Grupo de Trabalho: GT VII – Direito à Cidade e Direitos Humanos SE ESSA CIDADE, SE ESSA CIDADE FOSSE MINHA... Renata da Silva Barbosa Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE [email protected] Alcindo José de Sá Professor Associado I do Dept. de Ciências Geográficas da UFPE [email protected] RESUMO O respectivo estudo tece algumas considerações sobre a produção do espaço urbano, estruturado e organizado no sistema capitalista. Objetivando analisar como as crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social no espaço urbano de Campina Grande – PB se apropriam destes espaços. ABSTRACT Its study presents some considerations about the production of urban space, structured and organized in the capitalist system. Aiming to analyze how children and adolescents at personal and social risk in the urban area of Campina Grande PB appropriates these spaces. INTRODUÇÃO As desigualdades socioeconômicas que segrega, exclui e determina o lugar de cada um na cidade, constitui-se como elemento basilar do sistema capitalista, visto que este possui como pilar as contradições, dividindo a sociedade em classes sociais, sendo uma minoria detentora do grande capital e a grande parcela da sociedade os despossuídos, marginalizados, pauperizados. É em meio a este cenário que uma problemática social a décadas vem exigindo dos poderes públicos maiores atenções e ações diante de tão infortúnio. Um problema que começa a se expandir e atingir as cidades pequenas, médias e grandes, espaços de maiores fluxos de pessoas e automóveis. Como é o caso de Campina Grande, cidade média do interior paraibano, considerada um dos principais centros da Região Nordeste. A referida cidade assim como as demais, não conseguiu atrelar um crescimento econômico com desenvolvimento social e as sequelas dessas problemáticas ações de sociais, uma prioridade delas mercantil, mais desembocou gritante, devido em várias ao aparato político-legislativo que os colocam como prioridade absoluta do estado, que é a presença diária de crianças e adolescentes em espaços perniciosos. Esta complexa problemática social se materializa diariamente, constantemente nos espaços públicos da cidade, principalmente em espaços como, semáforos, praças, parques, feiras centrais e principais ruas comerciais da cidade de Campina Grande, em diversas práticas como, malabares, limpadores de para-brisas, mendicância, vendedores de chicletes/balões/panos de prato, ou, utilizando destes espaços para o uso de substâncias psicoativas. Destarte, é evidente que há apropriação desses espaços públicos por essa população infanto-juvenil pauperizada, contudo, busca-se apresentar como ocorre essa apropriação, que vai de encontro a todos os direitos conquistados para assegurar a proteção integral desses indivíduos. Indagando-nos a discorrer sobre os motivos pelos quais uma minoria da população domina estes espaços para suas funções “originais”, como lazer, deslocamento, desenvolvimento de atividades físicas, socialização, e outras, para (sobre)viverem as disparidades socioeconômicas. PROCESSO DE FORMAÇÃO DO ESPAÇO URBANO E SUAS FRAGMENTAÇÕES: O CASO DE CAMPINA GRANDE O sistema econômico capitalista que foi no perpassar das décadas sendo incorporados em vários âmbitos sociais, políticos, culturais, passa a ser absorvido pelos espaços urbanos e rurais causando modificações nas organizações e estruturas existentes. Os espaços a partir da inserção de um modo de produção capitalista sofrem alterações e é no espaço urbano, por concentrar, centralizar indivíduos, mercadorias, serviços, que as consequências de um sistema contraditório, excludente, seletivo, desumano, ganha maior notoriedade, estampando as desigualdades socioespaciais.Como acrescentando Silva (2002, p.28) “no momento atual do capitalismo, quando as fronteiras nacionais são cada vez mais recortadas por limites de atuação de empresas multinacionais, torna-se ponto estratégico de controle territorial ganhando mais importância” o espaço urbano, pois é onde as principais decisões serão tomados. Destarte, a cidade, que vai sendo formada pela “apropriação” diferenciada dos espaços, representaramais que um centro político-administrativo, será