o uso medicinal e místico de plantas por moradores do bairro

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MARCIA BALREIRA DE SOUZA
O USO MEDICINAL E MÍSTICO DE PLANTAS POR MORADORES DO
BAIRRO MORRETES, MUNICÍPIO DE NOVA SANTA RITA, RIO
GRANDE DO SUL
CANOAS, 2007.
MARCIA BALREIRA DE SOUZA
O USO MEDICINAL E MÍSTICO DE PLANTAS POR MORADORES DO
BAIRRO MORRETES, MUNICÍPIO DE NOVA SANTA RITA, RIO
GRANDE DO SUL
Trabalho de conclusão do curso de Ciências
Biológicas do Centro Universitário La Salle UNILASALLE, como exigência parcial para a
obtenção do grau de Bacharel em Ciências
Biológicas, sob orientação do Prof. Dr. Sérgio
Augusto de Loreto Bordignon.
CANOAS, 2007
TERMO DE APROVAÇÃO
MARCIA BALREIRA DE SOUZA
O USO MEDICINAL E MÍSTICO DE PLANTAS POR MORADORES DO
BAIRRO MORRETES, MUNICÍPIO DE NOVA SANTA RITA, RIO
GRANDE DO SUL
Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de
Bacharel em Ciências Biológicas do Centro Universitário La Salle – UNILASALLE,
pelo avaliador:
Prof. Dr. Sérgio Augusto de Loreto Bordignon
UNILASALLE
Canoas, 12 de julho de 2007.
Entrego ao Universo o produto de meu trabalho,
dedicando-o a meu pai, de quem herdei o amor ao
saber, tendo certeza de que, de onde estiver, está
vibrando por meus êxitos e, com carinho, aos
moradores do Bairro Morretes, Nova Santa Rita,
especialmente à D. Ângela, D. Jueci, D. Onira, D.
Marlene, D. Lorena e sua filha Ione que, com muita
paciência e gentileza, partilharam comigo seu
conhecimento sobre as plantas.
Dedico também este trabalho ao meu netinho Gui
Xavier, atualmente com oito meses, com amor.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para que minha jornada
fosse concluída com êxito, em especial:
À minha mãe, Neusa, exemplo de força e coragem em meio a todas as
adversidades.
A meu irmão Marcos, pela eterna presteza e boa vontade em auxiliar.
A meu parceiro de vida Ricardo, aos meus filhos Ivan, o biólogo, Gabriel, o professor
e Bruno, o baterista, pelo incentivo, apoio e, principalmente, por acreditarem na
minha capacidade, mesmo nos momentos em que eu mesma duvidava.
Á prestimosa Iolanda, oferecendo cotidianamente todo o suporte necessário à
manutenção do funcionamento da casa, enquanto eu estudava.
A todos os meus professores, dentro e fora da Academia, e, em especial, ao meu
orientador, professor Sérgio Bordignon, com quem compartilho o amor pela
botânica.
Ao reino vegetal, fonte de contemplação e inspiração, por ofertar ao mundo as tão
humildes quanto grandiosas plantas, que não necessitam matar para viver.
"Não julgues nada pela pequenez dos começos.
Uma vez fizeram-me notar que não se distinguem,
pelo tamanho, as sementes que darão ervas
anuais das que vão produzir árvores centenárias."
(Josemaría Escrivá)
RESUMO
Este trabalho, realizado durante os meses de março a junho de 2007, apresenta o
levantamento das plantas que vêm sendo utilizadas para fins medicinais e místicos e
de que forma é feito esse uso por moradores do bairro Morretes, município de Nova
Santa Rita, estado do Rio Grande do Sul, comparando com alguns trabalhos desta
natureza já realizados em outros municípios do estado. A metodologia empregada
foi a de entrevistas semi-estruturadas com as cinco primeiras pessoas indicadas
pela comunidade como conhecedoras de plantas para fins medicinais e místicos. As
informantes demonstraram vasto conhecimento de plantas medicinais, indicando, no
total, 184 plantas, perfazendo uma média de 36,8 plantas citadas para cada
informante, distribuídas em 99 táxons e 48 famílias botânicas, das quais sobressaem
as famílias Asteraceae e Lamiaceae, com 14,7% e 13,6% de citações,
respectivamente. O hábito herbáceo predominou nas citações, podendo esse fato se
justificar pela sua facilidade de cultivo. A maior parte das plantas mencionadas é
exótica, tendo sucesso na colonização do ambiente ruderal provavelmente devido a
séculos de adaptação a ambientes antropizados nos seus locais de origem. Sugerese o aprofundamento de estudos ecológicos, botânicos e sociais envolvendo a
utilização medicinal e ritualística de plantas na região.
Palavras-chave: plantas medicinais, etnobotânica, Nova Santa Rita, Morretes, Rio
Grande do Sul.
ABSTRACT
The present work, performed from march to june of 2007, presents a mapping of the
plants that are being used for medicinal and mystic purposes and in which ways they
are used by residents of Morretes neighbourhood, city of Nova Santa Rita, in the
State of Rio Grande do Sul. The results are compared against similar works carried
out elsewhere in the State. The methodology employed consisted of semi-structured
interviews with the first five people appointed by the community as having knowledge
about plants used for medicinal and mystic purposes. These informers showed vast
knowledge on herbal medicines and mentioned a total of 184 of them, yielding an
average of 36.8 plants per informer, spread across 99 táxons and 48 botanical
families. Foremost among these are the Asteraceae and Lamiaceae families with
14.7% and 13.6% of quotes respectively. The herbaceous habit was predominant
among such quotes giving its ease of cultivation. The majority of the mentioned
plants is exotic, showing success in the colonization of the ruderal environment
probably due to centuries of adaptation to anthropic environments in their places of
origin. The author suggests further ecological, botanical and social studies involving
the medic and ritualistic usage of plants in the region.
Keywords: herbal medicines, etnobotany , Nova Santa Rita, Morretes, Rio Grande do
Sul.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 A importância de estudos etnobotânicos
As lideranças de saúde em todo o mundo estão reconhecendo que a
medicina tradicional e o uso de plantas medicinais continua sendo uma
parte importante da cultura, história e crenças de um país, e que essas
práticas na sua maioria devem ser analisadas como parte do sistema de
saúde do país. (World Health Organization, 2002, p. 30).
Desde os primórdios, o homem vem se relacionando com as plantas,
dependendo delas para sua sobrevivência, manipulando-as não somente para suas
necessidades mais urgentes, mas também na sua magia e medicina, no uso
empírico ou simbólico, nos ritos gerenciadores de sua vida e mantenedores de sua
ordem social (ALBUQUERQUE, 2005). Freqüentemente, esse conhecimento
empírico tem servido como base para a descoberta de novos medicamentos, através
da pesquisa do uso tradicional por populações durante décadas ou algumas
centenas de anos, e a coincidência de usos entre as diferentes populações
(VENDRUSCULO, 2004). Estudos demonstram que essas observações empíricas
acumuladas ao longo da história da humanidade são coincidentes com modernos
conceitos de química, farmacologia e medicina. Muitas drogas importantes foram
descobertas a partir de plantas, como aspirina, codeína, pilocarpina quinina e outras
(KUBO, 1997).
Evidentemente, é necessário o estudo aprofundado de determinada planta
sob os pontos de vista químico, farmacológico e toxicológico para que ela possa ser
usada medicinalmente com segurança, e, atualmente, o processo de formulação de
um medicamento através de estudos de plantas medicinais leva de 7 a 20 anos.
Sendo assim, quanto antes se descobrirem indicações como subsídio para
pesquisas, tanto melhor (VENDRUSCULO, 2004).
Pesquisas na área de conhecimentos tradicionais acerca da utilização de
plantas com fins medicinais são desenvolvidas principalmente pelas disciplinas de
etnobotânica e etnofarmacologia.
10
O termo “etnobotânica” foi utilizado pela primeira vez em 1895 pelo americano
Harshberger e, desde então, seu conceito vem-se ampliando. Modernamente, o
termo compreende o estudo de plantas associadas ao conhecimento de diferentes
grupos humanos (KUBO, 1997). Para o americano Richard Schultes, a etnobotânica
existe desde os primórdios da humanidade e só foi nos últimos 100 anos
que
ocorreu o seu reconhecimento como uma disciplina científica, sendo que, nas
últimas décadas, devido aos esforços mundiais de conservação, cresceu
vertiginosamente como um ramo teórico e prático da botânica (ALBUQUERQUE,
2005).
A etnobotânica, pela estrutura do termo, é uma ciência interdisciplinar que
combina antropologia e botânica, mas, para ser bem conduzida, precisa da
colaboração entre várias outras matérias, incluindo química, farmácia, engenharia
agronômica, entomologia, ecologia e outras. Isto, devido à necessidade de
compreensão do manejo e demais hábitos no trato com as plantas presentes nas
culturas tradicionais). Pesquisas recentes, por exemplo, indicam que os índios
possuem vasto conhecimento ecológico que pode ser aprendido a partir tanto do
estudo de seu manejo nas florestas quanto de seus mitos (PRANCE, 1991).
Em levantamento sobre pesquisas etnobotânicas na América Latina, foi
constatada a necessidade de se intensificarem os estudos sobre o conhecimento
botânico de grupos humanos específicos, dada a diversidade cultural da América
Latina, gerando uma demanda crescente para estudos interdisciplinares (KUBO,
1997) que levem em conta aspectos sócio-econômicos, culturais, bem como
biológicos e bioquímicos.
A etnofarmacologia é um ramo da ciência ainda mal compreendida e mal
desenvolvida no Brasil. Sua disciplina praticamente não existe nos cursos de pósgraduação. Além disso, é pouco acreditada por amplos setores da ciência oficial. No
entanto, a etnofarmacologia é um elemento metodológico hoje fundamental para
empresas dos Estados Unidos e Europa pesquisarem plantas nos trópicos
(BARATA, 1998). Esse interesse por práticas tradicionais ou alternativas aos
sistemas de assistência médica vem crescendo por parte de muitos países
industrializados. Isto foi constatado nos EUA, Países Baixos e Inglaterra. (KUBO,
1997) e, de um modo geral, em diversos outros países desenvolvidos, cada vez
mais pessoas estão usando práticas tradicionais e complementares combinadas ou
11
em substituição da medicina alopática para aliviar dores crônicas e/ou melhorar a
qualidade de vida (WHO, 2002).
A empresa inglesa Hutton Molecular Development e a americana Shaman
Pharmaceuticals adotam a etnofarmacologia para sua estratégia de pesquisar
medicamentos. O National Institutes of Health (NIH), um dos mais famosos centros
médicos de pesquisa dos EUA, nos anos 90 publicou um edital internacional
divulgando seu interesse de pesquisar plantas medicinais das regiões tropicais para
AIDS e câncer, porém, exigindo a pesquisa de informações diretamente com
curandeiros e outros profissionais não reconhecidos pela ciência ortodoxa (BARATA,
1998).
Por esses motivos, as grandes multinacionais farmacêuticas vêm-se
interessando cada vez mais na produção de fitoterápicos, e, sendo o Brasil o país
com a maior biodiversidade do mundo, existe um grande potencial econômico na
pesquisa de plantas medicinais para o país. Note-se que a Inglaterra e os EUA já
transformam produtos naturais da região Amazônica brasileira (BARATA, 1998).
Salienta-se, devido a esse interesse, a importância do cultivo para garantir a
qualidade do material e para evitar a extração descontrolada que possa exaurir os
recursos naturais (VENDRUSCOLO, 2004) e ameaçar espécies, como já aconteceu
com as espécies Maytenus angustifolia (espinheira-santa) e Tabebuia heptaphylla
(ipê-roxo) (IBAMA, 2006). O cultivo e o manejo controlado das plantas pode,
também, contribuir como recurso econômico, principalmente na economia familiar de
pequenos agricultores. Para algumas espécies nativas já existem estudos
ecológicos e agronômicos, tais como Achyrocline satureioides (Lam.) DC. (macela),
Baccharis trimera (Less.) DC. (carqueja), Bauhinia forficata Link (pata-de-vaca),
Bidens pilosa L. (picão), Maytenus muelleri Schwacke (espinheira-santa), Mikania
glomerata Spreng. (guaco) e Plantago major L. (tanchagem), entre outras.
(VENDRUSCOLO, 2004).
Outra alternativa, para diminuir o impacto no meio-ambiente, que vem sendo
devastado em ritmo acelerado, pode ainda indicar a utilização do conhecimento dos
princípios ativos das plantas medicinais para sínteses laboratoriais (BARATA, 1998).
Sabe-se hoje que, das 250 mil espécies da flora mundial, 75 mil são
terapêuticas, cujas propriedades químicas são desconhecidas na grande maioria
(IBAMA, 2006), o que também sugere pesquisas nessa área.
12
Não apenas nos países em desenvolvimento, como também nos países
industrializados as plantas medicinais vêm ocupando espaço. Na Alemanha, 80%
dos médicos prescrevem regularmente preparações fitoterápicas (Barata, 1998) e,
entre 1995 e 2000, o número de médicos que recebeu algum treinamento em
medicamentos naturais quase duplicou. (WHO, 2002).
Sem qualquer controle, o mercado de plantas medicinais gira em torno de
US$ 500 bilhões anuais e continua crescendo (IBAMA, 2006). Somente nos EUA, as
vendas aumentaram 101% entre maio/96 e maio/98 (WHO, 2002). Países
desenvolvidos como o Canadá e o Reino Unido estão envidando esforços para
garantir a qualidade e segurança referentes à Medicina Tradicional e Complementar.
Existe a expectativa de que países como esses passem a se tornar países com
sistema de saúde dito integrativo, ou seja, com as práticas Tradicionais e
Complementares incluídas na sua política oficial de medicamentos, com produtos
oriundos desse conhecimento registrados e regulados, e com as terapias
respectivas disponíveis em hospitais e clínicas públicas e privadas, tratamentos
reembolsados e com incentivo às pesquisas em Medicina Tradicional e
Complementar (WHO, 2002).
Tendo em vista esses registros, evidencia-se a relevância de estudos
etnobotânicos interdisciplinares que visem ao levantamento e compreensão da
correta utilização de plantas com fins medicinais, a partir de povos de diferentes
culturas, a fim de se produzir uma desejável integração entre as práticas medicinais
tradicionais e o conhecimento científico, resgatando o conhecimento sobre plantas
medicinais
das
populações
tradicionais
que
está
se
deteriorando,
como
conseqüência da aculturação desses povos (BARATA, 1998).
Para isso, no entanto, aspectos éticos devem ser considerados, envolvendo
questões como a necessidade de proteção dos conhecimentos e tradições das
comunidades locais e povos indígenas, e o retorno para a comunidade das
pesquisas feitas, incluindo o que existe na literatura sobre as plantas utilizadas por
eles (VENDRUSCOLO, 2004). Já existe uma clara compreensão, em termos
globais, por parte dos pesquisadores da área, de que os países e comunidades dos
quais
conhecimentos
etnobotânicos
são
obtidos
sejam
convenientemente
recompensados, uma vez que esse conhecimento gere uma abordagem comercial e
que está contribuindo para um patrimônio inestimável para a humanidade.
13
Grande parte dos trabalhos até agora têm sido realizados em comunidades
indígenas, havendo carência de estudos etnobotânicos sobre outras culturas
(BALDAUF, 2000). Entretanto, a maioria dessas populações rurais detém grande
conhecimento de plantas e manejo do meio-ambiente em que vive e, mesmo
vivendo em contato com a medicina moderna, ainda mantém vasta farmacopéia
vegetal e usa diversos remédios de plantas. Isto ocorre tanto por escolha quanto por
necessidade, porque são muito pobres para depender de drogas manufaturadas.
Seu conhecimento deriva em muito dos índios, mas também de sua própria
experiência no desenvolvimento de novos usos para as plantas e de técnicas
eficazes de manejo (PRANCE, 1991).
Então, o resgate do conhecimento etnobotânico dessas culturas como
subsídio para aprofundamentos e pesquisas posteriores reveste-se de particular
importância.
