15 CBCENF Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem CUIDADO E PROTEÇÃO DA VIDA. ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM ENFERMAGEM • VULNERABILIDADE SOCIAL • DETERMINANTES DE VIDA E TRABALHO CONHECIMENTO E EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO PORTADORES DE HANSENÌASE Jocerlania Maria Dias de Morais1 Thaiza Ferreira costa2 Elizângela Ferreira Da Silva3 Amanda Maritsa de Magalhães Oliveira 4 Carla Braz Evangelista 5 RESUMO: este estudo teve como Objetivo investigar atitude do paciente com hanseníase frente às complicações da doença. A pesquisa é do tipo exploratório-descritivo, que visa identificar conhecimento e experiência de portadores de hanseníase com relação sua doença. O estudo foi realizado no município de Catolé do Rocha, Estado da Paraíba, na Unidade de Saúde da Família da Varsea, a coleta de dados ocorreu nos meses de março e abril de 2006. Levaram em consideração os aspectos éticos da pesquisa com seres humanos. sobre as informações dos pesquisados quando questionados sobre o que eles conhecem a respeito da hanseníase, 20% (2) relataram respectivamente, que a doença tem cura; e que 20% (2) tem tratamento; e 10% (1) é transmissível; 20% (2) deixa sequelas; 20% (2) tem lepra; e 10% (1) não sabe; o que causa a hanseníase, 7 (70%) das pessoas citaram como causa a bactéria; 10% (1) relatou vírus e 20% (2) disseram não saber; De acordo com a análise 100% dos participantes mostraram-se terem conhecimento do tratamento da hanseníase; foram analisados as respostas dos entrevistados quando perguntados sobre qual orientação foi passada durante o tratamento; 40% (4) das pessoas afirmaram o uso de medicação correto; 20% (2) disseram não poder beber; a mesma quantidade o uso de medicação correto não transmite a doença e 20% (2) relataram não lembrar . Recomendam-se maiores reflexões e sensibilização das equipes de saúde visando consolidar e ampliar o modelo de assistência humanizada aos portadores de hanseníase preconizada pelo o Ministério da Saúde. Palavra chave: Hanseníase. Paciente. Doença. 1 Jocerlania Maria Dias de Morais Graduação em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem Nova Esperança (FACENE). Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Bioética - NEPB/UFPB. Supervisora de Estágios da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança (FACENE). Enfermeira Socorrista do Shopping Center Tambiá. Email: famí[email protected]. 2 Thaisa Ferreira costa. Enfermeira Especialista em Terapia Intensiva pela Faculdade Integrada de Patos-FIP. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Bioética - NEPB/UFPB e Enfermeira Socorrista do Shopping Center Tambiá. Email: [email protected] 3 Elizângela Ferreira Da Silva. Graduação em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem Nova Esperança (FACENE). Email: [email protected] 4 Amanda Maritsa de Magalhães Oliveira. Enfermeira. Mestranda do PPGENF. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Bioética - NEPB/UFPB. Email: [email protected] 5 Carla Braz Evangelista. Enfermeira.Aluna especial de mestrandp do PPGENF. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Bioética - NEPB/UFPB. Email: [email protected] INTRODUÇÃO As doenças transmissíveis (DTs) constituem grandes problemas de Saúde Pública no Brasil, sendo responsáveis por elevadas taxas de morbidade e mortalidade em nosso meio. Em 1995, constatou-se um coeficiente de mortalidade de 24,81 (por 100.000 habitantes) por essas doenças. Esses índices devem-se à associação de fatores sociais, políticos, econômicos e geográficos. Dentre as DTs, destaca-se a hanseníase, por representar uma das patologias mais preocupantes a nivel mundial e, especificamente no Brasil por ser o segundo país em casos de hanseníase. A cada ano são diagnosticados no país em torno de 43.000 casos novos da doença e a taxa de prevalência atual gira em torno de 4/10.000 hab.1 A hanseníase é também conhecida popularmente como morféia, mal morfético, mal de São Lázaro e peste negra, é uma doença infecto-contagiosa de evolução crônica, tendo como causa um bacilo álcool-acidorresistente dotado de baixa patogenicidade, que tem como preferência a pele e o sistema nervoso periférico, pode também invadir as mucosas nasais, orofaríngea, olhos e vísceras, limitando ou mesmo impedindo as atividades profissionais e sociais do paciente.2 As condições sócio-econômicas têm um papel significativo para o contágio da doença, uma vez que a miséria, a falta de higiene, a promiscuidade e uma alimentação deficiente pode ser um fator decisivo para se contrair a hanseníase, visto que os mais afetados são a população de baixa renda.2 