mão-de-obra e queda de preço do produto e da produtividade.
A economia regional está fortemente alicerçada na cultura do cacau
que nos últimos anos vem atravessando uma crise sem precedentes em
razão dos problemas anteriormente mencionados. A incidência e severidade
das enfermidades como a vassoura-de-bruxa veio agravar mais ainda a
economia local. Soma-se a isto os problemas fitossanitáros relacionados
às outras culturas como, por exemplo, o mal-das-folhas na seringueira e o
Engenheiro Agrônomo, M Sc – Genética e Biologia Molecular. CEPLAC/CEPEC/SEGEN
– Laboratório de Biotecnologia. Cx. Postal 7 – 45600-970 – Itabuna (BA).
9
anel vermelho nas palmáceas. Tudo isto tem concorrido para o
empobrecimento geral e progressivo, levando os produtores à exploração
ilegal e irracional de espécies mais nobres e de grande importância para o
ecossistema Mata Atlântica, comprometendo seriamente este
ecossistema.
A fragilidade da monocultura evidencia a necessidade de implementação
de estratégias mais eficazes, capazes de promover meios para o
desenvolvimento de uma agricultura mais rentável, ambientalmente correta
e geradora de empregos, com vistas ao fortalecimento dos agronegócios.
Entre outras iniciativas, os sistemas agroflorestais (SAF) envolvendo o
cacaueiro e a seringueira, despontam como uma das opções viáveis para
promover o desenvolvimento sustentável que a região tanto necessita. Por
isso, tem-se recomendado a inclusão da outras espécies arbóreas de
valor econômico como sombreamento permanente dos cacaueiros,
especialmente em substituição das eritrinas, aproveitando a ocasião em
que um programa de renovação da lavoura está em curso. Os dados
estatísticos do CENEX/CEPLAC mostram que dos 660 mil hectares de
cacau da região 200 mil foram sombreados com eritrina e espécies afins,
o que representa uma área bastante expressiva, devendo, assim, ser
levada em consideração.
O QUE CREDENCIA A RECOMENDAÇÃO DA SERINGUEIRA COMO
ÁRVORE DE SOMBRA PARA O CACAU.
Há experiências locais positivas com a introdução de cacaueiros sob
seringais adultos. Estes seringais, na sua grande maioria, apresentavam
baixa densidade de plantas em decorrência do manejo inadequado e/ou
ataques severos de doenças foliares como o mal-das-folhas e a requeima
(Marques e Monteiro, 2003) e, conseqüentemente, baixa produtividade.
Nestas situações, a consorciação trouxe benefícios para as duas culturas,
traduzidos em maior produção, redução das perdas relacionadas à
incidência de doenças, melhoria das propriedades do solo e de sua
conservação, além de proporcionar maior receita e uso racional da mãode-obra (Alvim, 1989). Esta prática está sendo cada vez mais adotada por
heveicultores baianos, estimando-se, atualmente, algo em torno de 8.000
hectares implantados neste sistema.
Em condições de cultivo é bom ressaltar que a seringueira pode atingir
uma altura de até 25 metros e é normalmente plantada em espaçamentos
10
maiores, ocupando extensas faixas livres de terra que poderiam ser
aproveitadas economicamente. Também, existem clones de seringueira
que apresentam características que favorece a sua utilização como árvore
de sombra para o cacaueiro, que por ser uma espécie de sub-bosque,
normalmente o seu cultivo requer um sombreamento de qualidade
indispensáveis ao crescimento, desenvolvimento e produção das plantas.
Todavia, a adequação deste sistema agroflorestal é imprescindível para o
sucesso do empreendimento, devendo-se observar uma combinação de
fatores tais como: a escolha das variedades clonais, o manejo cultural, o
dispositivo dos plantios e a densidade de plantas.
DISPOSITIVOS DE PLANTIO E VARIEDADES CLONAIS
Arranjos de plantio vêm sendo desenvolvidos e testados pela CEPLAC
para o plantio simultâneo de ambas as culturas e para a substituição por
seringueiras do sombreamento permanente formado por eritrinas (Marques
et al., 2004). Nesta última situação propõem-se alternativas de
espaçamentos em que a densidade de plantas varie conforme a topografia
do terreno e o tamanho da área (Tabela 1). Maiores rendimentos podem
ser esperados considerando ajustes no manejo cultural e, mais
precisamente, da variedade clonal a ser utilizada como árvore de sombra,
de maneira que não apresentem competição entre si, o que certamente
inviabilizaria tecnicamente a adoção desse sistema agroflorestal.
Tabela 1 – Dispositivo de plantio da seringueira em linhas simples e renques duplos.
Espaçamento
da seringueira
Plantas/
hectare
Espaçamento da
seringueira
Plantas/
hectare
9,0 m x 2,5 m
444
9,0 m x 3,0 m
370
12,0 m x 2,5 m
333
12,0 m x 3,0 m
277
15,0 m x 2,5 m
267
15,0 m x 3,0 m
222
*15 m x 3,0 m x 2,5 m
444
*15 m x 3,0 m x 2,5 m
370
* Apenas neste espaçamento em renques duplos há redução do estande de cacaueiros
para 780 plantas/hectare, nos demais será mantida a mesma densidade de 1111 plantas/
hectare.
11
Os clones de seringueira devem apresentar características
agronômicas importantes tais como: precocidade, alta produção de
borracha, resistência a doenças foliares, arquitetura adequada de copa e
baixa densidade foliar o que proporcionaria um sombreamento mais
adequado e de qualidade para o cacaueiro. Os clones da série SIAL (893,
839, 931 e 1005) reúnem todas estas características e, por isso, estão
sendo indicados para a substituição das eritrinas. Dentre estes, o SIAL
1005 tem apresentado um crescimento excepcional com uma taxa média
anual de 9,0 cm e uma boa formação de fuste, o que permite o
aproveitamento da sua madeira após a exploração do ciclo econômico da
borracha.
CUIDADOS, VANTAGENS E POTENCIALIDADES DA SUBSTITUIÇÃO
A CEPLAC está tendo o cuidado de recomendar este modelo somente
para aquelas áreas em que não há impedimentos físicos à consorciação
e que apresentem solos profundos e bem drenados. Chama a atenção
também para o fato de que, até atingirem a maturidade produtiva, as duas
culturas requerem cuidados técnicos e maior aporte de recursos
financeiros. Para amortizar os custos nos anos iniciais recomenda-se
também que se faça a intercalação com outras culturas de ciclo curto e/
ou semiperene, especialmente quando se trata de agricultores de baixa
renda. Na fase produtiva do seringal, cuidado especial deve ser dispensado
no tratamento preventivo de doenças fúngicas que ocorrem no painel, pois
ambos as culturas são suscetíveis ao ataque de Phytophthora sp,
principalmente em períodos de alta umidade relativa do ar.
As vantagens agronômicas que este sistema oferece são: Fixação do
homem e de sua família no campo – as duas atividades são de longo ciclo
de exploração econômica e demandam trabalhos contínuos; Tratos
culturais – aqueles normalmente dispensados aos cacaueiros atendem
plenamente às necessidades fisiológicas de ambas as culturas;
Flexibilidade da comercialização - os dois produtos podem ser
comercializados em épocas mais favoráveis e durante todo o ano; Melhorias
nas condições ambientais – promove melhorias nas propriedades físicas
do solo, maior reciclagem de nutrientes e, ainda, possibilita o
desenvolvimento de um microclima mais favorável à proliferação de
polinizadores naturais, a microfauna do solo. Evita desmatamentos - a
12
adoção desse sistema não implica na incorporação de novas áreas ao
processo de produção, causando assim menor pressão ambiental, o que
o torna mais atrativo sobre aspectos prático, econômico, social e, mais
especificamente, ecológico.
A potencialidade do sistema reside na sua capacidade de promover
todas as melhorias possíveis a um custo extremamente reduzido que
corresponde, no máximo, até 30% a mais do custo da implantação do
cacau solteiro, pois implica apenas no pagamento das despesas extras
com a mão-de-obra para derruba e retiradas das árvores de sombra
(eritrinas), balizamento, abertura de covas e plantio e na aquisição e/ou
produção de mudas enxertadas. O produtor poderá, ainda, amortizar os
gastos extras pela comercialização da madeira proveniente das árvores
de sombra retiradas, o que na região já vem sendo feito para diversos fins.
Além disso, este sistema está ecologicamente correto, pois a substituição
das eritrinas por seringueiras em áreas de cacau, especialmente onde há
irregularidades no sombreamento, não causará qualquer impacto
ambiental, pelo fato de ser uma espécie exótica ao ecossistema cacaueiro.
Tampouco comprometerá a sua preservação, já que a sua substituição só
será feita em até 40% da área total.
REPERCUSSÃO DA SUBSTITUIÇÃO
Estima-se um déficit da ordem de três milhões de toneladas de borracha
para atender à crescente demanda mundial na segunda década do século
XXI. Este cenário abre amplas perspectivas para a expansão da
heveicultura nacional. E dentre as regiões produtoras, o sudeste baiano
oferece as melhores condições para a expansão desses agronegócios, o
que certamente colocará o país numa posição de destaque internacional
dessas duas commodities, simplesmente pela ampliação da área plantada
com seringueiras em sobreposição às áreas de cultivo com cacau. Se
ações governamentais forem implementadas desde então, espera-se que,
nos próximos 10 anos, haja um aumento real de produção de borracha de
três a quatro vezes maior que a atual. Igualmente esperam-se aumentos
significativos em produção e produtividade de cacau, apenas com a
melhoria da qualidade do sombreamento, associada à renovação das
lavouras de cacau por variedades mais produtivas e resistentes a doenças
e à recomposição do estande.
13
LITERATURA CONSULTADA
ALVIM, R. 1989. O cacaueiro ( Theobroma cacao L.) em sistemas
agrossilviculturais. Agrotrópica 1(2): 89-103.
MARQUES, J.R.B e MONTEIRO, W.R. 2003. Substituição da Eritrina por
outras Espécies Arbóreas de Valor Econômico – Um Enfoque
Sustentável de Modernização Agrícola, 25ª Semana do Fazendeiro.
EMARC – Uruçuca, BA, 2003. Agenda Técnica - Produzir, Alimentar,
Vender e Conservar. CEPLAC/EMARC. pp. 143 – 147.
MARQUES, J.R.B.; MONTEIRO, W.R. M.H.S. I.C.L.B. 2004. Proposta para
a substituição da eritrina por seringueira (Hevea sp.) em sistema
agroflorestal contínuo com o cacaueiro (Theobroma cacao) na Bahia.
In : V Congresso Brasileiro Sistemas Agroflorestais. “SAFs:
Desenvolvimento com proteção Ambiental” Documentos pp. 368-370.
14
CULTIVO E CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS DO
COQUEIRO
Joana Maria Santos Ferreira
INTRODUÇÃO
O coqueiro, Cocos nucifera L. é uma cultura de grande importância
para a região Nordeste do Brasil pelo seu elevado potencial
socioeconômico. É uma planta perene, de grande versatilidade e cultivada
em sua grande maioria por pequenos produtores. Cerca de 96% da
produção mundial vem de propriedades de 0,5 a 4 hectares, o que mostra
sua importância relativa para aqueles produtores, que tem nesta cultura
sua principal fonte de renda (Pershly, 1992). No Brasil, gera em torno de
100.000 empregos diretos e indiretos, além de ser fator decisivo de fixação
do homem no meio rural. Trata-se de uma planta bastante adaptada as
condições adversas de clima e de solo nas quais é cultivada, onde resiste
bem a longos períodos de estiagem e cresce satisfatoriamente em regiões
de solos pobres e de solos salinos. Apesar da baixa produtividade registrada
no Brasil (20 a 35 frutos/planta/ano) a cultura do coqueiro é uma atividade
agrícola que atraiu, nos últimos anos, grandes investidores em virtude do
seu potencial produtivo, podendo atingir 120 ou mais frutos/planta/ano com
material genético melhorado e técnicas adequadas de cultivo, e pela
diversificação de uso de seus produtos e subprodutos, na indústria química
e de alimentos, na construção civil, na forma de artesanatos diversos e
também como fonte de energia. Por seus múltiplos usos o coqueiro é
considerado a “Arvore da Vida” (Ohler, 1986).
Embrapa Tabuleiros Costeiros. Av. Beira Mar, 3250. CEP 49025 040, Aracaju/SE
[email protected]
15
CULTIVO DO COQUEIRO
A muda de coco é um insumo básico de grande importância cuja escolha
acertada pode condicionar a viabilidade econômica da plantação. Plantar
a semente “bola” diretamente no campo, utilizar mudas raquíticas, estioladas,
doentes e/ou já praguejadas são situações que devem ser evitadas, pois,
irão refletir negativamente na precocidade e na produtividade das plantas.
Uma boa muda de coqueiro tem que ter como atributos específicos,
qualidade, sanidade e legitimidade da semente (gigante, híbrido, anão) e ser
adquirida de viveirista idôneo. Pode ser produzida pelo sistema tradicional
de germinadouro e viveiro, em raízes nuas ou em sacos plásticos, e
transferidas para o campo com até um ano de idade, 6 a 7 folhas vivas e
bom desenvolvimento do coleto ou produzidas pelo sistema alternativo.
Quando se faz opção pelo sistema alternativo as mudas são transplantadas
mais cedo, com 5 a 6 meses de idade e 3 a 4 folhas vivas, diretamente do
germinadouro para o campo. Nestas condições apresenta maior teor de
reservas no endosperma da semente e menor transpiração das folhas, o
que permite um maior índice de pegamento da muda no campo sem
comprometimento da sua qualidade, além da vantagem de reduzir custos
com mão de obra, transporte e uso de insumos (Fontes, et al., 2002). Tratase de um sistema de produção simples, acessível e de comprovada eficácia.
O terreno para implantação do coqueiral deve ter relevo plano ou com
pouca declividade e ser profundo e bem drenado. As covas de plantio
demarcadas, abertas e preparadas com 30 dias de antecedência
obedecendo ao espaçamento entre plantas (densidade) preconizado para
cada variedade/cultivar, bem como, o sentido Norte-Sul para
estabelecimento da linha principal de plantio de forma a possibilitar melhor
aproveitamento da luminosidade. A escolha do material genético está
diretamente condicionada a finalidade da produção (Tabela 1). A demanda
pela indústria e uso domestico in natura é essencialmente de frutos do
coqueiro-gigante e do coqueiro-híbrido, pelo tamanho do fruto e espessura
do albume sólido. Os frutos do coqueiro-anão são preferencialmente
utilizados para consumo de água, pelo seu sabor, mas, recentemente
seus frutos também estão sendo aceitos pela indústria. Embora essa
variedade apresente na indústria menor rendimento/fruto, essa perda é
compensada pela sua maior produtividade (número de frutos/planta).
Produção/variedade constantes na Tabela 1 podem ser obtidas na ausência
de fatores estressantes à cultura.
16
Tabela1
Variedade/
Cultivar
Espaçamento
(m)
Densidade do plantio
(plantas/ha)
Quadrado
Triângulo
Produtividade
(frut/plant/ano)
Gigante
9,0
123
143
60
Híbrido
8,5
138
160
=120
Anão
7,5
177
205
=150
Finalidade
Coco-seco
Coco-seco e Cocoverde
Coco-verde
Tradicionalmente o coqueiro era cultivado de forma semi-extrativista,
sem obedecer a espaços definidos entre plantas, sendo utilizado em
algumas situações o plantio em quadrado com 10m de lado,
correspondendo a 100 plantas/ha. Hoje, o sistema de cultivo
recomendado é mais adensado, implantado em triângulo eqüilátero,
propiciando aumento de 15% no número de plantas por área e aumento
de produtividade da cultura, gerando conseqüentemente, maior
demanda por água e nutrientes. Como desvantagem este sistema
favorece a formação de microclima úmido favorável ao desenvolvimento
de doenças, principalmente, as fúngicas. Em áreas de novos plantios
pode-se obter bons resultados modificando o sistema de plantio de
triângulo eqüilátero para retângulo ou quadrado a fim de proporcionar
maior luminosidade e permitir a consorciação de culturas de ciclo curto
nas entrelinhas de plantio sem os problemas de sombreamento
normalmente observados nos sistemas mais adensados, gerando assim
receita adicional ao produtor e beneficiando indiretamente a cultura do
coqueiro (Fontes, 2005).
As praticas de manejo vão depender da natureza do solo, topografia
do terreno, espécies de plantas daninhas predominantes, disponibilidade
de mão-de-obra e condições financeiras do produtor. A pratica da
adubação é fundamental no manejo da plantação e deve ser feita com
base na análise de solo e folhas e a freqüência de acordo com o sistema
de cultivo adotado. Os nutrientes (químicos e/ou orgânicos) devem ser
espalhados na zona do coroamento da planta e incorporados ao solo. O
uso da tecnologia da irrigação é indispensável à exploração do coqueiro,
principalmente, nas áreas com irregularidade de chuvas e lençol freático
profundo (>3m).
17
AS PRAGAS
As pragas são responsáveis por perdas consideráveis na plantação e
podem afetar a planta nas diversas fases de seu desenvolvimento,
crescimento e produção. Bondar (1940) relatou 75 espécies associadas
ao coqueiro no Brasil, sendo que destas, somente cerca de 15% podem
causar danos econômicos suficientes para serem consideradas pragas.
A capacidade reprodutiva da maioria dessas espécies pode constituir uma
ameaça eminente para uma plantação de coco, principalmente, quando
se registra na região, a ausência de fatores naturais de mortalidade
provocada ou pela intervenção desastrosa do homem ou pelas condições
adversas do clima. Na planta se alimentam em partes específicos, seja,
da folhagem, das flores, dos frutos, do estipe ou das raízes causando
atraso no desenvolvimento da planta, perda ou atraso na produção e morte.
Algumas dessas espécies têm preferência pela planta jovem, por seus
tecidos mais tenros, enquanto outras preferem as mais velhas e em
produção. Os surtos de pragas no coqueiro são favorecidos por diversos
fatores, dentre os quais: i) a produção contínua e mensal de folhas e a
permanência prolongada dessas estruturas vegetais na planta, fazendo
com que a planta tenha sempre sua copa formada por folhas jovens, folhas
em estágio de maturação (intermediárias) e folhas em senescência (mais
velhas); ii) a emissão contínua e mensal de inflorescências que dão origem
aos cachos dos frutos, cachos estes presentes na planta em diferentes
graus de maturação; e iii) ao não sincronismo das emissões florais dentro
da plantação, o que torna o coqueiro bastante suscetível à ação de diversas
espécies-praga. Entre estas, destacam-se aquelas associadas aos frutos
do coqueiro, como os ácaros Aceria guerreronis e Amrineus cocofolius e
a traça Hyalospila ptychis, as associadas a partes especificas da planta,
como as brocas, Rhinostomus barbirostris, Rhynchophorus palmarum,
Homalinotus coriaceus e o Amerrhynus ynca, e alguns desfolhadores
(Brassolis sophorae), sugadores, raspadores, entre tantas espécies; todas
amplamente distribuídas no Brasil, ocasionando perdas, inclusive nas
regiões Sudeste e Norte, onde a cocoicultura teve rápida expansão, nas
duas últimas décadas.
Nos frutos os ácaros provocam necroses marrom-escuras com
rachaduras longitudinais e deformações que depreciam seu valor no
mercado de coco verde, reduzem o peso do albúmem sólido e o volume
da água afetando o produto destinado a industria, além de provocar a queda
18
dos frutos antes da colheita. A ação conjunta dos dois ácaros-praga sobre
os frutos do coqueiro pode resultar em grandes perdas na produção. Vários
acaricidas organofosforados já foram testados para A. guerreronis, poucos
se mostraram eficientes e a maioria demonstraram potencial para induzir
surtos de pragas secundárias. O uso alternativo de óleo de algodão bruto
a 1,5% + detergente neutro a 1%, testado por Chagas (2002) e
recomendado em pulverizações quinzenais (3 a 4) e com pulverizações
de manutenção a cada 30 dias é o método mais eficaz de controle dos
ácaros do coqueiro. Moléculas químicas testadas para controle do A.
cocofolius foram eficientes com apenas uma pulverização; outras requerem
duas pulverizações em intervalos quinzenais (Ferreira et al., 2004a). A traça
H. ptychis ataca principalmente as flores femininas recém-abertas e os
frutos novos, causando na maioria das vezes, a queda prematura destas
estruturas vegetais; frutos que atingem a maturação se deformam, perdem
peso e o valor comercial. A ação desta praga chega a causar perdas de
até 50% da produção e seu combate é feito unicamente com princípios
ativos, de amplo espectro de ação e sem eficiência comprovada.
As brocas causam sérios danos ao coqueiro. A broca-do-olho R.
palmarum, encontra-se largamente distribuída nos coqueirais brasileiros.
A planta é danificada tanto pela larva quanto pelo adulto, principal vetor da
doença letal “anel-vermelho”, transmitida pelo nematóide Bursaphelenchus
cocophilus. Nas áreas epidêmicas, o período de surto da doença sempre
coincide com o de alta população do vetor. Vários são os métodos utilizados
para controle, dentre os quais se destaca o uso do feromônio de agregação
Rincoforol associado a iscas de tecidos vegetais com poder de
fermentação, que servem tanto para fazer o monitoramento da praga na
área quanto para reduzir significativamente sua população nas plantações
de coqueiro e de dendezeiro. O fungo Beauveria bassiana é um agente
natural com grande potencialidade de reduzir a população da broca em
campo. Sua liberação em programas de controle da praga pode ser feita
tanto via machos infectados como através de iscas atrativas inoculadas.
Nesta última técnica, os adultos são atraídos para as armadilhas de
autocontaminação, e uma vez contaminados nas iscas passam a atuar
como vetor do patógeno causando infecção na população ao se agregar
com outros indivíduos dessa espécie (Ferreira, 2004b). A broca R.
barbirostris se desenvolve no interior do estipe onde forma galerias que
reduzem a circulação da seiva e enfraquecem a região danificada do estipe
causando a quebra da planta pelos ventos fortes. O adulto tem hábito
19
noturno e durante o dia fica escondido na copa da planta. Plantas quebradas
e/ou mortas pela ação da praga devem ser imediatamente cortadas e
queimadas. Esta é uma medida profilática trabalhosa, mas, extremamente
necessária para conter o aumento da população da broca. O habito minador
das larvas e a escassez de equipamentos capazes de atingir a copa da
planta a dezenas de metros de altura e matar o adulto que se abriga nas
axilas das folhas são fatores que dificultam a obtenção de medidas eficazes
para controlar a praga na lavoura. Os danos da broca H.coriaceus em
coqueiro começam a partir do início da produção da planta. A larva, ao
eclodir, penetra no pedúnculo pelas laterais e danifica os tecidos
seccionando os vasos liberiano-lenhosos, interrompendo a passagem da
seiva para o cacho. Isto provoca o abortamento de flores femininas e queda
de cocos e até do cacho inteiro. Fazendo-se dissecação folha a folha de
uma planta atacada encontram-se todas as fases de desenvolvimento do
inseto. O adulto fica abrigado durante o dia nas bainhas foliares e seu
controle é realizado através de pulverizações trimestrais usando produtos
químicos com ação de contato direcionando a calda para a região das
axilas foliares da planta infestada. Em geral, é difícil controlar espéciespragas que constroem galerias no interior do estipe ou na região da copa
da planta. De certa forma, os locais nos quais as larvas se alojam, protegeas contra tratamentos químicos, principalmente, quando os produtos
usados têm ação de contato.
Espécies que danificam as folhas do coqueiro provocam desfolhamento,
secamento e conseqüentemente redução da área foliar e atraso no
desenvolvimento da planta. Ataques da lagarta das folhas, B. sophorae
causa atrasos na produção em ate 18 meses. As lagartas se refugiam
durante o dia dentro de ninhos (bolsas) que tecem com fios de seda
revestidos por vários folíolos e que ficam pendurados nas folhas. Fazer a
catação manual desses ninhos é uma medida apropriada para conter a
população da praga. Por se tratar de uma praga rica em inimigos naturais
é recomendável fazer tratamento com bioinseticidas a base de Bacillus
thuringiensis ou B. bassiana durante os surtos da praga visando reduzir
sua população e ao mesmo tempo preservar sua entomofauna benéfica.
Alem das pragas, o coqueiro está sujeito à ação de várias doenças.
Dentre as mais importantes destacam-se as doenças foliares (queimadas-folhas, lixa-pequena e lixa-grande) causadas por fungos
fitopatogênicos. A associação dessas doenças provoca a morte prematura
das folhas do coqueiro. Em conseqüência, os cachos ficam sem
20
sustentação, envergam e os frutos caem antes de completar sua
maturação. A planta doente não morre, mas, perde cerca de 50% das
suas folhas, o que reflete significativamente na produtividade e na vida útil
da planta. Não existem medidas eficazes no controle das doenças foliares.
O Anel-vermelho é uma doença letal encontrada em toda região
produtora de coco das Américas Central e do Sul e nas ilhas do Caribe.
Tem como agente causal o nematóide Bursaphelenchus cocophilus.
Folhas com coloração avermelhada, partindo das folhas mais velhas
para as mais novas, e a presença de um anel marrom-avermelhado na
parte interna do estipe são os principais sintomas da doença. O controle
da doença é obtido com a adoção das seguintes medidas: erradicação
de plantas mortas, com sintomas da doença ou não; desinfecção das
ferramentas utilizadas no corte das plantas doentes; não causar
ferimentos em plantas sadias; tratar ferimentos com piche ou óleo
queimado; e, usar armadilhas atrativas contendo cana mais o feromônio
de agregação Rincoforol para capturar a broca-do-olho principal
responsável pela transmissão da doença no campo.
A Murcha-de-fitomonas é uma doença causada por protozoário. Os
sintomas da doença se iniciam a partir das folhas mais baixas para as
mais altas e da extremidade para a base da folha. As folhas vão ficando
amareladas e com a progressão da doença tornam-se marronsavermelhadas, coloração esta que varia a depender da variedade da planta.
As inflorescências tornam-se necrosadas e secas, ocorrendo à queda
prematura dos frutos. A inflorescência da espata fechada encontra-se parcial
ou totalmente enegrecida, sintoma este característico da doença. Como
principais medidas de controle recomendam-se: a erradicação das plantas
doentes; eliminação das plantas daninhas; limpeza das plantas sadias
retirando-se as folhas secas que servem de abrigo ao percevejo vetor; e,
controle químico do vetor a cada três meses.
A Podridão-seca é doença grave, principalmente, em coqueiro jovem,
de etiologia ainda desconhecida, mas, provavelmente, causada por um
fitoplasma. O sintoma externo da doença caracteriza-se pela paralisação
do crescimento e pelo secamento da folha central. Internamente, aparece
no coleto, lesões internas de coloração marrom com aparência de cortiça.
Para prevenir a disseminação da doença no plantio recomenda-se proceder
à erradicação das plantas doentes, evitar a instalação do viveiro em locais
úmidos, eliminar ervas daninhas, principalmente, as gramíneas; e, realizar
o controle químico do inseto vetor.
21
Nos plantios tradicionais de coco, o baixo rendimento obtido com a cultura
faz com que o pequeno produtor aceite naturalmente as perdas ocasionadas
pelas pragas e doenças sem investir em medidas de controle; como
conseqüência estas propriedades tornam-se focos de multiplicação desses
organismos. Nos plantios comerciais esta atitude não prevalece, pois a meta
é atingir altas produções. Neste caso, o recurso utilizado de imediato é a
pulverização com produtos químicos, apesar dos riscos de poder acarretar
sérios problemas, como ressurgência em pragas-chaves, surtos de novas
pragas devido à eliminação de seus inimigos naturais, além do surgimento
de resistência aos produtos rotineiramente utilizados, intoxicações dos
operários e animais, danos ambientais e risco à saúde dos consumidores.
Na agricultura, é prática comum, a utilização indiscriminada e abusiva
de um grande número de defensivos agrícolas no combate as pragas e
doenças visando à obtenção de grandes colheitas, o que contribui para a
ocorrência de surtos mais constantes e graves na plantação. A tendência
moderna é buscar soluções alternativas que sejam práticas, viáveis e de
menor agressão ao meio ambiente. É nesse contexto, que se considera a
presença dos agentes naturais de controle biológico, como forma de utilizar
recursos que a natureza dispõe e precisa para sua auto-sustentabilidade.
Nos últimos anos, tem-se identificado em vários países do mundo alguns
inimigos naturais das pragas de coqueiro, sendo estudada a possibilidade
de utilização destes agentes em programas de controle biológico visando
minimizar os efeitos deletérios causados pelo uso indiscriminado dos
defensivos agrícolas ao meio ambiente e nas populações rurais e urbanas.
A crescente demanda pela proteção ambiental tem sinalizado para a adoção
de métodos alternativos de controle de pragas e doenças no que se refere
à proteção das colheitas, sem contudo, excluir a utilização dos produtos
químicos, desde que, utilizados de forma racional.
Poucos são os produtos oficialmente registrados no Brasil para uso
em coqueiro, muito embora, inúmeros trabalhos de pesquisa tenham
demonstrado, ao longo dos anos, a eficiência de várias moléculas no
controle de espécies-pragas e de doenças. Importante advertência se faz
ao uso de produtos clorados ou com moléculas de cloro, a despeito dos
resultados satisfatórios alcançados pela pesquisa. Convém alertar que
produtos dessa natureza estão proibidos em quase todo o mundo, inclusive
no Brasil, pelo Ministério de Agricultura e do Abastecimento, em publicação
no Diário Oficial da União, de 20 de fevereiro de 1987, por se tratar de
produtos extremamente perigosos para o homem e para o meio ambiente.
22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONDAR, G. Insetos nocivos e moléstias do coqueiro (Cocos nucifera L.)
no Brasil. Salvador: Tipografia Naval, 1940. 156p.
CHAGAS, M.C.M.; BARRETO, M.F.P.; SOBRINHO, J.F.S.; GUERRA, A.G.
Controle de pragas associadas à queda de frutos do coqueiro (Cocos
nucifera L.). In: Congresso Brasileiro de Fruticultura, 17. Belém, PA,
2002. Anais....CD-Rom, 27p.
FERREIRA, J. M. S.; ARAÚJO, R. P. C. de; SARRO, F. B. Perspectivas
para o uso de fungos entomopatogênicos no controle microbiano das
pragas do coqueiro. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2001.
24 p (Embrapa Tabuleiros Costeiros. Circular Técnica, 26).
FERREIRA, J.M.S.; ARAÚJO, R.P.C; MICHEREFF FILHO, M.; SARRO,
F.B.; MICHEREFF, M.F.F. Controle químico do ácaro da mancha anelar
do fruto do coqueiro. In : CONGRESSOS BRASILEIROS DE
FRUTICULTURA, 20. 2004. Florianópolis, SC. Resumo expandido.
CD-ROM.
FERREIRA, J.M.S. Controle biológico do Rhynchophorus palmarum, agente
transmissor do nematóide causador do anel-vermelho-do-coqueiro.
Congresso Brasileiro de Fruticultura, 17, 2002, Belém, PA, Anais...
CD-ROM, 27p.
FONTES, H.R.F.; FERREIRA, J.M.S.; SIQUEIRA, L.A. Sistema de produção
para a cultura do coqueiro. Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2002. 63p
(Embrapa Tabuleiros Costeiros: Sistema de produção, 01). Disponível
em http/www.cpatc.embrapa.br
FONTES, H.R.F. Densidades e sistemas de plantio utilizados na cultura
do coqueiro no Brasil. Disponível em http/www.boletimpecuario.com.br/
artigos/showartigo.php?arquivo=artigo1252.txt;http/
www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=269.
PERSLEY, G. J. Replanting the tree of life; towards an international agenda
for coconut palm research. C. A. B. International 1992, UK: Redwood
Press Ltd, Melksham, 1992. 156p.
OHLER, J.G. Coconut, tree of life. Roma : FAO, 1984. 446p
23
PRODUÇÃO DE FRUTOS DE AÇAÍ, JUÇARA E PUPUNHA
Maria das Graças Conceição Parada Costa Silva
INTRODUÇÃO
A produção de frutos de açaizeiro (Euterpe oleracea Marth), de juçara
(Euterpe edulis Mart) e de pupunheira (Bactris gasipaes Kunt) é uma
atividade ainda sem expressão econômica na região, mas que apresenta
grandes possibilidades de expansão em virtude da alta demanda do
mercado e das ótimas condições ambientais existentes.
Entre estes, o açaí é o mais conhecido fora da sua região de origem,
norte do Brasil, graças à farta divulgação na mídia das suas propriedades
nutritivas e energéticas. O uso da polpa de açaí está generalizada em todo
o país e o cultivo do açaizeiro e o processamento do seu fruto, estão sendo
fomentados em vários estados brasileiros, principalmente no sul da Bahia.
O uso da polpa do fruto de juçara, que tem qualidades nutritivas e
energéticas similares às do açaí, é incipiente na região porque a maioria
da população ainda não conhece essas suas propriedades. Embora esteja
sendo divulgado na mídia e em eventos agropecuários, a escassez de
frutos de juçara para processamento, como conseqüência do extrativismo
do palmito que ainda ocorre na região, limita o uso.
O fruto da pupunheira, conhecido como pupunha, é largamente
consumido na região amazônica e em outros países da América do Sul e
na América Central, onde é encontrada em estado nativo. Embora o palmito
seja atualmente o principal produto da pupunha em termos econômicos,
nas regiões de origem, o fruto continua sendo o principal produto de
consumo.
Engª Agrônoma, MSc Ceplac/Cepec/Sefop . Km 22 Rod Ilhéus – Itabuna. Cx Postal 07
CEP 45600-970. Itabuna, Bahia. E-mail: [email protected]
24
CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS E USOS DOS FRUTOS DA
JUÇARA, AÇAÍZEIRO E PUPUNHEIRA NA ALIMENTAÇÃO
1. JUÇARA
A juçara é uma palmeira unicaule, isto é, não produz perfilhos, o que
significa que a extração do palmito implica no sacrifício da planta. Essa
atividade quando é realizada sem critérios ou sem cuidados com a
sustentabilidade ambiental, pode comprometer a continuidade da espécie
e de vários animais que se alimentam de seus frutos. Quando feita desta
forma, essa atividade tem o nome de extrativismo, e é considerado crime
ambiental, previsto na Lei de Crimes Ambientais - Lei 9.605 de fevereiro
de 1998. A curto prazo, uma possibilidade de agregar recursos financeiros
aos remanescentes florestais onde existe juçara, seria a colheita de frutos
para produção de polpa.
O uso da polpa da juçara é similar ao uso da polpa de açaí na região:
puro ou misturado com outras polpas de frutas regionais, com granola,
guaraná em pó, como sorvete, pudim, entre outros. A escassez de frutos
para beneficiamento da polpa é um dos gargalos para a expansão dessa
atividade, além da falta de divulgação das propriedades nutritivas da polpa
do fruto da juçara, comprovadas em análises realizadas pelo Laboratório
de Tecidos Vegetais da Ceplac por Silva et al. (2004) como mostram as
tabelas abaixo:
Tabela 1. Composição mineral da polpa dos frutos de açaí e juçara, na Matéria Seca.
Elementos minerais
P
(g/kg)
K
(g/kg)
Ca
(g/kg)
Mg
(g/kg)
açaí
1,4ª
7,4 b
4,8ª
1,4ª
328,5 b
10,1 b
20,4ª
34,3ª
Juçara
0,8b
12,1ª
4,3ª
1,5ª
559,6ª
12,2ª
14,0 b
43,4ª
Espécies
Fe
Zn
Cu
(mg/kg) (mg/kg) (mg/kg)
Mn
(mg/kg)
Fonte: Ceplac/Cepec/Sefis, 2004
P= fósforo; K= potássio; Ca= cálcio; Mg= magnésio; Fe=ferro; Zn=zinco; Cu= cobre; Mn
= manganês.
25
Tabela 2. Características químicas da polpa de açaí e juçara na matéria seca.
Características química
Espécies
pH
Proteína
g/kg
Açucares tot.
g/kg
Lipídio
g/kg
Caloria
Kcal/100g
Açaí
4,8ª
77,6ª
10,2b
130,90b
152,93
Juçara
4,7ª
67,2b
12,08ª
137,80ª
155,74
Fonte: Ceplac/ Cepec/Sefis
Pesquisas realizadas por outros autores, constaram teor de antocianina,
pigmento presente em ambos frutos, em maior quantidade na juçara
(Laderoza et al. 1992). Esse pigmento pertence à família dos flavanoides,
que possui função antioxidante e anti-radical que asseguram uma melhor
circulação sanguínea e protegem o organismo contra o acúmulo de placas
de gordura. As antocianinas possuem ainda capacidade de adiar as perdas
de memória, da coordenação motora, perda da visão e diminuem os efeitos
do mal de Alzheimer (Rogez et al. 2000).
A extração da polpa e os cuidados pós-colheita seguem os mesmos
procedimentos realizados para a extração da polpa de açaí.
2. AÇAÍ
O açaizeiro é uma palmeira que produz inúmeros perfilhos formando
touceiras, que são manejadas para a extração de palmito. Face à pressão
dos órgãos ambientais, vários projetos de manejo sustentável dos açaizais
estão sendo implementados no Pará, visando principalmente à produção
de frutos, que além do alto consumo local, (no meio rural o açaí é
consumido três vezes ao dia) tornou-se produto de exportação para vários
estados do Brasil e para o exterior do país.
A polpa de açaí é consumida pelos habitantes da região amazônica
com farinha de mandioca ou tapioca, com peixe frito, no feitio de sorvetes,
pudins, doces, entre outros, porém, sempre o açaí puro, sem misturar
com outras frutas como é usado nas regiões sul e sudeste do país. Nestas
regiões, a preferência é o açaí misturado com granola, banana, guaraná,
originando o “açaí na tigela”, ou como suco, sempre misturado com outras
polpas mais conhecidas.
26
Procedimentos do processamento da polpa:
1. Colheita dos cachos;
2. debulhamento dos frutos;
3. lavagem em água corrente e de boa qualidade;
4. imersão em água morna (40º C) por 15 minutos para amolecimento
da polpa;
5. despolpamento em maquinário apropriado, ou, quando em pequenas
quantidades, em liquidificador sem o cortador de hélice ou em peneira de
malha grossa, amassando manualmente os frutos. O tempo de batimento
não deve ser demorado (4 a 6 minutos), para evitar alteração na qualidade
da polpa;
6. se a extração for manual o produto deve ser coado; as despolpadeiras
mecânicas possuem sistema de filtragem e o produto já sai isento de
impurezas;
7. o produto obtido deve ser usado imediatamente ou conservado sob
congelamento.
3. PUPUNHA
A pupunheira também é uma palmeira que perfilha e pode chegar a 20
metros de altura. No Brasil, na região amazônica e no Peru, Costa Rica,
Equador, Colômbia, entre outros da América Tropical, a pupunha é muito
apreciada e consumida, constituindo-se em valoroso alimento para esses
povos.
A pupunha é um fruto carnoso, muito rico em nutrientes, principalmente
em caroteno, precursor da vitamina A e não pode ser consumido cru,
porque possui uma enzima, que inibe a digestão das proteínas, e um ácido
que irrita a mucosa da boca. Normalmente é consumido simplesmente
cozido com água e sal, podendo ser acompanhado de manteiga, maionese,
mel e geléia. Pode ser usada como legume, em ensopados, em sopas,
vitaminas, entre outros. Como farinha, é usada nos feitios de diversas
iguarias domésticas e no acompanhamento de alguns pratos em
substituição à farinha de mandioca.
Procedimentos para se obter a farinha, em nível caseiro:
1. Lavar os frutos em água de boa qualidade;
2. abrir os frutos em bandas para sacar as sementes;
27
3. Descasca-los e coloca-los para cozinhar por aproximadamente 30
minutos.
4. Após o cozimento, colocar os frutos para escorrer a água e para
esfriar.
5. Se o fruto estiver muito úmido, devem ser colocados para secar um
pouco ao sol ou em forno médio a mínimo, por 5 a 10 minutos.
6. Passar o fruto no moinho ou no ralo, peneirando em seguida, se
quiser um produto fino tipo amido de milho. Está pronta para ser usada em
feitios de bolo, pão, paçoca, canjica, mingaus, entre outros.
Para uso imediato da farinha, sem necessidade de secagem, devem-se
utilizar frutos mais secos, não muito maduros e evitar cozimento excessivo.
Procedimentos para se obter a farinha com grande quantidade
de frutos
1. Abrir os frutos para sacar as sementes;
2. Lavá-los em água de boa qualidade;
3. Ralar os frutos cozidos no mesmo maquinário usado para a obtenção
da farinha de mandioca;
4. Levar a massa ralada para secar em forno de farinha de mandioca
em temperatura branda por 40 a 45 minutos, mexendo continuamente para
não embolar;
5. Peneirar a massa seca para separar as cascas e outras impurezas,
que podem ser fornecidas para animais de pequeno porte (galinha);
6. Esfriar e armazenar a farinha em vasilhames hermeticamente fechados.
COMO MANEJAR OS PALMITEIROS PARA PRODUÇÃO DE
FRUTOS
1. JUÇARA
Como a juçara é nativa da Mata Atlântica, os frutos são encontrados
naturalmente nas populações que ainda existem nos remanescentes
florestais da região. Um dos cuidados que se deve ter, após a extração da
polpa, é em repor as sementes nas áreas onde os frutos foram colhidos.
As sementes podem ser semeadas na mata a lanço, ou em pequenas
covas abertas com a ponta do facão, em local não muito sombreado para
permitir o desenvolvimento mais rápido da planta.
28
2. AÇAÍ / PUPUNHA
1. Sementes: devem ser sadias de boa qualidade. A semeadura é
realizada em canteiros compostos de areia e serragem curtida, em partes
iguais, em local protegido da luz solar, próximo à água para facilitar a rega,
que deve ser diária. A germinação inicia-se 30 dias após a semeadura
(para a pupunha) e em poucos dias para o açaí.
2. Preparo da muda: os sacos de polietileno, com capacidade de 2 kg,
devem ser cheios com terriço de boa qualidade ou enriquecido com esterco
de gado, na proporção de 1 parte para 3 de solo. Podem ser mantidas sob
sombra de uma árvore frondosa ou em viveiro, com cobertura de palha ou
outro tipo de cobertura.
3. A transferência da plântula para o saco de polietileno deve ocorrer
antes do lançamento da segunda folha. Dois meses após essa
transferência, adubar as mudas com pulverização ou regas, utilizando uma
solução de 50 g de uréia para 10 litros de água. Aos 90 e 120 dias, pulverizar
com uma solução de 50 g de uréia e 30 g de cloreto de potássio, para 10
litros de água.
4. As mudas devem ser mantidas sem ervas daninhas, e isentas de
pragas e doenças; o produtor tem que estar atento a qualquer sinal de
anormalidade, e chamar um técnico para diagnosticar e indicar o defensivo
apropriado.
5. Após 4 a 6 meses de viveiro, as mudas estão aptas para serem
transplantadas. Um mês antes, porém, faz-se um raleamento na cobertura
do viveiro, para adaptação das mudas às condições do campo.
6. O plantio é realizado em época de chuva, com mudas sadias e
vigorosas, apresentando altura entre 30 a 40 cm, com 5 a 6 folhas.
7. A área do plantio deve estar limpa e balizada no espaçamento de 4
x 4, para o açaí, se for plantio solteiro ou de acordo com o espaçamento
do consorte, de maneira que o plantio não fique muito adensado para
não prejudicar a produção de frutos. A pupunha deve ser plantada a pleno
sol, no espaçamento 5 x 5 m (400 plantas / ha) estimando-se uma
produção de até 20 t de frutos / ha. É possível o plantio em Sistemas
Agroflorestais com cacau, cupuaçu, entre outras, onde a pupunha entra
como sombreamento para os consortes e o espaçamento será de acordo
com a espécie consorciada. Pode ser implantados nas linhas de cultivo,
inicialmente, inhame, batata doce, mandioca e outros cultivos de ciclo
curto.
29
8. As covas, na dimensão de 40 x 40 x 40 cm, devem ser adubadas
com 100 g de superfosfato triplo colocado ao fundo. Misturar na terra retirada
dos primeiros 20 cm, 5 litros de matéria orgânica e reencher a cova com
essa mistura, 30 dias antes do plantio.
9. A adubação deve ser realizada de acordo com os resultados da
análise do solo. Mas, pesquisas realizadas na Ceplac (Reis, 1997), indicam
as seguintes recomendações para a pupunheira, que por falta de resultado
de pesquisa para o açaizeiro, o autor supra citado recomenda a mesma
tabela, para as condições de solos regionais. (Quadros 1 e 2):
Quadro1. Adubação de pupunheira nos três primeiros anos de desenvolvimento.
