1 Francisco Dimitrius Comiotto TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO Comportamento do Consumidor Quanto a Influência no Descarte do Produto Marketing ITAJAÍ (SC) 2009 2 FRANCISCO DIMITRIUS COMIOTTO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR QUANTO À INFLUÊNCIA DO ENVOLVIMENTO NO DESCARTE DO PRODUTO. Trabalho de Conclusão de Estágio desenvolvido para o estágio supervisionado do curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Itajaí. ITAJAÍ- SC, 2009 3 Deus, obrigado pela tua presença, marcando minha vida, guiando meus passos nesta caminhada, através dos teus princípios. Ao Senhor toda a honra e gloria! Neste momento quero lembrar e agradecer a todos os que participaram desta caminhada, colaborando cada qual dentro da sua possibilidade e seus feitos lembrarei levando como exemplo na minha vida! Ao meu Orientador, José Roberto Altoff, por compartilhar seu grande conhecimento, dedicando seu tempo valioso, principalmente agora com a chegada do seu filho Vinícius. Mãe, nunca esquecerei a tua luta para que eu chegasse até aqui, obrigado por ter lutado tanto por nós. Às minhas irmãs Waleska, Nádia e Yuska, pelo exemplo de postura acadêmica. À minha Noiva, por me incentivar a iniciar, e seu companheirismo e compreensão necessários para alcançar o termino dessa jornada. Por fim, a todos os amigos e professores que participaram e colaboraram, caminhando juntos na busca da construção de um conhecimento que desenvolvimento social. possa ser utilizado para o 4 Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou [...] Apóstolo Paulo. 5 EQUIPE TÉCNICA a) Nome do estagiário Francisco Dimitrius Comiotto b) Área de estágio Pesquisa Mercadológica c) Supervisor de campo Jorge Silvino Sauer d) Orientador de estágio Prof. José Roberto Altoff, Msc. e) Responsável pelos Estágios em Administração Prof. Eduardo Krieger da Silva 6 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA a) Razão social Hai Automóveis Ltda. b) Endereço Rodovia Osvaldo Reis, 550, Bairro Fazenda, Itajaí – SC. c) Setor de desenvolvimento do estágio Área de vendas; Veículos Novos d) Duração do Estágio 240H e) Nome e cargo do Supervisor de campo Jorge Silvino Sauer- Gerente Geral f) Carimbo e visto da Empresa 7 AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA ITAJAÍ, 12 DE NOVEMBRO DE 2009. A Empresa Hai Automóveis Ltda, pelo presente instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a publicar, em sua biblioteca, o Trabalho de conclusão de Estágio executado durante o Estágio Supervisionado, pelo acadêmico Francisco Dimitrius Comiotto. ______________________________ Jorge Silvino Sauer 8 RESUMO Na busca por um espaço dentro do mercado competitivo, percebe-se a importância de conhecer o comportamento das pessoas e as influências existentes, ao comprar determinado produto. Buscou-se através desta pesquisa, compreender o comportamento do consumidor, quanto a influência do seu envolvimento e afeto no processo de decisão de compra. Teve como principais objetivos; caracterizar o perfil dos clientes; analisar o grau de envolvimento por automóveis, e afeto pelo veículo de posse; Identificar a intenção de trocar de veículo e os motivos que o impediriam; e por fim identificar as possíveis correlações entre estas variáveis. Para o levantamento dos dados foi utilizado um questionário vinculado no site Google Docs, ao qual foi composto por: um questionário VALS 2, duas tabelas, sendo uma NIP e outra PANAS, e duas perguntas objetivas quanto as intenções de trocar de veículo. Os participantes da amostra foram os clientes da Hai Automóveis Ltda. A pesquisa teve caráter Exploratório, e seus dados após serem tratados estatisticamente, foram correlacionados através do Software SPSS, permitindo uma analise das possíveis relações entre as variáveis. Os resultados obtidos foram satisfatórios. A leitura realizada das correlações entre as variáveis permite perceber a influência dos perfis delimitados pelos valores e estilo de vida, comprovando sua participação na construção do envolvimento e do afeto, as quais influenciam na decisão de trocar de veículo. Concluindo, os resultados apontam para uma nova postura dos vendedores perante o envolvimento e os sentimentos de afeto dos clientes por produtos de alto valor agregado. PALAVRAS- CHAVES: comportamento, envolvimento, marketing 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 01 – Questões da tabela NIP...................................................................... 24 Figura 01 – Sistema de segmentação VALS .......................................................... 43 Figura 02 – Relação entre: Crença, Atitudes, Intenção comportamental e Comportamentos ..................................................................................................... 54 Figura 03 – Modelo do Processo de Tomada de decisão do consumidor............... 61 Figura 04 – Processo de decisão de compra do consumidor.................................. 64 Figura 05 – Leiaute externo..................................................................................... 75 Figura 06 – Leiaute interno: mix dos produtos......................................................... 76 Figura 07 – Organograma da Hai Automóveis Ltda................................................. 77 Figura 08 – Local de entrega................................................................................... 78 Tabela 01 – Idade dos participantes da pesquisa.................................................... 80 Tabela 02 – Sexo..................................................................................................... 80 Gráfico 01– A renda dos Clientes............................................................................ 81 Tabela 03 – Escolaridade........................................................................................ 82 Tabela 04 – Classificação VALS 2........................................................................... 83 Gráfico 02 – Grau de envolvimento em relação a categoria de produto automóvel................................................................................................................. 84 Gráfico 03 – Índice P/N de afeto dos clientes.......................................................... 86 Gráfico 04 – Risco percebido pelo cliente................................................................ 87 Tabela 05 – Intenção dos clientes em trocar de veículo.......................................... 88 Figura 09 – Correlação entre Perfis VALS 2 e Envolvimento.................................. 89 Tabela 06 – Relação entre Perfis VALS 2 e Envolvimento...................................... 90 Figura 10 – Correlação entre perfis VALS 2 e Afeto com o veículo atual................ 90 Tabela 07 – Relação entre perfis VALS 2 e Afeto com o veículo atual.................... 91 Figura 11 – Correlação entre perfis VALS 2 e Risco percebido pelo cliente........... 92 Tabela 08 – Relação entre perfis VALS 2 e Risco percebido pelo cliente............... 92 Figura 12 – Correlação entre perfis VALS 2 e Vontade de trocar de veículo.......... 93 Tabela 09 – Relação entre perfis VALS 2 e Vontade de trocar de veículo.............. 93 Figura 13 – Correlação entre Envolvimento e Afeto com o veículo atual................. 94 10 Tabela 10 – Relação entre Envolvimento e Afeto com o veículo atual.................... 95 Figura 14 – Correlação entre Envolvimento e Risco percebido pelo cliente............ 95 Tabela 11 – Relação entre Envolvimento e Risco percebido pelo cliente............... 96 Figura 15 – Correlação entre Envolvimento e Vontade de trocar de veículo.......... 96 Tabela12 – Relação entre Envolvimento e Vontade de trocar de veículo............... 97 Figura 16 – Correlação entre Afeto e Risco percebido pelo cliente......................... 98 Tabela 13 – Relação entre Afeto e Risco percebido pelo cliente.............................. 98 Figura 17 – Correlação entre Afeto e Intenção de trocar de veículo......................... 99 Tabela 14 – Relação entre Afeto e intenção de trocar de veículo........................... 99 Figura 18 – Correlação entre Risco percebido e Intenção de trocar de veículo......100 Tabela 15 – Relação entre Risco percebido e Intenção de trocar de veículo......... 101 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 13 1.1 Problema da Pesquisa..................................................................................... 15 1.2 Objetivo do Trabalho........................................................................................ 17 1.3 Aspectos metodológicos................................................................................. 18 1.3.1 Caracterização do estudo.............................................................................. 19 1.3.2 Contexto e participantes................................................................................ 20 1.3.3 Instrumento e procedimento de coleta de dados.......................................... 22 1.3.4 Tratamento e análise dos dados................................................................... 26 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................... 29 2.1 Administração.................................................................................................... 29 2.1.1 Teorias da Administração.............................................................................. 30 2.1.2 Áreas da Administração................................................................................. 33 2.2 Marketing........................................................................................................... 34 2.2.1 Composto de Marketing................................................................................. 35 2.2.2 Marca............................................................................................................. 37 2.2.3 Mercado......................................................................................................... 38 2.2.3.1 Segmentação de mercado....................................................................... 39 2.2.3.2 Bases para segmentação......................................................................... 40 2.2.3.3 Abordagem híbrida de segmentação – Values and Lifestyle System...... 41 2.3 Comportamento do consumidor..................................................................... 45 2.3.1 Motivação...................................................................................................... 45 2.3.2 Envolvimento: um conceito para estruturar a análise do comportamento do consumidor.................................................................................................... 47 2.3.3 O grau de envolvimento e a influência na solução de problemas................. 48 2.3.4 Mensuração do envolvimento........................................................................ 50 2.3.5 Atitude............................................................................................................ 52 2.3.6 Dos sentimentos ao afeto na formação das atitudes.................................... 55 2.4 Processo de decisão de compra..................................................................... 58 2.4.1 Variáveis que influenciam o processo de decisão......................................... 67 12 2.4.1.1 Diferenças Individuais.........................................................................,.... 67 2.4.1.2 Influências ambientais.............................................................................. 70 2.4.1.3 Processos psicológicos............................................................................ 71 2.4.2 Descarte......................................................................................................... 72 3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO......................................... 74 3.1 Caracterização da empresa............................................................................. 74 3.2 Resultados da pesquisa.................................................................................. 79 3.2.1 Apresentação e analise dos dados............................................................... 79 3.2.1.1 Caracterização dos respondentes............................................................ 79 3.2.1.2 Análise dos respondentes sob a perspectiva VALS 2............................. 82 3.2.1.3 Análise do grau de envolvimento segundo a tabela NIP......................... 84 3.2.1.4 Análise do afeto dos clientes por seu veículo Toyota segundo a tabela PANAS..................................................................................................... 85 3.2.1.5 Análise do risco percebido que impediriam de trocar o veículo usado Toyota...................................................................................................... 86 3.2.1.6 Análise da intenção de trocar de veículo................................................. 87 3.2.1.7 Análise da correlação entre os dados levantados na pesquisa................ 88 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................101 4.1 Conclusão....................................................................................................... 105 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 107 ANEXOS................................................................................................................ 112 13 1 INTRODUÇÃO A competitividade existente no mercado é decorrente de vários fatores presentes, mais evidentemente no cenário nacional a partir do ano de 2007. As novas tecnologias, o acesso às informações, ao crédito e as exigências cada vez maiores dos clientes que procuram nas marcas e produtos soluções para suas necessidades e desejos. A união dos fatores citados acima, favoráveis ao mercado de automóveis à uma economia estável, impulsionou as indústrias automobilísticas a atingirem seu auge em vendas no ano de 2007, com um total de 1.975.518 veículos emplacados (ANFAVEA, 2008), o que tornou o Brasil um mercado visado por diversas indústrias automobilísticas. O ano de 2008, em compensação, terminou um pouco diferente do seu antecessor, quando uma crise de dimensão internacional de gênese norteamericana gerou, através de seu impacto, incertezas sobre o futuro das indústrias automobilísticas, decretado como primeiro setor industrial atingido. Embora o Brasil, esteja vivenciando este momento de crise, a maioria das indústrias automobilísticas confirmaram seus investimentos projetados a longo prazo. Foram apresentadas diversas medidas, principalmente governamentais em busca de evitar a onda de crise no Brasil, como: redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e IOF (Imposto sobre operações financeiras) e a baixa no spread bancário para pessoas físicas. (FENABRAVE, 2009) Consultores da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores – FENABRAVE - acreditam que neste momento o setor de usados é fundamental para superar a crise, utilizado pelos empresários como um sacrifício, para resguardar o market-share das concessionárias, promovendo as vendas e absorvendo veículos na troca com preços acima do mercado. (FENABRAVE, 2009) De acordo com estes fatos percebe-se um paradoxo entre a necessidade dos concessionários de veículos novos em receber veículos com preços dentro da realidade do mercado e mesmo assim diminuir o estresse do consumidor no momento de avaliar a possibilidade de troca do seu veículo usado. A solução dos problemas organizacionais é elucidada através da administração, que utiliza de conhecimentos acadêmicos e empíricos dos 14 profissionais das diferentes áreas para criar práticas solucionadoras para os problemas, que são, em grande maioria, relacionados com a competitividade das organizações. As organizações encontram na administração as soluções necessárias para se manter nesta disputa por mercados, e no marketing a chave para atingir suas metas. O conceito de marketing consiste em tornar a empresa mais eficaz do que os concorrentes para integrar as atividades de mercado, desta forma, satisfazendo as necessidades e desejos dos mercados alvos (KOTLER, 1998). Através do marketing as organizações passam a conhecer o comportamento do consumidor e os fatores relacionados à sua decisão por determinados produtos, e, assim, a administração de marketing propõe estratégias que promovem o crescimento das vendas, como em situações como estas vivenciadas no Brasil no ano de 2009, data deste trabalho. Inserida no mercado de automóveis, que passa por transformações devido ao momento, encontra-se a empresa na qual foi realizado o presente trabalho: a Hai Automóveis Ltda, sendo ela uma concessionária da marca Toyota para a comercialização de veículos novos, nacionais e importados, para a cidade de Itajaí e região. Entre outros serviços oferecidos pela empresa estão: a assistência técnica autorizada, venda de acessórios, seguros e financiamentos. A empresa tem como enfoque a qualidade, a melhoria contínua dos seus serviços e a manutenção do padrão Toyota de atendimento ao cliente. O Desafio encontrado neste momento é passar por esta crise internacional de gênese norte americana refletida no Brasil, como citado posteriormente, atenuada pela dificuldade dos concessionários de veículos como a Hai Automóveis, em absorver os veículos que os consumidores pretendem entregar na compra por um novo, de forma aceitável aos proprietários e ao mesmo tempo rentável para os concessionários. Buscando mesmo assim aumentar sua participação de mercado, com medidas que certamente já eram necessárias e deverão ser continuamente aplicadas. A empresa tem por parâmetro a Toyota do Brasil que, na última convenção, realizada anualmente, anunciou que reveria seu planejamento para este ano de 2009, devido a sua superação nestes primeiros meses de crise. Para a empresa alcançar os desafios impostos pela Toyota será necessário desenvolver um trabalho de conhecimento do seu cliente alvo, para assim desenvolver ações direcionadas. É evidente que o custo para conquistar novos clientes é maior do que o despendido para manter os clientes que já possuem alguma experiência com a 15 organização. A lealdade do cliente corresponde ao relacionamento com a marca e com o produto através do atendimento das expectativas, inovações e melhoramentos contínuos nos processos e produtos. (AAKER, 2001). Muitas estratégias poderão ser desenvolvidas a partir do conhecimento do comportamento do consumidor; o que influencia sua decisão, seus desejos, e de que forma este indivíduo decide comprar determinados produtos. No momento da inicialização deste trabalho, 1° trimestre de 2009, no qual a FENABRAVE pronuncia-se acreditar que a participação dos veículos usados é fundamental para superar a crise, a Hai Automóveis compartilhando da mesma crença, coloca o foco na dificuldade já percebida pelos consultores, antes mesmo da crise, e somente agravada neste momento, ao constatar que uma relevante quantidade de clientes apresenta certa resistência em trocar seus veículos usados, dificultando ou comprometendo a realização da troca. A facilitação da troca dos veículos usados, através da diminuição do estresse do cliente é de interesse da Hai Automóveis que, ao amenizar o fato, estará caminhando em direção aos seus objetivos de vendas e conseqüentemente aumentando sua participação no mercado. Utilizando ferramentas disponíveis no marketing e nos estudos do comportamento do consumidor, o trabalho desenvolvido objetivou diagnosticar fatores que influenciam no comportamento do consumidor que possivelmente pudessem interferir no seu processo de decisão de compra, considerando-se exclusivamente as situações nas quais estes compradores têm a necessidade de descartar seu produto usado como parte de pagamento do novo bem adquirido. A ciência e a comprovação dos fatores remetem a ações que minimizam o estresse na hora da negociação, e fortalecem a marca, promovendo níveis de esclarecimento a respeito do consumidor, impulsionadores da competitividade objetivada pela organização. 1.1 Problema da Pesquisa Segundo Soriano (2004), propor um problema a partir de uma visão científica significa reduzi-lo a seus aspectos e relações fundamentais para, desta forma, iniciar seu estudo intensivo. Para que seja proposto em termos concretos, 16 deve-se ressaltar os elementos e vínculos da teoria e a prática, importantes para uma aproximação inicial do estudo do fenômeno. Em marketing, o interesse prático inicia-se com alguma indagação sobre algo vivido pela administração de marketing da empresa, sendo necessário encontrar respostas ou orientações para fundamentar a tomada de decisão. (MATTAR, 2005). Através da compreensão do contexto ambiental chega-se a identificação do problema de decisão gerencial, que será transformado em um problema de pesquisa de marketing, e, para este, será proposta uma abordagem apropriada (MALHOTRA, 2006). Através das indagações são originados os fatos-problemas, através dos quais o pesquisador de marketing utiliza para ajudar o tomador de decisão na situação de decisão. Dependendo da definição e formulação do problema, a pesquisa fornecerá informações e sugestões apropriadas para a melhor solução. Utilizando do conceito de Mattar (2005), os fatos - problemas - encontrados são responsáveis pela origem das pesquisas aplicadas de marketing. Um dos fatosproblemas citado por Mattar (2005, p.60) que trata da “queda de vendas/participação de mercado/lucros” pode ser observado na Hai Automóveis. O fato-problema foi identificado nos processos de vendas, nos quais os consumidores apresentam a intenção de trocar o seu veículo. Percebeu-se como interferência no processo da venda um estado de estresse do cliente, no exato momento que está negociando a troca do seu veículo usado por um novo. Gerando muitas vezes inibição ou até mesmo adiando a conclusão da venda do carro novo, realçando a importância da realização desta pesquisa. Soriano (2004) contribui para a proposição do problema destacando que, para sua resolução, é preciso colher dados teóricos e empíricos, devendo estes serem empregados de forma integrada. Diante do exposto, definiu-se o seguinte problema da pesquisa: Quais aspectos comportamentais do proprietário de automóvel pode influenciar em sua intenção de trocar seu carro atual por um novo? Ao analisar alguns aspectos psicológicos do comportamento do consumidor, a pesquisa encontrará ferramentas úteis para facilitar a compreensão dos motivos que influenciariam na sua intenção de trocar um veículo usado por um novo, trazendo à tona possíveis variáveis influenciadoras no processo de decisão de compra. 17 De forma sistêmica, o presente estudo envolve a Hai Automóveis diretamente com os resultados obtidos, uma vez que estes podem influenciar diretamente na sua intenção de incrementar sua participação de mercado. Além disso, o conhecimento do comportamento do seu consumidor poderá resultar em ações agregadoras de valor à marca, promovendo o crescimento substancial da organização em longo prazo. A gerência está envolvida de forma estratégica e a solução do problema cria suportes para as decisões gerenciais a respeito do planejamento de novas ações de varejo. Para os vendedores, as respostas encontradas a respeito do envolvimento do consumidor com o produto, serão traduzidas como técnicas de vendas. Para o avaliador de veículos implicará no entendimento de outras situações envolvidas além do preço pago ao veículo como um objeto de troca. O acadêmico reconhece a importância deste trabalho para sua conclusão no curso de Administração de Empresas, ministrado pela Universidade do Vale do Itajaí. Sua execução irá influenciar no desenvolvimento da sua vida acadêmica, proporcionando continuidade aos estudos em busca da compreensão das ações relativas ao comportamento do consumidor, e a forma pela qual as organizações poderão agir estrategicamente, impulsionando o consumo. Não menos importante será a contribuição ao profissional já existente neste jovem acadêmico colaborando na construção do seu perfil. Através da oportunidade oferecida ao acadêmico em desenvolver trabalhos teóricos/práticos pela Univali, a mesma se beneficia agregando novos estudos ao seu portfólio, que intensamente busca a interação entre o conhecimento acadêmico e as técnicas profissionais. Esta busca promove uma relação sistêmica e produtiva na construção de organizações preparadas para a crescente competitividade do mercado. 