Infecção por Rotavírus Fátima Cerqueira', ', 3, 1' 1 1 Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa 1 Centro de Estudos em Biomedicina da Universidade Fernando Pessoa (CEBIMED-UFP) 3 Centro de Química Medicinal da Universidade do Porto (CEQUIMED-UP} l'J fatimaf®ufp.edu.pt Resumo A infecção por Rotavírus é uma das principais causas de internamento e morte de crianças jovens em rodo o mundo. É responsável pela maior parte das diarreias nas crianças entre os 6 e os 24 meses, sendo que aos 5 anos quase todas as crianças já tiveram um episódio de infecção por Rotavírus. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a inclusão da vacina para o Rotavírus no Plano Nacional de Vacinação de todos os países como forma de prevenção da doença. A par da vacinação, está ainda recomendada a reidrataçáo oral, que permite evitar o internamento, desidratação e morte frequentemente associadas à infecção. Palavras Chave: Rotavirus, Vacinação, Infecção 1. Introdução tremamente elevadas nas fezes (Fong e Lipp, 2005; Grinstein et al., 1989). Apesar da melhoria da qualidade da água, alimentos, O Rotavírus é a maior causa de diarreia severa em saneamento, e da promoção de intervenções de trata- lactentes e crianças jovens (Dennehy, 2008). mento (ex. reidratação oral) e prevenção (promoção Cerca de 600 000 crianças morrem anualmente de- da an1an1entação) não invasivas, a diarreia continua vido a infecção por Rotavírus, sendo que cerca de ser a segunda causa infecciosa de mortalidade em 80% de todas as mortes relacionadas com a infecção rodo o mundo (Tcheremenskaia et al., 2007). se registam em países subdesenvolvidos (Atchison et Cerca de 100 tipos de vírus patogênicos são excre- al., 201 O; Dennehy, 2008; Fisher et al., 2002; Mu- tados nas fezes do Homem e animais (Fong e Lipp, 2005) e, embora os vírus entéricos possam estar presentes naturahnente nos an1bientes aquáticos, o tnais nos et al., 2010). Anualmente o Rotavírus provoca cerca de 114 milhões episódios de gastroenterite dos quais 2,4 milhões requerem hospitalização em crianças com idade inferior a 5 anos (Dennehy, 2008). As connun é seretn neles introduzidos através das actividades humanas tais como descargas de esgotos ou sisternas sépticos, escoan1ento urbano e, no caso de tnortes associadas ao Rotavírus representatn aproximadamente 5% da totalidade das mortes registadas em crianças com idade inferior a 5 anos (Dennehy, águas de estuário e marítimas, emissão de esgotos e de 2008; Fisher et al., 2002). descargas de navios (Fong e Lipp, 2005). Embora a severidade possa ser diferente, a taxa de Os vírus entéricos são norn1alrnente transnütidos por infecção por Rotavírus é semelhante entre os países via fecal-oral sendo excretados em concentrações ex- industrializados e os países subdesenvolvidos, indi- 34 i Act.~l'~nmaciutint Ponugucs,t H í'Ó/. I N.~ I cando que o fornecimento de água potável e as medi- ti ruem o material genético do vírus (Dennehy, 2008; das de higiene não influenciam de forma significativa Estes, 2001; Kapikian et ai., 2001). As proteínas que a transmissão da doença (Committee on Infectious constituem a cápside são numeradas de acordo com Diseases, 2007; Dennehy, 2008; Fisher et ai., 2002). o seu tamanho, estando a maior localizada no centro O vírus infecta as células diferenciadas das vilosidades do virião (Ebrahim, 2008). Associadas ao genoma é intestinais do intestino delgado, e a infecção leva nor- possível encontrar as proteínas VP1 e VP3, corres- malmente a vômitos, diarreia e febres moderadas em pondentes a enzimas (Ebrahim, 2008). crianças (Dennehy, 2008). A desidratação e o dese- A cápside interna é constituída pela VP6, que defi- quilíbrio electrolítico são as principais complicações ne o subgrupo (Dennehy, 2008). A maioria dos vírus associadas à infecção e são mais frequentes nas crian- humanos pertence aos grupos A, B e C, sendo que ças mais novas (Dennehy, 2008). o grupo A é o mais importante do ponto de vista de Embora a infecção pelo vírus se localize no intesti- Saúde Pública (Dennehy, 2008; Nascimento et ai., no, provocando normalmente diarreia e infecção gas- 2002). trointestinal auto-limitada (Dennehy, 2008; Fong e As proteínas da cápside externa, VP4 e Vp7 dão ori- Lipp, 2005), ele pode provocar antigenemia e virémia gem a anticorpos neutralizantes (Dennehy, 2008; em crianças com diarreia (Dennehy, 