IDADE DAS PLANTAS
(meses)
FERTILIZANTES
(g / planta)
2
4
8
12
16
20
24
28
34
20
20
40
40
40
40
40
60
60
Superfosfato triplo
-
-
-
-
100
-
-
100
-
Cloreto de potássio
-
20
-
20
20
-
20
20
20
Uréia
Fonte: Ceplac/Cepec.1997
Quadro 2. critérios para adubação da pupunheira em produção.
Fonte: Ceplac/Cepec. 1997
30
1. Algumas pragas e doenças ocorrem no plantio, e mais uma vez o
produtor deve consultar um técnico ao primeiro sinal de anormalidade nas
pupunheiras.
2. Nos plantios de frutos de pupunha, deixar além da planta matriz, 2 a
3 perfilhos por touceira, que serão cortados para extração de palmito à
medida que apresentarem o diâmetro adequado. Quando a planta matriz
apresentar altura que dificulte a colheita dos frutos, deve-se planejar deixar
esses perfilhos para produzir frutos, em uma possível substituição da planta
matriz. Esse processo é seguido continuamente, ao longo do ciclo
reprodutivo da espécie.
3. Nos plantios de produção de frutos de açaí, a partir de dois anos de
campo, retirar o excesso de perfilhos nas touceiras, eliminando os mais
fracos e os mal formados, deixando 3 perfilhos por touceira de tamanhos
diferentes, bem distribuídos ao redor da planta, além da planta matriz, que
deve ser mantida até que a sua altura dificulte a colheita. Quando isto
acontecer, deve-se planejar o corte da planta matriz e simultaneamente,
deixar que novos perfilhos, em número máximo de 4 (um por ano), se
desenvolvam para a substituição dos perfilhos antigos. Todos os perfilhos
potencialmente produzirão frutos, em número médio de 3 cachos por
perfilho, pesando de 1,5 a 2 Kg de frutos / cacho. Se o produtor optar em
produzir fruto e palmito no mesmo cultivo, o recomendável é deixar 4 a 6
perfilhos para serem manejados para palmito.
4. Colheita: a pupunha começa a produzir frutos a partir de 3,5 a 4 anos
de campo. As primeiras produções geralmente apresentam muitos frutos
partenocárpicos, (sem sementes), sendo alguns de coloração verde e de
aspecto alongado e outros com aparência de fruto normal. Porém, com o
tempo, a tendência é diminuir essa incidência, pois os insetos que fazem
a polinização começam a ser colonizados na área, que aliada ao manejo
adequado do plantio, promoverão a fecundação e o desenvolvimento de
frutos normais. Os cachos devem ser aparados com lona para evitar
contaminação e perdas de frutos no impacto com o solo.
5. A colheita do açaí começa após 3,5 a 4 anos de campo, a depender
do sombreamento do plantio. A pleno sol inicia mais cedo. Os cachos
também devem ser aparados com lona.
6.Tanto o fruto de pupunha como o de açaí é bastante perecíveis,
principalmente o açaí, que mesmo sob refrigeração não se conserva por
mais de 12 horas, sob pena de alteração da cor e do sabor. A pupunha não
31
deve ultrapassar 24 horas de colhida, em temperatura ambiente, pois como
é muita amilácea, pode ocorrer o processo de fermentação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IADEROZA, M. et al. Antocyanins from fruits of açaí (Euterpe oleracea,
Mart) and juçara (Euterpe edulis mart). Tropical Science, London,
England, 32, p. 41-46, 1992.
REIS, E. L. Adubação da Pupunheira para produção de palmito no Sul da
Bahia. Folder. Ceplac / Cepec, 1997.
ROGEZ, H. Açaí : Preparo, Composição e Melhoramento da Conservação.
Belém, EDUFPA, 2000, 313 p.
SILVA, M. G. C. P. C.; BARRETTO, W. S.; SERÔDIO, M. H. Caracterização
Química da Polpa dos Frutos de Juçara e de Açaí. In XVIII
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. Florianópolis,
Santa Catarina, 22 a 26 de novembro de 2004. Anais... CD ROOM,
Florianópolis, SC, 2004.
32
CRIAÇÃO RACIONAL DE SUÍNOS
Elcir de Souza Alves
A criação de suínos, é uma atividade que requer cuidados específicos
para que se tenha sucesso. Neste trabalho, abordaremos de forma sucinta,
alguns aspectos técnicos, que ao nosso ver, servirão de subsídio para
aqueles que criam ou pretendem criar racionalmente suínos.
1.0 - Reprodução
1.1 - Idade para reprodução: Na espécie suína tanto as fêmeas como
os machos, das raças modernas, como Landrace, Large White, Duroc,
Pietrain, Wessex e as marcas comerciais, quando bem alimentados, estão
em condições para a reprodução entre 7 a 8 meses de idade, pesando de
110 a 120 kg de Peso Vivo. Quando a marrã (leitoa) apresentar o primeiro
cio, o criador deverá desprezar e esperar o segundo cio para realizar a
primeira cobertura da fêmea. O cio é caracterizado por modificações
gradativas nos órgãos genitais externos e internos, bem como no
comportamento do animal. Tanto a alimentação, o manejo, bem como as
condições ambientais, exercem grande influencia sobre a manifestação
do cio. De uma maneira prática, o criador observa os seguintes sintomas:
Inquietação da fêmea (nervosismo), vulva intumescida, avermelhada,
micção constante, diminuição do apetite, montam e se deixam montar por
outras fêmeas, ao toque do homem em seu dorso ficam imóveis, procuram
o macho e aceitam o macho. Esses são, portanto os sintomas externos
visíveis.
1.2 - Duração e intervalo entre cios: Na espécie suína a duração do cio
é de 2 a 3 dias e o intervalo entre um cio e outro é de 21 dias;
Engº Agrônomo - Especialização em Forragicultura e Pastagens; Professor de
Suinocultura e Nutrição Animal CEPLAC/EMARC-UR. Rua Dr. João Nascimento S/N,
Uruçuca-Bahia .
33
1.3 - Momento ideal para se realizar a cobertura: O melhor momento
para se realizar a cobertura da fêmea é de 12 a 24 horas após os primeiros
sintomas do cio. De uma maneira prática, a fêmea que apresentar os
primeiros sintomas do cio pela manhã, poderá ser coberta na tarde do
mesmo dia, e uma segunda cobertura na manhã do dia seguinte. A que
apresentar os sinais pela tarde, deverá ser coberta na manhã, e na tarde
do dia seguinte.
1.4 - Cobertura: Seguindo as orientações descritas acima, o criador
deverá conduzir a fêmea para a báia do reprodutor ou para um piquete
próprio para que haja a monta. Durante a monta, o criador, deverá
acompanhar e observando o tempo em que o macho ficou em cima da
fêmea. Para que haja uma boa cobertura o tempo mínimo é de 5 minutos
podendo se estender até 20 ou mais minutos. Após esse período a fêmea
deverá ser reconduzida para a sua báia, e para garantir melhor a
fecundação, deverá ser coberta pela segunda vez conforme descrito acima.
1.5 - Gestação: Uma vez fecundada, a gestação na espécie suína tem
duração de 114 dias, ou seja, 3 meses, 3 semanas e 3 dias. Durante o
período de gestação, a fêmea adquire uma aparência melhor, ou seja, os
pelos ficam mais sedosos, a barriga irá crescer, as tetas aumentarão de
volume, aumenta o apetite fica mais dócil.
1.6 - Cuidados com a fêmea gestante: O ambiente em que a fêmea
gestante deve ficar, há de ser, o mais tranqüilo possível, evitando: brigas,
pancadas, ou quaisquer outra coisa que possa favorecer o aborto. Nesse
período, o manejo com a fêmea, deverá ser o mais técnico possível. Após
a cobertura fornecer ração de gestação na quantidade de 2,5 a 3,0 quilos
de ração por dia, sendo metade pela manhã e a outra metade à tarde até
os 80 dias de gestação. De 80 a 112 dias de gestação, deverão receber
ração de lactação na quantidade de 3,0 quilos por dia, sempre metade
pela manhã e metade à tarde. Nos últimos dias de gestação, ou seja, de
112 a 113 dias, diminuir a ração para 2,0 quilos por dia. Já no dia do parto,
não oferecer ração para a fêmea, deixar apenas água disponível. A fêmea
gestante deverá ficar em sua báia ou em gaiola individual se for o caso,
até uma semana antes do parto, quando então, deverá ser lavada com
água e sabão de coco e deverá ser conduzida para a maternidade a qual,
deverá estar desinfetada com solução desinfetante à base de iodo. Uma
informação importante é que 14 dias antes do parto quando a fêmea ainda
estiver na báia de gestação, realizar a everminação, utilizando um vermífugo
de largo espectro.
34
1.7 - Parto: O parto normal na espécie suína tem a duração de 2 a 4
horas, podendo em alguns casos ir até 6 horas o parto deverá ser
acompanhado pelo tratador, evitando-se com isso perdas desnecessárias
de leitões. Recomenda-se a partir dos 110 dias de gestação acompanhar
diariamente a fêmea. De uma maneira geral o parto ocorre com 114 dias
de gestação, mas pode ocorrer a antecipação ou o atraso. Uma das
maneiras práticas para saber se a porca irá parir naquele dia, é observando
a vulva, que apresenta edema, edema esse, que evolui de forma gradativa
até o dia do parto, mas a melhor maneira para se saber se o parto está
próximo, é fazendo uma ordenha nas tetas da porca, se estas liberar uma
secreção leitosa em forma de jato, dentro de mais ou menos 6 horas irá
iniciar o trabalho de parto.
Durante o parto, os leitões são expulsos através de contrações uterinas.
Entre o nascimento de um leitão e outro o intervalo é de 10 a 20 minutos.
O criador deverá observar se todos os leitões foram expulsos e se a
placenta foi eliminada totalmente, a placenta pode sair imediatamente ou
até uma hora após o nascimento do último leitão; se demorar muito mais
do que isso pode ter havido problemas, o tratador, deve também observar
a temperatura da porca, o seu apetite durante os três primeiros dias após
o parto, caso a porca apresente temperatura elevada, não demonstre
interesse pela ração, não esteja liberando leite, é o caso de se chamar
alguém com mais experiência, pois pode ter havido problemas de infecção
uterina o que poderá ocasionar a morte do animal.
2.0 Manejo
2.1 - Manejo com os recém-nascidos: Já foi comprovado cientificamente
que as perdas maiores chegando a 70%, ocorrem na primeira semana de
vida do leitão, portanto os cuidados de higiene, controle de temperatura
etc. deve ser observado com muito critério nesse primeiro momento. Iremos
colocar o manejo ideal para os leitões do nascimento até a desmama:
2.1.1 - Aparar, limpar e massagear o leitão: Na hora do nascimento, o
tratador deverá aparar, enxugar o leitão com papel toalha ou um pano limpo,
eliminando assim os restos fetais e membranas que envolvem
externamente os recém–nascidos. A limpeza deverá ser iniciada, próxima
à cavidade bucal e narinas, evitando-se assim, a obstrução das vias
respiratórias, depois, se limpa o restante do corpo massageando o dorso
do animal, visando ativar a circulação e estimular a respiração.
35
2.1.2 - Amarrar, cortar e desinfetar o cordão umbilical: Recomenda-se
amarrar e cortar com uma tesoura previamente desinfetada, o cordão
umbilical de 3 a 4 cm do ventre, (mais ou menos dois dedos) e logo após,
mergulhar numa solução de iodo a 10% evitando-se assim a contaminação
por agentes infecciosos.
2.1.3 - Colocar para mamar o colostro: os leitões recebem os anticorpos
através da ingestão do colostro. A saúde, e sobrevivência do leitão
dependem em grande parte da ingestão do colostro, por isso, é importante
que os leitões recebam logo esse leite, pois eles nascem praticamente
sem nenhuma proteção contra os organismos patogênicos. A composição
do colostro modifica-se rapidamente, além do mais, a capacidade de
absorção dos anticorpos pelos intestinos do leitão é diminuída e
praticamente nula com o passar das horas, por isso, é importante que se
coloque imediatamente os leitões recém-nascidos para mamar o colostro
e depois se fazem as demais práticas de manejo.
2.1.4 - Fornecimento de fonte de calor: Atualmente, é uma prática
comum, fornecer um micro-ambiente adequado aos bacorinhos, através
de uma fonte de calor sob a forma de uma lâmpada acessa, com mais ou
menos 30 a 40 cm do piso colocada no escamoteador, na primeira semana
de vida, com uma temperatura de 32º C, na segunda semana a temperatura
poderá ser de 28º C e na terceira semana 24º C. isso porque, o leitão ao
nascer não tem o seu sistema termo regulador funcionando de forma
satisfatória, podendo perder temperatura com muita facilidade, e o leitão
sentindo muito frio, conseqüentemente, consome suas reservas de glicose
o que irá acarretar a hipoglicemia (deficiência de açúcar nas células)
podendo até mesmo leva-lo à morte. A construção do escamoteador que
é uma caixa de madeira poderá ficar na frente da gaiola parideira que
abrigará os leitões no momento em que não estão se alimentando. O
escamoteador é por demais importante.
2.1.5 - Corte dos dentes e Corte da cauda: O leitão nasce com oito
dentes pontiagudos, os quais poderão ferir as tetas da porca no momento
das mamadas, podendo causar problemas sérios, ou mesmo ferir o rosto
dos outros leitões, na disputa pela teta. Para evitar que isso ocorra, deve
ser feito o corte dos oito dentes, logo após os leitões terem mamado o
colostro, utilizando para isso alicate próprio previamente desinfetado. Na
operação tomar os devidos cuidados para não ferir a gengiva, ou a língua
dos leitões, bem como, evitar deixar pedaços de dentes, os quais
funcionarão como uma navalha, ferindo as tetas.
36
Com relação ao corte do terço final da cauda, é interessante, uma vez
que com essa medida previne-se à prática do canibalismo. O corte deverá
ser feito com uma tesoura previamente desinfetada e no local colocar uma
solução de iodo. O corte poderá ser feito no mesmo dia ou no máximo até
o terceiro déia de vida do leitão.
2.1.6 - Aplicação de ferro: Deve-se aplicar no segundo ou terceiro dia
de vida, 200 mg de ferro dextrano o que corresponde a 1 ou 2 ml do
produto comercial, a depender da concentração do ferro, para suprir a
necessidade diária desse elemento, uma vez que os leitões necessitam
de 7 mg/dia e que através do leite materno só adquirem em torno de 20%
dessa quantidade diária. Assim sendo, faz-se necessário, a aplicação da
dose de ferro para suprir as necessidades, evitando a anemia ferropriva,
anemia essa, que o predispõe a infecções secundárias além do péssimo
desenvolvimento.
2.1.7 - Marcação dos leitões: Existem diversas maneiras para a
identificação do leitão, como brincos, tatuagem, porém um método simples
e eficiente e barato, é a marcação dos animais pelo sistema Australiano,
que consiste em piques e furos nas orelhas dos mesmos, utilizando-se
alicate especial de marcação. Com esse método, o criador poderá marcar
sem repetição até 1.599 leitões. Cada pique e furo corresponde a um
número. O pique na orelha direita na parte inferior corresponde ao número
1 e pode ser repetido até duas vezes, já na parte superior corresponde a
3 e pode ser repetido três vezes. Na orelha esquerda na parte inferior
corresponde ao número 10 e pode ser repetido duas vezes, na parte
superior corresponde a 30 podendo ser repetido três vezes. Na ponta da
orelha direita corresponde a 100 e só pode uma vez e na ponta da orelha
esquerda corresponde a 200 e só pode uma vez. Já os furos, o da orelha
direita, correspondem a 400 e da orelha esquerda, 800.
2.1.8 - Fornecimento da primeira ração aos leitões: A finalidade de se
fornecer ração aos leitões que ainda estão mamando, é a de suprir as
suas necessidades nutritivas, favorecendo assim o crescimento bem como
acostuma-los a alimentos sólidos para quando forem desmamados.
Quanto mais cedo se oferecer à ração, maior será o peso do leitão a
desmama. Recomenda-se oferecer ração no inicio da segunda semana
de vida dos leitões, colocando pequenas quantidades em cochos próprios
localizados ao lado da gaiola parideira na maternidade. Essa quantidade
deve ser aumentada gradativamente, até a desmama. A Ração
recomendada para esse período é a chamada ração pré-inicial.
37
2.1.9 - Castração de leitões: Os leitões destinados ao abate,
obrigatoriamente têm que ser castrados, uma vez que nos testículos são
produzidas substâncias que transferem para a carne um odor e um sabor
desagradáveis. Recomenda-se então realizar a castração dos leitões o
mais novo possível, de 10 a 15 dias de nascidos. A castração realizada
com o animal nessa idade tem grandes vantagens como, por exemplo, a
cicatrização mais rápida, melhor facilidade na operação, menor chance
de ocorrer infecções além de ser mais difícil ocorrer hemorragias.
2.1.10 - Desmame: Atualmente as granjas modernas e tecnificadas,
estão desmamando os leitões com 21 dias, porém para as criações menos
tecnificadas e sem instalações adequadas, o desmame poderá ser
realizado com 28 ou 35 dias, quando os animais apresentarem condições
de peso suficiente para serem desmamados. A desmama nada mais é do
que a separação da porca dos seus filhotes (leitegada). No dia do desmame,
não se deve realizar nenhuma outra prática com os leitões, para evitar o
estresse. Com relação à alimentação, não é recomendado fornecer ração
aos leitões no dia do desmame. No dia seguinte oferecer 50 gramas pela
manhã e 50 gramas à tarde e aumentar gradativamente até chegar a 500
gramas no final do quinto dia, e daí por diante, ração à vontade.
2.1.11 - Transferência dos leitões para a creche: Nas granjas
tecnificadas, o local, aonde os leitões vão após serem desmamados,
denomina-se de creche. Nesse local, os leitões devem formar lotes
uniformes com relação ao peso e tamanho, de no máximo 20 leitões por
báia e que ficarão até atingirem o peso médio de 25 quilos, peso esse,
que completam em torno de 63-70 dias de vida.
Após a creche, os leitões são transferidos para os barracões de recria
/terminação onde completam o período de crescimento e engorda, o que
em granjas onde a nutrição é bem equilibrada, e os animais apresentam
um bom potencial genético, completa-se em média com 150 dias de vida,
onde estarão atingindo de 95 a 100 quilos de peso vivo estando prontos
para a comercialização para o abate.
3.0 Nutrição
3.1 - O item alimentação, sem dúvida é o que deve ser mais bem
analisado, numa granja de suínos, uma vez, que, dos custos totais, a
alimentação, chega a 70% desses custos. Por isso, quanto mais houver
38
economia nessa área, maior é a possibilidade de lucro nessa atividade.
Em granjas tecnificadas, a alimentação é à base de ração comercial, porém
para pequenos criadores a ração comercial pode e deve ser substituída
parcialmente por outros alimentos alternativos encontrados com mais
facilidade na fazenda onde a suinocultura estiver instalada.
Apenas como fonte de informação, para aqueles que desejarem fabricar
a sua própria ração na fazenda, sugerimos algumas formulações,
colocadas no quadro abaixo, que poderão ser utilizadas com sucesso.
Para cada
100 Kg
Milho
Ração de
Gestação
Ração de
Lactação
56,00 Kg
62,50 Kg
Ração de
Recria
62,00 Kg
Ração de
Terminação
70,00 Kg
Farelo de Soja
10,00 Kg
18,00 Kg
20,00 Kg
12,50 Kg
Farelo de Trigo
30,00 Kg
15,00 Kg
15,00 Kg
15,00 Kg
Premix. (núcleo)
4,00 Kg
4,50Kg
3,00 Kg
2,50 Kg
Se o criador for oferecer a ração de forma controlada, as quantidades
diárias a serem oferecidas aos animais podem ser as seguintes:
3.2 - Porcas em Gestação: Ração de Gestação
Da cobertura até 80 dias de gestação oferecer de 2,5 a 3,0 Kg/dia
divididos em duas refeições. De 80 até 112 dias oferecer ração de lactação
3,0 kg/dia. Nos dois últimos dias de gestação diminuir para 2 quilos por dia
e no dia do parto não oferecer ração.
3.3 - Porcas em Lactação: Ração de Lactação
No dia do parto, não oferecer ração. No dia seguinte oferecer 2 quilos
de ração/ dia metade pela manhã e metade à tarde e aumentar
gradativamente de meio a 1 quilo por dia até atingir de 5 a 6 quilos/dia no
quinto dia. Daí por diante continuar oferecendo de 5 a 6 quilos/dia sempre
divididos em duas refeições diárias até à véspera da desmama. No dia da
desmama não oferecer ração para a porca.
3.4 - Leitões na Fase de Recria Período entre 70 a 120 dias de vida.
Animais entre 25 a 60 quilos de peso vivo: Ração de Recria.
Oferecer de 2 a 3 quilos/dia metade pela manhã e metade à tarde.
39
3.5 Leitões na fase de Terminação/Engorda: Período entre 120 a 150
dias de vida. Animais entre 60 a 100 quilos de peso vivo: Ração de
Terminação.
Oferecer de 3 a 4 quilos/dia metade pela manha e metade à tarde.
Obs: Premix ou Núcleo, nada mais é do que um complexo vitamínico
mineral. Existem hoje no mercado, diversas marcas de premix ou núcleos,
bem como para cada fase da criação, e é de suma importância na ração
para o equilíbrio nutricional do animal.
Tanto o Milho como o Farelo de Trigo, que são produtos energéticos
podem ser substituídos parcialmente por outros produtos energéticos como
por exemplo a mandioca ou o sorgo, o importante é que o teor de proteína
e a energia de cada ração, fique dentro da exigência do animal e para isso
o técnico irá fazer os devidos cálculos para a substituição dos respectivos
produtos para que a ração fique balanceada adequadamente.
Como os suínos são animais onívoros, ou seja, comem de tudo, o
pequeno criador poderá oferecer uma gama de alimentos que poderão
ser encontrados na fazenda, como: frutas, restos de hortaliças, mandioca,
soro de leite, um pouco de capim, cascas de frutas, cana etc. associando
a uma certa quantidade de ração, para que haja uma boa nutrição do animal.
Esses produtos, preferencialmente, devem ser oferecidos aos animais na
fase de engorda e um pouco para as matrizes em gestação. Evitar oferecer
para animais novos na fase de crescimento, bem como as matrizes em
lactação, pois os mesmos necessitam de maior equilíbrio nutricional para
o seu bom desenvolvimento e produtividade.
40
PRODUÇÃO DE MUDAS: frutíferas e flores tropicais
Carlos Josafá de Oliveira
"Dentre os temas de interesse público e profissional, o mais eminente é a
sustentabilidade". (João Dantas - Engo. Agro. atual Presidente do CREA/BA)
FRUTÍFERAS: SALTO QUALITATIVO NOS SISTEMAS DE
PRODUÇÃO
Os sistemas de produção de frutas no Brasil desenvolveram-se através
do uso de insumos químicos desde os primórdios dos anos 60 com a
Revolução Verde. Porém, diante do novo cenário mercadológico,
desencadeou-se processos de aprimoramento para todos os seguimentos
que compõem as cadeias produtivas, iniciando com a cadeia produtiva da
maçã (Embrapa-R.G.S.). Hoje, com o apoio do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, consolidou-se um projeto com viabilidade
técnica e econômica de produção de frutas para todo o Brasil, para as
cadeias produtivas de uva, banana, mamão, manga, citros etc.
Outras cadeias sentiram-se estimuladas e começaram a se organizar
para a implantação da produção integrada que privilegia a sustentabilidade
e a segurança alimentar, pré-requisitos para a conversão das propriedades,
ou seja, “passagem” do sistema convencional para os Sistemas
Agroecológicos de Produção, fato que tem atraído uma crescente
quantidade de agricultores familiares. Novos valores imperam no novo
cenário agroecológico/mercadológico: a conservação ambiental e a
qualidade de vida.
Engo. Agro. EMARC-UR/CENEX/CEPLAC
41
INFLUÊNCIA DA PRODUÇÃO DE MUDAS NA CADEIA PRODUTIVA
A cadeia produtiva agrícola, conforme modelo proposto pela Embrapa
é composta de 05 seguimentos, começando pelo fornecedor de insumos.
O segundo seguimento é representado pelo AGRICULTOR/Sistema de
produção. O terceiro pela agroindústria; o quarto pelo comerciante e o
quinto pelo mercado consumidor. A base fundamental da cadeia está no
segundo seguimento com o agricultor responsável pelo processo produtivo.
Na cadeia produtiva agrícola, o produto final de qualidade, começa no viveiro
com a produção de mudas de qualidade. No caso das frutíferas, o vigor e
a fitossanidade expressos pelas boas condições hídricas e nutricionais e
a qualidade dos frutos que elas irão produzir no futuro, como árvores, para
o último seguimento que é o mercado consumidor, irão depender, em
primeira mão, da qualidade técnica dos tratos culturais que serão dados
a elas quando ainda estiverem na “creche” – o viveiro. Portanto, o
profissionalismo, ou seja, o conhecimento e a qualificação da mão-deobra, são indispensáveis ao processo, quando se pensa em fazer parte
da cadeia produtiva. As mudas frutíferas visando sobretudo, a saúde
humana e as mudas de flores tropicais, pela sua exuberância, a beleza e
harmonia do ambiente. Acrescem-se a esses cuidados, as práticas
agroecológicas para se produzir com sustentabilidade.
FLORES TROPICAIS:
A produção de flores no Brasil foi, até pouco tempo, uma atividade
notadamente restrita aos estados do Sudeste. Mas, com um potencial de
mercado interno de mais de 150 milhões de consumidores e um mercado
internacional que movimenta nove bilhões de dólares por ano, a floricultura
vem ampliando suas fronteiras e alavancando a economia de outras regiões,
como o Nordeste. Só o estado do Ceará passou em poucos anos de grande
consumidor de espécies importadas ao maior exportador brasileiro de rosas
e flores tropicais.
IMPORTANTE:
Portaria do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
cria a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas
ornamentais.
Publicação no Diário Oficial da União de 19.01.2006, Seção II, pág. 2.
42
LIVRO SOBRE FLORES TROPICAIS
A Embrapa Agroindústria Tropical de Fortaleza-CE, lançou o livro sobre
Flores Tropicais, dos pesquisadores Daniel Terao e Ana Cristina Carvalho,
com informações relevantes sobre o cultivo, cuidados na pós-colheita e
comercialização de espécies exuberantes como as bromélias, orquídeas,
antúrios, heliconias etc., com informações e fotografias – 226 pág.
LEGISLAÇÃO PARA PRODUÇÃO DE MUDAS
RENASEM – Registro Nacional de Sementes e Mudas:
- Instituído no MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
pelo Art. Nº 7 da Lei Nº 10.711 de 5 de agosto de 2003, dispõe sobre os
critérios legais para a produção de mudas a nível nacional.
Validade do Registro - 3 anos
Comunicação para alterações - 30 dias
Cancelamento automático - 60 dias após o vencimento.
Art. Nº. 8: ficam isentos da inscrição no RENASEM os agricultores
familiares, os assentados da reforma agrária e os indígenas que
multipliquem sementes ou mudas para a distribuição, troca ou
comercialização entre si.
ASPECTOS DA LEI: o material de propagação (vegetativa ou seminal)
de qualquer gênero, espécie ou cultivar, para a produção de mudas, deverá
ser proveniente de planta matriz, jardim clonal ou borbulheira, previamente
inscrita no órgão fiscalizador.
O Art. 5º atribui competência aos Estados para elaborar normas e
procedimentos relativos à produção de sementes e mudas exercer
fiscalização do comércio estadual.
O processo de produção de mudas compreende as seguintes etapas:
Obtenção da planta básica
Obtenção da planta matriz
Instalação do jardim clonal
Instalação de borbulheira
Produção da muda
43
NORMAS TÉCNICAS:
1 - As mudas deverão ser produzidas de acordo com as normas de
padrões estabelecidos pelo RENASEM – Registro Nacional de Sementes
e Mudas, e autorizadas pela Delegacia Federal de Agricultura do Estado
da Bahia, DFA-BA.
2 - O local onde se fixarão viveiros de mudas deverá ser de fácil acesso
para inspeções, possuir topografia plana e atender as exigências segundo
as espécies, dispor de água suficiente e boa qualidade para irrigação do
viveiro.
3 - A repicagem nos processos de seleção de mudas fiscalizadas sob
forma de pé franco, deverá constituir prática indispensável para conferir
qualidade e uniformidade às mudas.
4 - O produtor deverá selecionar as áreas para a fixação de viveiros de
mudas de acordo com as presentes Normas e com as exigências ou tipo
de multiplicação da espécie.
PADRÃO DO VIVEIRO
1 - O viveiro de produção de mudas deverá ser instalado de acordo
com as normas e padrões estabelecidos para a espécie.
2 - Os canteiros ou talhões de mudas serão identificados com uma
plaqueta onde contenham: espécie, número de plantas e data de plantio.
3 - A verificação dos padrões do viveiro será feita através de vistorias
obrigatórias, pelo Responsável Técnico, principalmente nas fases de plantio
(preparo de terriço fertilizado), enxertia ou repicagem e pré-comercialização.
4 - A não realização das vistorias obrigatórias ou descumprimento às
normas pelo Responsável Técnico, implicará no cancelamento do viveiro
de mudas.
DA RESPONSABILIDADE TÉCNICA
1 – A responsabilidade técnica é exclusiva do Engenheiro Agrônomo,
Florestal ou Fiscal Federal Agropecuário, em suas respectivas áreas de
competência, devidamente registrado no CREA-BA ou com o visto deste.
44
2 - O Responsável Técnico (RT), indicado pelo produtor por ocasião do
credenciamento, poderá contar com técnicos auxiliares e auxiliares de
nível médio, que atuarão sob sua responsabilidade técnica.
DAS INSPEÇÕES
1 - Entende-se por inspeção o processo de acompanhamento de
produção de mudas em todas as suas fases, até a identificação do produto
final.
2 - O exercício da inspeção da produção de mudas será efetivada por
inspetor Engenheiro Agrônomo e/ou Florestal e/ou Fiscal Federal
Agropecuário que portar´[a carteira de Identidade Funcional, expedida pelo
Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
AOS INSPETORES COMPETE:
1 – Inspecionar as diversas fases do processo de produção, a fim de
verificar a correta obediência aos padrões e normas estabelecidos, emitindo
o respectivo Laudo de Inspeção.
2 – Cumprir e fazer cumprir a legislação, normas, padrões e
procedimentos pertinentes à produção de sementes e mudas.
3 – Orientar, quando necessário, o Responsável Técnico quanto aos
aspectos técnicos recomendáveis para o aprimoramento de seu trabalho
na produção de mudas.
DO LAUDO DE INSPEÇÃO:
1 – Recomendar técnicas agrícolas e procedimentos a serem adotados
pelos produtores de sementes e mudas e seus responsáveis técnicos.
2 – Observar as irregularidades constatadas por ocasião das inspeções,
advertindo para as medidas corretivas a serem adotadas.
3 – Recusar, temporariamente, as condições das instalações, até que
sejam sanadas as irregularidades constatadas.
45
4 – Condenar, parcial ou totalmente, as sementeiras ou viveiros de mudas
pela inobservância das normas técnicas e padrões vigentes.
5 – Relatar as condições da sementeira, viveiro de mudas, das plantas
e campo de matrizes ou jardim clonal.
DEFINIÇÕES :
Muda – material de propagação vegetal de qualquer gênero, espécie
ou cultivar, proveniente de reprodução sexuada ou assexuada, que tenha
finalidade específica de plantio.
Muda-detorrão – muda com as raízes envolvidas por porção de
terra devidamente acondicionada.
Muda-de-raíz-nua – muda com raízes expostas, devidamente
acondicionadas.
Viveiro – área convenientemente demarcada para a produção de
mudas.
Viveiro a céu aberto - área livre demarcada para o plantio de mudas.
Viveiro rústico – com cobertura e laterais protegidas com material
rústico (folhas de palmeiras etc.)
Planta matriz – planta original com bons atributos genéticos de onde
se extrai as hastes (garfos e borbulhas) para a propagação vegetativa.
Propagação vegetativa – processo de reprodução assexuada.
Produtor de mudas – pessoa física ou jurídica que produza sementes
ou mudas por meio de semeadura ou plantio, assistido por um responsável
técnico.
Enxertia – método de propagação vegetativa para substituição da
copa de uma planta visando a melhoria genética.
Porta-enxerto ou cavalo – parte da enxertia que fornece as raízes,
Enxerto ou cavaleiro – parte superir da enxertia que fornece a copa.
Clone – planta ou conjunto de plantas genéticamente iguais à planta
matriz.
Estaquia – método de propagação vegetativa pelo enraizamento de
estacas.
Estaca – parte caulinar(pedaços do caule) usada para enraizamento.
46
Alporquia – processo de multiplicação de plantas por enraizamento
dos ramos antes de serem destacados da planta matriz ou planta-mãe.
Pé-franco – muda obtida de semente, estaca ou raiz, sem o uso de
enxertia.
Muda-de-raíz-nua – muda com raízes expostas devidamente
acondicionadas.
Muda-de-torrão – muda envolvida por porção do solo devidamente
acondicionada.
Muda seminal – originária de semente.
Muda clonal – originária de um clone.
PROPAGAÇÃO DE MUDAS RESISTENTES DE FRUTÍFERAS
Abacaxizeiro - Propagação em campo.
O abacaxizeiro é propagado assexuadamente através de seus órgãos
vegetativos.
No cultivo da abacaxi, a sanidade do material de plantio assume grande
importância, uma vez que, a fusariose e a cochonilha constituem os
principais problemas fitossanitários dessa cultura.
Tipos de mudas:
a) Rebentos - ramos foliáceos que se desenvolvem de gemas
encontradas na parte subterrânea do caule.
b) Rebentões – ramos foliáceos que surgem de gemas encontradas
na zona entre o caule e o pedúnculo.
c) Ramos foliáceos que crescem de gemas do pedúnculo, logo abaixo
do fruto.
A EMBRAPA/Cruz das Almas-BA – lançou em 2003, o Abacaxi Imperial
resistente à doença fusariose (apodrecimento do fruto) causada pelo fungo
Fusarium subglutinans, responsável pelas perdas de produção do país,
superiores a 80%.
Bananeira - propagação em campo
Tipos de mudas:
a) Chifrinho - com 50cm
b) Chifre – com 80cm
47
c) Chifre-de-veado - de 80cm a 1,0m
d) Pedaços de 1 kg de rizoma
e) Pedacinhos triangulares extraídos do rizoma
MUDAS DE CULTIVARES DE BANANEIRAS RESISTENTES
A Sigatoka Negra, Sigatoka Amarela e ao Mal-do-panamá:
1. Caipira
2. Pakovan Ken
3. Thap maeo
4. Fhia 18
5. Fhia 01
6. Tropical
VARIEDADES DE FLORES TROPICAIS
Sorvete (Zingíber spectalis) – família das Zingiberáceas, a mesma do
Costus, destaca-se pela exuberância de suas flores globosas no ápice
das hastes, tomando a forma de um sorvete. Dá um toque especial nos
arranjos ornamentais junto às helicônias. Multiplicação por rizomas.
Bastão do Imperador (Etlingera elatior) - multiplicação por bulbos e
rebentos foliares. Folhagem alta, produz lindos cachos de flores vermelhos.
Características de clima similar às heliconias.
Heliconias – multiplicação por rizomas, dispensa o replantio. Floração:
o ano todo. Folhagem de porte alto, dependendo da variedade, pode atingir
até 2,5m de altura. Produz flores pendulares com cores que variam de
amarela, vermelha ou combinadas entre si.. Forma touceiras. Adapta-se a
qualquer clima, mas prefere calor e umidade. Originária da América do
Sul. Nome vulgar: banana-do-mato.
Variedades: Heliconia wagneriana; Heliconia rostrata; Heliconia bihai
(preferida pelo mercado europeu); Heliconia rauliniana etc.
Bastão-de-príncipe – similar ao bastão-do-imperador, porém, de porte
baixo, flores cor de rosa e vermelhas.
SUBSTRATO: terriço para as mudas
A qualidade do terriço é essencial para o bom desenvolvimento das
mudas, pois é desse material que as novas plantas vão retirar os nutrientes
para os seus primeiros 90 a 120 dias de vida. A depender da origem, deve
ser tratado e fertilizado tecnicamente. O lixo urbano de 5 anos pode ser
48
utilizado como terriço, todavia merece cuidados fitossanitários, uma vez
que, constitui fonte de inoculo de nematóides do gênero Meloidogyne spp,
são vermes microscópicos, parasitas de raízes das plantas cultivadas.
Há uma recomendação agroecológica com cinzas de madeira para o
tratamento: misturar bem as cinzas ao terriço em proporções
adequadas. Solos pobres de barranco devem ser fertilizados
tecnicamente.
FERTILIZAÇÃO DO TERRIÇO
Em experiências com os nossos alunos do curso de Agropecuária da
Emarc-UR alcançamos bons resultados com o seguinte preparo:
1000 litros de terriço (50 latas)
01 kg da fórmula 4 -14- 8 (ou similar que guarde a mesma relação 1-3-2)
Composto orgânico na proporção de 5:2 ( se enquecido c/ fósforo:5:1)
Obs,: Para facilitar o manejo, trabalhamos com porções de 250 litros
(média de 50 pás de bico).
PROPAGAÇÃO VEGETATIVA EM VIVEIROS:
1. ESTAQUIA - multiplicação por enraizamento de estacas. O Instituto
Biofábrica de Cacau utiliza o fitormonio industrializado, Ácido Indolbutírico
(pó branco) como indutor de raízes para a produção de mudas de cacau e
outras espécies botânicas.
Receita agroecológica para indução de raízes
Naturalmente, as plantas possuem o fitormônio Indolbutírico para a
formação específica de suas raízes. Porém, é sabido que as gramíneas
dandá e tiririca, concentram quantidades mais elevadas dessa substância.
O viveirista Arnor, do Viveiro II de Plantas Ornamentais, funcionário da
Emarc-Ur nos apresenta a seguinte Receita:
MATERIAIS: 1) Dandá ou Tiririca 2) Álcool cereal 3) Água
PROCEDIMENTO: Moer ou macerar bem os bulbos (batatinhas) com
as folhas e colocar na água durante 48 horas, em seguida, coar e colocar
no álcool.
DURAÇÃO: 30 dias
49
USO: imersão da estaca até a metade durante uns 2 minutos.
FOLHAGENS: destacam-se as Cordylines, Dracenas, Pandanos e
Filodendros;
Dracenas – multiplicação por enraizamento. Corta-se a haste 30 ou
40cm do broto terminal, elimina-se as 3 folhas inferiores e coloca-se num
vaso com água para enraizar. Após o enraizamento, transporta-se para o
vaso definitivo com composto orgânico umedecido.
Cordiline ou dracena-rosada (Cordyline sp) – multiplicação igual às
dracenas.
Filodendro (Philodendron selloum) – outros nomes vulgares imbé ou
cipó-de-imbé. Multiplicam-se por estacas.
As folhagens normalmente preferem lugares claros, mas protegidas
da incidência direta da luz solar.
RECEITAS DE PREPARO DE SOLOS PARA PLANTAS
ORNAMENTAIS
1. Mistura Universal – uma receita que segundo os paisagistas,
satisfaz as necessidades do maior número de plantas:
7 partes de terra argilosa preta
3 partes de esterco curtido ou composto orgânico
2 partes de areia grossa
Podendo aperfeiçoa-la adicionando em cada 5 kg da mistura acima os
seguintes ingredientes:
½ colherinha de giz moído ou calcário (exceto para as azáleas que
preferem solo ácido);
2 colherinhas de farinha de ossos ou 1 de cinzas de ossos;
2 colherinhas de superfostato simples;
1 colherinha de sulfato de potássio ou cloreto de potássio.
Obs.: dispensar o potássio se o composto orgânico teve em sua
composição fragmentos do pseudo-caule inteiro com as folhas de
bananeira.
2. Receita de preparo de solos para as plantas tropicais em geral:
2 partes de areia lavada grossa;
50
1 parte de argila solta;
1 parte de terra preta;
1 parte de composto orgânico ou esterco curtido ou ½ parte de húmus
de minhoca.
Para cada 5 kg da mistura, adicionar os seguintes ingredientes:
1 colher-de-sopa de carvão em pedacinhos
1 colherinha de giz moído ou calcário
3. Receita para roseiras - preparo de canteiros:
Os canteiros devem ser preparados 8 dias de antecedência do plantio;
Fofar a terra 30 a 40 cm de profundidade;
Misturar 10 a 15 kg de esterco curtido ou 5 a 7,5Kg de húmus de
minhoca por metro quadrado (m2);
Completar a adubação, misturando bem 100 a 200 gramas de farinha
de ossos ou 50 gramas de cinzas de ossos.
Obs.: Além de roseiras, este preparo de canteiros serve também para
bulbos e plantas tropicais diversas.
Cuidados com as mudas: Conservar as mudas de roseiras na sombra
até a hora do plantio e plantar o mais rápido possível.
Espaçamento das mudas: de acordo com as variedades.
Roseiras de menor porte - 30 a 50cm
Roseiras de maior porte - 70cm, 1,0 a 2,0m
Plantio das mudas de roseiras:
Abrir as covas com 30 cm de profundidade
Colocar a muda na cova, enchendo-a com terra aos poucos
apertando levemente junto às raízes e logo após, regar bem.. Se a muda
for de torrão basta retirar a sacola plástica que a envolve e plantar. Se as
mudas forem de raiz nua, ao retirar a embalagem que protege as raízes,
mergulha-las em água por 2 a 3 minutos. Ao colocar a muda na cova,
localizar o ponto do enxerto, deixando-o a 1 cm acima do solo. Nos meses
quentes, proteger as mudas recém plantadas, durante 15 a 20 dias, com
folhas de palmeiras ou ramos de folhagens. Regar diariamente, de
preferência à tarde com o sol mais frio, até o início da floração. Depois
só nos dias quentes. Roseiras não gostam muito de água. Manter a terra
do canteiro sempre fofa e livre de plantas invasoras. Importante: Assim
que surgir as primeiras folhas, fazer uma aplicação do fungicida Dithane
- 45 a 0,02%, pois nesse período o ataque de doenças é mais severo.
51
CACAU: ENXERTIA DE MUDAS EM VIVEIROS E BROTOS BASAIS
EM CAMPO
Tipos de enxertia mais usados pelos produtores na região cacaueira:
a) Garfagem de topo em fenda cheia: neste caso, o diâmetro do
enxerto deve ser compatível com o diâmetro do porta-enxerto.
b) Garfagem de topo em meia-fenda: o diâmetro do enxerto é mais
fino que o do porta-enxerto.
Tamanho dos garfos: condicionado ao número de gemas, mínimo de
2 e máximo de 4. (Gemas - são as pequenas estruturas no canto da folha
ou seja, na axila foliar)
Tempo de realização de cada enxerto: em torno de 30 segundos,
para evitar oxidação da seiva.
Fitossanidade: descartar garfos praguejados e doentios. No corte do
bisel é comum observar-se algumas estrias castanho-escuras que são
sintomas da doença fúngica Lasiodiplodia. A cigarrinha-dos-ramos, por
sua vez, deixa os ramos inchados com fendilhamentos ressecados. Garfos
com esses danos devem ser eliminados.
COLETA DE HASTES OU VERGÔNTEAS
a) As hastes devem ser colhidas de clonesou matrizes certificadas,
oficialmente recomendadas de jardins clonais devidamente credenciados.
b) As hastes devem ser colhidas nas horas mais frescas do dia, pela
manhã ou à tarde.
c) Conservação das hastes: Parafinar 1 a 2cm das extremidades para
evitar a desidratação. Acondiciona-las em papel jornal umedecido e
transportar em caixas de isopo.
PORTA-ENXERTOS - Com o advento da doença mal-do-facão, no
Sul da Bahia, a Ceplac passou a recomendar sete clones descendentes
do clone IMC, tolerantes ao fungo Ceratocystes fimbriata, causador da
doença: TSH - 1188; CEPEC - 42; TSA - 654; TSA - 792; TSA - 656; TSH 774 e TSH - 565.
52
CONSULTA BIBLIOGRÁFICA:
Revista Agroanalysis; FGV; ago. 2001.
GOMES, Pimentel - Fruticultura Brasileira - 1987.
FLORASSULBA - Flores
[email protected]
e
Folhagens
Tropicais.
E-mail:
COMPTON, Joan - Plantas Para Casa - 1978.
RENASEM- Registro Nacional de Sementes e Mudas/ Delegacia Federal
de Agricultura do Estado da Bahia- Legislação sobre Produção de
Sementes e Mudas - Ago/2003.
BIOFÁBRICA DA EMBRAPA/Cruz
maurí[email protected]
das
Almas/BA.
E-mail:
INSTITUTO BIOFÁBRICA DE CACAU - Informativo - 2004.
TITCHMARSH, Alan - O Fascinante Livro das Plantas. Edições Siciliano1983.