1.2 Objetivos do Trabalho O objetivo geral define o propósito do trabalho (ROESCH, 2007). A sua definição deve estar amarrado e restrito a solução do problema da pesquisa (MATTAR, 2005). Utilizando deste conceito fica definido que o objetivo geral deste trabalho é: analisar de que forma o grau de envolvimento do consumidor com a 18 categoria de produtos “automóvel” pode alterar a sua intenção de troca, identificando nos fatores comportamentais, os motivos. O objetivo geral não é suficiente para determinar como o trabalho será desenvolvido, uma vez que este é formulado de uma forma genérica para abranger vários objetivos específicos. (ROESCH, 2007). Considerando o objetivo geral apresentado acima, definem-se os seguintes objetivos específicos: a) Caracterizar o perfil dos clientes da empresa adotada como foco deste estudo através do modelo Vals-2; b) Analisar o grau de envolvimento do proprietário de um veículo Toyota com a categoria de produtos “automóvel”; c) Analisar o grau de afeto apresentado pelo proprietário do veículo Toyota com seu carro; d) Identificar a intenção que os clientes da Hai Toyota apresentam em trocar seu veículo atual por um novo; e) Identificar possíveis relações entre as características dos clientes e as variáveis comportamentais pesquisadas; f) Avaliar alguns dos possíveis motivos que impediriam os clientes da Hai Toyota trocar seu veículo atual. 1.3 Aspectos Metodológicos A pesquisa, segundo Demo (2003, p.16), “[...] não é ato isolado, intermitente, e especial, mas atitude processual de investigação diante do desconhecido e dos limites desconhecidos que a natureza e a sociedade nos impõem.” Contribuindo ao entendimento do processo de pesquisa científica, Soriano (2004) percorre a origem do conceito diferenciando a pesquisa científica da que é realizada pelo homem comum. A pesquisa científica emprega métodos e técnicas sustentadas por teorias, permitindo formular explicações, fazendo previsões mais precisas e utilizáveis na atividade humana. Já nas pesquisas feitas pelo homem comum, os fenômenos e as impressões ou as experiências são tomadas como teorias, explicando e prevendo, com alto grau de subjetividade e imprecisão, certos aspectos do comportamento, da natureza e da sociedade. 19 Entretanto, o conhecimento oriundo da academia é diferente do conhecimento comum, sendo uma soberba não conhecer neste, também, o “saber” (DEMO, 2003). 1.3.1 Caracterização do estudo A pesquisa realizada caracterizou-se por ser do tipo Pesquisa-Diagnóstico, que tem como característica levantar um problema, explorando o ambiente - neste caso, o mercado consumidor. Este tipo de pesquisa tem como objetivo apresentar soluções para que seja resolvido o problema definido. (ROESCH, 2007). Para Roesch (2007), as oportunidades ou problemas podem ser explorados e analisados mais completamente com métodos e técnicas. A natureza deste trabalho é predominantemente quantitativa. A pesquisa quantitativa tem a intenção de identificar a presença ou ausência de algo (MATTAR, 2005). As pesquisas quantitativas podem, ainda, delimitar um problema, realizar observações e interpretá-las com base nas relações encontradas, fundamentando-se nas teorias existentes. O método de pesquisa adotado foi o levantamento, que, segundo Malhotra (2006), refere-se à aplicação de um questionário estruturado aos componentes de uma amostra extraída da população definida, tendo por fim coletar informações que auxiliem para atingir os objetivos previamente definidos. Aos indivíduos pesquisados foram disponibilizadas várias perguntas sobre o seu comportamento, intenções, atitudes, percepções, motivações, características demográficas e de estilo de vida. Ao delimitar o nível da pesquisa encontrou-se uma limitação de conceitos, pois, embora este trabalho tenha na coleta de dados uma forma estruturada e claramente definida, o desenvolvimento do problema da pesquisa e seu objetivo foram desenvolvidos de forma exploratória, que vem de acordo com Mattar (2005) ao dizer que toda pesquisa tem uma parte inicial exploratória que ajudará no delineamento da parte conclusiva. Outro ponto observado é que ao conduzir a pesquisa não havia conhecimento suficiente para formular hipóteses específicas (uma hipótese é uma afirmação que especifica a forma como duas variáveis devem estar relacionadas), o que implica Mattar (2005) ao dizer que um fato em marketing poderá haver inúmeras explicações alternativas, comprovando a necessidade da 20 utilização da pesquisa exploratória, que permitirá tomar conhecimento, senão de todas, a da maioria delas, determinando as variáveis relevantes para o objetivo pretendido, alem de: clarificar o conceito; ajudar no delineamento do projeto final da pesquisa e estabelecer prioridades para futuras pesquisas. 1.3.1 Contexto e participantes A delimitação dos participantes da pesquisa ocorre primeiramente através da observação da população, para a qual se utilizará o conceito de Barbetta (2001, p. 41), que define população como: “[...] um conjunto de elementos passíveis de serem mensurados, com respeito às variáveis que se pretende levantar.” A população demarcada para esta pesquisa, foi formada pelos clientes da Hai Automóveis, caracterizados como pessoas físicas, residentes fixos ou sazonais na região do vale do Itajaí, que tenham efetuado compras na empresa no período compreendido entre os dias 1 de abril de 2008 e o dia 1 de abril de 2009. A dificuldade de acesso aos clientes, por participarem de uma categoria muito exigente e diferenciada, fez com que fosse necessário contar com o auxilio dos vendedores para selecionar dentro deste período quais seriam colaboradores, delimitando assim a população em 133 clientes. A coleta dos dados, entretanto, ocorreu através de uma amostra extraída da população apresentada. Malhotra (2006, p. 320) define uma amostra como sendo: “um subgrupo dos elementos da população selecionados para participação no estudo.” O tipo de amostragem utilizado foi a amostragem não probabilística, pois os elementos da população na tiveram a mesma chance de serem selecionados para participar da amostra. Dentro das técnicas disponíveis dentro da amostragem não probabilísticas foi utilizada a amostragem por conveniência, cabível segundo Malhotra (2006) para pesquisas de caráter Exploratório, deliberando a entrevistador a seleção amostral. Para este tipo de amostragem os elementos da amostra foram selecionados deliberadamente (MALHOTRA, 2006). com base no julgamento do pesquisador A amostragem desta pesquisa utilizou a conveniência considerando a afinidade, através do relacionamento do cliente com o vendedor. 21 Foram identificados, através dos vendedores, os clientes que possibilitariam a coleta dos dados necessários. Para determinar o tamanho da amostra realizada, utilizou-se as equações propostas por Barbetta (2001) para a determinação do tamanho mínimo da amostra. Para estas equações, utilizam-se as seguintes variáveis: N - tamanho (número de elementos) da população; n - tamanho (número de elementos) da amostra; no - uma primeira aproximação para o tamanho da amostra e E 0 - erro amostral tolerável. O cálculo apresentado logo abaixo determina o tamanho da primeira aproximação das dimensões da amostra. Considerando-se um erro amostral aceitável de 7% (RICHARDSON, 1999), conclui-se que a determinação do corpo amostral, sem se considerar as dimensões da população, deveria abarcar um grupo formado por 204 indivíduos. ݊ = 1 1 1 = = = 204 ଶ ଶ ܧ 0,07 0,0049 Este estudo, entretanto, conseguiu determinar através das características desejadas, as dimensões precisas da população participante da pesquisa, representada por um grupo de 133 indivíduos. Diante deste universo, e tendo-se por apoio a equação responsável por determinar o tamanho da amostra quando se é considerada uma população conhecida, identificou-se que o tamanho mínino aceitável da amostra seria igual a 80 indivíduos. ݊= ܰ × ݊ 133ݔ204 = = 80 ܰ + ݊ 133 + 204 Devido a dificuldade, já esperada, de acesso a população, foi obtido através da coleta de dados o resultado de 54 respondentes. O que ocasionou a necessidade de recalcular o erro amostral, para qual, foi utilizada novamente a fórmula de Barbetta (2001), só que neste momento no seu sentindo inverso. O resultado do 22 calculo é o erro amostral para uma população composta por 133 clientes, dos quais 54 responderam ao instrumento de coleta de dados, para qual foi identificado um erro amostra de 10,5%. Por ser uma pesquisa Exploratória, torna-se possível a continuidade do trabalho, e fica desta forma delimitada a amostra capaz de alcançar os objetivos desta pesquisa assegurando a confiabilidade do trabalho desenvolvido. 1.3.2 Instrumento e procedimento de coleta de dados Referente ao instrumento de coleta, utilizando-se o conceito de Malhotra (2006) a respeito da pesquisa quantitativa, fixa-se o objetivo principal de se obter a melhor visão e compreensão do contexto em que os componentes da amostra estão envolvidos. A partir deste princípio a coleta de dados ocorreu através de um instrumento estruturado, elaborando-se um questionário formal no qual as perguntas foram feitas em ordem pré-determinada. Para se obter os dados necessários, optouse por uma abordagem direta com os componentes da amostra para que, assim, estes indivíduos tivessem ciência dos objetivos da pesquisa, podendo contribuir mais prontamente para o alcance das metas determinadas. Desta forma foram desenvolvidas duas estratégias para realização da coleta dos dados. Na primeira, os indivíduos que compuseram a amostra por conveniência foram contatados por meio telefônico, com intuito de obter sua pré-disposição de participar da pesquisa. O objetivo deste primeiro contato foi o esclarecimento do propósito do estudo, políticas de preservação da privacidade e comunicar que receberiam um e-mail oficial da Hai Automóveis, possibilitando o acesso à pesquisa através de um link, uma vez que a pesquisa ocorreu através de meios eletrônicos. E a segunda foi a abordagem direta dos indivíduos com os quais os vendedores da loja possuíam alguma afinidade: esta abordagem ocorreu dentro da própria loja Hai Automóveis. Esta estratégia consistia na explicação dos objetivos da pesquisa e a orientação e coleta dos dados utilizando um computador disponível com acesso a internet. Para realização da coleta foi utilizado o Google Docs, um sistema que possibilita a vinculação do questionário a uma página na internet. Clicando no link anexado ao e-mail enviado aos clientes, abre-se uma página na internet de forma 23 direta com o questionário, pronto para ser respondido, e que pode ser ao final enviado ao clicar em “ENVIAR”. A formulação do questionário foi de modo a atender aos objetivos específicos da pesquisa, sendo dividido nas seguintes partes: A primeira parte teve como objetivo caracterizar o perfil dos clientes da empresa através dos dados demográficos relacionados ao estilo de vida, para desta forma segmentar e retratar os consumidores no processo de compra elucidando quais influências interferiu no mesmo. O modelo utilizado foi o Values and Lifestyle System- VALS 2 desenvolvido pela empresa Norte Americana SRI Consulting Business, sua dimensão retrata a utilização dos recursos físicos, psicológicos, materiais e demográficos dispostos aos consumidores para seguir suas autoorientações, utilizando de 35 perguntas atitudinais e 4 perguntas demográficas. O instrumento de mensuração de classificação da VALS 2, traduzido, foi retirado da dissertação de Mestrado do Piloto (2008). A segunda parte teve o objetivo de analisar o grau de envolvimento do proprietário de um veículo Toyota com a categoria de produtos “automóvel”, identificando o envolvimento nos interesses e valores inerentes ao indivíduo e os aspectos situacionais temporários, capazes de aumentar ou diminuir a percepção de relevância ou interesse a um objeto. Através da sua realização possibilitou-se relacionar o envolvimento com as outras variáveis identificando sua interferência no processo de decisão de compra dos clientes da Hai Automóveis. Para isso utilizouse o modelo da escala de New Involviment Profile – NIP, criada por Jain & Srinivasan (1990, apud FONSECA, 1990), encontrado na dissertação de mestrado de Fonseca (1990), que converteu o instrumento de coleta, originalmente feito na língua inglesa, para a língua portuguesa através do método de tradução reversa. A escala foi composta por 15 perguntas pautadas na técnica de diferencial semântico, e caracterizou-se por ser uma avaliação multidimensional do envolvimento do consumidor por determinado produto pesquisado. 24 Dimensão do envolvimento Perguntas 1* Relevância 2* 3 4 Prazer 5 6* 7* Valor simbólico 8* 9 10* Importância do risco 11 12 13 Probabilidade do risco 14* 15* Quadro 01- Questões da tabela NIP Fonte: fundamentação teórica A NIP constata o envolvimento utilizando três tipos de fatores: fatores como os interesses e valores inerentes ao indivíduo denominado de fatores pessoal do envolvimento; as características físicas de um produto causadoras de diferenciação e interesse que é o fator físico do envolvimento; e os aspectos situacionais temporários capazes de aumentar ou diminuir a percepção de relevância ou interesse a um objeto que é o fator situacional do envolvimento. Representados nas 5 dimensões do envolvimento segundo Jain & Srinivasan (1990, apud FONSECA, 1990) no quadro 01, e sua fundamentação na mensuração do envolvimento no item 2.3.4 deste trabalho . As perguntas marcadas com asterisco proporcionaram escore inverso, apresentou o extremo tido como negativo no lado oposto dos demais. Utilizado para quebrar possíveis tendências dos respondentes em assinalar um lado da escala. Estes fatores também foram estudados por outros autores como: Laurent e Kapferer (1985. apud. KARSAKLIAN, 2000); Karsaklian (2000); e Engle, Blackwell e Minard (2005) e serão fundamentados posteriormente nesta pesquisa. A terceira parte do questionário objetivou-se em analisar o grau de afeto apresentado pelo proprietário do veículo Toyota com seu carro. A comprovação e mensuração do grau de afeto tornaram capaz relacionar o afeto existente com 25 outras variáveis encontradas, ajudando a identificar sua participação no processo de decisão de compra. A coleta de dados foi realizada através da adaptação da Positive Affect and Negative Affect Schedule - PANAS, constituído por 10 perguntas contendo 2 dimensões do afeto, sendo 5 perguntas correspondente a estados emocionais positivos (perguntas n°;1; 3; 5; 7; e 9) e 5 perguntas correspondente a estados emocionais negativos (perguntas n°; 2; 4; 6; 8; e 10) focado no afeto do cliente pelo seu carro. O modelo do questionário utilizado foi o de Likert, que segundo Aaker, Kumar e Day (2004) este modelo requer que o correspondente demonstre seu grau de concordância ou discordância, no caso desta pesquisa o afeto pelo seu veículo. A avaliação do respondente tem como consideração para cada uma das perguntas respostas de 1 à 5 ( muito pouco ou nada, um pouco, moderadamente, bastante e extremamente). O material referencial foi o trabalho de conclusão de mestrado de Oliveira (2008) em gestão do conhecimento e tecnologia da informação. A quarta parte da pesquisa foi a análise das intenções dos clientes perante o seu carro usado, foi constituída pelos seguintes objetivos específicos a seguir: Objetivo de avaliar alguns dos possíveis motivos que impediriam os clientes da Hai Toyota trocar seu veículo atual, buscou-se levantar o risco considerado inaceitável pelo cliente impossibilitando de trocar seu veículo usado. Estes dados ao serem relacionados com os objetivos desta pesquisa reforçaram o entendimento do grau das influências comportamentais dos clientes no processo de compra de um veículo novo. O desenvolvimento ocorreu de forma aberta explorando através da liberdade a resposta. O pesquisador classificará as respostas para, após, serem tabuladas e analisadas através da utilização das categorias de riscos: • Risco físico: risco de dano material • Risco psicológico: especialmente um risco negativo para o auto-conceito. • Risco de performance: de que o produto não apresente a performance esperada. • Risco financeiro: de que os resultados levaram a perdas financeiras. As categorias de risco são levadas em consideração quanto ao envolvimento como influência na solução de problemas, apresentadas por Blackwell, Miniard e Engel (2005). O objetivo que buscou Identificar a intenção que os clientes da Hai Toyota apresentam em trocar seu veículo atual por um novo teve importância para constatar 26 a relação entre as variáveis do envolvimento e do afeto com as intenções dos clientes em trocar o seu veículo usado por um novo. Para o levantamento destes dados foi realizada uma pergunta fechada, correspondendo a uma escala de 5 pontos (não tenho nenhuma intenção, tenho uma pequena intenção, tenho uma intenção mediana, tenho bastante intenção, tenho muita intenção). 1.3.3 Tratamento e análise de dados A análise de dados consiste em um conjunto de técnicas e métodos empregados para obter informações e descobertas dos dados levantados. Tem como características: a) conduzir o pesquisador às informações descobertas que de outra forma não estariam disponíveis; b) ajudar a evitar conclusões e julgamentos errôneos; c) proporcionar condições para auxiliar na interpretação e entendimento das análises realizadas por outras pessoas; d) e o mais importante, influenciar construtivamente nos objetivos e modelo da pesquisa (AAKER; KUMAR; DAY, 2004). Os dados obtidos por meio de questionários passaram por uma avaliação antes da análise por meios de técnicas estatísticas. Segundo Aaker, Kumar e Day (2004), a qualidade dos resultados obtidos com a aplicação estatística e sua interpretação dependem da quão adequadamente foram preparados e transformados para análise, desta forma foram utilizadas as técnicas de a) edição; b) codificação e; c) análise estatística dos dados, quando necessário. Foi relatado através do tratamento dos dados o perfil do cliente da Hai Automóveis, identificando de que forma o envolvimento com a categoria de produtos automóveis e o afeto ao seu veículo usado, altera seu comportamento influenciando no processo de compra. Os dados coletados através da utilização do Google Docs, hospedados na Internet foram baixados para o computador seguindo a configuração do Microsoft Excel. Possibilitando o tratamento como descrito a seguir. O tratamento da primeira parte do questionário, ao que se refere ao VALS 2 foi realizado utilizando-se do próprio site da SRI Consulting Business Intelligence. O pesquisador digitou os dados de cada cliente no site da SRI, e obteve o diagnóstico 27 respectivo de classificação de cada um dos participantes. Após, os dados foram tabulados para tratamento estatístico, objetivando a analise de média e moda. A segunda parte que abordava o grau de envolvimento do cliente pela categoria automóveis, foi mensurada pelo modelo NIP que trata-se de uma escala pautada na técnica de diferencial semântico. Seus dados foram transcritos para valores entre 1 à 7 obedecendo a variação da escala. Os dados referentes às perguntas: 1; 2; 6; 7; 8; 10; 14; e 15, tiveram seus valores invertidos, o que representava 1 passou a ser 7; 2 passou a ser 6; 3 passou a ser 5; 4 continuou o mesmo valor; 5 passou a ser 3; 6 passou a ser 2 e 7 passou a ser 1. Após a inversão foram calculadas as médias referente a cada respondente, para depois serem tabuladas. Para sua análise foram utilizadas técnicas estatísticas, através da média e moda. A terceira parte trata-se de uma adaptação da escala PANAS, a qual analisou o grau de afeto apresentado pelo proprietário do veículo Toyota com seu carro. Para seu tratamento foram tabuladas as respostas de 1 à 5, sendo que para cada respondente foi realizado o somatório das perguntas correspondente ao estado emocional positivo (perguntas n°;1; 3; 5; 7; e 9) denominado de: P, e o somatório do estado emocional negativo (perguntas n°; 2; 4; 6; 8; e 10) denominado de: N. Para mensurar o afeto foi necessário calcular o índice P/N, pela seguinte equação: Ρ/ܰ = ܲ × 1,2 ܰ O resultado do cálculo mesmo que seja calculando os extremos entre os estados emocionais positivos e negativos, apresentará um índice entre 0,24 e 6, devido a multiplicação por 1,2 do estados emocionais positivos. O modelo possibilitou para realizar a analise dos dados levantados o uso da estatística, baseado na média e moda. Encontram-se dentro da quarta parte do questionário dois objetivos específicos, aos quais os dados foram tratados e analisados. O primeiro objetivo abordado foi o de avaliar alguns dos possíveis motivos que impediriam os clientes da Hai Toyota trocar seu veículo atual. Por ser constituído por uma pergunta aberta, teve seus dados analisados e classificados pelo pesquisador nas categorias descritas na coleta e citado na fundamentação. As 28 respostas decodificadas a critério do pesquisador ao qual classificou através da fundamentação o risco entre: risco material; risco físico; risco psicológico; risco performance; risco financeiro. Desta forma os dados foram admissíveis de tabulação possibilitando-se utilizar de tratamento estatístico, analisando a freqüência. O segundo objetivo abordado foi o de identificar a intenção dos clientes da Hai Toyota apresentam em trocar seu veículo atual por um novo. Esta questão de múltiplas escolhas teve os seus dados tabulados, respeitando a ordem da escala de 1 à 5, possibilitou o tratamento estatístico, analisando média e desvio padrão. Buscou-se nesta pesquisa o entendimento pelo qual as variáveis estão operando, através do método de correlação, especificando o grau pelo quais diferentes variáveis estão relacionadas. A correlação não-métrica possibilita o calculo de correlação entre variáveis que não dispõem de propriedades de escalonamento intervalar ou de razão, e não apresentam uma distribuição normal, por assim consideradas não-métricas. No caso desta pesquisa, em função das variáveis adotadas no instrumento de coleta, utilizou-se para calcular a correlação entre as variáveis o rho de Spearman, considerando classificações e não somente valores absolutos. A grandeza estatística obtida por este modelo pode variar entre 1,0 e +1,0, sendo estes representados pelas correlações extremas entre as variáveis testadas, podendo ser proporcionais, em caso de resultados positivos, ou inversamente proporcionais, em caso de resultados negativos. (MALHOTRA 2006) Adotou-se como suporte para o tratamento e a análise dos dados obtidos na pesquisa a aplicação e o uso da informática, mas especificamente na figura das planilhas de cálculo disponíveis no software Microsoft Excel, para as análises descritivas dos dados, e o software SPSS 14.0 para as análises de correlação entre as variáveis. (RICHARDSON, 1999). 