2008). Poderá Ebrahim, 2008; Tcheremenskaia et ai., 2007). A assim ocorrer infecção de outros órgãos provocando proteína glicosilada VP7 determina o serótipo G (de manifestações respiratórias, hepatite, conjuntivite, glicoproteína), tendo sido identificados até ao mo- doença renal ou infecção do SNC (Dennehy, 2008; mento 19 genótipos G diferentes (Dennehy, 2008; Fong e Lipp, 2005; Ramani et ai., 2010). Duan et ai., 2007; Ebrahim, 2008; WHO, 2009). A proteína VP4 é uma proteína clivada pela protea- 2. Virologia se, sendo responsável pelos serótipos P (de sensível a protease), havendo actualmente 27 genótipos iden- Os Rotavírus foram originalmente descritos nos ani- tificados que são designados por números dentro de mais em 1963 após visualização em fezes por micros- parêntesis rectos ex. P[8] (Dennehy, 2008; Duan et copia electrónica (Ebrahim, 2008; Estes, 2001; Ka- ai., 2007; Ebrahim, 2008; WHO, 2009). pikian et ai., 2001). O primeiro Rotavírus humano As combinações G 1P[S], G2P[4], G3P[8], G4P[8] e foi descoberto cerca de 1O anos depois a partir de G9P[8] são responsáveis por cerca de 90% das estir- uma criança com gastroenterite aguda (Bishop et ai., pes de Rotavírus isoladas em todo o mundo (Duan et 1973; Dennehy, 2008; Ebrahim, 2008; Estes, 2001; ai., 2007; Ebrahim, 2008; Fischer et ai., 2005). Em Kapikian et ai., 2001). Portugal os genótipos G9P[8] e G2P[4] perecem ser São vírus pertencentes à família Reoviridae, medem os mais prevalentes (Antunes et ai., 2009; Rodrigues cerca de 70 nm e possuem uma cápside icosaédrica, et ai., 2007). sendo desprovidos de invólucro (Dennehy, 2008; Es- A distribuição dos genótipos varia geograficamente e tes, 2001; Kapikian et ai., 2001). ao longo do tempo o que tem implicações no desen- A cápside vira! é formada por 3 camadas (capas) pro- volvimento das vacinas anti-Rotavírus (Duan et ai., teicas: a cápside externa, a cápside interna e o core 2007; Ebrahim, 2008; Fischer et ai., 2005; Tchere- interno, que rodeia 11 fragmentos de RNA que cons- menskaia et ai., 2007). Além disso, e comparado com Infecçâo por Rot<lvírus 1, 35 os países desenvolvidos, a diversidade de estirpes me- alguma evidência da transmissão por via aérea (Atchi- nos comuns é elevada nos países em desenvolvimen- son et ai., 2010). A excreção inicia-se antes do apare- to, supondo-se ainda que cerca de 30% das crianças cimento dos sintomas e pode persistir até cerca de 1O possam estar sitnultaneatnente infectadas cotn n1ais dias após o desaparecimento destes (Committee on do que uma estirpe durante um episódio infeccioso Infectious Diseases, 2007). (Tcheremenskaia et ai., 2007). A infecciosidade do Rotavírus está associada à cápsi- O aparecimento de novas estirpes de Rotavírus pode de externa sendo os ióes cálcio importantes na esta- dever-se a mecanismos tais como (i) o aparecimen- bilidade da partícula vira! (Nascimento et ai., 2002; to de mutações pontuais, que podem ocorrer como Estes, 2001; Kapikian et ai., 2001). O vírus é estável eventos isolados ou serem acumuladas sequencial- à temperatura ambiente, sobrevivendo bem em su- mente ao longo do tempo; (ii) recombinação genéti- perfícies porosas (papel, roupa de algodão) e não po- ca de dois vírus após co-infecção de urna célula e (iii) rosas (alumínio, porcelana e látex) (Kapikian et ai., introdução de um Rotavírus animal na população 2001). O virião mantém-se infeccioso numa gama de humana (Tcheremenskaia et ai., 2007; Nascimento, valores de pH entre 3,0 e 9,0 e em amostras humanas 2002). Estes mecanismos contribuem para a diversi- durante vários meses, quando conservadas a 4•C ou dade das estirpes de Rotavírus quer isoladamente quer 2o•c, desde que estabilizadas com 1,5 mM de CaCI2 quando combinados (Tcheremenskaia et ai., 2007). (Kapikian et ai., 2001; Nascimento et ai., 2002). O vírus pode ser inactivado por desinfectantes contendo fenóis, cloro, formo! e b-propiolactona (Kapi- 3. Transmissão kian et ai., 2001). O etano! (95%) parece ser de todos Na Europa os picos de gastroenterite por Rotavírus o mais eficaz, exercendo a sua acção por remoção da registam-se no final do Inverno e início da Primavera, cápside exterior (Kapikian et ai., 2001). sugerindo que a sazonabilidade da infecção está relacionada com os factores clirnatéricos (Atchison et ai., 4. Patologia 2010). Embora os efeitos dos factores climatéricos na epidemiologia