ANÁLISE TEMPORAL (2010 A 2012) DA VIOLÊNCIA URBANA NA CIDADE DE MANACAPURU. Daniela Castilho Ramos Luciana Pereira Magalhães [email protected] [email protected] Licenciatura em Geografia Programa de Iniciação à Docência-PIBID Universidade do Estado do Amazonas Resumo Esta pesquisa analisa a temporalidade dos seguintes crimes: furto, roubo e homicídio, que ocorreram, nos anos de 2010, 2011 e 2012, na zona urbana do município de Manacapuru. Dentro dessa perspectiva temos como fator condicionante do possível aumento desses crimes: a inauguração da Ponte Rio Negro. Visto que essa nova ligação com a área metropolitana de Manaus proporcionou uma dinamização dos espaços, que antes era apenas realizado por Balsas, e, que no atual momento é realizado pela Ponte. Juntamente a essa nova condição de ligação dos municípios temos a ausência de investimentos na segurança pública, do local pesquisado, resultando em um não aumento do contingente policial e pouca fiscalização na área próxima à Ponte, no qual os crimes descritos podem ocorrer de forma mais abrangente dentro da área urbana de Manacapuru. Palavra-chave: Violência; Manacapuru; Ponte Rio Negro. Eixo Temático: GEOGRAFIA URBANA Introdução Manacapuru é um município situado a margem esquerda do rio Solimões, tem uma área territorial de 7.330,075 km² e uma população de 85.141 habitantes, tendo assim uma densidade demográfica de 11,62 hab./km², está ligada via terrestre a capital Manaus, Novo Airão e Iranduba. Porém, durante muitos anos Manacapuru manteve relações com a Capital apenas restrita a um município próximo a área mais desenvolvida do Estado do Amazonas. Atualmente essa condição se modificou devido a construção da Ponte Rio Negro, que foi inaugurada em 24 de outubro de 2011, e, que possibilitou a ligação mais rápida entre Manaus e Manacapuru, no qual antes era ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1013 lenta devido a barreira natural constituída pelo rio, onde a travessia era realizada por balsas. E, conforme a integração de Manacapuru ao município de Manaus, com a junção da sua área a metrópole, houve mudanças de estruturas físicas e sociais, como a entrada de empreendimentos comerciais e alta no valor imobiliário, sendo que junto a estes se encontra as problemáticas que se refletem nos casos de violência, observando-se que a ligação pode ter auxiliado no avanço das taxas criminais. Objetivo Identificar alterações nos índices de roubos, furtos e homicídios a partir da inauguração da Ponte Rio Negro. Fundamentação teórica A partir da inauguração da Ponte e agilização de entrada e saída do município associado ao não preparo estrutural de políticas de segurança pública, que possam combater de maneira efetiva a nova realidade, estes crimes que correspondem a roubos, furtos e homicídios puderam se desenvolver com maior facilidade dentro do território urbano do município, neste sentido De Lima cita: Construir a ponte se tornou um dos objetivos principais do governo do amazonas. Isto em si não traz, aspectos negativos, pois a ponte poderá dinamizar expressiva área do estado, especialmente os municípios da região metropolitana. A dinamização se traduz nas possibilidades de circulação, transferência de capitais e empreendimentos aos municípios da RM, dentre outros benefícios. Contudo, se não acompanhada de estudos e análises que prospectem um planejamento previsível para as consequências relacionadas com o aumento da migração, da favelização e outros trazidos com uma visão de possibilidades que na realidade não existem, tal concepção de progresso pode acarretar sérios problemas a esse território criado numa instancia que privilegiou apenas a dimensão política. (2010, p.63) A inauguração da Ponte Rio Negro e a associação de Manacapuru a Região Metropolitana, não são os dois pontos negativos da pesquisa, mas são os pontos principais que expõem a fragilidade do sistema de segurança público e das problemáticas que se agravam com esta nova relação, sendo que o processo de Metropolização tem seus pontos positivos, como exemplo a dinamização entre os territórios, a possibilidade de entradas de novos capitais, dessa forma gerando emprego e desenvolvendo o município, mas que também gera uma segregação espacial e por consequência ocasiona um processo desigual de desenvolvimento. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1014 [...] o adensamento de pessoas nos centros urbanos pode produzir uma maior conscientização da desigualdade social, o que, por consequência, tem o potencial de incitar a prática criminal, o que representaria uma resposta para a dissociação entre aspirações materiais e possibilidades reais de realização de boa parte da população. (FELIX,2002 apud BATELLA,2008 p.23) No entanto, não estamos tentando associar o fator pobreza a criminalidade, pois como afirma Beatos e Reis, 1999 (apud Adorno, 2002, p.110) “[...] os municípios de menor incidência de crimes são justamente os mais pobres; ao contrário a riqueza e a circulação de dinheiro está mais associada à maior incidência e prevalência de crimes, em especial os violentos.” Com isso, entendemos que a entrada de novos capitais estimulam a economia do Município e podem favorecer um crescimento da violência em Manacapuru. Pelo temática “criminalidade” ser tão