29 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Administração São denominados de organização os grupos de pessoas que trabalham juntas, de modo estruturado e organizado, buscando atingir determinados objetivos, com ou sem fins lucrativos. Para atingir seus objetivos utilizam recursos (humanos, financeiros, materiais e de informação) que necessitam serem administrados. A administração permeia a busca da eficiência e da eficácia dos processos em função dos objetivos determinados, caracterizando-se como um conjunto de atividades, que dentro as quais estão: planejamento e tomada de decisão, organização, liderança e controle. (GRIFFIN, 2007) A administração pode ser definida como arte, pois, para administrar, aplicam-se habilidades diversas, e para proporcionar o desenvolvimento é necessário o treinamento educativo das habilidades utilizadas pelo administrador que passará realizar com desenvoltura as atividades nas organizações. (ANDRADE; AMBONI, 2007). Segundo Daft (2005) são necessárias as seguintes habilidades na formação de um administrador: a) conceitual: habilidade de ver a organização como um todo e o relacionamento entre as partes; b) humana: habilidade de trabalhar com outras pessoas e eficazmente dentro de um grupo; c) técnica: é o entendimento e a proficiência no desempenho das tarefas específicas. Segundo Maximiano (2000), as habilidades podem ser adquiridas ou aprimoradas por meio de estudo ou experiência. Porém, para Andrade e Amboni (2007), o aprendizado não deve limitar-se às diferentes áreas estratégicas da administração: é importante a capacidade e habilidade de fazer arte para traduzir o conhecimento em ações práticas que proporcionem resultados significativos para as organizações. Nas soluções dos problemas administrativos utilizam-se abordagens racionais, lógicas, objetivas e sistemáticas, através de modelos quantitativos e técnicas de decisão para chegar às decisões corretas. (GRIFFIN, 2007). Conseqüentemente é possível conceituar administração como ciência, e para isso utilizou-se o conceito de Andrade e Amboni (2007) a seguir: 30 A administração é uma ciência pois lida com fenômenos complexos, sobre quais o administrador tem pouco conhecimento. Por ser uma ciência inexata, o administrador toma decisões com base em informações incontroláveis, devido aos limites cognitivos de racionalidade e por serem os negócios altamente mutáveis e circunstanciais. (ANDRADE; AMBONI, 2007, p.7,). Na administração é existente a condição lógica da ciência contendo termos de procedimentos e operações intelectuais que: a) possibilitam a observação racional e controlada dos fatos; b) permitem a interação e explicação adequada dos fenômenos; c) contribuem para a verificação dos fenômenos positivados pela experimentação ou pela re-observação e; d) fundamentam os princípios da generalização ou o estabelecimento dos princípios e das leis. (ANDRADE; AMBONI, 2007). 2.1.1 Teorias da Administração A Revolução Industrial, que teve seu início no século XVII, criou condições para o estudo da administração através da consolidação do capitalismo e o processo de modernização das sociedades ocidentais, desenvolvendo o campo para o pensamento administrativo. (SODRAL; PECI, 2007). Da necessidade de explicar, resolver os problemas concretos e prover a base para planejar, surge as teorias da administração, que podem ser representadas por um conjunto de princípios e prescrições na busca de facilitar a realização dos objetivos das organizações. As teorias refletem as relações econômicas, financeiras e sociais de uma época, sendo que cada teoria faz sua leitura respectiva a respeito de um aspecto específico da administração. As teorias que surgem a partir da Revolução Industrial são: a) a Teoria Clássica; b) a Abordagem Humana e Comportamental, e; c) a Abordagem Sistêmica e Contingencial. 31 A Teoria Clássica tem sua origem junto à da administração, durante a Revolução Industrial. Neste momento as fábricas começaram a transformar diversos conceitos em práticas, sendo uma delas a divisão de trabalho. Seus percussores foram Frederick Taylor, com a Administração Científica, Henry Ford, com a Linha de Montagem, Henry Fayol, com o Processo de Administração, e Max Weber, com a teoria da Burocracia. (MAXMIANO, 2000). Taylor, com a Administração Científica, visava à utilização de métodos científicos. Desenvolveu métodos e procedimentos diversificados, sendo uma das suas principais contribuições o trabalho e estudo dos tempos e movimentos. (ANDRADE; AMBONI, 2007). Neste período Ford modificou a forma de produzir, que era anteriormente dominada pelos métodos artesanais, para a linha de montagem, possibilitando a produção em massa e utilizando a divisão do trabalho e a fabricação de peças e componentes padronizados e intercambiais. (MAXIMIANO, 2000). Fayol contribuiu com a administração devido aos seus trabalhos pioneiros em anatomias e fisiologias das organizações: essa corrente foi chamada de Teoria Clássica. Dividiu-se em seis funções empresariais que são: a) operação técnica; b) operação comercial; c) operação financeira; d) operação de segurança; e) operação de contabilidade; f) operação administrativa. Para Fayol, a função do administrador estaria mais voltada a planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar as atividades empresariais. (ANDRADE; AMBONI, 2007). Weber, por sua vez, apoiou-se nos inúmeros aspectos sociológicos para desenvolver seus estudos em administração. Publicou teorias as quais denominou de tipo ideal de Burocracia, tentando descrever o alicerce formal que as organizações reais se assentam, focado no processo de autoridade-obediência ou processo de dominação. (MAXIMIANO, 2000). A abordagem Humana e Comportamental iniciou com a publicação do livro o Comportamento Administrativo, de Hebert A. Simon. Com foco nas pessoas, a abordagem comportamental busca a integração dos objetivos das pessoas com os organizacionais, quais as melhores formas de motivá-las, administrar e liderar, considerando que são as pessoas que constituem as empresas. (LACOMBE; HEILBORN, 2003) “Quando se consideram as pessoas como pessoas, e como prioritário no processo administrativo, o que se está fazendo é adotar o enfoque comportamental. 32 O sistema técnico passa a ser conseqüência do sistema comportamental.” (MAXIMIANO, 2000, p. 65.). Afirma-se, com isto, que no enfoque comportamental as pessoas não são peças integrantes, mais sim parte importante do processo de administrar organizações. A Escola das Relações Humanas teve como alicerce a experiência de Hawthorne, realizada entre 1927 e 1932, por Geroge Elton Mayo, e seus colaboradores na fábrica da Western Electric Company, objetivando o experimento relacionado com a luminosidade do ambiente de trabalho com a eficiência dos operários medida pela produção. Tal estudo comprovou que o nível da produção é determinado pela integração social. (ANBRADE; AMBONI, 2007). Seus principais colaboradores foram Abraham Maslow e Frederick Herzberg, Douglas Mcgregor e Rensis Likert e Herbert A. Simon. Seus objetivos é o estudo da motivação. A abordagem sistêmica foi impulsionada pela teoria dos sistemas do biólogo Ludwig von Bertalanffy na década de 1930, quando alguns conceitos da biologia são aplicados nas diversas áreas do conhecimento como física, química e nas organizações sociais adaptando as características de cada área. (LACOMBE; HEILBORN, 2003). Para Andrade e Amboni (2007, p. 172): Os sistemas não podem ser plenamente compreendidos apenas pelas analises separada e exclusiva de uma das partes. Ela se baseia na compreensão da dependência recíproca de todas as disciplinas e das necessidades de sua interação. “A abordagem sistêmica vê a organização como um todo integrado, constituída por partes que interagem entre si e inserida num ambiente com o qual interage permanentemente.” (LACOMBE; HEILBORN. p.42, 2003) A Abordagem Contingencial, por sua vez, ampara-se na Teoria da Contingência, e tem como objetivo compreender como a organização se relaciona com o ambiente, mostrando a existência de uma relação funcional entre as condições de ambiente e as técnicas administrativas apropriadas, visando o alcance dos objetivos da organização. (ANDRADE; AMBONI, 2007) Dentro deste conceito diferenciaram-se as organizações em mecanicistas e organicistas. As mecanicistas são estáveis e a procura do mercado tem variações apenas insignificantes e previsíveis. As organizações organicistas valorizam a 33 agilidade e a flexibilidade, facilitam a interação entre o público externo e interno. (ANDRADE; AMBONI, 2007) 2.1.2 Áreas da Administração Os objetivos organizacionais estratégicos são realizados por meios de planos administrativos ou funcionais, definindo ações específicas nas diferentes áreas funcionais da empresa: a) marketing; b) desenvolvimento de produtos, também chamado de produção (CORRÊA; CORRÊA, 2007); c) finanças; d) recursos humanos. Segundo Maximiano (2000), o planejamento nas áreas funcionais define as linhas de ação, colocando em prática os objetivos estratégicos da organização. As áreas mais importantes são: a) Produção: através da sua administração orientada dos processos, é responsável pela produção de bens ou serviços, tendo a pretensão de atender as necessidades e/ou desejos de qualidade do mercado consumidor. Uma das ocupações desta área é o gerenciamento estratégico de recursos escassos; humanos; tecnológicos; informações entre outros, objetivando a eficiência no uso dos recursos. A gestão estratégica de produção por uma visão complexa é dividida em: a) administração estratégica das operações; b) gestão de produtos e processos; c) projeto e gestão de instalações; d) planejamento e controle da rede de operações; e) gestão da confiabilidade de processos (CORRÊA; CORRÊA, 2007). b) Finanças: Define-se finanças como a arte e a ciência de administrar fundos, dividida em duas grandes áreas: serviços financeiros e administração financeira. “Serviços financeiros é a área das Finanças voltada a concepção e a prestação de assessoria tanto quanto a entrega de produtos financeiros a indivíduos, empresas e governo.”(GITMAN, 1997.p. 4) A administração financeira corresponde às ações relativas à análise e ao planejamento financeiro, às decisões de investimentos e às decisões de financiamentos, visando cumprir os objetivos traçados pelos proprietários da empresa e seus acionistas. Esta área interage com os diversos setores da 34 organização, utilizando de conhecimentos relacionados com a contabilidade e a economia (GITMAN, 1997). c) Recursos humanos: a administração de recursos humanos, dentro de uma organização, é considerada como uma série de decisões integradas formadoras das relações de trabalho. Desta forma, sua qualidade influencia diretamente na organização quanto à sua capacidade de atingir seus objetivos. São responsabilidades do administrador de Recursos Humanos a função de staffing, desenvolvimento dos funcionários, recompensa e relações trabalhistas (MILKOVICH; BOUDREAU, 2000). 2.2 Marketing O Marketing pode ser definido por diversas perspectivas, e uma delas é através da sua função social, que permite entendê-lo como: “um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros.” (KOTLER; KELLER, 2006. p. 4). É evidente que os conceitos apresentados por diversos autores fundamentam-se na seguinte definição de marketing da American Marketing Association: “[...] o marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação, e a entrega de valor para clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado.” (KOTLER; KELLER.p.4. 2006). Desenvolvendo o conceito de marketing anteriormente apresentado da American Marketing Association, porém abordando a perspectiva dos objetivos da empresa, Palmer (2006), pontua o conceito focando no processo de oferta e troca estabelecido com os clientes ao utilizar a definição do Charterded Institute of Marketing, através da qual o marketing passa a ser visto como o processo que identifica, antecipa e atende de modo eficiente e rentável, as exigências do cliente No conceito anterior fica evidente a preocupação de buscar a rentabilidade de forma eficiente nas exigências do cliente. Porém, cabe ainda delimitar um conceito de marketing alinhado ao objetivo deste trabalho, o qual pôde ser identificado em Kotler e Armstrong (2007), os quais caracterizam o marketing pela 35 ação de administrar relacionamentos lucrativos com o cliente. Como fim, pode-se dizer que o marketing almeja como objetivo: atrair novos clientes, prometendo-lhes valor superior, e manter e cultivar os clientes atuais, proporcionando satisfação. Para alcançar tais objetivos à administração de marketing se constitui nas organizações através de um processo de planejamento que envolve análises, planejamento, implementação e controle, na concepção de preço, promoção e distribuição de idéias, bens, serviços para criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais. (KOTLER, 1998). 2.2.1 Composto de Marketing Há muitas maneiras possíveis para satisfazer as necessidades dos consumidores-alvos. Com tantas variáveis possíveis, a maneira de organizar e simplificar a seleção de composto de marketing é reduzindo todas as variáveis para quatro unidades mais básicas, formadoras do conceito do composto de marketing: produto, preço, praça e promoção. (MACCARTHY; PERREAULT, 1997) A forma de se utilizar o mix de marketing pode ser contemplada no conceito de Kotler e Armstrong (p. 42. 2007), de forma simples e abrangente, ao definir o mix de marketing como sendo “[...] o conjunto de ferramentas de marketing, táticas e controláveis, que a empresa combina para produzir a resposta que deseja no mercado-alvo”. O gestor de marketing pode ser visto, desta forma, como alguém que mistura um conjunto de ingredientes para obter o resultado desejado. (PALMER, 2006). Os componentes do mix de marketing podem ser entendidos, mais especificamente, por: a) Produto: configurado na forma de idéias, bens ou serviços. Destina-se a atender as PERREAULT, necessidades 1997). Pode do ser mercado-alvo. considerado, (MACCARTHY; também, como a combinação de dois ou mais elementos (idéias, bens ou serviços) na formação de um produto, o qual a empresa oferecerá ao mercado-alvo (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). O produto pode ainda ser definido como os meios pelos quais as organizações satisfazem as necessidades de seus clientes, podendo ser qualquer coisa que possa satisfazer uma 36 necessidade: tangível ou intangível. Os profissionais de marketing podem controlar compostos de produtos que incluem qualidade, estilo, características especiais de designer, embalagem, variedade de tamanhos e opções, garantias, serviços pós-vendas e imagens de marca. (PALMER, 2006) b) Preço: É a quantia de dinheiro paga pelo cliente para obter o produto desejado. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007), sendo a tarefa dos gestores fixá-lo corretamente (MACCARTHY; PERREAULT, 1997). A variável preço é o elemento do composto de marketing mais difícil de ser fixado, sofrendo interação das forças de mercado. Os gestores de marketing definem ainda os preços com base de quanto custa para produzir, quanto à concorrência vem cobrando e quanto os clientes estão dispostos a pagar. (PALMER, 2006). c) Praça: São as atividades da empresa que disponibilizam o produto aos consumidores-alvos (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). As decisões a respeito da praça implicam como a empresa deseja facilitar ao acesso dos consumidores a seus produtos e mercadorias. Deve-se definir que intermediários serão acionados locando o produto até o consumidor final, como transportar o produto fisicamente e como manuseá-lo durante o percurso. (PALMER, 2006). d) Promoção: É responsável por comunicar ao mercado-alvo o produto certo. (MACCARTHY; PERREAULT, 1997). É uma ferramenta utilizada para comunicar os benefícios de seus produtos aos mercados-alvo, utilizando de ferramentas como propaganda, vendas pessoais, relações publicas, promoção de vendas, e marketing direto. As decisões incluem, que mensagem utilizar, em que mídia, qual o momento adequado para a campanha publicitária, quanto gastar e como avaliar o investimento. (PALMER, 2006). Através do mix de marketing o gestor deve delinear atividades de marketing e montar programas de marketing totalmente integrados para criar, comunicar e entregar valor aos consumidores, considerando que cada ferramenta de marketing é projetada para oferecer um benefício ai cliente. (KOTLER; KELLER, 2006) 37 2.2.2 Marca Inicialmente é proposto o confronto do conceito de marca pela American Marketing Association com o conceito utilizado na prática. Segundo a American Marketing Association, marca é um nome, termo, símbolo, desenho ou uma combinação desses elementos que deve identificar os bens ou serviços de um fornecedor ou grupo de fornecedores e diferenciá-los da concorrência. Porém, o conceito utilizado na prática define marca como algo que criou certo nível de conhecimento, reputação e proeminência no mercado. Constata-se que as diretrizes e gestão giram sempre em o quer dizer Marca. (KELLER, 2007). Através dos conceitos anteriormente citados, percebe-se que a complexidade do conceito da marca vai além de um nome. Para Kotler (1998) a função da marca é desenvolver um conjunto de significados, utilizando seis níveis que serão abordados posteriormente, que promovem, além dos atributos da marca (que é o tangível), também os seus benefícios (que é o intangível), Os níveis de significado de marca podem ser visíveis nas características da marca e representam sua personalidade. A personalidade da marca, por sua vez, é definida por Aaker (2001) como um conjunto de características humanas associadas a uma determinada marca como gênero, idade e classe sócio econômica, além de traços da personalidade humana como carinho, interesse e sentimentalismo. Desta forma os níveis de significados contribuem para o entendimento da diferença entre produto e marca, além de deixar mais evidente o conceito de marca. Para Kotler (1998) os seis níveis de significados da marca são: a) Atributos: a marca traz em mente certos atributos, por exemplo: qualidade, durabilidade, prestígio e alto valor de revenda; b) Benefícios: necessita-se transformar os atributos em benefícios funcionais ou emocionais; c) Valores: a marca deve transmitir certos valores dos fabricantes como segurança, prestígio etc. d) Cultura: a marca representa certos valores, por exemplo: a cultura do povo representada na forma de produzir. e) Personalidade: a marca pode assumir personalidade, como de uma pessoa, animal ou objeto; 38 f) Usuário: a marca sugere o tipo de consumidor ao qual se relaciona com o produto através dos seus valores cultura e personalidade Um dos objetivos de dotar um produto com uma marca é criar uma diferenciação perceptível a ele, ensinando ao consumidor “quem” é o produto, através da incidência do poder da marca: este processo é denominado de Branding. O Branding diz respeito a criar estruturas mentais ajudando o consumidor a organizar seu conhecimento sobre produtos e serviços, tornando sua tomada de decisão de compra mais esclarecida, assim gerando valor à empresa. (KOTLER; KELLER, 2006). Após a constatação dos níveis de significado da marca é possível a mensuração do valor da marca. Para Kotler (1998), o valor da marca pode ser identificado pelo alto grau de consciência da marca (mensurado pelo índice de lembrança da marca ou reconhecimento), ou alto grau de aceitabilidade da marca (os consumidores não hesitariam em comprar novamente), podem ser também o alto grau de preferência de marca, e por fim há marcas que comandam alto grau de lealdade, situação percebida quando um consumidor que, ao não encontrar a marca desejada em uma loja, sai a procura em outras até que encontrá-lo.Poucos consumidores, porém, são leais as marcas. A lealdade à marca é citada por Aaker (2001) ao referir-se a fidelidade dos consumidores do automóvel Saturno. Demonstrado através dos índices de satisfação e qualidade: ISV e ISC, da J.D. Power. Este caso comprova a fidelidade quando a qualidade percebida e sua influência no comportamento do consumidor. 2.2.3 Mercado As metas e trocas remetem aos mercados, que são formados por todos consumidores potenciais que compartilham de um desejo ou necessidade comuns e específicos, dispostos e habilitados a fazer uma troca que atenda seus desejos e necessidades. (KOTLER, 1998). A evolução do conceito anterior se adéqua à proposta deste trabalho, visto que Kotler e Armstrong (2007) definem o mercado como um conjunto de compradores reais e potenciais de um produto, compartilhando desejos ou necessidades específicas, satisfeitos por meio de trocas e relacionamentos. 39 2.2.3.1 Segmentação de Mercado Para Kolter (1998), um segmento de mercado é formado por um grande grupo de compradores identificáveis dentro de um mercado, pressupondo que os consumidores identificados dentro de um segmento de mercado sejam bastante similares em desejos e necessidades, porém, não idênticos. A segmentação de mercado divide mercados grandes e heterogêneos em segmentos menores que possam ser alcançados de forma mais eficiente com produtos e serviços atendendo as suas necessidades específicas (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). Para Blackwell, Miniard e Engel (2005) no processo de segmentar, identificase um grupo de pessoas similares em uma ou mais formas, baseado em uma variedade de características e comportamentos, trazendo o enfoque para o comportamento. Desta forma, caracteriza-se como segmento de mercado “[...] um grupo de consumidores com necessidades e comportamentos semelhantes que diferem do restante do mercado.” (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005. p.41). O conceito de Blackwell, Miniard e Engel (2005) sobre a segmentação de mercado se diferencia do conceito de Kotler (1998), e torna-se essencial para pesquisas que abordam o comportamento do consumidor especificamente por tratar tanto das características, como dos comportamentos destes indivíduos Em contra partida, se aceitarmos que todos os consumidores são iguais, com as mesmas necessidades, desejos e vontades e os mesmo históricos pessoais, educação e experiência, não precisaríamos segmentar o mercado, bastaria oferecer o mesmo composto de marketing para todos os consumidores, o que caracteriza o marketing de massa. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Para justificar a utilização da segmentação ao invés do marketing de massa Engel, Blackwell e Miniard (2000) afirmam que: O marketing de massa torna-se menos eficaz em economias em que a maioria dos consumidores já possui os benefícios funcionais ou essenciais. A segmentação oferece variações em benefícios 40 funcionais e mais atenção em relação às necessidades hedonistas. (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD. p. 25, 2000). A partir do exposto, fica evidente que a segmentação baseia-se na identificação e no apelo à consumidores com comportamento semelhante, e não com características semelhantes. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Os programas de marketing eficazes normalmente exigem uma abordagem entre segmentação extrema (produtos fabricados sob medida que combinam com o comportamento de cada indivíduo) e marketing de massa (produtos padronizados que não agradam a quase nenhum consumidor). (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). O método analítico de segmentação proposto por Engel, Blackwell e Miniard (2000), foca-se em identificar o comportamento do consumidor e colocar cada pessoa num grupo (segmento) minimizando a variação de comportamento entre os membros do segmento e maximizando a variação entre os segmentos. 2.2.3.2 Bases para Segmentação Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000) as bases que podem ser usadas para a segmentação de mercado são geográficas, demográficas, psicográficas e comportamentais. Os programas de marketing geralmente são baseados em covariáveis observáveis no comportamento, como variáveis demográficas ou psicográficas. a) Segmentação Demográfica A segmentação demográfica ajuda a localizar um mercado-alvo, enquanto a características psicológicas e sócio-culturais ajudam a descrever como os seus membros pensam e sentem. Os dados demográficos são mais fáceis de medir em comparação com outras variáveis de segmentação, porem são incluídos em estudos psicográficos e socioculturais, pois estes adicionam significado ao resultado. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). O segmento de mercado possivelmente encontrado através da segmentação demográfica é dividindo em grupos com base em variáveis como: sexo, idade, 41 tamanho da família, ciclo de vida da família, renda, ocupação, grau de instrução, religião, etnia, geração e nacionalidade (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). b) Segmentação Sociocultural Schiffman e Kanuk (2000), afirmam que as variáveis socioculturais oferecem mais bases para a segmentação de mercado, trabalhando com variáveis sociológicas e antropológicas, como: ciclo de vida da família, classe social, valores culturais fundamentais, associações subculturais e afiliação intercultural. Para desenvolver uma estratégia de segmentação seleciona-se a base ou as bases mais adequadas, que, para Schiffman e Kanuk (2000), são compreendidas por: fatores geográficos, fatores demográficos, características psicológicas, variáveis socioculturais, características relacionadas com o uso, fatores de situação de uso e benefícios desejados. Também existem algumas formas de segmentação híbridas, tais como: segmentação baseada em perfis demográficos/psicográficos, fatores geodemográficos ou valores e estilos de vida. 2.2.3.3 Abordagem híbrida de segmentação- Values and Lifestyle System A proposta de uma segmentação hibrida é a de oferecer à empresa segmentos de consumos mais precisos, podendo alcançar resultados utilizando apenas uma variável de segmentação (SCHIFFMAN; KNUK, 2000). A Values and Lifestyle System- VALS (Sistema de valores e estilo de vida) foi desenvolvido pela SRI Internacional. Sua construção foi baseada na concordância e discordância dos consumidores em relação a várias declarações temáticas. Observou-se, porém, que a medida a qual os consumidores começaram a concordar com os temas sociais medidos, menos indicativo de comportamento foram os resultados, resultando na classificação de todos os consumidores em apenas duas categorias. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Em 1989, ocorreu uma revisão concentrando-se mais explicitamente na explicação do comportamento de compra do consumidor. Na nova tipologia, a VALS 2, dividiu os consumidores em 8 subgrupos distintos ou segmentados, baseado nas resposta de 35 perguntas atitudinais e 4 perguntas demográficas.(SCHIFFMAN; KANUK, 2000). A proposta destas mudanças foi a de encontrar uma forma mais poderosa de segmentar os consumidores, percebendo que indicadores de estilos de 42 vidas são mais capazes de prever o comportamento de compra do que o fato de concordar com certo valor social. (SOLOMON, 2002) A forma que os consumidores respondem à VALS 2 leva à classificação da suas auto orientações, significando quais objetivos e comportamentos eles aspiram. As suas auto-orientações foram classificadas por Blackwell, Miniard e Engel (2005) como: a) Orientadas por princípios: os consumidores decidem o que comprar através de suas crenças e não por influência de terceiros. b) Orientadas por status: estes consumidores são totalmente influenciados pelas crenças, opiniões e ponto de vista dos outros. c) Orientadas pela ação: estes consumidores compram produtos que afetam seu ambiente, procuram por atividade, variedade e correm riscos. Outra dimensão apresentada pela VALS 2 dá conta dos recursos físicos, psicológicos, materiais e demográficos, disponíveis aos consumidores para seguir suas auto-orientações. Os estilos de vida representados pela classificação VALS 2 são representados em oito categorias, tal como visualizado na Figura 01 e descritos na seqüência: 43 Figura 01- Sistema de segmentação VALS 2 Fonte: Engel, Blackwell well e Miniard (p.223, 2005) a) Realizadores: são consumidores bem sucedidos, ucedidos, ativos e sofisticados. Importam-se se muito com a sua imagem, apresentam elevada auto-estima auto e dispõem de muitos recursos. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). 2005). Para Schiffman e Kanuk (2000) esses consumidores cons gostam de coisas finas,, são receptivos receptivo a novos produtos, tecnologias e formas de distribuição. Desconfiam de propaganda, assistindo pouco à televisão, lêem com freqüência grande variedades de publicações. maduros, confortáveis e reflexivos. São S b) Satisfeitos: Consumidores maduros, práticos e buscam por funcionalidade, valor e durabilidade nos produtos. produtos (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Por tais características, tem pouco interesse em imagem e prestígio, seu consumo é voltado alem da média a produtos para o lar. Assistem a programas educacionais e de noticias. Lêem de forma abrangente e com freqüência. freqüência (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). c) Crentes: são orientados por princípios, conservadores e com crenças baseadas nos códigos da igreja, comunidade, família e nação. Compram marcas conhecidas. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). 2005 As suas mudanças de hábitos 44 são lentas. Assistem à televisão, mais do que a média, seus assuntos de preferência são sobre aposentadoria, casa, jardim e assuntos de interesse geral. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). d) Controladores: são orientados para a carreira e gostam de sentir-se no controle da sua vida, preferindo pouco risco e descoberta. Suas vidas sociais envolvem família, igreja e carreira. Escolhem marcas de prestígios que informam sucesso para seus pares. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Para Schiffman e Kanuk (2000) esses consumidores são atraídos por produtos Premium. Assistem à televisão medianamente, lêem sobre negócios, noticias e publicações de auto-ajuda. e) Esforçados: estes consumidores preocupam-se com a aceitação dos outros, desta forma estão em busca de auto-definição, segurança e a imagem de sucesso. Tentam equiparar sua vida à imagem daquele que se esforçam a ser, enfrentando as suas deficiências de recursos para atingir. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Possuem renda discricionária limitada, mas têm crédito, gastando em roupas e produtos de higiene pessoal. Preferem televisão à leitura (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). f) Experimentadores: são consumidores jovens, entusiastas e impulsivos, apreciam o gosto de assumir riscos, variedade e excitação, não apresentam valores de vida formados, comportamento e afiliação política. Procuram por produtos novos e ainda não aceitos. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Outras características apresentadas por Shiffman e Kanuk (2000) são que estes consumidores seguem moda e os modismos, compram por impulso, gostam de propaganda e ouvem rock. Gastam parte da sua renda com eventos sociais. (SHIFFMAN; KANUK, 2000). g) Fazedores: são consumidores que vivem dentro da família e do trabalho, prestando pouca atenção no contexto fora do seu mundo. Focam na sua autosuficiência. Podem ser encontrados consertando seus carros, almejando o consumo de coisa que sejam funcionais como ferramentas. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Compram produtos que sejam duráveis, com bom preço e que ofereçam conforto. Ouvem rádio e tem como habito leituras sobre automóveis, mecânica domestica, pesca e vida ao ar livre (SHIFFMAN; KANUK, 2000). h) Lutadores: são consumidores pobres, geralmente com baixa educação e sem elos sociais. Preocupam-se com suas necessidades momentâneas como compra de alimentos e cuidados com a saúde. Cautelosos, buscam por segurança. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). Caracterizam-se também por serem fieis a 45 marca, acreditando em propaganda. Assistem à televisão com freqüência, e lêem tablóides e revistas femininas. (SHIFFMAN; KANUK, 2000). 2.3 Comportamento do Consumidor O comportamento do consumidor surge como um campo distinto de estudo no ano de 1960, virando uma moda nas faculdades de administração. O importante é saber que os profissionais de marketing adotaram em sua prática idéias e conceitos, quase que imediatamente, da psicologia social, sociologia, antropologia ou qualquer outro campo que se relacionasse com o comportamento do consumidor (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). O estudo para a compreensão do comportamento do consumidor não é só de interesse do administrador, mas também dos profissionais da psicologia, analistas de consumo e por economistas, e a contribuição de todos permite o desenvolvimento de estratégias de marketing eficazes. (GADE, 1998). “A área do comportamento do consumidor estuda como indivíduos, grupos e organizações selecionam, compram, usam e dispõem de bens, serviços, idéias ou experiências para satisfazer as suas necessidades e desejos.” (KOTLER, 1998. p.161). Embora a troca seja uma das partes importantes do comportamento do consumidor, as visões mais abrangentes comparam o comportamento como um processo de consumo, buscando questões que influenciam o consumo antes, durante e depois da compra. (SOLOMON, 2002). Um exemplo é o conceito de Richards (1984 apud MEDEIROS; CRUZ, 2006) ao caracterizar o comportamento do consumidor pelas atividades mentais e emocionais realizadas na seleção, compra e uso de produtos/serviços para a satisfação de necessidades e desejos. A análise do comportamento do consumidor possibilita as empresas a utilizar o composto mercadológico procurando adaptar-se ao mercado, desenvolvendo produtos que atendam diversas necessidades dos seus consumidores ou clientes. (GADE, 1998). 2.3.1 Motivação 46 A motivação é observada através do comportamento em todas as pessoas quando projetam objetivos e realizam esforços especiais para alcançá-los. (KARSAKLIAN, 2000). O comportamento motivado é percebido pela persistência, por tal afirmação caracteriza-se o motivo como: [...] uma condição interna relativamente duradoura que leva o indivíduo ou que o predispõe a persistir num comportamento orientado para um objetivo, possibilitando a transformação ou a permanência de situação. (SAWREY; TELFORD, 1976 apud KARSAKLIAN, 2000 p.22). A dinâmica do processo de motivação, segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000) começa quando há o reconhecimento (ou ativação) da necessidade: isso acontece quando existe discrepância entre o estado desejado e o estado real. O aumento da discrepância até determinado nível ativa um estado de despertar chamando de impulso (quanto mais forte o impulso mais forte é a urgência percebida de resposta). Certos padrões de comportamento são reconhecidos como mais eficazes para a satisfação de necessidades, e funcionam como desejos. As necessidades sentidas podem ser ativadas de formas diferentes, podendo ser classificadas com base no benefício esperado de compra e uso:(ENGEL; BLAKWELL; MINIARD, 2000). a) Necessidades utilitárias: levam em consideração os atributos, benefícios, objetivos, funcionais, do produto. b) Necessidades hedonista/ vivenciais: abrangem respostas, prazeres, fantasias e considerações estéticas subjetivas. Um comprador, em uma decisão de compra, pode ser influenciado por necessidades utilitárias e hedonistas simultaneamente. Porém, quando passamos por necessidades hedonistas, as alternativas passam a ser mais espontâneas e holísticas, com enfoque no simbolismo geral em oposição aos aspectos específicos. Prevalece, no fim, o bom senso, e os consumidores acabam motivados tanto por razões racionais (utilitárias) quanto emocionais (hedonista/vivenciais). (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). 47 Outro conceito a respeito da necessidade a classifica como o a interação do indivíduo com o ambiente. Para Schiffiman e Kanuk (2000), a origem das necessidades pode ser inata e outras adquiridas. As necessidades inatas correspondem às necessidades fisiológicas e são responsáveis por manter a vida. Esta característica faz com que sejam denominadas de primárias, fazendo parte delas a necessidade de alimento, de água, de roupa, de abrigo entre outras. As necessidades adquiridas são as que aprendemos em resposta à nossa cultura ou meio ambiente, resultam do estado psicológico subjetivo do indivíduo e do relacionamento com outros. Fazem parte das necessidades adquiridas as necessidades de auto-estima, de prestígio, de afeto, de poder, de aprendizagem. Por serem de caráter psicológico, são consideradas necessidades secundárias. Ao haver associação entre elas, resulta-se no surgimento de necessidades compostas, formadas pelas necessidades primárias e secundárias. 2.3.2 Envolvimento: um conceito para estruturar a análise do comportamento de compra A importância do envolvimento configura-se na sua relação com a motivação e o comportamento do consumidor. Segundo Karsaklian (2000, p. 184): O envolvimento é um estado não observável de motivação, de excitação e de interesse. Ele é criado por um objetivo ou uma situação específica e desencadeia comportamentos: certas formas de procura de produto, de processamento de informação e de tomada de decisão. É importante destacar que o envolvimento firmado com um objeto ou situação é decorrente da relevância percebida por uma pessoa com base em suas necessidades, valores e interesses inerentes. (SOLOMON, 2002). O envolvimento também é observado por Engel, Blackwell e Miniard (2000) ao expor que seu conteúdo é de grande significado para compreender e explicar o comportamento do consumidor. O envolvimento, quando presente, motiva o consumidor a agir com deliberação, minimizando os riscos e maximizando os benefícios obtidos da compra e uso. Torna-se ativo quando as características 48 pessoais intrínsecas (necessidades, valores e auto-conceito) são confrontadas por estímulos de marketing apropriados dentro de uma dada situação. Cabe classificar o envolvimento através de suas características pessoais intrínsecas, distinguindo-o entre envolvimento afetivo ou emocional e envolvimento cognitivo, marcadamente utilitarista Karsaklian (2000) aponta a existência e distinção entre os envolvimentos afetivos relacionados com o afetivo emocional e o envolvimento cognitivo, marcadamente utilitarista. O envolvimento afetivo é vinculado ao seu “eu profundo”, expressado através de suas compras, enquanto o cognitivo envolve objetivamente a razão. Outras abordagens distinguem o envolvimento entre durável: onde uma pessoa explica por sua experiência anterior ou seu sistema de valor, e temporário: são as características do produto (complexidade técnica, duração de utilização) ou para o contexto da compra (para si mesmo, para ofertar). (KARSAKLIAN, 2000) O comportamento do consumidor é alterado de acordo com seu envolvimento com o produto. Um consumidor mais envolvido procura mais informações e as avalia de forma mais crítica: desta forma, quanto maior for seu envolvimento, maiores serão suas expectativas, potencializando, então, sua satisfação ou insatisfação (quando ocorrer) em relação ao objeto. (LAURENT; KAPFERER, 1985 apud KARSAKLIAN, 2000). Para Karsaklian (2000), a importância do envolvimento se dá do ponto de vista estratégico, servindo para segmentar o mercado e posicionar os produtos. Ao considerar que o envolvimento tem papel chave na atenção que a pessoa dá à mensagem e com o cuidado que ela decodifica a mensagem, ao qual torna o envolvimento do público-alvo um fator importante a ser levado em conta no planejamento e no conteúdo de uma comunicação persuasiva. 2.3.3 O Grau de Envolvimento e a Influência na Solução de Problemas Pode-se atribuir ao grau de envolvimento a influência sobre a solução de problemas, que molda o processo de decisão de compra utilizado pelos consumidores. Desta forma, Blackell, Miniard e Engel (2005) conceituam o envolvimento como o nível de importância pessoal percebida e/ou interesse 49 invocado por um estímulo em uma situação específica. É importante que os profissionais de marketing atuem deliberadamente para minimizar o risco, maximizando os benefícios obtidos pelo consumidor na compra e no uso do produto. O objetivo, então, não reside somente em priorizar o produto, pois segundo Zaichkowsky (1985, apud PILOTO, 2008), o envolvimento é dividido em duas classes: o envolvimento com o produto (definido pelas necessidades e interesses com determinada classe de produto); e o envolvimento com a marca (definido como o interesse específico em definir a escolha por determinada marca, pois o produto neste momento já está definido). O grau de envolvimento é quão relevante ou central um produto é, estando relacionado ao grau de interesse do indivíduo, Sheth, Mittal e Newman (2001) consideraram duas formas referentes ao grau de envolvimento que são: Envolvimento duradouro considerado como o grau de interesse regular que um cliente sente por um produto ou serviço; e o envolvimento situacional considerado como o grau de interesse em uma situação ou ocasião específica por exemplo quando se compra ou consome um produto. Blackwell, Miniard e Engel (2005) aprofundam o conceito referente ao grau de envolvimento em função de quão importante os consumidores percebam o produto: quanto mais importante, mais motivado ficará o consumidor em buscar se envolver na decisão. Ao se envolver, os consumidores conferem maior importância às informações adicionais sobre determinados produtos fornecidos por fabricantes através de canais especializados, pois aumentam o envolvimento dos consumidores por determinada categoria de produtos. (ENGELS; BLACKWELL; MINIARD, 2005). Para determinar a o grau de envolvimento de um consumidor, pode-se avaliar determinados fatores que, segundo Engels, Blackwell e Miniard (2005), os consumidores adotam na tomada de decisão: a) Fatores pessoais: o grau de envolvimento é maior quando a decisão afeta a pessoa diretamente. A este atributo inclui-se: auto-conceito, saúde, beleza ou condição física. Não contendo a ativação da necessidade e direcionamento a estes fatores não haverá envolvimento, ao passo que tornar-se mais forte quando é percebido como promotor de auto-conceito. b) Fatores do produto: produtos e marcas podem se tornar envolventes quando percebido algum risco na compra ou uso deles, os riscos são definidos como: • Risco físico: risco de dano material 50 • Risco psicológico: especialmente um risco negativo para o auto-conceito. • Risco de performance: de que o produto não apresente a performance esperada. • Risco financeiro: de que os resultados levaram a perdas financeiras. Desta forma quando maior o risco percebido pelo consumidor, maior o probabilidade de seu envolvimento. Porém, quando o risco é considerado inaceitável pelo consumidor na compra ou no uso do produto, pode-se evitar o produto ou redefinir as alternativas através da busca de informações na pré-compra para minimizar o risco. c) Fatores situacionais ou instrumental: é referente às diferenças que podem ocorrer quando se compra o mesmo produto em diferentes contextos, alterando-se ao longo do tempo: podendo ser elevado temporariamente e diminuir à medida que os resultados de compra são resolvidos. A alternância é de acordo com os fatores que determinam se o produto é para uso pessoal ou para presentear alguém, se será utilizado pelo comprador sozinho ou em companhia de alguém. Cita também o autor que o envolvimento pode ser alterado presente a pressões sociais, quando dependem de aspectos relativos à aceitação de determinado grupo social. É importante observar que nenhum destes fatores é responsável por captar o envolvimento do consumidor, por que essa qualidade pode ocorrer por diferentes e/ou combinações de razões. Ao mensurar o envolvimento, permite-se aos pesquisadores do consumidor captarem a diversidade da construção do envolvimento. (SOLOMON, 2002) 2.3.4 Mensuração do Envolvimento Ao classificar o envolvimento, nasce à importância de mensurá-lo e, para isso, foram desenvolvidas escalas de medidas. Em 1985 dois excelentes trabalhos marcaram uma nova era a respeito ao estudo do envolvimento do consumidor, os artigos de Zaichkowsky (1985 apud FONSECA, 1990) e dos franceses Laurent & Kapferer (1985 apud FONSECA, 1990) possibilitaram envolvimento nas diversas categorias de produtos. a mensuração do 51 Ao passo que Zaichkowsky (1985, apud FONSECA, 1990) trabalhou com envolvimento como um construto unidimensional, Laurent e Kapferer (1985, apud FONSECA, 1990) pressuporão que o envolvimento é um construto multidimensional, ao desenvolver seu trabalhando a partir de quatro dimensões do envolvimento. Desta forma, enquanto Zaichkowsky (1985 apud FONSECA, 1990) define envolvimento como relação à relevância percebida que uma pessoa atribui a um determinado objeto, Laurent e Kapferer (1985, apud FONSECA, 1990) defendem que o tipo de envolvimento é tão ou mais importante que o seu nível, envolvendo várias facetas. Estas facetas são responsáveis tanto pelo envolvimento situacional quanto pelo envolvimento duradouro, são elas: importância percebida (o significado pessoal do produto), probabilidade de risco (aborda as conseqüências de uma escolha errada e a probabilidade do consumidor de fazer uma escolha errada), valor simbólico (referente ao produto sua compra ou aquisição) e valor hedônico (associada ao apelo emocional e as características de prazer e afeto encontradas no produto). Porem estas escalas segundo Jain & Srinivasan (1990, apud FONSECA, 1990) necessitavam serem melhoradas, pois, deveriam absorver as qualidades vitais para a mensuração do envolvimento. Para tal objetivo criou uma escala associando as escalas de Zaichkwosky (1985, apud FONSECA, 1990) com a de Laurent e Kapferer (1985, apud FONSECA, 1990), consideradas até então como as principais na mensuração do envolvimento. A New Involvement Profile – NIP como foi chamanda, tem caráter multidinansional e retêm cinco dimensões do envolvimento. A escala NIP foi constituída pelas seguintes dimensões: relevância; prazer; valor simbólico; importância do risco e probabilidade do risco. A dimensão da importância representa a relevância, considera a percepção do significado pessoal ao produto. A dimensão do prazer é relacionada ao valor hedônico que o produto proporciona ou ao apelo emocional nele percebido. Estas duas dimensões correspondem ao envolvimento duradouro, significam a relação do consumidor com o produto questão. (FONSECA, 1990). Já a dimensão de valor simbólico possui caráter duradouro, entretanto, dadas as características do produto, em casos de produtos sem estas características podem possuir caráter temporário. (FONSECA, 1990). As duas últimas dimensões representam o risco percebido em determinadas situações de compra, remetendo ao envolvimento situacional que possui caráter 52 temporário. Porem determinados produtos estão constantemente vinculados a um tipo de risco, ao invés do normal, ao qual o tipo risco atrelado a um produto costuma alterar de tipo, o que os torna um caso de envolvimento duradouro. (JAIN; SRINIVASAN, 1990, apud FONSECA, 1990). A utilização da escala NIP segundo Fonseca (1990) possibilita a visualização das diferentes áreas que afetam o envolvimento, ao qual [...] reflete os interesses e valores inerentes ao indivíduo (fator pessoal), as características físicas de um produto que causam diferenciação e interesse (fator físico) e os aspectos situacionais temporários capazes de aumentar ou diminuir a percepção de relevância ou interesse com relação a um objeto (fator situacional. (FONSECA, 1990. p.38). Outra característica relevante à utilização da escala NIP é a possibilidade de ser aplicada nas variadas classes de produtos. Demonstrando todas as dimensões e formas pelos quais o envolvimento é formado, através da analise de cada dimensão pode se comprovar quais fatores são responsáveis pela relação de envolvimento do consumidor com o produto a ser estudado. (FONSECA, 1990). 