CHEPOTE, Rafael Edgardo e outros. Recomendações de Corretivos e
Fertilizantes na Cultura do Cacaueiro no Sul da Bahia- 2ª aproximação
- 2005.
MURAYAMA, Shizuto - FRUTICULTURA - 1980.
AGENDA - 26ª Semana do Fazendeiro/Ceplac/Emarc-Uruçuca - 2004.
PEREIRA, Aldo - Jardinagem Prática - 1978.
REVISTA Roselândia Nº 24 - 1996.
DONADIO, Luiz Carlos e outros - Fruticultura Tropical - 1992.
COMISSÃO ESTADUAL DE SEMENTES E MUDAS NA BAHIA - Delegacia
Federal de Agricultura na Bahia -DFA-BA/MAPA.
53
FABRICAÇÃO ARTESANAL DE LICOR, CHOCOLATE E SEUS
DERIVADOS
Rita de Cássia Oliveira Lavinsky
1 - FABRICAÇÃO ARTESANAL DE LICOR
Os povos antigos misturavam xarope, álcool e ervas para fazer licor,
uma bebida bastante apreciada devido ao seu poder digestivo. Foram os
árabes em 900 a.C. que inovaram o processo, com o método de fabricação
por fermentação alcoólica. No Brasil, a prática de fabricação de licor foi
passada de geração a geração até chegar à produção em escala industrial,
através de processos mais sofisticados. No entanto, os licores artesanais
constituem uma alternativa para aproveitamentos de produtos regionais,
agregando valor e renda, em especial, à família rural.
Licor é a bebida alcoólica por mistura com graduação de 15 a 54% em
volume, a 20° C, e um elevado percentual de açúcar, elaborado com
álcool de cereal ou destilado alcoólico, adicionada dos princípios
aromáticos extraídos das frutas, folhas, flores, cascas, raízes e grãos,
ou produtos de origem animal e também, de substâncias aromatizantes,
saborizantes, corantes e outros aditivos permitidos em ato administrativo
complementar.
O segredo do licor artesanal está na combinação harmônica dos seus
componentes básicos (princípio aromático, álcool e açúcar) que resultará
num produto de cor, aroma e sabor; conferido pela qualidade da matéria
prima e os rigorosos cuidados de higiene durante a fabricação. O sabor e
aroma evidenciados por frutas regionais, subprodutos e derivados de
cacau, a exemplo do jenipapo, mel e amêndoa de cacau, serão
considerados principalmente noutros centros consumidores, como de alto
valor econômico.
Técnica em Alimentos da SETEA/CEPEC/CEPLAC e Bacharel em Ciências Econômicas.
54
Classificação de licor quanto à concentração de açúcar:
Seco - contém 30 a 100 gramas de açúcares, por litro;
Fino - contém 100 a 350 gramas de açúcares, por litro;
Creme – contém mais de 350 gramas de açúcares, por litro;
Cristalizado - saturada de açúcares parcialmente cristalizados.
Tempo de Infusão - a depender do tipo da matéria prima
30 dias – extratos de frutas e demais substâncias aromatizantes;
60 dias – folhas, flores, cascas, raízes e grãos.
Matéria-prima
Água – limpa inodora, incolor, apropriada ao consumo e de padrão de
qualidade;
Açúcar – refinado, bem seco, claro e sem odor;
Álcool – de Cereais, com graduação de 96% GL (Gay Lussac).
Equipamentos e utensílios
Os utensílios e equipamentos utilizados nesta atividade deverão ser
fabricados em materiais como vidro, louça e aço inox. Outros materiais
reagem com o álcool e as substâncias ácidas dos princípios aromáticos
do licor e podem afetar a qualidade da bebida e a saúde do consumidor;
Filtros: Flanela branca, coadores de náilon e filtros de papel;
Vasilhames de vidro para envase/rolhas de cortiças.
Legislação
O Decreto nº. 2.314/97 regulamenta a Lei nº. 8.918, de 14 de julho de
1994, que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a
inspeção, a produção, rotulagem e a fiscalização de bebidas, estando os
estabelecimentos produtores de licores inclusos neste regulamento. Estes
estabelecimentos deverão ser obrigatoriamente registrados no Ministério
da Agricultura e do Abastecimento.
55
Etapas de processamento
Jenipapo
Mel de cacau
Grãos de cacau
Recepção
Recepção
Recepção
Seleção da fruta
Seleção dos frutos
Seleção dos grãos
Lavagem
Lavagem
Torrefação
Sanitização
Sanitização
Descascamento
Prensagem
Prensagem
Limpeza nos nibs
Infusão
Fervura do mel e açúcar
Infusão
Envelhecimento
Resfriamento
Envelhecimento
Filtração
Filtração
Filtração
Mistura do xarope
Adição do álcool
Mistura do xarope
Engarrafamento
Engarrafamento
Engarrafamento
Rotulagem
Rotulagem
Rotulagem
Expedição
Expedição
Expedição
Considerações finais
Apesar do avanço tecnológico, o processo ainda é rudimentar. Filtração
com peneiras de náilon ou flanela deixa o produto com sedimentos que
interfere no aspecto. A filtragem por algodão é demorada e expõe o produto
a agentes contaminantes. Equipamentos disponíveis no mercado são
inacessíveis à produção de baixa escala. Inovação tecnologias em
equipamentos a vácuo ou filtros prensa que atenda pequena escala será
fator de desenvolvimento para a atividade agroindustrial.
2 – FABRICAÇÃO DE CHOCOLATE E SEUS DERIVADOS
O cacau tem como centro de origem as florestas tropicais do continente
americano. Colombo durante sua descoberta a América conheceu o cacau,
porém não lhe deu a devida importância. O mérito de tornar o cacau
conhecido para o mundo europeu deve-se Hernando Cortez, que
conquistou o México para a Espanha em 1528. Cortez admirava o foto de
grãos de cacau ser usados como moeda corrente e de Montezuma
(Imperador dos Astecas), apreciar a bebida e ter hábitos de degustá-los
56
em copos novos de ouro e descarta-los em seguida para provar o quanto
valorizava a bebida. De volta a Espanha Cortez aconselhou ao rei a plantar
esta árvore de dinheiro em colônias de clima tropical a exemplo de Trindad
e Haiti na América Central e Ilha de Fernando-Po na costa da África
Ocidental e daí para Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões, hoje
principais produtores de cacau. Com o advento da revolução industrial e a
invenção de diversas máquinas, tornaram possível a produção em escala
tornando o produto mais acessível a todos, e daí para o Mundo Novo onde
foi fundada a primeira fábrica de chocolate, aumentando o hábito de beber
chocolate na América do Norte. Os holandeses plantaram cacau nas suas
colônias, nas ilhas Orientais (atual Indonésia). Em 1828 um fabricante
Holandês Conrad Van Houtten, descobriu um método de extrair a gordura
do cacau moído, e obter manteiga de cacau. Os pedaços resultantes,
após moagem foram transformados em pó, facilmente dissolvidos em água
quente. No entanto, chocolate em tablete se tornou possível 20 anos depois
através duma empresa inglesa que misturou o cacau moído com manteiga
de cacau e açúcar. Após 30 anos, um fabricante Suíço adiciona leite in
natura. E daí então inúmeras fábricas em diversos países produziram
diferentes tipos de chocolate – doce, meio amargo, amargo, ao leite, com
adição de nozes, licor e frutas. No Brasil, produtores de cacau fino buscam
nas tecnologias pós-colheitas amêndoas com características especiais,
para atendimentos a clientes externos que valorizam o sabor do chocolate.
Os produtores de cacau orgânicos através de praticas limpas de campo
produzem produtos que valorizam a saúde do consumidor. Estes
produtores têm seus preços acima da cotação do mercado, o que acaba
fugindo da commodity convencional de cacau. Num futuro próximo esperase a difusão do processo, maior disponibilidade de equipamentos no
mercado nacional, produtos especiais promovendo desta forma a
fabricação de chocolate partindo da amêndoa de cacau com alto sabor de
chocolate.
Processamento de chocolate e seus derivados
Sabe-se que o sabor de chocolate se desenvolve com boas práticas
de campo, Fermentação e secagem são etapas crucias na formação dos
precursores de chocolate. Na etapa de fermentação, consideram-se como
fatores importantes: sistema de fermentação, temperatura da massa a
fermentar, pH e acidez da polpa e cotilédones, duração e temperaturas do
57
processo, revolvimentos da massa, microflora e outros. Na etapa de
secagem a umidade da amêndoa fermentada que estava na faixa de 4050% atinge 6-8%. Esta faixa de umidade é importante para garantir uma
boa conservação da amêndoa durante o armazenamento, antes de ser
submetida à torração. No entanto, o processo de fabricação de chocolate
começa com a torrefação que se caracteriza pelos seguintes processos
metabólicos: desenvolvimento do aroma e sabor pela reação de Maillard,
a partir dos precursores formados durante a fermentação; perda do teor
de água ao nível de 1-1,5%; diminuição dos ácidos voláteis, como o ácido
acético; inativação das enzimas capazes de oxidar a manteiga de cacau e
mudanças da textura dos cotilédones (mais quebradiço), facilitando desta
maneira através de equipamentos o seu descascamento (separação da
testa e cotilédone), e a conseqüente transformação em nibs. O refino,
conchagem e temperagem são etapas industriais subseqüentes que
ajudam a conferir ao produto final sabor pleno de chocolate. No refino é
importante que a massa atinja partículas de dimensões variando de 10 a
15 micros, já que os botões (glândulas) gustativos não conseguem
distinguir partículas menores que 10 micros. Além da percepção sensorial,
nesta faixa o chocolate atinge a fluidez desejável. A conchagem tem a
finalidade de melhorar a viscosidade da massa, produzir ou liberar
compostos, eliminando substâncias de sabor não desejado. A temperagem
por sua vez é responsável pelo brilho, textura e maciez de chocolate. A
manteiga exibe um complexo sistema de cristalização, dado pela
combinação de vários ácidos graxos que conferem formas polimórficas
cristalinas, cujas características são importantes quanto ao aspecto do
chocolate, para formação de cristais estáveis na solidificação do produto
final. Segue-se a moldagem pelo enchimento das formas, retirada do ar
contida na massa do chocolate; endurecimento através de túnel de
resfriamento (controle de temperatura e umidade relativa), onde ocorre
contração da massa e liberação dos bombons, tabletes e figuras ocas em
fino acabamento.
Para fabricar chocolate partindo das sementes até o produto final, a
sua cadeia produtiva é composta por cinco processos distintos: o do
agricultor, o dos comerciantes, o das indústrias moageiras, fabricantes de
chocolate e fabricantes de chocolate caseiros. Cabe ao agricultor fermentar
e secar; aos comerciantes e exportadores armazenar e transportar; às
indústrias moageiras transformar em “liquor”, torta e manteiga, à indústria
chocolateira fabricar a massa, e as empresas de chocolates caseiros
58
espelhados por todos os cantos, utilizar a massa das indústrias
chocolateiras e a transformar em diversos tipos de bombons com recheios
especiais.
Atualmente, o Centro de Pesquisa do Cacau através do Laboratório de
Subprodutos de cacau, dispõe de uma pequena linha fabricação de
chocolate, tornando possível o desenvolvimento de um processo
tecnológico de fabricação de chocolate de pequeno porte, através de
instalações apropriadas e dos seguintes maquinários: Torrador,
fragmentador/descascador, máquina multifunção (mesclar, refinar e
conchar), temperadeira, envasadeira, túnel de resfriamento, centrifugas
para figuras ocas e estufa de secagem de formas.
Espera-se num futuro próximo a difusão do processo e disponibilidade
no mercado de produtos com formulações com sabor mais acentuado de
chocolate a preço mais acessível.
O objeto deste mini-curso será a fabricação de chocolate partindo duma
massa elaborada e formulada com alto teor de massa de cacau (Padrão
CEPEC), tal quais as indústrias de chocolates caseiros com o diferencial
no recheio utilizando frutas e produtos regionais, tanto na elaboração de
bombons como de figuras ocas, ressaltando as técnicas caseiras quanto
à temperagem, moldagem, resfriamento e acondicionamento.
Será demonstrada também a fabricação da cocada e pó de cacau,
através de técnicas artesanais, torrefação dos grãos, descascamento
manual, utilizando apenas: fogão, liquidificador, moinho de café e utensílios
domésticos.
Espera-se ao final do mini-curso que tenha contribuído para o
conhecimento das técnicas de fabricação de chocolate (bombons, recheio
e figuras ocas) e seus derivados e a conseqüente promoção do aumento
do consumo de cacau.
BIBLIOGRAFIA
BAUMREISTER, P. Cocoa liquor roasting. The Manufacturing
Confectionery,Glen Rock, v10 p 43-45 1981.
BECKETT, S. T. Fabricación y Utilización Industrial del Chocolate.
Trad.Mariano González Alonso. Zaragoza: Acribia, 1994. 432p.
59
Recheios de Bombons com Durabilidade Prolongada. ITAL. Instituto de
Tecnologia de Alimentos. Campinas, São Paulo. 1997.
LOPEZ, A. S. & QUESNEL , V. C. Volatile fatty acid production in cacao
fermentation and effect on chocolate flavor. J. Sci. Food Agric.
24(3):319-324, 1973.
LOPEZ, A. S.; McDONALD C. R. A definition of descriptors to be used for
the qualification of chocolate flavours in organoleptic testing. Revista
Theobroma, v. 11, n.3, p. 209-217, 1981.
MORORÓ, R. C., FREIRE, E. S., SERÔDIO, R. S., LAVINSKY, R. C. 1996.
Como Aumentar o Consumo de Chocolate no Brasil. 12ª Conferencia
Internacional de Pesquisa de Cacau, Salvador, Bahia. 1996.
SCHWAN, R.F., LOPEZ, A., SILVA, D.O., VANETTI, M.C.D. Influência da
freqüência e intervalos de revolvimentos sobre a fermentação do cacau
e qualidade do chocolate. Agrotrópica, v 2, n 1, p 22-31, 1990.
STAUFFER, M. B. Chocolate Manufacturing: critical process controls – An
overview. The Manufacturing Confectioner. 92-94, jun. 1994.
URBANSKI, J. J. Chocolate Flavor/Origins and Descriptions. The Effects
of process and Bean Source. The Manufacturing Confectioner v. 72,
n. 11, p 69-82, 1992.
LIMA, J. R. A delícia sagrada: como o chocolate é feito? Revista Galileu,
Rio de Janeiro, n°162, janeiro 2005. Disponível em:
<http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT883986-1716,00.html>
Acesso em: 07de maio 2006.
MINDEL, N. A história do chocolate. Disponível em: <http://
www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/chocolate/home.html> Acesso
em: 07 de maio 2006.
Resposta Técnica. Disponível em: <http://sbrt.ibict.br/upload/sbrt327.pdf>
Acesso em 07 maio 2006.
60
BRAGANÇA, M. G. L. Como produzir licores. Rev. Tecnologia e Treinamento,
Viçosa. Disponível em: <http://www.tecnologiaetreinamento.com.br/
sessao.php?go=materiastecnicas&mat=0251>. Acesso em: 07 de
maio 2006.
EMATER Agroindústria: Processamento Artesanal de Frutas– Licor.
Disponível em:<http://www.emater.mg.gov.br/site_emater/Serv_Prod/
Livraria/Agroindustria/Livraria_Agroindustria.asp#>. Acesso em: 07 de
maio 2006
61
FERTILIZAÇÃO DO CACAUEIRO
Rafael E. Chepote
Edson Lopes Reis
O Brasil e a Malásia, dentre os países produtores de cacau, são os
que vêm utilizando com maior intensidade sistemas de produção com
tecnologia moderna, incluindo o emprego de corretivos e fertilizantes.
No Sul da Bahia são evidentes as respostas à adubação na cultura do
cacaueiro. Resultados experimentais constataram, em nível de fazenda,
uma associação estreita entre área adubada e produtividade.
As recomendações de corretivos e fertilizantes consideram o grau e
distribuição do sombreamento, o estado fitossanitário da plantação e as
características físico-químicas do solo, tais como textura, profundidade efetiva,
drenagem, pH, H+ + Al3+, P-disponível e bases trocáveis de K+, Ca2+ e Mg2+.
Além desses aspectos, as inundações que ocorrem periodicamente em
algumas zonas, o regime hídrico e a impedimento físicos ao bom
desenvolvimento do sistema radicular do cultivo com reflexos sobre a produção.
Pesquisas desenvolvidas recentemente pela Seção de Solos e Nutrição
de Plantas (CEPEC/SENUP) com corretivos e adubos têm dado suporte
técnico-científico na atualização das recomendações de corretivos e
fertilizantes no cacaueiro no Sul da Bahia. Assim o uso de corretivos além
de corrigir a acidez do solo e toxidez de alumínio e manganês, visa também
o fornecimento de cálcio e magnésio ao solo. Os critérios de calagem na
cultura do cacau no Sul da Bahia fundamentam-se na elevação dos teores
de cálcio e magnésio para 3,0 cmolc/dm3 em solos Latossolos distróficos e
na redução da saturação de alumínio para valores de 30% em solos Argissolos
distróficos e Aluviais Argilosos distróficos. As quantidades totais de corretivos
a serem aplicadas ao ano dependem da textura do solo: 2000 kg/ha/ano
para solos de textura argilosa e 1000 kg/ha/ano para solos de textura franca.
O uso de gesso agrícola (sulfato de cálcio diidratado - CaSO42H2O)
deve-se utilizar na melhoria do ambiente radicular do cacaueiro nas
camadas subsuperficiais (20 a 40cm), quando os teores de Ca2+ são ≤ 0,4
cmolc/dm3 e tem elevados teores de alumínio (> 0,5 cmolc/dm3 de Al3+ e/ou
P e s q u i s a d o r e s ( C E P L A C / C E P E C / S E N U P ) . E - m a i l : r c h e p o t e @ c e p e c . g o v. b r ;
[email protected]
62
saturação por Al3+ ≥ 30%). Este é o caso dos solos Aluviais Argilosos
distróficos de Linhares e Argissolos distróficos do Sul da Bahia.
A adubação do cacaueiro baseia-se nas doses de nitrogênio,
determinadas em ensaios de campo e nos níveis críticos de fósforo e
potássio disponíveis que proporcionam maior desenvolvimento e produção
do cacaueiro. Desta maneira disponibilizaram-se doze formulações
(Tabela 1) com as respectivas quantidades de nutrientes por hectare e
doses de fertilizantes a serem utilizados.
São apresentadas também, recomendações de adubação orgânica do
cacaueiro a base de composto de casca do fruto do cacau e de esterco
de curral, na presença e ausência de adubos minerais, adubação a base
de micronutrientes e foliar.
Como técnica de monitoramento do estado nutricional do cacaueiro, a
diagnose foliar, é utilizada: recomenda-se coletar a terceira folha a partir
do ápice de um lançamento recém amadurecido, na meia altura da copa
da planta. A época de coleta é no verão (dezembro a janeiro) evitando-se o
período de lançamento. Coletar quatro folhas por planta (uma em cada
quadrante), percorrendo-se uma área homogênea, num total de 10
cacaueiros por amostra composta.
As folhas deverão ser coletadas e acondicionadas em sacos de papel e
remetidas de modo a darem entrada no laboratório no mesmo dia. Se o
tempo entre a coleta e a entrada no laboratório for superior a duas horas,
devem-se manter as amostras a baixa temperatura em um isopor com gelo.
Tabela 1. Quantidades de N, P2O5 e K2O, composição dos fertilizantes e respectivas doses para
as diferentes idades das plantações.
Doses de Fertilizantes
NPK
1
As quantidades recomendadas por planta devem ser fracionadas em três aplicações para os dois
primeiros anos e em duas aplicações para os anos subseqüentes.
63
IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS AGROFLORESTAIS PARA A
SUSTENTABILIDADE DOS BIOMAS TROPICAIS
Manfred Willy Müller
Os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) são reconhecidamente modelos
de exploração de solos que mais se aproximam ecologicamente da floresta
natural e, por isso, considerados como importante alternativa de uso
sustentado do ecossistema tropical úmido (Almeida, et 2002; Bandy et al.,
1994; Canto et al., 1992; Huxley, 1983; Nair, 1993; Müller, et al., 2002). A
importância da utilização de Sistemas Agroflorestais fica mais evidente,
quando constatamos a existência de extensas áreas improdutivas em
conseqüência da degradação resultante, principalmente, da prática do
cultivo itinerante, reconhecidamente uma modalidade de exploração não
sustentável dos solos. A pecuarização é outra realidade na exploração de
terras no Brasil sendo, em geral, uma atividade resultante da implantação
de grandes projetos, principalmente na Amazônia, mas não somente
naquela região, a qual promove a elevação do índice de desemprego e
representa grande risco de degradação ambiental.
Existe atualmente na literatura uma grande variedade de termos
empregados para conceituar práticas que combinam espécies florestais
com culturas agrícolas e/ou com a pecuária. Também há uma grande
confusão no uso da terminologia agroflorestal no Brasil. Muitos confundem
sistemas agroflorestais com consorciação de cultivos. Resumidamente
pode-se dizer que todo SAF é uma consorciação de cultivos, contudo o
inverso nem sempre é verdadeiro.
Na verdade Agrofloresta é um termo novo para uma prática bastante
antiga já utilizada pelos indígenas. King e Chandler (1978) conceituaram
os SAF’s como sendo os “Sistemas sustentáveis de uso da terra que
combinam, de maneira simultânea ou em seqüência, a produção de
cultivos agrícolas com plantações de árvores frutíferas ou florestais e/ou
animais, utilizando a mesma unidade de terra e aplicando técnicas de
Eng° Agro., Ph.D., CEPLAC/CEPEC/ESOMI [email protected]
64
manejo que são compatíveis com as práticas culturais da população local”.
Este conceito talvez seja o mais adequado para caracterizar os SAF’s
porque faz alusão ao fator sustentabilidade, adotabilidade e, também, a
classificação temporal dos sistemas agroflorestais. Esta definição implica
que: a) SAF envolve normalmente duas ou mais espécies de plantas (ou
plantas e animais), onde pelo menos uma delas é lenhosa; b) SAF tem
sempre dois ou mais produtos e; c) mesmo o mais simples SAF é sempre
mais complexo, ecologicamente (na sua estrutura e função) e
economicamente, do que os sistemas de monocultivos (Nair, 1993).
Existem muitas classificações dos sistemas agroflorestais (Nair, 1993;
Dubois et al., 1997; Montagnini at al., 1992). Na classificação mais
empregada, distinguem-se os seguintes sistemas: o Silviagrícola ou
Agrosilvicultura, o Silvipastoril e o Agrosilvipastoril. Os sistemas
silviagrícolas são caracterizados pela combinação de árvores, arbustos
ou palmeiras com espécies agrícolas, por exemplo, o consórcio de cacaueritrina ou cacau-espécies nativas (cabruca). Os sistemas silvipastoris
preconizam a associação de árvores dentro da atividade agropecuária ou
a criação de animais dentro de povoamentos florestais, em resumo a
associação de pastagens e/ou animais e árvores. Sistemas agrosilvipastoris
são caracterizados pela criação e manejo de animais em consórcios
silviagrícolas, por exemplo, criação de animais em agroflorestas. A parte
“florestal” da palavra agroflorestal não quer dizer que a espécie arbórea do
sistema deva ser uma espécie da floresta ou uma espécie madeireira. Na
Amazônia, por exemplo, muitos desses sistemas têm apenas árvores
frutíferas e cultivos perenes.
A sustentabilidade é uma característica inerente aos sistemas
agroflorestais, pois estão alicerçados em princípios básicos que envolvem
aspectos ecológicos, econômicos e sociais. Todo método ou sistema de
uso da terra somente será sustentável se for capaz de manter o seu
potencial produtivo também para gerações futuras. Além disso, os SAF’s
para serem considerados sustentáveis devem envolver os aspectos
sociais, econômicos e ecológicos, isto é necessitam que sejam socialmente
justos, economicamente viáveis e ecologicamente corretos.
Função social: Os SAF’s quando implantados em um determinado
local ou região, possuem uma importante função social, a de fixação do
homem ao campo devido principalmente ao aumento da demanda de mãode-obra e sem sazonalidade, ou seja, a sua distribuição é mais uniforme
65
durante o ano (os tratos culturais e colheita ocorrem em épocas diferentes),
e da melhoria das condições de vida, promovida pela diversidade de
produção (produtos agrícolas, florestais e animais). A conservação das
espécies arbóreas medicinais e frutíferas, também é uma importante função
social dos SAF’s (Müller et al., 2003 e 2003).
Os sistemas agroflorestais, quando comparados aos monocultivos,
geralmente produzem maior número de serviços e produtos para o
consumo humano tendo em vista, principalmente, a utilização de grande
diversidade de espécies florestais arbóreas e arbustivas, e pelas diferentes
alternativas de consorciação com espécies agrícolas e/ou animais, em
uma mesma área de terra.
Função econômica: A alternância da produção ao longo do ano e a
diversificação de produtos conferem aos SAF’s fluxo de caixa mais
favorável, principalmente pelas receitas obtidas com os cultivos intercalares
de ciclo curto; maiores lucros por unidade de área cultivada e maior
estabilidade econômica pela redução dos riscos e incertezas de mercado.
Neste caso, a escolha das espécies utilizadas nos SAF’s deve apoiar-se
em um estudo de mercado para detectar os produtos de maior aceitação
e venda em determinadas épocas do ano.
Os sistemas agroflorestais, pela diversidade de culturas necessitando
para o seu manejo uma gama variada de mão-de-obra e, também, pelo fato
de a maioria das culturas perenes utilizadas serem produtoras de matéria
prima (madeira, látex, resinas, gomas, corantes, etc.) ou de alimentos (óleos,
palmito, frutas, etc.), que podem demandar industrialização imediata, geram
maiores oportunidades de emprego no meio rural.
Função ecológica: A característica mais importante dos SAF’s parece
ser a estabilidade ou sustentabilidade ecológica. Esta sustentabilidade
resulta da diversidade biológica promovida pela presença de diferentes
espécies vegetais e/ou animais, que exploram nichos diversificados dentro
do sistema. A multiestratificação diferenciada de grande diversidade de
espécies de múltiplos usos, que exploram os diferentes perfis verticais e
horizontais da paisagem nos SAF’s, otimizam o máximo aproveitamento
da energia solar (Macedo, 2000).
Como importância ambiental dos SAF’s pode ser citada: proteção contra
erosão e degradação dos solos, conservação dos remanescentes
florestais, conservação das espécies arbóreas de valor ecológico (proteção
66
e alimentação à fauna, espécies endêmicas e espécies em extinção),
conservação de nascentes e cursos d’água, substituição das matas ciliares
mantendo a função de proteção e, atuação de corredores ecológicos
interligando fragmentos florestais (Müller et al., 2002 e 2003).
Uma das vantagens mais conhecidas da agrofloresta é o seu potencial
para conservar o solo e manter sua fertilidade e produtividade. As espécies
arbóreas, normalmente por possuírem raízes mais longas que exploram
maior volume de solo, são capazes de absorverem nutrientes e água que
os cultivos agrícolas não conseguiriam, uma vez que, geralmente, suas
raízes absorventes estão concentradas na camada superior do solo até
20 cm de profundidade.
O dossel de copas formado pela diversidade de espécies vegetais
proporciona cobertura de solo através da deposição de camada densa de
material orgânico, gerada continuamente pela queda de folhas e ramos
das diferentes culturas. Isso aumenta a proteção do solo contra a erosão,
diminui o escorrimento superficial da água de chuva aumentando o seu
tempo de infiltração, reduz a temperatura do solo, aumenta a quantidade
de matéria orgânica e, conseqüentemente, melhora as suas propriedades
químicas, físicas e biológicas.
O Quadro 1 demonstra a importância dos SAFs na função de proteção
contra perda de solo por erosão. Os dados são provenientes de quatro
tipos de cobertura do solo durante a exploração da terra (sem cobertura,
cultivo intensivo - mandioca e milho -, cultivos perenes - SAFs - e floresta
nativa) em um Ultisol com 7% de declividade na Costa do Marfim. Observase que a perda de solo nos cultivos perenes é baixa e praticamente igual à
floresta nativa (Quadro 1).
Quadro 1. Perdas de solo por erosão em Ultisols com 7% de declividade na Costa
do Marfim.
Erosão (t/ha/ano)
Cobertura
Solo exposto (sem vegetação)
125
Cultivo de milho
92
Cultivo de mandioca
32
Cultivos perenes* (SAFs)
0,3
Floresta nativa
0,1
Fonte: Ollagnier et al. (1978).
67
Isto é particularmente relevante nos trópicos onde os solos são, em
geral, mais pobres e menos produtivos, comparados aos de zona
temperada. A Tabela 1. mostra a distribuição dos principais grupos de solos
nos três continentes tropicais. Os oxisols e ultisols, que predominam nos
solos dos trópicos úmidos, constituindo, em média, 41% dos solos tropicais
e chegando a representar 55% dos solos tropicais do continente americano,
são solos altamente lixiviados, possuem baixo teor de bases trocáveis,
baixa reserva de nutriente, alto teor de alumínio e baixa disponibilidade de
fósforo (Sanchez, 1976). Os solos de moderada a alta fertilidade (Alfisols,
Vertisols, Mollisols e Andisols) constituem, em média, somente 23% dos
solos tropicais (Tabela 1).
Tabela 1. Distribuição geográfica das ordens de solo nos trópicos, baseado nos
solos dominantes do mapeamento da FAO na escala de 1:5 milhões.
América tropical
Solos
Oxisols
Ultisols
Entisols
Inceptisols
Andisols
Alfisols
Vertisols
Aridisols
Mollisols
Histosols
Spodosols
Total
1
Africa tropical
Asia tropical
Área1
%
Área1
%
Área1
502
320
124
204
31
183
20
30
65
4
10
33,6
21,4
8,3
13,7
2,1
12,3
1,3
2
4,4
0,2
0,7
316
135
282
156
1
198
46
1
0
5
3
27,6
11,8
24,7
13,7
0,1
17,3
4
0,1
0
0,4
0,3
1.493
100
1.143
100
Área em ha x 106
Total
%
Área1
%
15
294
168
172
11
178
97
56
9
27
7
1,4
28,4
16,2
16,6
1,1
17,4
9,3
5,4
0,9
2,6
0,7
833
749
574
532
43
559
163
87
74
36
20
22,7
20,4
15,7
14,5
1,2
15,2
4,4
2,4
2
1
0,5
1.034
100
3.670
100
Fonte: Szott at al., (1991).
Os supostos efeitos (benéficos e adversos) das árvores nos sistemas
agroflorestais são (Nair, 1993):
EFEITOS BENÉFICOS
1.
Adição ao solo
Manutenção ou aumento da matéria orgânica
68
Fixação de nitrogênio
Absorção de nutrientes (reciclagem de nutrientes)
Deposição atmosférica de nutrientes
Exsudação de substâncias promotoras de crescimento na rizosfera
2.
Redução de perdas pelo solo
Proteção contra erosão
Recuperação de nutrientes (reciclagem de nutrientes)
3.
Efeito sobre propriedades físicas do solo
Modificação de extremas temperaturas do solo
4.
Efeito sobre propriedades químicas do solo
Redução da acidez
Redução da salinidade
Redução da perda de MO do solo por oxidação (efeito do
sombreamento)
EFEITOS ADVERSOS
Perda de MO e nutrientes por colheita (espécie madeireira)
Competição por nutrientes e água entre as espécies arbóreas e os
cultivos agrícolas
Produção de substâncias inhibidoras de germinação e crescimento
Um aspecto que deve ser enfatizado em Sistemas Agroflorestais é a
ciclagem de nutrientes, especialmente os de fácil lixiviação como cálcio
(Ca), potássio (K) e enxofre (S). O cultivo consorciado tem a vantagem de
retirar estes nutrientes das camadas mais profundas do solo e devolvêlos à superfície pela queda das folhas e ramos das espécies arbóreas, os
quais tornam-se nutrientes disponíveis às plantas após a decomposição
da matéria orgânica e posterior mineralização.
Fontes (2006) estudando a ciclagem de nutrientes em diferentes SAfs
de cacaueiro no Sul da Bahia (SAF's-Cabruca e SAF's-Eritrina) observou
que, apesar das taxas de liberação de nutrientes pela ciclagem
biogeoquímica da serrapilheira variarem entre os diferentes SAFs cacau,
o balanço de nutrientes para a produção de 1.000 kg de amêndoas secas
foi positivo para todos os sistemas avaliados e a quantidade de nutrientes
69
na serrapilheira e cascas de cacau são relevantes para a manutenção do
potencial produtivo do sistema.
No sistema solo-planta, os nutrientes da planta estão em um "status"
contínuo de transferência dinâmica. As plantas absorvem os nutrientes do
solo e os usam nos processos metabólicos. As partes da planta que
retornam ao solo, como folhas mortas, ramos e raízes, formam o "litter"
ou biomassa que por ação da atividade de microorganismos do solo se
decompõem e liberam os nutrientes para serem absorvidos novamente
pelas plantas. Em uma visão mais restrita, ciclagem de nutrientes referese a esta contínua transferência de nutrientes do solo para planta e de
volta para o solo. No aspecto mais amplo, ciclagem de nutrientes envolve
a transferência continua de nutrientes dentro dos diferentes componentes
do ecossistema, incluindo processos tais como intemperização de
minerais, atividades da biota do solo e outras transformações que ocorrem
na biosfera, atmosfera, litosfera e hidrosfera (Nair, 1993).
Nos SAF's a utilização de espécies florestais ou frutíferas que interagem
simbioticamente com bactérias do gênero Rhizobium, contribui para, além
na ciclagem normal de outros elementos, também para aumentar a
quantidade de nitrogênio no solo. No Quadro 2 pode-se observar a
importância da ciclagem de nutrientes em áreas de cacau sombreadas
com espécies nitrificadoras. Para comparação, foi incluída no Quadro 2 a
necessidade da planta para repor os nutrientes retirados da área por ação
da lixiviação e colheita dos frutos. Observa-se que a quantidade de nutrientes
aportados (N, P, K, Ca e Mg) pela litter produzido por qualquer uma das três
espécies é sempre maior do que o total de nutrientes removidos pela colheita
dos frutos e por lixiviação. Naturalmente que existe outra fonte de remoção
de nutrientes muito importante que não consta do Quadro 2 que é a parte de
nutrientes utilizado para a formação de órgãos e tecidos da planta. De
qualquer forma, mesmo que os nutrientes aportados pela biomassa não
se igualem às exportadas (lixiviação e colheita) e utilizadas (metabolizção)
pela planta, o que seria o ideal, mas pelo menos reduzem bastante a
necessidade de importação destes elementos para a área.
Os sistemas agroflorestais podem ser considerados como uma das
alternativas de manejo racional dos recursos naturais renováveis que
equacionam os principais problemas da agricultura e de seus impactos
negativos sobre o meio ambiente, assim como oferecem possibilidades
para amenizar e/ou solucionar as dificuldades financeiras de grande parte
dos agricultores brasileiros (Tsukamoto Filho, 1999).
70
Atualmente o mundo se preocupa com a sustentabilidade e preconiza
como alternativa viável para atingir o desenvolvimento sustentável, os
sistemas agroflorestais. Desta forma os SAFs passaram a fazer parte de
diretrizes centrais de desenvolvimento rural sustentável pelo potencial de
serem implantados em áreas já degradadas, reincorporando-as ao
processo produtivo e minimizando, assim, o desmatamento sobre florestas
primárias. São uma opção estratégica para pequenos produtores por causa
da baixa demanda de insumos, ao maior rendimento líquido por unidade
de área em comparação com sistemas convencionais de produção e por
fornecerem inúmeros serviços sócio-ambientais. Esses serviços podem
ser valorados, e convertidos em créditos ambientais, propiciando agregar
valor à propriedade agrícola (Gandara e Kageyama, 2001).
O avanço dos SAFs a partir da experimentação empírica por agricultores
e, mais recentemente, a partir de experimentos mais formais denominados
científicos, vem mostrando que os sistemas mais complexos, imitando as
florestas naturais, utilizando o conceito de biodiversidade e sucessão
ecológica, apontam para novos horizontes a agricultura nos trópicos.
Quadro 2. Produção de biomassa, teores de nutrientes aportados por algumas
espécies componentes de SAFs com o cacaueiro e quantidade de nutrientes removidos
através da colheita de frutos de cacau e lixiviação.
yth a oe
a a
Co d a a odo a
G
1
Frutos equivalentes a 1.000 kg de amêndoas secas.
71
d a se
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, C. M. V. C. de; Müller, M. W.; Sena-Gomes, A. R. e Matos, P. G. G..
2002. Pesquisa em Sistemas Agroflorestais e Agricultura Sustentável:
Manejo do Sistema. Workshop Latino-americano sobre Pesquisa de Cacau,
Ilhéus, Bahia, 22 – 24 de outubro de 2002. Anais com resumo expandido
(CD-ROM).
Bandy, D.; Garraty, D. P.; Sanches, P. 1994. El problema mundial de la
agricultura de tala y quema. Agroforesteria en las Américas, 1 (3):14-20.
Brito, A. M. de; Silva,, G.C.V.; Almeida, C.M.V.C. e Matos, P.G.G.. 2002.
Sistemas agroflorestais com o cacaueiro (Theobroma cacao L.) para o
desenvolvimento sustentável do estado do Amazonas. IV Congresso
Brasileiro de Sistemas Agroflorestais, 21 a 26/10/2002, Ilhéus, Bahia. Anais
com resumo expandido (CD-ROM).
Canto, A. do C., Silva, S. E. L. da. e Neves. E. J. M. 1992. Sistemas
agroflorestais na Amazônia Ocidental: aspectos técnicos e econômicos.
In: II Encontro Brasileiro de Economia e Planejamento Florestal. Curitiba
30 de setembro a 4 de outubro de 1991, EMBRAPA-CNPF, 1992, Anais
V.1, p. 23-36.
Dubois, J.C.: Viana, V.M. e Anderson, A.B. 1997. Manual Agroflorestal para
a Amazônia: primeiro volume. Rio de Janeiro, RJ. REBRAF. 228p.
Gandara, F.B. e Kageyama, P.Y. 2001. Biodiversidade e dinâmica em
sistemas agroflorestais. In: Documentos: Palestras III Congresso Brasileiro
de Sistemas Agroflorestais (eds. Macêdo, J.L.V.; Wandelli, E.V. e Silva Júnior,
J.P.). pp.25-32. Embrapa Amazônia Ocidental. Documentos. 21 a 25/11/
2000, Manaus, AM.
Huxley, P. A. 1983. Plant Research and Agro forestry. International Council
for Research in Agro forestry (ICRAF), Nairobi, Kenya. 617 p.
King, K.F. e Chandler, N.T. 1978. The wasted lands: The program of work
of the International Council for Research in Agro forestry (ICRAF). Nairobi,
Kenya.
Macedo, R.L.G. 2000. Princípios básicos para o manejo sustentável de
sistemas agroflorestais. Lavras: UFLA/FAEP. 157p.
72
Montagnini, F. 1992. Sistemas agroforestales: principios y aplicaciones en
los trópicos. San José, Costa Rica: IICA. 622p.
Müller, M.W.; Sena-Gomes, A.R. e Almeida, C.M.V.C. de. 2002. Sistemas
agroflorestais com o cacaueiro. IV Congresso Brasileiro de Sistemas
Agroflorestais, 21 a 26/10/2002, Ilhéus, BA. Anais CD-ROM.
Müller, M,W.; Almeida, C.M.V.C. de e Sena-Gomes, A.R. 2003. Sistemas
agroflorestais com cacau como exploração sustentável dos biomas
tropicais. Semana do Fazendeiro, 25ª, Uruçuca, 2002. Agenda. Uruçuca,
CEPLAC/CENEX/EMARC, pp. 137-142.
Nair, P.K.R. 1993. Introduction to Agro forestry. Kluwer Academic Publishers,
Dordrecht. 499p.
Ollagnier, M.; Lauzerel, A.; Olivin, J. e Ochs, R. 1998. Evolution des sols
sons palmeraie aprè defrichement des forêt. Olleagineaux 33:537-547.
Sanchez, P.A. 1976. Properties and Management of Soils in the Tropics.
Wiley, New York, USA.
Smith, N.J.H.; Falesi, I.C.; Alvim, P. de T. e Serrão, E.A.S. 1996. Agro forestry
trajectories among smallholders in the Brasilian Amazon: innovation and
resiliency in pioneer and older settled areas. Ecological Economics 18: 15-27.
Szot, L.T. Fernabdes, E.C.M. e Sanchez, P.A. 1991. Soil-plant interactions
in agro forestry systems. In: Jarvis, P.G. (ed.), Agro forestry: Principles and
Practice, pp. 127-152. Elsevier, Amsterdam, The Netherlands.
Tsukamoto Filho, A. A. 1999. A introdução do palmiteiro (Euterpe edulis
Martius) em sistemas agroflorestais em Lavras – Minas Gerais. Lavras:
UFLA, 1999. 148p. (Dissertação de mestrado).
73
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ATRAVÉS DA
OVINOCAPRINOCULTURA
Katia R. P. Correia
A ovinocaprinocultura vem se desenvolvendo de maneira
impressionante. Por isto mesmo este é o momento exato para discutir o
seu futuro, e quais os caminhos para consolidá-la como atividade pecuária
produtiva e economicamente viável. Lançamos então o Programa de
Desenvolvimento de Sustentabilidade Rural, onde o foco é o pequeno e
médio produtor na busca de alternativas para a unidade produtiva. A idéia do
Programa de ovinocaprinocultura não é substituir a atividade principal da
fazenda, a idéia é somar. A proposta é que o rebanho faça parte do negócio
da fazenda e seja utilizado inclusive na integração com a agricultura, com
aproveitamento de restos culturais e em consorciação. Podemos citar
inclusive o Sistema Agroflorestal onde se aproveita cada etapa no processo
de consorciação, trabalhos estão sendo desenvolvidos para este setor.
O Programa contempla também o que eu chamo de A “Pecuária do
Eucalipto” (CORREIA, 2003) é um sistema racional e eficiente de uso da
terra. Nesse sistema, árvores são cultivadas em consórcio com culturas
agrícolas e/ou criação animal que propicia, entre outras vantagens, a
recuperação da fertilidade dos solos, o fornecimento de adubos verdes e
o controle de ervas daninhas. Consiste numa prática de manejo na qual
as culturas são cultivadas nas ruas entre as fileiras arbóreas, geralmente
são leguminosas, e na qual as espécies lenhosas são podadas
periodicamente durante a época de cultivo.
1
Arquiteta e urbanista, técnica em agropecuária, especialização em produção de
pequenos ruminantes, Diretora-Presidente da ACCOSULBA Assoc. de Criadores de
Caprinos e Ovinos do Extremo Sul – BA, autora e coordenadora do Programa OC 13M
para o desenvolvimento sustentável através da Ovinocaprinocultura, instrutora do setor
ovinos/caprinos SENAR/Extremo Sul. Contato: 73-3291.3892, 73-9992.4926,
[email protected], [email protected]
74
Neste sistema implantamos uma produção consorciada envolvendo
um componente arbóreo com um cultivo agrícola e um tipo animal, de
forma a maximizar a ação compensatória e minimizar a competição entre
as espécies, com o objetivo de conciliar o aumento de produtividade e
rentabilidade econômica com a proteção ambiental e a melhoria da
qualidade de vida das populações rurais, promovendo, assim, o
desenvolvimento sustentado.
O principal enfoque é o sócio-econômico-ambiental, com integrações
e diversidade dos sistemas monoculturais que constituem a matéria
trocada entre si, melhorando e conservando as propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo.
Refere-se à composição, os três grupos de componentes a serem
manejados:
O florestal, que pode ser representado pelas árvores;
o agrícola, com plantas herbáceas ou arbustivas, incluindo plantas
forrageiras;
o animal, ovino/caprino.
O arranjo espacial contempla a densidade de plantio e a distribuição
das plantas na área. As árvores podem ser plantadas em aberto, como no
uso de árvores de sombra em pastagem podendo sua distribuição ser de
forma misturada com os outros componentes, (bracatingas, no sul do
Brasil), em zonas estreitas entre fileiras (microzonais), ou largas plantadas
em fileiras, faixas, ou blocos distantes uns dos outros (macrozonais),
cercas- vivas, quebra- ventos, bancos de proteína, e em terraços para
rotação e conservação de solo. (SAF’s incluindo o pastoril). Este trabalho
encontra-se em execução e ainda não podemos afirmar com exatidão a
população animal por hectare ano.
Já no Sistema de Produção semi-extensiva, afirmo com exatidão, que
trabalhando-se com complementação de cocho e rotação de pastagens,
podemos ter um resultado impressionante de 60 arrobas por hectare /
ano, o que nos estimula cada vez mais na atualização das técnicas e
tecnologia da atividade.