o palco onde as relações sociais se “desenrolaram”, sendo estas constituídas por diferentes condições e grupos sociais. Corrêa (1993, p.09/10) é veemente ao concluir o que é espaço urbano Eis o que espaço urbano: fragmentado e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas... O espaço urbano, como se indicou, é constituído por diferentes usos da terra. Cada um deles pode ser visto como uma forma espacial... o movimento da própria sociedade, da estrutura social, demandando funções urbanas que se materializam nas formas espaciais. Destarte, essas maneiras de apropriação do solo urbano, que o “fragmenta e o articula”, constituirá um campo de lutas ou um campo de forças na cidade. Esses espaços serão construídos socialmente e historicamente, sendo resultado de ações produzidas por agentes sociais “concretos, históricos, dotados de interesses, estratégias e práticas espaciais próprias, portadores de contradições e geradores de conflitos entre eles mesmos e com outros segmentos da sociedade” (CORRÊA, 2011, p.43). O autor supracitado elenca cinco principais agentes sociais atuantes no espaço urbano que são: os proprietários do meio de produção, os proprietários fundiários, os promotores imobiliários, o Estado e os grupos sociais excluídos. Norteados por essas disparidades socioeconômicas que irá desembocar em diferenças de classes e consequentemente no lugar que cada um irá ocupar na cidade, essas desigualdades acabam se revelando no potencial de consumo do indivíduo, de sua participação nas decisões de bem comum e na própria apropriação dos espaços (quem são os sujeitos que usufruem dos espaços públicos de lazer? Quando existe apropriação por parte da sociedade marginalizada, como ocorre? Por que ocorre?).Sposito (2011, p.129) enfatiza que as “desigualdades viram diferenças, porque uma parte da sociedade, de fato, no plano econômico, no político e no social, participa precariamente da vida urbana e da sociedade de consumo...”. Em meio a estas gritantes disparidades o espaço urbano vai sendo (re)produzido e as marcas do descaso social vão sendo estampadas, denunciando as condições precárias que (sobre)vivem grande parte da sociedade brasileira. Assim, chama-se o estado a agir dialeticamente, pois, ao garantir, através de políticas públicas, condições mínimas de (re)produção dessa população pauperizada (saúde, educação, segurança), este estará garantindo a continuidade do modo de produção capitalista. Contudo, alguns problemas sociais só vem agravando-se, e, devido ao aparato político-legislativo (conquistado “a-duras-penas”), há maior atuação do estado e “cobrança” pelos órgãos judiciais. Um das complexas problemáticas sociais que acometem as cidades de vários portes e importância econômicas, é a presença constante de crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social nos espaços urbanos. Presenciar essa população infanto-juvenil nas praças, parques, semáforos, feiras centrais, ruas comerciais, desenvolvendo algumas práticas como, malabares, limpadores de para-brisas, mendicância, vendedores de chicletes/balões coloridos/panos de prato/buchas automotivas, tornou-se comum a algumas décadas. A cidade de Campina Grande(população estimada de 405.072 habitantes, IBGE, 2015), localizada entre o litoral e o sertão paraibano, sendo considerada nos dias atuais uma das cidades interioranas mais importante da Região Nordeste (principalmente, por ser considerada um polo tecnológico), teve no seu principal ciclo econômico, o algodão, visibilidade em escala mundial. O “boom” na economia veio atrelado a construção da Estação Great Western (1907), modernizando e acelerando o deslocamento de indivíduos e mercadorias. Contudo, o seu crescimento econômico não coincidiu com o desenvolvimento social, e, por falta de estratégias de controle dos gestores no período a população de Campina Grande mais que triplicou, passando de 33.800 habitantes para 116.200 habitantes no período de 1940 a 1960 e as consequências desse fenômeno foram desastrosas. Diante de tantos progressos econômicos, a população infanto-juvenil de Campina Grande já denunciava essas desigualdades socioeconômicas, uma vez que a sua presença e permanência nos espaços