2.3.5 Atitude As atitudes favoráveis dos consumidores (representam o que gostamos) estão relacionadas, quase sempre, a um produto, sendo pré-requisito essencial para manter o consumo ou a intenção de compra útil (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). As atitudes existem porque exercem alguma função para a pessoa. Isto é, são determinadas pelos motivos da pessoa. Karsaklian (2000, p. 65) acrescenta que na pesquisa social o conceito de atitude não é diferente que para a psicologia, definindo: “[...] como uma relação a um produto ou uma marca, como uma predisposição para avaliá-lo de certa forma.” Embora as atitudes sejam resultantes do comportamento, elas não são sinônimos de comportamento. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). O gostar de determinado produto não é essencialmente uma intenção de compra, pois pode o 53 consumidor gostar mais ainda de outro produto e comprá-lo. Desta forma as preferências representam as atitudes sobre um objeto em relação ao outro. O consumidor pode, ainda, ter preferência por determinado produto e não ter intenção de comprá-lo, em razão de que não necessite ou até que não tenha capacidade de comprá-lo. (ENGEL; BLACWELL; MINIARD, 2005). “Basicamente, ter uma atitude favorável em relação a um produto não é o mesmo que ter uma atitude favorável em relação a comprar ou consumir o produto.” (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD. p. 300) 2005 Atitude relativa ao objeto representa uma avaliação da atitude em relação ao objeto como um produto. Exemplo: Quanto você gosta de ou tem aversão a carros da Toyota; gosto muito/ Não gosto nem um pouco Atitude relativa ao comportamento significa uma avaliação de um comportamento envolvendo o objeto em relação ao qual se tem uma atitude. Exemplo: Comprar um veículo da Toyota seria: Muito bom/ muito ruim; Muito agradável/ muito desagradável. Assim, torna-se visível que as intenções estão mais relacionadas às atitudes relativas ao comportamento. Segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000) e Karsaklian (2000), a atitude é formada por três componentes: a) Componente cognitivo: são os conhecimentos e as crenças de uma pessoa sobre algum objetivo de atitude. Segundo Karsaklian (2000) essas representações constituem a imagem. b) Componente afetivo: representa os sentimentos em relação ao objeto de atitude. Karsaklian (2000) acrescenta que, ao relacionar os componentes afetivos à avaliação da imagem constituída, se resume os sentimentos em positivos e negativos e as suas emoções conseqüentes. c) Componente conativo: refere-se às tendências de ação ou comportamentais da pessoa em relação ao objeto de atitude. Ou, como Karsaklian (2000) conceitua, intenções de comportamento. 54 Figura 02- Relações entre Crença, Sentimentos, Atitudes, Intenção Comportamental e Comportamentos. Fonte: Engel, Blackwell e Miniard (2000). Através destas considerações, considerações percebe-se que existem duas maneiras das atitudes serem constituídas - ver figura 2: seja pelas crenças,, seja pelos sentimentos sobre o objeto da atitude. Sua identificação é importante, pois fornecem fornece orientação para aqueles interessados ados em influenciar as atitudes do consumidor. Considerandose que as intenções dos consumidores em desempenhar algum comportamento dependerão dass suas atitudes, compreende-se compreende que as conseqüências e as intenções de um consumidor de ter determinado comportamento comportamento (como comprar um produto) devem aumentar conforme suas atitudes se tornarem mais favoráveis. (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000). Além dos componentes da atitude é importante para este estudo conhecer as propriedades das atitudes que para Engel, Blackwell e Miniard (2000), foram classificas em cinco dimensões: a) Valência: o fato de ser positiva, negativa ou neutra b) Extremidade: podendo haver graus variados de favorabilidade em relação às marcas que tenha mesmo valência. c) Resistência: é o grau de que uma atitude é imune à mudança 55 d) Persistência: é a noção de que uma atitude pode desgastar com o passar do tempo. e) Grau de confiança: é a crença de uma pessoa que a sua atitude esteja correta. Cabe ressaltar que se uma pessoa estiver confiante de que está correta, fica mais fácil estimular sua decisão, porém mais difícil alterá-la. Isto seria Diferente se houvesse crença de que sua atitude está errada, pois conseqüentemente a pessoa iria buscar informação adicional para orientar o seu comportamento 2.3.6 Dos sentimentos ao afeto na formação das atitudes Investigando-se o assunto pela perspectiva da psicologia, percebe-se, através de Music (2005), que os conceitos de sentimentos, emoção e afeto têm significados parecidos, tanto nos dicionários de psicologia quanto nos dicionários comuns: estes conceitos costumam estar atrelados um ao outro. O afeto tem um sentido mais objetivo, e pode ser observado em vez de sentido. O sentimento, por sua vez, denota um estado interno, a experiência particular de um indivíduo, desta forma não pode se observar um sentimento, mais sim o efeito de um sentimento ou indícios de sentimentos de alguém. E, por último, a emoção é o equivalente ao afeto, no uso popular e tem caráter mais objetivo que o sentimento. Importante realçar que a separação do cognitivo e do emocional não é total, por exemplo, ao assistir a um filme, o indivíduo pode se lembrar de um velho amigo e, após, sentir-se triste com a passagem do tempo. Music (2005) constata que ao expor crianças em situações de ausência da mãe, um grupo reage ficando muito agitado e até chorando – chamados firmemente apegados, e outro age como se nada estivesse ocorrido – chamados de apegados esquivos. Porém, ao medir os batimentos cardíacos e a adrenalina, foi percebido que todas as crianças tiveram sensações fisiológicas semelhantes ante o sumiço da mãe – objeto de afeto. Observou-se, neste estudo, que o grupo esquivo não estava em contato com seus sentimentos. Desta forma caracterizou o sentimento como aspecto subjetivo que se observa fisicamente como resposta corporal. Após analisar de forma introdutória os conceitos de sentimento e afeto, resta explanar sua função na perspectiva do marketing que é o alvo deste trabalho para, de forma mais específica, analisar um dos componentes da atitude: o componente 56 afetivo utilizado pelo autor Engel, Blackwell e Miniard (tradução do autor. p. 364,1995) conceituado como aquele que representa “os sentimentos individuais em relação à atitude.” Os sentimentos são definidos como um estado afetivo (estado de humor neste momento) ou uma reação (como os sentimentos experimentados durante o consumo de um produto ou processamento mental de um anúncio). E as atitudes são resultantes dos sentimentos em relação ao objeto questão. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL 2005). Os componentes do afeto já foram utilizados em outros estudos dentro da administração como, por exemplo, Espinoza e Zilles (2004), ao tratar o assunto da geração de afeto negativo a partir da atmosfera da loja e sua influência na intenção de retorno e recomendação do consumidor. Este trabalho abordou as variáveis de: dimensão social (refere-se às pessoas); dimensão design (características essencialmente visuais); e a dimensão do ambiente (condições que afetam os cincos sentidos humanos), em relação ao afeto, que na decisão, segundo Batra e Stayman (1990 apud ESPINOZA; ZILLES, 2004) torna o processamento mais heurístico, com menos atividades cognitiva. Comprovando que o a atmosfera gera influências sobre o estado afetivo dos consumidores, alterando sua decisão de compra Outra pesquisa com o construto do afeto dentro da administração de empresas foi desenvolvida na tese de mestrado de Oliveira (2008), que buscou, através do modelo de Watson, Clark e Tellegan, (1998 apud Oliveira, 2008) denominado de Positive Affect and Negative Affect Schedule: PANAS, identificar o fator motivação na construção de equipes de alto desempenho, medindo a conectividade- afeto- das pessoas. O PANAS é um formulário composto por 20 quesitos, sendo 10 positivos (interessado, excitado, forte, entusiasmado, orgulhosos, alerta, inspirado, decidido, atendo e ativo) e 10 negativos (angustiado, aborrecido, culpado, assustado, hostil, irritado, envergonhado, nervoso, agitado e temeroso), Sua importância se deu na mensuração do afeto dos funcionários antes, durante e depois de uma atividade de interação voltada para qualidade de vida no trabalho. Elucidando a compreensão dos fenômenos das emoções sua transferência para o corpo e para os relacionamentos interpessoais. As emoções são fatores cruciais em cada esfera da ação humana modificando horizontes de possibilidades das pessoas. 57 O modelo de PANAS foi desenvolvido por Watson, Clark e Tellegen (1988, apud OLIVEIRA, 2008.p. 28) tratando o afeto por duas dimensões: [...] correspondem a fatores dominantes de personalidade com característica extrovertida e ansiosa/neurótica, respectivamente. O afeto positivo está relacionado a uma sensação de entusiasmo, de ativação e alerta. Quando uma pessoa tem afeto positivo, tem muita energia, total concentração e engajamento prazeroso. O afeto negativo é caracterizado por aflição e desprazer, apresenta tristeza e letargia. O afeto negativo e caracterizado por aflição e desprazer, apresentando uma variedade de estados de humor aversivos, como raiva, desprezo, desgosto, culpa, medo nervosismo. Quando a taxa de afeto é baixa, o estado de humor da pessoa é caracterizado por calma e serenidade. Os sentimentos e emoções podem ser classificados pelos pesquisadores por avaliatórios por natureza, pois, captam a avaliação direta ou global que um indivíduo faz do objeto de atitude, por exemplo, o indivíduo pode avaliar o objeto da atitude como favorável ou desfavorável e/ou bom ou mau. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Os sentimentos podem ainda ser classificados como positivo (sentir-se feliz) ou negativos (sentir-se desapontado), podem também ser sufocantes (como experiência de proximidade da morte) ou pode ser virtualmente inexistentes (como tomar uma cápsula de vitamina). (BLACWELL; MINIARD; ENGEL, 2005) O sentimento como ser compreendido parte da experiência de consumo. Blackwell, Miniard e Engel (2005) atribuem as experiências de consumo à evocação dos sentimentos. Gosta-se de determinada experiência primeiramente pela capacidade de evocar sentimentos. O consumidor fica mais satisfeito quando, ao consumir, percebe sentimentos positivos e livres de sentimentos negativos, proporcionando atitudes mais favoráveis sobre o produto. Por conseguinte os sentimentos talvez tenham capacidade de influenciar as avaliações. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005) O sentimento também pode ser visto como um estado de humor, sendo representado pela maneira que as pessoas se sentem em um determinado momento no tempo. Podem influenciar muito fortemente a formação das atitudes. Até mesmo no processamento dos anúncios ou das argumentações utilizadas para influenciar a 58 formação das atitudes em relação ao produto ou situação. Porém os sentimentos experimentados durante o consumo, classificados como mais intensos pelo autor, se sobressaem ao estado de humor dos consumidores antes do consumo. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005) 2.4 Processo de Decisão de Compra Uma decisão é uma escolha entre duas ou mais alternativas, sendo que para os consumidores a liberdade é expressa através da disponibilidade de um leque de alternativas de escolha de produtos. Desta forma, sempre que houver uma escolha, existerá uma oportunidade para os consumidores tomarem uma decisão (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Serão apresentados três modelos de processo de decisão de compra e sua abordagem pelos seguintes autores: Riva (1999); Schiffman e Kanuk (2000) e; Blackwell, Miniard e Engel (2005). O modelo de Rivas (1999) tem como característica as percepções de um problema por um consumidor, implicando na busca de informação que o permita solucioná-lo. A identificação das alternativas pode ocorrer classificando-as como suficientemente atrativas e adequadas, abrindo uma nova seqüência de fatos que engloba como etapa de decisão de compra. Rivas (1999) busca referenciar os principais elementos, critérios e atributos que um consumidor utiliza pra realizar uma escolha de compra. Através das informações obtidas, o consumidor, escolherá por uma determinada marca ou produto que se aproxima a seu desejo, e que possivelmente solucionará seu problema. O consumidor ao se relacionar com estabelecimento e a marca escolhida como solucionadora do seu problema, acarreta em implicações, que por sua vez desenvolverá uma relação de comportamentos internos e externos. O processo de compra é uma evolução profunda das suas adequações, permitindo o individuo ficar satisfeito ou insatisfeito. As adequações e as relações do consumidor, que correspondem a condutas do consumidor são interessantes e importantes para empresa. 59 É percebido, cada vez mais, o valor lúdico da compra. Convertendo-a a um ritual semelhante a um ofício de fim de semana, e uma forma de conseguir maior integração familiar, solucionando o problema de relação familiar com diversão individual. A participação da família tem mudado as idéias sobre o processo de seleção e estabelecimento de compra por parte dos consumidores. O modelo apresentado por Schiffman e Kanuk (2000), é composto por três componentes principais: input, processo, output. Input: são influências externas que servem como fonte de informações para os consumidores, influenciando-os quanto aos valores, atitudes e comportamento relacionados ao produto. Os mais importantes desses fatores são: a) as atividades do composto de marketing: são as atividades de marketing da empresa na tentativa de alcançar, informar e persuadir os consumidores a comprar e usar os produtos. Transformam em formas de estratégias específicas do composto de marketing as influências socioculturais.Pode-se citar como exemplo de influências socioculturais as influências da classe social, da cultura e da sub-cultura; b) os códigos de condutas não escritos comunicados pela cultura, indicam se a conduta é certa ou errada em determinado momento. Diferentes dos esforços de marketing, não apóiam o consumo, mais podem ajudar a evitar determinado produto. Processo: maneira como os consumidores tomam suas decisões. O campo psicológico representa as influências internas: motivação, percepção, aprendizagem, personalidade e atitudes, as quais afetam o processo de decisão alterando o que os consumidores esperam ou querem, o conhecimento sobre várias escolhas de produto, sua atividade de reunir informações e a avaliação que fazem das alternativas. O processo de decisão é composto, e o ato consiste em três estágios: a) O Reconhecimento da necessidade ocorre quando um consumidor se depara com um problema, os quais, em sua grande maioria, apresentam duas diferentes reconhecimento do problema. necessidades ou estilos de Consumidores do tipo “estado real” percebem que têm um problema quando o produto pára de desempenhar a sua função satisfatoriamente. Os outros consumidores, do tipo “estado desejado”, surgem quando seu desejo por uma coisa nova pode deflagrar o processo de decisão. O reconhecimento da 60 necessidade ou problema também pode ocorrer de modo simples: acontecem freqüentemente e o consumidor pode lidar quase que automaticamente, e de modo complexo: quando um problema se desenvolve ao longo do tempo, a partida que o estado atual e o desejo gradualmente se afastam um do outro. b) A busca pré-compra é a lembrança de experiências anteriores, faz com que o consumidor perceba que a necessidade pode ser satisfeita por uma compra e/ou consumo de um produto. A experiência anterior é considerada como uma fonte de informação interna. Outra característica apresentada, é que quanto mais forte for a experiência, menos informação externa o consumidor precisa para tomar uma decisão. Em situações de grande risco os consumidores tendem envolver-se na avaliação de informação complexa. c) A avaliação de alternativas se dá quando, ao avaliar as alternativas, os consumidores buscam por dois tipos de informação: Primeiro em uma lista de marcas as quais eles planejam fazer sua escolha (a lista evocada é uma lista pequena de marcas, as quais ele lembra, e as quais ele acha aceitável) e segundo através do critério que eles vão utilizar para avaliar cada marca, geralmente são expressos em termos da importância dos atributos do produto. Essas atitudes tendem simplificar a tomada de decisão. 61 Figura 03- Modelo do Processo de Tomada Tomada de Decisão do Consumidor. Consumidor Fonte: Schiffman e Kanuk (2000) Segundo Schiffman e Kanuk (2000) de acordo com uma pesquisa de consumo, nove entre dez compradores que vão à loja desenvolvem suas próprias estratégia de compras para economizar dinheiro. Apresenta-se Apresenta a seguir os consumidores e as regras que utilizam: a) Fiéis e práticos: são os que buscam meios de economizar na marca e produtos que tem preferência e iriam i compra de e qualquer maneira; b) Compradores de preços baixos: baixos não têm preocupação com a marca, marca compram itens de preço mais baixo; baixo c) Trocadores oportunistas: oportunistas buscam uscam por liquidações e cupons de desconto para decidir entre marcas da sua lista evocada. d) Caçadores de barganhas: barganha são aqueles que procuram a maior pechincha, e não são fiéis à marca. O estilo de vida dos indivíduos também pode ser avaliada de forma estratégica em um processo de tomada de decisão. Uma decisão individual ou 62 familiar, embasada em um estilo de vida em particular, pode causar grande impacto em uma gama ampla de comportamentos cotidianos específicos do consumidor. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000) Outro ponto referente à decisão é que o consumidor pode abortar a escolha por falta de informações, as quais achem fundamentais para sua tomada de decisão, buscando estratégias alternativas para compensar os elementos faltantes, da seguinte forma: a) Os consumidores podem adiar a decisão até que obtenham a informação faltante, este processo é mais adotado quando a decisão é considerada como de alto risco. b) Os consumidores podem ignorar as informações que faltaram e continuar com sua decisão atual. c) Os consumidores podem mudar a estratégia de compra, para utilizar outra mais adequada à informação faltante. d) Os consumidores podem inferir, ou seja, construir a informação faltante. A compra pode envolver uma séria de decisões na escolha de um determinado produto. Ao comprar um automóvel, por exemplo, deve-se decidir pela origem do automóvel (nacional ou importado), o revendedor, a financeira e os opcionais, e no caso de uma substituição por outro, devem ser percebidas as informações relacionadas à troca ou não do carro atual. Percebe-se que consumidores que trocam o carro com freqüência diferem muito daqueles que trocam o carro após muitos anos. Sendo que os que trocam com mais freqüência estão mais preocupados com o estilo, imagem do carro e/ou status, preocupando se menos com o custo. Já aqueles que trocam com menos freqüência colhem brande quantidade de informação, pesquisando revendedores e foram em grande parte influenciados pelos amigos. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). Output: refere-se a dois tipos de atividades pós-decisão estritamente associadas: a) O comportamento de compra: os consumidores fazem três tipos de compra: as compras experimentais ocorrem quando o consumidor compra uma marca para experimentar, é uma fase exploratória do comportamento de compra, pois os consumidores tentam avaliar o produto. Outro tipo é a compra repetida, quando o consumidor identifica a partir da experimentação como mais satisfatória, comparando a outra marca ou produto,decidindo a compra. Esta diretamente ligada 63 ao conceito de lealdade à marca, que fornece as empresas mais estabilidade no mercado. Por fim as compras de comprometimento de longo prazo, que ocorrem quando nem sempre é possível experimentar o produto ou marca. O consumidor passa diretamente da avaliação para o comprometimento de longo prazo. b) Avaliação pós compra: é o processo pelo qual o consumidor avalia, através da experimentação, o desempenho à luz de suas próprias expectativas, resultando em três alternativas dessas avaliações: desempenho efetivo de acordo com as expectativas, levando a um sentimento de neutralidade; desempenho acima das expectativas, causando o que se conhece como desconfirmação positiva das expectativas, levando a satisfação; desempenho abaixo das expectativas, causando a desconfirmação negativa das expectativas, levando a insatisfação. Na avaliação pós-compra é possível reduzir as incertezas ou dúvidas do consumidor durante o processo de compra, pois após a compra o cliente tende a certificar se fez a escolha mais sábia, tentando reduzir a dissonância cognitiva póscompra. As estratégias adotadas pelos consumidores são as seguintes: podem racionalizar sua decisão como sábia; podem buscar informações que reforcem suas escolhas como anúncios de concorrentes; podem persuadir os vizinhos a comprar a mesma marca (confirmando a sua própria escolha); ou procurar outros proprietários satisfeitos para a reafirmação. A avaliação pós-compra é determinante para influenciar o consumidor nas suas futuras decisões. (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). O modelo de Blackwell, Miniard e Engel (2005) prevê que os consumidores geralmente passam por sete estágios maiores de tomada de decisão: reconhecimento da necessidade, busca de informação, avaliação de alternativa, précompra, compra e consumo, avaliação pós-consumo e descarte. Através da compreensão dos estágios demonstrados dentro do mapa de tomada de decisões do consumidor, os profissionais de marketing poderão identificar porque os consumidores compram ou não determinados produtos. Primeiro estágio: Reconhecimento das necessidades “O reconhecimento da necessidade ocorre quando o individuo sente a diferença entre o que ele ou ela percebem ser o ideal versus o estado atual das coisas.” (BALCKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005. p. 74). A compra é realizada pelos consumidores quando acreditam que a habilidade do produto em solucionar problemas vale mais que o custo de comprá-lo. Fazendo com que o reconhecimento de uma necessidade não satisfeita seja o 64 primeiro passo de venda de um produto. Os profissionais de marketing devem conhecer as necessidades dos consumidores e assim abordar onde o consumidor será influenciado, através de idéias de comunicação mais eficazes e canais de distribuição mais acessíveis. Além de estarem sempre monitorando as tendências dos consumidores, pois assim percebem se mudam seus problemas e necessidades. Outra ação utilizada é a comunicação de uma necessidade já existente no consumidor, porém ainda não percebida. Reconhecimento da Necessidade Ambientais Busca Exposição Influências Busca * Cultura Interna * Classe Social *Influências pessoais Atenção Estímulos *Dominado pelo profissional de * Dominado profissionais * Situação do Avaliação Compreens marketing por momento de Memória Alternativas não mercadológicos * Família Diferenças Individuais Aceitação Compra * Recursos do consumidor * Motivação e Consumo Retenção Envolvimento * Conhecimento Busca Avaliação Externa Pós- * Atitudes *Personalidade, Valores e Estilos de vida Insatisfação Satisfação Descarte Figura 04. Processo de decisão de compra do consumidor Fonte: Blackwell; Miniard; Engel (2005, p.86) Segundo estágio: Busca de informação. Após a constatação da necessidade, os consumidores, passam a buscar por