Responsabilizou-se o clima como tendo um papel considerável na disseminação da doença, porque os países onde a Hanseníase é endêmica se localizam nas áreas onde o clima é tropical ou subtropical. Mas essa distribuição está mais ligada às condições sócio-econômicas do que climáticas visto que, na Noruega, que é um país frio, a Hanseníase atingiu altas prevalências na última metade do século XVIII e a doença só terminou com a melhora das condições sanitárias da população e do seu nível de vida.3 De certa forma o clima exerce influência no agravamento do número de casos, pois sabemos que o frio é bacteriostático, e na presença deste as bactérias ficam em latência, já em países de clima tropical bastante quente causando um aumento no metabolismo do bacilo, porém esses fatores são considerados de pouca importância, haja vista que a Hanseníase está mais relacionado às condições sócio-econômicas e a resistência individual de cada organismo. As ações preventivas no paciente com Hanseníase consistem no diagnóstico precoce, tratamento específico, complementar das reações e auxiliar das intercorrências; educação sanitária, fisioterapia, exercício, prótese, cirurgias reparadoras, readaptação vocacional e profissional. A ação na comunidade, através da educação em saúde, transforma a alienação e a aceitabilidade da doença. É necessário ainda que se encare a hanseníase como ela realmente é, uma doença grave, potencialmente incapacitante e contagiosa, embora com baixa patogenicidade, e que se situa, por sua alta prevalência, entre as endemias nacionais de maior importância, sendo, pois, um dos mais sérios problemas de Saúde Pública enfrentados pelo Brasil.1 Com o auxílio de medidas terapêuticas eficazes, está se realizando um trabalho coordenado e intenso para controlar a Hanseníase em nosso país, fazendo com que o Brasil irmanado a outras nações e informatizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), consiga atingir a meta de eliminar a doença como um problema de saúde pública logo na primeira década do século XXI.4 Acredita-se que, a falta de conhecimento sobre a informação e o tratamento desta enfermidade só tem contribuído para o aumento do número de casos. Esta situação é lamentável haja vista que o tratamento tem sua maior eficácia quando feito adequadamente, pois a utilização incorreta ou suspensão do mesmo, contribui para uma maior resistência medicamentosa e à persistência do bacilo de Hansen. É dentro desse quadro paradoxal de desinformação que surge o preconceito, fazendo com que a população trabalhe com arcaicos tipos ultrapassados ligados à lepra, trazendo a tona, toda uma história de mutilação, isolamento e discriminação social. Mesmo com a realização de campanhas e informações sobre o tratamento, tem se observado o surgimento de novos casos, principalmente nas comunidades mais carentes, onde a miséria e a falta de educação contribuem para a disseminação da doença, o que constitui hoje um grave problema de Saúde Pública. O controle adequado da doença é de extrema importância para o paciente com hanseníase, possibilitando assumir maior responsabilidade no seu tratamento e nos cuidados inerentes ao seu bem-estar. Para se obter um bom resultado, o individuo precisa está bem informado sobre a sua doença e suas complicações e proceder a uma mudança de comportamento frente a ela. Tão importante quanto isto é a conscientização dos pacientes acerca das incapacidades e deformidades físicas para que não venham a agravar ainda mais os estigmas e preconceitos que os pacientes com hanseníase se deparam diante da sociedade. Há uma preocupação constante com a desmistificação da hanseníase, pois a ignorância e o preconceito ainda persistem na mente de pessoas desinformadas. Isso só vem a agravar a doença e contribuir para o retardamento das ações curativas de saúde, e assim, agravando a taxa de prevalência e incidência, ou seja, um grande número de casos é constante e novos casos surgem todos os anos, no Mundo e no Brasil. Conhecer a doença pode fazer toda a diferença para não prejudicar o convívio social. Pois o medo e o preconceito ainda assombram as pessoas e podem até atrapalhar o seu tratamento e controle. Por isso, é importante difundir o conhecimento entre os pacientes e a todas as pessoas, pois cada uma pode contribuir de forma significativa para o controle de hanseníase. Vale ressaltar que a meta estabelecida pelo governo brasileiro, em 1991, referida pelo Ministério da Saúde em 2000, em compromisso internacional assumindo eliminar a hanseníase até 2005, não foi cumprido o que significaria alcançar um coeficiente de prevalência de menos de um doente em cada 10 mil habitantes.1 Uma