abrangente fez-se necessário uma delimitação. Configurando-se como principais crimes analisados os seguintes: Homicídios, roubos e furtos. O Homicídio foi selecionado devido esse crime ser um indicador que mede a violência no mundo. Sendo constituído juridicamente na Lei Penal como: “Destruição violenta e ilícita da vida de uma pessoa por outra.” (GUIMARÃES, 2006, p.346) Os crimes contra o patrimônio foram escolhidos por serem os crimes que aparecem com maior incidência no município, mesmo antes da inauguração da Ponte. Sendo definido na Lei Penal, como “a subtração de coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência á pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido a impossibilidade de resistência.” (GUIMARÃES, 2006, p.491) E o furto consiste em “[...] subtrair coisa móvel para si ou para outrem, sem expressa autorização do seu dono.” (GUIMARÃES, 2006, p. 334) Sabemos que existem modalidades dentro desses crimes pesquisados, portanto, é necessário enfatizar que estes crimes serão avaliados de forma integral, pois estas variáveis não serão o foco da pesquisa e sim todas as ocorrências que juntamente gerarão apenas um dado especifico. Por exemplo o homicídio, que é variado segundo a sistemática do estatuto penal em: homicídio doloso simples, homicídio doloso qualificado e homicídio culposo. No entanto estas descrições serão resumidas em apenas homicídios, e, da mesma forma ocorrerá com os crimes relacionados a furtos e roubos. Metodologia Coleta de dados quantitativos no 9º Batalhão da Policia Militar, que serão ilustrados em gráficos, complementado com um trabalho de campo, referente ao recolhimento de ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1015 registros fotográficos, entrevistas com o delegado da 1º Delegacia Especializada de Manacapuru, e observações realizadas durante a pesquisa. Resultados Quantidade de Ocorrências Número de Ocorrências 250 200 223 210 194 150 Homicídios 101 100 50 0 36 25 2010 82 23 Furtos Roubos 13 2011 2012 GRÁFICO 1 Fonte: 9º Batalhão de Polícia Militar de Manacapuru Número de ocorrências de Homicídios, Furtos e Roubos em 2010, 2011 e 2012 Conforme o gráfico 1, não houve aumento no número de furtos e homicídios. Ao contrário, houve uma diminuição nessas taxas: de 25 homicídios em 2010 para 13 em 2012 correspondendo a 48%; de 223 furtos em 2010 para 193 em 2012 correspondendo a 13%. No entanto, uma das variáveis demonstrou maior evolução durante o período analisado, os roubos, uma vez que o número de ocorrências passou de 36 para 82, correspondendo a 127,7%. Constatou-se com os entrevistados que o aumento dos crimes contra o patrimônio está relacionado, na maioria dos casos, ao consumo de drogas. E, que segundo o Delegado Antônio Rodrigues estes crimes estão estáveis no município. Contudo, na avaliação geral verifica-se nas entrevistas com a população que há um quadro de insegurança principalmente nestes crimes, que são os de maior ocorrência em Manacapuru. Conclusões Diante das problemáticas analisadas, e vendo que o número de casos dos crimes pesquisados não tiveram uma elevação com a inauguração da Ponte Rio Negro, podemos concluir que o município de Manacapuru continua com as suas taxas estáveis nos crimes de homicídios, furtos e roubos no período analisado. Atentando para o fato de que muitas ocorrências não são registadas, o que dificulta, em parte, uma análise mais especifica desta problemática no Município. Outra questão que é necessária ser pontuada, é que com o advento da Ponte Rio Negro não significou que o Município estaria mais propenso a estas problemáticas relacionadas ao crime. Pois entendemos que está via de ligação com a Capital do ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1016 Amazonas se repercute em desenvolvimento, que é visto como bom parâmetro para sua construção. No entanto, apenas avaliamos a sua aplicação com a ausência de políticas públicas para coerção dos crimes que poderiam ser facilitados com esta nova integração. E, como foi avaliado, os crimes não se difundiram com esta nova ligação. Contudo, questões aqui apresentadas tomam uma outra direção, uma vez que as respectivas ações criminosas estão sendo associados ao tráfico de drogas. Cujo resultado são observados nas diversas infrações registradas (Sendo que a nossa pesquisa apenas privilegiou os crimes cometidos por maiores de idade). Constatamos, então, que o papel de políticas de prevenção associados ao combate ostensivo e acompanhados da comunidade, podem vir a ter uma maior diminuição desses casos em Manacapuru. Referências ADORNO, S. Exclusão socioeconômica e violência urbana. Sociologia, Porto Alegre, ANO 4, N 8, pag. 84-135, 2002. BATELLA, Wagner Barbosa; DINIZ, A. M. A.; TEIXEIRA, A. P. Explorando os determinantes da geografia do crime nas cidades médias mineiras. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA, Vol. 8, N. 1, p.21-31 - 1º Semestre 2008. GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri (Org.). Dicionário técnico jurídico. – 8. ed. – São Paulo: Rideel, 2006. LIMA, Marcos C. Amazônia Ocidental e Geografia: Região Metropolitana de Manaus e BR 319 – Território e Meio Ambiente. Revista GEONORTE, Vol. 1, N. 01, ANO 01, p. 47-70, 2010. ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1017