da infecção sejam complexos, diver- Os Rotavírus têm um tropismo relativamente limita- sos estudos sugerem que temperaturas baixas, baixa do, infectando, na maioria dos casos, as células dife- h umidade relativa e níveis baixos de precipitação au- renciadas do epitélio das vilosidades do intestino del- mentam o risco de transmissão da infecção (Atchison gado (Estes, 2001; Kapikian et ai., 2001; Nascimento et ai., 2010). et ai., 2002). O período de incubação da infecção está 9 Um indivíduo infectado pode excretar entre 10 -10 10 estimado em 1 a 3 dias (Kapikian et ai., 2001; Nasci- virióes por grama de fezes (Ebrahim, 2008). No en- mento e tal., 2002). tanto a dose infectante é muito pequena ( < 100 partí- A infecção produz um espectro de respostas que varia culas víricas), o que f.1cilita a transmissão (Ebrahim, de urna infecção sub-clínica, diarreia (moderada a se- 2008; Nascimento, 2002). vera), a casos fatais em consequência da desidratação O Rotavírus é transmitido por via fecal-oral, directa- (Kapikian et ai., 2001; Tran et ai., 2010). Jnente pessoa a pessoa, e por fomites contatninadas, A infecção entérica caracteriza-se por um apareci- comida ou água (Atchison et ai., 2010). Há também mento súbito de vómitos, febre normalmente mo- 36 Acttl Farm,uêutictl l'ortuguefll ~~ Voll >> N.o 1 derada e, cerca de 24 a 48h depois, diarreia aquosa 5. Protecção Natural (Committce on Infectious Diseascs, 2007). As fezes apresentam-se líquidas, não sanguinolentas, com as- A infecção por Rotavírus é normalmente mais severa pecto gorduroso e sem coloração (Nascimento e tal., entre os 6 meses e os 2 anos de idade, sendo que o 2002). No entanto as cáracterísticas da diarreia não a pico de incidência da doença sintomática ocorre entre permitem diferenciar da provocada por outros agen- os 7 e os 15 meses (Dennehy, 2008; Ebrahim, 2008; tes infecciosos, sendo necessário o diagnóstico labora- Fisher et al., 2002; Grinstein et al., 1989; White et torial da infecção. Após a diarreia, que dura entre 3 a al., 2008). Até aos 3 meses de idade a infecção é nor- 7 dias, pode verificar-se intolerância à lactose (Com- malmente assintomática (Fisher et al., 2002). Urna mittee on Infectious Diseases, 2007; Nascimento et das explicações para este facto prende-se com o facto al., 2002). de a maioria das mães possuírem anticorpos para o São vários os mecanismos propostos para a patogéne- Rotavírus que são passados ao feto por via transpla- se da infecção e incluem alterações na absorção sectm- centária, protegendo o recém-nascido (Committee dária à destruição dos enterócitos, a produção de uma on Infectious Diseases, 2007). Uma evidência que enterotoxina potente codificada pelo vírus (NSP4), a suporta esta hipótese é a de que os bebés prematuros estitnulação do sistetna nervoso entérico e a isquen1ia apresentam um maior risco de doença grave quando das vilosidades intestinais (Ebrahim, 2008; Morris e comparados com os bebés de termo, provavelmen- Estes, 2001; Raming, 2004). te devido à falta dos anticorpos que adquiririam por As infecções com sintomatologia não específica são muito frequentes quer em crianças quer em adultos (3 a 31 %), estando a frequência com que ocorrem principalmente dependente da idade do indivíduo (Phillips et al., 2010). Essas infecções são vulgarmente classificadas como assintomáticas pela ausência de diarreia ou vómitos (Phillips et al., 2010). No entanto o doente apresenta sintmnas não específicos con1o febre, dor de cabeça, náuseas e fadiga (Phillips et al., 2010). Estudos recentes reportam a detecção de proteínas e RNA de Rotavírus no sangue de crianças infectadas via placentária (Committee on Infectious Diseases, 2007; Newman et al., 1999). Também os anticorpos transmitidos da mãe para o recém-nascido através da amamentação conferem protecção contra a doença (Committee on Infectious Diseases, 2007; Newman et al., 1999). A reinfecçáo é nonnaltnente n1enos severa ern tennos de doença clínica devido ao efeito dos anticorpos produzidos na primeira infecção (Dennehy, 2008; Fischer et al., 2002). Os estudos sugerem que a imunidade induzida pela infecção reduz a incidência e (Fischer et al., 2005a; Fugi ta et al., 20 I O; Ramani severidade de episódios subsequentes (Fischer et al., et al., 2010). A localização extra-intestinal do vírus, 2002; Ward et al., 1992; Westerman et al., 2005; como o