1.1.1 Política e dados da Organização Mundial de Saúde em relação à medicina
tradicional:
Mais e mais governos de países e áreas incluídas na Região (Região da
OMS do Pacífico Ocidental) têm mostrado disposição de promover o uso
adequado da medicina tradicional e incluí-la no sistema de saúde oficial.
Existem atualmente 14 países e áreas na Região que já oficializaram
documentos reconhecendo a medicinal tradicional e suas práticas. Esta
situação contrasta com a de poucos anos atrás, quando apenas quatro
países (China, Japão, República da Coréia e Vietnam) reconheciam
oficialmente o papel da medicina tradicional nos seus sistemas oficiais de
saúde (WHO, 2002, p. 31).
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da população
mundial depende da medicina tradicional para suas necessidades básicas de saúde
e cerca de 85% dos medicamentos tradicionais envolvem o uso de plantas
medicinais, seus extratos vegetais e princípios ativos (SILVA et al., [ca.2002]).
A partir de 1977, essa Organização intensificou programas de Medicina
Tradicional para atenção primária à saúde, bem como foram delineadas ações
básicas para a utilização de plantas medicinais, tais como o levantamento das
plantas de uso medicinal, exame de dados científicos e estabelecimento de métodos
seguros para sua utilização pela população. Mais recentemente, na Assembléia da
OMS de 1994, há a solicitação de estudos para a promoção e manutenção dos
14
conhecimentos tradicionais
e remédios dos povos indígenas, em particular, sua
farmacopéia (KUBO, 1997).
A OMS tem enfocado, em sua política de cuidado à saúde, a importância de
estudos e regulação na área de plantas medicinais, bem como em demais práticas
tradicionais classificadas como práticas tradicionais complementares e alternativas
(TM/CAM) (WHO, 2002), como acupuntura, homeopatia, quiropraxia e outras.
Essa estratégia dá suporte a países para, entre outras iniciativas, documentar
a medicina e os remédios tradicionais, incentivando o uso dessa espécie de
medicina.
Nos países em desenvolvimento, o uso de TM (terapias tradicionais)
geralmente é atribuído à acessibilidade e disponibilidade, não raramente
constituindo-se na única fonte de tratamento de saúde disponível, e, especialmente
no caso dos países mais pobres, por ser mais barata e muitas vezes paga de acordo
com as posses do paciente.
Já nos países desenvolvidos, o interesse é principalmente devido à
preocupação com os efeitos colaterais danosos das drogas químicas e ao
questionamento das abordagens e pressupostos da medicina alopática, uma vez
que grande parte da população tem acesso a informações referentes à saúde.
(WHO, 2002).
Em muitos países desenvolvidos, certas terapias ditas Complementares ou
Alternativas são largamente utilizadas (Figura 1).
15
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
70%
42%
49%
49%
Austrália
França
31%
Bélgica
EUA
Canadá
Figura 1 - Percentagem da População que já
utilizou terapias complementares ou alternativas (CAM)
pelo menos uma vez em alguns países desenvolvidos.
Fonte: WHO, 2002, p. 11
1.1.1.1 Objetivos da OMS reportados em seu plano estratégico 2002-2005:
a) Integrar TM/CAM aos sistemas de saúde, desenvolvendo e implementando
políticas e programas nacionais de TM/CAM.
b) Promover a segurança, eficácia e qualidade da TM/CAM através da expansão
de base de conhecimentos em TM/CAM, e fornecendo orientação nos
parâmetros de regulação e qualidade;
c) Ampliar a viabilidade e disponibilidade de TM/CAM, com ênfase no acesso de
populações pobres;
d) Promover o uso terapêutico confiável da TM/CAM pelos promotores e
consumidores.
1.1.1.2 Desafios reportados em relação às plantas medicinais:
Dificuldades na avaliação e padronização - plantas medicinais têm
particularidades, devido tanto à complexidade da correta identificação botânica,
como ao isolamento dos princípios ativos. Os princípios ativos presentes nas plantas
são influenciados por fatores como época de coleta, e local de origem, incluindo
suas condições ambientais. Ainda, uma única planta pode conter centenas de
constituintes e estabelecer qual constituinte é responsável por um determinado
efeito pode ter um custo proibitivo. Devido à popularidade universal das plantas
16
medicinais, torna-se urgente encontrar meios efetivos de avaliação dessas plantas
com recursos limitados (WHO, 2002).
Em laboratório, extratos de plantas mostraram uma variedade de efeitos
farmacológicos, incluindo anti-inflamatórios, vasodilatadores, anti-microbianos,
anticonvulsivantes, sedativos e antipiréticos. Entretanto, quase não há estudos
controlados para a investigação da sua prática e tratamentos (WHO, 2002).
Sustentabilidade -
problema devido à coleta intensiva ou demanda para
exportação. Problema se torna urgente em países em desenvolvimento, onde se
localiza a maior parte dos recursos genéticos das plantas e a maior biodiversidade,
já que eles têm menor capacidade de proteger esses recursos (WHO, 2002).
Propriedade intelectual – O conhecimento de terapias tradicionais parece
estar sendo apropriado, adaptado e patenteado por cientistas e pela indústria, com
pouca ou nenhuma compensação a seus detentores, e sem seu expresso
consentimento (WHO, 2002).
Uso racional -
Desafios no sentido de qualificação e licenciamento de
fornecedores; uso correto dos produtos de qualidade garantida, bom trânsito de
informações entre os praticantes de TM/CAM, médicos alopáticos e pacientes e
disponibilização de informação científica e orientação para o público (WHO, 2002).
Indicadores críticos – Dos 191 países-membros, em 1999, até essa data,
apenas 19 possuíam centros de pesquisas oficiais sobre TM/CAM (WHO, 2002).
Em 2000, no Encontro Regional para Aspectos Regulatórios de Produtos
Herbóreos, organizado pela OMS na América, foram analisados aspectos referentes
à política, economia, regulação e registro nacionais de produtos vegetais. Foram
também apresentadas diretrizes da OMS para determinar a segurança e eficácia de
plantas medicinais. Os participantes aprovaram uma moção de requisitos comuns
para o registro de “produtos vegetais”, com o intuito de facilitar a integração de
medicina tradicional nos sistemas de saúde nacionais nos países americanos.
Foram estabelecidos regulamentos e registro de “medicina vegetal” na Bolívia, Chile,
Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, Guatemala, México, Peru e Venezuela.
Em 2001, teve lugar, na Guatemala, o segundo encontro sobre medicina
indígena (WHO, 2002).
Em 1999, em uma conferência da OMS, foi tratado o assunto de como
harmonizar a medicina tradicional com a alopática para alcançar o máximo efeito na
saúde (WHO, 2002).
17
Na África, a OMS assiste 21 países em sua pesquisa em medicinal
tradicional. A pesquisa segue as Diretrizes Gerais da OMS para Metodologias em
Pesquisa e Avaliação de Medicina Tradicional (WHO, 2002).
Além das próprias publicações que disponibiliza, a OMS também mantém
uma base de dados sobre plantas medicinais, que provê informações (referências)
sobre etnomedicina, farmacologia, fitoquímica aberta ao público em geral (WHO,
2002).
O reconhecimento por parte dos governos da importância da medicina
tradicional para a saúde das populações [...] e a criação de um ambiente
viável são a base para a otimização do uso da medicina tradicional. É
necessário o apoio e comprometimento político sustentável, criado através
[...] da utilização de marketing social e métodos participativos, de
lideranças, praticantes de medicina tradicional, ONGs, associações
profissionais, comunidade, instituições de ensino e demais investidores
(WHO, 2002, p. 35).
A política é de integrar TM/CAM nos sistemas de saúde nacionais de seus
países membros, desenvolvendo e implementando políticas e programas de
TM/CAM. Explicitamente:
a) Ajudar países a desenvolver políticas e programas de TM/CAM;
b) Proteger e preservar o conhecimento indígena de TM referente à saúde, e
ajudar países a desenvolver estratégias para proteger seu conhecimento
indígena de TM;
c) Comprometer-se também a facilitar a troca de informações de TM/CAM
entre os países, bem como a desenvolver e implementar políticas e
regulações de TM/CAM, promovendo as formas eficazes e seguras da
medicina tradicional indígena;
d) Expandir a base de dados em TM/CAM, identificando quais terapias
TM/CAM têm sua eficácia e segurança comprovadas, e orientar nos
padrões de sua regulação e qualidade, especialmente de plantas
medicinais; (WHO, 2002, p. 45, 46);
e) Incentivar a divulgação ao público da credibilidade de TM/CAM em relação
à prevenção, tratamento e controle de doenças freqüentes;
f) Apoiar a pesquisa clínica sobre a segurança e eficácia das TM/CAM;
g) Formação de uma rede regulatória de sistemas seguros de monitoramento
de tratamentos por plantas medicinais;
18
h) Organizar programas e orientações para treinamento e inclusive para
atualização do conhecimento de autoridades oficiais a respeito da
segurança e eficácia de plantas medicinais;
i) Reconhecer e promover o reconhecimento do papel importante dos
praticantes de TM/CAM, e encorajar sua integração com os praticantes
alopáticos;
j) Proteção das plantas medicinais – Promover o uso sustentável e cultivo de
plantas medicinais (WHO, 2002, p. 47), protegendo o meio-ambiente;
k) Orientação para a boa prática agrícola em relação às plantas medicinais;
l) Promover o uso racional e seguro de TM/CAM por praticantes e
consumidores;
m) Encorajar os países a organizar programas de treinamento sobre
conhecimentos básicos de TM/CAM para os praticantes alopáticos e
promover práticas regulamentadas de terapias (WHO, 2002, p. 48);
n) Continuar desenvolvendo materiais educativos e de divulgação para
ampliar a certeza da necessidade do uso racional de TM/CAM, e para
orientar o público no seu uso seguro.
1.1.2 A política e o contexto das plantas medicinais no Brasil
O Brasil tem a maior biodiversidade do planeta com cerca de 60 mil espécies
de plantas superiores conhecidas. A maioria é usada pelo ser humano como fonte
de alimento, como matéria-prima para construção, como medicamentos para cura de
enfermidades ou no uso de aromatizantes.
Desse total, o número de espécies pesquisadas para fins farmacológicos não
representam nem 10% do potencial nacional.
Mesmo situando-se entre os 10 maiores consumidores de medicamentos do
mundo (BARATA, 1998), cerca de 50 milhões de brasileiros não têm acesso a
medicamentos, dependendo de programas governamentais de distribuição gratuita,
ou optando pelos remédios caseiros, portanto, as plantas medicinais constituem uma
alternativa de baixo custo (BARATA, 1998). De fato, no Brasil, o uso de plantas
medicinais é prática comum, que vem sendo transmitida de geração em geração.
Tem sua origem na cultura de diversos grupos indígenas que habitavam o país,
misturada, ainda, com as tradições de uso dos europeus e africanos que chegaram
19
posteriormente e constitui a atual farmacopéia local, despertando grande interesse
internacional pelo potencial terapêutico e econômico que representa (SILVA et. al.,
[ca.2002]). Note-se que o comércio de medicamentos fitoterápicos brasileiros
movimenta cerca de US$ 260 milhões de dólares ao ano (IBAMA, 2006).
Temos já o reconhecimento de diversas plantas medicinais valiosas que se
encontram no Brasil, como a dedaleira (Digitalis purpurea), tradicionalmente utilizada
sob forma de chá contra a hidropisia provocada pela insuficiência cardíaca, e que
hoje tem o efeito da Digitalina sobre o músculo cardíaco comprovado
cientificamente,
a
casca-d'anta
(Drimys
brasiliensis)
com
propriedades
estomáquicas, a quina (Cinchona calisaya) utilizada no tratamento da malária, a
ipecacuanha (Cephaelis ipecacuanha) utilizada para o tratamento de diarréias,
disenteria amebiana, catarros crônicos, hemorragias e asma e a sapucainha
(Carpotroche brasiliensis) com efeitos também comprovados cientificamente e cujo
óleo extraído da semente é empregado no tratamento da lepra (SILVA et al.,
[ca.2002]), entre outras.
É importante, portanto, otimizar os recursos de ambos os segmentos, aliando
o conhecimento popular, que fornece importante indicativo para pesquisas, ao
conhecimento científico, adequando e desenvolvendo tecnologias que transformem
plantas
em
fitofármacos
(VENDRUSCOLO,
2004).
Nesse
particular,
a
etnofarmacologia pode dar especial contribuição.
No Brasil, a partir de 1981, a portaria n. 212 (PRONAF, 2006) definiu os
estudos em plantas medicinais como uma das prioridades de investigação em
saúde. Em 1982, foi elaborado o Programa de Pesquisa em Plantas Medicinais
(PPPM) da Central de Medicamentos (CEME), objetivando promover pesquisas
sobre as propriedades terapêuticas das plantas utilizadas como medicinais, pela
população brasileira, para a utilização nos serviços de assistência à saúde, a baixo
custo. (VENDRUSCOLO, 2004). Também tinha como meta orientar a população
sobre o verdadeiro potencial e os possíveis efeitos tóxicos dessas plantas, muitas
vezes utilizadas de forma pouco criteriosa (BARATA, 1998).
No ano de 1985, foi editada Portaria pelo IBAMA controlando a coleta,
transporte, comercialização e industrialização de plantas ornamentais, medicinais,
aromáticas e tóxicas, oriundas de floresta nativa, evidenciando preocupação com a
biopirataria (IBAMA, 2006).
20
Até o ano de 1986, as plantas selecionadas para estudo perfaziam um total
de 74 espécies, conforme quadro abaixo:
Quadro 1 - Espécies vegetais selecionadas para estudo pela CEME
Espécie
1.Achyrocline satureioides
2. Ageratum conyzoides
3. Allium sativum
4. Alpinia speciosa
5. Amaranthus viridis
6. Annona muricata
Nome Popular
Macela,
marcela
Mentrasto
Alho
Colônia
Bredo
Espécie
38. Lippia alba
Nome Popular
Falsa-melissa
39. Lippia gracilis
Alecrim
40. Lippia sidoides
Alecrim
41. Luffa operculata
Cabacinha
42. Matricaria
chamomila
Camomila
Espinheira-
Graviola
43. Maytenus ilicifolia
7. Annona squamosa
Pinha
44. Melissa officinalis
8. Arrabidaea chica
Pariri
45. Mentha piperita
Hortelã
9. Artemisia vulgaris
Artemísia
46. Mentha spicata
Hortelã
10. Astronium urundeuva
11. Baccharis trimera
Aroeira
Carqueja
47. Mikania
glomerata
48. Momordica
charantia
12. Bauhinia affinis
Unha-de-vaca 49. Musa sp.
13. Bauhinia forficata
Unha-de-vaca 50. Myrcia uniflora
14. Bixa orellana
Urucum
15. Boerhavia hirsuta
Pega-pinto
16. Brassica oleracea
Couve
17. Bryophyllum
callicynum
Folha-dafortuna
18. Caesalpinia ferrea
Jucá
19. Carapa guianensis
Andiroba
51. Nasturtium
officinale
52. Passiflora edulis
santa
Erva cidreira
Guaco
Melão-de-sãoCaetano
Bananeira
Pedra-ume-caá
Agrião
Maracujá
53. Persea americana
Abacateiro
54. Petiveria alliacea
Tipi
55. Phyllanthus niruri
Quebra-pedra
56. Phytolacca
dodecandra
“Endod”
21
20. Cecropia glaziovi
Embaúba
57. Piper calosum
Elixir-paregórico
Mastruço
58. Plantago major
Tanchagem
22. Cissus sicyoides
Cipó-pucá
59. Polygonum acre
Erva-de-bicho
23. Coleus barbatus
Boldo
60. Portulaca pilosa
Amor-crescido
24. Costus spicatus
Cana-do-brejo
21. Chenopodium
ambrosioides L.