A Importância da criação de Ovinos e Caprinos no contexto econômico
e a rentabilidade a curto, médio e longo prazo abrem espaço e avança no
processo de estímulo aos criadores; iniciando a criação de forma
estratégica, usando a tecnologia como válvula propulsora de
desenvolvimento para o manejo integrado de toda a produção.
Baseada nas oportunidades identificadas - na demanda nacional que
75
hoje importa 50% da matéria prima consumida nos grandes centros,
através de pesquisas e demonstrações de aptidão local, e por esta região
comportar muito mais de 60 assentamentos de reforma agrária com
pequenas áreas onde as propriedades rurais encontram-se improdutivas
e agricultores familiares com necessidades básicas de inclusão
socioeconômica em busca de oportunidades.
Os principais problemas que requerem decisões administrativas em
uma empresa rural são: Quanto produzir - Como produzir - O que
produzir. Ou seja, o produtor rural deve definir qual a combinação de
atividades a serem exploradas, qual o método de produção das atividades
e que gastos serão efetuados para se atingir determinado patamar de
produção. A escolha das atividades deve estar estritamente relacionada
com a disponibilidade de recursos na propriedade; disponibilidade de
mercado para os produtos; habilidade, objetivo e preferência do produtor.
Lembrando sempre que todo negócio de sucesso é aquele que se sabe
fazer.
Em geral, os estudos consideram como se a ovinocaprinocultura da
Bahia fosse uma atividade homogênea, explorada de maneira igual em
todo o estado. Contudo, questões agro-ecológicas e sócio-econômicas
fizeram com que os produtores passassem a adotar diferentes sistemas
de produção. A produção de caprinos e ovinos ocorre, principalmente, em
estabelecimentos de base familiar, frágeis financeiramente, com baixa
tecnologia e pouco acesso a crédito. A comercialização de caprinos, ovinos
e seus produtos se caracteriza por canais de comercialização relativamente
curtos, em zonas rurais ou pequenas cidades do interior, com pouca ou
nenhuma participação de frigoríficos e indústrias de embutidos. No entanto,
começam a ser observadas mudanças nos segmentos de produção e
comercialização de caprinos e ovinos na Bahia.
Nosso Objetivo é preparar o produtor rural na passagem da atividade
tradicional, para o trabalho empresarial investindo em sua propriedade como
uma empresa e acreditando que os seus animais são seus funcionários,
colaboradores e acionistas (CORREIA, 1998).
Nossa Meta é aumentar o poder de negociação dos produtores em
suas relações com o mercado (pós-porteira) e favorecer na formação e
expansão da ovinocaprinocultura com a transferência de conhecimentos
(atacado/varejo):
Levar informações de qualidade e atualizadas a esse público;
Capacitação técnica;
76
transferência de tecnologia;
0rganizar a unidade produtiva à luz do agronegócio
administrar a unidade produtiva de forma empresarial;
transformar o perfil do caprino-ovinocultor;
qualificar a mão-de-obra;
mudar e/ou criar hábitos culturais na população;
auferir competitividade ao setor:
- produtividade;
- qualidade de produto;
- preço do produto compatível com o mercado;
- disponibilidade do produto em nível do consumidor;
- constância na oferta.
Nossa Missão é o Desenvolvimento da Sustentabilidade Rural,
eficiência e autonomia na unidade produtiva como passo inicial de todo
Programa profissionalizando o empresário rural na busca de seu resgate
e integridade bio-psico-social.
Para se ter qualidade e quantidade, na Tabela abaixo vão os resultados
que a tecnologia nos oferece.
ÍNDICES MÉDIOS
Taxa de lotação de pastagens (matriz/ha)
Idade a 1a cobertura (dias)
Fertilidade (%)
Prolificidade (%)
SISTEMA
TRADICIONAL
SISTEMA SEMIEXTENSIVO
NORMAL
SISTEMA IZ DE
ABATE SUPER
PRECOCE
10-12
20-25
30-35
330
300
540
85
87
87
1 30
145
145
Intervalo entre partos (meses)
12
10
8
Peso ao nascer (kg)
3,5
4,5
4,5
Idade de desmame (dias)
Peso ao desmame (kg)
Ganho de peso pré-desmame (g/dia)
Peso vivo ao abate (kg)
90
60
45
18,8
12,7
15,1
170
28-30
220
280
28-30
28-30
Idade de abate (dias)
169
120
95
Ganho de peso pós-desmame (g/dia)
130
190
240
Rendimento de carcaça fria
42%
45%
45%
Custo estimado (R$ / kg de carcaça)
2,26*
2,40
2,32
77
Abate deverá ser humanitário de 120 dias a 180 dias no máximo para
machos e para fêmeas.
Na precocidade podendo chegar machos com 25 a 35 kg aos 100 dias
e fêmeas aos 120 dias (futuro da produção para exportação).
Para um ovino/caprino chegar ao seu ponto melhor de abate ele deverá
estar no máximo com 6 meses entre 28 e 32 kg que é igual em média a
um ganho de 0,166 kg/dia, por tanto devemos pesar este animal a cada
30 dias, quanto maior for a precocidade maior rentabilidade.
ESCOLHA DAS RAÇAS
A raça Santa Inês é resultado de cruzamentos indiscriminados entre
três raças, Morada Nova, Bergamácia e Somalis, seguido de um período
de evolução e seleção, principalmente para o aumento do porte e perda
total da lã. É de porte médio a grande, com aptidão para a produção de
carne e pele (ARCO, 1989) e apresenta o maior potencial para ganho de
pesos entre as raças da região.
Nos Caprinos a raça Bôer com aptidão para corte e a Anglo-nubiana
com aptidão mista corte e leite, nas duas raças encontramos peles de
boa qualidade e alto valor comercial.
O cabrito pasta para cima (ramoneio), tentando subir nos arbustos, e o
cordeiro pasta para baixo consumindo o rasteiro do pasto.
Para os capins Aruana e Amendoim Forrageiro, está sendo usado 28
dias de descanso com 04 dias de pastejo em um grupo de animais, desta
forma teremos 8 divisões na pastagem. Nessas condições a taxa de
lotação tem variado de 40 a 60 ovinos por hectare /período, com um ganho
peso diário variando de 80 a 160 gramas.
AS INSTALAÇÕES
É importante ressaltar que o capital investido em instalações não deve
exceder de 20 a 35% do investimento inicial. Assim, é possível para o
produtor alocar maior quantidade de recursos na aquisição de animais de
alto potencial para produção. Ao planejar as instalações, o produtor deve
considerar a possibilidade de futuras ampliações, a serem financiadas
pelos recursos obtidos da própria atividade.
78
Observação:
Rebanhos fechados, onde são mantidos e manejados sem associação
com outros animais é de grande valor na prevenção dos problemas
sanitários, com risco de transmissão de agentes patogênicos entre outras
espécies animais, da mesma forma cães e gatos não devem ter acesso
às instalações e alimentos dos caprinos e ovinos, é importante lembrar
que as medidas de controle sanitárias devem ser estendidas a todos os
animais da propriedade.
Animais doentes devem ter dependências especialmente construídas
para tal finalidade (enfermarias) tem como objetivo concentrar a fonte de
infecção numa área restrita e controlável para reduzir os riscos de
infestação para outros animais.
MANEJO DOS ANIMAIS
Logo após o nascimento as crias devem ser separadas da mãe,
cabendo ao tratador enxugá-las com pano limpo , massageando todo corpo
para estimular as funções respiratórias e circulatórias, e removerem os
restos placentários das narinas e boca.
Devem ser identificados no primeiro momento e alojados em local limpo
e arejado, sem vento, chuva ou frio, podendo-se utilizar cama de feno ou
outro material seco.
O cordão umbilical deve ser cortado a uma distancia de 2 dedos do
abdome com tesoura limpa e aplicação de tintura de iodo a 10% durante
3 dias.
O recém nascido deve ingerir pelo menos 5% de seu peso em colostro,
(150 a 200ml) nas 6 primeiras horas de vida. (dividido em 4 mamadas) por
5 dias. As crias devem ser aleitadas em baldes ou mamadeiras,
devidamente limpas, com o próprio leite ou de vaca pasteurizado na
proporção de 1:2. No caso de aleitamento na mãe direto os tetos deverão
ser desinfetados e limpos antes do aleitamento. No caso de rejeição ou
pouca quantidade de leite o aleitamento deverá ser feito com leite de vaca
na mistura de 1:2.
Após a ordenha o leite deve ser rapidamente resfriado a 4°C e mantido
nesta temperatura até a pasteurização que é um processo obrigatório para
qualquer tipo de consumo.
79
ALIMENTAÇÃO
O concentrado a partir dos 15 dias com 12 a 18% de P.B. além do
volumoso, pode ser oferecido feno de rami, leguminosas e o sal mineral.
O desmame 50 dias, machos para abate desmame 40 dias.
Abate a 150 dias no máximo para machos 180 dias para fêmeas.
Na precocidade podendo chegar machos com 25 a 35 kg aos 100 dias
e fêmeas aos 120 dias.
Para o pasto após os 60 dias, antes, somente banho de sol no solário
que deve ser de terra sem nenhuma vegetação.
Aos 15 dias, entrar com ração balanceada.
Descorna no 10º dia com ferro quente, Caprinos.
Reprodução do macho após 1 ano de idade.
Reprodução da fêmea após 7 meses ou atingir acima de 30 kg.
Castração para abate aos 180 dias não é necessário, após os 120 dias
separar por sexo os animais jovens.
SIMPLES MANEJO PARA ALIMENTAR 20 ANIMAIS
Plante 1 hectare de capim de boa qualidade, mais 2.500 m2 de napier,
Jaraguá, Rhodes, gordura, colonião, capim elefante consorciado com
leguminosas (feijão guandu, leucena, amendoim forrageiro); Para o inverno
na estação seca, deve-se plantar milho, mandioca, rami.
Também, um ótimo consórcio é a palma forrageira e fenos de capim
quicuio e jaraguá.
Para simplificar o trabalho, também pode ser oferecido como
complemento folha de bananeira, ameixeira ou amoreira. De vez em
quando pode-se utilizar produtos de podas de jardim, pomar e excedentes
de horta ou outras plantações como batata doce, cenoura, folhas de
abacate, cítricos, e até palha de feijão. Sal e sal mineral não podem faltar
e a água deve ser potável e limpa.
Evitem que comam erva tenra em excesso ou pasto orvalhado que
ocasionam indigestão e diarréias. Corte a capineira após as 10 h da manhã
quando o capim já secou e as larvas dos vermes caíram por terra.
É aconselhável na complementação alimentar dos animais 50% de
farelo de milho, 30% de farelo de trigo, ou 55% de fubá grosso de milho,
35% de quirera de milho, 20% de farelo de coco ou 50% de raspas de
mandioca e outras opções que se tem na propriedade.
80
Não vão a pasto em dia de chuva.
O capim cortado deve estar murcho desde que não esquente nem esteja
fermentado.
As refeições devem ser oferecidas sempre no mesmo horário.
O rolão de milho é o concentrado mais indicado (pés, espigas) 700g
por animal adulto, 300g para cabritos. As necessidades de proteína bruta
é de 21%.
Em pastagem para pisoteio podemos utilizar :
Humidícola que está entre 8 a 11% de PB (proteína bruta);
Quicuio (Pennisentum clandestinum) está entre 13 a 18% de PB;
Amendoim forrageiro está entre 18 a 23% de PB;
Capim estrela está entre 7 a 10% de PB;
Capim buffel. Pisoteio;
Capim coast-cross. Pisoteio;
Aruana, ótimo para o pastejo quando rebaixado.
Para CAPINEIRAS de corte.
Podemos utilizar o que temos na região em média com 60 a 90 dias
em três cortes:
napier
Cana de açúcar:- Capineira. Proteína 2 a 3%.
Camerum
Colonião
Capim elefante - 55 a 60 dias para ensilagem e capineira.
As LEGUMINOSAS são:
Feijão guandu
Leucena
Amendoim forrageiro
Cunha
Outras são:
Milho
Mandioca ou aipim.
A capacidade produtiva animal além da genética é dependente de
diversos fatores, dentre eles, os nutricionais. Para se obter níveis elevados
de produtividade todos os componentes da dieta devem ser considerados
81
e fornecidos, pelo menos, nas quantidades mínimas exigidas. Quantidades
totais e mínimas necessárias de todo e qualquer nutriente, do macro ao
micro elemento.
Quando, por exemplo, a pastagem não oferecer aos animais algum
nutriente na(s) quantidade(s) necessária(s), este deve ser complementado
da forma mais econômica possível. Um caso típico é a mineralização dos
animais através do fornecimento de sais minerais em saleiros. O mesmo
pode acontecer para nutrientes protéicos e/ou energéticos através do uso
de misturas múltiplas para todo o rebanho ou de alimentação restrita (creep
feeding) para animais jovens.
O crescimento pós-natal é acentuado durante as primeiras semanas
de vida, logo decrescendo o ritmo e assim originando uma curva com
tendência à horizontalidade.
Nascendo o animal, por exemplo, com aproximadamente 5% do seu
peso adulto (PA) geneticamente definido, em apenas 10 semanas ele
multiplica por 5 vezes este peso atingindo 25% do PA, nas 10 semanas
seguintes ele apenas consegue dobrar o seu peso vivo (PV) para alcançar
50% do PA, em seguida no mesmo período de tempo aumenta em apenas
1/2 o seu PV alcançando 75% do PA e segue com ganhos cada vez
menores, o que exigirá dezenas de semanas para que atinja o seu PA
definido geneticamente.
Polpa cítrica: Complementação em cocho. Pode ser usado na
proporção de 10% (pectina, laranja e limão).
Nitrogênio na estação das secas.
Mineral NRC 81.
Palma forrageira: Reserva estratégica para os rebanhos nos anos de
baixa produção de forragem são elas:- palma gigante, palma redonda,
palma doce. O plantio deve ser feito 2 meses antes da estação chuvosa,
utilizando-se raquetes da 3ª rama, colocadas na posição vertical com a
base voltada para o solo, com 1 metro entre fileiras e ½ metro entre
raquetes.
Os alimentos são classificados em concentrados e volumosos.
CONCENTRADOS
São alimentos com altos teores de nutrientes.
concentrados protéicos são alimentos que apresentam acima de
82
18% de proteína bruta, com baixos teores de fibra e de fácil digestão.
Destacam-se a torta de algodão, o farelo de soja, a torta de mamona, e a
uréia.
Concentrados energéticos são os alimentos que apresentam
elevados teores de energia e de fácil digestão. Os mais comuns são, o
milho, o farelo de trigo e o melaço.
VOLUMOSOS
São alimentos com elevados teores de fibra, componentes essenciais
aos ruminantes, além de conterem nutrientes tais como, proteína, energia,
vitaminas e sais minerais. Os mais comuns são: forragens verdes, fenos,
silagens, subprodutos da agroindústria e os restos culturais - bagaços e
resíduos resultantes do processamento industrial de frutas, cana de
açúcar, tomates, leveduras, e os pós-colheitas - palhadas, cascas, folhas
e talos.
CONCLUSÃO
Este trabalho só terá fundamento se tivermos por excelência a certeza
de que estamos possibilitando aos pequenos produtores rurais, através
da comercialização de seus produtos, o resgate da dignidade conseguida
pela valorização de seu trabalho.
83
PLANTIO DE MUDAS DE CACAUEIROS CLONADOS POR
ESTAQUIA
Robério Gama Pacheco
Jorge Luiz Lima Cordier
PREPARO DA ÁREA
ADEQUAÇÃO DO SOMBREAMENTO
Por ocasião do plantio no campo, as mudas clonadas por estaquia
necessitam de sombreamento de 60 a 70%. Portanto, deve-se ajustar o
sombreamento provisório com, pelo menos, seis meses de antecedência
do plantio das mudas, utilizando-se o próprio cacau, a bananeira e/ou
gliricidia.
Estas espécies são recomendadas pela facilidade de propagação,
velocidade de crescimento, quantidade e qualidade dos restolhos
produzidos para uso como cobertura morta e incorporação de nutrientes
ao solo e, especialmente, no caso da bananeira, pelo aproveitamento da
produção dos frutos, gerando receitas e melhorando a alimentação na
fazenda. Por ocasião do desbaste das bananeiras e poda nas gliricidias e
respectivos pseudocaules e folhagens, podem ainda ser utilizados na
alimentação animal. Após esse período e antes da adubação básica, deve
ser realizada a poda e ou levantamento das copas das árvores que
constituem o sombreamento provisório, com o objetivo de reduzir sombra
para cerca de 50% em relação ao estágio inicial.Esta prática deve ser
repetida a cada ano ou de acordo com as necessidades da área.
CEPLAC/CEPEC
84
ABERTURA, ADUBAÇÃO E ENCHIMENTO DA COVA
Em solos de média fertilidade abrir covas com dimensões 30 x 30 x 40
cm. Para solos ácidos de baixa fertilidade, abrir covas de 40 x 40 x 40 cm.
Em solos Hidromórficos de textura argilosa e aluvial argilosos, as covas
devem ter as dimensões de 40 x 40 x 50 cm, sendo imprescindível a
realização da drenagem antecipada da área com valetas de 70 a 80 cm de
profundidade.
Utilização de corretivos nas covas
Independente do corretivo a ser aplicado na área, o calcário deverá
ser incorporado na cova como fonte de cálcio e magnésio. Este calcário
deverá ser misturado com o solo e adicionado na camada inferior (20-40 cm)
da cova.
Adubação fosfatada na cova
A aplicação de fósforo na cova deve-se realizar de acordo com os
resultados da análise de solo, podendo-se utilizar diferentes fontes de
adubos fosfatados, os quais devem ser aplicados na metade superior da
cova juntamente com os micronutrientes e a matéria orgânica.
Adubação orgânica na cova
A adubação orgânica compreende a utilização e aproveitamento de
resíduos orgânico de origem animal, vegetal ou industrial devidamente
processados para uso agrícola, sempre que a matéria orgânica no solo
for inferior a 30g kg. Os adubos orgânicos em solos de baixa fertilidade
(ácidos e com baixo conteúdo de matéria orgânica) visam melhorar as
propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, favorecendo a
disponibilidade de nutrientes. Os adubos orgânicos na cova devem ser
aplicados nas seguintes quantidades: 2 kg/cova, de composto de casca
de cacau e/ou esterco de gado ou 1 kg/cova no plantio de composto de
cacau e/ou esterco de gado, mais 50% da dose de adubo mineral,
recomendado pela análise de solos.
Adubação com micronutrientes na cova
A utilização de micronutrientes visa repor a carência desses elementos
85
no solo, notadamente em solos ácidos e de baixa fertilidade para o
cacaueiro. Atualmente, com a introdução de clones com maior demanda
nutricional é importante à utilização de adubos com micronutrientes.
Pesquisas mostram que o Zinco é o elemento que mais freqüentemente
manifesta deficiência em Latossolo distrófico e Argissoloso distróficos.
Quando os teores desses elementos no solo se encontram abaixo de
1,5 mg dm³, deve-se aplicar 4kg de Zn por ha, na forma de óxido ou
sulfato de zinco em pó. No plantio, recomenda-se aplicar 15g de FTE
NEW Centro oeste, por cova.
ADUBAÇÃO FOLIAR
A capacidade das plantas em absorver nutrientes por meio das folhas
constitui um fundamento para a adubação foliar, a qual é uma forma de
aplicar esses elementos nas diversas culturas. A adubação foliar pode
constituir-se uma alternativa quando se visa complementar a adubação
aplicada no solo ou em cultivo intensivo (floricultura e horticultura) e em
viveiros. Estes fertilizantes foliares podem ser aplicados conjuntamente com
defensivos agrícolas (inseticidas e fungicidas), desde que sejam compatíveis.
É interessante consultar o Escritório local da CEPLAC, em caso de dúvidas.
TRANSPORTE
Mesmo não sendo considerada uma etapa do processo de produção, o
transporte das mudas da unidade de produção para a propriedade requer
uma série de cuidados, sem os quais o sucesso do plantio de muda clonal
ficará comprometido.
Meio de Transporte
O transporte é geralmente feito por caminhões ou automóveis utilitários
com a parte superior e as laterais protegidas contra chuvas e vento, a fim
de evitar a desidratação; deve-se também equipar os veículos com grade
para acomodação das bandejas.
Horário de transporte
Durante o dia os melhores períodos para transporte são definidos até
86
às 9 horas e a partir das 16 horas. O transporte feito entre as 9 e 16 horas
em dias quentes aumenta a perda de água das plantas, contribuindo para
aumentar o stress das mesmas. Assim, dias mais úmidos, com
temperaturas entre 22°C e 25°C e chuvas de pequenas intensidades são
desejáveis durante o transporte. Em distância superior a 100 km,
recomenda-se irrigar as mudas a cada 2 horas.
RECEPÇÃO DAS MUDAS NA FAZENDA
As mudas devem ser colocadas em bancada de bambu, ripas com
suporte de arame liso.
PLANTIO DAS MUDAS FORMADAS EM TUBETES
Considerando que a cova já foi aberta e cheia com terra devidamente
enriquecida (adubada) com a devida antecedência, o plantio da muda
deve ser feito obedecendo a seguinte seqüência:
1 - Regar as mudas por ocasião da transferência um dia antes da ida
para o campo.
2 - Abrir um buraco com um furão a fim de facilitar a deposição da
muda sem dobrar as raízes.
Obs: O furão é um pedaço de madeira roliça com cerca de 1 metro de
comprimento e 25 cm de diâmetro, cuja extremidade basal vai afunilando
a partir dos últimos 25 cm. À semelhança da ponta de um lápis.
3 - Colocar a muda no buraco, atentando para que o torrão fique cerca
de 5 cm abaixo do nível do solo.
4 - Ao colocar a muda no buraco, não forçar para baixo para que a
muda não venha a dobrar as pontas das raízes, fazendo com que as
mesmas não se desenvolvam no sentido vertical.
5 - Quando a área for declivosa, não esquecer de posicionar a muda
no buraco com a inclinação da brotação principal voltada para a parte de
cima da encosta, procedimento que contribui para a melhor sustentação
da planta quando adulta. Completar o volume do buraco com solo, seguido
de rega (para promover melhor contato entre o solo e a raiz),
complementado pela compactação do solo ao redor das raízes, a fim de
eliminar “bolsões de ar”.
87
COBERTURA MORTA
Deve ser realizada por ocasião da adequação do sombreamento
provisório e da limpeza da área. É fundamental para diminuir a concorrência
por água e nutrientes entre cacaueiros e as plantas invasoras.
Quando do uso de pseudocaule de bananeira, este deverá ser dividido
em pedaços de aproximadamente 50 cm, aberto ao meio e depositado ao
redor do cacaueiro, com a face cortada voltada para o solo.
Cobertura morta com pedaços de tronco de bananeira (50 cm).
MANJEO DE PRAGAS PÓS-PLANTIO
Em condições de pós-plantio as pragas mais freqüentes são:
Raspadores e sugadores
Sugadores
Ácaro de gema
Trips
Ácaro mexicano
Monalonio
Pulgões
Lagartas
Cochonilhas
Lagarta enrola folha
Cigarrinhas
Lagarta de compasso
Broca da Muda, Formiga Cortadeira e Vaquinha
Os inseticidas atualmente recomendados e registrados no MAPA são:
Endosulfan (250 ml/100 litros de agua);
Deltametrina (100 ml/l00 litros de agua);
Malathion (200 ml/100 litros de agua);
Decis (200 ml/100 litros de agua);
Óleo mineral emulcionável.
Controle de formigas
Época Seca: Utilização de isca e inseticida à base de Sulflurramida e
Diflubenzuron;
Época Chuvosa: Uma isca inseticida com utilização de porta-isca;
88
termonebulização: utilizar 50ml de Deltametrina ou 100ml de Malathion
por litro, de óleo de soja ou óleo Diesel;
Obs: Empregar termonebulizador ou adaptar pulverizador costal ou
motorizado para nebulização.
Controle Preventivo da Broca da Muda
Identificar os fatores fitotécnicos causadores de estress hídricos nas
plantas, corrigindo e garantindo sombreamento adequado da área.
Usar cobertura morta e práticas que aumentem a disponibilidade de
água do solo.
Favorecer o rápido enraizamento das mudas com emprego da calagem
e adubação.
Pós-plantio: Mudas no campo (até 12 meses).
Vistorias semanais, tratos culturais (limpeza, roçagem, cobertura morta,
etc.). Observar sintomas e danos, especialmente das duas principais
pragas (trips e monalonio);
Controle: Aplicação localizada dos inseticidas Endosulfan, Deltametrina
e Malathion, nas doses anteriores prescritas; é imprescindível realizar teste
de vazão dos pulverizadores, para determinar o volume de água por
hectare. Em seguida, calcular a diluição do produto, por exemplo: se o
volume determinado de água for 200 litros/ha, multiplica-se a dose do
inseticida por 2.
89
PODA DE CACAUEIRO CLONADO POR ESTAQUIA
Jorge Luiz Lima Cordier
Robério Gama Pacheco
PODA DE MUDA CLONADA POR ESTAQUIA
A modernização da cacauicultura no estado da Bahia por meio de
propagação vegetativa ou assexuada, obriga a dar ao cacaueiro um manejo
de poda oportuno e permanente, visando a formação adequada da
arquitetura da planta com o objetivo de promover a formação de áreas de
produção.
Um fator decisivo para um bom manejo integral do cultivo, é o
conhecimento fisiológico da planta de cacau. O estudo do ciclo de
brotação, crescimento e repouso vegetativo da planta, assim como a
floração e a frutificação são aspectos fundamentais para a definição da
época e freqüência de poda. Também, deve-se levar em consideração o
comportamento das chuvas, que é o fator ambiental que mais modifica o
crescimento vegetativo e reprodutivo do cacaueiro.
Os resultados das avaliações fisiológicas da árvore de cacau
mostram que a sua produção depende da área foliar ativa. Portanto, a
conformação de uma copa balanceada para a captação de energia solar
deve se constituir no aspecto fundamental do manejo da planta, que
permita uma produção suficiente de substâncias básicas para o
desenvolvimento dos frutos.
A poda deve responder a critérios fisiológicos, econômicos e
fitossanitários de tal forma, que os clones de cacau expressem o seu
potencial genético através de produtividade, sem que esta, se converta
em uma prática antieconômica para o produtor e prejudicial para as
plantas.
CEPLAC/CEPEC
90
FUNÇÃO DA PODA
A poda tem como função eliminar os ramos chupões e as partes doentes
ou secas do cacaueiro que consomem as substâncias nutritivas e mantêm
um ambiente úmido prejudicial dentro da plantação, bem como promover
a renovação e reorientação da arquitetura da planta, tornando-a equilibrada
e mais produtiva.
Para o desenvolvimento normal de um fruto de cacau são necessárias
de 12 a 15 folhas sadias, indicando dessa maneira a importância de
conservar e manejar bem o índice de área foliar.
Uma redução drástica da folhagem, quando se efetua poda forte, afeta
sobremaneira a produção de frutos. Estas devem ser feitas buscando
uma estrutura adequada da planta para que haja maior aeração e boa
penetração de luz, com o objetivo de aumentar sua eficiência na
fotossíntese.
TIPOS DE PODA
O cacaueiro tem grande capacidade para regenerar seu tecido foliar
e sempre emite novas brotações, quando se efetua a poda. Geralmente
a planta produz ramificações abundantes ao redor do corte, sendo
necessário selecionar entre 2 a 3 ramos bem distribuídos para formar a
copa da planta.
A poda pode ser de formação, de manutenção e de produção.
Poda de Formação
Tem como finalidade formar uma arquitetura adequada e conservar a
zona de produção da planta. Esta poda consiste na eliminação de ramos
e brotos na muda, desde o viveiro, quando se devem eliminar ramos que
brotam na base da muda, até o início da fase produtiva da planta no campo.
No campo, recomenda-se realizar a eliminação de todos os ramos que
brotam entre 0,75 cm até 1,0 m de altura. Neste ponto devem ser
selecionados ramos bem distribuídos espacialmente para formação da
forquilha. Daí surgirão ramos secundários e terciários que formarão a copa
definitiva. A maior parte da produção da planta se concentra nos ramos
secundários e terciários do tronco.
91
Importância da poda de formação:
Permite escolher os ramos que formarão a arquitetura do
cacaueiro;
Prepara a planta para a fase produtiva;
Favorece a entrada de luz no interior da copa;
Facilita o controle de pragas e doenças;
Aumenta o arejamento da copa;
Facilita as práticas de capina, adubação e Colheita.
Poda de Manutenção
Visa à eliminação de ramos secos, doentes, danificados, autosombreados, entrelaçados com plantas vizinhas e aqueles com
crescimento excessivo.
Poda de Produção
Elimina os ramos que se cruzam. Deve ser realizada de dentro para
fora das plantas, sem deixar grandes espaços, permitindo a incidência da
luz direta no tronco e no solo.
Quando esta poda deixa de ser realizada, ocorre excesso de folhas no
interior da copa aumentando a competição na planta e entre plantas, pelo
fato de reduzir a fotossíntese no interior da copa. As folhas sombreadas
atuam mais como dreno do que como fontes de carboidratos, afetando a
produção. Quando a poda é praticada em excesso, diminui os ramos
produtivos e aumenta a freqüência de lançamentos foliares, afetando
sobremaneira a produção de frutos.
FREQUÊNCIA E ÉPOCA APROPRIADA DA PODA
As podas de manutenção e produção devem ser realizadas duas vezes
ao ano, de maneira leve, para estimular a atividade fisiológica e,
conseqüentemente a produtividade da planta. É importante respeitar cada
planta, de acordo com o vigor do clone, desenvolvimento, idade,
características topográficas e climáticas da região e intensidade do
sombreamento.
A época mais apropriada para realização da poda deve coincidir com
os períodos de baixa produção, floração e atividade foliar, normalmente no
final da época seca e início das chuvas.
92
Devem-se adubar as plantas antes da realização das podas.
MATERIAL UTILIZADO NA PODA
Tesoura de poda usada para cortar partes vegetais finas, ao alcance
do operário;
Tesoura de poda de (1,0, 1,5 e 2,0 m) usada para despontar ramos
finos, localizados nas partes altas da planta e para remoção de vassouras;
Serrote de poda empregado para cortar ramos grossos. O corte
deve ser uniforme para se evitar ferimentos;
Facão usado para cortes de ramos muito grossos. Deve-se tomar
muito cuidado para não causar lesões na planta;
Canivete usado para fazer pequenos cortes em brotos pequenos;
Hipoclorito de sódio na proporção de 0,2% usado para desinfetar as
ferramentas após o uso em cada planta.
Tesoura de poda 1.00 x 1.5 x 2.00m.
LEMBRETES IMPORTANTES
O cacaueiro necessita de boa nutrição e luminosidade, para produzir
os carboidratos básicos, necessários ao crescimento e desenvolvimento
da planta;
A incidência de luz em toda a extensão do cacaueiro favorece o
equilíbrio da planta e o seu potencial produtivo;
O excesso de poda prejudica a produção, porque o cacaueiro precisa
manter uma quantidade de folhas sadias, para garantir o bom crescimento
do caule, refoliações, reativação de botões florais, desenvolvimento de
frutos e prolongar sua vida útil, além de afetar negativamente os ciclos
vegetativos e produtivos, aumentar o peco fisiológico (perda de bilros) e
de frutos em desenvolvimento e favorecer o ataque de vassoura-de-bruxa
e doenças vasculares como o mal-de-facão e morte súbita.
93
FARINHA DE ROCHAS PARA CULTIVOS
ORGÂNICOS OU NÃO
Antonio Carlos Murillo
A recuperação de solos degradados, sempre foram utilizadas pelos
produtores desde tempos antigos.
Rochas virgens podem sofrer processos de moagem, britagem,
separação, tratamentos térmicos ou químicos, tendo como produtos e
subprodutos naturais ou não, de alta a baixa solubilidade: fertilizantes em
pó ou granulados, pó de rochas ou farinha de rochas, algumas apresentam
poucos nutrientes e outras além da sílica chegam até mais de 70
elementos, utilizadas pela agricultura tradicional ou agro ecológica. No
primeiro caso utilizam-se corretivos calcários e silicatos, fertilizantes
simples ou compostos para atender necessidades específicas. Aos
agroecologistas, farinha de rochas ou rochagem, com todos os macros e
micro nutrientes essenciais, cuja finalidade principal é recuperar e ou
enriquecer a fertilidade natural do solo, e assegurar a qualidade alimentar
e da vida das populações atuais e futuras.
Os solos tropicais, a exemplo da região cacaueira baiana, bastante
chuvosa, sofrem intensivos processos de perdas constantes de nutrientes,
principalmente (Ca, Mg e K), alterando o comportamento químico dos solos.
Literalmente os latossolos do Sul da Bahia, são pobres em rochas apatitas
e fosforitas sendo essa última rica em fontes de fósforos, contribuindo
com mais um entrave para as baixas produções agrícolas, principalmente
para os cultivos perenes predominantes nessa região.
As principais fontes de fósforo utilizado na agricultura são processadas
através da indústria química que a faz, no tratamento de rochas fosfáticas
naturais (apatitas e fosforitas) com ácidos, resultando em um produto de
alta solubilidade a exemplo do superfosfato simples quando as rochas
são tratadas com ácido sulfúrico, o superfosfato triplo com ácido fosfórico
e, o fosfato monoamônico (MAP), fosfato de amônio (DAP), resultam da
reação do amoníaco com ácido fosfórico, os termofosfatos (Yoorin) são
CEPLAC/CENEX
94
adubos obtidos por fusão a1500 ºC, resultando em um material vítreo moído,
produzindo o óxido de cálcio, e o óxido de magnésio e traços de fósforo
solúvel em água.
Em geral, a eficiência dos fosfatos naturais com ácidos são solúveis em
água, fertilizantes simples ou compostos, porém a sua eficácia é de curto
prazo, enquanto a eficiência dos fosfatos naturais sem ácidos aumenta com
o tempo decorrido aproximadamente de 2 a 5 anos, quando aplicado ao
solo. A diminuição do pH favorece ao rompimento da apatita para liberação
de fósforo. pH acima de 6,5 proporciona uma reduzida eficiência dos fosfatos
naturais ao mesmo tempo em que a eficiência desses fosfatos de baixa
solubilidade tende a aumentar com o tempo em solos ácidos.
Nos anos 80, o fosfato de GAFSA reativo, rocha de origem sedimentar
era comercializado no Brasil e devido às dificuldades de sua aplicação na
forma de pó, o produto foi granulado provocando significativa redução da
eficiência agronômica, resultando no desaparecimento do mercado
nacional. Nos últimos anos a utilização de fontes alternativas mais baratas
como os fosfatos naturais na forma de farelados, aumentou
acentuadamente embora estes produtos apresentam baixa solubilidade
em água, principalmente o de origem nacional, quando comparados aos
fosfatos solúveis (tratados com ácidos), existentes no mercado.
Alguns fosfatos naturais reativos têm demonstrado eficiências
semelhantes às das fontes solúveis, o que pode ser compensador. A
eficiência dos fosfatos naturais depende dos seguintes fatores: origem do
material/reatividade, tamanho das suas partículas, propriedade do solo,
atividade microbiana, tipo da cultura a ser instalada e como e quando deve
ser aplicado e tempo decorrido da sua aplicação.
Em 1916, o pesquisador LIPMAN, estudava a relação entre atividade
microbiana e a capacidade produtiva do solo, descobriu que a utilização
de enxofre elementar misturado com rocha fosfática ocorria à imediata
oxidação do enxofre pela bactéria Thiobacillus thiooxidans, formando o
ácido sulfúrico ao qual solubilizar a rocha fosfática do solo. Pelo seu
pioneirismo e contribuição, é considerado o pai da bioquímica do solo,
área que só consolidou-se na década de 60, com Mclaren. Na mesma
época como conseqüência dos avanços sobre entendimento da
solubilização, surgiram os inoculantes bacterianos contendo solubilizadores
e fosfatos chamados fosfobacterinas, cuja aplicação tornou-se popular
em alguns países como União Soviética, Índia, mas com resultados
duvidosos sobre sua eficácia como insumos agrícolas biológicos. Os
95
microorganismos solubilizadores de fosfatos inorgânicos (MSP), acham-se
distribuídos por todos os grupos de microorganismos do solo, destacandose os gêneros de bactérias bacillus, pseudomonas e agrobácterium e de
fungos aspergillus e penicillium. Existe a possibilidade e capacidade de
solubilizar certos isolados fitossimbiontes radiculares com rizóbio e fungos
micorrízicos, no entanto a maioria solubilizar fosfatos de cálcio mais poucos
são capazes de solubilizar fosfato de alumínio e ferro. Em 1970, AGNIHOTRI,
avaliou a capacidade solubilizadora de dezoito espécies fúngicas do solo e
observou que a percentagem de fósforo solubilizadora variou de zero a mais
de 80%, para os fosfatos de cálcio e fluorapatita em uma escala de zero a
58%, para a hidroxiapatita, poucos fungos foram capazes de solubilizar, o
autor indicou que a liberação de ácidos orgânicos é o principal mecanismo
de solubilização, facilmente encontrados na matéria orgânica e compostos
orgânicos encontrados nos solos. No Brasil, a Fundação Mokiti Okada têm
trabalhado com vários grupos de microrganismos (bactérias produtora de
ácido lático, leveduras, actinomicetos, fungos bactérias fotossintéticas),
chamados EM (microrganismos eficazes) e o produto biológico Bokashi.
Em 1990, o uso de fosfato natural para aplicação direta no solo
representava 3% do total de P2O5 consumido na agricultura brasileira,
na atualidade, o percentual aumentou para 4.2%, principalmente na
forma de fosfatos naturais reativos. As fontes de fosfatos mais
comercializadas são de origem do Norte da África, Oriente Médio e dos
EUA e as nacionais de diversas marcas comerciais cujas eficiências estão
relacionadas com os teores de P2O5 total, insolúveis em água, porém
solúveis em ácidos cítricos e fórmicos, discriminados nas Tabelas 1 e 2.
Tabela 1.
FOSFATO NATURAL
Rochas de origem: fosforitas
(Importado)
P2O5 TOTAL
ARAD (Israel)
DJEBEL ÔNK (Argélia)
CAROLINA DO NORTE (EUA)*
DAOUI (MARROCOS)
GAFSA (TUNISIA)
SOLUBILIDADE RELATIVA – P2 O5
(Extratores Químicos)
Ácido Cítrico 2%
33
29
30
32
29
Fonte Consultada: Souza et al (1999).
96
12
11
13
10
12
Ácido Fórmico 2%
19
20
23
19
21
Tabela 2.
FOSFATO NATURAL
Rochas de origem: Apatitas
(Nacional)
Irecê (Fosbahia)
Patos de Minas
Olinda
Abaeté
Araxá
Catalão
P2O5 TOTAL
SOLUBILIDADE RELATIVA – P2 O5
(Extratores Químicos)
Ácido Cítrico 2%
24
24
26
28
36
37
4
5
5
2
4
3
Ácido Fórmico 2%
4
7
2
4
2
Fonte consultada: Rezende e Vitti (2000).
Legislação Brasileira relativa à regularização dos fertilizantes
fosfatados - Princípios básicos para produção e comercialização dos
fertilizantes naturais, corretivos e inoculantes (Brasil 1983):
O fósforo (P) deve ser expresso como P2O5
Garantias mínimas:
Fosfato natural P2O5 total - nunca inferior a 24% e a solubilidade de
4% em solução de ácido cítrico a 2% na relação de 1:100.
Fosfato natural reativo P2O5 total - nunca inferior a 28%, solubilidade
de 9%, em solução de ácido cítrico a 2% na relação de 1:100.
Misturas que contenham fosfatos naturais, termo fosfatos e outras fontes
solúveis:
P2O5 total, entre 20 a 25% e o teor de P2O5 solúvel em ácido cítrico ³
9% em solução 2% na relação de 1:100 e solubilidade em água = 5%.
Obs: Garantias e tolerâncias: Para menos de 15% quando o teor for
igual ou inferior a 5% e até 10% quando o teor for superior a 5% sem
exceder as duas unidades.
Garantias para granulométrica
Fosfato natural - deve passar 85% em peneira de 0,075 mm (ABNT
nº 200);
97
Formulação pó - deve passar 100% em peneira de 2 mm (Associação
Brasileira de Normas Técnicas, (ABNT nº. 10) e 50% em peneira de 0,3
mm (ABNT nº. 50); tolera-se até 5% material retido na peneira de 2mm).
Fosfato natural reativo - produto constituído de partículas que devem
passar 100% em peneiras 4,8 mm (ABNT nº. 4) e 80% em peneira 2,8 mm
(ABNT nº. 7); tolera-se até 15% em partículas maiores do que 4,8 mm.
CONSIDERAÇÕES PARA UTILIZAÇÕES DE FONTES DE
FÓSFOROS NATURAIS E FOSFATOS NATURAIS REATIVOS
As recomendações de uso e os estudos de economicidade deve ser
feito com base no teor de P2O5.
A eficiência de fosfatos natural é maior quando toda à área for
preparada, incorporada, e ao contrário a eficiência menor.
Culturas de ciclo médio só indicar fosfatos naturais reativos, quando
o pH do solo for superior a 5.
pH acima de 6,5, fosfatos naturais e reativos tornam-se inócuos sua
dissolução no solo.
A velocidade de dissolução dos fosfatos naturais é inversamente
proporcional ao pH do solo; quanto mais ácido for o solo maior é a liberação
da fonte de fósforo; e a relação entre os extratores (ácido cítrico e fórmico),
permite melhor distinção entre os fosfatos naturais e os reativos.
Para uso de fontes de fósforo natural ou pouco reativo, em solos
pobres em fósforo (P), aconselha-se com o uso de enxofre ou gesso, em
observância aos limites permitidos (S ≤ 50kg/ha e CaSO4 2 H2O sendo
que a percentagem de argila (%) for : de 0 a 15 = 0,4 t/ha; argila de 15 a 35
= 0,4 a 0,8t/ha; argila 35 a 60 = 0,8 a 1,2 t/ha).
Uso de fosfato reativo exclui o uso de enxofre ou gesso, exceto se o
solo estiver precisando.
A produção de ácidos orgânicos é o principal mecanismo de
solubilização do fósforo (P) mais não é o único responsável pela ação.
A capacidade de suprir fósforo (P) dos cultivos perenes ou de ciclo
mais longos toma-se como base ao segundo ano de cultivo o início do
efeito residual, para os fosfatos naturais reativos.
98
Aos cultivos de ciclo curto, optar por uma fonte de fósforo mais solúvel.
Uso alternativo de fontes de fósforos na cova:
a) Fontes de fósforos (P) solúveis em água, para os cultivos de ciclo
curto e médio.
b) Fontes de fósforos (P) insolúveis em água (fosfatos naturais reativos)
para os cultivos de ciclo médio e longo.
c) Fontes de fósforos (P) insolúveis em água (fosfatos naturais) para
os cultivos de ciclo longo.
PÓ DE ROCHAS OU ROCHAGEM, SILICATOS DE CÁLCIO E
MAGNÉSIO, COMO UMA OPÇÃO PARA UTILIZAÇÃO NA
AGRICULTURA
Depois do oxigênio, o elemento mais abundante na crosta terrestre é o
silício (Si), representa de 1 a 10% da matéria seca das plantas, sendo
componente majoritário de minerais do grupo dos silicatos (Raij, 1991)
ocorre em concentrações elevadas nos solos e sua maioria na forma de
silicatos e no quartzo (SiO2, fonte inerte das areias).
Há um reconhecimento sobre sua influência na resistência das plantas,
aos ataques bactérias, fungos, insetos e nematódeos, possível eficiência
na fotossíntese, muito embora sua função não foi bem esclarecida, por
isso não é considerado ainda um nutriente (Epstein, 1999).
O uso de silício de cálcio e magnésio na agricultura contempla a
oportunidade de prover a correção do solo através de outra fonte com a
incorporação deste elemento. Em relação à disponibilidade de (Si) e a
textura do solo (teor de argila) tem sido considerada como um dos principais
parâmetros para se prever a necessidade de (Si) para as plantas. As
formas importantes de silício (Si) encontradas no solo são: a) Si (solúvel)
(H4SiO4, Ácido monossílicico); b) Si adsorvido ou precipitado com óxido
de ferro e alumínio e nos minerais silicatados (cristalinos ou amorfos); a
solubilidade destes, depende do tamanho das partículas, temperatura, pH,
composição química e presença de fissura em sua estrutura. A dissolução
destes minerais no solo são influenciados pela: umidade, matéria orgânica,
potencial de óxi - redução e teores de sesquióxidos.