públicos (perambulando por ruas, praças, parques) eram noticiadas. Causando alguns desconfortos aos comerciantes de algodão, pois, estes começam a praticar alguns atos infracionais, ficando conhecidos como os “roubadores de algodão”, agindo sempre em grupos. Cabral Filho (2010, p.07) destaca este fato que acabou sendo noticiado no período: “daí o recrutamento de crianças miseráveis para tal serviço, fato que alarmou o bacharel Hortênsio Ribeiro, que lamentou e destacou-o como tragédia: uma nova modalidade de crime sendo praticada pela infância abandonada”. Este fato que no período já se destacava, foi no transcurso da história se tornando mais visível e crescente, contudo, com as conquistas sociais, dos direitos humanos, resvalando na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990), houvealgumas significativas mudanças na percepção desta problemática, no qual a assistência social passa a ser direito e não favor do estado, cabendo a este desenvolver e implementar políticas públicas que garantam a proteção integral das crianças e adolescentes, pois, estas passam a ser consideradas prioridade absoluta do estado. Mediante algumas conquistas no aparato político-legislativo, e, devido à crescente presença de crianças e adolescentes nos espaços públicos, o atual Senadorda Paraíba Cássio Cunha Lima, que no período encontrava-se na gestão do município, implementou o Programa Ruanda, no ano de 2001. Este programa que ainda encontra-se na ativa, desenvolve um serviço de abordagem, ou seja, trabalha na identificação e encaminhamento a outros programas sociais, de crianças e adolescentes que se encontram em situação de risco, nos espaço públicos de Campina Grande. O Programa Ruanda trabalha na abordagem direta dessa população infanto-juvenil nos espaços públicos, encaminhando-os a outros serviços, realizando também visita domiciliares as famílias e produzindo relatórios diários no qual menciona a situação encontrada. Apesar dos problemas estruturais e da dificuldade em trabalhar de forma intersetorial, o programa vem ao longo desses 15 anos desenvolvendo um trabalho significativo de proteção a estes indivíduos, contribuindo de forma efetiva para a proteção integral. Os motivos que são diariamente relatados por essas crianças e adolescentes que os impulsionam a ocupar estes espaços públicos em períodos distintos (muitos passando vários dias sem retornarem as suas moradias, outros passando apenas alguns turnos) são variáveis, contudo, a essência é a mesma, a violação dos direitos no seu âmbito familiar. Essa população infanto-juvenil acaba vislumbrando nesses espaços públicos a possibilidade de (sobre)viverem em meio a todo descaso familiar, do estado, da sociedade. A sociedade, a família e o estado, instituições que deveriam assegurar proteção as crianças e adolescentes falham e as consequências são visualizadas diariamente no espaço urbano campinense. Estes indivíduos pauperizados por serem considerados prioridade absoluta, por encontrar-se em desenvolvimento físico, mental, acabam achando nas calçadas, marquises, quiosques, em espaços perniciosos, condições mínimas de vivência, inserindo-se em grupos para conseguirem enfrentar os desafios/riscos que as ruas oferecem constantemente. CIDADES PARA QUEM? QUAL A PARTE QUE TE CABE? Sendo conduzida por um sistema econômico capitalista e suas ideia neoliberais a sociedade no transcorrer da história foi agrupando indivíduos e os constituindo em classes sociais, no qual fragmentou a sociedade entre os possuidores e os despossuídos, os que podem usufruir dos espaços, mercadorias, serviços, sem restrição, e, os que tem sua mão-de-obra explorada pelo capital, restando-os usufruir dos direitos fundamentais garantidos pelo estado, como, educação, saúde, segurança, dentre outros, serviços esses muitas vezes precarizados pelo próprio sistema. Há uma preocupação maior do estado em garantir as condições para que o capital possa se reproduzir, do que garantir aos indivíduos marginalizados melhores condições de vida, agindo apenas de forma paliativa. Santos (2013, p.105) acrescenta Quanto maior a cidade, mais visíveis se tornam essas mazelas. Mas essas chagas estão em toda parte. Isso era