25. Croton zehtnery
26. Cucúrbita máxima
27. Cuphea aperta
Canela-decunha
Abóbora
Sete-sangrias
61. Pothomorphe
peltata
62. Pothomorphe
umbellata
64. Pterodon
Sucupira-
polygaliflorus
branca
65. Schinus
29. Dalbergia subcymosa
Verônica
66. Scoparia dulcis
30. Dioclea violacea
Mucunha
67. Sedum praealtum
68. Solanum
vaca
paniculatum
33. Foeniculum vulgare
Funcho
34. Hymenaea courbaryl
Jatobá
35. Imperata exaltata
Sapé
36. Lantana camara
Cambará
37. Leonotis nepetaefolia
terebinthifolius
Língua-de-
Marupari
Cordão-defrade
Caapeba
Goiabeira
Capim-cidró
32. Eleutherine plicata
Norte
63. Psidium guajava
28. Cymbopogon citratus
31. Elephantopus scaber
Caapeba-do-
69. Stachytarpheta
cayennensis
70. Stryphnodendron
barbatiman
71. Symphytum
officinale
72. Syzygium
jambolanum
73. Tradescantia
diuretica
74. Xilopia sericea
Aroeira
Vassourinha
Bálsamo
Jurubeba
Gervão-roxo
Barbatimão
Confrei
Jambolão
Trapoeiraba
Embiriba
Fonte: Programa de pesquisa em produtos naturais: a experiência da CEME (2004).
Como resultado desses estudos, foi proibido o uso interno do confrei
(Symphytum officinale), identificado como hepatotóxico.
22
Em 1992, foi publicada lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas
de extinção, pelo IBAMA, um passo importante para a preservação, em particular, de
espécies que têm prática de uso medicinal, com vistas a regular sua exploração.
Quanto ao comércio internacional, dados de 1991 a 1998 reportam com
destaque a exportação de copaíba (Copaifera multijuga), pau-rosa (Aniba
rosaeodora), ipecacuanha (Cephaelis ipecacuanha), guaraná (Paulinia sp.), sene
(Senna sp.), ginseng brasileiro (Pfaffia paniculata), jaborandi (Pilocarpus spp.),
arnica (sem especificar espécie), boldo (Pneumus boldus), cáscara-sagrada
(Rhamnus purshiana) e algas (SILVA et al., [ca.2002]).
Dentre as plantas importadas, encontram-se várias das que o Brasil exporta,
indicando possíveis re-exportações, como arnica, boldo, sene, ginseng, guaraná,
ipecacuanha e algas frescas para medicina, além de produtos como “bálsamos,
resinas, extratos vegetais e outros” (SILVA et al., [ca.2002]).
O PPPM já estava com cerca de 8 plantas medicinais – espinheira-santa,
quebra-pedra, guaco, alho, maracujá, sete-sangrias, capim-cidró e embaúba – em
estágio avançado, ou seja, fase final do estudo pré-clínico e início dos estudo
clínicos, quando a CEME foi desativada em junho de 1997 (SANT'ANA; ASSAD,
2004).
Assim, do ponto de vista da consecução dos trabalhos, a pesquisa de anos foi
perdida, pois com o término dos financiamentos, tornaram-se inviáveis as tarefas de
coleta, cultivo e fornecimento das plantas selecionadas em larga escala pelos
núcleos responsáveis.
As pesquisas de Maytenus muelleri, Phyllanthus niruri, Mikania glomerata e
Cecropia glaziovi foram retomadas por instituições de pesquisa, as três primeiras em
parceria com laboratórios privados, porém, o hiato que se sucedeu após a extinção
da CEME permitiu o patenteamento, por uma empresa japonesa, de Maytenus
muelleri (espinheira-santa) como capaz de combater úlceras estomacais.
Até 1996, os produtos fitoterápicos podiam ser vendidos como produtos
naturais sem requerer estudos pré-clínicos nem de toxicidade. A partir daí, as
Secretarias de Saúde Municipais e Estaduais, encarregadas de promover a
vigilância sanitária, exigem esses e outros estudos.
Em 2000, é criada a normatização do Produto Fitoterápico Tradicional, e é
apresentada uma Lista de Medicamentos Tradicionais com base na literatura
científica mundial de caráter acadêmico (SILVA et al., [ca.2002]).
23
Quanto à política nacional de pesquisa, atualmente a participação de
pesquisador estrangeiro, e o traslado de espécimes biológicos nativas devem ser
autorizados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) através do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
Em 2001, com vistas a regular e proteger a flora nacional da grande pressão
extrativista sobre as plantas medicinais, foi criado o Núcleo de Plantas Medicinais e
Aromáticas (NUPLAM), pelo IBAMA (IBAMA, 2006). Dentre as proposições
formalizadas pelo NUPLAM estão, explicitamente, o resgate e proteção do
conhecimento tradicional (etnobotânica), através do “reconhecimento da importância
de valorizar o saber popular, sua história e sua transmissão aos demais membros
das comunidades envolvidas, valorando os bens ambientais e à difusão de práticas
e tecnologias ambientais sustentáveis” (IBAMA, 2006).
Referenciando-se nos princípios estratégicos da OMS em sua política 20022005, o Ministério da Saúde editou em maio de 2006, a Portaria n. 971, que permite
a inclusão da homeopatia, acupuntura, termalismo e fitoterapia, com a designação
de Terapias Integrativas e Complementares, no Sistema Único de Saúde (SUS).
Esta Portaria é um avanço no sentido de permitir a inclusão de práticas
tradicionalmente consagradas no sistema de atendimento da população brasileira.
De acordo com essa Portaria:
A fitoterapia é uma "terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em
suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas
isoladas, ainda que de origem vegetal". O uso de plantas medicinais na arte de
curar é uma forma de tratamento de origens muito antigas, relacionada aos
primórdios da medicina e fundamentada no acúmulo de informações por
sucessivas gerações. Ao longo dos séculos, produtos de origem vegetal
constituíram as bases para tratamento de diferentes doenças. Desde a Declaração
de Alma-Ata, em 1978, a OMS tem expressado a sua posição a respeito da
necessidade de valorizar a utilização de plantas medicinais no âmbito sanitário,
tendo em conta que 80% da população mundial utiliza essas plantas ou
preparações destas no que se refere à atenção primária de saúde. Ao lado disso,
destaca-se a participação dos países em desenvolvimento nesse processo, já que
possuem 67% das espécies vegetais do mundo. O Brasil possui grande potencial
para o desenvolvimento dessa terapêutica, como a maior diversidade vegetal do
mundo, ampla sociodiversidade, uso de plantas medicinais vinculado ao
conhecimento tradicional e tecnologia para validar cientificamente esse
conhecimento. O interesse popular e institucional vem crescendo no sentido de
fortalecer a fitoterapia no SUS. A partir da década de 80, diversos documentos
foram elaborados, enfatizando a introdução de plantas medicinais e fitoterápicos
na atenção básica no sistema público, entre os quais se destacam:
- A Resolução Ciplan nº 8/88, que regulamenta a implantação da fitoterapia nos
serviços de saúde e cria procedimentos e rotinas relativas a sua prática nas
unidades assistenciais médicas;
24
- O Relatório da 10a Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1996, que
aponta no item 286.12: "incorporar no SUS, em todo o País, as práticas de saúde
como a fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando as terapias
alternativas e práticas populares" e, no item 351.10: “o Ministério da Saúde deve
incentivar a fitoterapia na assistência farmacêutica pública e elaborar normas para
sua utilização, amplamente discutidas com os trabalhadores em saúde e
especialistas, nas cidades onde existir maior participação popular, com gestores
mais empenhados com a questão da cidadania e dos movimentos populares”;
- A Portaria nº 3916/98, que aprova a Política Nacional de Medicamentos, a qual
estabelece, no âmbito de suas diretrizes para o desenvolvimento científico e
tecnológico: "...deverá ser continuado e expandido o apoio às pesquisas que
visem ao aproveitamento do potencial terapêutico da flora e fauna nacionais,
enfatizando a certificação de suas propriedades medicamentosas’;
- O Relatório do Seminário Nacional de Plantas Medicinais, Fitoterápicos e
Assistência Farmacêutica, realizado em 2003, que entre as suas recomendações,
contempla: ‘integrar no Sistema Único de Saúde o uso de plantas medicinais e
medicamentos fitoterápicos";
- O Relatório da 12ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 2003, que
aponta a necessidade de se ‘investir na pesquisa e desenvolvimento de tecnologia
para produção de medicamentos homeopáticos e da flora brasileira, favorecendo a
produção nacional e a implantação de programas para uso de medicamentos
fitoterápicos nos serviços de saúde, de acordo com as recomendações da 1ª
Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica’.
- A Resolução nº 338/04, do Conselho Nacional de Saúde que aprova a Política
Nacional de Assistência Farmacêutica, a qual contempla, em seus eixos
estratégicos, a ‘definição e pactuação de ações intersetoriais que visem à
utilização das plantas medicinais e de medicamentos fitoterápicos no processo de
atenção à saúde, com respeito aos conhecimentos tradicionais incorporados, com
embasamento científico, com adoção de políticas de geração de emprego e renda,
com qualificação e fixação de produtores, envolvimento dos trabalhadores em
saúde no processo de incorporação dessa opção terapêutica e baseada no
incentivo à produção nacional, com a utilização da biodiversidade existente no
País’;
- 2005. Decreto Presidencial de 17 de fevereiro de 2005, que cria o Grupo de
Trabalho para elaboração da Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos.
- Atualmente, existem programas estaduais e municipais de fitoterapia, desde
aqueles com memento terapêutico e regulamentação específica para o serviço,
implementados há mais de 10 anos, até aqueles com início recente ou com
pretensão de implantação. Em levantamento realizado pelo Ministério da Saúde
no ano de 2004, verificou-se, em todos os municípios brasileiros, que a fitoterapia
está presente em 116 municípios, contemplando 22 unidades federadas.
No âmbito federal, cabe assinalar, ainda, que o Ministério da Saúde realizou, em
2001, o Fórum para formulação de uma proposta de Política Nacional de Plantas
Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos, do qual participaram diferentes
segmentos tendo em conta, em especial, a intersetorialidade envolvida na cadeia
produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos. Em 2003, o Ministério promoveu o
Seminário Nacional de Plantas Medicinais, Fitoterápicos e Assistência
Farmacêutica. Ambas as iniciativas aportaram contribuições importantes para a
formulação desta Política Nacional, como concretização de uma etapa para
elaboração da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (MS,
Portaria 971/06).
O Brasil possui a maior base universitária e técnica das Américas, com
exceção dos EUA. Há uma inegável capacitação científica nas áreas de botânica,
química de produtos naturais, farmacologia, farmácia e outras áreas afins. O parque
de equipamentos analíticos nas universidades brasileiras é, em alguns casos,
25
equivalente aos das melhores universidades estrangeiras. Apesar dessa razoável
base científica, quase sempre são as multinacionais que conseguem desenvolver
novos produtos farmacêuticos a partir de plantas medicinais. Muitas patentes que
deram origem a medicamentos hoje comercializados por empresas multinacionais
tiveram origem nas universidades brasileiras, através de pesquisas financiadas pelo
governo brasileiro. Os fatores limitantes são principalmente a vontade política de
fazer fitomedicamentos e a cooperação entre grupos multidisciplinares (BARATA,
1998).
Atualmente, pode-se dizer que a pesquisa e desenvolvimento de fitoterápicos
e fitofármacos em uma base moderna, praticamente inexiste no Brasil. As várias
competências nessa área (universidades, empresas, institutos de pesquisa) não se
comunicam entre si. Além disso, poucos recursos financeiros são destinados à
pesquisa científica de plantas medicinais. Porém, o Brasil tem a seu favor a
exuberante biodiversidade, o conhecimento tradicional da utilização de plantas para
fins alimentícios e medicinais, o interesse de empresas nacionais e internacionais
no desenvolvimento de fitofármacos, a existência de uma base técnico-científica e o
sistema de pós-graduação melhor estruturado das Américas do Sul e Central.
Apesar disso, esse potencial nacional ainda se encontra muito pouco explorado.
Talvez, em decorrência do interesse mundial e, conforme abrem possibilidades a
Portaria 971/06 do Ministério da Saúde, a situação se modifique em favor de maior
interesse na pesquisa de plantas medicinais no país.
1.2 Breve histórico do município de Nova Santa Rita
Em 1872, iniciou-se a colonização dessa localidade, composta em sua
maioria por descendentes de lusos e de alemães, tendo sido uma das primeiras a
ser colonizada no estado.
Com base na agropecuária, o Distrito guarda lembranças históricas, como a
data de 27 de janeiro de 1885, quando a Princesa Isabel visitou a Fazenda de José
Borges, em Morretes, ou quando no ano de 1895 fundou-se a primeira Igreja
Episcopal do Brasil.
No início do século XX, a área abrangida pelo Município de Nova Santa Rita
fazia parte integrante do Município de São Sebastião do Caí, permanecendo nesta
situação até 28 de junho de 1939, quando Canoas emancipou-se do Município de
26
Gravataí e anexou ao seu território a referida área que passou a denominar-se 2º
Distrito de Canoas, tendo como sede Berto Círio.
Em 1991, através de plebiscito realizado no dia 10 de novembro, o movimento
pró-emancipação sai vitorioso e, em 20 de março de 1992, através da Lei Estadual
nº 9585/92, sancionada pelo Governador Alceu Collares, foi criado o Município de
Nova Santa Rita.
1.3 Caracterização geográfica do município de Nova Santa Rita
O município de Nova Santa Rita pertence à Mesorregião Metropolitana de
Porto Alegre e à Microrregião Porto Alegre, possuindo como municípios limítrofes
Canoas, Capela de Santana, Montenegro, Triunfo, Esteio, Portão, Viamão e
Sapucaia do Sul. Localiza-se na latitude 29º52'S e longitude 51º16'O.
Possui uma área total de 217,96 km2, sendo 189,66 km2 de área rural, sendo
considerada área rural aquela com densidade populacional inferior a 150 habitantes
por quilômetro quadrado.
A sede do município está localizada junto à desembocadura do Rio do Sinos
no Rio Jacuí, distando trinta quilômetros da capital do Estado. Sua altitude média é
de 63m, e o clima é subtropical. O local caracteriza-se por fragmentos de mata ciliar,
com a presença de várias espécies pioneiras, especialmente arbóreas.
1.4 Caracterização sócio-econômica e cultural da população de Nova Santa
Rita e do bairro Morretes
O município de Nova Santa Rita possui uma população estimada em 21.856
habitantes (2005), portanto, com uma densidade demográfica aproximada de 100,3
hab/km². Da população, 23,21% vive em 465 propriedades rurais.
Cerca de 92,8% da população é alfabetizada, contando com dezesseis
escolas de ensino fundamental e uma escola de ensino médio. Quanto aos Serviços
de Saúde (dados relativos ao ano de 2002), a localidade possui cinco
estabelecimentos, sendo três Postos Municipais de Saúde, um deles localizado no
bairro Morretes, e dois estabelecimentos privados. Possui ainda duas agências
bancárias.
27
A principal atividade econômica do município é a agricultura, com a produção
de melão, melancia, alho, arroz, batata-doce, cana-de-açúcar, cebola, feijão,
mandioca, milho e tomate, sendo o maior produtor de melão do estado. Produz,
ainda, banana, caqui, figo, laranja, pêra, pêssego e uva. Também possui atividade
pecuária e piscicultura. Explora, ainda, a silvicultura, com produção de lenha, carvão
vegetal, madeira em toras e a casca da acácia-negra.
Existe, também, uma indústria de cimento no município, a Cimpor, que opera
com as marcas Cimbagé Cimentos e Cimpor Argamassas, atendendo aos mercados
de cimento e argamassas industrializados dos Estados do Rio Grande do Sul e
Santa Catarina.
O PIB per capita do município, no ano de 2004, foi de R$ 12.803,00.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
O presente trabalho busca pesquisar o conhecimento popular de plantas
utilizadas como medicinais e místicas no bairro Morretes, município de Nova Santa
Rita, RS, e organizar essas informações, comparando-as com demais trabalhos
realizados no Estado.
2.2 Objetivos específicos
a) Fazer um levantamento do uso medicinal e ritualístico de plantas por
moradores do bairro Morretes, Nova Santa Rita, RS;
b) Organizar os dados em tabelas comparativas;
c) Comparar os dados pesquisados com aqueles encontrados em outros
trabalhos realizados no Rio Grande do Sul;
d) Doar cópia do trabalho à Associação de Moradores do bairro Morretes,
como forma de retribuir à comunidade o conhecimento que foi
compartilhado.