As principais fontes de silicatos encontradas no mercado são originadas
das escórias da produção de ferro e aço e sub-produtos na produção de
99
fósforo elementar na industrialização dos fertilizantes, podendo ser
utilizados aqueles que não são contaminastes dos solos com metais
pesados. A Wollastonita é um sub-produto na produção de fósforo
elementar é considerada uma fonte, silicato de cálcio padrão, bastante
utilizado em trabalhos de pesquisas. As escórias de ferro e do aço são
fontes abundantes e baratas de silicatos, são processadas em
temperaturas superiores a 1400ºC da reação de calcário (calcítico,
magnesiano ou dolomítico) com a sílica (SiO2) contida no minério de ferro.
SiO2 + CaCO3 + MgCO3
CaSiO3 + MgSiO3 + CO2 (Silicato de
cálcio e magnésio).
A solubilidade da Si conforme o tipo de escória:
Alto forno - maior teor de silício com baixa solubilidade (utilizado na
agricultura ecológica).
Produção de aço (aciaria) - menor teor de silício e maior solubilidade,
constantes na tabela abaixo:
Teor total de SiO2, % solúvel, SiO2 "solúvel" por lixiviação, CaO, MgO e
poder de neutralização (PN) de algumas fontes de silício.
Fonte consultada: GPSi – ICIAG – UFU – Boletim Técnico 01
100
Outras fontes derivadas da Indústria Siderúrgica são utilizadas como
calcário tendo uma (Recmix/Agrosílicio) apresentado baixo teores de metal
pesado, conforme Tabela abaixo:
Fonte consultada: GPSi – ICIAG – UFU – Boletim Técnico 01
Tanto calcário quanto à escória, a reatividade varia conforme a sua
granulometria, tipo de solo, dosagem e o tempo no solo, segundo
“Alcárdio”1992. O silicato de cálcio é 6.78 vezes mais solúvel que o
carbonato de cálcio.
CaSiO3 = O,095g dm-3
Ca CO3 = 0,014g dm-3
Ação dos silicatos Wollastonita e Recmix como corretivo de acidez do
solo, conforme Figura 1 abaixo.
Kg/ha de Si
800
800
400
400
200
0
200
100
100
0
Wollastonita
Recmix
Figura 1 - Efeito da aplicação de silicatos de Ca+Mg sobre o pH (CaCl2) do solo após
56 dias de incubação (Fonte: Pereira & Korndorfer).
101
SILICATOS NA AGRICULTURA, CARACTERÍSTICAS E
RECOMENDAÇÕES
a) Produto:
Altos teores de CaO e MgO
Efeitos residuais prolongado
Alta reatividade (poder de neutralização)
Boas propriedades físicas (granulometria fina e facilidade de aplicação)
Custos comparáveis à outra fonte de Ca e Mg
b)No solo:
Correção do pH e aumento na saturação por base
Aumento nos teores: Ca e Mg e Si (residual)
Aumento da disponibilidade de fósforo (P)
c) Na planta:
Maior absorção de Si, Ca e Mg, e distribuição do Mn na planta
Maior resistência aos efeitos da temperatura, perda de água, parede
celular aos ataques de pragas.
Os silicatos de Ca e Mg têm composições semelhantes aos
carbonatos, pode substituir os calcários, sendo assim a dose de silicato
aplicado no solo, obedecem aos mesmos critérios para os corretivos,
levando em consideração a CTC. Caso os solos apresentem níveis
adequados de Ca e Mg, as utilizações dos silicatos não devem
ultrapassar a 800kg por hectare.
102
CRIAÇÃO DE FRANGO E GALINHA CAIPIRA
Dionísio José de Lima
INTRODUÇÃO
Importância Atual das Aves Caipira
As mudanças de hábitos alimentares de uma significativa parcela da
população, notadamente de maior poder aquisitivo, vêm ampliando a
procura por alimentos cuja origem seja uma produção mais natural e
ecológica.
As exigências por textura, coloração e sabor natural tem estimulado os
PEQUENOS E MÉDIOS PRODUTORES a se voltarem para a produção
de alimentos alternativos, como a “Galinha Caipira”.
Engana-se quem avalia a criação de frangos e de galinha caipira como
uma atividade condenada ao prejuízo. Se bem planejada, administrada
e com a utilização de manejo correto, a produção de carne e de ovos
caipiras pode alcançar excelente lucratividade.
A saída para se obter uma galinha caipira com boa produção de ovos e/
ou carne foi à utilização de linhagens de aves melhoradas em sistema
Semi - Intensivo. Com isso a galinha caipira passou a ser produtiva, embora
ainda menos que a industrial e pode atender a um “nicho de mercado”
que, se nunca deixou de existir, agora está mais aquecido do que nunca.
A falta de informações básicas sobre esta criação, a falta de mão-deobra treinada e de técnicos capacitados para orientá-los tem levado
produtores a eventuais erros, acarretando-lhes prejuízos.
É recomendável que se procure uma assessoria técnica, principalmente
quando o objetivo é implantar uma criação que envolva disponibilização de
recursos financeiros. É melhor planejar corretamente o que será feito, e
como ser feito, para que os erros e gastos inúteis sejam minimizados e
até mesmo evitados.
Técnico Agrícola/ Economista/Consultor Rural da CONSULCOOP.
103
OS SISTEMAS DE CRIACÃO
Sistema Extensivo - é o sistema predominante em nossa região,
não se tem um acompanhamento ou controle sobre a criação. Com manejo
inadequado a produção de ovos ou carne é baixíssima e a atividade tornase antieconômica, desmotivando o produtor a continuar com a criação.
Sistema Semi-Intensivo - Neste sistema o modelo de criação é um
pouco mais sofisticado; durante á noite as aves dormem nos galpões com
poleiros suficientes. Estes galpões devem abrigar, de 4 a 5 aves por metro
quadrado; e estar dotados de comedouros, bebedouros e ninhos suficientes
para atender a demanda das aves. Durante o dia, as aves terão à sua
disposição um piquete para tomar sol, ciscar e comer verde à vontade
(frutas, verduras, capins etc).Este piquete deverá ser cercado de tela, cerca
elétrica, bambu ou varas de pau-a-pique.Terá que dispor 10m² para cada
“ave de postura” ou 5m² para cada “frango de corte”. Este sistema é mais
indicado para nossa região, porque o produtor terá um controle efetivo
sobre a sua criação.
Sistema intensivo - Neste caso as aves permanece presas durante
todas as fases da criação. É para nós um sistema inviável, torna-se
inadequado para nossa região, devido a uma serie de fatores negativos.
Sendo, o pior deles, o custo da ração.
CLASSIFICAÇÃO DAS RAÇAS
Quanto à aptidão: Poedeiras, Corte, Dupla Aptidão, Ornamentais e
Combatentes.
Quanto à origem: Norte-Americanas, Mediterrâneas, Inglesas,
Européias e Asiáticas.
Raças Puras: Plymouth Rock, Rhode-Island-Red, New Hampshire,
Leghorn, Wyandotte, Label-Rouge, etc.
Linhagens Híbridas: Caipira Negra, Paraíso Pedrês, Carijó Caipira,
Gigante Negro, Isa Já-57, Isa Brown, Acoblak, Sussex, Menora,
Orpington, etc.
104
TABELA DO CONSUMO DIARIO DE RACÃO PARA FRANGOS CORTE.
Da 1ª a 4ª Semana
Fornecer Ração Inicial
Da 5ª a 9ª Semana
Fornecer Ração de Crescimento
Da 10ª a 13ª Semana
Fornecer Ração para Engorda
Nº de semana
Quantidade ração/
ave/dia (gramas)
Quantidade ração/
semana(gramas)
1º
10
70
-
2º
20
140
210
3º
30
210
420
4º
40
280
700
5º
40
280
980
6º
50
350
1.330
7º
60
420
1.750
8º
70
490
2.240
9º
80
560
2.800
10º
90
630
3.430
11º
100
700
4.130
12º
110
770
4.900
13º
120
840
5.740
NOTAS:
a) Total Ração Inicial................................700 g
b) Total Ração Crescimento..................... 2.100 g
c) Total Ração Engorda............................ 2.940 g
d) Verificar o peso das Aves semanalmente
105
Total ração
consumida(gramas)
TABELA DO CONSUMO DIARIO DE RAÇÃO PARA AVES CAIPIRA DE POSTURA.
Da 1ª
a
7ª Semana
Da 8ª
a 12ª Semana
Fornecer Ração Inicial
Fornecer Ração de Crescimento
Da 13ª a 19ª Semana
Fornecer Ração Pré Postura
Da 20ª a 70ª Semana
Fornecer Ração Postura
Da 71 a 75ª Semana
Fornecer Milho Triturado
Nº semanas
Período semanal
Quantidade ração/
ave/dia (gramas)
Quantidade ração/
semana(gramas)
1ª
a
7ª
7
10 a 40
1.225
8ª
a
9ª
2
50
700
10ª
1.260
a
12ª
3
60
13ª a
19ª
7
70
3.430
20ª a
70ª
51
80
28.560
71ª
75ª
5
100
3.500
a
Total de Semanas = 75
Total de Consumo = 38.675 gr/aves
ALIMENTAÇAO NATURAL P/ AVES
FRANGOS DE CORTE E GALINHAS DE POSTURA
GRAMAS E CAPINS
FRUTAS
VERDURAS
CAPIM QUICUIA
GOIABA
COUVE
CAPIM COAST-CROSS
MAMÃO
CHUCHU
CAPIM TIFTON
BANANA
.BATATA
CAPIM PANGOLA
.ABACATE
MAND PICADA
CAPIM BRACHIÁRIA
JACA PICADA
RAMÍ
CAPIM NAPIER
FOLHA DE BANANA
GUANDÚ
GRAMA ESTRELA
CENOURA
CAPIM BATATÁIS
ABÓBORA
106
FRANGO CAIPIRA DE CORTE
PLANTEL COM 500 FRANGOS
ANALISE DA RENTABILIDADE
da
107
GALINHA CAIPIRA POEDEIRAS
PLANTEL COM 500 AVES
ANALISE DA RENTABILIDADE
da
108
ESCALAMENTO DA PRODUCÃO DE OVOS MODULACÃO 3:1
O Escalamento tem por finalidade fazer um planejamento coerente e
preciso da produção diária de ovos.
Ex: Qual a quantidade de AVES, para que se possa produzir 20 dúzias
de ovos?
1°) Utilizamos a fórmula matemática:
Onde: NA= Numero de Aves
Q O = Quantidade de Ovos diária
I P = índice de Produção desejada
2°) Aplicando a Fórmula, no exemplo acima, teremos:
NA = 343 aves
3°) Conclui - se que, para produzir 20 dúzias de ovos diariamente,
temos que dispor de 343 aves na fase produtiva.
4°) Dividimos em 3 lotes de 115 aves, cada lote, para efetuar o
ESCALAMENTO; ou seja, 3 lotes em fase produtiva e um em
crescimento.
5°) Fazemos o escalamento da seguinte forma:
Quando o 1 ° lote atingir a idade de 18 semanas; adquire - se um 2°
lote; e quanto este atingir 18 semanas adquire - se um 3º; quanto este
ultimo atingir 18 semanas adquire - se um 4° lote; teremos então 3 lotes
produzindo e um em crescimento.
Quando o 4° lote; iniciar a produção elimina - se o 1º lote, faz - se o
“VAZIO SANITARIO” de 2 semanas e se introduz um novo lote neste
galpão.
Assim teremos 3 lotes produzindo e um em crescimento, fazendo o
rodízio na modulação 3:1
109
PRINCIPAIS DOENÇAS DAS AVES
1. BOUBA AVIÁRIA - Causada por Vírus
Sintomas: Falta de apetite, sonolência e aparecimento de nódulos na
face, crista e barbelas. É disseminada por mosquito e surge
normalmente durante os meses quentes do ano.
2. NEWCASTLE - Causada por Vírus
Sintomas: Redução no consumo da ração; encefalite, resfriado, bico
aberto com ar ruidoso; diarréia abundante, tremor nas pernas e torcicolo
no pescoço. Esta doença é altamente contagiosa, espalha-se rapidamente
através do ar, dizimando todo o lote. Não existe tratamento curativo.
3. MAREK - Também causada por Vírus
Sintomas: Paralisia das pernas e das asas. Esta doença manifestase a partir dos 30 dias de idade. Previne-se vacinando os pintos no 1º dia
de vida.
4. CÓLERA AVIÁRIA - Causada por Bactéria
Sintomas: O inchaço do rosto e barbeIas caracteriza a forma crônica.
É transmitida de ave para ave; por isso devem-se eliminar as portadoras
e iniciar o tratamento das sadias com antibióticos. A vacina para esta
doença não é muito eficaz.
5. SALMONELOSES - (Tifo Aviário e a Pulorose)
- Estas doenças são causadas por bactérias;
- São identificadas através de exames laboratoriais;
- O tratamento quando viável é feito à base de antibióticos;
- As aves atacadas por estas doenças devem ser incineradas; pois
pode contaminar outros animais da propriedade, inclusive o próprio
homem.
MANEJO SANITARIO DAS AVES
Limpeza dos galpões e equipamentos
Desinfecção das instalações (medidas profiláticas)
110
CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO
REGRAS BÁSICAS PARA O SUCESSO DA CRIAÇÃO DE GALINHA
CAIPIRA
1. Iniciar a criação com aquisição de Pintos de 30 dias;
2. Vacinar os pintos, principalmente contra as doenças mais freqüentes
da região
3. Não construir o galinheiro em terreno úmido
4. Fornecer água limpa e fresca; sem contaminação;
5. O dormitório deve ser bem arejado;
6. Manter o galinheiro sem corrente de ventos;
7. Ração tem que ser de boa procedência
111
8. Distribuição de verde diariamente, quando as aves são confinadas
em piquetes;
9. Manter higiene rigorosa nos dormitórios;
10. Uma vez por ano, pintar o dormitório com cal;
11. Manter ninhos suficientes, de acordo com o número de poedeiras:
4 poedeiras para cada ninho;
12. Evitar que os pintos se molhem; mantendo-os em lugares protegidos.
Pinteiros por exemplo;
13. Trocar a cama dos ninhos, desinfetando-os;
14. Galinhas ou pintos que morrem devem ser queimados ou
enterrados;
15. Espalhar cal nos parques para evitar o aparecimento de doenças
contagiosas;
16. Espaço adequado nos dormitórios e piquetes; no intuito de evitar
brigas;
17. Não traga frangos e galos dos vizinhos; pois está susceptível a
trazer doenças para a sua criação.
112
DOENÇAS MAIS IMPORTANTES DO CACAUEIRO
Luiz Carlos Cordeiro de Almeida
DOENÇAS DA PARTE AÉREA
Vassoura-de-bruxa
É uma das mais importantes doenças do cacaueiro na Bahia, porque
além de reduzir drasticamente a produção também é capaz de dizimar
plantios, caso não seja adotado um manejo adequado.
O agente causal é o fungo Crinipellis perniciosa (Stahel) Singer, que
tem mostrado variabilidade patogênica entre os isolados, à qual pode ser
responsável pela redução da resistência de cultivares melhoradas para o
controle dessa doença.
Como plantas hospedeira do patógeno existem algumas dos gêneros
Theobroma e Herrania; da família Solanaceae, a exemplo de jurubeba, jiló,
caiçara, berinjela, pimentão e pimenta malagueta; além do urucum e um
tipo de cipó que ocorre no Sul da Bahia.
O fungo se reproduz sexuadamente nos tecidos doentes secos,
produzindo basidiocarpos durante a estação chuvosa, quando ocorre
alternância de períodos secos com períodos úmidos. Os basidiocarpos
liberam basidiósporos, preferencialmente à noite, quando a umidade relativa
é alta, entre 80 e 85 % e a temperatura variando de 20 a 25 oC. Além do
homem, que é o responsável pelo transporta de material vegetal
contaminado para longas distâncias, as correntes aéreas são responsáveis
pela disseminação do patógeno e são capazes de levá-los a alguns
quilômetros da fonte de inóculo. A produção de basidiocarpos é impedida
por chuvas contínuas e fortes ou em períodos secos prolongados.
O patógeno sobrevive nas vassouras secas e nos frutos mumificados,
tanto na planta como no solo, os quais constituem as principais fontes de
inóculo primário para o início dos surtos epidêmicos.
Ceplac/Cepec/Sefit
113
As infecções ocorrem em tecidos meristemáticos, como nas gemas
vegetativas, nas almofadas florais e nos frutos. Estes são mais suscetíveis
até os três meses de idade. Os sintomas mais comuns no cacaueiro
são: vassouras vegetativas, vassouras de almofadas; flores
hipertrofiadas; frutos dos tipos morango e cenoura; e frutos com os mais
variados aspectos da doença, em função dos vários estádios de
desenvolvimento. A doença se manifesta nos frutos na forma de lesões
negras, duras e irregulares; lesões necróticas escuras e irregulares,
circundadas ou não por uma zona amarelada; deformações, com setores
abaulados, causados pela hipertrofia das células do pericarpo; zonas de
maturação precoce; pequenas lesões deprimidas; manchas aquosas,
na forma de um mosqueado e pontuações negras, que progridem e
coalescem e, internamente, há necrose e hidrólise das sementes; e áreas
verdes em casca amarela. Somente infecções em frutos próximos à
maturação é que permitem o aproveitamento de sementes para o
beneficiamento.
O controle integrado contempla as remoções das partes doentes dos
cacaueiros, em intervalos trimestrais, e as aplicações de TRICOVAB,
fungicida bio-controlador produzido pela CEPLAC, sobre o material
removido jogado no solo, tem a finalidade de reduzir o potencial de inóculo
nos plantios. Para a proteção dos frutos pode-se utilizar seis aplicações
de óxido cuproso, 3 gramas de ingrediente ativo (i.a.) por planta ou três
aplicações de 6 gramas de i.a. no início da frutificação. Entretanto, quatro
a cinco aplicações de tebuconazole, a 1,2 litros por hectare, tem mostrado
eficácia na redução de infecções em almofadas florais, diminuindo ou
eliminando a produção de frutos morango e vassouras vegetativas, além
de reduzir a formação de vassouras em lançamentos foliares e a infecção
de frutos. Por outro lado, as plantas suscetíveis devem ser enxertadas
com material resistente e produtivo, o que pode não excluir o uso da
remoção ou da aplicação de fungicidas no futuro, caso os órgãos
vegetativos ou os reprodutivos não continuem apresentando alta
resistência, devido ao surgimento de um isolado mais agressivo do
patógeno. Isolados com essa característica podem ser introduzidos no
plantio através de material botânico proveniente de outros locais onde a
doença existe. Talvez nos plantios constituídos por clones resistentes
os números de remoções e de aplicações de fungicidas e também de
suas dosagens possam ser reduzidos, tornando viável economicamente
a adoção dessas práticas, mesmo com os baixos preços do cacau.
114
Podridão-parda
É uma doença que depois do surgimento da vassoura-de-bruxa tem
causado pequenos prejuízos á produção de cacau na Bahia. Em média,
as perdas estimadas atingiam entre 20 e 30 % da produção anual, embora
alguns plantios em áreas foco apresentassem incidência superior a 50 %.
A podridão parda na Bahia é causada pelos fungos Phytophthora
citrophthora (Smith) Leonian, a espécie mais agressiva, P. palmivora
(Butler) Butler e P. capsici Leonian, a espécie predominante.
A espécie P. palmivora tem como culturas hospedeiras a mamona, a
seringueira, as palmeiras diversas, os citros, a pimenta-do-reino e outras;
P. capsici, o pimentão, a berinjela, o tomate e cucurbitáceas; e P
citrophthora, os citros e muitas rosáceas.
Todas as espécies de Phytophthora que causam podridão parda do
cacaueiro produzem esporângios, resultantes da reprodução assexuada,
em todas as partes infectadas da planta. Estes esporângios germinam
em condições úmidas, liberando os zoósporos, que são móveis e
constituem as principais unidades de infecção do patógeno. A formação e
germinação dos esporângios e o processo de infecção são regulados por
diversos fatores ambientais, entre os quais água e temperatura são os
mais importantes. A exceção de P. capsici, as outras espécies produzem
clamidósporos, que são esporos de origem assexuada e sobrevivem em
solos e em casqueiros. Entretanto, P. palmivora e P. capsici produzem
oósporos, resultantes da reprodução sexuada, são esporos responsáveis
também pela sobrevivência destas espécies, mas somente P. capsici é
capaz de produzi-los. A presença de frutos na planta, temperaturas baixas,
umidade relativa acima de 85 % e chuvas frequentes favorecem a
ocorrência de surtos epidêmicos, que resultam em maior incidência nas
áreas de baixada do que nas áreas de topo.
De modo geral as espécies sobrevivem em casqueiros e nas partes
infectadas do cacaueiro, a exceção de P. capsici que não sobrevive
associada às raízes.
Os frutos podem ser atacados desde os bilros até os maduros. Os
sintomas iniciais são pequenas manchas cloróticas na superfície,
perceptíveis um ou dois dias após a infecção, Estas manchas tornam-se
castanho-escuras, de superfície regular, crescem rapidamente para formar
lesões marrons, mais ou menos circulares de início, tornando-se elípticas
mais tarde, de textura firme e com margens ligeiramente irregulares,
115
podendo tomar totalmente a superfície entre 10 e 14 dias. Em condições
de alta umidade relativa, três a cinco dias após o aparecimento dos
primeiros sintomas surge, a partir do centro das lesões, uma cobertura
rala, pulverulenta e esbranquiçada formada pelo micélio e esporângios do
fungo. A colonização interna da casca e das sementes é relativamente
lenta e por isso há grande aproveitamento de sementes em frutos infectados
próximo à colheita, o que não ocorre nos frutos verdes. Os bilros, no estádio
final da doença, podem ser confundidos com os sintomas finais do peco
fisiológico. Os ramos e os chupões jovens apresentam manchas cor de
chocolate abaixo do ponto de inserção do pecíolo no ramo, do lado oposto
da axila. Estas lesões atingem o limbo foliar, que se torna marrom e
enrolado. Quando a haste do ramo ou do chupão é circundada pela infecção,
ocorre o secamento a partir deste ponto. Se a infecção ocorre nas folhas
jovens, as nervuras são rapidamente lesionadas, tornando-se marrom
escuras, secando em seguida. Em condições favoráveis pode-se observar
a esporulação do patógeno.
A primeira medida de controle integrado a ser usada consiste na
remoção das partes doentes da planta, como chupões e frutos,
principalmente no final da safra, para não deixar fonte de inóculo para a
próxima bilração. Esse material deve ser amontoado e coberto com
folhagem ou preferencialmente levado para as clareiras das roças. Se a
doença ocorrer durante a safra, as remoções deverão ser feitas na época
das colheitas, cujos intervalos não devem ultrapassar de um mês. Porém,
se o cacaual está localizado em área foco da doença, recomenda-se a
aplicação de fungicida antes que a incidência atinja 1 %. Os fungicidas
são à base de cobre, como óxido cuproso, oxicloreto de cobre e hidróxido
de cobre, que deverão ser aplicados mensalmente, nas dosagens de 3 g
de i.a. por planta, totalizando quatro ou três aplicações a depender,
respectivamente, do início precoce ou tardio do surto epidêmico. Em áreas
sujeitas ao alagamento é importante drená-las com valetas, e se o
sombreamento for excessivo deve-se raleá-lo.
Murcha-de-ceratocystis
Conhecida como mal-do-facão, é uma doença de grande importância
econômica porque é capaz de reduzir drasticamente a população de
cacaueiros nas plantações, principalmente quando se trata de material
116
suscetível. Levantamento realizado no ano 2000 revelou incidência de até
30 % entre plantas da variedade Theobahia, em uma fazenda do município
de Uruçuca.
O agente causal é o fungo Ceratocystis cacaofunesta Engelbrech &
Harrington (ex C. fimbriata Ellis & Halsted). Este patógeno apresenta
agressividade variada e na Bahia foi detectado um dos isolados mais
agressivos ao cacaueiro.
O fungo é distribuído mundialmente sobre uma variedade de
hospedeiros, afetando mais de 50 famílias de angiospermas e, entre elas,
as culturas do coco, café, seringueira, batata doce, manga e cacau, cássia,
crotalária e mamona.
A ocorrência de surtos da doença está associada ao estresse das
plantas por uma ampla diversidade de condições ambientais, tanto
causados por períodos secos como por períodos chuvosos. O fungo se
multiplica através de esporos de origem sexuada, os ascósporos, e
assexuada, os conídios, que são produzidos, principalmente, dentro dos
tecidos da planta e, em especial, nas galerias abertas por espécies de
insetos dos gêneros Xyleborus e Xylosandrus, atraídos pelos tecidos
doentes. Os esporos são liberados no ambiente, juntamente com o póde-serra produzido pelos insetos, e podem ser disseminados pelo vento,
pelos próprios insetos e por respingos de chuva. Os clamidósporos,
esporos assexuados de resistência, produzidos nos vasos dos tecidos
infectados também podem ser disseminados através do uso de
ferramentas, como podão, facão e tesoura durante a execução das
diversas práticas culturais. A presença destes esporos, observada em
microscópio nos cortes longitudinais do tecido doente, é suficiente para
diagnose da doença.
O fungo sobrevive nas plantas mortas e nas partes doentes removidas,
jogadas no solo.
Os sintomas da doença na parte aérea são observados primeiramente
nas folhas que se mostram murchas, pendendo verticalmente, que em
seguida amarelecem, enrolam, secam e permanecem aderidas aos ramos
por algumas semanas, mesmo após a morte da planta. Durante esse
processo os ramos também secam. Ao se inspecionar galhos, tronco e
colo da planta doente, observa-se a presença de lesão necrótica deprimida
ou cancro, sobre as quais, em condições úmidas, se formam peritécios
que produzem os ascósporos. A lesão inicia com a penetração do fungo
através de ferimentos causados na execução de práticas como poda,
117
limpeza do solo, desbrota e colheita de frutos, assumindo coloração
escura, de onde se pode observar, algumas vezes, a exsudação de líquido
escuro. No lenho, a lesão apresenta-se com coloração castanha
avermelhada a púrpura, estendendo-se para cima e para baixo do ponto
de infecção. Variações na coloração e presença de estrias podem ser
atribuídas a outros fungos invasores secundários. A morte da planta ocorre
pela obstrução dos vasos do lenho, que impede a passagem de água para
a parte aérea.
A primeira medida de controle integrado a ser adotada é não introduzir
na fazenda mudas provenientes de plantios com suspeita de ocorrência
da doença. Ao se detectar a doença em um plantio, deve-se arrancar a
planta doente, queimá-la e aplicar 2 kg de cal virgem na cova e incorporar
ao solo, visando a decomposição do material não removido. Toda a
ferramenta usada na erradicação do cacaueiro doente, bem como nas
operações de poda e desbrota em áreas onde a doença ocorre, deve ser
desinfestada com hipoclorito de sódio a 1 %. Os trabalhos de poda e
desbrota devem ser direcionados às plantas sadias e de modo a não deixar
extremidades que dificultam a cicatrização dos cortes. Recomenda-se
efetuar inspeções periódicas no plantio para detectar a doença logo no
início, para evitar a sua disseminação. As plantas mortas devem ser
substituídas por material genético resistente, como RT 01, VB 681, SL 70,
VB 1151, VB 1139, PH 159, LP 06, FB 21, TSH 1188 e Parazinho.
DOENÇAS DE RAÍZES
São doenças que matam o cacaueiro pelo sistema radicular, reduzindo
a população do plantio, e ocorrem em áreas onde existem tocos
remanescentes de plantas derrubadas antes ou depois da implantação do
cacaual. As doenças de maiores destaques são a podridão-negra, que
ataca plantas de qualquer idade, e a podridão-vermelha, plantas com até
seis anos de idade, na maioria das vezes.
Podridão-negra
Essa doença é causada pelas espécies do fungo Rosellinia pepo Pat.,
a mais frequente nos cacauais baianos, e R. bunodis (Berk. et Br.) Sac., a
mais virulenta. Ao se observar o micélio sob a casca das raízes de uma
118
planta doente, nota-se que a coloração de R. pepo é esbranquiçada e a de
R. bunodis é acinzentada.
As espécies atacam várias culturas de importância econômica como
café, seringueira, citros, abacate, banana, guandu, cânfora, mandioca,
crotalária, gengibre, fruta-pão, inhame japonês, noz-moscada taioba,
pimenta-do-reino, chá, eritrina, mangostão, pinha-do-sertão, entre outras.
O contato das raízes das plantas sadias com as raízes dos tocos ou
de plantas infectadas é o principal meio de disseminação da doença.
Quanto maior o sistema radicular da planta doente maior o seu poder de
disseminar o patógeno, que é o caso da eritrina. A doença ocorre em
reboleiras com incidência mais ou menos elevada, em decorrência das
condições topográficas e da maior ou menor presença de restos vegetais
no solo. A ocorrência da doença chega a ser inexpressiva em locais com
chuvas pouco frequentes, com pouco acúmulo de húmus ou de restos
vegetais e onde o sombreamento do cacaueiro é deficitário, mas tem-se
observado uma tendência de maior expressividade em solos mais leves e
bem drenados. Porém há evidências que a textura do solo, associada à
topografia e umidade, exercem influência na manifestação da doença.
O fungo sobrevive em tocos remanescentes da derruba de árvores,
em restos culturais e na matéria orgânica no solo.
Os sintomas podem variar em função da idade da planta. Em
cacaueiros novos, a necrose do sistema radicular se dá de forma
generalizada, mais ou menos rápida e uniforme, enquanto que a parte
aérea apresenta sintomas reflexos de murcha, amarelecimento e seca
das folhas, as quais permanecem presas à planta, mesmo após sua morte.
Em cacaueiros mais velhos, além dos sintomas descritos, podem ser
também observados murcha, amarelecimento, seca e queda das folhas,
deixando os galhos desfolhados, de forma apenas parcial na planta, uma
vez que a manifestação da doença, em tais casos, é aparentemente mais
lenta porque o sistema radicular não foi totalmente infectado. Muitas vezes
a planta emite brotações, que frequentemente se apresentam cloróticas e
com folhas pequenas. Com o progresso da infecção, ao atingir o coleto,
ocorre a morte da planta. Ao se inspecionar o sistema radicular, observase em algumas situações, sobre a casca, estendendo-se até um pouco
acima do nível do coleto, o crescimento micelial do fungo na cor cinzaescuro, quase preto, com margens claras, que se funde para formar uma
massa carbonácea com superfície lanosa. Algumas vezes, quando o
sistema radicular é removido pode-se observar também o crescimento do
119
fungo sobre o solo aderido às raízes. Ao se remover a casca necrosada,
observa-se sobre o lenho estruturas miceliais em forma de leque ou estrela.
O controle integrado deve começar pela destoca e remoção dos restos
vegetais por ocasião do preparo do terreno para o plantio da cultura, mas
sua adoção pode ser inviabilizada pela elevação dos custos de implantação
de novas áreas. Quando a doença é detectada em uma área, proceder a
eliminação das plantas com sintomas, procurando retirar do solo a maior
parte das raízes e seus fragmentos. É importante retirar da área o material
removido e queimá-lo e evitar o replantio imediato. Inspeções frequentes
devem ser feitas, buscando-se detectar plantas em estádio inicial de infecção
para evitar a contaminação das outras plantas. Pela dificuldade do controle,
deve-se evitar a introdução de plantas hospedeiras provenientes de
propriedades com suspeita de ocorrência da podridão-negra.
Podridão-vermelha
É uma doença causada pelo fungo Ganoderma philippii (Bres. et Henn.)
que é considerado um fraco patógeno.
São hospedeiras as plantas lenhosas, como cacaueiro, seringueira,
chá, coco, cânfora, café, mandioca, dendê, cravo-da-índia, guaraná e
urucum.
Alguns fatores ambientais têm sido relacionados com o desenvolvimento
da doença em alguns cultivos. Clima seco acentua a severidade dos
sintomas de murcha e da morte das plantas. Fatores como má drenagem,
inundação, manejo inadequado com proliferação de ervas-daninhas, além
de desordens nutricionais, têm sido considerados como predisponentes à
infecção. A disseminação da doença ocorre basicamente pelo contato das
raízes das plantas sadias com as raízes das plantas afetadas e também
com as fontes de inóculo, como os tocos remanescentes das plantas
derrubadas. No passado, a mandioca contribuiu para o aumento dessa
doença nos cacauais da Bahia. O fungo não cresce no solo, embora cresça
muito lentamente na planta hospedeira.
O patógeno sobrevive na planta morta e em restos de cultura, como os
tocos.
No cacaueiro é possível visualizar a coloração castanho-avermelhada
em certos estádios de desenvolvimento da infecção e após lavagem do
sistema radicular. Na diagnose, três aspectos devem ser considerados:
a) presença de micélio de coloração característica sobre as raízes, b)
120
aparência do lenho apodrecido, e c) presença dos basidiocarpos do fungo.
A detecção da doença no estádio inicial é difícil porque a parte aérea
apresenta-se aparentemente sadia até que a infecção atinja o coleto da
planta e impeça o transporte de água e de nutrientes para a parte aérea.
Os sintomas observados na parte aérea são os mesmos observados em
cacaueiros atacados pela podridão-negra. Em fase avançada, o sistema
radicular e o coleto encontram-se necrosados e revestidos por micélio,
que ao coalescerem vão se aderindo às partículas de solo e restos vegetais
para formar uma crosta revestida por uma película de coloração escura.
Tal película, em contato com os dedos, desprende-se facilmente, deixando
exposto o micélio esbranquiçado do fungo sobre a casca.
As medidas de controle integrado são as mesmas recomendadas para
a podridão-negra. Porém, na fase inicial da doença, pode-se aplicar cal ou
calcário, na proporção de 2 kg por planta, inclusive nas plantas
circunvizinhas. Esta prática pode ser feita após a remoção de planta morta.
Seis meses após pode-se efetuar replantio.
121
BENEFICIAMENTO DA MANDIOCA E AGREGAÇÃO DE
VALOR AOS SEUS DERIVADOS
José Jorge Siqueira Bahia
A mandioca é uma cultura considerada como a, mas versátil das
tuberosas tropicais. Encontrada sobre várias condições de manipulação
e processamento, oferece uma gama de produtos e sub-produtos aos
mercados consumidores, para a industria, o processamento concentrase em farinha. As etapas ou operações unitárias do processamento de
farinha de mandioca são: colheita, transporte, descascamento e lavagem,
ralação ou moagem, prensagem, esfarelamento, secagem, classificação
e embalagem. Calcula-se que cerca de 80% das raízes sejam consumidas
para este fim, a maioria em farinheiras não formais, distribuídas por todo o
Brasil. Cerca de 3% podem ser contabilizados formalmente como sendo
destinadas à extração de fécula e suas modificações. O restante vai para
a alimentação animal. Por outro lado, a partir de 1997, com a
disponibilização e a introdução de novas tecnologias que permitiram novos
estabelecimentos de industrias de processamento de palitos pré-cozidos
e congelados, houve um aumento significativo de industrialização do
processamento culinário artesanal, valorizando as raízes, mas levando a
uma tendência de diminuição do volume comercializado do produto in
natura. Dentro da industrialização da mandioca, temos como produto
principal à farinha de mandioca, cuja fabricação é generalizada, sendo um
alimento amplamente apreciado pelos brasileiros, que dela se servem de
várias maneiras, de acordo com os costumes das diversas regiões. No
país, a variabilidade de tipos de farinhas é muito grande, o que dificulta em
muito a comercialização. Essas diferenças dependem das características
de variedades, mas principalmente, do processamento. Fornos muito
CEPLAC/CEPEC/NUCEX-ITABUNA. E-mail: [email protected], (73) 3211-2563
122
quentes ou frios, cargas elevadas ou muito pequenas, prensagem mais
ou menos intensiva são fatores que podem influenciar o padrão da
farinha. Essas variações tornam quase impossível a proposta de um
padrão nacional de qualidade. De origem indígena, o processamento
da mandioca para obtenção de farinha ainda guarda alguns vestígios
dessa origem. A farinha d‘água é muito comum no norte do Brasil e a
desintegração da raiz é facilitada pela fermentação em água. As raízes
fermentadas são mais fáceis de descascar e podem ser desmanchadas
sem necessidade do ralador.
Outros produtos da mandioca: beijos, tapioca, carimã ou massa puba,
tucupi, tacacá, amidos modificados, dextrinas, glicose, xarope de glicose,
polvilho, doce e azedo, produtos de panificação e massas, massas mistas
em percentagem que variam de 10 a 15% para pão até 35% em macarrão,
farinha de raspas. Com mais de 300 sub-produtos aproveitados
comercialmente, permitindo uma agregação de valor ao cultivo da
mandiocultura. Recentemente, com a utilização do resíduo, a manipueira
ou água vegetal, considerada até há pouco tempo, poluente, constituí-se
hoje, numa nova fonte de renda com sua utilização como: bioinseticida,
biofungicida, bioacaricida e biofertilizante.
123
PAISAGISMO E JARDINAGEM
Noemia Pinheiro de Almeida
COMO PROPAGAR AS PLANTAS ORNAMENTAIS
Novas mudas podem ser obtidas por sementes ou por partes do
vegetal (propagação vegetativa). Neste caso, as plantas que se formarão
serão idênticas à planta que lhes deu origem (planta mãe).
SEMEADURA NO LOCAL DEFINITIVO
A propagação por sementes produz uma grande quantidade de novas
plantas, e requer pouco esforço. Com custo de alguns pacotes de
sementes, é possível obter-se uns canteiros coloridos de flores, semeandose diretamente no solo.
a. Defina as áreas a serem semeadas individualmente, e coloque terra
de boa qualidade, passe o ancinho sobre a superfície do solo.
b. Faça a semeadura a lanço, se for material da mesma cor, ou faça
fileiras se quiser separar e distinguir cores.
c. Cubra as sementes com terra. E se quiser marque cada área com
etiqueta impermeável.
d. Depois de germinadas faça o raleamento do excesso.
SEMEADURA EM SEMENTEIRA
a. Faça a semeadura em sulcos, assim será possível distinguir com
facilidade as mudas das ervas invasoras jovens.
b. Faça a repicagem usando uma vareta e selecionando as melhores
mudas.
Técnica em agropecuária - paisagista
124
c. Deixe as sementes com revestimento duro na água durante uma
noite. Para reforçar a absorção da água, lixe as muito duras antes de colocálas de molho.
PROPAGAÇÃO POR ESTOLHOS
Os estolhos são ramos que saem da planta e em contato com a terra
emitem raízes. A partir desses ramos surgem novas plantas. Quando estas
atingirem um tamanho adequado, podem então ser separadas da plantamãe (ex: clorofito, barba de judeu, juventude, etc.), Para separá-las, basta
cortá-las e colocá-las em outro vaso.
PROPAGAÇÃO POR RAÍZES AÉREAS
Algumas plantas (ex: filodendros e outras trepadeiras) emitem ao longo
do caule pequenas raízes. Estas plantas podem facilmente ser propagadas,
bastando apenas que se corte um pedaço de caule com um número
razoável de raízes, incluindo algumas hastes e folhas.
PROPAGAÇÃO POR DIVISÃO
Exemplo de plantas que podem ser reproduzidas por divisão: sanseviera,
palmeira areca bambu, palmeira rafis grama e muitas outras que possuem
caules subterrâneos (rizomas). Para propagá-las, basta separar partes
do rizoma que possuam gemas. Estas gemas é que darão origem a novas
mudas. Também as plantas que possuem tubérculos e bulbos subterrâneos
podem ser multiplicadas por divisão.
PROPAGAÇÃO POR BROTOS
É bastante fácil em cactos e outras plantas suculentas (ex: agave,
eufórbia, etc.). É só separar um broto da planta e enterrá-lo em local
adequado. Devemos ter um especial cuidados com plantas que
naturalmente soltam látex, pois geralmente são venenosas.
125
PROPAGAÇÃO POR ESTACAS
As estacas são pedaços de caule ou de ramos que enterrados, produzem
raízes que dão origem a novas plantas. Para algumas espécies o
enraizamento é difícil e muitas vezes ocorre naturalmente. Existem à venda
pós de enraizamento (hormônios), que fazem com que a formação de raízes
seja mais rápida. Neste caso, as bases das estacas devem ser mergulhadas
no pó e em seguida enterradas. A umidade é um fator importante para o
enraizamento das mudas. Por isso, mantenha a terra sempre úmida, porém
não encharcada. As plantas herbáceas, isto é, com caules mais flexíveis,
enraízam mais fácil do que as de caules lenhosos (plantas com caules
duros). Um bom meio de promover o enraizamento das estacas é plantálas em caixa de areia, tomando-se o cuidado de mantê-la sempre úmida.
PROPAGAÇÃO POR FOLHAS
Exemplos: begônias, sanseviera, gloxínia, violeta e outras. Estas plantas
têm relativa facilidade de se reproduzirem através de folhas ou mesmo
pedaços de folhas. Novas mudas de sanseviera (espada de são Jorge)
podem ser obtidas cortando-se uma folha em pedaços e enterrando-os
verticalmente. Em breve estes pedaços enraízam na base e dão origem a
novas plantas. A única diferença é que as novas mudas não possuem os
bordos amarelados das folhas. Para as begônias, basta fazer pequenos
cortes ao longo das nervuras da folha. Os cortes devem ser a intervalos
de 3 a 4 cm. Em seguida, a folha deve ser colocada com a parte inferior
em contato com a terra, que precisa ser mantida úmida. Para a folha ficar
bem junta com a terra, coloque sobre ela algumas pedrinhas ou pequenos
pesos. Quando a folha começar a secar, surgem dos cortes as novas
mudinhas, que com o tempo, desenvolvem raízes suficientes para serem
transplantadas. As gloxínias e outras plantas que possuem folhas
suculentas e nervuras salientes podem ser reproduzidas do mesmo modo.
ÁRVORES DENTRO DE CASA
Existe uma variedade grande de árvores nativas de nossas florestas,
que podem ser cultivadas dentro de casa. Elas dão um efeito bastante
126
criativo na decoração de ambientes, fugindo-se assim das opções mais
comuns.
Por árvores, podemos entender plantas de grande porte e, segundo
esta definição, temos desde as enormes diefembaquias até árvores como
a cabreúva e os pinheiros. Para tê-la dentro de casa, é necessário que
haja condições específicas de temperatura, umidade e principalmente,
luminosidade. É mais conveniente colocá-las próximas a janelas
ensolaradas, e deve-se ter em mente que os vasos devem ser de tamanho
proporcional ao porte das plantas e permitir que as raízes se desenvolvam
livremente. A terra deve ser fértil e a cada dois anos renovada.
Alguns exemplos de árvores que podem ser cultivadas dentro
de casa:
Cheflera (Schefflera): é natural da Austrália, onde são sempre verdes
e podem atingir mais de 30m de altura (no solo). Suas flores são vermelhas
e surgem no verão, porém, estas plantas dificilmente florescem quando
estão em ambientes fechados e pouco iluminados. Necessitam de
temperaturas elevadas e de ambiente protegido de correntes de ar. No verão
precisam ficar em local iluminado, porém, protegidos dos raios solares
diretos. As regas devem ser moderadas e no período de repouso (inverno)
devem ser mantidas secas. O solo deve ser rico e com boa drenagem.
Cabreúva ( Myrocarpus frondosu): apresenta forma arredondada,
atingindo até 15 m de altura. Floresce em outubro e suas flores são de coloração
creme-amarelada. O tronco tem coloração cinza-pardo e, normalmente, tem
80 cm de diâmetro. De preferência, devem permanecer próximas à janela,
num local bem arejado e protegido de correntes de vento. As regas devem ser
moderadas e freqüentes e o solo composto de uma mistura de terra vegetal e
argila. As podas devem ser ligeiras e apenas utilizadas para eliminar os ramos
secos e deformados. A maneira mais rápida e fácil de obter mudas é através
de sementes, que germinam sob a árvore adulta.
Fícus Benjamina, F. Deltóidea, F. Elástica, F.Lyrata, F. Religiosa,
F.montana e outras: existem plantas com folhas grandes e pequenas e
com formas diversas. De modo geral, necessitam de temperaturas
superiores a 18ºC, boa iluminação, devendo ser orientadas para a luz direta
do sol. No inverno, a temperatura não deve ser inferior a 12ºC, e nesta
127
época as regas devem ser moderadas. A umidade é importante e por isso
é aconselhável pulverizar sempre as folhas com água. O solo deve ser de
boa fertilidade e ligeiramente calcário. As adubações são importantes e
devem ser feitas quando a terra for renovada.
Dracenas: embora não sejam árvores típicas, muitas espécies quando
bem tratadas atingem grande porte e o tronco, por vezes, torna-se bastante
grosso.Elas são plantas resistentes, necessitando poucos cuidados. Por
isso, são especialmente recomendadas para ambientes internos. A
quantidade de luz que precisam é pouca: embora gostem de locais bem
iluminados, não toleram sol direto. A maioria das espécies prefere
temperaturas amenas, que vão dos 15 aos 18°C. As regas devem ser
moderadas e freqüentes, cuidando-se para que a terra não fique por muito
tempo ressecada. A terra usada deve ser rica em matéria orgânica. Com
estas condições, obtém-se plantas vistosas e muito decorativas. As
espécies mais utilizadas para decoração são: Dracena drago (dragoeiro):
D.fragans; D.goseffiana; D.marginata. D.sanderiana e outras.