líquido cefalorraquidiano, alterou a sua des- White et al., 2008). Embora as crianças possam de- crição con1o un1 agente patogênico cxclusivatnente senvolver infecção por Rotavírus várias vezes durante intestinal, podendo disseminar-se para outros locais a sua vida, a segunda e terceira infecções conferem do organismo (Fischer et al., 2005a; Fugita et al., progressivatnente urna tnaior protecção sendo que, a 20 I O; Nakagomi c Nakagomi, 2005; Ramani et al., partir da segunda, as crianças normalmente não de- 2010). senvolvem diarreia severa (Dennehy, 2008; Phillips 37 et ai., 2010), embora a duração da infecção possa não conferida pelos anticorpos neutralizantes não é espe- ser reduzida (White et ai., 2008). cífica do serótipo, registando uma imunidade reacti- A protecçáo contra os rotavírus parece estar relacio- va cruzada, sugerindo que a imunidade ao Rotavírus nada com a imunidade local mediada por anticorpos poderá ser mediada por outros factores (Vizzi ct ai., secretários IgA, embora vários estudos refiram tam- 2005; Ward et ai., 1992). bém como essencial a produção de lgG (Jaimes et Temos actualmente licenciadas para Portugal 2 vaci- ai., 2002; Ward et ai., 1992; Westerman et ai., 2005; nas para Rotavírus: a Rotarix (GlaxoSmithKline Bio- White et ai, 2008). No entanto, a correlação entre a logicals, Bélgica) e a RotaTeq (Sanofi Pasteur, França) protecçáo imunológica conferida pela infecção natu- (INFARMED, 2010). ral e a doença clínica ainda não está completamente A vacina viva RotaTeq é uma vacina pentavalente elucidada (Dennehy, 2008; Duan et ai., 2007; Jai- (G 1, G2, G3, G4 e 1'[8]) que contém recombinantes mes et ai., 2002; Vizzi et ai., 2005; Westerman et ai., 2005). genéticos de rotavírus humanos e bovinos (Dennehy, 2008; Plotkin, 2009; Tcheremenskaia et ai., 2007). É administrada em 3 doses, com início entre as 6 e 6. Vacinas as 12 sernanas de vida, e cotn intervalos nunca infe- riores a 4 semanas (Dennehy, 2008). De preferência, Dado que não há tratamento antivírico específico, a vacinação é a melhor estratégia para o controlo da doença (Fisher et ai., 2002; WHO, 2009). As vacinas para Rotavírus representam uma hnportante ferramenta de prevenção pois são capazes de reduzir substancialmente a morbilidade e a mortalidade associadas à infecção, se as campanhas de vacinação forem implementadas correctamente (Munas et ai., 2010; Richardson et ai., 2010). As vacinas vivas administradas por via oral na primeira infância, que vão nün1etizar a protccção induzida pela infecção natural, têm sido bem sucedida na pro- as 3 doses devem ser administradas antes das 20-22 semanas de vida (WHO, 2009). A vacina Rotarix é a estirpe RIX 4414 do Rotavírus humano e representa os antigénios do rotavírus mais comuns em infecções em humanos G I P[8] (Dennehy, 2008; Tchcremenskaia et ai., 2007; WHO, 2009). A vacina é administrada em duas doses orais, sendo a primeira administrada após as 6 semanas de idade e de preferência antes das 16 semanas. O intervalo entre as doses não deve nunca ser inferior a 4 semanas, devendo a vacinação estar completa antes tecção contra a doença causada por Rotavírus (Fisher das 24 semanas de idade (INFARMED, 2010). Em- et ai., 2002; Plotkin, 2009; Wang et ai., 2010), em bora não se tenha obtido eficácia nos ensaios de fase parte devido à resposta imune que parecem induzir III em serótipos G2 estudos de populações vacina- localmente no intestino, considerada fundamental das permitiram concluir que havia protecção cruzada para conferir protecção (Westerman et ai., 2005). para estirpes não-G2 e não P[S], sendo que a pro- A imunização logo nos primeiros tempos de vida po- tecção conferida contra G2P[4] era de cerca de 81 o/o derá não evitar a doença tnas previne os casos tnais (Dennehy, 2008). severos de doença e as suas consequências (visitas ao A OMS recomendou a 5 de Junho de 2009 a intro- médico, desidratação, hospitalização e morte) (Com- dução da vacina para o Rotavírus em rodos os pro- mittee on Infectious Diseases, 2007). A protecção gramas nacionais de vacinação, embora Portugal ain- 38 Acttll;lmlildulic,l Portuguc;,1 H \'ól. 1 i> N. o f da não tenha adoptado essa recomendação (WHO, trólitos com uma osmolaridade final de }1 O mOsm/1 2009). (Kapikian et ai., 2001; Munos et ai., 2010b). Pos- Apesar das vacinas actualmente disponíveis, os estu- teriormente, foram