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Escolha de informantes
Existe a idéia de que os melhores informantes são justamente os idosos e/ou
analfabetos que obtiveram seus conhecimentos por tradição oral de seus
antepassados ou de sua própria experiência com diversas substâncias medicinais
(SILVA et al., [ca.2002]). Porém, este critério não foi decisivo para a escolha dos
entrevistados. Nem todos os bons informantes encontrados em Morretes são idosos
e tampouco analfabetos, porém, sua fonte de informação originou-se de suas mães
e avós (tradição oral).
Para este estudo, a escolha dos informantes foi feita por indicação resultante
de conversas informais com moradores da comunidade. Foi usada também a técnica
“Bola de Neve”, em que a cada indivíduo pesquisado foi solicitado que indicasse
outras pessoas do bairro Morretes que tivessem bom conhecimento de plantas
medicinais, para novas entrevistas. Repetindo-se esse processo com cada
entrevistado,
acaba-se
por
abranger
um
universo
significativo
dentro
da
comunidade, se não todos os indivíduos com o nível de conhecimento pretendido.
Pelo levantamento, percebeu-se que existem muitas pessoas no bairro Morretes que
detêm conhecimentos sobre plantas e fazem uso delas como medicinais e/ou
ritualísticos. Em virtude do pouco tempo disponível para as pesquisas de campo
(menos de seis meses), foi necessário, portanto, restringir o número de informantes
a um total de cinco, escolhendo aqueles que primeiramente foram mencionados.
Aprofundamentos posteriores poderão ser feitos, como continuação do presente
trabalho.
Os cinco informantes situaram-se na faixa etária de 51 a 73 anos, todas com
escolaridade de nível fundamental incompleto e do sexo feminino. Elas foram
contatadas em um primeiro momento para verificar sua disponibilidade para
colaborar com a pesquisa, e foi preenchido o Termo de Consentimento Livre e
30
Esclarecido (Anexo A). Ficou estabelecido que haveria novos contatos nos finais de
semana para que o levantamento pudesse ser mais efetivo, possibilitando que os
informantes pudessem lembrar o máximo de plantas que utilizam como medicinais
ou ritualísticas.
3.2 Metodologia da coleta de dados
A metodologia utilizada na coleta de dados foi a de entrevistas do tipo semiestruturado (Apêndice A), com questões que foram abordadas em conversas
informais junto aos informantes indicados pela comunidade, residentes no bairro
Morretes, município de Nova Santa Rita/RS.
As diversas visitas proporcionaram criar vínculos de confiança, facilitando a
transmissão do saber particular de cada indivíduo pesquisado. Durante as
entrevistas, foram feitas anotações e coletadas todas as espécies em que havia
dúvida sobre a identificação, para posterior herborização. Foram feitas, no total, oito
visitas aos informantes.
3.3 Coleta, herborização, identificação e catalogação das plantas estudadas
Segundo Baldauf (BALDAUF, 2000), é muito mais produtivo, ao invés de pedir
para o informante listar todas as plantas medicinais que conhece, confrontá-lo com
situações reais de uso, bem como acompanhá-lo a locais de coleta”, pois
informantes que utilizam e conhecem centenas de plantas têm dificuldade de
lembrar de imediato mais de oito ou dez nomes. Nessa pesquisa, entretanto, cada
informante conseguiu lembrar espontaneamente de bem mais do que dez plantas
que utiliza. Em passeio pela região, nos locais onde o informante costuma fazer
coletas, foram sendo lembradas mais plantas. Todas as espécies em que havia
dúvidas sobre a correta identificação botânica foram coletadas. Aquelas em que não
foi possível a identificação nem a coleta, não foram consideradas para o estudo.
Após
a
coleta,
os
espécimes
foram
herborizados
e
identificados
taxonomicamente através de observação visual, da literatura pertinente e, quando
necessário, confirmação com o Prof. Sérgio Bordignon.
As plantas mencionadas durante as entrevistas, após serem identificadas
conforme mencionado acima, foram listadas em tabelas com seus respectivos
31
nomes científicos válidos. As espécies foram incluídas em famílias botânicas
conforme a APG II (SOUZA; LORENZI, 2005).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram mencionadas 184 plantas, três delas sendo citadas por todas as
informantes: Bauhinia forficata (pata-de-vaca), Eugenia uniflora (pitangueira) e
Aloysia gratissima (erva-de-nossa-senhora), evidenciando sua importância na
região.
As plantas mencionadas pertencem a 48 famílias e 86 gêneros, distribuídos
em 99 espécies, das quais somente 6 não foram identificadas, por não estarem em
fase reprodutiva ou não serem encontradas no local: Mentha sp., Cordia sp.,
Abutilon sp., Lavandula sp., Origanum sp. e Cucurbita sp. Para fins de comparação,
mesmo esses gêneros foram considerados como táxons distintos.
4.1 Plantas apontadas como medicinais e seu respectivo uso
As informantes foram indicadas por números de 1 a 5 (Quadro 2).
Nome popular
Quadro 2 - Plantas apontadas como medicinais ou de uso ritualístico e seus respectivos usos
Forma de
Citações/uso
Nome
Parte
Uso
preparo e
em consórcio/
Família
Hábito Origem Ecologia
científico
utilizada medicinal/religioso
administração Observações
Sabugueiro (2)
Sambucus australis
Cham. & Schltdl.
Adoxaceae
Arbóreo
Nativa
Cultivada
Folhas
Cebola-roxa (3)
Allium cepa L.
Alliaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Amaranthaceae
Herbáceo
Nativa
Amaranthaceae
Subarbustivo Nativa
Penicilina (5)
Althernanthera
brasiliana (L.) O.
Kunt
Arnica-do-mato (1,2) Chenopodium
ambrosioides L.
Chá, em decocção
Bulbo
Pressão alta, para
emagrecer, afinar o
sangue.
Dores, reumatismo.
Cultivada
Folhas
Infecção
Chá, decocção
Espontânea
Folhas
Contusões, hematomas
Contra pulgas e insetos
Chá e infusão (uso
externo).
Usar a planta no
local infestado.
Chá, com açúcar
queimado
Ramos
Aroeira (nacagüita)
(1)
Quaresma (4)
Funcho (3,4,5)
Comigo-ninguémpode(3)
Schinus molle L.
Anacardiaceae
Arbóreo
Nativa
Rollinia silvatica (A.
St.-Hil.) Mart.
Foeniculum vulgare
Mill.
Annonaceae
Arbóreo
Apiaceae
Dieffenbachia picta
Schott.
Araceae
Cipó-mil-homens (2) Aristolochia
triangularis Cham.
Cipó-milomo (3)
Fumentação, no
álcool.
Folhas
Tosse
Nativa.
Espontânea
Campo
Espontânea
Folhas
Oferendas
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Chá (3,4),
Chá no leite (5)
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Bexiga(3)
Cólica menstrual (3)
Tirar o frio do corpo (3)
Febre (3)
Digestão (4)
Resfriado (5)
Aumentar o leite de
lactantes (5)
Banho para “abrir os
caminhos”
Nativa
Espontânea
Caule
Má-circulação, dores
reumáticas (uso externo)
(2);
Azia (uso interno) (2)
“Bom para tudo”: bexiga,
pedras nos rins, na
vesícula, infecções em
geral (3)
Maceração em álcool
(uso externo)(2).
Para azia, mastigar
lentamente um
palitinho feito do cipó
(2)
Chá (3)
Aristolochiaceae Escandente
juntamente com
caroço do abacate
e catinga-demulata.
Também usa junto
com marcela (4)
Juntamente com
Guiné e Quebratudo. Sempre usar
um pedacinho
pequeno, porque
“dá alergia”
33
Nome popular
Mil-em-rama (1)
Marcela (3, 4,5)
Baldrana (4)
Losna (2,5)
Carquejinha (5)
Carqueja (1)
Nome
científico
Família
Hábito
Origem
Ecologia
Parte
Uso
utilizada medicinal/religioso
Forma de
Citações/uso
preparo e
em consórcio/
administração Observações
Chá
Achilea millefolium
L.
Achyrochline
satureioides(Lam.)
DC.
Asteraceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
“Barriga” da mulher, como
anti-inflamatório
Estômago (3,4)
Tosse (4); Gripe (5)
Asteraceae
Herbáceo
Nativa
Espontânea
Flores
Arctium minus (Hill.)
Bernh.
Artemísia
absinthium L.
Baccharis articulata
(Lam.) Pers
Baccharis sp.
Asteraceae
Herbáceo
Exótica
Espontânea
Folhas
Asteraceae
Subarbustivo Exótica
Cultivada
Folhas
Asteraceae
Subarbustivo Nativa
Espontânea
Ramos
Asteraceae
Subarbustivo Nativa
Espontânea
Folhas
Diabetes, intestino. Para
emagrecer
Chá
Asteraceae
Herbáceo
Espontânea
Folhas (2)
Infecção, “puxa” o pus(2).
Infecção na bexiga, útero
(2)
Bexiga, diurético (4)
Chá, em decocção
(2,4) para tomar e
colocar no local,
juntamente com as
folhinhas molhadas
(2)
Chá (4,5)
Estômago (uso interno) e
feridas (uso externo).
Fígado (2)
Estômago (5)
Rins, para emagrecer
Picão (2)
Picão-preto (4)
Bidens pilosa L.
Maçanilha (4,5)
Chamomilla recutita
(L) Rauschert
Chaptalia nutans
(L.) Pol.
Asteraceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Flores
Cólica de bebês (4,5)
Asteraceae
Herbáceo
Nativa
Espontânea
Folhas
Chrysanthemum
myconis L.
Galinsoga parviflora
Cav.
Asteraceae
Herbáceo
Exótica
Espontânea
Asteraceae
Herbáceo
Exótica
Espontânea
Folhas e
flores
Flores
Cicatrização (2)
Dores reumáticas e
musculares (2)
Úlcera, gastrite, infecção,
inflamação (“puxa para
fora”) (3)
Infecções na boca (lavar –
ext.) (3)
Contusões (4)
Lavar feridas (uso externo)
Arnica-do-mato (2
,4)
Arnica (3)
Erva-santa (5)
Picão-branco (5)
Nativa
Raiz (2,4)
Infecção urinária
Chá (3,4)
Chá no leite, com
gemada, p/tosse (4);
Chá com gemada,
p/gripe (5)
Chá e uso externo:
folhas amassadas
Chá, em decocção,
frio (2), Chá (5)
Chá
Fumentação em
álcool (uso externo)
(2,3,4)
Chá (3,4)
Folhas e flores
fervidas (ext.)
Chá.
Também com
funcho ou com
gervão (4); Também
com folhas de
eucalipto e limão (5)
Juntamente com
caroço de abacate,
arruda e guiné(2)
Junto com mel,
tançagem, marcela
ou Picão-branco.
34
Nome popular
Nome
científico
Família
Hábito
Origem
Ecologia
Uso
Parte
utilizada medicinal/religioso
Forma de
Citações/uso
preparo e
em consórcio/
administração Observações
Expectorante, para tosse;
Falta de fôlego
Chá, em decocção
Tosse, gripe
Chá
Também com limão
Contusões (1), hematomas
(1)
Intestino, diarréia (2)
Lavar feridas (5); Infecções
(5)
Bronquite, tosse, asma
Chá (int.) (1)
Maceração (ext.) (1);
Chá, em decocção
(2,5)
Também junto com
Malva-cheirosa (5)
Fumentação em
álcool (ext.)(3,4)
Chá com sal, em
gargarejo (4)
Guaquinho-do-mato
(2)
Mikania cf. cordifolia Asteraceae
(L. f.) Willd.
Escandente
Nativa
Espontânea
Folhas
Guaco (5)
Mikania laevigata
Schultz
Pluchea sagittalis
(Lam.) Cabrera
Asteraceae
Escandente
Nativa
Espontânea
Flor
Folhas
Asteraceae
Subarbustivo Nativa
Espontânea
Ramos
Chinchíria (3)
Tagetes minuta L.
Asteraceae
Subarbustivo Nativa
Espontânea
Folhas
Catinga-de-mulata
(3, 4)
Tanacetum vulgare
L.
Asteraceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Dores, reumatismo
(ext.)(3)
Dor de garganta (4)
Contusões (ext.)(4)
Orô (4)
Vernonia
condensata Baker
Asteraceae
Arbustivo
Exótica
Cultivada
Ramos
Banhos de descarga
Baleeira (2,4)
Cordia sp.
Boraginaceae
Arbustivo
Espontânea
Folhas
Diarréia (2, 4)
Colite. (2)
Esporinha (2)
Tillandsia aeranthos Bromeliaceae
(Loisel.) L. B. Sm.
Rhipsalis teres
Cactaceae
(Vell.) Steud.
Epifítico
Nativa de
quase todo
o Brasil
Nativa
Espontânea
Folhas
Diabetes
Epifítico
Nativa
Espontânea
Folhas
Rins
Mamão-verde (1)
Carica papaya L.
Caricaceae
Arbustivo
Exótica
Cultivada
Fruto
Bronquite
Cancorosa (5)
Maytenus muelleri
Schwacke (= M.
ilicifolia Mart. ex
Reiss.)
Celastraceae
Arbóreo
Nativa
Cultivada
Folhas
Feridas com coceira (ext.)
Antibiótico (int.)
Arnica-do-campo
(1,2,),
Arnica (5)
Erva-de-pássaro (2)
Chá.
Juntamente com
caroço de abacate
e Cebola-roxa (3).
Juntamente com
arruda (ext.) (4)
Também com
outras ervas
indicadas, em
número ímpar
Chá, em decocção
(2),
Chá (4).
Chá fraco, tomar por
água
Chá, em decocção
Xarope, cortando na
parte menor do fruto,
enchendo de mel e
assando no forno. Ao
“murchar”, coar.
Folhas torradas e
moídas (ext.). Chá e
no chimarrão (int.)
35
Nome popular
Nome
científico
Família
Hábito
Origem
Ecologia
Parte
Uso
utilizada medicinal/religioso
Forma de
Citações/uso
preparo e
em consórcio/
administração Observações
Cana-do-brejo (2, 3) Dichorisandra
thyrsifolia J. C.
Mikan
Commelinaceae
Herbáceo
Nativa
Cultivada
Folhas
Pedras nos rins (2,3)
Onda-do-mar(3,4)
Tradescantia
zebrina Hort
Commelinaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Batata-doce (2)
Ipomoea batatas
(L.) Lam.
Convolvulaceae
Escandente
Exótica
Cultivada
Folhas
Banho de descarga(3, 4)
febre e gripe (3)
Bexiga (int.) (4)
Infecção nos dentes, na
garganta
Fortuna (3)
Kalanchoe crenata
(Andrews) Haworth
Cucurbita sp.
Crassulaceae
Herbáceo
Exótica
Espontânea
Folhas
Pedras nos rins
Chá
Cucurbitaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Sementes
Vermes
Cucurbitaceae
Escandente
Exótica
Cultivada
Folhas
Pressão alta
Sementes sem a
“casca”, amassadas
Chá, em decocção.
Ebenaceae
Arbóreo
Exótica
Cultivada
Folhas
Para dormir
Chá, em decocção
Erythroxylaceae
Arbóreo
Nativa
Espontânea
Folhas
Casca
Coluna
Euphorbiaceae
Herbáceo
Nativa
Espontânea
Ramos
Rins (3,4)
Banhos de descarrego (4)
Chá
Casca fervida para
xarope.
Chá (3,4)
Banhos (4)
Euphorbia tirucalli L. Euphorbiaceae
Arbustivo
Exótica
Cultivada
Látex
Câncer.
Fabaceae
Arbóreo
Nativa
Espontânea
Campo?
Folhas
Geraniaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Abóbora (5)
Chuchu-branco (5)
Caqui (2)
Cocão (4)
Quebra-pedrarasteiro (3)
Erva-de-xangô (4)
Avelós (2)
Pata-de-vaca
(1,2,3,4,5)
Sechium edule
(Jacq.) Sw.
Diospyros kaki L.