das motivações para realização desta pesquisa é, o interesse em aprofundar meus conhecimentos a cerca da hanseníase e desvelar os conhecimento e experiências de um grupo de portadores dessa patologia. Considera-se que a educação para o autocuidado do paciente com hanseníase é essencial na responsabilização e capacitação deste com a sua terapêutica e indispensável para que o mesmo possa assumir atitudes coerentes com a nova realidade imposta pela doença. Diante desse contexto, questiona-se: Quais conhecimentos possuem o indivíduo com essa patologia? Qual a atitude do paciente com hanseníase para o enfrentamento frente às complicações dessa doença? Espera-se que o estudo possa trazer contribuições para o ensino com dados que poderão ser utilizados no processo educativo; para pesquisa com achados novos a serem aprofundados em pesquisas posteriores; para a extensão, com projetos envolvendo a clientela estudada e para minha atuação profissional com conhecimentos que favoreçam uma ação profissional mais seguro e eficiente voltada para assistência à clientela específica. E teve por objetivo investigar atitude do paciente com hanseníase frente às complicações da doença. METODOLOGIA Trata-se de um estudo exploratório e descritivo. Os estudos exploratórios são desenvolvidos com objetivo de proporcionar visão geral de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Esse tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipótese precisa e operacionalizáveis.5 Define o estudo descritivo como um tipo que permite ao pesquisador a obtenção de uma melhor compreensão do comportamento de diversos fatores e elementos que influenciam determinado fenômeno.6 O estudo foi realizado no município de Catolé do Rocha - PB, Estado da Paraíba, na Unidade de Saúde da Família da Varsea. A escolha por este local foi decorrente da comunidade existir um número considerável de portadores de hanseníase e ser campo de Estágio Rural Integrado da FACENE, o que facilitou o acesso da pesquisadora. A população deste estudo foi constituída por todos os portadores de hanseníase cadastrados na referida Unidade de Saúde. A amostra foi constituída por 10 portadores de hanseníase, sendo 5 do sexo feminino e 5 masculino que desejaram e tiveram disponibilidade de tempo para participar do estudo. Para a seleção da amostra foram elaborados os seguintes critérios: Aceitar vonlutariamente participar do estudo; Estar consciente e orientado no tempo e no espaço; Estar na faixa etária acima de 18 anos de idade. No desenvolvimento do estudo foram obedecidos os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, preconizados pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que trata do envolvimento direto ou indireto com seres humanos em pesquisa.7 Assim como a Resolução COFEN No 240 que disciplina o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.8 Pelas características deste estudo, o instrumento utilizado foi um roteiro de entrevista estruturado, com perguntas abertas e de múltipla escolha acerca dos dados sócio-econômicos do entrevistado e questões norteadoras acerca da hanseníase. O mesmo foi validado por dois enfermeiros/docentes. A análise dos dados foi realizada através de um enfoque nos métodos quantitativo e qualitativo a partir dos registros no instrumento e discutido à luz da literatura pertinente. Para análise quantitativa foram tratados estatisticamente demonstrados em tabelas e gráficos. A análise quantitativa significa quantificar dados, opiniões, empregando recursos e técnicas estatísticas, sendo muito utilizado nas pesquisas descritivas, na qual se busca descobrir e classificar a relação entre variáveis.6 O método qualitativo aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não compatíveis em equações, médias e estatísticas.9 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nesse capítulo foram discutidos e analisados os dados relacionados aos conhecimentos e atitudes de um grupo de portadores de hanseníase. O mesmo foi estruturado sobre as questões norteadoras sobre a hanseníase. Para avaliar o conhecimento e experiência dos participantes do estudo acerca da hanseníase foram utilizadas sete categorias: conhecimento sobre hanseníase, causa da hanseníase, tratamento, riscos oferecidos pelo tratamento, informação sobre o tratamento, expectativa a respeito do tratamento, convívio familiar e social. Estas categorias estão apresentadas com suas respectivas subcategorias, articuladas ao referencial teórico adotado na investigação. Tabela 1- Distribuição dos participantes do estudo segundo o que conhecem sobre hanseníase Categorias Conhecimentos Subcategorias Nº % Tem Cura 2 20 Tem Tratamento 2 