BIBLIOGRAFIA
Plantas e flores - Editora Três
Flores e Plantas no lar -PEREIRA Aldo
Dicas e Sugestões de Jardinagem - Editora Nobel
Plantas Ornamentais no Brasil LORENZI Harri / MOREIRA DE SOUZA
Hermes.
128
O DENDEZEIRO COMO CULTURA ENERGÉTICA PARA OS
TRÓPICOS ÚMIDOS
Jonas de Souza
As reservas mundiais de petróleo conhecidas concentram-se no Oriente
Médio (64%) e diminuem à medida que aumenta o consumo em nível
mundial.
Jonas de Souza, Chefe do CEPEC/CEPLAC, <e.mail [email protected]>
129
A produção em larga escala de energia a partir da biomassa torna-se
cada vez mais importante, especialmente nos países tropicais com
abundante disponibilidade de área, água e energia solar. O dendezeiro
representa hoje a melhor opção para atingir as metas da Lei 11.097; 2005
em função do seu alto potencial de produção por unidade de área,
chegando a mais de 5 toneladas de óleo por hectare/ano.
•Lei 11.097/2005: Estabelece percentuais mínimos de mistura de
biodiesel ao diesel e o monitoramento da inserção do novo combustível
no mercado.
2008
a
2012
Mercado Potencial:
800 milhões de
Litros/ano
Mercado Firme:
1 bilhão de
Litros/ano
Mercado Firme:
2,4 bilhões de
Litros/ano
Brasil é o país que apresenta as melhores condições em função da
alta disponibilidade de terras aptas para o seu cultivo, localizadas na região
amazônica e na região da mata atlântica no estado da Bahia e do completo
conhecimento da tecnologia de produção de óleo a partir desta palmeira
e possui mais de 70 milhões de hectares com condições de solo e clima
adequados ao seu cultivo. Por outro lado, esta é a única espécie perene
que, como a floresta, garante conservação ambiental e produção
sustentada.
Somente na Região Sudeste da Bahia, que depende quase que
exclusivamente da monocultura do cacau, há cerca de 1 milhão de
hectares, remanescentes da mata atlântica, próprios à cultura do
130
dendezeiro, com potencial de produção de 4 a 6 milhões de toneladas de
óleo, equivalentes a aproximadamente 25 milhões de barris de petróleo
por ano, ou mais de 65 mil barris diários. Cem mil empregos diretos
poderiam ser criados somente no setor agrícola.
Como em todo cultivo arbóreo perene, a implantação de dendezais não
é um projeto de maturação econômica imediata, pois a palmeira começa
a produzir a partir do 3° ano e atinge o seu pleno potencial a partir de
sétimo ano de campo. A consorciação de espécies vegetais de ciclo
curto oferece amplas possibilidades de antecipação de renda e rápida
remuneração do capital, além de incentivar a criação de novos pólos de
produção de alimentos.
Experimento conduzido na Estação Experimental Lemos Maia, em Una,
demonstrou a ampla possibilidade de produção de combustíveis de
biomassa e alimentos a partir da combinação de culturas no processo de
estabelecimento de dendezais. Os intercultivos abacaxi, mandioca e
pimenta do reino foram plantados nas estrelinhas do dendezeiro (7,8m).
Estes cultivos promoveram renda em curto prazo, com recuperação e
remuneração antecipadas do capital investido. O abacaxi foi o mais eficiente
intercultivo proporcionando um ponto de nivelamento econômico (receita
bruta igual à despesa bruta) em um período inferior a dois anos. A mandioca
reduziu, no mesmo período 50% do investimento total de capital no plantio
misto, além de reduzir os custos com o controle de ervas daninhas.
As culturas intercalares aceleraram ainda o crescimento do dendezeiro,
em seus estágios iniciais de estabelecimento e, posteriormente
promoveram maiores produções de cachos por ha em relação ao cultivo
tradicional.
O dendezeiro como cultura alimentícia e ou/energética, pode se constituir
em um empreendimento estratégico e de alta viabilidade econômica. No
caso especifico da produção de biocombustíveis, cultivar dendê em sistemas
agroflorestais é um projeto de resultados duradouros - provavelmente mais
baratos - do que perfurar poços de petróleo no Brasil.
Uma rápida análise destes números conduz à evidente conclusão de
que a alternativa dos óleos vegetais não pode ser desprezada como real
contribuição ao equilíbrio das contas do país, a geração de empregos e a
produção de alimentos. É importante ressaltar que a substituição do óleo
diesel por óleos vegetais transesterificados não requer qualquer
modificação nos motores de ciclo diesel e que a produção destes óleos
pode ser realizada em pequena escala e próxima aos locais de consumo.
131
A CEPLAC, através do CEPEC testou três intercultivos bem sucedidos,
mas são muitas as oportunidades de plantio combinado de dendezeiros e
espécies vegetais produtoras de alimentos, fibras e até outras fontes de
matéria prima para combustíveis. Em sua fase produtiva o dendezeiro
poderá ainda se consorciar a animais para produção de carne, como
bovinos e ovinos deslanados, sendo, para isto, necessário algumas
pesquisas visando à produção combinada de forrageiras tolerantes à
sombra.
132
CRIAÇÃO DE AVESTRUZ
Eduardo Simões de Oliveira
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho visa prioritariamente promover uma coletânea de
informações sobre a Criação de Avestruz, obtidas quando em visitas a
criatórios assistidos tecnicamente pela CEPLAC, pelas declarações de
outros criadores que tivemos oportunidade de contatar, as informações
ilustrativas de alguns criatórios, pioneiros na introdução, com sucesso,
desta magnífica ave da Família Ratita (Aves não voadoras).
O contato inicial com a criação ocorreu a partir da busca de Agricultores
pôr orientações, sobre essa atividade e, possibilidade de diversificar a
pecuária, e as perspectivas desta nova opção.
INTRODUÇÃO
A criação de Avestruz iniciou-se no Brasil a partir dos anos de 95/96,
através da importação de diversas matrizes e filhotes (em numero de 300),
e face ao aumento vertiginoso de criadores, criou-se à necessidade de
um posicionamento pôr parte das autoridades fiscalizadoras quanto ao
controle sanitário destas criações, levando a uma suspensão destas
importações até a ocorrência de definições sobre o adequado controle e
suas manifestações na forma de lei específica, passando a ter nova
denominação de animal “Silvestre” para animal “Exótico”, o que levaria
num futuro próximo à caracterização de animal “Zootécnico”, enquadrado
no “Plano Nacional de Sanidade Avícola”, e por conseguinte com direito de
importação, desde que atendendo a legislação em vigor.
* Engenheiro Agrônomo, CEPLAC/CENEX/ Escritório Local de Una.
133
HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS
A Avestruz (Struthio Camelus sp.), é de origem Egípcia e depois
dispersando para a África, pertencente à família das “Ratitas” (aves que
não apresentam a capacidade de voar), que se caracterizam pôr seu
grande porte podendo atingir 2,8 m de altura e pesar acima de 150 kg,
serem longevas atingindo até 70 anos e uma excelência reprodutiva em
torno de 40 anos, porém nunca perdendo a fertilidade.
O nome Struthio Camelus provém de duas importantes características do
avestruz, correr em zigue-zague para escapar de predadores (Struthio) e
ser altamente resistente à falta de água (Camelus).
O início do interesse comercial desta ave dista de muito tempo (épocas
Faraônica e Romana), visando única e exclusivamente à utilização de suas
plumas de características puramente ornamentais (perfeita simetria e
beleza), e as cascas dos ovos para transporte de água quando em longas
travessias no deserto e em face de elevada demanda de plumas no século
passado, aconteceu o incentivo para instalação de criações domesticas, e
como conseqüência provocou a redução das populações naturais e os animais
fruto destas criações iniciais de forma extensiva não eram abatidos e sim
utilizados para a retirada anual de plumas para posterior exportação para
Europa e Estados Unidos.
A débâcle (derrocada financeira) de Wall Street no inicio do século XX,
provocou uma diminuição da excitabilidade mercadológica das plumas,
levando a uma redução pôr muito tempo, do interesse pelas criações, que
só ocorreu após o advento das duas grandes guerras, com a busca pôr
uma alimentação alternativa de momento, levando a pesquisa a identificar
as qualidades positivas da carne de avestruz, que apresenta em relação
comparativa com as demais (bovina, suína e frango) características bem
mais saudáveis de gordura e colesterol além de sabor similar à da bovina.
Com o descortinar da vantagem, de se consumir a cada vez mais,
uma alimentação comprovadamente saudável, iniciada na década de
sessenta, reiniciou-se os trabalhos em prol do desenvolvimento de
tecnologias racionais de criação de avestruz (Estrutiocultura), haja vista a
certeza quanto à valorização da carne, o reconhecimento das qualidades
majestosas de seu couro e o retorno da utilização das plumas já
historicamente conhecidas, tudo isto aliado à elevada relação de
rendimento, obtido pôr área deste produto, em nível de criação
(produtividade = Kg/ha) propiciando perspectivas ao criador, de auferir
134
interessantes rendimentos, pois toda carne comercializada no presente
momento, encontra fácil colocação no mercado, a preços extremamente
compensadores pôr quilo no mercado Mundial, e em relação ao Brasil o
mercado de São Paulo tem se apresentado como potencial consumidor, o
couro cotado em nosso mercado variando entre R$700,00 a R$ 1.200,00
por unidade processada, sendo utilizado pôr grandes Estilistas no mundo,
na confecção de bolsas, sapatos, cintos, casacos e outros, direcionado
ao comercio de pessoas de elevado poder aquisitivo, e as plumas de
reconhecida beleza e com característica de ser antimagnética, (sua
eletrostática amplia a capacidade de absorção de poeira, pôr isso limpa
totalmente as superfícies tratadas) comercializadas como adorno e para
o fabrico de espanadores de pó, com franca utilização na industria de
aparelhos elétricos e eletrônicos, variando seus preços entre R$ 10,00 a
R$ 90,00 por quilo a depender da utilização a ser dada.
Outro produto bastante interessante de comercialização, os ovos não
fertilizados vendidos para o fabrico de artesanato, na forma de peças
decorativas, atingindo excelente valor.
RAÇAS COMERCIAIS
Definem-se comercialmente três raças:
Black Neck – Pescoço Preto mais conhecido como African Black é um
animal domesticado (Struthio Camelus Domesticus) fruto de seleção
empírica feita pêlos sul africanos ao longo dos últimos 150 anos.
Red Neck – Pescoço vermelho, é uma ave mais agressiva, que pode
chegar a atacar pessoas uma vez se sentindo ameaçada.
Blue Neck – Pescoço Azul, é uma ave também agressiva, não gosta do
convívio com pessoas nem com outras raças de avestruzes.
A classificação acima esta direcionada a cor da pele dos adultos, porém
todas as raças possuem como característica comum, a mesma coloração
de penas, sendo os machos predominantemente pretos com a extremidade
das plumas principais brancas e as fêmeas cinza amarronzadas.
A raça Black Neck, também chamada de “African Black”, é na verdade
uma raça domesticada, que recebe preferência dos fornecedores de
plumas, enquanto a raça Blue Neck, tem como característica principal
seu grande porte, sua similaridade com a Red Neck.
Com o interesse crescente pela carne da avestruz, a tendência foi o
135
cruzamento entre raças, para a obtenção de um maior peso de abate,
surgindo então a raça “Blue Black”, que se apresenta como uma melhoria
genética, unificando características positivas de seus elementos paternais
(predecessores), tais como maior fertilidade e precocidade (maior numero
de ovos e inicio de postura precoce), docilidade (manejo mais simples),
alta densidade de plumas (maior ganho com esta venda).
SANIDADE
A característica de elevada rusticidade e longevidade da Avestruz, leva
aos pesquisadores pelo seu Histórico evolutivo, a considerar esta ave o
ser de maior capacidade imunológica do Reino animal, justificando a
elevada perenidade de sua raça, bem como a elevada capacidade de
adaptação a uma grande diversidade de ecossistemas. O que não implica
na falta de cuidados normais e corriqueiros na condução do manejo de
uma criação.
Medida fundamental para a manutenção da segurança sanitária reside
no total impedimento de criação de outras espécies de aves na área, pois
se apresentam como potenciais fontes de transmissão de doenças infectocontagiosas.
Outras medidas tais como, instalação de reservatórios de higienização,
também chamadas de “Rodolúvios”, na entrada dos criatórios e
reservatórios menores, os “Pedilúvios”, na entrada dos piquetes e
instalações gerais para higienização dos calçados dos funcionários e
visitantes que adentrem nos mesmos.
Acrescido dos cuidados normais de higiene (acima), deve-se priorizar
sempre o controle da água e dos alimentos servidos, os cuidados quando
da introdução de novos animais no plantel, criando-se um esquema de
quarentena (mínimo de 04 semanas de isolamento). Na região cacaueira
do Sul da Bahia, pelas suas características de elevada umidade, evitar
toda a possibilidade de formação de alagamentos, poças e similares na
área dos piquetes, mantendo sempre uma condição mínima de drenagem.
Evitar transportar e manter junto, aves de idades e tamanhos diferentes,
precavendo-se contra traumatismos, evitando também o excesso de
tráfego e visitações no criatório, pois é característica marcante o estresse
causado pelas movimentações.
Com relação à sanidade é bom realçar que as vacinações, em
136
avestruzes ainda não é coisa totalmente definida, pois os resultados
laboratoriais podem acusar vírus patogênico, na amostra vacinal ou amostra
patogênica como resultado de exames, levando por tanto, a não ser
compulsória no Brasil a vacinação contra Newcastle, contra influenza aviária
o país não possui vacina, aliais, não existe nenhum registro de vacina para
avestruz e a Febre Hemorrágica Criméia Congo, que tem no carrapato
seu agente principal, não se apresentou, no Brasil, nenhum caso.
PRINCIPAIS DOENÇAS SEUS SINTOMAS TRATAMENTO/
PROFILAXIA
Influenza Aviária - Erradicada do Brasil, porém, o avestruz é
hospedeiro, apesar de não contrair a enfermidade, por isso o risco para o
plantel avícola brasileiro de importações descontroladas, sugere-se a
importação de ovos, pois isso reduz o risco de introdução de novos
patógenos de endo e ecto parasitos.
Newcastle – Como sintoma constata-se catarro, bronquite e
perturbações nervosas, às vezes com tosse e espirro, os ovos apresentam
casca fraca e forma irregular. A profilaxia reside no isolamento das aves
doentes e sacrifício das que apresentam sintomas nervosos, desinfecção
dos abrigos e queima das camas.
Doenças diversas
São classificadas como doenças diversas, aquelas ocasionadas pelo
manejo inadequado da criação e são caracterizadas pela apresentação
das seguintes sintomatologias: Raquitismo, Rotação tibiotarso, Impactação,
Ingestão de corpos estranhos, traumatismos, diarreias, verminoses.
O “raquitismo” é fruto de alimentação errônea sem o devido
balanceamento nutricional. “Rotação Tibiotarso” resultado de excesso de
proteína, fatores nutricionais, contaminações infecciosas, localização
errônea de cochos e qualidade de pisos. “Impactação” é proveniente do
consumo de alimentos impróprios que se acumulam no ventrículo, próventrículo e intestinos cessando a movimentação digestiva.
Ingestão de corpos estranhos e traumatismos relacionam-se ao
137
manejo e instalações inadequados, como por exemplo, os pisos
cimentados muito lisos que promovem escorregões com muita facilidade,
atentando também com relação ao piso de concreto que o mesmo eleva
muito a sensação de frio nas aves novas o que pode gerar forte stress
podendo levar até a morte do animal, por isso é aconselhável o uso de
campânula de aquecimento para o controle térmico.
1. Mercado (perspectivas)
Os mais variados tipos de carnes, sempre têm preferência quando há
sobra no orçamento familiar, destinado a ingestão de proteínas, a carne
bovina apresentando perspectiva de aumento de preço dado à tendência
dos criadores em reter os animais para forçar uma elevação de seus valores
atuais, quanto ao frango, os exportadores animados pela desvalorização
do Real, prevêem aumentos de exportações e recuperação de mercados
externos, a suinocultura beneficiada pelo aumento tanto na taxa de desfrute,
quanto no peso dos animais abatidos, espera novo impulso nas exportações
de carne principalmente para a Argentina e Hong Kong, também pôr conta
da desvalorização da moeda brasileira ante o Dólar.
Apesar do consumo per capita de carnes no Brasil, vir se mantendo
constante nos últimos quatro anos, apresentando como dados os
seguintes: Carne bovina, 34 a 37 kg (01 porção de 90 g/dia), carne suína,
09 a 10 kg, carne de frango 22 a 24 kg, carne de peixe 4,5 kg levando a
se prever que no caso da disponibilidade de outras carnes nobres o
mercado encontra-se aberto para aquisição, consumo e ou exportação
destas.
Consumo (perspectivas)
Consumo/carne
t/ano
Bovino
Frango
Suíno
Pescado
Avestruz 1% relação Boi
Avestruz 1% relação Todos
5.895.000
3.969.000
1.585.000
700.000
58.950
114.490
138
Carne/animal
kg
240
0,96
60
1,2
30
30
Abate Anual
Cabeças
24.562.500
4.134.375.000
26.416.666
583.333
1.965.000
3.816.333
2. Mercado (perspectiva)
Imaginando acertadas as perspectivas do quadro acima, nos obrigaria
a estimar um rebanho previsto em 154 mil avestruzes (1% em relação
Boi) ou 298 mil avestruzes (1% em relação Todos), isto sustentado no
princípio da utilização de casais de aves e não o terno (trio) quando se
utiliza um macho para duas fêmeas (redução de 20% da produtividade
prevista), e numa produção média de 50 ovos pôr ano com um percentual
de fertilidade destes de 80%, percentual de eclosão também de 80% e
índice de mortalidade médio nos primeiros três meses de 20%, ou seja
em condições ótimas 50% de taxa de desfrute.
Exemplo:
- 01 casal → 50 ovos/ano(80% fertilidade) → 40 ovos/férteis (80%
eclosão) → 32 pintos (20% índice mortalidade) → 25 filhotes (50% Taxa de
Desfrute).
Índices Técnicos
Postura
44 / 50 ovos
Fertilidade
73 / 80%
Incubação/Eclosão
80%
Mortalidade (nasc.)
15 / 20%
Taxa Desfrute
50%
20 % perdas
*
Distribuição do lucro, por animal
Discriminação
%
Couro
60
Carne
35
Plumas
5
139
Instalações
A característica principal das instalações, esta relacionada à extrema
simplicidade das mesmas, deve-se inicialmente construir piquetes de
dimensões de 1.000 m² (20m x 50m) podendo também ser de 1400 m²
(20m x 70m) utilizando-se de telas especiais (campestres) com altura de
1,60m não devendo ser soldada as emendas e sim costuradas, para
promover a contenção e integridade das aves, com a preocupação de se
instalar corredores de dimensões variando de 1,5m a 2,0m entre os
piquetes que impossibilitem e ou inviabilizem o contato direto entre as
aves impedindo a ocorrência de possíveis disputas (brigas), e no piquete
instalar cochos de água, ração e sal sem a necessidade de serem
protegidos de intempéries normais(sol e Chuva). Com o resultado do
progresso de manejo dos pastos efetuamos a redução dos piquetes
segundo orientações dos mais experientes para 800m² (20m x 40m) para
acomodar um casal de aves (400 m²/Cab.) e temos constatado
considerável sobra de forrageiras quando da rotação dos mesmos.
No caso de se optar pela cerca de arame liso, promover um
distanciamento entre os fios de 10,15 e 20 cm atentando para a altura de
1,60m ou 1,80m.
Temos visto em outras propriedades a opção de se utilizar unicamente 5
fios de arame liso distanciados a 25 cm apresentando espaçamento entre
mourões a cada 6 metros e balancins distanciados a cada 1,5 metros,
ficando para o futuro a responsabilidade de registrar o sucesso ou fracasso
da instalação.
Outra curiosidade interessante, está na formação de colônias de animais
em piquetes em numero de 02 com capacidade de abrigar 30 animais
medindo [180 X 200 metros] cada um, deixando para este tipo de colônia
uma única sugestão, de se utilizar animais em desenvolvimento, pois no
caso deles se encontrarem em fase de reprodução dificilmente se teria a
certeza dos casais geradores e fertilizadores dos ovos produzidos.
Nos piquetes implantar gramíneas resistentes ao pisoteio e de porte
baixo bem manejados e fertilizados, atentando para manter uma altura
mínima de pastejo.
No intuito de se promover a melhoria da qualidade nutritiva das
pastagens, introduzir leguminosas em consorcio com a gramínea, optando
por aquela que apresente característica de agressividade, facilidade de
implantação e pegamento, perenidade e disponibilidade de se adquirirem
140
mudas em nossa região, aliado ao excelente potencial nutritivo do mesmo.
O amendoim forrageiro registra índices 60 a 70 % de digestibilidade e 19%
de proteína bruta.
Peculiaridades
Origem
África
Plumagem
Macho – Penas Pretas
Fêmea – Penas Cinza Amarronzadas
Altura
2,20m a 2,80m
Peso
110 kg a 150 kg
Alimentação
Pasto e Ração (concentrado)
Peso médio do ovo
1.230 g / 1.525 g
Produtividade Média
60 ovos / ano
Produção de Plumas
1,20 kg / ano
Carne
35 / 40 kg de carne limpa c/ 12 meses
Incubação
42 / 43 dias
Longevidade
Até 70 anos
Fertilidade Plena
Até 40 anos
Produção de couro
1,2 m²
Comparativa Pecuária x Avestruz x Ovino
Espécie
Bovino
Avestruz
Ovino
Gestação/Incubação (dias)
280 dias
42 dias
150 dias
Crias
01 bezerro
20/30 aves
1,5 cordeiro
Idade de abate
645 dias
407 dias
269 dias
kg de carne abate
240 kg
1.217 kg
30 kg
Couro (m2)
3
24/36
0,75
Plumas (kg)
-
28/30
-
Vida economicamente ativa
10 anos
20 a 40 anos
5 anos
141
Valores Nutricionais Comparativos da Carne (100 g)
Gordura Protídeos Lipídeos Colesterol Calorias
(mg )
(mg)
(Kcal)
(mg )
(%)
Bovino
Suino
Frango
Avestruz
Peru
Javali
Ema
9,3
9,7
7,4
2,8
5,3
2,8
3,1
27
28
32
26
22
-
18
22
04
02
02
91
99
86
63
76
45
57
282
324
165
114
170
160
105
Ferro
(mg)
Proteína
(%)
3,0
1,1
1,2
3,2
1,8
2,1
-
29,9
29,3
28,9
26,9
29,3
22
22,9
ALIMENTAÇÃO
No tocante a alimentação desta ave, deve-se considerar o consumo de
pedras/pedregulhos a serem ingeridos pelas aves até a armazenagem
total de 1,5 a 2,0 kg e localizadas no ventrículo, para auxílio na digestão
dos alimentos, que devido ao desgaste natural destas pedras devem ser
repostas.
A alimentação consiste basicamente de pasto (gramíneas e
leguminosas) além de ração balanceada.
1- Pastagens:
Proporcionalmente as avestruzes pastam mais e com maior eficiência
do que o gado, tendo o hábito de pastejar similar ao das ovelhas,
privilegiando pastos baixos.
Qualquer gramínea ou leguminosa é bem aceita. Quanto mais nutritiva
for a pastagem, menor o consumo de ração.
Na ausência de pasto, deve-se fornecer capim elefante ou Cameron
picado.
2- Ração:
Peletizada dá um melhor aproveitamento, menor desperdício e,
maior homogeneidade dos nutrientes e vitaminas.
Como as necessidades nutricionais se modificam de acordo com a
idade, deve-se usar diferentes composições de ração para
acompanhar estas modificações.
142
Existem no mercado rações específicas para avestruzes.
Consumo Médio de Ração
- 01 a 08 semanas de idade*
0,25 a 0,50 kg/cab/dia
- 09 a 16 semanas de idade
0,50 a 1,00 kg/cab/dia
- 17 a 24 semanas de idade
1,00 a 1,40 kg/cab/dia
- 25 a 42 semanas de idade
1,40 a 1,60 kg/cab/dia
- Acima de 42 semanas:
1,60 a 1,80 kg/cab/dia
MANEJO
Captura / Contenção:
Ao se promover algum trato às aves, deve-se proceder a captura
utilizando-se do gancho apropriado para esta finalidade, de forma nenhuma
se deve utilizar cordas ou quaisquer outros instrumentos que venha a
dificultar a livre respiração destes ou promover traumatismos ao longo
do pescoço da ave, a operação deve ser rápida, colocando-se um capuz
que vede a passagem de luz, gerando um estado de tranqüilidade ao
animal, reduzindo as movimentações, atentando sempre para que
quando deste trabalho seja utilizado o mínimo de duas pessoas para
execução da tarefa, e em animais maiores e muito pesados, trabalhar
com o mínimo de três pessoas para capturar e conter a ave, sempre
imobilizando pêlos lados pois o chute frontal pode gerar enorme perigo
para quem lida com a ave.
CRITÉRIOS BÁSICOS PARA INGRESSAR NA ATIVIDADE
Quando da aquisição de animais além de consultar Profissionais de
reconhecida competência, deve visitar criatórios de sucesso para observar
a produtividade do plantel, manejo, consangüinidade, defeitos genéticos,
experiência do criador.
143
APICULTURA COMERCIAL NO SUL DA BAHIA
Ediney de Oliveira Magalhães
A exportação de MEL aumentou 14 mil%, passou de R$ 700 mil, em
2001 para R$ 138 milhões, em 2004. De 18 toneladas em 1999, passou
para 40 mil toneladas em 2004, já são 500 mil Apicultores no Brasil, 2,5
milhões de colméias instaladas.
No Estado da Bahia, durante os últimos dez anos a produção apícola
deu um salto de 550 toneladas para 4.000 toneladas, colocando o estado na
8ª posição no ranking nacional. O número de apicultores, no mesmo período,
passou de 680 para 5.200. Os números evidenciam o grande interesse dos
produtores para a criação de abelhas em todo o Estado da Bahia.
No sul da Bahia, a produção de mel e pólen vem se destacado em
diversos municípios a exemplo de Una, Canavieiras, Ilhéus (pólen) e Santa
Cruz da Vitória, Teixeira de Freitas (mel). São 1.200 apicultores organizados
em 22 associações de apicultura e 2 cooperativas, uma de mel (Santa
Cruz da Vitória) e outra voltada para a produção de pólen (Canavieiras).
O dados acima, demonstram o quanto à atividade apícola cresceu nos
últimos anos, gerando novas oportunidade de trabalho e renda para uma
parte significativa das comunidades com baixo poder econômico e a
CEPLAC vem tendo um papel importante neste processo, atuando em
diversas vertentes da cadeia produtiva.
Os diversos ecossistemas no sul da Bahia permitem a produção de
mel, pólen, própolis, geléia real, apitoxina (veneno das abelhas), para
tanto basta que os apicultores conheçam bem a potencialidade da cada
região onde será instalado seu empreendimento. Para facilitar essa
compreensão, dividimos o sul da Bahia em cinco grandes áreas de acordo
com a sua potencialidade apícola.
Engenheiro Agrônomo, com mestrado em Desenvolvimento e Gestão Ambiental,
responsável pelo Setor de Apicultura do Centro de Pesquisas do Cacau – CEPEC. Email: [email protected] Tel: (73) 32143250
144
1 - Litoral do sul da Bahia: área indicada para a produção de pólen
em decorrência das grandes floradas das palmáceas, em especial os
coqueiros e as áreas de restinga. Os apicultores podem também produzir
própolis e mel. Para a produção da própolis, os manguezais são
fornecedores em abundancia de resinas, cujo produto final é uma própolis
vermelho com grande ação terapêutica, já comprovada através de
estudos pela UNICAP. Com relação a produção do mel, trabalhos
realizados pela CEPLAC, verificaram um teor de umidade em torno de
19 a 20%, sendo o ideal 17%. Isto não inviabiliza a produção deste produto
nesta áreas, apesar do produto necessitar de cuidado especiais com
relação ao seu armazenamento e tempo em prateleira.
Figura 1 – Apiário instalado em manguezais.
2 – Áreas de Transição: são localidades onde o índice pluviométrico
é baixo e se constata a presença de vegetação rasteira (pasto sujo) e
capoeiras. São áreas indicadas para a produção de mel, pode-se citar
como exemplo os municípios de Santa Cruz da Vitória, Floresta Azul,
Dario Meira.
145
Figura 2: Área de Transição em Floresta Azul.
3 - Áreas com grandes concentrações de plantio de cacau: Nestas
áreas as abelhas aproveitam as árvores de sombreamento para a produção
de mel e pólen. São localidades com umidade alta, onde o apicultor deve
ter o máximo de cuidado para que não ocorra a podridão européia (doenças
causadas por bactérias). É possível também a exploração da própolis
nestas áreas. O cajá é grande fornecedora de néctar e pólen. A floração
do cajá ocorre nos meses de novembro e dezembro, neste período o
apicultor pode deslocar suas colméias para estas áreas, onde poderá obter
uma produtividade média de 800 gramas de pólen por dia, 800% maior do
que a média anual, que é de 100 gramas.
4 - Áreas com plantios de eucalipto: Estas áreas estão localizadas
mais para o extremo sul e são indicadas para a produção de mel, cuja
produtividade pode alcançar 50 quilos por colméias. É possível também a
produção de pólen em determinada época, diferentemente do litoral que
produz o ano todo.
Maiores informações, o produtor poderá fazer contato com a CEPLAC
através dos seus escritórios locais ou ligar para o Centro de Pesquisa
do Cacau, através do número (73) 3214-3250 ou enviar e-mail para
[email protected]
146
CRIAÇÃO RACIONAL DE PEIXES
Marta Emília Moreno do Rosário Caldas
INTRODUÇÃO
O Brasil e a região cacaueira têm um dos maiores potenciais do mundo
para o desenvolvimento da piscicultura, particularmente devido ao seu
clima, diversidade de espécies, quantidade e qualidade de água e tipos de
solo. Essas condições e a carência alimentar da maioria dos brasileiros
torna o potencial da criação de peixes uma exigência social.
TIPOS DE PISCICULTURA
Extensiva
É aquela praticada em reservatórios, lagos, lagoas e açudes que não
foram construídos para o cultivo de peixes, mas para outra finalidade, a
exemplo de bebedouro de animais, geração de energia elétrica etc. Este
tipo de piscicultura apresenta os menores índices de produtividade uma
vez que a alimentação dos peixes depende da produção natural dos
corpos d’água.
A taxa de estocagem utilizada é de um peixe para cada 10 m2.
Semi-intensiva
É a criação de peixes praticada em aguada disponível na propriedade,
geralmente viveiro de barragem, e que o homem contribui com alguns
melhoramentos a exemplo do enriquecimento da água com adubações orgânicas ou inorgânicas, visando aumentar a quantidade de alimentos
naturais - fitoplâncton e zooplâncton, e com a oferta aos peixes de
Bióloga, pesquisadora/CENEX. Email [email protected]
147
subprodutos disponíveis na propriedade tais como mandioca, milho, frutas,
verduras, etc.
A taxa de estocagem utilizada é de 3 a 5 peixes por m2.
Intensiva
Essa criação é realizada em viveiros projetados especialmente com o
fim de se criar peixes. Os viveiros possuem sistema de abastecimento e
escoamento controlados e são povoados com peixes de valor comercial, a
taxa de estocagem é programada como manda uma criação comercial de
alta produtividade e, para aumentar o crescimento dos peixes usa-se, além
da fertilização, a ração balanceada. Para a criação ser economicamente
viável, a ração deve proporcionar elevada conversão alimentar capaz de
promover um crescimento rápido, e o peixe, por sua vez, deve alcançar alto
valor de mercado.
Os parâmetros ligados à qualidade da água nos viveiros devem ser
monitorados através de equipamentos próprios. Considerando a taxa de
estocagem a ser utilizada, necessário se torna a renovação periódica geralmente à noite - da água do viveiro ou a utilização de aeradores para
elevar o nível de oxigênio dissolvido.
A produção estimada é de 10.000 a 15.000 kg de peixe por hectare/ano.
Superintensiva
É a criação de peixes realizada em ambientes confinados - tanques-rede,
fabricados de materiais não perecíveis onde uma única espécie de peixe é
cultivada em alta densidade de povoamento. Os peixes são alimentados
somente com ração balanceada, preferencialmente na forma extrusada.
Os tanques-rede são utilizados em lagos, grandes reservatórios e
em rios de pequeno fluxo. As águas desses locais devem ser livres de
poluição e bem oxigenadas.
Os tanques-rede de volume inferior a 5m³ são os mais recomendáveis
por permitirem troca de água mais eficiente.
Neste tipo de piscicultura cultiva-se peixes de alto valor de mercado, a
exemplo da tilápia, não podendo contar com os alimentos naturais da água.
O Brasil, com mais de 5 milhões de hectares de águas represadas,
surge como o maior potencial do mundo para esse sistema de cultivo de
peixes em água doce.
Para tilápia, a produção estimada varia de 60 a 120 kg/m³.
148
INSTALAÇÃO DE TANQUES E VIVEIROS
Localização
Em uma represa, nascente, ou baixada onde haja controle dos fluxos
de entrada e saída de água, você pode criar peixes. Os principais fatores
a serem observados são:
Tipo de solo
Disponibilidade de água
Topografia do terreno
Proximidade do mercado consumidor
Facilidade de acesso ao local.
Tipos de Solo
O tipo de solo indicado à construção de viveiros é o argilo-arenoso ou
sílico argiloso com composição mínima de 40% de argila, pois não se
encharca tanto como o argiloso e não é tão permeável quanto o arenoso.
Topografia
Devem ser escolhidos os terrenos levemente inclinados ou suavemente
ondulados. A inclinação deve ser inferior a 5% ou seja, a distância de nível
entre dois pontos distanciados em 100m deve ser inferior a 5m por tornar
o custo de construção menor e por facilitar o escoamento da água quando
da drenagem dos viveiros.
Disponibilidade de Água
A quantidade de água necessária para o desenvolvimento da piscicultura
é calculada observando-se a área e a profundidade do viveiro. No
dimensionamento de um projeto deve considerar-se uma vazão suficiente
para encher o maior viveiro em quatro dias , noventa e seis horas, e repor
a água perdida pelos processos de infiltração e evaporação. Esta perda
diária é da ordem de 1cm.
Tipos de Viveiros
Viveiro em piscicultura é um reservatório escavado em terreno natural,
dotado de sistema de abastecimento e drenagem que permita encher ou
secar em um espaço de tempo relativamente curto.
149
Os viveiros são divididos, de forma estrutural, em três tipos:
Viveiros de barragem
Viveiro de derivação
Tanques
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA ÁGUA
As características físicas e químicas da água são fundamentais para
os organismos que nela vivem, pois determinam as condições ambientais
que favorecem o crescimento e a sobrevivência de espécies vegetais e
animais aquáticos.
As variações mais importantes que devem ser monitoradas em cultivo
de peixes são:
Temperatura
A temperatura exerce profunda influência sobre a vida aquática e
desempenha papel preponderante na alimentação, respiração e reprodução
dos peixes. Ela também influência diretamente na disponibilidade de
oxigênio dissolvido regulando o apetite dos peixes. Daí a vantagem das
regiões tropicais para a piscicultura, uma vez que nelas os peixes comem
praticamente durante todo o ano.
pH
É a medida que expressa se uma água é ácida ou alcalina em escala
que varia 0 a 14. O pH intervém freqüentemente na distribuição dos
organismos aquáticos. A respiração, fotossíntese, adubação, calagem e
poluição são fatores capazes de alterar o pH na água.
Oxigênio dissolvido
O oxigênio da água é proveniente da atmosfera e dos vegetais que
ocorrem submersos e que liberam o oxigênio através da fotossíntese. O
oxigênio é consumido pelos animais (como os peixes) pelos vegetais (algas
e plantas aquáticas submersas) e também, pelo processo de decomposição
da matéria orgânica.
Turbidez
As águas naturais não são puras e apresentam uma série de materiais
150
dissolvidos e em suspensão, tais como partículas de argila, detritos
orgânicos e os próprios microorganismos que vivem na água.
Esse conjunto de materiais dispersos na água reduz a penetração da
luz, impedindo que grande parte atinja as camadas mais profundas. Este
efeito de redução de luz ao atravessar a coluna d’água é chamada de
TURBIDEZ.
Sais dissolvidos
Muitas substâncias encontram-se dissolvidas na água. Enquanto
algumas são essenciais para a sobrevivência dos organismos, como o
nitrogênio e o fósforo, outras são tóxicas, como a amônia, e provocam
mortalidade e insucesso nos cultivos.
MANEJO DOS PEIXES NOS VIVEIROS
A produtividade de um viveiro de peixe depende basicamente das
técnicas de cultivo empregadas, das espécies criadas, da disponibilidade
e qualidade da água, das condições de solo, assim como do maior ou
menor grau de dedicação do produtor ao cultivo.
Tipos de cultivo
A capacidade de suporte de um viveiro depende da qualidade da água e
do teor de oxigênio dissolvido que ela contém.
Monocultivo
Neste sistema somente uma única espécie é criada. No Brasil, este
tipo de sistema na maioria das vezes, apenas é praticado onde não existe
oferta de alevinos de diferentes espécies uma vez que as fontes de
alimentos existentes no viveiro ficam subtilizadas por não fazerem parte
do hábito alimentar da espécie cultivada
Policultivo
Praticada quando mais de duas espécies de peixes com hábito alimentar
diferente são cultivadas no mesmo viveiro, explorando melhor as fontes
de alimento existentes.
Neste tipo de sistema deve-se estabelecer a densidade de estocagem
dos viveiros e a proporção relativa ideais das espécies - principal ou
secundária - a serem neles criadas buscando uma maior produtividade.
151
Calagem
Por calagem se entende a aplicação de calcário dolomítico ou cal
virgem, de forma homogênea, no fundo limpo e seco do viveiro para:
Realizar assepsia contra ovos e larvas de predadores e parasitas;
Corrigir o pH do solo ou da água;
Corrigir a turbidez causada pela mineralização da matéria orgânica;
Melhorar a produtividade primária dos viveiros.
A calagem provoca a elevação do pH, aumenta o teor de alcalinidade e
a dureza da água, o que torna mais saudável a vida dos microorganismos
e dos peixes nos viveiros. A calagem interfere nas características físicas e
químicas do solo do fundo dos viveiros, provocando melhor aproveitamento
dos fertilizantes orgânicos e minerais.
Adubação
É uma técnica utilizada para incrementar a produção de alimento natural
no meio aquático ou seja, através da adubação nós forneceremos às algas,
que são as mais importantes produtoras de matéria orgânica de um
viveiro, elementos básicos necessários à fotossíntese - processo através
do qual as plantas clorofiladas - fitoplâncton - transformam materiais
inorgânicos (compostos de carbono, fosfato e nitratos), em materiais
orgânicos (proteínas, hidratos de carbono, gorduras, vitaminas etc.), na
presença da energia solar e da água.
Os adubos mais utilizados na piscicultura são os orgânicos.
Alimentação
Para se obter sucesso na piscicultura é fundamental a administração de
uma alimentação adequada aos peixes. A alimentação tem efeito direto na
sobrevivência, no crescimento e na produção.
O alimento dos peixes necessita conter proteínas, hidratos, vitaminas,
minerais etc. Sem estes elementos os peixes não crescem.
Existem dois tipos de alimentos:
Natural
Artificial
Os alimentos naturais são aqueles produzidos no viveiro e que são
consumidos pelos peixes.
Exemplos de alimentos naturais:
- Fitoplâncton - algas
152
- Zooplâncton - microorganismos animais
- Matéria orgânica morta.
Todos os organismos que vivem em um viveiro, direta ou indiretamente,
participam da produção de carne de peixe.
Os alimentos artificiais são as rações balanceadas para peixes ou
similares, extrusadas, peletizadas ou em pó e todos os subprodutos
agropecuários locais que o piscicultor possa oferecer aos peixes, a
exemplo de raízes, grãos e farelos, verduras, legumes e frutas.
Os peixes crescem mais rapidamente quando há disponibilidade de
alimentos. O crescimento pode paralisar quando há escassez de
alimentos, sejam eles naturais ou artificiais.
O alimento artificial deve ser administrado diariamente na quantidade
de 3-5% da biomassa dividido em duas refeições, durante pelo menos 5
dias por semana, de preferência no mesmo local e às mesmas horas do
dia (pela manhã e final da tarde).
A quantidade de alimento a ser administrado é calculada através da
biometria mensal de uma amostra da população de peixes de um viveiro,
que são capturados através da utilização de rede ou tarrafa.
ALIMENTO CRESCENTE
POUCO ALIMENTO
NESTE CASO NÃO SE OBSERVA
CRESCIMENTO DOS PEIXES
MANTEM O CRESCIMENTO
CONTÍNUO DOS PEIXES
ALIMENTO DECRESCENTE
PERDEM PESO E ENFRAQUECEM
153
Quando da utilização de subprodutos na alimentação, o piscicultor deve
observar a quantidade ofertada e a quantidade consumida, de modo que
não haja excesso de alimento artificial no viveiro de um dia para o outro pois
o acúmulo de matéria orgânica traz mais desvantagens do que vantagens.
A forma de preparo dos alimentos e a sua distribuição são fatores
importantes.
Para pós-larvas e alevinos a ração, em forma de farinha, deve ser
distribuída ao longo das margens dos viveiros.
Para peixes de 10 a 50 gramas, as raízes, grãos, verduras, frutas e
sementes devem ser oferecidas em pequenos pedaços de modo que o
peixe possa abocanhar.
Uma boa prática é deixar as sementes, raízes e grãos de molho pelo
menos 24 horas antes da distribuição.
Taxa de Estocagem nos Viveiros
O número de alevinos adequado para se povoar um viveiro depende de
diversos fatores dentre os quais destacamos os mais importantes:
A boa qualidade do solo e da água
Disponibilidade de adubo orgânico e inorgânico
Disponibilidade de subprodutos na propriedade e de recurso para
aquisição de ração
Tipo de cultivo adotado considerando a produção final que deseja o
piscicultor obter com seus peixes.
A densidade de povoamento dos peixes normalmente ocorre de acordo
com o tipo de cultivo.
2
Cultivo extensivo
- 1 peixe para cada 10m ;
2
Cultivo semi-intensivo - 5 peixes para cada 10m ;
Cultivo intensivo
- 1 a 3 peixes por metro quadrado.
Na utilização de tanques-rede para criação de machos de tilápia são
3
estocados de 50 a 100 alevinos/m3 em gaiolas de volume maior que 5m .
Para gaiolas pequenas (mais eficientes por unidade de volume devido a
maior facilidade para a troca de água) a taxa de estocagem pode chegar
até 300 alevinos/m3. A produtividade varia de 50 a 150kg de tilápias/m3.
154
ESPÉCIES RECOMENDADAS AO CULTIVO
• Carpa Comum (Cyprinus carpio)
Seu regime alimentar é omnívoro, alimentando-se de zooplâncton na
fase juvenil e animais de fundo - minhocas, larvas de insetos, detritos etc.
- quando adulta. Em um ano de cultivo atinge peso médio de 1,0kg. No
sistema de policultivo, se adapta bem com o tambaqui, a carpa capim, a
carpa prateada e a tilápia.
• Carpa Prateada (Hypophthalmichthys molitrix)
Alimenta-se das menores algas do viveiro e somente consome alimentos
artificiais quando na forma farelada. Sua alimentação é incrementada
através da adubação. Em policultivo, se adapta bem com a carpa comum
e o tambaqui. Alcança com um ano de vida peso aproximado a 2,0kg.
155
• Carpa Cabeça Grande (Aristichthys mobilis)
Alimenta-se de algas em colônias, rotíferos e pequenos microcrustáceos.
Cresce bem junto a carpa prateada, a curimatã e o tambaqui. Atinge
cerca de 2,0kg com um ano de cultivo.
• Carpa Capim (Ctenopharyngodon idella)
É um peixe herbívoro que consome não somente as plantas aquáticas
mas também gramas e capins verde e fresco (não seco). É um peixe de
piracema. Excelente produtor de adubo orgânico - pode consumir
diariamente de 30 a 80% do seu peso. Alcança cerca de 1,8kg com um
ano de cultivo.
156
• Curimatã Pacu (Prochilodus marggravii)
É um peixe lodófago e seu alimento natural constitui-se de matéria
orgânica em decomposição ou de plantas e pequenos animais que vivem
aderidos em pedras ou qualquer outro substrato no fundo do viveiro. Pode
ser usado no policultivo com carpa prateada, carpa cabeça grande e
tambaqui. Alcança com um ano de cultivo 1,0kg.