Erythroxyllum
argentinum O.E.
Schulz
Euphorbia prostrata
Aiton
Bauhinia forficata
Link
Malva-cheirosa (4,5) Pelargonium
graveolens L’Hér.
Chá, em decocção
(2)
Chá – “toma por
água”(3)
Chá (3, 4),
Banho (4)
Cozido com leite, em
gargarejo
1 gota em ½ copo de
leite, 1 x por dia.
Tomar 15 dias e
parar 15.
Vias urinárias, cistite, anti- Chá (1, 3, 4, 5)
inflamatória(1);
Chá, em decocção
Diurético (2, 4, 5)
(2)
Infecção na bexiga (3, 4, 5) Banho (ext.)
Tintura macerada em
álcool de cereais
(ext.)(4)
Banhos de descarga (4);
Banhos (4)
Dor de garganta (5)
Chá com sal, em
gargarejos (5)
Teve câncer e
tomou. Melhorou a
garganta.
Junto com pendão
de milho (3)
4 ervas “fracas” e
uma “forte”
36
Nome popular
Nome
científico
Família
Hábito
Poejo (1, 2, 3,5)
Cunila
microcephalla
Benth.
Lamiaceae
Hrebáceo
Alfazema (3)
Lavandula sp.
Lamiaceae
Melissa (1)
Melissa officinalis L.
Hortelã (1)
Alevante (4)
Hortelã-branca (5)
Origem
Nativa
Ecologia
Uso
Parte
utilizada medicinal/religioso
Cultivada
Folhas
Subarbustivo Exótica
Cultivada
Ramos
Lamiaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Mentha sp.
Lamiaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Manjericão (1, 3, 4,
5)
Ocimum basilicum
L.
Lamiaceae
Subarbustivo Exótica
Cultivada
Folhas
Anis (1,4)
Ocimum selloi
Benth.
Lamiaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Manjerona (1,4,5)
Origanum X appli
(Domin) Boros
Lamiaceae
Subarbustivo Exótica
Cultivada
Folhas
Boldo (3,5)
Plectrantus barbatus Lamiaceae
Andrews
Arbustivo
Exótica
Cultivada
Folhas
Estômago e fígado (3); Má
digestão (5)
Alecrim (1,2, 3, 5)
Rosmarinus
officinalis L.
Lamiaceae
Subarbustivo Exótica
Cultivada
Folhas
Sálvia (1)
Salvia officinale L.
Lamiaceae
Herbáceo
Cultivada
Folhas
Calmante (1)
Dor de cabeça (2)
Cólicas menstruais(3),
Banhos de descarrego (3)
Coração (5)
Anti-inflamatória
Exótica
Gripe, para crianças, com
mel (1, 2);
Gripe (5)
Tosse (2,5)
Para crianças: tira o frio (3)
Banhos “para comprar
alguma coisa” e
defumação.
Calmante
Digestivo, após as
refeições (1)
Banho de descarrego (4)
Vermes (5)
Dor no estômago (5)
Dor de cabeça (1, 4)
Banhos de descarrego (3,
4, 5)
Picadas de inseto (4)
Prisão de ventre, ventre
“inchado” (1)
Estômago (4)
Tosse (1,4);
Friagem, cólicas (5)
Forma de
Citações/uso
preparo e
em consórcio/
administração Observações
Chá (1, 3)
Chá, em decocção
(2)
Xarope (2)
Também com
guaco e suco de
limão (5)
Infusão
Chá
Chá (1, 5)
Banho (4) (ext.)
Chá (1,4),
Banho (3, 5)
Fumentação em
álcool (4) (ext.)
Chá (1, 4)
Para picada de
insetos (uso ext.),
juntamente com
arruda e guiné.(4)
Chá, com mel (1);
Xarope com açúcar
queimado (4);
Chá (5)
Folhas espremidas
na água fria (3);
Três folhas
espremidas na água
fria (5)
Chá (1, 3, 5)
Chá, em decocção
(2)
Banho (3) (ext.)
Junto com
Trançagem, Picãobranco e mel (5)
Chá
37
Nome popular
Nome
científico
Família
Hábito
Origem
Uso
Parte
Ecologia
utilizada medicinal/religioso
Forma de
Citações/uso
preparo e
em consórcio/
administração Observações
Abacateiro (2,3,4)
Persea americana
Mill.
Lauraceae
Arbóreo
Exótica
Cultivada
Folhas
(int.)(2,4)
Caroço
(ext.)(2,3,4)
Rins e bexiga (int.)(2)
Reumatismo (ext.)(2,3,4)
Dores (3)
Diurético, para pressão
alta (4)
Chá, em decocção
(uso interno)(2)
Chá (4)
Fumentação em
álcool (ext.)(2,3,4)
Babosa (2,3,5)
Aloe arborescens
Mill.
Liliaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Gel das
folhas
Cicatrizante (ext.) (2) Para
câncer (int.) (2,5)
Estômago (3)
Úlcera (5)
Feridas (ext.) (3)
Queda de cabelo (ext.) (3)
Gel diluído em água
quente, tomar de 2 a
3 xícaras/dia (2)
Chá, com a geléia
das folhas (3)
Aplicar o gel no local
(ext) (3)
Romãzeira (2,5)
Punica granatum L.
Lythraceae
Arbóreo
Exótica
Cultivado
Casca do
fruto
Diarréia
Malva-alemã (1)
Malva (2)
Abutilon sp.
Malva cf. parviflora
Malvaceae
Malvaceae
Arbustivo
Herbáceo
Nativa
Exótica
Espontânea
Cultivada
Folhas
Folhas
Anti-inflamatória
Garganta, dores de dente;
Cinamão (3)
Melia azedarach L.
Meliaceae
Arbóreo
Exótica
Cultivada
Casca
Chá, em decocção
(2);
Chá (5)
Chá
Chá, em decocção,
em bochechos e
gargarejo
Chá, em decocção
Figueira (1,2)
Ficus carica L.
Moraceae
Arbóreo
Exótica
Cultivada
Látex (1)
Folhas (2)
Bananeira (4,5)
Musa paradisiaca
Musaceae
Herbáceo
Exótica
Espontânea
Tosse (4,5)
Bronquite (5)
Gabiroba (2)
Campomanesia
xanthocarpa O.
Berg
Eucalyptus
citriodora Hook.
Myrtaceae
Arbóreo
Nativa
Espontânea
Broto (4),
“Coração”
(5)
Folhas
Diabetes
Chá, em decocção,
tomar por água
Myrtaceae
Arbóreo
Exótica
Cultivada.
Folhas
Gripe, pulmão
Chá
Eucalipto-cheiroso
(5)
Para os rins
Dores nas pernas e
braços, inchaços
Verrugas (ext.) (1)
Expectorante (2)
Juntamente com
arnica-do-mato,
arruda e guiné(2)
Juntamente com
Cebola-roxa e
Catinga-de-mulata
(3)
Diz ter-se curado de
câncer incipiente
com babosa.
juntamente com
pitangueira e
goiabeira (2)
Junto com cipócabeludo.
Pingar uma gota
sobre a lesão,
diariamente (1)
Xarope (2)
Xarope
Também com
marcela e limão
38
Nome popular
Nome
científico
Família
Hábito
Origem
Ecologia
Parte
Uso
utilizada medicinal/religioso
Forma de
Citações/uso
preparo e
em consórcio/
administração Observações
Pitangueira (1,2, 3,
4, 5)
Eugenia uniflora L.
Myrtaceae
Arbóreo
Nativa
Espontânea
Folhas(1, 2,
3, 4)
Folhas
novas (5)
Diarréia (1, 2, 3,4, 5),
pneumonia (1,2,3,4)
Febre (4)
Banhos de descarrego
(ext.)(4)
Chá (1, 3, 4,5)
Chá, em decocção
(2)
Banhos (4) (ext.)
Camboim (1)
Myrciaria cuspidata
O. Berg
Myrtaceae
Arbóreo
Nativa
Casca
Ossos
Infusão, em álcool
Araçá (2,3)
Myrtaceae
Arbustivo
Nativa
Folhas
Goiabeira (2,3,4,5)
Psidium catleianum
Sabine
Psidium guajava L.
Myrtaceae
Arbóreo
Nativa do
Brasil, não
é nativa do
RS.
Espontânea
Mata ciliar Campo
Espontânea
Mata ciliar
Cultivada
Diarréia (2),
Diabetes (3)
Diarréia (2,3,4,5)
“pontada” no pulmão (3)
Chá em decocção
(2), Chá (3).
Chá, em decocção
(2)
Chá (3,4,5)
Maravilha (1)
Mirabilis jalapa L.
Nyctaginaceae
Herbáceo
Exótica
Espontânea
Folhas
Cicatrizante
Maracujá (4,5)
Passiflora edulis
Sims.
Phyllanthus tenellus
Roxb.
Passifloraceae
Escandente
Nativa
Cultivada
Phyllantaceae
(APG II)
Herbáceo
Nativa
Espontânea
Folhas (4)
Fruto (5)
Ramos
Calmante (4);
Pressão alta (5)
Bexiga(2)
Rins (3,4)
Cálculos renais (2)
Banhos de descarrego (4)
Chá e lavar feridas
(uso externo): folhas
amassadas
Chá (4);
Sumo (5)
Chá, em decocção
(2)
Chá (3,4)
Banho (4)
Quebra-pedra-deárvore (2, 3, 4)
Erva-de-xangô (4)
Folhas(2,3)
Folhas
novas (4,5)
Juntamente com
romã e goiabeira (2)
Juntamente com
goiabeira (3, 4)
Juntamente com
broto de goiabeira
(5)
Juntamente com
Erva-de-nossasenhora (int.)(4)
juntamente com
pitangueira e romã
(2)
Para diarréia,
juntamente com
pitangueira (3,4)
Para diarréia,
juntamente com
brotos de
pitangueira (5)
O “de árvore” é
melhor; o “rasteiro”
não pode tomar
muito: dá problemas
de visão (2).
39
Nome
científico
Família
Guiné (2,3,4)
Petiveria alliacea L.
Phytolaccaceae
Herbáceo
Nativa da
Amazônia
Pariparoba (2)
Piper regnelli (Miq.)
C.DC.
Piperaceae
Arbustiva
Tanchagem (1,2,5),
Tansagem (3),
Trançagem (5)
Plantago major L.
Tomilho (2)
Nome popular
Hábito
Origem
Ecologia
Parte
Uso
utilizada medicinal/religioso
Forma de
Citações/uso
preparo e
em consórcio/
administração Observações
Folhas
“Benzedura”: Corta o “olhogordo”(2)
Dor reumática e muscular
(ext.)(2)
Banho para “abrir os
caminhos”(3) e descarrego
(4)
Dor de cabeça (int.)(4)
Picada de insetos (ext.)(4)
Fumentação em
álcool (ext.)(2,4)
Banho (3,4)
Chá (4)
Folhas
Intestino: diarréia, cólicas,
sangue
Chá, em decocção, 3
x/dia.
Plantaginaceae Herbáceo
Talvez
Cultivada
nativa até o
oeste do
RS.
Exótica
Espontânea
Folhas
Anti-inflamatória (1), para a
garganta (1,2)
Câncer (2)
Infecções (2,3)
Úlcera, gastrite (3);
Infecções na bexiga (5);
Infecção urinária nas
mulheres (5);
Antibiótico (5);
Friagem (5)
Chá (1,3,5)
Chá em decocção
(2)
Gargarejos para dor
de garganta (2)
Deixar um pedacinho
de folha dissolvendo
lentamente na boca
(para a garganta) (1)
Coix lacryma-jobi L.
Poaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Chá, em decocção
Capim-cidró (4),
Capim-cidreira (5)
Cymbopogon
citratus (DC.) Stapf.
Poaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Bexiga, pedras nos rins
(expele)
Pressão alta (4,5);
Calmante (5)
Cana-de-açúcar (2)
Saccharum
officinarum L.
Zea mays L.
Poaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Poaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
“Cabelo”,
(2)
pendão
(2,3)
Milho (2, 3)
Cultivada
Pressão bem alta, “acima
de 18”
Rins(2)
Bexiga(2,3)
Chá – “toma por
água”(4);
Chá (5)
Chá, em decocção,
frio.
Chá, em decocção
(2)
Chá (3)
Para dores
reumáticas,
juntamente com
arnica-do-mato,
arruda, e caroço de
abacate (2);
Juntamente com
Comigo-ninguémpode e Quebra-tudo
(3); Fumentação,
juntamente com
arruda e manjericão
(4)
É quente, cuidar (2).
Também com
Picão-branco e com
manjerona e mel,
para a friagem (5)
Chá, juntamente
com Pata-de-vaca
(3)
40
Nome popular
Salsaparrilha (3)
Erva-de-bicho (2)
Cipó-cabeludo
(1,2,3)
Nome
científico
Muehlenbeckia
sagittifolia (Ortega)
Meisn.
Polygonum cf.
punctatum Elliott
Microgramma
vacciniifolia
(Langsd. & Fisch)
Copel.
Ameixa (2)
Eriobotrya japonica
Lindl.
Prunus domestica L.
Ameixa-preta (5)
Rubus cf. rosifolius
Amoreira (4)
Mart.
Lança-de-ogum (3) Sansieveria
cylindrica Bojer.
Espada-de-ogum (3) Sansieveria
trifaciata var.
Laurentii
Sansieveria
Espada-de-santatrifaciata var.
Catarina (3)
Laurentii
Sansieveria
Espada-de-sãotrifaciata var.
jorge (3)
Laurentii
Laranjeira-azeda (3, Citrus aurantium L.
4)
Limoeiro (2,5)
Citrus limon (L.)
Burm. F.
Família
Hábito
Origem
Ecologia
Parte
Uso
utilizada medicinal/religioso
Forma de
Citações/uso
preparo e
em consórcio/
administração Observações
Polygonaceae
Herbáceo
Nativa
Cultivada
Folhas
Limpa o sangue
Chá e banhos (ext.)
Polygonaceae
Herbáceo
Nativa
Folhas
Hemorróidas, varizes
Chá, em decocção e
banhos de assento
Polypodiaceae
Escandente
Nativa
Espontânea
Locais
úmidos
Espontânea
Sobre tronco
de árvores
Ramos
Chá (1,3)
Chá, em decocção
(2)
Rosaceae
Arbóreo
Exótica
Espontânea
Folhas
Para a coluna (1)
Rins, diurético (2)
Estômago, para abrir o
apetite, dor de cabeça,
infecção e úlcera (3)
Rins (pedras), bexiga
Rosaceae
Rosaceae
Arbóreo
Arbustivo
Exótica
Nativa
Cultivada
Cultivada
Fruto
Folhas
Prisão de ventre
Dor de garganta
Ruscaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Ruscaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Banhos de descarga homens
Banhos de descarga mulheres
Ruscaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Banhos de descarga (mais
para mulheres)
Ruscaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Folhas
Banhos de descarga (mais
para homens)
Rutaceae
Arbóreo
Exótica
Cultivada
Folhas
Friagem (3)
Nas feridas (uso ext.) (3)
Enxaqueca (4)
Contrações do parto (4)
Tosse (4)
Rutaceae
Arbóreo
Exótica
Cultivada
Fruto (suco) Para “puxar o tétano”(2)
para pressão alta (2,5),
“afina” o sangue (2)
Tosse, gripe (5)
Juntamente com
casca de cinamomo
Juntamente com
malva (2)
Tirado de árvore
sem espinho (3)
Chá, em decocção,
expele as pedras
Chá, em decocção
Chá, com sal, em
gargarejo
Quebrada em 3
pedaços
Escalda-pé (3)
Uso ext: chá, com
sabão virgem:
passar nas feridas
(3)
Chá (4)
Xarope (4)
Suco morno.(2)
Suco, sem açúcar(2)
Suco (5)
Chá (5)
Xarope tirando a
polpa, preenchendo
com mel e
aquecendo no forno
(4).