20 Transmissível 1 10 Deixa Seqüelas 2 20 Lepra 2 20 Não Sei 1 10 10 100 Total Analisando a Tabela sobre as informações dos pesquisados quando questionados sobre o que eles conhecem a respeito da hanseníase, 20% (2) relataram respectivamente, que a doença tem cura; e que 20% (2) tem tratamento; e 10% (1) é transmissível; 20% (2) deixa sequelas; 20% (2) tem lepra; e 10% (1) não sabe. Ministério da Saúde define-se a hanseníase como uma doença infecto contagiosa de evolução lenta causada pela Mycobacterium Leprae, ou bacilo de hansen, que é um parasita intracelular obrigatório com alto poder de infectividade e baixa patogenicidade, isto é, infecta muitas pessoas, no entanto só poucas adoecem.1 10% 20% Não sabe 70% Bactéria Vírus Gráfico 1- Distribuição dos participantes do estudo segundo a causa da hanseníase De acordo como gráfico 1 o que causa a hanseníase, 7 (70%) das pessoas citaram como causa a bactéria; 10% (1) relatou vírus e 20% (2) disseram não saber. Em conceito de bactéria, os entrevistados citaram que os portadores de hanseníase têm maior risco de adquirir a doença pela transmissão bacteriana. 100% Tratamento Gráfico 2- Distribuição dos participantes do estudo segundo o que conheciam sobre o tratamento da hanseníase De acordo com a análise do gráfico 2, 100% dos participantes mostraram-se terem conhecimento do tratamento da hanseníase. Com o tratamento de acordo com a classificação da doença: na paucibacilares - Rifampicina: uma dose mensal de 600mg supervisionada e Dapsona: uma dose mensal de 100 mg supervisionada e uma dose diária auto-administrada, e na multibacilares - Rifampicina: uma dose mensal de 600mg supervisionada; Dapsona: uma dose mensal de 100 mg supervisionada e uma dose diária auto-administrada e Clofazimina: uma dose mensal de 300mg supervisionada e uma dose diária de 500 mg auto-administrada. 40% 35% 40% Uso de medicação correto 30% Não ingerir bebidas alcoolicas 25% 20% 15% 10% 20% 20% 20% Doença tem tratamento Não sei 5% 0% Gráfico3 - Distribuição dos participantes do estudo segundo informações durante o tratamento da hanseníase O gráfico 3 foi analisado as respostas dos entrevistados quando perguntados sobre qual orientação foi passada durante o tratamento; 40% (4) das pessoas afirmaram o uso de medicação correto; 20% (2) disseram não poder beber; a mesma quantidade o uso de medicação correto não transmite a doença e 20% (2) relataram não lembrar. Segundo o Ministério da Saúde, na assistência ao paciente com hanseníase, deve-se discutir com o mesmo, sempre que necessário todas as questões inerentes a sua doença e ao seu tratamento, visando com isso aquisição de saber por parte do enfermo, no que diz respeito à conduta medicamentosa adotada.11 Não basta apenas capacitação profissional, é preciso ensinar sobre o auto cuidado, visto que com o cidadão instruído sobre o tratamento, ele seguirá com mais rigor a terapêutica adotada. E assim evitará possíveis complicações que acometem a muitos quanto da busca de uma assistência tardia, tornando-se um disseminador em potencial da enfermidade. Mostra que todos os entrevistados acreditam no tratamento, portanto, ouve uma concordância com a literatura. Para a Organização Pan-Americana de Saúde, de um modo geral, pacientes deveriam procurar atendimento médico voluntariamente e mesmo com persistência do caso, devem ser motivados a continuar no tratamento, mesmo que a esperança na conduta terapêutica esteja abalada, devido às dificuldades e o longo período das medidas curativas. O paciente precisa aprender a ver a hanseníase como uma doença curável para todos os casos e que o sucesso da terapêutica depende principalmente dele, pois caso contrário teremos uma desmotivação crescente. E com isso o fator cura passa a ser visto negativamente. É preciso também que sejam aplicados mais investimentos por parte do governo, garantindo a população a melhores condições de vida e de assistência à saúde.12 A mudança depois da descoberta da hanseníase, convívio social e familiar e diferença no dia a dia. Diante destes dados foram analisadas as unidades de análises, onde foi possível ver que os pacientes aceitaram a doença, e procuraram adaptar-se com o tratamento e com os diferentes tipos de rotina na adaptação do problema e medicação. Foi visto que ainda existe preconceito entre a família/sociedade. Assim como também, a mudança no trabalho e as seqüelas deixadas por essa doença. A hanseníase é uma doença milenar que carrega consigo traços marcantes que a caracterizam como doença estigmatizante e detentora de muitos preconceito.13 CONSIDERAÇÕES FINAIS Existe ainda muita coisa a ser aprendida sobre a assistência ao portador de