informações e soluções para satisfazerem suas necessidades, pode ser por uma busca interna, recuperando o conhecimento na memória ou talvez nas tendências 65 genéticas, ou externas, coletando informações entre pares, familiares e no mercado. Quanto à forma de busca pode ser: passiva, quando simplesmente ficam receptivos a informações ao seu redor; ou de comportamento ativo, quando se engajam em buscar informações. Algumas vezes são impelidos ao processo de busca por fatores situacionais inesperados, e geralmente fora de seu controle como a quebra do automóvel, buscando informações como se fosse uma compra planejada. As variáveis como personalidade, classe social, renda, tamanho da compra, experiências passadas, percepção da marca, e satisfação dos consumidores, são responsáveis pela extensão e a profundidade da busca de informação. Um exemplo são os consumidores satisfeitos de uma determinada marca: eles apresentam pouco ou nenhum comportamento de busca de informações, tornando mais difícil a mudança por outra marca. Na busca por informações os consumidores podem optar por informações dominadas pelo profissional de marketing (fabricante ou varejista), as quais o fornecedor tem a intenção de informar ou persuadir, utilizando de propaganda, sites ou materiais em ponto-de-venda. Outra opção disponível ao consumidor são as informações dominadas por profissionais não mercadológicos, como amigos, famílias, líderes de opinião e mídia. Estas informações caracterizam-se por fugirem do controle do profissional de marketing, pois grande parte destas informações vem do boca a boca, fontes de avaliação de produtos, relatórios de consumidores e do governo, ou notícias da mídia de massa. O processamento da informação ocorre à mediada que o consumidor é exposto à informação externa passando a processar o estímulo. O processamento ocorre da seguinte forma: primeiramente através da exposição às informações persuasivas alcançam os consumidores, ativando um ou mais sentidos, é quando o processo preliminar inicia-se. Depois ocorre a alocação (ou não alocar) de acordo com a relevância do conteúdo da mensagem, quanto mais relevante maior a atenção atraída. Alguns consumidores apresentam atenção seletiva. A mensagem passar a ser analisada, este processo é a compreensão, de acordo com as categorias de sentido arquivadas na memória, é esperado pelo profissional de marketing que a compreensão em relação ao seu objeto seja apurada. Uma vez que a compreensão ocorre, passa-se a aceitação, a mensagem pode ser considerada inaceitável, sendo dispensada, ou aceita. Sendo que o objetivo da mensagem, pelo comunicador é modificar ou alterar crenças ou atitudes 66 existentes. Finalmente a retenção, que é o objetivo de quem persuade, a informação deve ser aceita e guarda na memória de uma forma acessível para o uso futuro. Terceiro Estágio: Avaliação de alternativas Pré-compra. Neste momento que é avaliada as alternativas identificadas durante o processo de busca. Os consumidores comparam os produtos por diferentes pontos que conhecem e que consideram importantes, estreitando o campo de alternativas, antes de finalizar e resolver comprar uma delas. A seguir os consumidores empregam critérios de avaliação diferentes, influenciada por variáveis ambientais e diferenças individuais, o critério do avaliativo se torna uma manifestação produtoespecífica dos valores necessidades e estilo de vida dos indivíduos, porém ainda os consumidores deverão avaliar onde comprar; avaliando pontos de vendas. Classifica-se ainda os atributos, podendo ser salientes ou determinantes, afetando as estratégias de marketing. Atributos salientes são potencialmente os mais importantes, no caso do carro: preço, confiabilidade entre outros. Atributos determinantes são detalhes de estilo, como acabamento entre outros, geralmente determinam qual loja e marca o consumidor escolhe. As pesquisas têm focado nos elementos que afetam o processo de escolha, verificando-se que variáveis como boca a boca e resenhas criticas , foram identificadas como influenciadores críticos, outras variáveis são as psicológicas como as expectativas emocionais e interesse latente ao produto. Ao avaliar as alternativas e realizar comparações entre atributos dos produtos, as emoções dificultam o estabelecimento de critérios de troca e as valorações de vários atributos durante o processo de escolha. Quarto estágio: Compra Neste momento, depois de decidir a compra, é passado por duas fases: uma delas é a escolha do vendedor, e a segunda envolve a escolha dentro da loja, influenciadas pelo vendedor, tais como vitrines, meios eletrônicos e propaganda no ponto de venda. Variáveis como vitrines, contatos com outros vendedores podem alterar a decisão do consumidor. É extrema importância o bom vendedor que gerencia os atributos gerais e a imagem da loja para realizar suas vendas, gerindo os aspectos da experiência de compra dentro da loja. Quinto Estágio:Consumo Ocorre depois do cliente comprar o produto e tomar posse, momento no qual o consumidor utiliza o produto. Sexto Estágio: Avaliação pós-consumo 67 É quando o consumidor vivencia a experiência de satisfação ou insatisfação. A satisfação ocorre quando a performance confirma as expectativas do consumidor, e a insatisfação é o inverso, quando frustram as expectativas do consumidor. Seus resultados são importantes, pois os consumidores guardam suas avaliações na memória utilizando em decisões futuras. Ao saber que o determinante para satisfação é o consumo, a forma que os consumidores utilizam o produto, atribui-se que as empresas devem instruir como utilizar seus produtos, fornecer garantias e serviços técnicos de assistência. A dissonância cognitiva é diretamente relacionada ao preço, questões do tipo: Tomei a melhor decisão? Eu considerei todas as alternativas?E devem ser tratadas dando assistência ao consumidor através de informações pós-venda. Sétimo Estágio: Descarte O descarte pode ocorrer por diversas opções como descarte completo, reciclagem ou revenda, a revenda pode ser a escolha de revender o produto a outro consumidor ou trocar por outro produto, como por exemplo, o que ocorre com os automóveis. Existe uma crescente corrente que reconhece a satisfação e retenção do cliente como a chave para o sucesso. Utilizando deste reconhecimento atribuem o sucesso à volta ao marketing de relacionamento, realçando um relacionamento mais duradouro, mais íntimo e individual com o cliente. Desta forma: “[...] é valido e vale à pena examinar níveis de apego e significados associados à propriedade do objeto sem colocar propriedade nas implicações para o marketing.” (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000. p. 173). As pesquisas de consumo motivadas pelo lucro, segundo Engel, Blackwell e Miniard (2000), foram decorrentes de um marketing de massa que enfraqueceu o laço de individualização dos produtos, diminuindo assim a satisfação. Não se pode mais confiar em pesquisas de grande amostragem que por sua vez tentavam revelar a preferência do cliente. É tempo de entrar em casa e dialogar, observar e vivenciar o mundo da mesma forma que o consumidor faz. 2.4.1 Variáveis que influenciam o processo de decisão 68 Através da teoria de Blackwell, Miniard e Engel (2005), observa-se que os consumidores costumam ser sistemáticos nos seus modelos internos, levando em conta implicações de suas ações antes de decidir e realizar um determinado comportamento. Desta forma, verifica-se que a tomada de decisão é influenciada por três fatores principais: a) diferenças individuais; b) influências ambientais e c) processos psicológicos. 2.4.1.1Diferenças Individuais Cinco categorias das diferenças individuais que afetam o comportamento segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005): a) Demografia: compreende as variáveis como renda e geografia, importantes para compreender o comportamento do consumidor. Porém uma compreensão maior pode ser obtida analisando as diferenças individuais como personalidade, valores e estilo de vida e a forma que afetam o comportamento do consumidor. Capacitando uma compreensão das características determinantes do comportamento. O marketing utiliza de apelos fortes e que levam o consumidor a pensar: “Este produto ou mensagem se ajusta às minhas crenças (valores), à forma como normalmente me comporto (personalidade), e a situação da minha vida (estilo de vida).” (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005. p. 220). b) Personalidade é definida como repostas consistentes aos estímulos ambientais. A personalidade é uma maquiagem psicológica individual única que consistentemente influência como a pessoa responde ao seu ambiente. A teoria Psicanalítica reconhece que a personalidade humana consiste em id, ego e superego. O id é a fonte da energia psíquica e busca de gratificação imediata para as necessidades biológicas e instintivas. O superego representa normas pessoais e sociais e funcionam como um obstáculo ético ao comportamento. O ego media as demandas hedônicas do id e as proibições morais do superego. A interação dinâmica desses elementos resulta nas motivações inconscientes que se manifestam no comportamento humano observado. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005. p. 221). 69 Da teoria da Psicologia social, resulta uma combinação de elementos sociológicos e psicológicos, onde o indivíduo se esforça para atender as necessidades da sociedade, enquanto, a sociedade auxilia o individuo atingir seus objetivos. Através da teoria do Fator-traço pode-se caracterizar as pessoas no enfoque quantitativo da personalidade, o qual considera que a personalidade da pessoa inclui predisposições chamadas por características pessoais. As características pessoais são qualquer forma perceptível e duradoura que levam os indivíduos se diferenciarem uns dos outros. Os traços relevantes para o estudo do comportamento do consumidor são: a) inovação, até onde a pessoa está disposta a experimentar coisas novas; b) materialismo, o grau de ênfase na aquisição e na posse de produtos; c) autoconsciência, até onde uma pessoa monitora e controla sua imagem do eu apresentada aos outros; d) necessidade de cognição, o quanto a pessoa está disposta a pensar e desprender esforço para processar a informação sobre marcas. (SOLOMON, 2002) Os profissionais de marketing podem encontrar utilidade no planejamento de marketing da personalidade como na adoção de risco, autoconsciência e necessidade de reconhecimento. Uma aplicação dessas teorias é na formação da personalidade da marca. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). A personalidade tem papel decisivo na formação da atitude, pode-se utilizar o exemplo de que pessoas com grande necessidade cognitiva gostam de raciocinar e têm preferência por material rico em informação. Por outro lado, pessoas com baixa necessidade cognitiva tendem a ficar satisfeitas com publicidades que apresentam modelos atraentes utilizando linguagem simples (SCHIFFMAN; KANUK, 2000). c) Valores pessoais: Os valores representam as crenças dos consumidores sobre a vida e os comportamentos aceitáveis. Pelas pessoas possuírem os mesmos valores, diferindo somente pelo grau de importância atribuído a eles, e pelos valores pessoais apresentarem um papel tão central na cognição, os valores pessoais são uma valiosa base para entender o comportamento do consumidor intra e interculturais. Os valores pessoais são formados a partir dos valores sociais, que definem o comportamento normal de uma sociedade ou grupo. As escolhas de um indivíduo são conseqüência dos valores pessoais ou sistema de valores a que esse indivíduo está exposto. 70 d) Estilo de vida é definido como padrões nos quais as pessoas vivem e gastam tempo e dinheiro, refletindo as atividades, os interesses e as opiniões, além das variáveis demográficas discutidas anteriormente. O estilo de vida é altamente volátil, mudando continuamente em resposta às necessidades pessoais de conceituar, e relacionar e analisar os eventos que acontecem a sua volta, através das pistas advindas das mudanças ambientais para que sejam consistentes com seus próprios valores e personalidades. Os valores são relativamente permanentes, mais o estilo de vida muda rapidamente. Segundo Solomon (2002) a perspectiva de marketing de estilo de vida é focar nos padrões de comportamento a fim de entender o consumidor. A VALS 2, apresentada no tópico 2.2.3.3 deste trabalho, é utilizada como uma abordagem de estilo de vida identificando o etilo de vida dos consumidores caracterizando em oito diferentes categorias, como já apresentado neste trabalho. 2.4.1.2 Influências Ambientais Além dos consumidores serem influenciados pelas diferenças pessoais, eles interagem em um ambiente complexo, e suas decisões são influenciadas por fatores ambientais: a) cultura; b) classe social; c) família; d) influências pessoais e ; e) situação.(BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005) a) a cultura é definida como conjunto de valores, idéias, artefatos e outros símbolos significativos que ajudam os indivíduos a comunicar-se, a interpretar e a se avaliar como membros de uma sociedade. A cultura afeta os produtos que as pessoas utilizam como estrutura de consumo, a tomada de decisão individual e a comunicação com a sociedade. b) a família: interfere em várias áreas do consumo desde a escolha do produto até a utilização do mesmo. Este processo é complexo, pois envolve uma variedade de papéis e atores. Os papéis são divididos em papéis instrumentais de consumo abrangendo o financeiro e a performance dos membros do grupo. Podem também ser denominado de papéis funcionais ou econômicos. Os papéis expressivos dão suporte às decisões e a expressão de necessidades emocionais e estéticas da família. 71 A dinâmica dos papéis nas compras familiares faz com que estes possam ser representados pelo marido, esposa, crianças ou outros membros do lar. Os papéis atuados pelos membros são: o de iniciador que representa aquele que inicia o pensamento da família sobre a compra, também reúne informações para ajudar na decisão; o influenciador é indivíduo cujas opiniões são procuradas; o decisor é, a pessoa que possui autoridade financeira, ou poder de decidir (de que forma o dinheiro será gasto e em que produtos); o comprador que atua como agente comprador indo até a loja e/ou ligando para fornecedores; e por fim o usuário, a pessoa que usa o produto. O marketing familiar foca nas relações entre os membros da família, com embasamento no papeis que eles assumem, sabendo que horas os papeis podem alternar. c) a influência pessoal determina que os consumidores atendam a normas e expectativas fornecidas por outros, observando o que os outros estão fazendo como informação sobre escolha de consumo e comparando com suas decisões. d) situação influência os comportamentos determinada pela alternância de comportamentos e situações, podendo ser imprevisível. Os fatores ambientais também denominados de sócio culturais por autores como Schiffman e Kanuk (2000), afetam o que os consumidores compram e a maneira como eles usam aquilo que compram. Podendo ser dirigidas para o individuo ou ativamente buscadas pelo individuo. 2.4.1.3 Processos Psicológicos Aqueles que pretendem entender e influenciar o comportamento do consumidor devem compreender os três processos psicológicos básicos (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005): a) Processamento de informação: Está tão associado à informação cognitiva do consumidor quanto com a complexidade da informação a ser processada. O consumidor processa a informação do produto de acordo com os atributos, marcas, comparações entre marcas ou combinação desses fatores. O grau de processamento varia de acordo com a quantidade de variáveis, e habilidade cognitiva do consumidor, sendo capazes de integrar várias informações de diferentes produtos (SCHIFFMAN; KANUK, 2000) 72 b) Aprendizagem: No ponto de vista do marketing é: “[...] o processo pelo qual os indivíduos adquirem o conhecimento e a experiência de compra e consumo que aplicam a um comportamento correlato futuro.” (SCHIFFMAN; KANUK, 2000 p. 137). O aprendizado cognitivo acorre quando a informação processada na memória de curto prazo passa ser armazenada na memória de longo prazo (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005). c) mudança de comportamento e de atitude: qualquer modificação subseqüente nela representa uma mudança de opinião. (BLACKWELL; MINIARD; ENGEL, 2005) 2.4.2 Descarte Freqüentemente se estabelece fortes laços entre o consumidor e o produto, tornando a decisão de descarte das coisas dolorosa, pois os produtos apresentam forte ligação com nossa identidade, pois é através dos produtos que “nosso passado continua vivo em nossas vidas.” (SOLOMON, 2002. p. 248), este fator gera maior dificuldade por algumas pessoas a descartarem das coisas. No “Descarte: Geralmente, há uma grande dor de perda ou sentimento de perda associado ao desgaste de um item ao qual damos alto valor. Não é meramente em descarte físico, pois também deve haver um descarte emocional.” (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000. p. 176). Quando é percebido pelo consumidor que o produto não apresenta mais utilidade, pode ele optar por manter o produto, descarta-se dele temporariamente ou desfazer-se dele permanentemente. Mas é importante perceber que grande maioria dos casos um novo produto é adquirido, apesar do antigo ainda funcionar. Os fatores para que ocorra a substituição são: desejo de ter novas características; uma mudança no ambiente da pessoa; ou uma mudança no papel ou na auto imagem da pessoa. (SOLOMON, 2002) Parar Engel, Blackwell e Miniard (2000) o descarte sempre existiu e recentemente tornou-se foco na pesquisa e estratégia de marketing, principalmente pela preocupação ambiental. O descarte foi dividido pelos autores em três categorias principais: 73 Descarte direto: É comum o consumidor criar laços psicológicos reais com os itens que assumiram os estados de sagrados. Devido aos cuidados e a necessidade de reposição é necessário realizar a troca, tronando o descarte uma necessidade. Só como o objeto torna-se sagrado. “Tomamos por sagrado no reino de consumo para nos referirmos àquilo que é considerado mais significativo, poderoso e extraordinário do que o ego [...]” (ENGEL; BLACKWELL; MINIARD, 2000. p. 176). o descarte envolve um ritual de graus variados de formalidades. A troca de objetos sagrados pode ser através também de despojamento no lugar de um descarte. Reciclagem: É algo comum de acordo com normas de obrigação, porém segundo Solomon (2002) estudos revelaram que a reciclagem tem metas relevantes do consumidor, que são ligadas a valores terminais como promover saúde/ evitar doenças, atingir fins de sustentação da vida e prover a subsistência das futuras gerações. Remarketing: Engle, Blackwell e Miniard (2000), consideram crescente no mercado a venda de produtos usados, e o fato de alguns venderem mais que seus respectivos produtos novos. Bem como a utilização de mídia de propaganda de remarketing. Se o crescimento continuar, Engel, Blackwell e Miniard (2000) consideram que o remarketing influenciará o comportamento do consumidor. A satisfação do cliente é uma avaliação pós-consumo ao qual a alternativa escolhida atende ou excede a expectativa. Os clientes usam critérios para chegar a este julgamento. O primeiro é uma avaliação objetiva do desempenho do produto. A outra são as emoções diferenciadas da experiência de consumo assim como respostas afetivas (pró/contra) ao produto como um todo e seus componentes, desta forma o de processo só será por completo após a avaliação cognitiva e afetiva. Este resultado afetará diretamente as intenções de recompra. (ENGEL; BLACKWELL; MINIRD. 2000). 74 3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO 3.1 Caracterização da Empresa A empresa onde foi realizada a pesquisa é atuante no segmento de comércio e serviços de veículos, representando a marca Toyota do Brasil Ltda. A data da fundação foi 07/11/2004 , originada à ser uma filial, sendo que sua matriz localizada até então em São José, grande Florianópolis. A Continental Comercio de Veículos Ltda- Itajaí, razão social a qual foi fundada, localiza-se em Itajaí precisamente na Rodovia Osvaldo Reis, n° 550, bairro Fazenda. As expectativas de mercados e as instalações enxutas foram ao passar do tempo modificando se, com o crescimento decorrente das afirmações dentro do cenário local. A necessidade de novos investimentos e o crescimento da empresa fez com que em 01/06/2007 ocorresse à sua compra por um novo investidor, modificando o nome para o atual: Hai Automóvies Ltda, e de nome comercial Hai Toyota. 75 Figura 05 - Leiaute externo Fonte: Portfólio do pesquisador A Hai Automóveis- Itajaí - apresenta hoje um crescimento de vendas em torno de 166% da sua abertura até os dias atuais. Seus principais produtos estão divididos em três categoriais: Automóvel, Sport Utility Vehicles- SUV, e Comerciais Leves- Camionetes. Na categoria automóvel o veículo comercializado é o Corolla e o Camry, no SUV são: a Hilux SW4; a Land Cruizer Prado; e a RAV 4, e na camionetes é a Hilux cabine dupla, simples e chassi. Sua atuação é no mercado de veículos de médio e grande porte, semi-luxo e luxo. As marcas de automóveis que são seus principais concorrentes são: Honda; Mitsubishi, BMW, seguidos por: Chevrolet, VolksWagen. 76 . Figura 06- Leiaute interno: mix de produtos Fonte: Portfólio do pesquisador Alem de oferecer serviços de financiamento, seguro de veículos e venda e instalação de acessórios. A Hai Automóveis disponibiliza serviços de assistência técnica autorizada com o objetivo de fortalecer o conceito da marca resolvendo problemas de dissonância cognitiva. O trabalho de assistência técnica é realizado em conjunto a Toyota do Brasil e tem como suporte a garantia da fábrica, atendendo a todas as categorias de produtos comercializados no mercado brasileiro. “A política de empresa é observar os altos padrões de integridade e justiça na condução de seus negócios e agir com a devida idoneidade, cuidado e presteza.” A empresa tem como principais setores: Administração Recursos Humanos- RH, Financeiro, Informática, Contábil e Administrativo Vendas de Veículos Novos e Semi Novos Vendas e Serviços de Atendimento ao Consumidor- SAC Pós vendas Oficina, Lavação e Peças e Acessórios 77 É importante comentar que não são todos os setores que estão localizados na Hai Automóveis – Itajaí, por ser ainda considera uma filial, filial porem existe necessidade na busca da sua independência. Os setores disponíveis são: Administração Administrativo Vendas de Veículos Novos Vendas Pós Vendas Oficina, Lavação e Peças e Acessórios O quadro efetivo de funcionários da empresa é de 30 funcionários sendo que 1 está no setor administrativo; 15 no setor de vendas; e 14 no setor de pós vendas. Para este trabalho é importante detalhar o setor ao qual foi focado, para isso apresenta-se se o organograma detalhado do setor de vendas de veículos novos . Figura 05- Organograma da Hai Automóveis Ltda Fonte: Hai 2009 78 A Hai Automóveis tem como clientes pessoas físicas ou jurídicas, com domicilio fixo ou sazonal na região do vale do rio Itajaí, demarcada pela Toyota do Brasil como sua área de atuação. Os processos da empresa seguem ao padrão estipulado pela Toyota do Brasil Ltda. O Toyota Sales Way – TSW, é um sistema padronizado na área de vendas; Suportado por três pilares; Sistema de vendas Toyota – SVT; Índice de satisfação do cliente – ISC; Processo de vendas Toyota – PVT. Seu objetivo é atingir a missão da empresa com referência a qualidade dos processos, buscando a satisfação dos clientes, com atendimentos padronizados e diferenciados. O processo de vendas – TSW - é dividido em 8 passos: (1) prospecção; (2) recepção; (3) qualificação; (4) demonstração; (5) test-drive; (6) negociação; (7) entrega; (8) Acompanhamento. Figura 08- Local de entrega de veículos Fonte: Portfólio do pesquisador É na qualificação que o consultor de vendas percebe a necessidades do cliente em trocar seu veículo, identificando também suas expectativas. O consultor por sua vez encaminha o veículo para a avaliação. O avaliador informará o valor de compra do 79 veículo para a concessionária ao consultor de vendas. Mais é somente na negociação quanto o cliente já definiu qual carro ele deseja comprar, que é informado a ele o preço que sei carro entrará no negócio. Neste processo considerado como de decisão de compra complexa, o consumidor enfrenta diferentes influências e resistências quanto a realizar ou não a compra, ao qual a empresa levando em consideração seus objetivos deve auxiliar o consumidor para assim realizar a venda. A ampliação das operações é algo inevitável e compatível com a consolidação da empresa dentro do segmento do comércio e assistência de automóveis. Para isso a Hai automóveis visualiza através de um planejamento a ampliação da sua estrutura e a possível ampliação de produtos e serviços prestados, bem como um setor de revenda dos veículos recebidos na troca dos veículos novos. 