Sumo, também cm
guaco (5)
Chá, também com
eucalipto e macela
(5)
41
Nome popular
Nome
científico
Bergamoteira (2,3,4) Citrus reticulata
Blanco
Família
Hábito
Origem
Uso
Parte
Ecologia
utilizada medicinal/religioso
Rutaceae
Arbóreo
Exótica
Cultivada
Folhas
Cólicas menstruais (2)
Gripe e febre (3)
Calmante (4)
Gripe e febre (3)
Dor de cabeça (3,5)
Forma de
Citações/uso
preparo e
em consórcio/
administração Observações
Chá, em decocção
(2)
Chá (3,4)
Chá (3,5)
Laranjeira (3,5)
Citrus sinensis (L.)
Osbeck
Rutaceae
Arbóreo
Exótica
Cultivada
Arruda (2)
Ruta graveolens L.
Rutaceae
Subarbustivo Exótica
Cultivada
Folhas
(3,5),
Casca seca
do fruto (3)
Ramos
Infusão em álcool (ext.)
Arruda-fêmea (3,4)
Ruta graveolens L.
Rutaceae
Subarbustivo Exótica
Cultivada
Ramos
Arruda-macho (3,4)
Ruta graveolens L.
Rutaceae
Subarbustivo Exótica
Cultivada
Ramos
Chá-de-bugre (2,5), Casearia sylvestris
Rama-de-peixe
Sw.
(3,5), Erva-de-bugre
(4)
Salicaceae
Arbóreo
Espontânea
Folhas
Quebra-tudo (3)
Solanaceae
Espontânea,
em banhados
Folhas
Banho para “abrir os
caminhos”
Solanaceae
Subarbustivo Nativa
Aquático
(palustre)
Arbustivo
Nativa
Espontânea
Folhas
Inseticida
Solanaceae
Arbustivo
Nativa
Espontânea
Folhas
Solanaceae
Herbáceo
Exótica
Cultivada
Tubérculo
Verbenaceae
Arbustivo
Exótica
Cultivada
Folhas
Estômago (1,4),
Chá (1,4)
“vitamina”(1)
Azia, gastrite, úlcera, “tira a Batata ralada crua
acidez”
Calmante
Chá
Fumo-bravo (4)
Jurubeba (1, 4)
Batata-inglesa (2)
Erva-cidreira (1)
Solanum
amygdalifolium
Steud.
Solanum
mauritianum Scop.
Solanum
paniculatum L.
Solanum tuberosum
L.
Aloysia citrodora
Palau
Nativa
Banhos de descarga (3,4);
Picada de insetos (ext.)
(4); Inseticida p/piolhos
(ext.) (4)
Banhos de descarga (3,4);
Picada de insetos (ext.)
(4); Inseticida p/piolhos
(ext.) (4)
“Afina” o sangue (2);
Bom para o sangue
(4,5) para emagrecer (chá
frio)(2)
Gripe (chá quente) (2)
Frio(3)
Infecção (3)
Juntamente com
guiné, caroço de
abacate e arnicado-mato
Banhos (3,4)
Banho junto com
Maceração em álcool guiné e manjericão
(ext) (4)
(4)
Banhos (3,4)
Banho junto com
Maceração em álcool guiné e manjericão
(ext) (4)
(4)
Chá, em decocção,
frio, “por água”;(2)
Chá, em decocção
quente, tem que
fazer resguardo(2)
Chá (4,5)
O chá quente é
perigoso, porque é
“muito quente”, bom
tomar ao se
deitar.(2)
Juntamente com
Guiné e Comigoninguém-pode
Queimar nas brasas.
42
Nome popular
Nome
científico
Família
Hábito
Erva-de-santa-rita
(1)
Erva-santa (2),
Erva-de-nossasenhora (2,3,4)
Cidrozinho-do-mato
(5)
Gervão (1,4)
Aloysia gratissima
(Gillies & Hook.)
Tronc.
Verbenaceae
Arbustivo
Stachytarpheta
cayennensis (Rich.)
Vahl.
Verbenaceae
Caldamão (5)
Alpinia zerumbet
Zingiberaceae
(Pers.) Burtt & Smith
Origem
Nativa
Ecologia
Parte
Uso
utilizada medicinal/religioso
Forma de
Citações/uso
preparo e
em consórcio/
administração Observações
Espontânea
Folhas
Estômago (1), Calmante
(1,3)
Gripe (1,3,5)
Tosse (2)
Pneumonia (4)
Banhos de descarga (4)
Chá (1,3,4,5)
Chá, em decocção,
com açúcar
queimado ou mel (2)
Banhos (4)
Subarbustivo Nativa
Espontânea
Folhas
Tosse (1,4)
“vitamina”(1)
Herbáceo
Cultivada
Flores
secas
Coração
Chá, com gemada
Também com
(1)
macela (4)
Fervido no leite, com
gemada (4)
Chá
Exótica
Para pneumonia,
também junto com
pitangueira e
goiabeira (4)
Fonte: Autoria própria, 2007
43
44
De todas as plantas citadas, apenas uma está na lista de espécies da flora
ameaçadas de extinção do Rio Grande do Sul (AGIRAZUL, 2007), com a
classificação "Vulnerável": Passiflora edulis (maracujá), porém a forma utilizada não
é a selvagem, e sim a cultivada.
4.2 Famílias botânicas referenciadas
Foram citados 99 táxons pertencentes a 48 famílias botânicas (Tabela 1). As
nove famílias significativamente mais mencionadas compreenderam 56,52% do total
de indicações. As famílias Asteraceae e Lamiaceae obtiveram os maiores índices
(Tabela 2, Figura 2), fato também verificado por Garlet (GARLET apud RITTER,
2002, p.54) em Cruz Alta, em Ipê (RITTER, 2002), em Dom Pedro de Alcântara
(MARODIN 2002), no bairro Ponta Grossa, Porto Alegre (VENDRUSCOLO, 2004),
em Coronel Bicaco (KUBO, 1997),
em Mariana Pimentel (POSSAMAI apud
VENDRUSCOLO, 2004, p. 59) e em Campo Bom (SEBOLD apud VENDRUSCOLO,
2004, p.59).
Em relação ao total de táxons citados, o percentual obtido no presente
trabalho nas duas principais famílias, Asteraceae e Lamiaceae (28,3%), aproxima-se
bastante do percentual de 29% obtido por Vendruscolo (2004) em Ponta
Grossa/Porto Alegre.
Das 48 famílias identificadas, 33 estão representadas por apenas uma
espécie, evidenciando uma diversidade interessante, também observada em outros
levantamentos no Estado (KUBO, 1997; MARODIN, 2000; RITTER, 2002).
Tabela 1 - Percentual de famílias e de espécies citadas.
INFORMANTE
FAMÍLIA
1
Adoxaceae
2
4
1
Amaranthaceae 1
1
1
%
ESPÉCIES
1
0,54
1
1,01
1
0,54
1
1,01
3
1,63
2
2,02
1
0,54
1
1,01
ESPÉCIES
CITAÇÕES
REFERIDO
CITADAS
5
CITADAS
1
Alliaceae
Anacardiaceae
3
% DE
TOTAL DE
1
45
Annonaceae
1
1
1,01
3
1,63
1
1,01
1
Araceae
1
1
0,54
1
1,01
1
1
2
1,09
1
1,01
5
4
27
14,67
17
17,17
2
1,09
1
1,01
Asteraceae
3
7
1
0,54
Apiaceae
Aristolochiaceae
1
1
8
Boraginaceae
1
Bromeliaceae
1
1
0,54
1
1,01
Cactaceae
1
1
0,54
1
1,01
1
0,54
1
1,01
1
0,54
1
1,01
4
2,17
2
2,02
1
0,54
1
1,01
1
0,54
1
1,01
2
1,09
2
2,02
1
0,54
1
1,01
1
1
0,54
1
1,01
3
1,63
2
2,02
Caricaceae
1
1
Celastraceae
1
Commelinaceae
1
Convolvulaceae
1
Crassulaceae
2
1
1
Cucurbitaceae
2
Ebenaceae
1
Erythroxilaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
1
1
1
1
1
1
1
1
5
2,72
1
1,01
1
1
2
1,09
1
1,01
6
25
13,59
10
10,10
3
1,63
1
1,01
1
3
1,63
1
1,01
1
2
1,09
1
1,01
2
1,09
2
2,02
1
0,54
1
1,01
2
1,09
1
1,01
Geraniaceae
Lamiaceae
2
5
4
Lauraceae
1
1
1
Liliaceae
1
1
Lythraceae
1
Malvaceae
8
1
1
Meliaceae
Moraceae
1
1
1
Musaceae
Myrtaceae
2
Nyctaginaceae
1
4
3
Passifloraceae
1
1
2
1,09
1
1,01
2
3
14
7,61
6
6,06
1
0,54
1
1,01
2
1,09
1
1,01
1
1
Phyllanthaceae
1
1
1
3
1,63
1
1,01
Phytollacaceae
1
1
1
3
1,63
1
1,01
Piperaceae
1
1
0,54
1
1,01
46
Plantaginaceae
1
1
Poaceae
3
1
Polygonaceae
1
1
Polypodiaceae
1
1
Rosaceae
1
4
2,17
1
1,01
1
6
3,26
4
4,04
1
2
1,09
2
2,02
1
3
1,63
1
1,01
3
1,63
3
3,03
4
2,17
2
2,02
1
Ruscaceae
1
1
1
4
Rutaceae
3
5
4
2
14
7,61
5
5,05
Salicaceae
1
1
1
1
4
2,17
1
1,01
5
2,72
4
4,04
1
8
4,35
3
3,03
1
1
0,54
1
1,01
184
100,00
99
100,00
Solanaceae
1
1
1
2
Verbenaceae
3
1
1
2
Zingiberaceae
TOTAL
26 43 42 37 36
Fonte: Autoria própria, 2007.
Tabela 2 - Percentual de citações por família
FAMÍLIAS MAIS
CITADAS
Asteraceae
Lamiaceae
Rutaceae
Myrtaceae
Verbenaceae
Poaceae
Fabaceae
Solanaceae
Outras 40 famílias
TOTAL
Fonte: Autoria própria, 2007.
Nº CITAÇÕES
% CITADO
27
25
14
14
8
6
5
5
80
184
14,67
13,59
7,61
7,61
4,35
3,26
2,72
2,72
43,48
100,00
47
43,5
Asteraceae
Lamiaceae
Rutaceae
Myrtaceae
Verbenaceae
Poaceae
Fabaceae
Solanaceae
Outras 40 famílias
14,7
13,6
2,7
2,7
3,3
4,3
7,6
7,6
Figura 2 - Famílias citadas (% de citações)
Fonte: Autoria própria, 2007.
4.3 Hábito
O hábito das plantas citadas foi classificado como herbáceo, arbustivo,
subarbustivo, escandente, epifítico, subarbustivo aquático e arbóreo (Tabela 3, Fig.
3), havendo grande predominância do hábito herbáceo (41,42%; n=41), seguido do
arbóreo, o que acompanha dados encontrados por Kubo (1997) em Coronel
Bicaco/RS.
Tabela 3 - Hábito dos táxons citados
HÁBITO
TOTAL
%
HERBÁCEO
41
41,42
ARBÓREO
23
23,23
ARBUSTIVO
13
13,13
SUBARBUSTIVO
12
12,12
ESCANDENTE
7
7,07
EPIFÍTICO
2
2,02
SUBARBUSTIVO AQUÁTICO
1
1,01
99
100,00
TOTAL
Fonte: Autoria própria, 2007.
48
2,02
1,01
7,07
HERBÁCEO
41,42
12,12
ARBÓREO
ARBUSTIVO
SUBARBUSTIVO
ESCANDENTE
EPIFÍTICO
13,13
SUBARBUSTIVO
AQUÁTICO
23,23
Figura 3 - Hábito dos táxons citados
Fonte: Autoria própria, 2007.
A predominância do hábito herbáceo pode estar relacionada com a maior
facilidade de coleta e manuseio, já que todas as informantes cultivam grande parte
das plantas em seus próprios quintais.
4.4 Origem e domesticação
Muitas das espécies citadas já foram definidas como ruderais, estando bem
adaptadas para a sobrevivência no ambiente antropizado, ocorrendo facilmente na
região pesquisada.
Foi constatado, ainda, que as espécies nativas representam 41,41% dos 99
táxons citados, sendo a maior parte exótica ou não nativa do RS, num índice de
58,59%. Esses índices são semelhantes àqueles encontrados no levantamento feito
em Coronel Bicaco/RS (KUBO, 1997).
Uma das explicações para a existência de grande número de exóticas entre
as espécies utilizadas com fins medicinais num local antropizado é de que a maioria
das espécies que colonizam estes locais já teriam sido pré-adaptadas como
resultado de séculos de distúrbio antropogênico ou natural nas suas regiões de
origem, o que as permitiria maior sucesso na competição com as nativas (MOORE,
apud CARNEIRO: IRGANG, 2005, p. 184), tais como Achillea millefolium,
49
Foeniculum vulgare, Melissa officinalis, Plantago major, Rosmarinus officinalis, Ruta
graveolens, entre outras.
Ocorre que está havendo mundialmente uma expansão da distribuição
geográfica de algumas espécies, Já desde a metade do século XX, o mundo
biológico vem se tornando mais simples e pobre devido ao crescente
cosmopolitismo (ELTON, 1958, apud CARNEIRO; IRGANG, 2005, p. 185). A
homogeneização da biota mundial está ligada às atividades humanas, à introdução
de espécies exóticas e à modificação do ambiente natural (LODGE apud
CARNEIRO; IRGANG, 2005, p. 185).
Tabela 4 - Origem dos táxons citados
ORIGEM
Nº TÁXONS
%
EXÓTICAS *
58
58,59
NATIVAS
41
41,41
TOTAL
99
100,00
* Ou não nativas da região estudada.
Fonte: Autoria própria, 2007.
“O cultivo é uma das principais formas de obtenção das plantas utilizadas por
comunidades no estado” (REIS et al.,apud VENDRUSCOLO, 2004, p. 38). Essa
forma de obtenção é muito importante para a conservação das espécies vegetais,
porque a retirada de espécies de seu ambiente natural tem levado, em muitos casos,
à redução drástica das populações dessas espécies.
No presente estudo, foi confirmada essa tendência, sendo o cultivo o principal
meio de obtenção das plantas pelas informantes, destacando-se que todas elas
possuem quintal com as plantas que utilizam. A segunda forma de obtenção é a
coleta no entorno, seguida da obtenção com vizinhos e parentes. Raramente
adquirem as plantas no comércio.
4.5 Partes da planta utilizadas e formas de uso
Uma mesma planta, em alguns casos, teve mais de uma indicação, conforme
a parte utilizada. Torna-se importante o registro da parte específica utilizada, uma
50
vez que diferentes partes podem apresentar componentes químicos diferenciados.
As partes das plantas referidas e seus percentuais do total de indicações estão
indicados na Tabela 5:
Tabela 5 - Partes da planta utilizadas
PARTE UTILIZADA
Folhas
Nº DE
CITAÇÕES
%
130
66,67
Folhas jovens (brotos)
3
1,54
Ramos
16
8,21
Caule
13
6,67
Flores, inflorescência
9
4,62
Raiz
2
1,03
Fruto (sumo ou casca)
8
4,10
Sementes, caroço
4
2,05
Casca
3
1,54
Látex
2
1,03
Estigma (cabelo)/pendão
3
1,54
"Coração" (broto apical da inflorescência)
2
1,03
195
100
TOTAL
Fonte: Autoria própria, 2007.
51
Folhas jovens (brotos)
2%
Ramos
7%
Caule
7%
Folhas
66%
Flores, inflorescência
5%
Raiz
1%
"Coração" (broto
apical da
inflorescência)
1%
Casca
2%
Estigma
(cabelo)/pendão
2%
Fruto (sumo ou
casca)
4%
Sementes, caroço
2%
Látex
1%
Figura 4 - Partes da planta utilizadas (%)
Fonte: Autoria própria, 2007
Há um grande predomínio da utilização das folhas, conforme evidenciado na
Tabela 5 e Figura 4 (68,21% das indicações; n=133). As folhas são os órgãos onde
se processa com maior intensidade a elaboração de compostos orgânicos e onde há
a maior troca gasosa entre a planta e o meio ambiente. Também são regiões de
maior renovação, não prejudicando tanto a planta, o que já não ocorre com as
raízes, cuja extração implica necessariamente na morte do indivíduo. Interessante
notar que a única espécie em que houve duas citações de utilização das raízes foi
Bidens pilosa, que cresce espontaneamente nas lavouras em todo o país, sendo
considerada planta daninha (LORENZI; MATOS, 2002).