hanseníase, mas para isso é de extrema importância que haja uma participação contínua dos profissionais de saúde junto à comunidade e para o enfermeiro este deve utilizar cada contato mantido durante o cuidar, para reunir informações que revelem o estado de saúde dessa clientela. Devemos fazer uso das informações contidas e lançar mão de um exame detalhado e cuidadoso das partes do corpo o que poderá ajudar a revelar a natureza e a extensão de quaisquer anormalidades. É preciso que o portador dessa doença esteja informado e que obedeça a terapêutica adotada para o seu problema, pois caso contrário ele pode se tornar um fator em potêncial para o agravamento e disseminação da enfermidade. À medida que o profissional dar ênfase a educação em saúde e dar ouvidos as queixas do cliente, o exercício da enfermagem será mais gratificante, pois estará mais habilitado o trabalhar como parte de uma equipe multiprofissional que toma decisões visando a melhora dos padrões de vida da população. Quanto maior for sua capacidade de executar avaliações continuas, objetivas e compreensíveis melhor será a qualidade de enfermagem prestada. Para a caracterização sócio-demográfica da amostra, os resultados demonstraram que dos dez portadores entrevistados, 50% eram do sexo feminino e 50% masculino. O estado civil, a grande maioria (60%), casado. A idade mais predominante (50%) foi a faixa etária compreendida entre 31 a 43 anos de idade. A escolaridade de maior prevalência (50%), tinha o ensino fundamental incompleto. Quanto à renda familiar, a grande maioria (70%) ganha até um salário mínimo. Para avaliar o conhecimento e atitude dos portadores de hanseníase as respostas dos entrevistados apontaram que os mesmos têm conhecimento a cerca do seu problema; 70% responderam que a hanseníase é causada por a uma bactéria; reconhecem a importância do tratamento; procuraram adaptar-se com o tratamento e com os diferentes tipos de rotina na adaptação do problema; reconhecem as seqüelas deixadas por essa doença como o preconceito entre a família/sociedade. Os dados encontrados neste estudo são subsídios para reflexões e sensibilização das equipes de saúde consolidar e ampliar o modelo de assistência humanizada aos portadores de hanseníase preconizada pelo o Ministério da Saúde. O presente trabalho possibilitou o aperfeiçoamento do nosso conhecimento sobre a importância e a necessidade de uma abordagem, tendo em vista uma assistência holística em que o relato do hanseniano se faz necessário para compreensão e erradicação da moléstia. É preciso que haja preparo significante para todos os envolvidos na rotina de cuidados ao portador de hanseníase, tendo em vista que as mudanças são abruptas, inesperadas e irreversíveis, inserindo toda a família, amigos, profissionais de saúde, e o próprio cliente, em um plano complexo onde a disseminação do saber possa atingir as dimensões físicas, mental e social do enfermo. REFERÊNCIAS 1. Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes Nacionais para a elaboração de programas de capacitação para a equipe de saúde da rede básica atuar nas ações de controle da hanseníase. Brasília, DF, 2000. 2. Sousa, M. Assistência de Enfermagem em Infectologia. São Paulo: ed Atheneu, 2002. 3. Cucé. L, C; Festa Neto, C. Manual de Dematologia, Rio de Janeiro: Atheneu,1990. 4. Organização Mundial da Saúde (OMS). Guia para eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública. 2000. 5. Gil, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. p. 43. 6. Oliveira, S. L. de. Tratado de metodologia científica. São Paulo: Pioneira, 1997. p.114 7. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde, Resolução 196, de 10 de outubro 1996 – Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, 19 96a. 8. Conselho Federal de Enfermagem. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Resolução 240 em 30 de agosto de 2000. 9. Minayo, M.C.S. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. 10. BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância Epidemiológica. Hanseníase. 2001. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/svs/epi/hanseniase/hansen_00.htm> Acesso em: 14 set 2005. 11. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia de controle da Hanseníase. Cadernos de Atenção Básica no 101 ed. Brasília, 2002. 12. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Escritório Regional da OMS. Manual para controle da Hanseníase. Publicação científica nº 436. Washington (E.U.A.), 1983. 13. MONTENEGRO. C. DA S. Hanseníase: um foco a avaliação do estigma. João Pessoa, 2003. (Trabalho de Conclusão de Curso). Graduação em Enfermagem – Universidade Federal da Paraíba.