menos verdade na primeira metade deste século XX, mas a urbanização corporativa, isto é, empreendida sob o comando dos interesses das grandes firmas, constitui um receptáculo das consequências de uma expansão capitalista devorante dos recursos públicos, uma vez que estes são orientados para os investimentos econômicos, em detrimento dos gastos sociais. Destarte, a partir das desigualdades socioeconômicas, a cidade vai segregando e excluindo algumas parcelas da sociedade que não conseguem adquirir o status ou condição necessária para manter um padrão de vida que uma minoria possui.Assim, muitas são as crianças e adolescentes que já nascem em condições de vulnerabilidade, conhecendo desde cedo essa sociedade excludente, no qual as oportunidades não são destinadas na mesma proporção entre os indivíduos. Sendo “fruto” dessa sociedade classista, essa população infanto-juvenil visualizara nos espaços públicos, de maior fluxo de indivíduos e automóveis, as possibilidades de conseguirem dinheiro para suas necessidades básicas. Isto posto, os espaços públicos que para alguns sujeitos podem ser utilizados como área de lazer, deslocamento, socialização, dentre outros, é visto por essa população infanto-juvenil como meio de (sobre)vivência. E este fato torna-se mais notório quando alguns programas sociais, como o Ruanda, desenvolve campanhas, conscientizando os indivíduos a não darem “esmolas”. Gerando revolta entre as crianças e adolescentes que territorializam estes espaços, agindo alguns muitas vezes com palavras e atos agressivos. Outro elemento de destaque na análise, em meio a fragmentação do espaço urbano, determinando o “lugar de cada um”, está direcionado aos bairros, lugar de origem desses indivíduos. É sabido que há aglomeração desses indivíduos em situação de vulnerabilidade e este fato se revela nos dados dos principais bairros, do qual essa população infanto-juvenil em situação de risco são oriundas:José Pinheiro, Monte Santo, Nova Brasília, Centenário, Santa Terezinha, Catolé, Pedregal, Monte Castelo, Glória II, Araxá, Santo Antônio (BARBOSA, 2014). São bairros populares da cidade de Campina Grande, com exceção do bairro Catolé (que a poucos anos passou a ser foco do capital imobiliário, valorizando-o), entretanto, o índice de criança e adolescente desse bairro são provenientes de um aglomerado de casa populares, existindo antes dessa especulação imobiliária. Os bairros de onde a maioria dessa população infanto-juvenil é proveniente estão localizados em áreas próximas ao centro da cidade, local de maior fluxo, ou seja, de movimento intenso. Por não necessitarem de transporte para conseguir chegar a estes locais, as crianças e os adolescentes encontram um campo favorável para adentrarem estas áreas quando acharem necessário. Ou seja, há um intenso processo migratório entre estes espaços e suas moradias (para aqueles indivíduos que retornam diariamente para suas residências), facilitado pela localização. É evidente que o processo de urbanização que é conduzido pela classe social de maior poder aquisitivo, se constitui como uma “urbanização anti-cidadã”, por privilegiar uma minoria de indivíduos, indo da construção de vias para evasão maior das mercadorias, ou, para facilitar os deslocamentos em seu automóveis privados, dentre tantas outras ações restritas a atender a demanda dessa parcela mínima da sociedade.Pois, “as chamadas ‘políticas públicas’, são, embora não-exclusivamente, os meios e as formas com que as classes dominantes constituem a própria sociedade” (ALVES, 2003, p.244). Em meio a essas ações, materializadas nas políticas públicas, que são constituídas pelos indivíduos queconcentram a maior parte da renda nacional, que desconhecem muitas vezes as reais necessidades da grande parcela da sociedade, resta-nos indagar: qual parte cabe as esses indivíduos pauperizados? Quais espaços é permitido a estesusufruírem? Será que a estes indivíduos só cabem o direito de usufruir dos espaços de trabalho e comunitário? As áreas de lazer, quais são os sujeitos que irão se apropriar desses espaços? Ter o direito a cidade implica em poder usufruir dos espaços, vivenciá-los, como alerta Lefebvre (2001, p. 118) “o direito à