• Tambaqui (Colossoma macropomum)
A alimentação principal do tambaqui é constituída por microcrustáceos
planctônicos e frutas. Come também algas filamentosas, plantas aquáticas
frescas e em decomposição, insetos aquáticos e terrestres que caem na
água, caracóis, caramujos, frutas secas e carnosas e sementes duras e
moles. Nos viveiros os tambaquis podem ser alimentados com frutas,
tubérculos, sementes e rações peletizadas e extrusadas. O tambaqui
alimenta-se rápido e agressivamente, não dando tempo para outros peixes
comerem, no entanto, em sistema de policultivo pode ser cultivado junto
com a curimatã, carpa comum, carpa prateada, carpa cabeça grande e
carpa capim. Atinge peso médio de 1,5kg em um ano de cultivo.
157
Despesca
É a colheita ou retirada dos peixes dos viveiros ao alcançarem o peso
de mercado ou de consumo.
A despesca pode ser parcial - quando se retira o peixe a ser
comercializado com rede de arrasto e total - quando o viveiro é totalmente
esvaziado e o peixe coletado no final.
A drenagem do viveiro deve ser feita lentamente, de modo a provocar o
refúgio dos peixes na parte mais profunda reduzindo o tempo em que os
mesmos ficam em contato com a lama do fundo.
Os viveiros devem ser secos anualmente para manutenção e assepsia.
MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DO PESCADO
O pescado é um produto que se decompõe em um curto espaço de
tempo e a velocidade de deterioração depende de vários fatores:
- Temperatura;
- Método de captura;
- Espécie de peixe trabalhada;
- Manuseio
A conservação do pescado tem por objetivo retardar o processo de
deterioração e torná-lo disponível durante todo o ano em diversas
localidades onde se faça presente o mercado consumidor.
Resfriamento
É o método mais simples de conservação. Os peixes e o gelo devem
ser armazenados em camadas alternadas de modo que um peixe não
toque em outro nem nas paredes da caixa coletora.
Congelamento
Embora seja um dos métodos mais eficientes, é pouco utilizado para
peixes de água doce pela necessidade de armazenamento em túnel de
congelamento.
158
Salga
Método utilizado para preservar o pescado através da penetração do
sal no interior dos tecidos musculares, reduzindo a quantidade de água
presente e inibindo a atividade bacteriana.
Defumação
O pescado é submetido a um tratamento térmico de modo a perder
toda a água contida nos tecidos e ao mesmo tempo receber partículas de
fumaça que lhe conferem gosto, aspecto e proteção especial.
BENEFICIAMENTO
Inúmeras são as formas de beneficiar as espécies atualmente mais
trabalhadas na piscicultura brasileira, destacamos entre elas:
Peixe inteiro eviscerado
Peixe em posta
Filé de peixe
Peixe defumado
Fishburguer
Costelinhas, almôndegas e quibe
Patê congelado e defumado
Peixe salgado
Caldo de peixe.
Do peixe ainda podemos beneficiar as peles através do curtimento,
produzir a farinha de peixe e extrair a hipófise - glândula sexual utilizada
no estímulo à propagação artificial de peixe de piracema.
COMERCIALIZAÇÃO
Os peixes podem ser comercializados “in natura” nas feiras livres ou
diretamente para áreas de lazer e pesque-pague. Quando beneficiado, o
pescado pode ser comercializado junto a bares, lanchonetes, restaurantes,
hotéis e supermercados.
159
BIBLIOGRAFIA
BOYD, C.E. Water quality in warmwater fishponds. 3 ed. Auburn: Auburn
University, 1984. 344p.
HONDA, E.M.S. Contribuição ao conhecimento da biologia de peixes do
Amazonas. Alimentação do tambaqui, Colossoma bidens (Spix). Acta
Amazonica, v.4, n.2. p.47-53. 1974.
PRIETO, A . Manual para la prevenciión y el tratamiento de enfermedades
en peces de cultivo en agua dulce. Santiago: ONU/FAO, 1991. 65p.
WOUNAROVICH, E., HORVATH, L. A propagação artificial de peixes de
águas tropicais. Manual de Extensão. Brasília - DF.: FAO/CODEVASF/
CNPq., 1983. 220p.
BOYD, C.E. 1990. Water Quality in Ponds for Aquaculture. Birmingham
Publishing Co., First printing, Alabama. 482p.
160
TERRITÓRIOS RURAIS COMO UNIDADE DE PLANEJAMENTO
DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Elieser Barros Correia
INTRODUÇÃO
O enfoque territorial é uma estratégia essencialmente integradora de
espaços, atores sociais, agentes, mercados e políticas públicas de
intervenção, e tem na equidade, no respeito à diversidade, na solidariedade,
na justiça social, no sentimento de pertencimento, na valorização da cultura
local e na inclusão social, as bases fundamentais para conquista da
cidadania.
O objetivo dessa construção, que só se concretiza mediante amplo
processo democrático, é identificar e conceber os territórios a partir da
composição de identidades regionais como elemento aglutinador e promotor
do desenvolvimento rural sustentável.
Realçam-se como desafios dessa estratégia, a promoção e apoio ao
processo de desenvolvimento de competências humanas e institucionais
nos espaços concebidos como territórios, articulando a construção e
implementação de políticas públicas através da elaboração participativa
de Planos de Desenvolvimento Territoriais Sustentável, tendo como
enfoque o fortalecimento das comunidades rurais, com ênfase na
agricultura familiar.
A adoção da abordagem territorial como referência conceitual nos
processos de desenvolvimento rural sustentável constitui premissa
fundamental para a concepção desse espaço enquanto unidade de
planejamento, bem como do seu reconhecimento como instrumento de
descentralização e de autogestão de políticas públicas.
Msc em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
Chefe do Centro de Extensão da CEPLAC
161
CONCEITO DE TERRITÓRIO
Várias são as concepções existentes. A assimilação que os atores do
desenvolvimento territorial na Bahia possuem deste conceito levam a
compreensão de território como a área geográfica de atuação de um projeto
político-institucional, que se constrói a partir da articulação de instituições
em torno de objetivos e métodos de desenvolvimento comuns. Partindose deste entendimento político, desenvolvem-se projetos produtivos,
sociais, culturais e ambientais, normalmente orientados ou liderados por
um projeto dominante ou idéia-guia.
O território, enquanto espaço socialmente organizado, configura-se no
ambiente político institucional onde se mobilizam os atores regionais em
prol do seu projeto (ou seus projetos, mesmo que encerrem conflitos de
interesses) de desenvolvimento. O principal objetivo é a geração de
relações de cooperação positivas e transformadoras do tecido social.
(ROCHA; SCHEFLER e COUTO, 2004).
TERRITÓRIO E TERRITORIALIDADE
A discussão acerca de território começa com as acepções do termo.
Originário do latim territorium, adjetivo derivado de territorialis que significa
pedaço de terra apropriada, este sentido era-lhe atribuído antes do século
XVIII. Nos anos 1920, os termos território e territorialidade transferem-se
do domínio político-administrativo para o da etologia, adquirindo status
de conceito científico, deixando de ser uma qualidade jurídica para
transformar-se num sistema de comportamento dos animais. No campo
da etologia, o território está associado à demarcação e dominação de
lugar, à extensão e limites, enquanto territorialidade é definida como a
conduta de um organismo para tomar posse de seu território e defenderse contra os membros de sua própria espécie. Em geografia, Milton
Santos refere-se ao território, como sendo “(...) o chão da população,
isto é sua identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos
pertence. O território é a base do trabalho, da residência, das trocas
materiais e espirituais e da vida, sobre os quais ele influi.” (SANTOS,
2000, p.96).
162
UM ESPAÇO DE PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO RURAL
Busca-se um consenso em que o Estado deve ser gerido como um
espaço público, onde a participação da sociedade seja um instrumento
básico de decisão sobre os rumos e prioridades do desenvolvimento. A
democratização dos órgãos públicos, a transparência administrativa, a
participação popular nos conselhos, câmaras e nos orçamentos são
elementos balizadores do planejamento territorial.
Na análise de Sepúlveda (2003), in (SEI, 2004) o território surge como
foco do desenvolvimento rural sustentável. Parte-se de um conjunto de
aspectos diagnosticáveis do território que compreendem: a) as
características da economia rural da região; b) a heterogeneidade espacial
e socioeconômica do setor rural; c) a diversidade institucional e política
dos espaços locais; d) a variedade de oportunidades e possibilidades
regionais; e) as diferenças ecológicas entre as unidades territoriais; f) as
interligações entre essas unidades e o restante da economia. Deriva dessa
compreensão, a formulação de políticas que garantam o desenvolvimento
e corrijam as desigualdades rurais. Além da coesão social, o
desenvolvimento rural prescinde da coesão territorial, ressaltam (Rocha;
Schefler e Couto, 2004).
Sepúlveda aponta ainda o caráter institucional-multidisciplinar do
desenvolvimento territorial. Este se revela importante na definição e
condução das políticas públicas territoriais, que devem conter objetivos
múltiplos e promover um sistema participativo de base. O enfoque territorial
para o desenvolvimento apresenta uma nova concepção onde os aspectos
ambientais, econômicos, sociais, histórico-cultural, político e institucional
interagem no espaço do território. A economia rural não é mais puramente
agrícola, e, sim compreende o conjunto de atividades agrícolas e nãoagrícolas regionais e dos recursos naturais da região (SEPÚLVEDA, 2003).
Abramovay (2001b e 2003) sugere que o território possui, antes de tudo,
um tecido social, com relações de bases históricas e políticas que vão
além da análise econômica. À dimensão territorial do desenvolvimento
somam-se as já estudadas dimensões temporais (ciclos econômicos) e
setoriais (a exemplo dos complexos agroindustriais). Citando os estudos
de Casarotto Filho e Pires (1998), o autor lembra que a formação de um
território – ou pacto territorial – deve responder a cinco pré-requisitos: 1)
mobilizar os atores em torno de uma idéia-guia; 2) contar com o apoio
163
desses atores, não apenas na execução, mas na própria elaboração do
projeto; 3) definir um projeto orientado ao desenvolvimento das atividades
de um território; 4) realizar o projeto em um tempo definido; e 5) criar uma
entidade gerenciadora que expresse a unidade entre os protagonistas do
pacto territorial.
Uma estratégia para o planejamento de desenvolvimento territorial
sustentável deve estar fundada num processo de implantação e
consolidação de metodologias que se completa em dois momentos: um
de apoio à auto-organização, formação dos fóruns e planejamento dos
territórios; e outro de desenvolvimento das capacidades territoriais e
articulação interinstitucional de políticas públicas.
Diagrama da Construção Sistêmica do Desenvolvimento Territorial
ÿ
ÿ
ÿ
ÿ
ÿ
164
TERRITÓRIOS BAIANOS
Enquanto estratégia do Governo Federal para fortalecimento do Campo
brasileiro, a Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA) animou um processo de divisão da
Bahia, com a participação do Governo do Estado, organizações sociais e
outras instituições, em 23 potenciais territórios rurais. Desses, seis situados
na área de atuação da CEPLAC.
Paralelamente ao trabalho da SDT, a Organização das Nações Unidas
para Agricultura e Alimentação (FAO) firmou três Projetos de Cooperação
Técnica (TCP) com o Governo Federal, visando apoiar a implementação
do Programa Fome Zero (PFZ). A junção das experiências avaliadas como
replicáveis, permitiu à FAO montar uma metodologia de desenvolvimento
territorial, que se assemelha à da SDT. Da mesma forma, outras
instituições, governamentais e não-governamentais, têm trabalhado com
metodologias semelhantes para o desenvolvimento territorial.
Essas metodologias foram discutidas no âmbito da Coordenação
Estadual dos Territórios da Bahia (CET) com o objetivo de se montar uma
metodologia de referência para o desenvolvimento de territórios rurais, que
deve ser usada pelos outros parceiros dos territórios. Explicando: além
dos territórios apoiados pela SDT, outros territórios estão sendo ou serão
apoiados por instituições parceiras, que precisam de uma metodologia
para implementar as ações. É o caso do projeto FAO/MDA (UTF/BRA/
057) que vem implementando essa metodologia de referência no território
do Sertão do São Francisco. Da mesma forma a CEPLAC vem utilizando
dessa metodologia nos territórios de Itapetinga, Médio Rio das Contas,
Vale do Jiquiriçá e Extremo Sul. Outras instituições como CODEVASF,
Governo da Bahia, Banco do Nordeste e DNOCS têm sinalizado com a
intenção de usar essa metodologia em outros territórios baianos.
Para se atingir o desenvolvimento almejado, tem-se trabalhado duas
linhas estratégicas de atuação: a linha política, que deve ser entendida
como ação-meio para alcance do desenvolvimento, e a linha técnica, que
é a ação-fim.
Na linha política, deve-se buscar a articulação e o entendimento das
instituições locais e outras externas ao território em torno de objetivos e
métodos comuns de desenvolvimento. Espera-se que a concertação
institucional permita que: (1) seja formado um fórum para defender
politicamente o desenvolvimento do território e que (2) se definam
165
responsabilidades para as instituições envolvidas, considerando-se suas
competências e áreas de atuação. Estas responsabilidades devem estar
colocadas em um Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável
(PDTS).
Na linha técnica, deve-se estimular três processos: diagnósticos
participativos nas comunidades; capacitação dos assentados da reforma
agrária, agricultores familiares e de outras categorias fragilizadas, nas áreas
temáticas de maior demanda identificadas nos diagnósticos; e elaboração,
implementação e acompanhamento de projetos pilotos, de apoio à
capacitação (aprender fazendo) e que possam ser replicados a partir das
decisões do fórum.
Tabela Resumo da Metodologia de Referência
166
TERRITORIALIZAÇÃO RURAL
BAHIA, 2004
167
TERRITÓRIOS RURAIS APOIADOS
BAHIA, 2004
168
TERRITORIALIDADE NO ÂMBITO DE ATUAÇÃO DA
CEPLAC
169
DESAFIOS
O plano plurianual da CEPLAC para 2005/2007, consideradas as
dimensões econômicas, sociais e ambientais no contexto da territorialidade
de sua atuação, indicou trabalhar ações capazes de promover a “Inclusão
social e redução das desigualdades sociais” e o “Crescimento com geração
de emprego e renda, ambientalmente sustentável com redução das
desigualdades”, Mega-Objetivos Estratégicos do Projeto BRASIL DE
TODOS, do Governo Federal.
Para tanto a intervenção institucional nos seus territórios se dará
mediante os seguintes desafios:
Incorporar a Visão do Desenvolvimento Territorial
Implementar metodologia que viabilize captar demandas dos diferentes
segmentos da população rural, em especial, da Agricultura Familiar;
Propiciar a participação efetiva das comunidades na definição e
implementação das políticas públicas
Fortalecer a organização social e da produção numa perspectiva
Integral e, de Cadeias Produtivas.
LITERATURA CONSULTADA
ABRAMOVAY, Ricardo. Ruralidade e desenvolvimento territorial. Gazeta
Mercantil, São Paulo, p. A-3, 15 abr. 2001a.
ABRAMOVAY, Ricardo. Sete desafios para o desenvolvimento territorial.
Disponível em: www.banf.org.br. Acesso em: 04 set. 2005.
COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA –
CEPLAC. Diretrizes para a Programação 2005. Ilhéus: CEPLAC/SUBES,
2004, 23p.
COUTO FILHO, Vitor Athayde; SILVA Dr. Jeová Torres e GAVÍNIA Lydda.
(Org.). Desenvolvimento Territorial na Bahia: (Cartilha/CD/DVD). 2005
ROCHA, Alynson dos S. ; SCHEFLER, Maria de L. M. e COUTO, Vitor de
Athayde. Organização Social e Desenvolvimento Territorial: reflexos sobre
170
a experiência dos CMDRS na região de Irecê – Ba. In SUPERINTENDÊNCIA
DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Análise Territorial
da Bahia Rural. Salvador: SEI, 2004, 222p. (série estudos e pesquisas,
71).
SABOURIN, Eric. Planejamento municipal. Brasília: Embrapa, 1999, 124p.
SANTOS, Milton. Território e sociedade: entrevista com Milton Santos. São
Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2000.
SEPÚLVEDA, Sérgio. Desarrollo rural sostenible: enfoque territorial. [19-?].
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA
BAHIA. Análise Territorial da Bahia Rural. Salvador: SEI, 2004, 222p. (série
estudos e pesquisas, 71).
171
PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA
AGRICULTURA FAMILIAR - PRONAF
José Brandt Silva Filho
O que é o PRONAF ?
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar –
PRONAF é um programa do Governo Federal criado em 1995, com o
intuito de atender de forma diferenciada os mini e pequenos produtores
rurais que desenvolvem suas atividades mediante emprego direto de sua
força de trabalho e de sua família.
Qual o objetivo ?
Tem como objetivo o fortalecimento das atividades desenvolvidas pelo
produtor familiar, de forma a integrá-lo à cadeia de agronegócios,
proporcionando-lhe aumento de renda e agregando valor ao produto e à
propriedade, mediante a modernização do sistema produtivo, valorização
do produtor rural e a profissionalização dos produtores familiares.
Quais as vantagens do PRONAF ?
a) Para os produtores:
I. Obtenção de financiamento de custeio e investimento com encargos
e condições adequadas a realidade da agricultura familiar, de forma ágil e
sem custos adicionais;
Eng. Agr. Analista técnico rural regional de Ilhéus
172
II. O aumento de renda mediante melhoria de produtividade, do uso
racional da terra e da propriedade;
III. Melhoria das condições de vida do produtor e de sua família;
IV. Agilidade no atendimento;
V. Para os produtores que honrarem seus compromissos, garantia de
recursos para a safra seguinte, com a renovação do crédito até 5 anos, no
caso de custeio das atividades.
b)
Para o país:
I. Maior oferta de alimentos, principalmente dos que compõem a cesta
básica: arroz, feijão, mandioca milho, trigo e leite;
II. Estimula a permanência do agricultor no campo com mais dignidade
e qualidade de vida.
Quem pode obter o financiamento ?
Os produtores rurais que atendam as condições abaixo e apresentem
a Declaração de Aptidão ao Pronaf - DAP, emitida pelas instituições e
órgãos oficiais autorizados.
a) explorem a terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário,
parceiro ou concessionário do Programa Nacional de Reforma Agrária;
b) residam na propriedade ou em local próximo;
c) possuam, no máximo 4 módulos fiscais (6 módulos fiscais, no caso
de atividade pecuária);
d) tenham o trabalho familiar como base da exploração do
estabelecimento;
e) tenham renda bruta anual, conforme apresentado no Quadro 1.
173
Quadro 1 – Beneficiários do PRONAF.
Grupos
Características
A
Agricultores familiares assentados pelo Programa Nacional de Reforma Agrária
que não foram contemplados com operação de investimento sob à égide do PROCERA
ou com crédito de investimento para estruturação no âmbito do PRONAF; e
beneficiados por programas de crédito fundiário do Governo Federal.
A/C
Agricultores familiares egressos do Grupo A, que se enquadrem nas condições do
Grupo C e que se habilitem ao primeiro crédito de custeio isolado
B
Agricultores familiares, inclusive remanescentes de quilombos, trabalhadores rurais
e indígenas que obtém renda bruta anual de até R$ 2.000,00, excluídos os proventos
vinculados a benefícios previdenciários decorrentes das atividades rurais.
C
Agricultores familiares e trabalhadores rurais, inclusive os egressos do PROCERA
e/ou Grupo A, que obtém renda bruta anual familiar acima de R$ 2.000,00 e até R$
14.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciários
decorrentes das atividades rurais..
D
Agricultores familiares e trabalhadores rurais, inclusive os egressos do PROCERA
e/ou Grupo A, que obtém renda bruta anual familiar acima de R$ 14.000,00 e até R$
40.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciários
decorrentes das atividades rurais.
E
Agricultores sociais e trabalhadores rurais egressos do PRONAF ou ainda
beneficiários daquele programa, que obtém renda bruta anual familiar de até R$
60.000,00, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciários
decorrentes de atividades rurais.
174
Quais as demais condições de financiamento do PRONAF ?
Quadro 2 – Condições do Financiamento.
PISO /TETO
ENCARGOS
FINANCEIROS
REBATE
PRAZO
Grupos
Custeio
A
B
-
Invest.
Até
R$ 16.500
R$ 1.000
-
Custeio
Invest.
Custeio
Invest.
Custeio
Invest.
-
1,15%
ao ano
-
40% s/
principal
-
Até 10
anos c/até
5 anos de
carência
-
1% ao
ano
-
25% s/
saldo
devedor
-
Até 2
anos c/
até 1 ano
carência
2% ao
ano
-
R$ 200
-
Até 2
anos
R$ 200
A/C
R$ 500 a
R$ 3.000
C
R$ 500 a
R$ 3.000
R$ 1.500
a
R$ 6.000
4% ao
ano
3% ao
ano
D
R$ 6.000
R$ 18.000
4% ao
ano
3% ao
ano
E
R$ 28.000 R$ 36.000
(*)
(*)
7,25%
ao ano
7,25%
ao ano
-
-
-
R$ 700
-
-
Até 2
anos
-
Até 8
anos c/
até 5 anos
carência
Até 2
anos
Até 8
anos c/
até 5 anos
carência
Até 2
anos
Até 8
anos c/
até 3 anos
carência
Obs.: (*) o somatório do crédito de custeio + investimento não pode ultrapassar 60% da
renda bruta anual do beneficiário.
Os valores mencionados no quadro 2 poderão ser aumentados nos
seguintes casos:
Em operações de Custeio (não cumulativos):
Do Grupo C – os limites dos créditos podem ser aumentados em até
50%, desde que:
175
a) a proposta contemple novas atividades agregadoras de renda ou
aumento da área explorada;
b) os recursos sejam destinados:
I. à bovinocultura de corte ou de leite, bubalinocultura, carcinicultura,
fruticultura, olericultura e ovinocaprinocultura;
II. à avicultura e suinocultura desenvolvidas fora do regime de parceria
ou integração com agroindústrias;
III. a agricultores em fase de transição para a produção
agroecológica,mediante comprovação por empresa credenciada;
IV. a sistemas agroecológicos de produção, cujos produtos sejam
certificados;
V. ao atendimento de propostas de créditos relacionadas com com
projetos específicos de interesse da mulher e/ou de jovens que
apresentem DAP própria.
Em operações de Investimento (não cumulativos):
Dos Grupos C ou D – os limites de créditos poderão ser elevados em
até 50%, desde que o projeto técnico ou proposta de crédito contemple
novas atividades agregadoras de renda ou o aumento da área explorada e
os recursos sejam destinados a:
a) bovinocultura de corte ou de leite, bubalinocultura, carcinicultura,
fruticultura, olericultura e ovinocaprinocultura;
b) avicultura e suinocultura desenvolvida fora do regime de parceria ou
integração com agroindústrias;
c) a agricultores em fase de transição para a produção agroecológica,
mediante comprovação por empresa credenciada;
d) a sistemas agroecológicos de produção, cujo produto seja certificado;
e) atividades relacionadas com o turismo rural (Pronaf Turismo);
f) aquisição de máquinas, tratores e implementos agrícolas, veículos
utilitários, embarcações, equipamentos de irrigação e outros bens dessa
natureza destinados especificamente à atividade agropecuária (Pronaf
Máquinas e Equipamentos);
g) Projetos de infra-estrutura hídrica, inclusive aquelas atividades
relacionadas com projetos que visem dar segurança hídrica ao
empreendimento.
176
Quais as novas linhas de crédito do PRONAF ?
Pronaf Alimentos – crédito especial para estimular a produção de cinco
alimentos básicos da mesa dos brasileiros – arroz, feijão, mandioca, milho
e trigo. Os agricultores terão 30% a mais de crédito para a produção dessas
culturas. (Grupos A/C, C e D)
Pronaf Mulher – crédito especial de investimento relacionados com
projetos específicos de interesse das esposas ou companheiras dos
agricultores familiares, sempre que o projeto técnico ou a proposta contemplar
atividades agregadoras de renda e/ou novas atividades exploradas pela unidade
familiar, observadas as condições previstas para os Grupos “C”, “D” e “E”,
limitado a um crédito em cada grupo, independentemente dos tetos de
investimentos já concedidos a unidade familiar.
Pronaf Jovem – crédito especial de investimento relacionados com
projetos específicos de interesse de jovens, de 16 a 25 anos, que tenham
concluído ou estejam cursando o último ano em centros familiares de
formação por alternância ou em escolas técnicas agrícolas de nível médio
ou que tenham participado de curso de formação profissional, filhos(as)
dos agricultores familiares enquadrados nos Grupos “C”, “D” e “E”, que
apresentem projeto técnico ou proposta contemplando as atividades
agregadoras de renda e/.ou novas atividades exploradas pela unidade
familiar, observadas as condições: juros 1% ao ano e prazo de pagamento
de até 10 anos, com até 3 anos de carência e teto máximo de R$ 6.000,00,
limitado a um crédito em cada grupo, independentemente dos tetos de
investimentos já concedidos a unidade familiar.
Pronaf Semi-Árido – crédito especial para os agricultores da região do
semi-árido, enquadrados nos Grupos “A”, “C” e “D”, destinados à construção
de pequenas obras hídricas, como cisternas, barragens para irrigação e
dessalinização da água, com juros de 1% ao ano e prazo para pagamento
de 10 anos, com até 3 anos de carência e teto máximo de R$ 6.000,00..
Pronaf Florestal – Crédito especial de investimento destinados ao
financiamento de projetos de silvicultura e sistemas agroflorestais e
exploração extrativista sustentável, para produtores enquadrados nos
Grupos “C” e “D”, observadas as condições de juros de 3% ao ano, prazo
177
de até 12 anos, com até 8 anos de carência; limites/tetos de R$ 4.000,00
(Grupo C) e R$ 6.000,00 (Grupo D), limitado a dois créditos por unidade
familiar independentemente dos tetos de investimentos já concedidos a
unidade familiar.
Pronaf Agroindústria – Créditos de custeio e de investimento para
Agregação de renda à atividade rural (agroindústria), destinado a produtores
enquadrados nos Grupos “C”, “D” e “E”, cooperativas, associações ou
outras pessoas jurídicas e que comprovam, em projeto técnico, que mais
de 70% da matéria prima a ser beneficiada ou industrializada seja de
produção própria ou de associados participantes, observadas as condições:
juros de 8,75% ao ano (custeio) e de 3% ao ano (investimento), prazo de
pagamento de até 12 meses (custeio) e de até 8 anos, com até 5 anos de
carência (investimento), limites/tetos de R$ 5.000,00 (custeio) e R$
18.000,00 (investimento) por beneficiário em uma ou mais operações.
Pronaf Agroecologia – Créditos de investimento para financiar
produtores familiares enquadrados nos Grupos “C” e “D” e que estejam
em fase de transição para a produção agroecológica, mediante a
apresentação de documento fornecido por empresa credenciada conforme
normas definidas pela SAF/MDA, ou que utilizam sistemas agroecológicos
de produção, cujos produtos são certificados com observância das normas
estabelecidas pelo MAPA, observadas as condições: juros de 3% ao ano,
prazo de pagamento de até 8 anos, com até 3 anos de carência, limites de
R$ 6.000,00 (Grupo C) e R$ 18.000,00 (Grupo D), por beneficiário em
uma ou mais operações.
178
DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO PARA O CULTIVO DA
CAJAZEIRA
José Vanderlei Ramos
INTRODUÇÃO
A cajazeira encontra-se amplamente disseminada em quase toda a
região Nordeste do Brasil. No Sul da Bahia, é encontrada como planta de
sombreamento permanente para o cacaueiro e como importante fonte de
renda adicional ao produtor. Sua exploração, que envolve basicamente
mão-de-obra familiar, ainda é feita de modo extrativista, em que a maior
parte da produção é perdida em virtude do método tradicional de coleta
dos frutos. A qualidade deles, especialmente para a obtenção de polpa, é
prejudicada por caírem naturalmente de plantas muito altas e por isso,
são danificados. O elevado porte da planta que alcança 30 m de altura e o
grande período juvenil das cajazeiras oriundas de sementes são
verdadeiros entraves para a exploração comercial dessa fruteira.
Na busca de soluções técnicas para o cultivo da cajazeira o Cepec
vem desenvolvendo trabalhos de pesquisas nas áreas de seleção e
avaliação de genótipos, estudos fenológicos, métodos de propagação,
desenvolvimento de técnicas de manejo, sistemas agroflorestais e
caracterização físico-química dos frutos.
Os resultados de pesquisas obtidos até o momento são bastante
promissores para os produtores interessados na exploração industrial
dessa importante fruteira.
Serão relatados de forma sucinta os resultados preliminares e
conclusivos dos trabalhos desenvolvidos pelo Cepec.
1. Propagação vegetativa
Foram testados os métodos de borbulhia, estaquia herbácea, enxertia
lateral e garfagem de topo em fenda cheia em mudas de cajazeira na
Engº Agrº., MSc., Fitotecnia. Ceplac/Cepec/Sefop
179
casa de vegetação do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec). O maior
índice de pegamento foi alcançado pelo método de garfagem no topo em
fenda cheia com 65%, seguido pela enxertia lateral 45%, borbulhia 30% e
estaquia 20%.
2. Seleção e avaliação de clones de cajazeiras (Spondia mombin
L.) no sul da Bahia.
Na avaliação das características fenológicas de crescimento, diâmetro
de caule e da copa em altura, clones de cajazeiras mostrou uma grande
velocidade de crescimento vegetativo da planta, atingindo doze metros de
altura no clone Cepec 1 aos seis anos de idade.
Tabela 1 - Características fenológicas de seis clones com idade de 6 anos (altura da
planta, diâmetro do tronco e diâmetro da copa).
3. Fenologia da cajazeira na região sul da Bahia
Visando determinar os eventos fenológicos (queda de folhas, floração,
frutificação, colheita) da cajazeira, foram avaliadas vinte plantas no município
de Ilhéus, Pau Brasil, São José da Vitória e Santa Luzia durante cinco
anos. Os dados revelaram que o período de queda de folha ocorre nos
meses de julho a agosto; a floração de outubro a dezembro; frutificação
de novembro a janeiro e a colheita de janeiro a maio.
4. Plantio de estacas lenhosas
Foram plantadas estacas lenhosas com 1,20 m de comprimento e com
180
5 a 10 cm de diâmetro no espaçamento de 12 x 12 m na Estação
Experimental Lemos Maia, (Una). As cajazeiras iniciaram a produção após
24 meses de campo. Visando reduzir o porte são realizadas podas para
manter as plantas com até 6 m de altura.
Sistemas agroflorestais (SAF)
Em face de seu elevado porte e de seu valor econômico, a cajazeira
está sendo consorciada com cacaueiro e cupuaçuzeiro em dois
experimentos localizados na Estação Experimental Lemos Maia (Una) e
no Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec).
As cajazeiras foram plantadas no espaçamento de 12 x 12 m; cacaueiros
3 x 3 m e cupuaçuzeiro em dois espaçamentos 3 x 3 m e 6 x 6 m.
5. Caracterização físico química dos frutos de cajazeira de
diversos genótipos no sul da Bahia.
Objetivando determinar a qualidade dos frutos do cajá de onze
genótipos, foi realizado um ensaio no Cepec no ano de 2004, cujos
resultados médios foram: ºBrix 12,77; Acidez total titulável 1,26; mg,
vitamina C 35,14; mg e Acides total 12,94; Massa do fruto 14,04 mg e,
rendimento da polpa 55,57%.
181
BIOCALDAS PARA AGRICULTORES DE BAIXA RENDA
Antonio Carlos Murillo
Existem diversos tipos de caldas biológicas como: Biofertilizantes,
biofungicidas, bioinseticidas e outros produtos utilizados na agricultura
ecológica, oriunda de produtos facilmente encontrados no campo a exemplo
da cana-de-açúcar, caldo de cana, açúcar mascavo, cama de frangos,
esterco bovinos e caprinos, leite, urina de vaca, manipueira, pimenta-doreino, urtiga, samambaia, e outros oriundos da bioindústria de produtos
ecológicos.
Um modelo sustentável correta, tem como fundamental, reter o máximo
de renda gerado pela agricultura nas mãos dos agricultores, por isso
destacamos primordialmente a utilização de biocaldas com matérias
primas existentes no próprio imóvel, de baixo custo, de fácil acesso e
manipulação na região cacaueira.
1 - Manipueira: subproduto ou resíduo da mandioca por ocasião da
prensagem da raiz para obtenção de fécula ou farinha de mandioca. É
um líquido com aspecto leitoso e cor amarelo-claro, rico em potássio (K),
contendo outros macros e micros nutrientes, como nitrogênio (N), magnésio
(Mg), fósforo (P), cálcio (Ca) enxofre (S), ferro (Fé), zinco (Zn), cobre (Cu),
manganês (Mn), tendo em sua composição química cianetos livres e totais
ácidos, (quadro 1 anexo) - que variam na concentração conforme as
variedades das mandiocas mansas ou bravas, produto este importante
na eficiência, quando utilizamos a manipueira como fungicida, inseticida,
bactericida, acaricida e outras utilidades a exemplo da Tabela 1 anexo.
CEPLAC/CENEX
182
2 – Urina de vaca ou cabra: é um biofertilizante que aumenta a
resistência das plantas, com boa eficiência nas culturas do tomate, alface,
quiabo, jiló e holerículas diversas, e o abacaxizeiro combate à doença
fusariose.
Modo de preparar: colocar urina de vaca ou de cabra em recipiente
plástico fechado durante três dias, para conversão da uréia em amônia.
Modo de usar: pulverizações quinzenais nas holerículas na
concentração de 1% (urina de vaca) ou 0,5% (urina de cabra), ou seja, 1
litro de urina para 100 de água e 0,5 litro de urina para 100 de água, utilizando
pulverizador costal manual.
Importante:
Urina de vaca ou cabra, utilizar animais que estejam em lactação,
porque tem mais substâncias hormonais e fenóis;
O uso do biofertilizante em alface deve ser dirigido ao solo e nunca
nas folhas.
Urina de vaca na concentração de 30% ou de cabra a 15%, combate
o carrapato.
3 – Franfresco: é um biofertilizante obtido dos resíduos de frango,
usados em pulverizações foliares, promovendo desenvolvimento rápido
das mudas que apresentem deficiências nutricionais, principalmente
nitrogênio.
Modo de preparar: em um recipiente, colocar cama de frango na
concentração de 10% ou utilizar esterco fresco entre 3 a 5% ou seja: 1 litro
de cama de frango em 10 litros de água ou 370 gramas de esterco para 10
litros de água. Quatro horas após o preparo coar e colocar no pulverizador
e utiliza-lo.
4 – Biobov – obtido através da fermentação do esterco fresco de
bovinos, água, leite, caldo de cana, com efeito, no controle de fungos e
bactérias sobre doenças das plantas, além da produção de componentes
nutricionais principalmente nitrogênio e hormônios vegetais.
Modo de preparar: 80 a 100 kg de esterco bovino
05 litros de soro de leite ou leite sem sal
02 litros de caldo de cana
05 kg de cama de frango ou esterco de aves
100 litros de água limpa
183
Misturam-se todos os ingredientes dentro de um recipiente, utilizandose água aos poucos até encher. Agita-se uma vez por dia durante 15 dias
no verão e 30 dias no inverno, para poder usá-lo. Usa-se um recipiente
com capacidade de 200 litros ou até mesmo um buraco no solo, revestido
com lona plástica preta com espessura de 150 a 200 micras, por uma
proteção ou cobertura.
Modo de usar: a dose recomendada é 1 litro por cova, por ocasião do
transplante das mudas, o concentrado deve ser diluído 1 litro em 3 litros
de água. Em pulverizações a concentração é de 3 a 5%.- resultado de
análise químicas de amostras do biobov – Quadro nº 2 anexo.
5 – Bioframbov – obtido através da fermentação de esterco fresco de
bovino, cama de frango ou esterco fresco de galinha, água, leite, caldo de
cana. Além do nitrogênio (N), potássio (K) e cálcio (Ca), fornecem
quantidade significativa de outros macros e micros nutrientes. Vide anexa
quadro nº 3 anexo e pode ser utilizado em substituição ao uso de uréia e
cloreto de potássio (K), nas adubações de cobertura, principalmente na
cultura do tomateiro.
Modo de preparar: 50 kg de esterco de galinha ou cama de frango
50 kg de esterco bovino
05 litros de soro de leite ou leite sem sal
02 litros de caldo de cana
Procedimentos ao preparo igual ao biobov.
Modo de usar. Vide igual ao biobov
6 – Água de cinzas e cal: é um protetor de plantas devido à qualidade
de resistência ao que confere a mistura de cal e cinzas, contém macros
(K, Ca e Mg) Vide quadro nº 4 anexo, com resultados de análise.
Além de contribuir como defensivo ecológico. É utilizado como auxiliar
no controle de pragas, principalmente pulgão (Mysus persicae).
Modo de preparar: 05 kg de cal hidratada ou
05 kg de cinza vegetal
100 litros de água
0,5 kg de cal
0,5 kg de cinza
10 litros de água
Misturam-se os materiais em vasilhame plástico e agita-se a mistura 3
a 4 vezes com o auxílio de um pedaço de madeira ou similar. A água de
cinza pode ser utilizada de 1 a 6 horas após o preparo, porém no quarto
184
agito do preparo dá um intervalo de 15 minutos, coar e colocar no
pulverizador costal e utiliza-la na concentração de 2 a 5% (400 ml a 1 litro
da solução cal e cinza para 19 litros de água). Importante colocar na mistura
um espalhante adesivo, podendo ser utilizado a farinha de trigo a 2% ou 40
gramas por pulverizador de 20 litros.
7 – Leite e cinza:
Modo de preparar: 2,5 litros de leite
1,5 kg de cinza
1,5 de caldo de cana
1,5 de esterco fresco de bovino
100 litros de água
Modo de usar: Misture os ingredientes acima citados em um pano
fino, filtre o material e coloque no pulverizador e utiliza sobre as culturas.
Indicação: Fungos de pepino, pimentão, tomate, batata. Sem contra
indicação para as hortaliças. Aplicar em culturas perenes a cada 15 dias a
exemplo do café e em culturas temporárias a cada 10 dias.
8 – Pimenta: (Capsicum sp) inseticida biológico, indicado no tratamento
de vaquinhas.
Modo de Preparar: 450 gramas de pimenta
50 gramas de sabão
4.5 litros de água
Macerar pimenta com sabão, colocar água dissolvendo a mistura até
completar os 5 litros da solução, em seguida coar.
Modo de usar: colocar a solução integral no pulverizador costal manual
e pulverizar sobre as plantas atacadas.
9 – Pimenta-do-reino: (Piper nigrum) inseticida biológico, indicado no
tratamento de pulgões, ácaros e cochonilhas.
Modo de Preparar: 100 gramas de pimenta-do-reino
60 gramas de sabão de coco
01 litro de álcool
01 litro de água
Primeira mistura – colocar 100 gramas de pimenta-do-reino em 1 litro
de álcool durante 1 semana.
185
Segunda mistura – dissolver 60 gramas de sabão de coco em 1 litro de
água fervida, em seguida misturar a primeira mistura com a segunda,
formando uma solução que deve ser coada.
Modo de usar: utilizar a solução obtida, e pulverizar a 1% (100ml da
solução em 10 litros de água).
10 – Samambaia: (Piteridium aquillinum) Inseticida biológica, indicado
no tratamento de ácaro cochonilhas e pulgões.
Modo de Preparar: 500 gr de folhas frescas ou 100 g de folhas secas
01 litro de água
1ª Opção: deixar de molho durante 01 dia, em seguida ferver essa
mistura durante 30 minutos e a solução estará pronta.
2ª Opção: deixar de molho a solução durante o8 dias, e a solução estará
pronta.
Modo de usar: pulverizações quinzenais da solução a 10% (1 litro da
solução em 10 litros de água).
11 – Urtiga (Urtiga urnes) inseticida e fungicida biológica, indicado no
tratamento de fungos e pulgões das plantas.
Modo de Preparar: 500 gramas de urtiga frescos ou 100 gramas secos.
10 litros de água
Colocar 500 gramas de urtiga em 10 litros de água podendo-se utilizar
a partir do 2º dia até o 15o dia.
1ª Opção: do 2º ao 8º dia na concentração de 5% (0,5 litro da solução
em 10 litros de água).
2ª Opção: do 9º ao 15º dia na concentração de 10% (1 litro da solução
em 10 litros de água).
186
Quadro 1
MANIPUEIRA (Manihot esculenta Crantz)
CONCENTRADO
COMPONENTE
QUANTIDADE
(ppm)
Nitrgênio (N)
425,5
Fósforo (P)
259,5
Potássio (K)
1853,5
Cálcio (Ca)
227,5
Magnésio (Mg)
405,0
Enxofre (S)
195,0
Ferro (Fe)
15,3
Zinco (Zn)
4,2
Cobre (Cu)
11,5
Manganês (Mn)
3,7
Boro (B)
5,0
Cianeto Livre (Cn)
42,5
Cianeto Total
604,0 *
* 55mg/Litro
187
Tabela 1
USO DA MANIPUEIRA
(Água da Mandioca)
188
Legenda: M = (milho) – MF = (milho e feijão) – H = (hortaliças) - Praguecida = Fungicida ou inseticida ou bactericida ou acaricida.
Quadro 2- Resultados de análises químicas de amostras de Biobov*
* Resultados expressos em material seco a 750C. Biofertilizantes elaborados por S.A.
Claro. Análises realizadas no Laboratório de Análises do Departamento de Solos (FA/
UFRGS)
189
Quadro 3- Resultados de análises químicas de amostras de cama de frango
, para produção do Bioframbov*
Amostra
Determinação
01
Umidade a 750C - %
Matéria seca - %
pH em água
Carbono orgânico - %
Nitrogênio total - %
Fósforo total - %
Potássio total - %
Cálcio total - %
Magnésio total - %
Cobre total – mg/kg
Zinco total – mg/kg
Ferro total - %
Manganês total – mg/kg
Sódio total – mg/kg
Enxofre total - %
Boro total – mg/kg
13
87
7,9
20
1,86
1,45
1,87
2,71
0,65
97
513
2,74
553
0,21
0,37
60
02
22
78
8,6
14
1,97
1,73
2,06
1,60
0,58
100
497
2,55
530
0,20
0,38
49
* Resultados expressos em material seco a 750C. Biofertilizantes elaborados por S.A.
Claro. Análises realizadas no Laboratório de Análises do Departamento de Solos (FA/
UFRGS).
190
Quadro 4. Resultados das análises de cal hidratada sólida, cinza de casca
de arroz sólida, água de cinza e cal límpida e com turbidez, analisados 1
hora e 6 horas após a mistura do cal e da cinza com a água.
* = 1 hora.
** = 6 horas.
Análises realizadas pelo Laboratório de análises de solo da UFRGS, em 1996. Amostras
de um experimento para investigar a composição da água de cinza e cal (filtrado) com
diferentes graus de turbidez (límpida e com turbidez) obtida uma hora após a mistura
dos ingredientes e 6 horas após. Trabalho realizado por S.A. Claro no curso de mestrado
em 1996 (UFRGS). Colaboradores: I. Barros e F. Paganella.
191
MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM E O SUCESSO DO
AGRONEGÓCIO DE CARNE E LEITE
José Marques Pereira
CARACTERIZAÇÃO E PERSPECTIVAS DO AGRONEGÓCIO
O sudeste da Bahia apresenta condições edafoclimáticas ideais para
produção de leite e carne a pasto. Adicionalmente, já existe disponibilidade
de tecnologia, tais como novos genótipos de forrageiras altamente
produtivos, técnicas de manejo racional da pastagem e qualidade genética
dos rebanhos, entre outras, suficiente para se auferir índices competitivos
de produtividade.
Infelizmente a produtividade média da pecuária regional ainda é baixa.
Segundo dados oficiais a produtividade média de leite por vaca por dia
ainda está entre 800 e 1000 litros, correspondendo a cerca de 600 a 800
kg de leite/ha/ano. Quanto ao gado de corte a produtividade é de 4,5 a 5,0
@ de carcaça/ha/ano.
Esses índices são ainda muito insignificantes e bem abaixo da
potencialidade dos agrossistemas pastoris existentes na região e das
possibilidades tecnológicas disponíveis. A tecnologia disponível é adaptável a
diferentes tamanhos de imóveis e principalmente à capacidade da sua adoção
pelos produtores. Com o uso de tecnologia de fácil adoção, portanto ao alcance
de um número maior de produtores em face de sua baixa complexidade,
pode-se exclusivamente em regime de pasto, obter cerca de 5.800 kg de leite/
ha/ano para gado de leite e de 13 a 15 @ de carcaça/ha/ano para gado de
corte. Em exploração com maior uso de tecnologia disponível e, portanto
mais intensiva e com mais investimentos pode-se obter respectivamente
21.500 kg de leite/ha/ano e cerca de 35@ de carcaça/ha/ano.