Quanto à forma de preparo, ocorreu grande diversidade, tanto em uso interno
quanto externo. Na grande maioria dos casos, houve a indicação para uso interno
como chá, com algumas variações (chá quente, tomado frio, chá no leite, chá no
leite com gemada, chá com mel ou açúcar queimado). Em menor escala, houve a
indicação da ingestão do sumo da fruta sem açúcar, ou morno, do preparo de
xaropes, com ou sem açúcar queimado. Houve, ainda, duas indicações de preparo
de xarope extraindo a polpa do fruto, preenchendo com mel e levando ao forno “até
murchar” e também duas indicações de maceração de folhas em água fria. As
52
seguintes formas de preparo tiveram somente uma indicação: sementes trituradas, 1
gota de látex diluída em leite, tintura em álcool de cereais para diluir as gotas em
água, gel das folhas diluído em água quente, mastigar um pedacinho da folha
lentamente, ingerir o tubérculo (batata) ralado e mastigar lentamente um “palitinho”
da planta.
A influência mística foi evidenciada em uma das indicações, que recomendou
o uso de chá de Microgramma vacciniifolia (cipó-cabeludo) sempre “tirado de árvore
sem espinho”.
Para uso externo, que teve bem menos indicações, as formas de utilização
mais citadas foram chá aplicado no local, maceração em álcool para “fumentação”,
ou seja, aplicação externa para alívio de dores musculares, reumáticas ou picadas
de insetos, “banhos de descarrego”, gargarejos (chá com ou sem sal), chá para lavar
feridas e, mais raramente, com uma indicação cada uma, foram citados o uso da
planta diretamente em locais infestados por insetos, colocação de folhas maceradas
sobre infecções, (para “puxar” a infecção”), aplicação de gota de látex (seiva) sobre
verrugas, aplicação de folhas torradas e moídas sobre lesões, escalda-pé, o uso de
chá misturado com sabão sobre lesões e a queima de folhas para afastar insetos.
Algumas plantas tiveram indicação de cautela no uso, devido a possíveis
efeitos indesejáveis que podem causar: para o “banho para abrir os caminhos” com
Dieffenbachia picta (comigo-ninguém-pode), deve ser usado um pedacinho pequeno
da planta, porque “pode dar alergia”, o chá com Euphorbia prostrata (quebra-pedrarasteiro) deve ser ingerido com cautela, porque “pode dar problemas de visão”, os
chás de Plantago major (tanchagem) e, principalmente de Casearia sylvestris (ervade-bugre) devem ser tomados com cautela, de preferência ao deitar, porque “são
muito quentes”.
4.6 Usos terapêuticos e místicos
As enfermidades para as quais houve indicações aparecem no Quadro 3, de
acordo com classificação da OMS, de 1978 (KUBO, 1997). Algumas plantas foram
relacionadas em mais de uma classe, devido a suas características, como, por
exemplo, Galinsoga parviflora (picão branco), indicada para infecção urinária,
classificada na classe I (Doenças parasitárias e infecciosas) e X (Doenças do
aparelho geniturinário). O número que se segue ao nome popular indica a
53
quantidade de informantes, no caso de ter sido mais de um, que indicaram a planta
para aquela enfermidade, ou se o mesmo informante indicou para duas
enfermidades do mesmo grupo.
Quadro 3 - Plantas citadas por categoria de doenças
Classe de Doenças
Plantas utilizadas (citações)
I Doenças parasitárias e
•
Althernantera brasiliana (Penicilina)
infecciosas
•
Aristolochia triangularis (Cipó-milomo)
•
Bidens pilosa (Picão)
•
Chaptalia nutans (Arnica-do-mato)
•
Galinsoga parviflora (Picão-branco)
•
Pluchea sagittalis (Arnica-do-campo)
•
Ipomoea batatas (Batata-doce)
•
Cucúrbita sp. (Abóbora)
•
Bauhinia forficata (Pata-de-vaca) – 3
•
Mentha sp. (Hortelã)
•
Plantago major (Tanchagem) – 5
•
Maytenus muelleri (Cancorosa)
•
Microgramma vacciinifolia (Cipó-cabeludo)
•
Citrus limon (Limoeiro)
•
Casearia sylvestris (Rama-de-peixe)
•
Euphorbia tirucalli (Avelós)
•
Aloe arborescens (Babosa)
•
Plantago major (Tanchagem)
III Doenças das glândulas
•
Sambucus australis (Sabugueiro)
endócrinas, da nutrição e
•
Baccharis articulata (Carquejinha)
do
•
Baccharis sp. (Carqueja)
•
Tillandsia aeranthos (Esporinha)
•
Psidium cattleyanum (Araçá)
•
Microgramma vacciinifolia (Cipó-cabeludo)
•
Casearia sylvestris (Rama-de-peixe)
•
Solanum paniculatum (Jurubeba)
•
Stachytarpheta cayennensis (Gervão)
II Neoplasias
metabolismo
transtornos imunitários
e
54
IV Doenças do sangue e
•
Sambucus australis (Sabugueiro)
dos
•
Piper regnelli (Pariparoba)
•
Muehlenbeckia sagittifolia (Salsaparrilha)
•
Citrus limon (Limoeiro)
•
Casearia sylvestris (Erva-de-bugre) – 2
órgãos
hematopoiéticos
V Transtornos mentais
Sem citações
VI Doenças do sistema
•
Diospyros kaki (Caqui)
nervoso e dos órgãos dos
•
Melissa officinalis (Melissa)
sentidos
•
Rosmarinus officinalis (Alecrim)
•
Passiflora edulis (Maracujá)
•
Cymbopogon citratus (Capim-cidreira)
•
Citrus reticulata (Bergamoteira)
•
Aloysia citriodora (Erva-cidreira)
•
Aloysia gratissima (Erva-de-santa-Rita, Erva-denossa-senhora) – 2
VII Doenças do aparelho
•
Sambucus australis (Sabugueiro)
circulatório
•
Aristolochia triangularis (Cipó-milomo)
•
Sechium edule (Chuchu-branco)
•
Rosmarinus officinalis (Alecrim)
•
Persea americana (Abacateiro)
•
Passiflora Edulis (Maracujá)
•
Cymbopogon citratus (Capim-cidró) – 2
•
Saccharum officinarum (Cana-de-açúcar)
•
Polygonum punctatum (Erva-de-bicho)
•
Alpinia zerumbet (Caldamão)
VIII Doenças do aparelho
•
Schinus molle (Aroeira, nacagüita)
respiratório
•
Foeniculum vulgare (Funcho) – 2
•
Achyrochline satureioides (Marcela) – 2
•
Mikania cf. cordifolia (Guaquinho-do-mato)- 2
•
Mikania laevigata (Guaco) – 2
•
Tagetes minuta (Chinchíria) – 3
•
Tanacetum vulgare (Catinga-de-mulata)
•
Carica papaya (Mamão)
55
•
Tradescantia zebrina (Onda-do-mar)
•
Ipomoea batatas (Batata-doce)
•
Pelargonium graveolens (Malva-cheirosa)
•
Cunila microcephalla (Poejo) – 5
•
Malva cf. parviflora (Malva)
•
Ficus carica (Figueira)
•
Musa paradisíaca (Bananeira) – 3
•
Eucalyptus citriodora (Eucalipto-cheiroso) – 2
•
Psidium guajava (Goiabeira)
•
Plantago major (Tanchagem) – 2
•
Rubus cf. rosifolius (Amoreira)
•
Citrus aurantium (Laranjeira-azeda)
•
Citrus limon (Limoeiro) – 2
•
Citrus reticulata (Bergamoteira)
•
Citrus sinensis (Laranjeira)
•
Casearia sylvestris (Chá-de-bugre)
•
Aloysia gratissima (Erva-de-santa-Rita, Ervasanta, Erva-de-nossa-senhora, Cidrozinho-domato) – 5
•
Stachytarpheta cayennensis (Gervão) – 2
IX Doenças do aparelho
•
Foeniculum vulgare (Funcho)
digestório
•
Aristolochia triangularis (Cipó-milomo)
•
Achyrochline satureioides (Marcela) – 2
•
Arctium minus (Baldrana)
•
Artemísia absinthium (Losna)
•
Baccharis sp. (Carqueja)
•
Chaptalia nutans (Arnica)
•
Pluchea sagittlis (Arnica-do-campo)
•
Cordia sp. (Baleeira) – 3
•
Mentha sp. (Hortelã) – 2
•
Ocimum selloi (Anis) – 2
•
Plectranthus barbatus (Boldo) – 3
•
Aloe arborescens (Babosa) – 2
56
•
Punica granatum (Romãzeira)
•
Psidium cattleyanum (Araçá)
•
Psidium guajava (Goiabeira) – 4
•
Piper regnelli (Pariparoba) – 2
•
Plantago major (Tanchagem) – 2
•
Microgramma vacciniifolia (Cipó-cabeludo) – 2
•
Prunus domestica (Ameixa-preta)
•
Solanum paniculatum (Jurubeba) – 2
•
Solanum tuberosum (Batata-inglesa) – 3
•
Aloysia gratissima (Erva-de-santa-Rita)
X Doenças do aparelho
•
Foeniculum vulgare (Funcho)
geniturinário
•
Aristolochia triangularis (Cipó-milomo) – 3
•
Achillea millefolium (Mil-em-rama)
•
Baccharis articulata (Carquejinha)
•
Bidens pilosa (Picão, Picão-preto) – 4
•
Galinsoga parviflora (Picão-branco)
•
Rhipsalis teres (Erva-de-pássaro)
•
Dichorisandra thyrsifolia (Cana-do-brejo) – 2
•
Tradescantia zebrina (Onda-do-mar)
•
Kalanchoe crenata (Fortuna)
•
Euphorbia prostrata (Quebra-pedra-rasteiro,
Erva-de-Xangô) – 2
•
Phyllanthus
tenellus
(Quebra-pedra-de-
árvore, Erva-de-Xangô) – 4
•
Bauhinia forficata (Pata-de-vaca) – 8
•
Origanum sp. (Manjerona)
•
Rosmarinus officinalis (Alecrim)
•
Persea amaericana (Abacateiro) – 3
•
Malva cf. parviflora (Malva)
•
Plantago major (Tanchagem) – 2
•
Coix lacryma-jobi (Tomilho)
•
Zea mays (Milho) – 3
•
Microgramma vacciniifolia (Cipó-cabeludo) -
57
2
•
Eriobotrya japonica (Ameixa) – 2
•
Citrus reticulata (Bergamoteira)
da
•
Foeniculum vulgare (Funcho)
e
•
Citrus aurantium (Laranjeira-azeda)
XII Doenças da pele e do
•
Arctium minus (Baldrana)
tecido celular subcutâneo
•
Chaptalia nutans (Arnica-do-mato) – 2
•
Chrysanthemum myconis (Erva-santa)
•
Pluchea sagittalis (Arnica)
•
Ocimum basilicum (Manjericão)
•
Aloe arborescens (Babosa) – 3
•
Ficus carica (Figueira)
•
Mirabilis jalapa (Maravilha)
•
Petiveria alliacea (Guiné)
•
Maytenus muelleri (Cancorosa)
•
Citrus aurantium (Laranjeira-azeda)
•
Ruta graveolens (Arruda)
•
Chenopodium ambrosioides (Arnica-do-mato) –
XI
Complicações
gravidez,
do
parto
puerpério
XIII Doenças do sistema
osteomuscular e do tecido
conjuntivo
XIV Anomalias congênitas
2
•
Aristolochia triangularis (Cipó-mil-homens)
•
Chaptalia nutans (Arnica-do-mato) – 3
•
Pluchea sagittalis (Arnica-do-campo) – 2
•
Tanacetum vulgare (Catinga-de-mulata) – 3
•
Ipomoea batatas (Batata-doce)
•
Erythroxillum argentinum (Cocão)
•
Persea americana (Abacateiro) – 4
•
Allium cepa (Cebola-roxa) – 2
•
Myrciaria cuspidata (Camboim)
•
Petiveria alliacea (Guiné) – 2
•
Microgramma vacciniifolia (Cipó-cabeludo)
•
Ruta graveolens (Arruda) – 2
Sem citações
58
XV
Algumas
originadas
afecções
do
Sem citações
período
perinatal
XVI
Sintomas,
sinais
e
-
e
Sem citações
afecções mal-definidas
XVII
Lesões
envenenamentos
Outros
•
“Panacéia”
(bom
para
tudo):
Aristolochia
triangularis (Cipó-milomo).
•
Febre: Foeniculum vulgare (Funcho), Eugenia
uniflora (Pitangueira)
•
Cólica
de
bebês:
Chamomilla
recutita
(Maçanilha).
•
“Tira o frio”, “Friagem”: Cunila microcephalla
(Poejo), Plantago major (Tanchagem), Citrus
aurantium
(Laranjeira-azeda),
Casearia
sylvestris (Erva-de-bugre).
•
Anti-inflamatória: Achillea millefolium (Mil-emrama),
nutans (Arnica), Bauhinia
Chaptalia
forficata
(Pata-de-vaca),
Salvia
officinale
(Sálvia), Abutilon sp. (Malva-alemã), Plantago
major (Tanchagem).
•
Dor de cabeça, enxaqueca: Petiveria alliacea
(Guiné), Citrus aurantium (Laranjeira-azeda),
Citrus sinensis (Laranjeira) – 2.
•
Inseticida
para
piolhos:
Ruta
graveolens
(Arruda).
Fonte: Autoria própria, 2007
Foram citados também outros usos que não se enquadram na categoria
“medicinal”, como, por exemplo, a utilização de plantas como inseticida espalhando
a planta nos locais infestados (uma citação), ou através da queima, sendo a fumaça
um repelente (uma citação).
59
Houve indicações de uso místico, para “oferendas” (uma citação), contra “olho
gordo” (uma citação) e, principalmente, “de descarrego” (quinze citações) ou
“banhos para abrir os caminhos” (duas citações), “para comprar alguma coisa” (uma
citação) e “defumação” (uma citação).
Destaca-se o fato de que, com exceção de uma informante, todas as demais
citaram pelo menos um uso místico de plantas.
Figura 5 - Percentual de citações por categoria de doenças
3,3%
1,1%
2,2%
0,7%
17,0%
3,3%
4,0%
5,4%
6,9%
16,7%
7,6%
8,3%
14,5%
9,1%
APARELHO GENITURINÁRIO
APARELHO RESPIRATÓRIO
APARELHO DIGESTÓRIO
SISTEMA OSTEOMUSCULAR E TEC.CONJUNTIVO
USOS NÃO MEDICINAIS
INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS
OUTROS SINTOMAS
PELE E TECIDO CELULAR SUBCUTÂNEO
APARELHO CIRCULATÓRIO
GLÂNDULAS ENDÓCRINAS, NUTRIÇÃO, METAB. E TRANSTORNOS IMUNITÁRIOS
SISTEMA NERVOSO E ÓRGÃOS DOS SENTIDOS
SANGUE E ÓRGÃOS HEMATOPOIÉTICOS
NEOPLASIAS
GRAVIDEZ, PARTO E PUERPÉRIO
Fonte: Autoria própria, 2007
60
Verifica-se que aproximadamente metade das citações compreendem
enfermidades geniturinárias, respiratórias e digestivas (Figura 5), com percentuais
muito aproximados entre si. Dentro do grupo de enfermidades geniturinárias, o maior
número de citações foi para problemas nos rins e na bexiga, no grupo que
compreende doenças respiratórias houve um predomínio de indicações para gripe,
resfriado e tosse. No aparelho digestório, a maioria das citações foi para problemas
no estômago (sem especificação) e intestino. Foram citadas, também, úlcera e
gastrite, o que gerou anotações tanto no grupo IX quanto no grupo I, que trata de
enfermidades infecciosas.