3.3 Resultados da Pesquisa 3.2.1 Apresentação e análise dos dados Os dados levantados na pesquisa são apresentados através de tabelas, gráficos e figuras, caracterizando o cliente através de dados demográficos e comportamentais. Após o tratamento dos dados através da estatística descritiva, as variáveis obtidas foram apresentadas e analisadas individualmente, para somente então serem analisadas a partir das associações que se estabeleceram entre si. 3.2.1.1 Caracterização dos respondentes A amostra foi caracterizada através das suas características demográficas, demonstrando perfis que possibilitam localizar o mercado-alvo. A Tabela 01 apresenta os dados referentes à idade dos respondentes, permitindo classificá-los a partir desta característica. Estes dados foram obtidos da primeira parte do questionário (disponível no apêndice 1) a qual trata de obter 80 informações suficientes para a classificação VALS 2 dos indivíduos. Para ser mais preciso, a idade é questionada na questão 37 do instrumento de coleta. Tabela 01- Idade dos participantes da pesquisa IDADE FREQUENCIA 18-24 1 25-29 8 30-34 2 35-44 11 45-54 16 55-64 13 65- acima 3 TOTAL 54 Fonte: Dados da pesquisa. % 1,85% 14,81% 3,70% 20,37% 29,63% 24,07% 5,56% 100,00% Conforme a Tabela 01, pode-se observar através da amostra que a idade que apresenta maior freqüência entre as respondentes é a de 45 a 54 anos, representando 29,63%, e que o referente a 74,07% dos clientes apresentam idade entre 35 e 64 anos de idade. Pode-se entender que os clientes participantes deste estudo são representados por um grupo de indivíduos adultos e maduros. A seguir apresenta-se na Tabela 02 o sexo dos clientes da Hai Toyota. Obtiveram-se os dados que possibilitaram esta tabela a partir da questão número 36 da primeira parte do questionário (apêndice 1) ao qual refere-se a tabela VALS 2. Tabela 02 - Sexo SEXO FREQUENCIA % Masculino 46 85% Feminino 8 15% 54 100% Total Fonte: Dados da pesquisa Pode-se observar através da Tabela 02 a representatividade do sexo masculino, com 85% na amostra, caracterizando-se como o principal perfil dos clientes da Hai Toyota. 81 O Gráfico 01 apresenta a renda dos clientes da Hai Toyota que participaram deste estudo. A representatividade da renda está dentro do contexto do perfil sócio econômico, o que pode representar o potencial de compra da família do respondente. Os dados apresentam a renda mensal da família descriminado em Reais. Os dados foram retirados da primeira parte do questionário, especificadamente da questão número 39 da tabela VALS 2 (apêndice 1). Até 1.500 1.500- 2.299 18% 26% 3.300-3.999 4.000-4.699 4.700-6.299 57% 9% 15% 6.300- 7.999 8.000- 11.699 2% 2% 2% 17% 9% 11.700- 15.599 15.600-30.999 Gráfico 01- A renda dos clientes. Fonte: Dados coletados da pesquisa. Ao analisar o Gráfico 01, percebe-se que 26% dos clientes Hai Toyota apresentam renda familiar mensal entre R$ 8.000 à 11.699, e que 57% dos clientes em rendas entre R$ 8.000 à 30.999. Estes resultados demonstram o elevado poder aquisitivo dos clientes, capazes de influenciar na forma pela qual estes indivíduos fazem suas escolhas, e no seu estivo de vida. A seguir apresenta-se, na Tabela 04, a escolaridade dos componentes da amostra deste estudo. Os dados foram extraídos da primeira parte do questionário, mais precisamente através da questão número 39 constituinte da tabela VALS 2. 82 Tabela 03- Escolaridade. ESCOLARIDADE FREQUENCIA % 1° à 4° Série Escolar 2 3,70% 5° à 8° Série Escolar 1 1,85% 2° Grau 9 16,67% Superior Incompleto 9 16,67% Superior Completo 17 31,48% Pós- Graduação 16 29,63% Total 54 100,00% Fonte: Dados da pesquisa. Através da Tabela 04 percebe-se que os clientes da Hai Toyota apresentam, em sua grande maioria, nível de escolaridade acima de segundo grau. A participação de pessoas com nível superior concluído é de 31,48%, caracterizando o modal da amostra, seguido por pós-graduados com 29,63%. 3.2.1.2 Análise dos respondentes sob a perspectiva VALS 2. A VALS 2 é um questionário que representa o sistema de valores e estilo de vida dos respondentes: através dela se obtém a classificação dos indivíduos em função da sua auto-orientação, sendo capaz de determinar os objetivos e comportamentos presentes naqueles que são avaliados. (SOLOMON, 2002). As pessoas, segundo a VALS 2, podem ser orientadas por: princípios, status, e ação, subdivididas em oito categorias representando os estilos de vidas, que são: realizadores, satisfeitos, crentes, controladores, esforçados, experimentadores, fazedores, e lutadores. As particularidades de cada perfil VALS 2 foram apresentados, anteriormente no item 2.2.3.3 Para a classificação dos componentes da amostra através da VALS 2, utilizou-se a primeira parte do questionário, composta por 35 perguntas atitudinais, representadas pelas questões 1 à 35 do instrumento de coleta, além de outras 4 perguntas de caráter demográfico, constituídas pelas questões 35 à 39. A análise destes dados, que teve como resultado o perfil do cliente dentro da classificação 83 VALS 2, foi realizada através do site da SRI Internacional (http://www.sricbi.com/VALS/presurvey.shtml), e posteriormente transcritos para uma planilha específica do Excel, o que permitiu gerar a Tabela 03. Na Tabela 03 é apresentada a classificação dos clientes segunda os critérios VALS 2, demonstrando o sistema de valores e estilo de vida dos clientes da Hai Automóveis. Tabela 04- Classificação VALS 2 PERFIL FREQUENCIA % Realizadores 0 0% Satisfeitos 22 41% Controladores 9 17% Experimentadores 7 13% Crentes 4 7% Esforçados 5 9% Fazedores 6 11% Lutadores 1 2% Total 54 100% Fonte: site SRI Internacional Através da Tabela 04 percebe-se que 41% dos respondentes, representado por 22 dos respondentes, são classificados pela VALS 2 como Satisfeitos, sendo a maior freqüência. A segunda maior freqüência dos respondentes foram classificados como Controladores, representado 17% da amostra, com 9 dos respondentes. Através da classificação pode-se conhecer o comportamento dos clientes da Hai Automóveis, para desta forma desenvolver estratégias voltadas especificamente para o estilo de vida apresentado. Os clientes que apresentam o estilo de vida classificado como Satisfeito são orientados por princípios, além de ter características de maduros, confortáveis e reflexivos. Desta forma a comunicação para com estes deverá abordar a funcionalidade, o valor e a durabilidade dos produtos. Trabalhando com o perfil apresentado como segundo de maior freqüência, poderá anexar à comunicação requinte e sucesso. Como ambos são voltados à leitura, a mídia utilizada deve ser jornais e revistas. 84 3.2.1.3 Análise do grau de envolvimento segundo a tabela NIP A NIP - New Involviment Profile - é uma escala que possibilita a avaliação multidimensional do envolvimento dos indivíduos para com um objeto específico. Este índice é composto por 5 dimensões do envolvimento, distribuídas nas 15 perguntas componentes da segunda parte do questionário. As dimensões responsáveis pela NIP são: relevância, prazer, valor simbólico, importância do risco e probabilidade do risco. As características de cada dimensão e a distribuição estão especificadas no instrumento e procedimento de coleta de dados no item 1.3.3. A escala de diferencial semântico presente no instrumento de coleta possui uma abrangência de 7 pontos, sendo que as perguntas número :1, 2, 6, 7, 8, 10, 14 e 15 tiverem escores inversos, precisando, no tratamento, sofrer a inversão dos seus respectivos valores. O resultado do tratamento da NIP está demonstrado no Gráfico 02. Grau 2 46,30% Grau3 44,44% 42,59% Grau 4 Grau 5 Grau 6 1,85% 7,41% 1,85% Gráfico 02- Grau de envolvimento em relação ao produto automóvel Fonte: Dados da pesquisa Para analisar o gráfico definiu-se o ponto médio da escala, definindo-se o ponto escalar 4 como o grau médio de envolvimento. Através do Gráfico 02 observou-se que 46,30% dos respondentes apresentam envolvimento médio, e 42,59% demonstraram alto grau de envolvimento com a categoria de produtos “automóvel”, o que, segundo os conceitos relacionados à NIP, pode influenciar na 85 forma com que tais indivíduos percebem a relevância, prazer, valor simbólico, importância do risco e probabilidade do risco em relação à aquisição e/ou troca do produto que está sendo avaliado. O grau de envolvimento está relacionado quão importante os respondentes percebem o produto “automóvel”, correspondendo as suas necessidades, valores e auto-conceito. É importante lembrar que o produto pode tronar-se influente quando os clientes percebem algum risco na compra ou consumo. O grau de envolvimento pode ser considerado resultante das características pertencentes pelos perfis encontrados como predominantes na amostra, através do conceito VALS 2, as seguintes características dos clientes, são maduros, práticos, apreciam a funcionalidade, valor e durabilidade, preferindo correr pouco risco. 3.2.1.4 Análise do afeto dos clientes por seu veículo Toyota segundo a tabela Panas Esta parte da pesquisa utilizou-se de uma adaptação do modelo de questionário PANAS, baseado em perguntas referente ao afeto positivo e negativo de um indivíduo em relação a um determinado produto ou marca em questão. No questionário utilizado nesta pesquisa, o PANAS ocupou a terceira parte, e foi formado por 10 perguntas contendo 2 dimensões do afeto, sendo 5 perguntas correspondente a estados emocionais positivos (perguntas n°;1; 3; 5; 7; e 9) e 5 perguntas correspondentes a estados emocionais negativos (perguntas n°; 2; 4; 6; 8; e 10) focado no afeto do cliente pelo seu carro. O Gráfico 03 foi constituído para análise tendo como elemento o índice P/N, formado a partir da soma dos resultados das 5 perguntas correspondentes aos estados emocionais positivos, multiplicada por 1,2, e depois dividido pelo somatório das 5 perguntas responsáveis pelo estado emocional negativo. O índice P/N permite a leitura do grau de afeto que cada respondente apresenta pelo seu atual veículo dentro de uma escala de 0,24 à 6. 86 22% Grau 2 9% 41% Grau 3 Grau 4 15% Grau 5 6% Grau 6 22% Gráfico 03- Índice P/N de afeto dos clientes Fonte: Dados da pesquisa Ao analisar o Gráfico 03 observa-se que o índice P/N que caracteriza o afeto dos clientes da Hai Automóveis com o seu veículo Toyota variou entre 2 e 6. A média encontrada, através da ponderação do índice P/N de todos os respondentes, foi 3,7634. O modal demonstrou que os participantes deste estudo possuem, predominantemente, um afeto de grau 3 com o seu veículo, representado por 41% dos respondentes. Pode-se considerar que 22% dos entrevistados apresentaram um médio afeto por seu Toyota usado, e que 15% apresentaram, no momento da pesquisa, um alto afeto para com seu veículo. O que pode significar que possivelmente os clientes respondentes do instrumento de coleta de dados encontraram no automóvel Toyota a satisfação das suas necessidades, desenvolvendo referido grau de afeto. 3.2.1.5 Risco percebido que impediria a troca do veículo usado Toyota Os riscos são os possíveis motivos considerados como inaceitáveis que impediriam os clientes da Hai Toyota de trocar seu veículo atual. Para levantar os dados foi realizada uma pergunta aberta, posicionada como a primeira pergunta da quarta parte do questionário. 87 A tabulação das respostas ocorreu após a classificação pelo pesquisador dentro das categorias de riscos apresentadas na fundamentação, que q são: Risco físico; Risco psicológico; Risco de performance; e risco Financeiro. O Gráfico 04, a seguir, foi desenvolvido a partir da tabulação dos dados coletados e interpretados pelo pesquisador, e demonstra os tipos de risco percebidos pelos clientes da Hai Automóveis ao trocar seu veículo por um novo. 2% 4% 2% Risco Financeiro 9% Risco Psicológico 4% Risco Performance 55% 24% Risco Físico Risco Psicológico e Financiero Rico Performance e Financeiro Risco Físico e Financeiro 0% Não apresenta Gráfico 04- Risco percebido pelo respondente Fonte: Dados da pesquisa Observa-se, se, através do Gráfico 04, que 55% dos clientes da Hai Automóveis que responderam a pesquisa percebem e consideram, na hora de trocar seu veículo usado por um novo, o risco financeiro. Tal fato sugere que estes indivíduos pressentem que o resultado de uma potencial troca do seu veículo findaria em perdas financeiras, sendo que este item é o de maior freqüência entre os respondentes. pondentes. O segundo item de maior freqüência, com 24%, é o risco de performance, que reflete a preocupação dos respondentes com o fato de uma possível troca acarretar na aquisição de um novo produto com uma performance inferior à desejada, em comparação ao ao veículo que já é de sua posse. 3.2.1.6 Intenção de trocar de veículo 88 A intenção de troca é referente à vontade do cliente da Hai Automóveis em trocar seu veículo usado por um novo. Para o levantamento destes dados foi realizado uma pergunta fechada com a seguinte escala: não tenho nenhuma intenção, tenho uma pequena intenção, tenho uma intenção mediana, tenho bastante intenção, tenho muita intenção. Este foi o último questionamento apresentado no instrumento de coleta. A Tabela 05, então, apresenta os dados referente a intenção do cliente da Hai Automóveis de trocar seu veículo usados por um novo. Tabela 05- Intenção dos clientes em trocar seu veículo usado INTENÇÃO DE TROCAR FREQUENCIA % Não tenho nenhuma intenção 20 37% Tenho uma pequena intenção 11 20% Tenho uma intenção mediana 8 15% Tenho bastante intenção 7 13% Tenho muita intenção 8 15% Total 54 100% Fonte: Dados da pesquisa Através Tabela 05 observa-se que 20 dos respondentes, representando 37% da amostra, não têm nenhuma intenção de trocar seu veículo usado no momento. Em contrapartida, pode-se constatar que, embora o grau de intenção seja relativamente baixo, 11 respondentes, o que equivale a 20% da amostra, já apresentam algum interesse de trocar seu veículo por um novo, caracterizando-se como a segunda maior freqüência. Se avaliarmos a intenção, sem considerar o grau de interesse, pode-se encontrar nesta situação 63% dos participantes deste estudo com algum tipo de intenção de trocar seu veículo usado por um novo. O que representa para a Hai Automóveis uma possível oportunidade de negócio, ao qual depende de estímulos apropriados, desenvolvidos através de influências em seus comportamentos 3.2.1.7 Análise da correlação entre os dados levantados na pesquisa 89 Uma vez tratadas todas as varáveis dispostas no instrumento de coleta, encontrou-se condições para o cumprimento de um dos objetivos específicos deste trabalho, que residia em analisar as correlações existentes entre as variáveis mensuradas, tais como: as características dos clientes, as variáveis de comportamento, a sua percepção de risco quanto à troca de veículo usado por um novo e, propriamente, o seu desejo de trocar seu veículo usado. Para que se cumprisse este objetivo, foi realizada a correlação dos dados utilizado o índice de Spearman, analisando a variação delimitada entre -1 a 1. Os cálculos foram realizados através do software estatístico SPSS, o qual gerou quadros das correlações das variáveis levantadas nesta pesquisa. A Figura 09, apresentada na seqüência, demonstra a correlação existente entre duas variáveis: Perfis VALS 2 X Envolvimento do cliente com a categoria de produto automóveis. Envolvimento _com_a_cate goria_de_prod uto Vals2 Spearman's rho Vals2 Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N Envolvimento_com_a_catego ria_de_produto Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N 1,000 -,015 . ,917 54 54 -,015 1,000 ,917 . 54 54 Figura 09 – Correlação entre as variáveis perfis VALS 2 e Envolvimento Fonte: Dados da pesquisa O coeficiente de correlação entre os perfis da VALS 2 com o grau de envolvimento dos clientes respondentes resultou em um grau de correlação igual a 0,015. Considerando-se o índice máximo possível da correlação, pode-se afirmar que a correlação entre estes fatores é negativa e fraca. Este resultado permite compreender que a classificação dos clientes de acordo com o critério VALS 2 não apresenta associação representativa com o grau de envolvimento que estes indivíduos possuem com a categoria de produtos “automóvel”. A tabela 06, de maneira complementar, demonstra a freqüência existente na relação entre as variáveis VALS2 e envolvimento do cliente com a categoria de produto, permitindo a leitura das incidências entre as relações. 90 Tabela 06- Relação entre o perfis VALS 2 X Envolvimento. PERFIL VALS 2 1 GRAU DE ENVOLVIMENTO 2 3 4 5 Realizadores Satisfeitos Controladores Experimentadores Crentes Esforçados Fazedores Lutadores Total 0 0 Fonte: Dados da pesquisa 1 7 2 1 1 2 1 13 11 7 4 4 4 4 1 35 FREQUENCIA 6 0 22 9 7 4 5 6 1 54 3 2 5 Através da Tabela 06 observou-se que os clientes com o perfil modal qualificados pela VALS 2 como Satisfeitos apresentaram envolvimentos iguais ou superiores ao grau 4. Por este motivo, pode-se supor que tais indivíduos apresentem esta forma de envolvimento em decorrência do seu caráter racional de tomada de decisões. Esta leitura permite a geração de um direcionamento mais pontual para os argumentos utilizados em uma transação comercial, que deve estar pautada em fatores relacionados à funcionalidade, durabilidade e valor do produto. A figura 10 demonstra a correlação entre os perfis da VASL 2 com o grau de afeto que os clientes possuem para com seus veículos. Afeto_com_o_ veículo_atual Vals2 Spearman's rho Vals2 Correlation Coefficient 1,000 ,084 . ,547 54 Sig. (2-tailed) N Afeto_com_o_v eículo_atual Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) 54 ,084 1,000 ,547 . 54 54 N Figura 10- Correlação entre perfis VALS 2 e Afeto com o veículo atual Fonte: Dados da pesquisa Através da Figura 10 observou-se que, embora o índice de correlação entre as variáveis seja considerado fraco, estas apresentam correlação positiva de 0,084. Este resultado sugere que a classificação dos clientes, de acordo com o critério 91 VALS2, não apresenta associação representativa com o afeto que estes indivíduos apresentam com o seu veículo atual. A Tabela 07 demonstra a freqüência entre as relações das variáveis do perfil VALS 2 com o afeto do cliente com seu veículo Toyota usado, permitindo a leitura das incidências entre as relações. Tabela 07- Relação entre perfis VALS 2 e Afeto com o veículo atual PERFIL VALS 2 1 2 Realizadores Satisfeitos 2 Controladores Experimentadores Crentes Esforçados Fazedores 1 Lutadores Total 0 3 Fonte: Dados da pesquisa 3 8 4 2 2 3 19 AFETO 4 4 5 2 1 1 3 16 5 6 6 2 1 1 1 1 1 11 2 1 5 FREQUENCIA 0 22 9 7 4 5 6 1 54 Observa-se, através da Tabela 07, que os clientes caracterizados através da VALS 2 como Satisfeitos apresentam maior freqüência no grau de afeto 3, considerado um afeto baixo. Porém, 12 dos 22 clientes classificados como Satisfeitos apresentaram um grau de afeto de médio a forte por seu veículo Toyota. Sabendo-se que os indivíduos Satisfeitos tomam suas decisões pautadas em critérios como funcionalidade, desempenho e valor, o elevado grau na escala de afeto pode propor que os mesmos têm encontrado no veículo de sua propriedade os atributos que lhes interessam, convergindo, em parte, com os critérios relacionados ao conceito de satisfação, que supõe o alinhamento entre as expectativas em relação a um produto e a respectiva percepção de desempenho que o mesmo apresenta. Na figura 11 é demonstrada a correlação entre as variáveis: Perfis VALS 2 X Risco percebido pelo cliente ao trocar seu veículo usado por um novo. 92 Vals2 Spearman's rho Vals2 Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N Risco Risco 1,000 -,099 . ,475 54 54 Correlation Coefficient -,099 Sig. (2-tailed) N 1,000 ,475 . 54 54 Figura 11- Correlação entre perfis VALS 2 e Risco percebido pelo Cliente Fonte: Dados da pesquisa O coeficiente de correlação de -0,099 identificado entre as variáveis apresentadas pode ser considerado negativo e fraco, não supondo associação representativa entre as duas variáveis. A Tabela 08 apresenta as freqüências das correlações entre o perfis VALS 2 e o risco percebido pelo cliente em trocar seu veículo usado por um veículo novo, permitindo a leitura das incidências. Tabela 08- Relação entre perfis VALS 2 e Risco percebido pelo cliente PERFIL VALS 2 Realizadores Satisfeitos Risco Financ Risco Psico 14 Controladores 5 Experimentadores 3 Crentes 2 Esforçados 2 Fazedores 3 Lutadores 1 Total 30 FONTE: Dados da pesquisa Risco Perfor RISCO Risco Risco Risco Risco Não FREQUENCIA Físic Psico/Fin Perfor/Fin Fisc/Fin Apresn 4 0 1 3 2 1 1 2 1 1 13 2 2 1 1 1 2 1 0 22 1 1 1 1 9 7 4 5 6 1 5 54 Percebe-se, através da Tabela 08, que os clientes que compõem o modal da VALS 2 nesta pesquisa apresentam como principal risco percebido numa possível troca do seu veículo o fator financeiro, com uma freqüência de 14 respondentes, seguido pelo risco de performance, com 4 respondentes. Tal informação vem apenas corroborar com o perfil já explicitado dos Satisfeitos, que têm como fatores de maior relevância em seus critérios comportamentais elementos relacionados à funcionalidade e a valor. 93 A Figura 12, a seguir, apresenta a correlação existente entre as variáveis do perfil VALS 2 X Intenção de trocar o veículo que já possui por um novo. Intenção de_trocar Vals2 Spearman's rho Vals2 Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N Vontade_de_trocar Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N 1,000 -,010 . ,943 54 54 -,010 1,000 ,943 . 54 54 Figura 12 – Correlação entre perfis VALS 2 e Vontade de trocar de veículo Fonte: Dados da pesquisa Observa-se na Figura 12, que a correlação existente entre as duas variáveis é de - 0,010, considerando as máximas apresentada por Spearman, pode se afirmar que é fraca e negativa. Apresenta-se complementarmente, através da Tabela 09, a freqüência existente na relação entre as variáveis de perfis VALS 2 e a Intenção dos clientes da Hai Automóveis em trocar seu veículo por um novo. Tabela 09- Relação entre perfis VALS 2 e Intenção de trocar de veículo INTENÇÃO DE TROCAR DE VEÍCULO Não Tenho Tenho Tenho Tenho PERFIL VALS 2 FREQUENCIA tenho uma uma bastante muita nehuma pequena intenção intenção intenção intenção intenção mediana Realizadores 0 Satisfeitos 8 3 4 2 5 22 Controladores 5 2 2 9 Experimentadores 2 1 1 2 1 7 Crentes 1 2 1 4 Esforçados 2 2 1 5 Fazedores 2 2 2 6 Lutadores 1 1 Total 20 11 8 7 8 54 Fonte: dados da pesquisa 94 Observa-se através da Tabela 09 que 8 dos clientes caracterizados pela VALS 2 como Satisfeitos não têm nenhum interesse em trocar seu veículo, mas que 14 apresentam intenção de trocar em diversos graus, sendo que 5 deles têm uma intenção muito forte de trocar seu veículo. Os indivíduos caracterizados como Controladores, por sua vez, têm 56% dos respondentes sem nenhuma intenção de trocar de veículo. A Figura 13 apresenta a correlação entre as variáveis: Envolvimento do indivíduo com a categoria de produtos automóveis e o Afeto que os mesmos apresentam em relação ao seu veículo atual. Spearman's rho Envolvimento_com_a_cate goria_de_produto Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N Afeto_com_o_veículo_atua l Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N Envolviment o_com_a_ca tegoria_de_p roduto Afeto_com_o_veícul o_atual 1,000 ,403(**) . ,003 54 54 ,403(**) 1,000 ,003 54 . 