sugeridas formulações com uma dos epidemiológicos devem continuar e ser intensifi- menor osmolaridade que permitem obter melhores cados (Tcheremenskaia et ai., 2007). A emergência resultados, reduzindo a frequência do vômito e dos de vírus novos e imunologicamente diferentes, pro- episódios diarreicos e, consequenten1ente, a necessi- vavelmente devido à quebra da barreira inter-espécies dade de terapia endovenosa (Kapikian et ai., 2001; ou recon1binaçáo genética entre vírus hun1anos e ani- Munos et ai., 2010b). Actualmente a OMS e o Fun- tnais, poden1 tornar necessário tnodificar as vacinas do Internacional de Emergência para a Infância das ao longo do tempo (Tcheremenskaia et ai., 2007). Nações Unidas (UNICEF) recomendam uma formulação para reidratação oral com uma osmolaridade de 7. Tratamento 245 mOsm/1 (WHO, 2006). Se a reidratação oral não for capaz de repor os fluidos O principal objectivo do tratamento da gastroente- e electrólitos, ou se o doente se encontra severamen- rite provocada por Rotavírus é a reposição de fluidos te desidratado ou em estado de choque, deve fazer- e electrólitos perdidos através do vômito e diarreia, -se tratamento por via endovenosa (Kapikian et ai., estimando-se que a reidratação possa prevenir cerca 2001). de 93% das mortes associadas à infecção (Kapikian A OMS propõe também a utilização de suplementos et ai., 2001; Munos et ai., 2010a,b; Richardson et de Zinco para tratamento da diarreia e prevenção da ai., 2010). desidratação, dado aquele se ter mostrado eficaz a re- Até aos anos 70 a reposição de fluidos e electrólitos duzir a duração e severidade dos episódios diarreicos e por via endovenosa era o tratamento de eleição para a as taxas de hospitalização associadas a estes (Fischer et desidratação, mas envolvia custos elevados e tornava- ai., 2010; Munos et ai., 2010; Walker e Black, 2010; -se impraticável em países com parcos recursos (Mu- WHO, 2006). A introdução e o reforço dos suple- nos e ai., 2010b). mentos de Zinco em países de baixos recursos econô- As soluções para reidratação oral e as soluções caseiras micos permitem reduzir a morbilidade e mortalidade foram propostas desde os anos 60-70, tendo sido de- associadas à infecção (Fischer et ai., 201 O; Munos et senvolvidas formulações contendo glucose e electró- ai., 2010; Walker e Black, 2010; WHO, 2006). litos para prevenir e tratar a desidratação de doentes Uma outra recomendação da OMS é a de promo- com diarreia (Munos et ai., 201 Oa,b; Richardson et ver e reforçar a amamentação com leite humano du- ai., 2010). A utilização de soluções para reidratação rante a doença dado que os anticorpos anti-rotavírus oral permite a obtenção de um efeito protectos contra contidos no leite permitem a protecçáo do lactente a perda de fluidos e electrólitos devido ao co-trans- (Diemert, 2006; Jackson e Nazar, 2006; Kapikian et porte de glucose e sódio, e também de água, atra- ai., 2001; OMS, 2006). A amamentação com leite vés do epitélio do intestino delgado (Diemert, 2006; hutnano contendo anticorpos anti-rotav.írus n1ostrou Munos et ai., 2010b). inclusivamente ter sucesso no tratamento de infecção Em 1970 a Organização Mundial de Saúde propôs crónica por Rotavírus en1 crianças cotn itnunodeflci- uma fórmula para reidratação oral com glucose e elec- ências (Kapikian et ai., 2001). InfocpírJ frJr RrJt,wínu 39 No entanto, nun1a tentativa de pron1over a adminis- Os imunoensaios são os mais utilizados existindo dis- tração de fluidos mais precocemente numa diarreia, poníveis no mercado vários testes rápidos de detecção e consequentemente prevenir a desidratação, vários de Rotavírus em fezes (Al-Yousif et ai., 2001; Den- programas de controlo da doença diarreica fomen- nehy et ai., 1999; Khamrin et ai., 2010). As meto- taram o uso de fluidos adicionais e soluções caseiras dologias são variadas e podem incluir ensaios imuno- como água de arroz e soluções de açúcar e sal (uma enzimáticos (EIA), métodos de aglutinação usando colher de chá de sal de mesa e oito colheres de chá de partículas de látex, detecção por imunofluorescência açúcar por litro de água purificada) (Diemert, 2006; e por imunocromatografia (Al-Yousif et ai., 2001; Munas et ai., 2010b; Victora et ai., 2000). Além dis- Dennehy et ai., 1999; Khamrin et ai., 2010; Nguyen so é ainda recomendada uma dieta à base de hidratos et ai., 2007; Raboni et ai., 