Talvez o predomínio dessas indicações se deva em parte à localização
geográfica de Nova Santa Rita, onde a proximidade do rio produz um clima úmido,
que favorece enfermidades geniturinárias e respiratórias.
Além disso, ao contrário do que ocorre na Europa, em que a principal
categoria de medicamentos fitoterápicos comercializados destina-se a enfermidades
cardiovasculares, este estudo, acompanhando outros resultados pesquisados no Rio
Grande do Sul (KUBO, 1997; MARODIN e Baptista, 2002), evidencia que a maior
parte das indicações é para doenças infecciosas, respiratórias e digestórias,
problemas com que ainda se debatem países em desenvolvimento como o Brasil.
4.7 Plantas usadas em consórcio
As plantas mencionadas são utilizadas sozinhas ou em combinação com
outras, e algumas tanto em uso interno como em uso externo, em compressas
(Quadro 4). Além da mistura de plantas, outros elementos podem ser adicionados,
como leite, gemada, açúcar queimado e mel.
Quadro 4 - Plantas utilizadas em consórcio
ESPÉCIES
Foeniculum vulgare + Achyrochline satureioides
Dieffenbachia picta + Petiveria alliacea + Solanum
amygdalifolium
Stachytarpheta cayennensis + Achyrochline satureioides
FORMA DE
USO
PREPARO
Chá
Interno
Banho
Chá, chá no
leite com
Externo
Interno
61
gemada
Achyrochline satureioides + folhas de eucalipto e limão
Chá
Chaptalia nutans + Persea americana + Ruta graveolens +
Maceração
Petiveria alliacea
em álcool
Galinsoga parviflora + Achyrochline satureioides + Plantago
Interno
Externo
Chá
Interno
Galinsoga parviflora + Plantago major + Origanum sp. + mel Chá
Interno
major + mel
Pluchea sagittalis + Pelargonium graveolens
Maceração
em álcool
Externo
Tanacetum vulgare + sal
Chá
Tanacetum vulgare + Persea americana + Allium cepa +
Maceração
Ruta graveolens
em álcool
Vernonia condensata + outras ervas, “em número ímpar”
Banho
Externo
Carica papaya + mel
Xarope
Interno
Ipomoea batatas + leite
Chá
Externo
Euphorbia tirucalli + leite
Mistura
Interno
Bauhinia forficata + Zea mays
Chá
Interno
Pelargonium graveolens + sal
Chá
Externo
Pelargonium graveolens + 4 ervas “fracas” e 1 “forte”
Banho
Externo
Cunila microcephalla + Mikania laevigata + suco de limão
Chá
Interno
Cunila microcephalla + mel
Chá
Interno
Ocimum basilicum + Ruta graveolens + Petiveria alliacea
Maceração
em álcool
Interno
Externo
Externo
Origanum sp.+ mel
Chá
Interno
Origanum sp. + açúcar queimado
Xarope
Interno
Origanum sp. + Plantago major + Galinsoga parviflora + mel Chá
Interno
Chá
Interno
Punica granatum + Eugenia uniflora + Psidium guajava
Malva cf. parviflora + Microgramma vacciniifolia (“tirado de
árvore sem espinho”)
Melia azedarach + Muehlenbeckia sagittifolia
Eugenia uniflora + Aloysia gratissima + Psidium guajava +
açúcar queimado ou mel
Interno
Chá
e
externo
Chá
Interno
Chá
Interno
62
Rubus cf. rosifolius + sal
Chá
Externo
Citrus aurantium + mel
Xarope
Interno
Citrus aurantium + sabão virgem
Chá
Externo
Citrus limon + Mikania laevigata
Chá
Interno
Ruta graveolens + Petiveria alliacea + Ocimum basilicum
Banho
Externo
Fonte: Autoria própria, 2007
É interessante a verificação dessas plantas que estão sendo utilizadas em
consórcio para subsidiar futuros estudos que determinem os componentes químicos
ou princípios ativos que possam estar atuando em sinergia para o tratamento das
enfermidades citadas, ou mesmo se há componentes que são antagônicos e que
possam causar efeitos indesejáveis.
4.8 Propriedades estabelecidas de algumas plantas citadas
Algumas plantas têm seu uso popularizado através de utilização tradicional
que perpassa gerações, como é o caso da maçanilha (Chamomilla recutita), do
funcho (Foeniculum vulgare), da marcela (Achyrochline satureioides) dentre outras,
sendo consideradas de uso seguro. Contudo, é necessário atentar para o fato de
que, mesmo com confirmação científica das propriedades farmacológicas das
plantas, elas não podem, como acreditam alguns, ser consideradas como
completamente isentas de efeitos colaterais, ou mesmo de efeitos adversos quando
em superdosagem.
Para o funcho, já foram relatadas dermatites de contato
(LEUNG apud RITTER, 2002, p. 54), sendo que o óleo volátil obtido dos frutos pode
causar convulsões (BURKHARD et al. apud RITTER, 2002, p. 54).
Plantas como a goiaba (Psidium guajava), a pitanga (Eugenia uniflora) e o
araçá (Psidium cattleianum), citadas neste e em diversos levantamentos
etnobotânicos realizados no Estado, tradicionalmente utilizadas como antidiarréicas
(KUBO, 1997; VENDRUSCOLO, 2004; MENTZ, 1997), não foram alvo de
investigação profunda, mas têm seu uso justificado devido à presença adstringente
de taninos.
A
arruda
(Ruta
graveolens),
é
uma
planta
com
propriedades
reconhecidamente tóxicas, não sendo recomendada para uso interno por estimular a
63
motilidade do útero, podendo provocar abortos, além de possuir substâncias
fotossensibilizantes capazes de provocar lesões na pele e mucosas quando
expostas ao sol (RITTER, 2002). No presente trabalho, esta planta teve indicação de
uso somente externo, para dores musculares e reumáticas, picadas de insetos, bem
como uso religioso, em "banhos de descarrego".
O quebra-pedra-rasteiro (Euphorbia prostrata) foi citado por uma das
informantes como "bom para os rins", porém com a advertência de que deve ser
usado com cautela, porque pode "dar problema de visão". Para afecções renais, três
informantes
indicaram
preferencialmente
o
uso
do
quebra-pedra-de-árvore
(Phyllanthus tenellus). De fato, as plantas do gênero Euphorbia, da qual faz parte o
avelós (Euphorbia tirucalli) contêm um látex extremamente cáustico, podendo causar
lesões na pele (SCHMIDT; EVANS, SANTUCCI et al., apud RITTER, 2002, p. 56) e
nos olhos (SCOTT; KARP, apud RITTER, 2002, p. 56).
Também houve coincidência com o levantamento realizado por Kubo (1997)
de várias outras plantas citadas pelas informantes do presente trabalho para as
mesmas finalidades terapêuticas, como o cipó-milomo (Aristolochia triangularis), milem-rama
(Achilea
millefolium),
marcela
(Achyrochline
satureioides),
losna
(Arthemisia absinthium), catinga-de-mulata (Tanacetum vulgare), melissa (Melissa
officinalis), hortelã (Mentha sp.), boldo (Plectrantus barbatus), alecrim (Rosmarinus
officinalis),
sálvia
(Campomanesia
(Salvia
officinale),
xanthocarpa),
babosa
(Aloe
eucalipto-cheiroso
arborescens),
(Eucalyptus
gabiroba
citriodora),
pitangueira (Eugenia uniflora), goiabeira (Psidium guajava), cancorosa (Maytenus
muelleri), milho (Zea mays), limoeiro (Citrus limon) e laranjeira (Citrus sinensis).
Ribeiro e Chaves (KUBO, 1997) relatam provável efeito diurético no infuso de
abacateiro (Persea americana), utilização citada por uma das informantes.
Ainda, plantas como a carqueja (Baccharis sp.), citada como anti-diabética
por uma informante, teve confirmação de seu efeito hipoglicêmico em estudo clínico
conduzido em 1967 (LORENZI; MATOS, 2002). Da mesma forma, estudos
confirmaram as indicações medicinais do picão-preto (Bidens pilosa), camomila
(Chamomilla recutita), tanchagem (Plantago major), tomilho (Coix lacryma-jobi),
capim-cidró (Cymbopogon citratus). O maracujá (Passiflora edulis) teve sua
utilização como calmante referendada pela comissão alemã de validação de plantas
medicinais, com base na tradição popular de vários países do mundo ocidental,
porém a eficácia e segurança no uso dessa planta ainda carecem de estudos
64
aprofundados visando sua confirmação como medicamento (LORENZI; MATOS,
2002).
Constata-se que algumas indicações de uso feitas pelas informantes não
coincidem com as propriedades medicinais relatadas em trabalhos científicos. Isso
pode ser devido ao fato de não ter havido pesquisas suficientes que comprovem o
efeito indicado, ou, ainda, em virtude de as informações serem transmitidas por
tradição oral, podendo ir-se corrompendo ao longo do tempo. Assim, elas sabem
que a planta tem efeitos medicinais, porém, se não tem uso freqüente, pode haver
esquecimento de sua indicação. Isso ocorreu, por exemplo, com o gervão
(Stachytarpheta cayennensis), indicado para tosse e como "vitamina". Sua
comprovação de uso medicinal na literatura (LORENZI; MATOS, 2002) está ligada,
internamente, às funções gastrintestinais, hepáticas, renais e anti-helmínticas.
5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
As pessoas da comunidade de Morretes - Nova Santa Rita mostraram-se
muito receptivas, gentis e com disposição em colaborar com a pesquisa. Seu
conhecimento de plantas com finalidades medicinais evidenciou-se muito amplo, e,
em cada contato, cada vez mais plantas eram naturalmente citadas. Isso indica que
o presente trabalho está longe de esgotar o conhecimento de cada informante, que,
certamente, é bem maior.
Coincidindo com outros trabalhos desenvolvidos no estado, as famílias mais
citadas foram Asteraceae (14, 7%) e Lamiaceae (13,6 %) . As partes da planta mais
utilizadas foram as folhas (68, 2%) e ramos (8,21%).
A maioria das espécies utilizadas enquadra-se no hábito herbáceo (41,4%),
seguido do arbóreo (23,2%). Existe uma predominância, nas citações, de espécies
classificadas como exóticas (58,6%), sugerindo a cautela que deve ser tomada no
sentido de preservar a biodiversidade regional, uma vez que muitas espécies
exóticas acabam por se estabelecer, devido a adaptações ao ambiente antrópico
adquiridas ao longo de muito tempo, em seus locais de origem, e à falta de controle
natural que possa regular sua proliferação. Esse fato pode acarretar desequilíbrios
na flora regional.
Quanto às finalidades medicinais, houve correspondência na grande maioria
das indicações citadas pelas informantes com a literatura pesquisada (LORENZI;
Matos, 2002), realçando a necessidade de que esforços sejam empreendidos no
sentido de resgatar e preservar um conhecimento que tende a se perder com a
globalização crescente e o avanço tecnológico, bem como de subsidiar pesquisas
dos princípios terapêuticos presentes nas plantas adotadas pela cultura popular.
Uma vez que o trabalho a partir das entrevistas foi desenvolvido em menos de
um ano, não foi possível o estabelecimento de análises mais aprofundadas, dada a
amplitude das questões envolvidas nos vários aspectos: botânico, ecológico,
antropológico e social. Sugere-se que estudos dessa natureza sejam desenvolvidos
com maior profundidade em nível de pós-graduação.
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patológicos em benefício da pessoa a qual se administra (VENDRUSCOLO, 2004).
- Fitoterápico – Produto medicinal acabado e etiquetado, cujos ingredientes ativos
são formados por partes aéreas ou subterrâneas de planta ou outro material
vegetal1, ou combinação destes, em estado bruto ou sob forma de preparações
vegetais (VENDRUSCOLO, 2004)
- Medicamento –Substância ou preparado que se utiliza como remédio (FERREIRA,
1986).
- Medicina Tradicional/Complementar e Alternativa (TM/CAM) – Segundo a OMS,
é um termo utilizado tanto para designar sistemas como a medicina tradicional
chinesa, a ayurveda indiana e a medicina “unani” árabe, como as várias formas de
medicina indígena. As terapias designadas como TM/CAM podem incluir
medicamentos vegetais, partes de animais e/ou minerais, ou não, como é o caso da
acupuntura, tai-chi, quigong, yoga e de terapias psíquicas, mentais e espirituais.
Nos países em que o sistema de saúde dominante é o da medicina alopática,
ou naqueles em que a TM não foi incorporada ao sistema de saúde oficial, a TM é
geralmente denominada “Terapia Complementar”, “Alternativa” ou “Medicina NãoConvencional” (WHO, 2002).
- Planta medicinal é qualquer vegetal produtor de drogas ou substâncias bioativas,
utilizadas direta ou indiretamente como medicamentos. No contexto atual, plantas
medicinais referem-se a espécies vegetais que foram incorporadas na cultura dos
povos, graças à suas potencialidades terapêuticas (Kubo, 1997). Uma vez que
possuem componentes bioativos, podem agir tanto no sentido de promover saúde
como
1
atuarem
de
forma
tóxica
(RITTER
et
al.,
2002).
Material vegetal é entendido como sucos e resinas, óleos fixos ou voláteis e qualquer outro produto
de natureza semelhante (OMS, 1991, apud Vendruscolo, 2004).
70
- Remédio – Aquilo que combate o mal, a dor ou uma doença; aquilo que serve para
curar ou aliviar dor ou enfermidade (FERREIRA, 1986).
71
ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado para participar da pesquisa sobre o uso medicinal e místico de plantas
por moradores do bairro Morretes, município de Nova Santa Rita, Rio Grande do Sul, que comporá o
trabalho de conclusão de curso da aluna do Centro Universitário Unilasalle – Canoas/RS.
Você foi selecionado por indicação e sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você
pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua
relação com a pesquisadora ou com a instituição.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em apontar as plantas que utiliza como medicinais ou
úteis, finalidade, seu manejo, forma de utilização, freqüência de uso, e demais informações
pertinentes
Podemos divulgar seu nome, ou você prefere não ser identificado? Caso prefira não ser identificado,
comprometemo-nos a proteger sua privacidade, utilizando nome fictício.
Não tenho objeção à divulgação do meu nome.
Prefiro me manter anônimo.
O objetivo desse estudo, no qual sua participação é muito importante, é de auxiliar na identificação
das plantas mais utilizadas como medicinais ou úteis, sua ecologia e forma de utilização, no bairro
Morretes, Nova Santa Rita, comparando os resultados com outros estudos realizados no Rio Grande
do Sul.
Os benefícios decorrentes são a possibilidade de acesso, por parte dos moradores de Nova Santa
Rita, ao conhecimento sobre plantas utilizadas como medicinais ou úteis no bairro Morretes, e
acessar alguns dados referentes a plantas indicadas como medicinais em outras localidades do RS,
já que uma cópia do trabalho será doada à comunidade.
Você está recebendo uma cópia deste termo onde constam os telefones de contato da pesquisadora,
podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação a qualquer momento.
Agradecemos muito sua participação, sem a qual não seria possível levar adiante este estudo.
______________________________________
Marcia Balreira de Souza
Fones: 51-8422-4846 / 3533-3466 / 3230-9647 (tarde)
Declaro que entendi os objetivos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em
participar.
______________________________________
Nome:
Data de nascimento:
Sexo:
Endereço:
Fones:
72
APÊNDICE A – Roteiro de entrevista
1. Nome:
2. Idade:
3. Tempo que vive em Nova Santa Rita:
( ) de 1 a 5 anos
( ) de 6 a 15 anos
( ) mais de 15 anos
( ) a vida
toda
4. De onde veio?
( ) interior do estado ( ) grande Porto Alegre
( ) Porto Alegre
( ) fora do
estado
5. Trabalha?
( ) Sim
( ) Não
6. Profissão:
7. Escolaridade:
8. Há quanto tempo utiliza com plantas medicinais?
9. Com quem aprendeu?
10. Como obtém a planta?
11. Costuma armazenar?
Onde?
De que forma?
12. Plantas de que se lembra, forma de utilização, parte da planta utilizada,
finalidade:
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