cidade não pode ser concebido como um simples direito de visita ou retorno às cidades tradicionais. Só pode ser formulado como direito à vida urbana, transformada, renovada”. Destarte, questiona-se o fato das crianças e dos adolescentes que (sobre)vivem em situação de risco nos espaços públicos de Campina Grande e passam tão desapercebidos pela sociedade, sendo uma situação “normalizada”, não havendo estranhamento, como se esses espaços públicos fossem realmente o lugar ideal para que estes indivíduos. As praças e parques, espaços públicos direcionados para o lazer, prática de atividades físicas, infanto-juvenil para socialização, outros vai sendo propósitos, como ocupada abrigo, por esta moradia, população ideal para mendicância, lugar para utilizar das substâncias psicoativas, ou, fugir da crueldade social, no qual na parte interna desses espaços estes veem sem ser vistos. Por suas vestimentas que na maioria dos casos, são roupas desgastadas pela ação do tempo ou sujas, devido a longos períodos nas ruas, estas crianças e adolescentes acabam afastando os demais indivíduos da sociedade destas áreas, pois, estes temem a presença desses indivíduos infanto-juvenis. Assim, quando a presença de crianças e/ou adolescentes nesses espaços públicos, os frequentadores habituais, que vão de carro próprio, com suas bicicletas no suporte automotivo, acabam visualizando nestes indivíduos um risco, perigo iminente. Não compreendendo que antes de serem os protagonistas da violência, essa população é violentada em todos os âmbitos, quando os negam educação, saúde, lazer, um ambiente saudável para que este possa se desenvolver plenamente. Quando se destaca a naturalização dessa problemática social, de responsabilidade do estado, da família e da sociedade, é devido ao fato da aceitação da população diante dessas violações de direito. Esses indivíduos infanto-juvenis não deveriam estar nos semáforos limpando para-brisas ou fazendo malabares, não deveriam estar nas praças mendigando ou fazendo uso de substâncias psicoativas, não deveriam estar nas ruas centrais comercializando chicletes ou balões coloridos, não deveriam estar nas feiras sendo exploradas/os sexualmente, e, assistir diariamente no cotidiano campinense essas práticas não deveria ser “normal”. Quando se presencia e incentiva (dando esmolas, comprando os produtos, enfim) essas práticas, compactua-se com esses descasos sociais, e, consequentemente, com a negação dos deus direitos, fundamentais a sua (re)produção social. CONSIDERAÇÕES FINAIS O espaço urbano é constituído como um mosaico de disparidades socioeconômicas, refletindo de um lado, os anseios de uma parcela da sociedade e do outro, as reais necessidades da grande maioria dos indivíduos que não participam ativamente do processo de formação das políticas públicas. As crianças e adolescentes identificados nas mais variadas práticas nos espaços públicos de Campina Grande exemplificam bem as diferenças entre as condições sociais. Destarte e diante de um aparato político-legislativo é notório os avanços em busca das garantias dos direitos fundamentais, contudo, também evidencia-se o distanciamento entre as discussões teóricas e as práticas materializadas nas políticas públicas. Apesar destas contemplarem vários âmbitos, como, saúde, educação, assistências social, por estas apresentarem dificuldades em desenvolver os trabalhos de forma intersetorial, os avanços e resultados dessas ações ainda apresentam-se pouco significativas. Diante disso, vários são os indivíduos que tem suainfância e adolescência, fase essa compreendida como primordial para o desenvolvimento social, físico, mental dos sujeitos, vivenciadas em meio as descaso, injustiça, omissão, dos estados, famílias e da sociedade que vigem não ver esta problemática. Indivíduos que não terão a oportunidade de usufruir do aconchego do lar, de brincadeiras, educação, saúde, de uma boa alimentação. Crianças e adolescentes que são violentadas por uma sociedade que prioriza o ter em relação ao ser, a aparência em relação a essência, e, que depois ainda os responsabilizam por tamanhas injustiças. REFERÊNCIAS ALVES, Wiliam Rosa. 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