2002). No entanto a utili- de carbono (arroz, pão, batatas, bananas e bolachas zação dos testes serológicos é limitada quando se pre- de água e sal) durante a fase aguda da diarreia (Die- tende distinguir com precisão os diferentes genótipos mert, 2006). (van Doorn et ai., 2009). Os probióticos têm demonstrado efeitos curativos e Assim, os métodos moleculares de identificação, preventivos em diarreias de diferentes etiologias (Niel quantificação e genotipagem do RNA vira! podem et ai., 2002; Vrese e Marteau, 2007). No entanto, também ser utilizados no diagnóstico (Logan et ai., como o mecanismo e a eficácia dos probióticos de- 2006; Nordgren et ai., 201 O; van Doorn et ai., 2009). pende das interacções com a microflora e das células O isolamento dos vírus em cultura celular é possível, imunocompetentes do intestino específicas de cada embora difícil, sendo normalmente realizado apenas hospedeiro, os resultados parecem ainda não ser su- em laboratórios de investigação (Nascimento et ai., ficientes para haver uma recomendação específica 2002; Raboni et ai., 2002). para o uso dos probióticos no tratamento da diarreia provocada por Rotavírus (Niel et ai., 2002; Vrese e 9. Conclusão Marteau, 2007). A suplementação com Vitamina A foi também já Apesar da melhoria da qualidade da água, alimentos proposta embora os resultados tenham sido contradi- e condições sanitárias das populações, a infecção por tórios nos diferentes estudos, podendo mesmo a sua Rotavírus continua a ser urna realidade nos países de- administração ter efeitos prejudiciais, pelo que não é senvolvidos e subdesenvolvidos de todo o mundo. recomendada (Diness et ai., 20 I O; Ricahrdson et al., A implementação de programas que promovam a 2010). adopção de medidas para a reposição de fluidos e electrólitos desde o início da doença permitirá redu- 8. Diagn6stico zir a duração e gravidade da mesma, diminuindo a necessidade de internamento devido à infecção bem O diagnóstico laboratorial da infecção pelo Rotaví- como a morte por desidratação. rus baseia-se normalmente na detecção directa do A vacinação é, porém, a forma mais eficaz de comba- vírus nas fezes recorrendo a métodos imunológicos ter a infecção. No entanto, a variação dos genótipos ou moleculares (Nascimento, 2002; van Doorn et ai., geograficamente e ao longo do tempo têm implica- 2009). ções no desenvolvimento das vacinas, pelo que de- 40 verão sempre ser realizados estudos epidemiológicos rhea: A Randomizcd Prospcctive Study frorn Guinea-Bis- antes e após a introdução dos programas de vacinação sau}. Infect. Dis., 202: 5243 - S251. numa determinada população. Ouan Z-J., Li 0-0., Zhang Q., Liu N., Huang C-E, Jiang X., Jiang B., Glass R., Sreele O.,Tang J-Y., Wang Z-S., Fang Z-Y. 2007 Novel human rotavirus of genotype Bibliografia G5P[6] identified in a stool specimen from a Chinese girl AI-Yousif Y., Anderson J., Chard-Bergstrom C., Busta- with diarrhea.}. C!in. Microbio!. 45(5): 1614-1617. J marHe A., Muenzenberger M., Austin K., Kapil S. 2001. Ebrahim G. 2008 Rotaviruses and Rotavirus vaccines. Evaluation of a Latex Agglutination Kit (Virogen Rota- Tí·op. Pediatr 54(2): 79-82 test) for Detection o f Bovine Rotavirus in Fecal Samples. Estes M. 200 I Rotavirus and their replication In Knipe C!in. Diagn. Lab. illllllllllof., 8: 496 - 498. 0., Howley P. Eds Fields Virology, Chapter 54, 4'h Edi- Antunes H, Afonso A., lturriza M., Maninho !., !Ubero tion, Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia, USA C., Rocha S., Magalhães C., Carvalho L., Branca F., Gray Fischer T, Ashley 0., Kerin T., Reynolds-Hedmann E., ]. 2009. G2P[4] the most prevalent rotavirus genotype in Genrsch J., \Viddowson M., \Vesterman L., Puhr N., Tur- 2007 winter season in na european non-vaccinated popu- cios R., Glass R. 2005a Rotavirus Antigenemia in Patients lation.}. C!in. Viro!. 45(1): 76-78. with Acute Gastroenteritis.}. lnfec Dis. 192: 913-919. Atchison C., Tam C., Hajat S., van Pelt \XI., Cowden J., FischerT., Eugen-Oisen J., Pedersen A., Molbak K., Botti- Lopman B. 20 I OTemperature-dependent transmission o f ger B., Rostgaard K., Nielsen N. 2005b. Characterization rotavirus in Great Britain and Thc Ncthcrlands Proc R Soe of Rotavirus Strains in a Danish Population: High Fre- B, 277: 933 - 942. quency o f Mixed Infections and Oiversity within the VP4 Committee on lnfectious Diseases 2007 Prevention of Gene ofl'[8] Strainsj. Clin. Microbio!. 