54 Figura 13- Correlação entre Envolvimento e Afeto com o veículo atual Fonte: Dados da pesquisa Observando a Figura 13 percebe-se que a correlação ente as variáveis teve um coeficiente de 0,403, o que permite afirmar que a correlação existente é positiva e mediana, pois sua máxima seria 1,0. A Tabela 10 demonstra a relação existente entre as variáveis Envolvimento com a categoria de produtos automóveis e Afeto com o veículo atual, possibilitando uma leitura mais detalhada destas relações. 95 Tabela 10 - Relação entre Envolvimento e Afeto pelo veículo atual AFETO GRAU DE ENVOLVIMENTO 1 2 3 4 5 6 FREQUENCIA 1 2 3 1 1 4 1 9 2 1 13 5 2 12 11 7 3 35 6 Total 3 Fonte: Dados da pesquisa 1 23 2 15 1 9 1 4 5 54 Ao analisar a Tabela 10 percebe-se que os clientes que demonstraram maior grau de envolvimento, conseqüentemente apresentaram a maior freqüência de afeto com seu veículo Toyota, pois dos 54 indivíduos que responderam à pesquisa, 28 declaram afeto e envolvimento igual ou superior ao grau 4. Ao realizar a correlação com a utilização do SPSS entre as variáveis Perfis VALS 2 e Envolvimento com a categoria de produto automóveis obteve-se o resultado apresentado na Figura 14. Envolvimento _com_a_cate goria_de_pro duto Spearman's rho Envolvimento_com_a_cate goria_de_produto Correlation Coefficient Risco 1,000 -,226 . ,100 54 Sig. (2-tailed) N Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N Risco 54 -,226 1,000 ,100 . 54 54 Figura 14- Correlação entre Envolvimento e Risco percebido pelo cliente Fonte: Dados da pesquisa Observa-se, através da Figura 14, que a correlação existente entre as variáveis apresentou um coeficiente igual a 0,226, sugerindo uma correlação negativa e baixa entre as variáveis avaliadas. A Tabela 11, a seguir, demonstra a freqüência de incidências cruzadas entre as variáveis do Envolvimento com a categoria de produtos automóveis e o Risco 96 percebido pelo cliente por trocar seu veículo atual, auxiliando a leitura de suas incidências. GRAU DE E N V O L V IM E N T O Tabela 11 - Relação entre Envolvimento X Risco 1 2 3 4 5 6 Total Risco Financ 1 4 22 3 30 Risco Psico Risco Perfor 0 4 8 1 13 RISCO Risco Risco Risco Risco Não FREQUENCIA Físic Psico/Fin Perfor/Fin Fisc/Fin Apresn 0 0 1 1 1 1 2 13 1 1 3 35 1 5 2 1 2 1 5 54 Fonte: Dados da pesquisa Ao analisar a Tabela 11, observa-se que 22 clientes que responderam o questionário apresentaram grau 5 de envolvimento com a categoria de produto automóvel e perceberam o risco financeiro como o principal fator de ponderação na hora de trocar seu veículo usado. Diferentemente, aqueles que apresentaram grau de envolvimento 4, sendo apenas 4 respondentes, perceberam o risco financeiro e o risco de performance como os mais importantes a serem considerados no momento da troca dos seus veículos. A Figura 15, agora apresentada, ressalta a correlação entre as variáveis Envolvimento do consumidor com a categoria de produtos automóveis e a sua Vontade de trocar de veículo. Spearman's rho Envolvimento_com_a_cate goria_de_produto Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N Vontade_de_trocar Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N Envolvimento_ com_a_catego ria_de_produto Intenção_de _trocar 1,000 ,275(*) . ,044 54 54 ,275(*) 1,000 ,044 54 . 54 Figura 15- Correlação entre Envolvimento e Vontade de trocar de veículo Fonte: Dados da pesquisa 97 Analisando a Figura 15 observa-se que as variáveis apresentam um coeficiente de correlação de 0,275, sendo positivo e fraco, em relação ao máximo positivo que é 1,0. A Tabela 12 demonstra a relação entre estas variáveis, porém, agora, evidenciando a freqüência no cruzamento realizado entre si. Tabela 12- Relação entre Envolvimento e Intenção de trocar de veículo GRAU DE ENVOLVIMENTO INTENÇÃO DE TROCAR DE VEÍCULO Não Tenho Tenho Tenho Tenho tenho uma uma bastante muita FREQUENCIA nehuma pequena intenção intenção intenção intenção intenção mediana 1 0 2 0 3 1 4 7 2 2 1 1 13 5 12 7 6 5 5 35 8 1 7 2 8 5 54 6 Total 20 Fonte: dados da pesquisa 1 2 11 Observando a tabela 12, percebe-se que 23 dos 35 clientes que apresentaram grau 5 de envolvimento com a categoria de produtos “automóvel” tem algum tipo de interesse de trocar de veículo, ao passo que todos os clientes que apresentaram grau de envolvimento 6 tem algum tipo de interesse de trocar de veículo. A Figura 16 apresenta a correlação entre as variáveis Afeto com o veículo Toyota e o Risco percebido pelo cliente em trocar o carro que possui, possibilitando medir o grau de associação existente entre elas. 98 Afeto_com_o_ve ículo_atual Spearman's rho Afeto_com_o_v eículo_atual Correlation Coefficient 1,000 -,072 . ,603 54 Sig. (2-tailed) N Risco 54 Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) Risco -,072 1,000 ,603 . 54 54 N Figura 16- Correlação entre Afeto e Risco percebido pelo cliente Fonte: Dados da pesquisa Através da Figura 16 visualiza-se que a correlação entre as duas variáveis é de -0,072, considerada como negativa e muito fraca. A Tabela 13 é composta pela análise cruzada entre as mesmas variáveis apresentadas na Figura 13, o que possibilitou a leitura de incidências entre estas variáveis. Tabela 13 - Relação entre Afeto e Risco percebido pelo cliente Risco Financ Risco Psico 1 7 A FETO 1 2 3 14 4 10 5 5 6 1 Total 30 Fonte: Dados da pesquisa Risco Perfor 0 2 3 13 RISCO Risco Risco Risco Risco Não FREQUENCIA Físic Psic/Fin Perf/Fin Fisc/Fin Apresn 0 1 1 3 1 1 23 1 1 3 15 1 1 9 4 2 1 2 1 5 54 Verifica-se através da tabela 13 que quanto maior é o afeto do respondente por seu veículo Toyota, menor se apresenta a incidência de clientes sensíveis ao risco financeiro quando considera-se a possibilidade de troca do veículo atual por um novo. Dos 4 clientes que percebem um grau afeto 6 por deu Toyota , 1 individuo pressente que ao trocar seu veículo atual terá perdas financeiras e 4 deles terem perdas de performance. 99 A Figura 17 apresenta o coeficiente de correlação entre as variáveis Afeto do cliente por seu veículo Toyota e sua respectiva Intenção de trocar de veículo. Afeto_com_o_ veículo_atual Spearman's rho Afeto_com_o_veícul o_atual Correlation Coefficient 1,000 ,171 . ,215 54 Sig. (2-tailed) N Vontade_de_trocar Intenção_de _trocar 54 Correlation Coefficient ,171 Sig. (2-tailed) ,215 . 54 54 N 1,000 Figura 17- Correlação entre Afeto e Intenção de trocar de veículo Fonte: Dados da pesquisa Através da Figura 17 pode-se identificar que a correlação entre as variáveis resultou em um coeficiente igual a 0,171, caracterizado, então, como uma correlação fraca e positiva. De forma complementar, a Tabela 14 apresenta de que forma se relacionam estas varáveis. Tabela 14 - Relação entre Afeto e Intenção de trocar de Veículo INTENÇÃO DE TROCAR DE VEÍCULO Não tenho Tenho uma Tenho uma Tenho Tenho nehuma pequena intenção bastante muita intenção intenção mediana intenção intenção AFETO 1 2 3 3 8 4 4 5 5 6 Total 20 Fonte: Dados da pesquisa 6 3 2 11 4 3 1 8 2 3 1 1 7 3 2 3 8 FREQUENCIA 0 3 23 15 9 4 54 Através da Tabela 14 observa-se que os clientes que apresentaram maior grau de afeto por seu veículo Toyota também declararam maior intenção de trocar seu veículo Toyota atual por um novo. Verifica-se, também, que 20 dos respondentes do questionário, ou seja, 37%, declaram não possuir qualquer 100 intenção de trocar seu veículo, independentemente de quanto afeto declara ter por seu veículo atual. Numa leitura mais otimista, entretanto, verifica-se que 34 participantes da pesquisa declaram ter, ao menos, uma pequena intenção de trocar o seu veículo atual, tais clientes representam 63% do total de indivíduos que compuseram o corpo amostral, tal como destacado em cor amarela na tabela apresentada da amostra, e estes números de apresentam, predominantemente, em indivíduos que exprimem o seu grau de afeto acima do terceiro ponto escalar de uma máxima de 6 pontos. Outro ponto importante a ser ressaltado é que todos aqueles que apresentaram um grau de afeto máximo, ou seja, igual a 6, apresentaram uma forte intenção de trocar seu veículo por um novo. A Figura 18 apresenta o coeficiente de correlação encontrado entre as variáveis Risco percebido pelo cliente em trocar seu veículo atual e a variável Intenção de trocar de veículo. Spearman's rho Vontade_de_trocar Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N Risco Correlation Coefficient Sig. (2-tailed) N Vontade_de_trocar 1,000 Risco -,102 . ,462 54 54 -,102 1,000 ,462 . 54 54 Figura 18- Correlação entre Risco percebido e Intenção de trocar de veículo Fonte: Dados da pesquisa Observou-se na Figura 18 que o coeficiente de correlação apresentado entre as variáveis foi de -0,102, o qual pode ser considerado fraco e negativo. A Tabela 15, então, apresenta a incidência de respondentes na relação entre estas mesmas variáveis. 101 Tabela 15- Relação entre Risco percebido e Intenção de trocar de veículo RISCO INTENÇÃO DE TROCAR DE VEÍCULO Não Tenho Tenho Tenho Tenho tenho uma uma bastante muita FREQUENCIA nehuma pequena intenção intenção intenção intenção intenção mediana Risco Financeiro Risco Psicológico Risco Performance Risco Físico Risco Psico/Finan Risco Perfor/Finan Risco Físico/Finan Não Apresenta Total 10 5 6 5 4 30 0 5 3 1 1 3 2 2 1 1 13 1 1 2 1 1 1 2 1 20 11 8 7 1 5 8 54 Fonte: Dados da pesquisa Através da Tabela 15 percebe-se que 30 respondentes perceberam o risco financeiro como o maior impeditivo para a troca do seu veículo e, destes, 10 não apresentaram nenhuma intenção de trocar seu veículo atual, o que corresponde a 33% dos clientes que percebem o mesmo tipo de risco relativo a uma possível troca. Entretanto, os componentes da amostra que não demonstraram qualquer percepção de risco totalizaram apenas 5 indivíduos e, destes, somente 1 não apresentou nenhuma intenção de trocar de veículo. 102 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A proposta deste trabalho foi a de realizar um estudo sobre o comportamento do consumidor da concessionária de automóveis Hai Automóveis Ltda, buscando analisar o processo de decisão de compra por uma determinada categoria de produto que, neste caso, são os automóveis de médio e alto luxo, como os comercializado na empresa adotada como foco deste estudo. O processo de compra de produtos de alto valor agregado, como os automóveis, é considerado complexo e sujeito a um grande número de influências, dentre elas, influências individuais como a personalidade do indivíduo, seus valores pessoais e seu estilo de vida. Variáveis ambientais, tais como aquelas advindas das integrações com o ambiente, como a cultura, a classe social, o papel do indivíduo no escopo familiar, as influências pessoais e situacionais, e, por fim, as influências dos processos psicológicos, também levam o consumidor ao processamento, a aprendizagem e a mudança de comportamentos de consumo. Um dos questionamentos propostos residia em verificar como o envolvimento e o afeto poderiam influenciar na intenção de trocar de veículo, determinando a necessidade de fazer análises de correlação entre variáveis como: a) o perfil dos componentes da amostra; b) o seu grau envolvimento com a categoria de produtos “automóvel”; c) o seu grau de afeto como o automóvel que já possui; d) o risco percebido numa possível troca do seu veículo atual e; e) sua intenção de trocar o veículo que já possui por um novo. Estes fatores remeteram ao objetivo de caracterizar o perfil dos clientes da Hai Automóveis. Estes foram identificados por indivíduos adultos e maduros, os quais 75% apresentam idade entre 35 e 64 anos, 85% são homens e 53% apresentam uma renda familiar entre R$8.000,00 e R$30.999,00, podendo ser considerados como consumidores com alto poder de compra. Outra característica que também influencia na decisão de compra é o nível de escolaridade, sendo que, neste caso, percebeu-se que 78% estão cursando ou terminaram o nível superior e 29,63% estão pós-graduados. Para o estudo do comportamento do consumidor, porém, estas informações não são suficientes, cabendo então buscar as características do perfil referente ao estilo de vida e valores de tais indivíduos, o que ocorreu com o auxilio do modelo 103 VALS 2. Os clientes da Hai Automóveis, de acordo com os resultados obtidos, são orientados por princípios, o que os leva a decidir pela compra a partir de suas crenças e não por influência de terceiros. O estilo de vida predominante da mostra, de acordo com a classificação pela VALS 2, foi o de clientes denominados como Satisfeitos, o que, de certa forma, é confirmado pela idade, poder aquisitivo e formação educacional destes indivíduos, uma vez que este estilo é caracterizado por pessoas maduras, confortáveis e reflexivas, que buscam por funcionalidade, valor e durabilidade dos produtos. É importante lembrar que estes atributos são a identidade da Toyota em seus produtos. O segundo perfil identificado foi o de Controladores que, por sua vez, são orientados por status, levam em consideram a opinião e o ponto de vista dos outros. Gostam de se sentir no controle da sua vida, preferem correr pouco risco e são orientados para a carreira. O envolvimento tem importante participação no processo de decisão, pois está diretamente relacionado com a motivação e com o interesse sobre determinado objeto: um cliente mais envolvido busca por mais informações para decidir. Os clientes que responderam ao questionário estão divididos entre médio envolvimento, com 46,30%, e alto envolvimento, com 44,44% dos respondentes. As informações que estão em posse dos indivíduos são importante componente das crenças dos consumidores, desencadeando suas atitudes. As atitudes são compostas pelas crenças de que o produto vai atender suas necessidades e pelos sentimentos existentes pelo produto ou a marca, pois os clientes sentem-se mais satisfeitos quando percebem sentimentos positivos e se sentem livres de sentimentos negativos, proporcionando atitudes mais favoráveis sobre o produto. A análise dos sentimentos dos clientes, identificados através do afeto por seu veículo usado, foi um objetivo também determinado e alcançado com êxito. Foi demonstrado que 65% dos clientes apresentam de baixo a médio afeto por seus veículos, e que semente 15% tem alto grau de afeto por seu veículo Toyota. Para a correlação das informações foi necessário analisar os fatores que estão diretamente relacionados com a situação, para isso buscou-se analisar quais os fatores são percebidos como risco, e que impediriam a troca do veículo atual por um novo. Identificou-se que o principal risco percebido pelo cliente é o financeiro, relacionado com a percepção de perda monetária, com uma participação de 55% dos respondentes da pesquisa. Na seqüência, identificou-se o risco de performance em segundo posto, com 24% dos respondentes, sendo que tal risco está relacionado 104 com comparação entre a performance esperada de um veículo novo quando comparado com a performance do veículo que já se possui. Ao caracterizar a intenção de trocar o veículo atual por um novo, percebeuse que 63% dos respondentes têm alguma intenção de trocar seu veículo, e esta freqüência está distribuída em diversos graus de intenção. O envolvimento com a categoria de produtos “automóvel” pode estar relacionado com o envolvimento afetivo emocional ou com o envolvimento cognitivo racional dos indivíduos. Embora o afeto apresentado nesta pesquisa não seja forte entre os cliente, constatou-se que a correlação existente entre este e o envolvimento é a mais forte entre todas as correlações apresentadas, com um índice de 0,403. Tal constatação sugere que o envolvimento primeiramente, antes de adquirir o primeiro veículo Toyota seja cognitivo, passando ser afetivo após as experiências, que comprovam a promessa realizada pela Toyota no momento da venda. O sentimento de afeto pelo veículo possuído é resultante da comprovação das informações levantadas durante o processo de compra, correspondendo ao perfil dos clientes da Toyota, que tem características de reflexivos e cautelosos, quanto aos riscos decorrentes de uma má compra. Ao possuir o veículo encontra nele suas necessidades, valores e auto definições, justificando o afeto apresentado na pesquisa. Outro fator relacionado ao envolvimento é o risco percebido pelo cliente. Esta característica é marcante no perfil tanto nos clientes Satisfeitos, pois são reflexivos e buscam funcionalidades, como também nos Controladores, que não gostam de correr risco. A correlação comprovada através do coeficiente de -0,226, mesmo que fraca, demonstrou que quanto mais envolvidos com a categoria de produtos automóveis, menos riscos os respondentes percebem em uma possível troca dos seus automóveis por um novo. Por fim, o envolvimento que o cliente possui com a categoria de produtos também está fracamente associado com a sua intenção de comprar um veículo novo, tal como verificado a partir de um coeficiente de 0,275. Tal coeficiente sugere que quanto maior for o envolvimento do indivíduo pela categoria de produtos “automóvel”, maior é a sua intenção de trocar seu veículo atual. O Afeto, além de estar relacionado com envolvimento, está associado também com outras variáveis como o risco, sendo que os clientes que apresentam menor sentimento de afeto pelo seu carro percebem o risco financeiro como o mais 105 importante na hora de trocar seu veículo, ao passo que quanto maior for o afeto, mais evidente se torna a percepção de riscos relacionados à performance. O afeto como o envolvimento está relacionado com a intenção de trocar o veículo atual, embora seja um grau muito sutil de correlação, apresentando um coeficiente positivo de 0,171, sugere que sejam diretamente proporcionais. Porém, as relações estabelecidas evidenciam que 75% dos clientes da amostra que apresentaram o grau máximo de afeto apresentaram muita intenção de trocar seu veículo. A correlação do risco com a vontade de trocar de veículo apresentou um coeficiente negativo de -0,102, embora esta correlação seja muito fraca, a literatura fortalece a afirmação de que quanto maior for o risco percebido na troca de um veículo usado, menor se apresenta a intenção de consumar este ato. Este estudo, por fim, possibilitou interpretar como o descarte do produto, através da troca, pode influenciar a compra de um novo. Foi identificado que durante o consumo os clientes desenvolvem níveis de apego através do afeto pelo produto consumido, embora neste trabalho não tenhamos dados comparativos com outras categorias de produto, para comparar o grau de afeto, percebe-se que ocorre no caso do veículo usado Toyota um afeto de médio grau a alto. O afeto está diretamente relacionado com a vontade de trocar de veículo, e inversamente com o risco percebido pelo cliente para trocar de veículo, mas é importante perceber que quanto mais afeto, mais os clientes se preocupam se o novo produto vai apresentar melhores características de performance, advindas na satisfação de encontrar um veículo que seja sua autodefinição, em funcionalidade e valores. Os clientes da Hai Automóveis apresentaram um alto grau de envolvimento com a categoria de produtos pesquisada, o que permite sugerir a predominância de um envolvimento afetivo devido à forte correlação entre as varáveis afeto e envolvimento. Receber informações detalhadas e alinhadas às suas expectativas em relação ao seu carro Toyota, ou mesmo estimular o afeto pelo seu carro atual, poderá diminuir o risco percebido num ato de troca, o que poderia potencializar esta intenção. Outra conseqüência do aumento do afeto, é que o percepção do cliente de risco passa de financeira para de performance, sendo que está é mais fácil de ser influenciada, diminuído a percepção de risco e promovendo a decisão de compra. Conhecendo estas associações deve-se explorar no momento da venda informações que transmitam ganho de valor, durabilidade e funcionalidade, na troca do veículo atual por um veículo Toyota novo. 106 4.1 Conclusão Os objetivos determinados neste trabalho foram alcançados com êxito, colaborando para constatar que o envolvimento com a categoria automóveis está relacionado com o afeto que o cliente sente por seu veículo usado, influenciando no comportamento do consumidor através da percepção do risco de trocar seu veículo atual por um novo, além de estar diretamente relacionado com a intenção de trocar o veículo usado por um novo. A metodologia utilizada foi adequada para o trabalho desenvolvido. O nível de pesquisa exploratório colaborou através da liberdade de investigação das variáveis envolvidas. As correlações que foram apresentadas poderiam ter sido potencializadas caso o corpo amostral adotado para o estudo tivesse sido mais representativo em termos numéricos. Este fato acorreu devido à dificuldade de acesso aos clientes da Hai Automóveis justamente pelo fato de serem pessoas de alto poder aquisitivo, na sua maioria, profissionais liberais ou empresários, e terem pouco tempo para participar da pesquisa. Outro fatore foi o tempo disposto em algumas fases do trabalho ocasionado pelas situações envolvidas no dia-a-dia de uma organização. Os resultados obtidos atenderam as expectativas do aluno orientando para futuros estudos na área do comportamento do consumidor, além de ter colaborado para o conhecimento profissional, para seu desempenho no mercado de trabalho em que está inserido, através de compreensão das variáveis que influenciam a decisão de compra dos clientes. A Hai Automóveis, através dos resultados, poderá desenvolver novos procedimentos quanto ao atendimento do cliente. Através do conhecimento dos fatores que o influenciam no processo de decisão de compra, facilitando a troca de veículos usados. Para a UNIVALI o trabalho colaborou com a inovação do conhecimento acadêmico, na exploração de uma área a qual a universidade tem interesse de desenvolver futuras pesquisas. Os novos conhecimentos advindos do encontro da Academia com o Profissional promovem o crescimento de uma sociedade empresarial mais preparada para o futuro. 107 Por fim este trabalho sugere novos estudos, com amostras mais expressivas fortalecendo os resultados encontrados, promovendo maior compreensão a respeito do comportamento do consumidor. As organizações podem através de pesquisas como esta, facilitar e auxiliar o processo de decisão de compra utilizando o novo conhecimento para o desenvolvimento de novas ferramentas, voltadas para gerar e aumentar do afeto pelo produto de posse do cliente, como: serviços de pós-venda e cuidados para o recebimento dos veículos entregues na troca. Aumentando o relacionamento com o cliente ao apresentar os mesmos sentimentos de afeto e valores pelo veículo recebido. 108 REFERÊNCIAS AAKER, David A. Criando e administrando marcas de sucesso. 3. ed . São Paulo: Futura, 2001. AAKER, David A; KUMAR, V; DAY, George. Pesquisa de marketing. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. ANFAVEA. Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores Brasil. Emplacamento de veículos novos 2007. Disponível em:< http://www.anfavea.com.br/tabelas2007/autoveiculos/Licenciamento.pdf> Acessado em: 02 fevereiro 2009 AMBRADE, Rui Otávio B; AMBONI, Nério. 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