Eng. Agr. DS. 1FFA/Pesquisador - CEPLAC/CEPEC
192
A Tabela 1 mostra as estimativas dos rendimentos brutos e líquidos
obtidos com os índices de produtividade médios da região sul da Bahia,
com os obtidos em sistemas de exploração com tecnologia de fácil adoção
e com índices obtidos em sistemas de alta tecnologia, possível de adoção,
mas restrita a um número menor de produtores.
Conforme se observa à atividade leiteira responde mais à adoção de
tecnologia em termos de rendimento líquido, embora à medida que aumenta
a intensidade do sistema, o grau de especialização dos animais também
aumenta havendo necessidade de suplementação com concentrado.
Assim rendimentos líquidos de R$ 1.596,00 por ha podem ser obtidos
nesses sistemas mais intensivos. Para gado de corte, foi considerada a
exploração exclusivamente a pasto, somente com o uso de suplemento
mineral. Desta forma o aumento do rendimento líquido de um nível de
exploração para outro cresce menos, mas a exploração é mais fácil de
conduzir e mais apropriada para áreas mais extensas.
O aumento no ganho de peso diário dos bovinos de corte, sem
suplementação com concentrados, também não cresce muito, devendose os ganhos ao aumento da capacidade de suporte das pastagens. Os
limites de ganhos médios por animal para bovinos em regime de pasto
exclusivo podem chegar a 700 – 800 g/cab/dia, cerca de 80 a 100% a
mais do que os ganhos obtidos em regime extensivo, a exemplo da média
regional(Tabela 2). No entanto a produtividade em termos de @/ha pode
chegar à cerca de seis vezes mais à média regional por conta do aumento
da capacidade de suporte. Esses ganhos, mesmo com suplementação
com concentrados e com volumoso no período seco ficariam entre 1.000 a
1.100 g/cab/dia, considerando a média anual com índice de rentabilidade
Tabela 1 – Estimativa de rendimentos brutos e líquidos em diferentes níveis de
exploração pecuária.
R$/ha/ano
Nível de exploração
Média estadual
Rendimento bruto
Rendimento líquido
Leite
Leite
Carne
Carne
245,00
218,50
171,50
163,87
Tecnologia de fácil adoção
2.030,00
650,00
812,00
414,00
Tecnologia de possível adoção(2)
6.387,50
1.610,00
1.596,87
724,50
193
Tabela 2 – Produtividade das pastagens em diversas regiões do Brasil.
Pastagem
Kg/ha de N
Braquiarão1
160
756
Fonte
PEREIRA (Prelo)
200/300
882
CORREIA, 2000
Coast Cross2
200
906
CORREIA, 2000
Tanzânia1
320
1370
TOSI, 1999
1
430
1672
MAYA, 2003
300
2064
FONSECA et al (2001)
Tnazânia
Tanzânia
Napier
1
2
Kg. PV/ha
3
Produção anual;
2
Época das águas;
3
Produção em aproximadamente 18 meses
líquida duvidosa em relação ao sistema exclusivo de pasto, em um sistema
bem manejado.
Já a pecuária leiteira pode passar de 12 kg/ha de leite em regime de
pastagem exclusivo, para até 25 kg/ha com suplementação, desde que as
vacas tenham potencial de produção( Tabela 3). No entanto a produção de
leite e carne em regime de pastagem é a mais recomendada para o
ambiente tropical, principalmente porque animais leiteiros de alta produção
não se adaptam bem ao regime de pasto, dependendo exageradamente
de concentrados. Para essas condições tem-se obtido bons resultados
com o uso de vacas mestiças holandês-zebu em regime de pastagem
com suplementação mínima estratégica para garantir bons índices de
reprodução do rebanho (Tabelas 3 e 4).
Tabela 3. – Produção de leite por vaca e por hectare em pastagens do ecossistema Mata Atlântica.
1.Sem concentrado, águas 180 dias; 2. Concentrado - 2 kg/vaca/dia, 302 dias; 3. Concentrado 3 kg/vaca/dia; 4. Concentrado - 6 kg/vaca/dia.
194
Tabela 4 – Índices de produção - Faz. Barra de Manguinhos – Ilhéus, BA.
Lotação 3 vacas/ha – 7 litros/vaca/dia
MANEJO RECOMENDADO PARA A PASTAGEM
Foi evidenciado que a forma mais econômica para a produção de leite
e de carne é em regime de pasto. Mostrou-se também que é possível a
obtenção de índices de produtividade competitivos com esse sistema,
desde que se adotem recomendações racionais de manejo da pastagem.
Essas recomendações são apresentadas a seguir.
Escolha da forrageira
A produtividade da pecuária a pasto está diretamente relacionada com
o potencial da forrageira, sua adaptabilidade ao ecossistema e
principalmente com o manejo adotado. As forrageiras, quanto à sua
exigência nutricional e conseqüentemente resposta à adubação podem
ser classificadas em três grupos, apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 – Classificação das forrageiras quanto à exigência nutricional.
B d ctyo e a
195
B dec be s
É fundamental que na fazenda sejam atribuídas às áreas mais férteis
forrageiras mais exigentes e produtivas. O plantio de forrageiras mais
exigentes em solos pobres implica necessariamente na adubação da
pastagem para que não haja queda de produtividade seguida da sua
degradação. O capim-humidicola estabelecido em solo de tabuleiros
costeiros necessitaria pouquíssima adubação fosfatada para produzir
satisfatoriamente, já o capim-braquiarão (marandu), nessas mesmas
condições, necessitaria de calagem, maior dosagem de fósforo, além
nitrogênio e potássio.
Além da exigência nutricional outro fator importante na escolha da
forrageira é a sua adaptabilidade às condições de excessiva umidade do
solo e capacidade de cobertura do solo. Para áreas sujeitas a alagamento
devem-se preferir os capins, braquiaria-de-brejo, capim-bengo, humidicola
e estrela africana, ordenados de acordo com o nível de tolerância. Áreas
com topografia muito acidentada devem preferentemente ser deixadas
como áreas de reserva permanente. Nas áreas medianamente acidentadas
devem ser utilizadas forrageiras estoloníferas/decumbentes como é o caso
de alguns capins dos gêneros Brachiaria (decumbens e humidicola) e do
Cynodon (coastcross, tifton).
Na história da pecuária brasileira tem sido comum a substituição de
forrageiras mais exigentes em fertilidade de solos, portanto mais produtivas,
por forrageiras menos exigentes, à medida que se observa a queda da
fertilidade do solo. Com isso acontece um verdadeiro retrocesso, com
redução de produtividade, sem evitar que com o passar do tempo, ocorra à
degradação da pastagem. Nesse caso é preferível não substituir a forrageira,
mas sim proceder à reposição dos nutrientes, seguida do manejo adequado
da pastagem. O mais grave também acontece, substituir forrageira de baixa
exigência nutricional em pastagens degradadas por outra mais exigente
sem o correspondente uso de fertilizante e manejo adequado.
Manejo da pastagem
O correto manejo das pastagens é fundamental para garantir a
produtividade sustentável do sistema de produção e do agronegócio.
Atrelados ao bom manejo estão a conservação dos recursos ambientais,
evitando ou minimizando os impactos negativos da erosão, compactação
e baixa infiltração de água no solo, de ocorrência comum em áreas mal
manejadas e/ou degradadas. O manejo incorreto das pastagens é o
196
principal responsável pela alta proporção de pastagens degradadas
observada em todas as regiões do Brasil.
O princípio básico do bom manejo é manter o equilíbrio entre a taxa de
lotação e a taxa de acúmulo de massa forrageira, ou seja, a oferta de
forragem (quantidade e qualidade). Para atender esse pré-requisito é
necessário compreender a dinâmica dos componentes do ecossistema
de pastagem: forrageira (potencial produtivo, taxa de crescimento,
adaptabilidade), solo (fertilidade, textura, topografia) clima, animal
(comportamento ingestivo, taxa de lotação). A taxa de lotação, o número
de cabeças/ha, novilhos/ha, vacas/ha ou UA/ha (UA= unidade animal =
450 kg de PV), deve variar dentro e entre estações do ano em função da
oferta de forragem. Essa oferta depende da taxa de crescimento das
forrageiras que por sua vez, varia em função do clima (chuva, temperatura,
radiação solar). No sudoeste da Bahia observa-se variação nas taxas de
crescimento entre estação e nas diferentes ecoregiões. Na ecoregião de
Itapetinga observa-se um período seco bem definido. Na ecoregião do
extremo sul observa-se um inverno chuvoso, mas as baixas temperaturas
observadas nesse período (junho a agosto), reduzem a taxa de
crescimento das forrageiras (Tabela 6) sugerindo redução na taxa de
lotação ou suplementação com volumoso nesse período.
Tabela 6 – Taxa de crescimento observada para gramíneas e leguminosas forrageiras
no extremo sul da Bahia.
Forrageiras
Mínima precipitação
Máxima precipitação
Kg/ha/dia
Gramínea
1
Leguminosas
1
2
Média de 5 espécies ou cultivares.
Fonte: PEREIRA, et al. (1995)
37,9
91,5
13,3
41,7
2
Média de 5 espécies ou cultivares.
No manejo das pastagens existem basicamente dois sistemas de
pastejo: o pastejo contínuo (lotação contínua) e o pastejo rotacionado
(lotação rotacionada). Os demais são derivações do pastejo rotacionado,
tais como pastejo alternado, pastejo diferido, etc. Esses sistemas de
pastejo estão representados na Figura 1.
197
Fonte: Adaptado de RODRIGUES e REIS (1997). Pastejo limite = pastejo alternado
Figura 1 - Sistemas de pastejo mais utilizados.
Tanto no pastejo continuo como no rotacionado pode-se se obter boas
produções desde que se respeite a taxa de crescimento das forrageiras,
ou seja, a oferta de forragem. Aliás, em baixas lotações ou em explorações
extensivas, pouca diferença tem sido observada entre pastejo rotacionado
e contínuo. Já em sistemas intensivos com elevados níveis de adubação
e com forrageiras com elevado potencial produtivo, é imprescindível o uso
do pastejo rotacionado, por apresentar maior aproveitamento da forragem
produzida (eficiência de pastejo), maior aproveitamento do adubo utilizado
e conseqüentemente maior produtividade animal.
No pastejo contínuo torna-se mais difícil o ajuste da taxa de lotação em
função da oferta de forragem. O ideal nesse sistema, em termos práticos,
seria a manutenção da pastagem em uma altura constante (área foliar
uniforme) ou seja, o animal estaria consumindo quantidade de forragem
correspondente ao consumo da forrageira mais as perdas. Na prática,
198
isso pode ser difícil principalmente em sistemas com aplicação de níveis
elevados de insumos, onde a dificuldade de manter esse equilíbrio é maior
ainda. A manutenção dos capins braquiarão/xaraés, decumbens e
humidicola com altura de respectivamente 40, 30 e 25 cm em pastejo
contínuo pode ser recomendada. O que se observa em geral no campo, é
que o produtor pratica um misto de sistemas, contínuo, alternado e às
vezes rotacionado, não sistematizado. No entanto, na última década tem
aumentado muito o uso de pastejo com lotação rotacionada, principalmente
com a adoção de forrageiras mais produtivas e com o uso da adubação
Na implantação do sistema de pastejo com lotação rotacionada tornase necessário determinar: o período de descanso (PD), o período de
ocupação (PO) e o número e tamanho dos piquetes. O período de descanso
é o tempo que o piquete fica sem animais para possibilitar a rebrotação da
forrageira (capim ou leguminosa) após o pastejo. A duração do PD varia
com a forrageira, com estação do ano (condições climáticas) e com o
nível de adubação utilizado. No período seco ou de menor precipitação as
forrageiras crescem menos, então o PD deveria ser maior. No período
chuvoso seria menor. Se escolher o período chuvoso para definir o PD
(mais curto), deve-se preparar para retirar parte dos animais do sistema,
no período seco (ou de inverno) ou suplementa-los com volumoso
produzido fora do sistema. Em regiões com período seco definido, quanto
maior for à taxa de lotação no período das águas maior será a necessidade
de suplementação com volumoso no período seco. Se escolher o PD em
função do período seco (PD mais longo), devem-se diferir alguns piquetes
por um ou dois ciclos de pastejo e armazenar o excedente de forragem
desses piquetes para o período seco. Na região sudoeste da Bahia,
principalmente na região cacaueira e do extremo sul, geralmente se toma
como base o período de maior crescimento das forrageiras e suplementa
os animais no período mais crítico, com volumoso produzido fora do
sistema. O importante é que ao final do PD a forrageira tenha atingido a
taxa máxima de acúmulo de forragem e que a forragem em oferta tenha
um bom valor nutritivo.
Conforme se deduz, o PD é muito variável e a rigor deve ser estudado
para cada caso ou unidade de produção. O número de dias estipulado é
na verdade em função da quantidade e da qualidade da forragem acumulada
no período. Se o período for mais curto pode-se ter baixa produção e a
planta não ter ainda tido tempo suficiente para recuperar suas reserva. Se
for muito longo o capim fica excessivamente maduro, com baixo valor
199
nutritivo (muita fibra, baixa digestibilidade, baixo teor protéico). Nessa
ocasião a taxa de crescimento é muito baixa ou nula, nenhuma folha nova
vai mais surgir e a quantidade de folhas senescentes (velhas ou mortas),
tende a aumentar. O manejo da pastagem, portanto, deve ter uma certa
flexibilidade, sem perder de vista a sua praticidade.
Uma forma prática de se definir o PD ideal é tomar como base a altura
do pasto a ser atingida no final do período. Se não for atingida, o PD deve
ser reajustado. Para o sul da Bahia, à luz da experiência acumulada, poderia
se sugerir para os principais grupos de forrageiras cultivadas, os períodos
de descansos e altura do pasto para a entrada e saída dos animais no
piquete, detalhadas na Tabela 7.
O período de ocupação (PO), é o tempo que os animais ficam
pastejando em cada piquete. A sua duração deve ser compatível com a
oferta de forragem acumulada e esta é realmente quem define a taxa de
lotação pretendida. Na definição do período de ocupação também deve
ser observado o resíduo pós-pastejo, que deve ser adequado para garantir
a rebrotação no período de descanso seguinte. Sugestões sobre alturas
de resíduos para algumas forrageiras são apresentadas na Tabela 3. O
PO nunca deve exceder a 7 dias. O ideal é que fique entre 1 e 3 dias para
gado de leite e 3 a 5 dias para gado de corte, dependendo da intensidade
e do potencial de produção dos animais. O gado de leite é mais sensível a
períodos de ocupação mais longos, pois à medida que passam os dias à
produção de leite cai. Assim, para vacas com produção acima de 12 kg de
leite/dia, o ideal é adotar PO de 1 dia.
Tabela 7 – Período de descanso e altura do pasto na entrada e na saída dos animais
em pastejo com lotação rotacionado sugeridos para os principais grupos de forrageiras.
Forrageiras
Período de
descanso (dias)
Altura do pasto (cm)
Entrada
Saída
Capim-elefante
36
110 - 120
40 – 50
Colonião, tanzânia, mombaça
36
70 - 80
30 – 40
Braquiarão, xaraés
36
40 – 50
20 – 25
Brachiaria decumbens
28
30 – 40
15 – 20
21 – 28
20 – 30
10 - 12
Capim humidicola, tifton 85,
coastcross, estrela africana
200
O tamanho do piquete depende do número de animais definido em função
da oferta de forragem, do período de ocupação e da área total disponível
para o sistema. A área dos piquetes não deve ser necessariamente a
mesma. O importante é que a disponibilidade de forragem dentro do piquete,
ou seja, a área útil. Piquetes com topografia muita acidentada ou com
áreas alagadas, pedras, etc. devem ser maiores. O número de piquetes
quando se tem somente um lote por sistema de pastejo é calculado pelo
quociente do PD pelo PO, somado a 1. O uso de mais de um lote em um
mesmo sistema de pastejo é mais difícil de ajustar, devendo ser evitado.
Devem-se preferir piquetes na forma quadrada ou retangular, com a
largura mínima igual a um terço do comprimento. O planejamento do
sistema deve ser feito por técnico especializado em manejo de pastagem.
Corredores, bebedouros, cochos saleiros ou para suplementação, áreas
de descanso, devem ser alocados de modo a reduzir e tornar mais o
cômodo possível o percurso dos animais. Em área acidentada, os
corredores devem ser projetados cortando o declive, a fim de evitar a
erosão e amenizar o esforço dos animais. Isso se torna mais importante
ainda em gado leiteiro, onde a posição do estábulo/sala de ordenha deve
também ser levada em consideração no planejamento do sistema de
partejo. Uma vaca leiteira deixa de produzir cerca de 0,5 litro de leite/dia
para cada quilometro percorrido em terreno plano. Em área acidentada
essa redução pode triplicar. O arranjo de sistema de partejo com lotação
rotacionada mais utilizado é aquele que adota uma área de descanso
(do piquete do animal), onde são alocados os bebedouros (ou
aproveitamento de corpos de água naturais), cochos saleiros, com livre
acesso dos animais a partir do piquete que estão utilizando. De acordo o
tamanho dos piquetes e área total do sistema pode haver de uma a várias
áreas de descanso.
O nível de produtividade obtido no sistema de pastejo está diretamente
relacionado com a fertilidade do solo ou com o nível de adubação adotado
e com o potencial de resposta da forrageira. Para forragens do grupo 1
(Tabela 1) o nível de fósforo no solo deve ser mantido em no mínimo 10
ppm. Utilizando-se os capins elefante e braquiarão e com adubação de
160 kg/ha de N, 60 kg/ha de K2O e 160 kg/ha de P2O5, em um sistema de
partejo com lotação rotacionada (3 x 36 dias), na Essul/Ceplac, Itabela,
obtiveram-se taxas de lotação, ganhos de peso diário e ganho de peso/ha
de respectivamente, 4,6 e 4,1 UA/ha, 359 a 456 g/nov/dia e 785 e 756 kg/
ha, no período de 385 dias.
201
LEGUMINOSAS COM POTENCIAL PARA INCLUSÃO NOS
SISTEMAS DE PRODUÇÃO
A utilização de pastagens consociadas tem como vantagem
principal aumentar o aporte de nitrogênio ao sistema de pastagem, reduzido
os custo com adubação. Adicionalmente contribui para manter a oferta de
forragem para o animal ao longo do ano contornando o problema de
escassez no período crítico.
São poucas as leguminosas forrageiras divulgadas atualmente e que
tenham despertado interesse por parte dos produtores ou empresas
distribuidoras de sementes. Neste contexto, as que no momento tem maior
potencial de uso são: Arachis pintoi (amendoim forrageiro cv. Belmonte) ,
S. guianensis cv. Mineirão, Campo Grande (S. capitata e S. Macrocephala),
Desmodium ovalifolium cv. Itabela, Pueraria phaseoloides, Calopogonio
muconoides, e leguminosas arbóreas/arbustivas, como a Leucaena
leucocephala (leucena) , Cajanus cajan (guandu), Gliricidia serpium, entre
outras. No entanto, mesmo essas leguminosas têm uso ainda muito
restrito, dependendo não só do aperfeiçoamento de técnicas de manejo,
como também de maior trabalho de difusão.
No gênero Arachis sp, A. pintoí, com as cultivares Amarilho e Belmonte
e A. glabrata, despontam no momento como as mais promissoras, pela
sua qualidade nutricional e persistência sob pastejo sendo motivo de
entusiasmo no meio científico e despertando cada vez mais a atenção
dos produtores. No entanto não vai ser a solução para todas as situações.
A. pintoí, vem sendo difundida em vários ecossistemas, mas sua adaptação
tem sido maior em ecossistemas úmidos ou semi-úmidos, com curta
estação seca, como é o caso da Amazônia, Mata Atlântica e tabuleiros
costeiros. Em regiões com maior período seco sua utilização pode ficar
restrita a várzeas úmidas.
O amendoim forrageiro cv. Belmonte com baixa produção de sementes
vem sendo disseminada por meio de propagação vegetativa. Em
consorciação com os capins humidicola e dyctioneura, tem dados bons
resultados com produção média de 12 @/há e persistência por mais de
15 anos. Há notícias de amplas áreas desta cultivar implantadas no estado
do Acre e em menor escala nos tabuleiros costeiros da Bahia e
Sergipe(observação do autor). No período 2003/04 a Ceplac distribuiu
material de propagação para cerca de 1200 produtores em todo o Brasil,
com ênfase para o Sul e Sudeste.
202
Em alguns casos ajustes de manejo devem ser feitos para evitar que a
leguminosa, como é o caso do amendoim forrageiro, em face de sua
agressividade, domine a gramínea, principalmente quando esta é também
de boa qualidade, reduzindo a quantidade de energia disponível para os
animais. A lotação contínua parece aumentar a proporção desta leguminosa
na pastagem em regiões sem período seco definido.
O gênero Stylosanthes sp. com as cultivares Mineirão e Campo Grande
( S. capitata e S. macrocephala ) estão bastante divulgadas como
leguminosas adaptadas aos cerrados. O cv. Mineirão tem apresentado
baixa persistência quando associado aos braquiarias em geral
principalmente ao cv. Marandu com reflexos na produção animal. A máximo
período de pastejo encontrado na literatura foi de três anos, permanecendo
na pastagem na proporção de 10% em média A sua utilização como banco
de proteína e recuperação de pastagens degradadas parece ter maior
probabilidade de adoção junto ao produtor. O estilosantes Mineirão vem se
tornando popular no Brasil, e alguns produtores de sementes estão
interessados na divulgação destes cultivares criando expectativas de
aumentar o volume de adoção, ainda pequeno (Fazenda Primavera,
observação pessoal). Pesquisas adicionais sobres manejo e formas de
utilização desta cultivar foram detectadas na literatura revisada. Sobre o
multilinha Campo Grande de lançamento recente, há ainda poucas
informações sobre sua qualidade e persistência sob pastejo.
Pueraria phaseoloides(cudzu tropical) e Calopogonio muconoides, têm
sido muito utilizados na Amazônia e no sul da Bahia. Com relação ao cudzu
tropical as experiências obtidas no sul da Bahia pela Ceplac indicam
persistência de até quatro anos quando consorciadas com os braquiarias
em geral. São leguminosas que juntamente com Stylosanthes sp podem
ser mais utilizadas estrategicamente no período seco.
Desmodium ovalifolium cv. Itabela, lançado pela Ceplac, tem problema
de qualidade influindo negativamente na sua palatabilidade, mas por ser
muito persistente, sua presença na pastagem tem mostrado reflexos
positivos no ganho de peso dos animais, face à reciclagem de N que
beneficia a gramínea. Tem atualmente uso restrito ao sul da Bahia, com
pouca saída de sementes para outros estados. È recomendada para
ecossistemas úmidos e semi-úmidos.
Das leguminosas arbustivas a leucena, é a mais estudada. È
relativamente bem disseminada em todo o Brasil, tendo o seu uso se
consolidado na formação de bancos de proteína. No semi-árido tem sido
203
utilizada como componente do sistema CBL (caatinga, capim-buffel,
leucena). Nesse sistema a caatinga é utilizada do período das chuvas e o
capim-buffel juntamente com a leucena em banco de proteína e na forma
de silagem e feno, no período seco. Nos sul da Bahia é recomendada em
banco de proteína principalmente com os braquiarias.
O Guandu e a gliricidia são menos utilizadas. A primeira tem problema
de persistência e a segunda, mais adaptada a ecossistemas úmidos tem
palatabilidade de regular a baixa.
204
O AGRONEGÓCIO BORRACHA COMO ALTERNATIVA AO
DESENVOLVIMENTO DO SUL DA BAHIA
Adonias de Castro Virgens Filho
1 - INTRODUÇÃO
A região cacaueira do Sul da Bahia teve o seu desenvolvimento alicerçado
na economia do cacau. Ao longo do século passado, esta lavoura contribuiu
para a geração de riquezas, chegando a produzir 360.000 toneladas em
amêndoas secas, sustentando a economia de 102 municípios, figurando
em certo momento como o principal sustentáculo da economia do estado.
A partir da introdução e disseminação do fungo Crinipellis perniciosa,
causador da doença vassoura-de-bruxa nos cacauais, a região passou a
vivenciar uma séria crise, devido à queda da produção de cacau, a
ocorrência de condições climáticas adversas e ao endividamento dos
agricultores, reduzindo, desse modo, o nível de emprego nas propriedades
rurais, provocando tensões sociais tanto na zona rural como urbana. Tal
situação obrigou milhares de famílias a migrarem para as cidades, dentro
e fora da região, sem a qualificação profissional necessária à
sobrevivência digna neste meio.
Nas quatro últimas décadas, inúmeros programas foram implementados
na tentativa de diversificar a economia regional, mas apesar da
importância dessa iniciativa, nenhum desses foi capaz de restabelecer
parte da renda e dos empregos perdidos com a crise do cacau. Entre os
problemas encontrados mencionam-se: baixa produtividade dos sistemas
produtivos, sobretudo das palmáceas (coco, dendê e piaçava), da
heveicultura tradicional, especiarias (cravo-da-índia, pimenta-do-reino), e
estimulantes (guaraná); a comercialização dos produtos sem valor
agregado; a baixa competitividade de uma parcela da pecuária e sua
vulnerabilidade às variações de preço. Diante dessa situação torna-se
Pesquisador da CEPLAC/CEPEC/SEFOP
205
necessária a busca de alternativas de investimento com melhor
perspectiva de mercado, diversidade de renda e regularidade no fluxo de
caixa. Entre as opções disponíveis mencionam-se os sistemas
agroflorestais com a seringueira.
Os sistemas agroflorestais consistem na exploração de arranjos
multiculturais seqüenciados, que promovem melhor uso dos fatores de
produção, maior lucro por superfície cultivada e melhor distribuição das
receitas ao longo do ano. Esses modelos possibilitam mecanismos
biológicos interativos, promovem maior reciclagem de nutrientes e melhor
aproveitamento residual dos insumos.
2 - A HEVEICULTURA NA BAHIA
O estado da Bahia ocupa o terceiro lugar na produção nacional de
borracha natural do país com 11.637 ton em 2004 (IBGE, 2005) e é o
terceiro em área plantada. No final dos anos oitenta, a Bahia chegou a
ocupar a hegemonia na produção nacional, posição hoje conquistada
pelo Estado de São Paulo.
A Bahia possui uma destacada infra-estrutura de produção e
processamento da borracha, com três usinas de beneficiamento (Agro
Industrial Ituberá, Michelin e Inducompre/Vipal) que processaram 20.245
mil toneladas de granulado escuro brasileiro (GEB) em 2005, segunda
maior produção beneficiada do país. Dispõe de um expressivo contingente
de mão-de-obra qualificada trabalhando nos seringais e uma experiência
acumulada na tecnologia do cultivo. Adicionalmente, detém condições para
integrar todos os ciclos da cadeia produtiva, pela possibilidade de atrair novos
investimentos para o setor, o que já vem ocorrendo. Recentes investimentos
para instalação de indústrias de pneumáticos, recauchutagem e artefatos
apontam para a formação de um cluster, condição que no futuro próximo
tornará o a Bahia o segundo pólo da indústria de borracha do país.
3 - O MERCADO DA BORRACHA
O mercado mundial de elastômeros, correspondente à soma das
borrachas sintética e natural, até os anos recentes se caracterizava por
apresentar uma oferta ligeiramente superior à demanda (Quadro 1).
206
Esse comportamento, apresentado no quadro 1, mostra que nos últimos
dez anos houve um excedente médio de 240 mil toneladas, à exceção do
ano 2000, quando os preços mais baixos da borracha natural motivaram
um aumento acentuado do consumo, sendo o déficit de 550 mil toneladas
e em 2005 com menos 12 mil toneladas.
Entre os anos de 1996 e 2005 o consumo total de elastômeros teve um
aumento de 31,5 %, passando de 15.700 mil toneladas para 20.659 mil
toneladas, enquanto a oferta incrementou em 27,4 %, evoluindo de 16.200
mil toneladas para 20.647 mil toneladas.
3.1 - Borracha natural
3.1.1 - Produção e consumo mundial
Nas três últimas décadas o mercado mundial de borracha natural
registrou praticamente um equilíbrio entre a oferta e a demanda (figura 1).
Apenas no ano de 1996, período de baixos preços no mercado, a produção
superou o consumo em mais de 300 mil toneladas, enquanto nos anos
2000 e 2002, o consumo foi maior que a oferta em 580 e 240 mil toneladas,
respectivamente.
207
Nos anos 2003 e 2004, a retomada nos preços da borracha natural
estimulou o aumento da oferta na Tailândia, Indonésia, Malásia e Índia, o
que contribuiu para a elevação da produção em mais de 800 mil toneladas,
permitindo a superioridade da oferta em relação ao consumo.
A oferta de borracha natural evoluiu 184 % no período, passando de
3.050 mil toneladas em 1975 para 8.682 mil em 2005 (Figura 1). Nessa
fase houve aumento na participação da Tailândia, Indonésia, Índia, China e
Vietnã. A Malásia, apesar de sofrer uma redução na produção no final dos
anos noventa, voltou a aumentar a sua oferta nos últimos anos com a
melhoria dos preços da borracha no mercado.
O consumo de borracha natural teve um crescimento de 183 % entre
os anos de 1975 e 2005, passando de 3.080 mil toneladas para 8.742 mil
toneladas.
No ano 2005, observou-se uma demanda global de 8.742 milhões de
toneladas de borracha natural contra uma oferta de 8.682 milhões. Nesse
208
período a Ásia produziu 8.100 mil toneladas de borracha natural, o que
correspondeu a 93,2 % da oferta global, enquanto o continente africano
produziu 391 mil toneladas (4,5 %) e a América Latina 191 mil toneladas
(2,2 %), conforme apresentado no quadro 2.
A produção asiática é concentrada na região sudeste com destaque
para a Tailândia, Indonésia, Índia, Malásia, China e Vietnã.
A China, apesar de participar com 5,7 % da produção mundial, possui
déficit em borracha natural, tendo em vista que nos últimos dez anos o
seu consumo cresceu a taxas maiores que a oferta. A Malásia, apesar de
ser um país que figura entre os grandes produtores de matéria-prima,
passou a grande exportadora de produtos manufaturados.
A Malásia, Indonésia e Tailândia passaram a adotar uma postura
alinhada, a partir do acordo firmado em dezembro de 2001 que deu origem
a International Tripartite Rubber Cooperation (ITRC). Esta organização
tem o objetivo de regular os preços internacionais da borracha natural,
por meio do controle da produção e das exportações no mercado aberto.
Apesar dos benefícios alcançados desde o início, este acordo começou
a dar resultados mais concretos em outubro de 2003, após a formalização
do International Rubber Consortium Ltd. - IRCo que passou a controlar
os estoques e os preços da borracha natural.
209
Quanto ao consumo mundial de borracha natural, em 2005 a Ásia
junto a Oceania apresentaram uma demanda de 5.200 mil toneladas
com destaque para a China, Japão, Índia, Coréia do Sul e Malásia. Em
segundo lugar participou a União Européia com 1.332 mil toneladas (15
%), seguida da América do Norte com 1.316 mil toneladas (15 %)
consumidas principalmente nos Estados Unidos. A América Latina
consumiu 555 mil toneladas, sendo 304,5 mil toneladas utilizadas pelo
Brasil (Quadro 2).
3.1.2 - Tendências futuras do mercado da borracha
Estudos realizados sobre o mercado da borracha natural por Burger K.
& Smith H. P. (The Natural Rubber Market. Review, analyses, policies and
outlook, 1997) projetam para as próximas décadas, uma elevação nos
preços do produto, devido ao aumento do consumo (11.000 milhões de
toneladas em 2020) e ao menor incremento na oferta, o que se constituiria
numa boa oportunidade para os países com possibilidades de expansão
da heveicultura, a exemplo do Brasil.
Os autores citados analisaram o aumento populacional, o crescimento
da economia mundial, e estimaram um incremento expressivo no consumo
de pneumáticos, que atingirá 14,7 milhões de unidades em 2020 - o dobro
do início dos anos noventa - enquanto o consumo global das borrachas
natural e sintética, estimado para este mesmo ano, atingirá a soma de 28
milhões de ton.
Essas projeções vêm se confirmando ao longo dos anos e são
corroboradas pela ANRPC, entidade que congrega os principais países
produtores de borracha. Em 2005 o consumo de borracha natural foi de
20.659 mil toneladas, quantidade que nas previsões de Burguer & Smlith
só seria atingida em 2006.
Estimativas apresentadas por Vignes (2002), apontam para uma
estabilização da oferta mundial de borracha natural, pelo menos nos
próximos 15 anos, redução do nível atual de participação deste produto
em relação ao mercado total a pouco mais de 25 %, e crescimento do
mercado de elastômeros (BN + BS) (Figura 2).
As projeções indicam uma taxa de crescimento do consumo mundial de
elastômeros de 2,2 % ao ano, nos próximos anos. Se a indústria não se
adaptar a outras alternativas de complemento da oferta de matéria-prima, a
tendência dos preços será ascendente, até um nível suportável pelo mercado.
210
Figura 2. Projeção da produção de BN e sua participação no
consumo total de elastômaros (BN + BS)
Fonte: Vignes, 2002
3.1.3 - Produção e consumo nacional
A produção brasileira de borracha natural entre os anos de 1991 e 2005
aumentou 238 %, passando de 29.587 toneladas para 100.000 toneladas
de borracha seca (quadro 3).
O consumo de borracha natural evoluiu 146 % entre os anos de 1991 a
2005, passando de 122.900 toneladas para 302.500 toneladas (quadro 3).
O déficit entre a produção e o consumo tem aumentado à importação de
borracha, a qual correspondeu a 203.900 toneladas em 2005 e tende a
continuar crescendo.
O consumo de pneumáticos foi responsável por 74 % da demanda por
borracha natural em 2005, o que correspondeu a 224.910 toneladas, das
quais 63 % foram importadas. As indústrias de artefatos consumiram 77.591
toneladas, correspondentes a 26 % do total da demanda, de acordo com a
ANIP (Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos) / ABIARB.
(Associação Brasileira das Indústrias de Artefatos de Borracha).
211
3.1.3.1 - Produção de borracha natural por estado
O quadro 4 apresenta a produção de borracha natural por estado na
forma de látex coagulado conforme dados do IBGE (2005) - para converter
esses dados em borracha seca, multiplicar por 61 %.
O Brasil, a partir da Segunda Guerra Mundial, passou da condição de
exportador para importador de borracha natural. Até o ano de 1986, a
maior parte da produção interna era oriunda dos seringais nativos da
Amazônia, sendo o estado do Acre o primeiro produtor do país. Nessa
fase, a exploração era sustentada por preços praticados pelo governo em
valores superiores aos do mercado internacional.
Apesar dos incentivos governamentais para a expansão da heveicultura
na região norte do país, não se alcançaram os resultados esperados, em
212
face de problemas fitossanitários e de infra-estrutura. A exceção do Mato
Grosso que dispõe de áreas de escape ao mal-das-folhas da seringueira
(Microcyclus ulei P. Henn), os plantios realizados ao abrigo do Programa
de Incentivo à Produção de Borracha Natural - PROBOR, não obtiveram o
sucesso esperado.
A partir da expansão da heveicultura nas áreas de escape, o Brasil
aumentou a sua produção, o que contribuiu para reduzir parte do déficit
entre o consumo e a demanda.
Entre os anos de 1995 e 2004 a produção brasileira de borracha natural
evoluiu de 79.958 toneladas de coágulo para 164.639 toneladas. Tal
incremento foi devido principalmente à entrada em produção dos seringais
dos estados de São Paulo e Mato Grosso, a melhoria da produtividade dos
seringais da Bahia e Espírito Santo, e ao surgimento de novos estados
produtores como Minas Gerais, Goiás e Tocantins.
213
Na Bahia, o crescimento da produção foi devido principalmente a
melhoria dos métodos de exploração e manejo dos seringais, motivado
por um trabalho de assistência mais efetiva das usinas de borracha e dos
treinamentos promovidos por estas em parceria com a CEPLAC.
Nos últimos dois anos, a produção brasileira se manteve estável e
tende a se manter estabilizada por um médio prazo, sendo isso
conseqüência da falta de investimento em novos plantios. Tal fato aliado
à perspectiva de déficit no mercado da borracha, mostra a necessidade
de uma política de fomento da heveicultura através de sistemas
agroflorestais, a fim de fazer frente a crescente demanda, considerando
os benefícios que trarão às regiões produtoras.
4 - Bases para o desenvolvimento do Agronegócio Borracha na
Bahia
4.1 - Estratégia de ação
A iniciativa de promover o desenvolvimento do agronegócio borracha
no estado da Bahia, fundamenta-se na perspectiva promissora do mercado
da borracha e na necessidade de desenvolver proposições geradoras de
trabalho e renda que contribuam de maneira concreta para o
desenvolvimento do sul da Bahia.
Tal proposta vem sendo implementada mediante a integração de esforços
do governo federal com as esferas estadual e municipal, e em parceria com
a sociedade e o setor privado. Para tanto, se tem buscado a integração dos
setores primário e secundário, no sentido de promover o desenvolvimento
do agronegócio borracha sob a visão de cadeia agroindustrial.
Na esfera federal a ação do Ministério da Agricultura, Pecuária e do
Abastecimento, através da CEPLAC, tem propiciado os trabalhos de
assistência técnica e pesquisa. Brevemente contar-se-á com a participação
da EMBRAPA, sobretudo na concepção e execução de um programa de
amplitude nacional, o qual será integrado à CEPLAC na sua área de
atuação. O Ministério do Desenvolvimento Agrário, através do Programa
Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF), vem participando com recursos
para o financiamento e assistência aos mini, pequenos produtores e
assentados da reforma agrária. Em face à visão integrada dessa iniciativa
também será relevante à interação com o Ministério do Meio Ambiente,
214
Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate a Fome; e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
No âmbito regional as instituições locais têm manifestado o seu apoio,
com o propósito de integrar essa iniciativa às estratégias municipais de
desenvolvimento. Para tanto se tem buscado uma ação conjunta com as
prefeituras municipais e as associações regionais de municípios.
4.2 - Público meta
§ Agricultores caracterizados como mini e pequenos produtores, que
integram a agricultura familiar, organizados em associações, cooperativas
e assentamentos.
§ Médios e grandes produtores interessados em investir no plantio da
seringueira em sistemas agroflorestais. O fomento inclui cooperativas,
grupos organizados e produtores individuais.
§ Agricultores que estão em processo de renovação de suas plantações
de cacau por meio da clonagem com material produtivo e tolerante a
vassoura-de-bruxa.
4.3 - Pesquisa assistência técnica e capacitação
A CEPLAC, a Plantações Michelin da Bahia e a UESC vêm
desenvolvendo trabalhos de pesquisa com foco nas demandas da região,
sobretudo quanto ao desenvolvimento de variedades clonais produtivas e
tolerantes ao Microcyvlus ulei e práticas de manejo e exploração dos
seringais. Do mesmo modo, buscar-se-á a integração com outros centros
de pesquisa e universidades, como o Instituto Agronômico de Campinas,
a EMBRAPA e a ENCAPA com vistas à participação em ações voltadas ao
desenvolvimento de tecnologias que tenham amplitude nacional.
A CEPLAC e a EBDA vêm desenvolvendo trabalhos de assistência
técnica e extensão rural em parceria com empresas privadas como a
Plantações Michelin da Bahia e a Agroindústria Ituberá. O SENAR em
parceria com os sindicatos rurais desenvolvem treinamentos de mão-deobra em parceria com a CEPLAC, sobretudo quanto às práticas de enxertia
e exploração de seringais. O SEBRAE, as escolas de formação de
profissionais de nível médio e as universidades também terão papel
relevante na difusão de informações e na capacitação de pessoal.
215
4.4 - Agentes financeiros
O Banco do Nordeste do Brasil vem participando ativamente no
financiamento dos plantios com recursos do PRONAF e FNE-Verde.
Também vem atuando na definição de normas de financiamento, visando à
identificação de planos que considerem o perfil do agronegócio borracha
em sistema agroflorestal, suas peculiaridades em termos de prazo e
carência, a necessidade de viabilizar a inclusão social, bem como a
disponibilização dos recursos necessários para o crédito de investimento
e custeio.
4.5 - Metas e investimentos
È prevista a implantação de 60.000 hectares de seringueira em dez
anos no estado da Bahia, conforme metas detalhadas no Quadro 5.
Para o alcance desses objetivos serão necessários R$ 530.978,80 ao
longo de dez anos, sendo R$ 198.246,80 no plantio simultâneo de SAFs
com seringueira com valor de R$ 9.912,30 por hectare e R$ 332.732,00
na substituição de eritrina por seringueira no sombreamento do cacaueiro
com o custo de 8.318,00 que inclui o plantio da seringueira, replantio e
clonagem do cacau, e manutenção por quatro anos.
216
4.6 - Aumento da produção de borracha
A implantação dessa iniciativa possibilitará a retomada da produção
baiana, após o início de uma fase de declínio da oferta de matéria-prima, a
qual apresentará um período de crescimento até estabilizar, por volta do
ano 2026 com 73.730 mil toneladas de borracha seca (Figura 3).
Figura 3. Evolução da produção de borracha na Bahia.
4.7. Geração de emprego e renda
4.7.1. Geração de empregos
A heveicultura é conhecida pela sua capacidade de geração de trabalho
permanente, bem como pelo caráter intensivo no emprego da mão-deobra, uma vez que a sua exploração não comporta mecanização.
Adicionalmente, reserva um espaço ao trabalho da mulher, tendo em vista
217
que a sangria é uma atividade especializada, a qual exige habilidade,
sensibilidade e não é associada a grande esforço físico.
O emprego da seringueira em sistema agroflorestal gera oportunidade
para a mão-de-obra familiar. Sob o ponto de vista da renda mensal, um
módulo de 3,0 hectares possibilita ganhos que variam de 2,0 a 4,0 salários
mínimos na fase de reembolso do financiamento e 4,0 a 6,0 salários na
fase subseqüente. Do ponto de vista da capacidade de trabalho, a área
ideal para uma família é de 6,0 hectares de sistema agroflorestal.
Considerando a relação de 6,0 hectares por família com força de trabalho
de três membros cada, a expectativa é que o programa gere trabalho e
renda para mais 10.000 trabalhadores na Bahia. Nas áreas de substituição
de eritrina por seringueira em plantações de cacau, a relação é de dois
trabalhadores para cada 6,4 hectares, o que corresponde à viabilização
de 12.500 empregos diretos, tendo em vista que essa sistema contribuirá
para a modernização das áreas com cacau.
A oferta de empregos evoluirá de 2.933 postos de trabalho, existentes
atualmente na Bahia para 22.500 até o ano 2015, enquanto a falta de uma
política de incentivo ao agronegócio borracha natural representaria a
redução do nível atual de emprego no setor para 2.200.até o ano 2022.
Com o fomento de novos plantios haverá necessidade de instalação de
mais usinas e ampliação das existentes, sendo essa uma oportunidade
para o produtor participar diretamente de projetos visando à agregação de
valor, seja por meio de cooperativas ou de associações.
4.7.2. Geração de renda
A receita estimada com o incentivo ao agronegócio borracha na Bahia
evoluirá de R$ 39.960.000,00 para R$ 272.802.000,00 até 2026. Na falta
de uma política de incentivo ao setor, a receita cairia para R$ 23.976.000,00,
no mesmo período. Por sua vez a arrecadação de ICMS evoluirá de R$
6.793.200,00 para R$ 46.376.400,00 até 2026, enquanto a inexistência de
uma política de apoio ao setor provocaria a queda de produção devido ao
estado de decadência dos seringais mais antigos, reduzindo a
arrecadação de ICMS para R$ 4.075.900,00 até 2025.
4.8. Impactos ecológicos
Os sistemas agroflorestais buscam a simulação de um ecossistema
218
original, sendo, por isso, de importância no contexto ambiental. Eles
contribuem para reduzir a degradação ambiental e a ineficiência energética
dos sistemas produtivos tradicionais.
Eles promovem a diversificação da produção, fazem uso mais eficiente
dos recursos não renováveis, integram ciclos e controles biológicos
naturais, e sustentam a produtividade agrícola em longo prazo e contribuem
para o seqüestro de carbono da atmosfera, funcionando assim como um
mecanismo de desenvolvimento limpo, contribuindo para mitigar os efeitos
decorrentes da emissão de gases de efeito estufa.
As áreas implantadas, mesmo nas pequenas propriedades, serão
orientadas no sentido de se formar um corredor de vegetação natural
com espécies nativas, objetivando a migração de espécies animais e a
conseqüente dispersão de sementes o que contribui para a preservação
da biodiversidade.
219
220
Download