43: 1099- 1104. Rotavirus Disease: Guidelines for Use o f Rotavirus Vacci- Fischer T, Valentiner-Branth P., Steinsland H., Perch ne Pedirlfrics, 119: 171 - 182. M., Santos G., Aaby P., Molbak K., Sommerfelr H. 2002 de Vrese M., Marteau P. 2006 Probiotics and Prebiotics: Protective immunity after natural rotavirus infection: a Effects on Oiarrheaj. Nutr., 137: 803S- 811S. community cohort study of ncwborn children in Guinea- Dennchy P. 2008 Rotavirus vaccines; an overview. Clin. -Bissau, West Africa.}. Infec Dis. 186: 593-597. Microbio!. Reil. 21(1): 198-208. Florence T. Wang, T. Christopher Mast, Roberta ]. Glass, Oennehy P., Hartin M., Nelson S., Reising S. 1999 Evalu- Jeanne Loughlin, and John O. Seeger 2010 Effectiveness ation of the lmmunoCardSTAT! Rotavirus Assay for Oe- of the Pentavalent Rotavirus Vaccine in Preventing Gas- tection o f Group A Rotavirus in fecal Specimens}. C!in. trocnteritis in rhe United States Pediatrics, 125: e208 - Microbio!., 37: 1977- 1979. e213 Oiemert O. 2006 Prevention and Sei f- Treatment o f Fong T-T, Lipp E. 2005 Enteric Viruses of humans and 'Jhveler's Oiarrhea C!iu. Microbio!. Rei!., 19: 583 - 594. animais in aquatic environments: health risks, detection Oiness B., Chrisroffersen 0., Pedersen U., Rodrigues A., and potential water quality assessment tools. Mo/. Bio/. Fischer T., Andersen A., \Vhittle H., Yazdanbakhsh M., Rm 69(2):357-371. Aaby P., Benn C. 2010The Effect ofHigh-Oose Vitamin Fujita Y., Liu B., Kohira R., Fuchigami T, Mugishima A Supplementation Given with Bacille Calmette-Guérin H., Izumi H., Kuzuya M., Fujii R., Harnano M., Ogura V.tccinc at Birth on Infant Rotavirus Infection and Diar- H. 2010. Rotavirus antigenemia and genomia in children 41 with rotavirus gastroentcritis. fpn f Inftct Dis. 63(2): 83- virus vaccine on diarrhoea mortality Int. f. Epidemiol. 39: 86. i56. i62. Grinstein S., Gómez J., Bercovich )., Biscotti E. 1989 Munos M., Walker C., Black R. 2010b The effect of oral Epiderniology of rotavirus infection and gastroenteritis in rehydration solution and recommended home f1uids on prospectively monitored Argentine farnilies with young diarrhoea rnortality 11/t. f. Epidemiol., 39: i75 - i87. children. Am. f. Epidemiol. 130 (2): 300-308 Nakagomi T., Nakagorni O. 2005. Rotavirus antigenemia INFARMED - Instituto Nacional da Farmácia e do in children with encephalopathy accornpanied by rotavi- Medicamento 2010. Prontuário terapêutico 9.Março de rus gastroenteritis. Arch. Vim/., 150(9): 1927-3191. 2010.492. Nascimento M. 2002. Reovírus e Rotavírus In. ferreira Jackson K., Nazar A. 2006 Breastfecding, the lmmune W., Sousa J. Eds Microbiologia Vol3. LIDEL Responsc, and Long-term Health. f Am Osteopat/; Assoe, Nguyen T., Khamrin P., Takanashi S., Le Hoang 106: 203. 207. Jaimes M., Rojas 0., González A., Cajiao 1., Charpilienne A., Pothicr P., Kohli E., Greenbcrg H., Franco M., Angel J. 2002 requencies of virus-specific CD4+ and CD8+ T lymphocytes secreting gamrna interferon after acute natural rotavirus infection in children and adults. ]. Virol 76(10): 4741-4749. Kapikian A., Hoshino Y., Chanock R. 2001 Rotaviruses In Knipe D., Howley P. Eds Fields Virology, Chapter 55, 4'h Edition, Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia, USA Khamrin P., Tran D., Chan-it W., Thongprachum A., Okitsu S., Maneekarn N., Ushijima H. 2010. Comparison of thc Rapid Methods for Screening of Group A Rotavirus in Stool Samples. f 1i·op Pedia ti; 10.1 093/tropej/ ]~, Pham L.D., Hoang K., Satou K., Masuoka Y., Okitsu S., Ushijima H. 2007. Evaluation of lmmunochromatography Tests for Dctection of Rotavirus anel Norovirus among Vietnamese Children with Acute Gastrocnteritis and the Emergence of a Novel Norovirus GII.4 Variant. f 1i·op Pe- diatr. 53: 264 · 269. Niel C., Feudtner C., Garrison M., Christakis D. 2002 Lactobacil!us Therapy for Acute Infectious Diarrhea in Children: A Meta-analysis Pediatrics, 109: 678- 684. Nordgren )., Bucardo E, Svensson L., Lindgren P-E. 2010. Novel Light-Upon-Extension Real-Time PCR Assay for Simultaneous Detcction, Quantiflcation, and Ge- nogrouping of Group A Rotavirus f. Clin. Microbiol., 48: 1859. 1865. Phillips G., Lopman B., Rodrigues L., làm C. 2010 Asymptomatic Rotavirus Infections in England: Preva- fmq101. lence, Characteristics, and Risk Factors Am. f. Epidemiol., Logan C., O'Leary)., O'Sullivan N. 2006 Real-Time Re- 171: 1023. 1030. verse Transcription-PCR for Detection o f Rotavirus and Plotkin S. 2009 Vaccines: the fourth century. Clin. Vacci- Adenovirus as Causative Agents o f Acute Viral Gastroen- ne Immunol. 16(12): 1709-1719. teritis in Children. f. C!in. Microbiol., 44: 3189 · 3195 Raboni S., Nogueira M., Hakim V., Torrecilha V., Lcrner Morris A., Estes M. 2001. Microbes and Microbial To- H., Tsuchiya L. 2002. Comparison ofLatex Agglutination xins: Paradigms for Microbial-Mucosal Interactions: VIII. \X'ith Enzyme Immunoassay for Dctection ofRotavirus in Pathological consequences of rotavirus infection and its Fecal Specimens. Am f C/in Pat/;o/, 117: 392 · 394. enterotoxin. Am f Physiol GIIStrointest Liver Pbysiol, 281: Ramani S., Paul A., Saravanabavan A., Menon V., Arurnu- G303- G310. gam R., Sowmyanarayanan T., Samuel P., Kang G. 2010 Munos M., Walker C., Black R. 2010a The effect ofrota- Rotavirus Antigenemia in Indian Children with Rotavirus 42 -j Actrl P,zrmttrfutica l'ortugneStt H li>/. I !') N. 0 1 Gastroentcritis and Asymptomatic Infections Clín. lnfect. luation of serum antibody responses against the rotavirus Dis. 51(11):1284-1289 nonstructural protein NSP4 in children after rhesus ro- Ramig R. 2004. Pathogenesis of Intestinal and Systemic tavirus tetravalent vaccination or natural infection. Clín. Rotavirus Infection. J Viro/., 78: 10213- 10220Richar- Diagn. Lab. Immuno/. 12(10): 1157-1163 dson V., Hernandez-Pichardo]., Quintanar-Solares M., Walker C., Black R. 2010 Zinc for the treannent of diar- Esparza-Aguilar M., Johnson B., Gomez-Aitamirano C., rhoea: effect on diarrhoea morbidity, nwrtality and inci- Parashar U., Patel M. 201 O Effect of rotavirus vaccination dence offuture episodes Int. J Epidemio/. 39:i63-i69 on death from childhood diarrhea in Mexico. N Engl j \Valker C., Black R. 2010 Zinc for the treatment of diar- Med 362(4): 299-305. rhoea: effect on diarrhoea morbidity, mortality and inci- Rodrigues F., lturriza M., Gray ]., Januario L., Lemos dence of ftaure episodes lnt. J Epidemio!., 39: i63- i69. L. 2007. Epidemiology of rotavirus in Portugal: G9 as a major cause of diarrhoea in non-hospitalised children. f Clin. Viro!. 40(3): 214-217. Tcheremenskaia 0., Marucci G., De Petris S., Ruggeri F., Dovecar D., Sternak S., Matyasova !., Dhimolea M., Mladenova Z., Fiare L., Rotavirus Study Group 2007. Mole- Ward R., Clemens ]., Knowlton D., Rao M., van Loon F., Huda N., Ahmed F., SchiffG., Sack D. 1992 Eidence that protection against rotavirus diarrhea after natural infection is not dependent on serotype-specifk neutralizing antibody.j.lnftc. Dis. 166: 1251-1257 \Vesterman L., McClure H., Jiang B., Almond ]., Glass cular Epidemiology ofRotavirus in Central and Southeastern Europe] Clin. Microbiol. 45:2197-2204. Tran A., Talmud D., Lejeune B., Jovenin N., Renois E, Payan C., Leveque N., Andreoletti L. 2010 Prevalence of Rotavirus, Adenovirus, Norovirus, and Astrovirus Infections and Coinfections among Hospltalizcd Children in Northern Francef Clin. Microbiol. 48: 1943- 1946. R. 2005 Serum IgG 1ncdiates mucosal inununity against rotavirus infection. PNAS 102(20): 7268-7273. White L., Buttery]., Cooper B., Nokes D., Medley G. 2008. Rotavirus within day care ccnters in Oxfordshire, UK: charactcrization of partia! immunity. J R. Soe. Inter- foce 5: 1481-1490. van Doorn L-]., Kleter B., Hoefnagel E., Stainier !., Po- WHO - \Vorld Health Organization. 2006. lmplemen- liszczak A., Colau B., Quint W. 2009. Detection and Ge- ting the Ncw 2006 Recommendations on the Clinicai notyping of Human Rotavirus VP4 and VP7 Genes by Management of Diarrhoea: Guidelines for Policy Makers Reverse 11-anscriptase PCR and Reverse Hybridization and Programme Managers. Geneva: \Vorld Health Orga- f C!in. Microbiol., nization 47: 2704- 2712Victora C., Bryce ]., Fontaine 0., Monasch R. 2000 Reducing deaths from WHO- \Vorld Health Organization. 2009. lntroduction diarrhoea through oral rehydration therapy. Bu!l \Vorld of rotavirus vaccines into national immunization pro- Hea/t/; 01gttn 78:1246-55. grarnmes. 1\1anagement manual, including opcrational Vizzi E., Calvino E., González R, Pére-Schael !., Ciarlet information for health workers. Geneva: \Vorld Health M., Kang G., Estes M., Liprandi F., Ludert J. 2005 Eva- Organization.