1 Hospital do Servidor Público Municipal UVEÍTE ANTERIOR E ARTRITE, RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA TÚLIO CÉSAR RÊGO GOMES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de Residência Médica do Hospital do Servidor Público Municipal, para obter o título da Residência Médica. Área: Clínica Médica. Orientadora: Dra. Maria Vitória São Paulo 2012 2 FICHA CATALOGRÁFICA GOMES,Túlio César AUTORIZO A INCLUSÃO INTEGRAL DO TCC DE MINHA UVEÍTE ANTERIOR E ARTRITE, RELATO DE CASO REVISÃO DA AUTORIA NA BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE DOEMUNICÍPIO LITERATURA / Túlio César Rêgo Gomes – São Paulo 2012. DE SÃO PAULO. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Comissão de ______________________________ Residência Médica do HSPM-SP, para obter o título de Residência Túlio César Rêgo Gomes Médica, na área de Clínica Médica. Residente de Clínica Médica Descritores: 1. LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO. 2. UVEÍTE ANTERIOR. São Paulo __/__/__ 3.ARTRITE. 4.SARCOIDOSE. 5. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL. 3 Agradecimentos À Dra. Maria Vitória pela colaboração para a realização deste trabalho. 4 Resumo em português Introdução: A uveíte anterior é definida como a inflamação da uvea, que consiste da íris, corpo ciliar e coroide. Sua inflamação pode ser causada por agentes infecciosos como herpes simplex e sífilis, mas são mais frequentes as causas não-infecciosas como as auto-imunes. Várias são as doenças reumatológicas que cursam com uvéite e artrite simultaneamente. O Lúpus eritematoso sistêmico raramente é causa de uveíte Relato de caso: ADL 49 anos, há dois meses com artrite em articulações Interfalangianas proximais, metacarpofalangianas, punhos,joelhos, bilateral e simétrico. Como queixa sistêmica apresentou úlcera oral e reclamou de borramento visual, dificuldade de enxergar ( principalmente com o olho esquerdo) sendo diagnosticado uveíte anterior. Resultado laboratorial apresentou FAN e anti DNA- dupla hélice positivo. Discussão: Das várias doenças reumatológicas que cursam com artrite e uveíte anterior, LES é uma das causas mais raras de ocorrer. Abordamos outras causas possíveis e diagnósticos diferenciais. No relato em questão o paciente confirmou diagnóstico de lúpus e teve melhora com tratamento especifico. PALAVRAS-CHAVES: Lúpus eritematoso sistêmico, LES, uveíte anterior, artrite. 5 Summary Introduction: The anterior uveitis is defined as inflammation of the uvea, consisting of iris, ciliary body, and choroid. Its inflammation may be caused by infectious agents such as herpes simplex, syphilis, etc., but are the most common non-infectious causes such as autoimmune diseases. There are several rheumatic diseases with uveitis and arthritis simultaneously. Systemic lupus erythematosus is rarely the cause of uveitis. Case report: ADL 49 years, two months ago initiated with arthritis in proximal interphalangeal joints, metacarpophalangeal, wrists and knees, bilateral and symmetrical. As systemic symptoms presented oral ulcer e and complained of blurred vision, difficulty seeing (especially with the left eye) being diagnosed anterior uveitis. Lab results showed ANA and anti-double-stranded DNA positive. Discussion: Of the various rheumatic diseases whit arthritis and anterior uveitis LES is one of the rarer causes to occur. We discuss other possible causes and differential diagnoses. In this case report improves with the patient was diagnosed with lupus and specific therapy. KEY WORDS: Systemic lupus erythematosus, SLE, anterior uveitis, arthritis 6 Sumário 1. Relato de caso...............................................p. 8-13 2. Discussão......................................................p. 13-20 3. Referências Bibliográficas.............................p. 21-22 7 Relato de caso. ADL 49 anos, branco , natural e procedente de São Paulo capital, auxiliar administrativo. Seu trabalho consiste basicamente em preencher formulários e digitar documentos. Paciente foi internado neste hospital com queixa principal de dor nas mãos há 01 ano. De caráter insidioso com dificuldade em exercer suas atividades no trabalho, com aumento de volume na região das articulações, das mãos e punhos. Apresentando dificuldades em retirar sua aliança do dedo. Há dois meses o edema foi acompanhado de dores em articulações Interfalangianas proximais, metacarpofalangianas, punhos, joelhos, bilateral e simétrico. Não apresentava rigidez matinal e a dor piorava ao movimento, melhorando com o repouso. Com limitação em exercer suas funções no trabalho, apesar do uso de analgésicos. Procurou o atendimento em vários prontos socorros e fez uso de paracetamol, dipirona, AINS( cetoprofeno, nimesulida, etc.) apenas com melhora parcial. Somente obteve alívio das dores com uso de betametasona injetável. Contudo, a melhora foi curta e com agravamento posterior. Como as crises estavam ficando cada vez mais frequentes, procurou o ambulatório da reumatologia, sendo então internado. Como antecedentes patológicos negava qualquer doença prévia e não fazia uso de qualquer medicação. Nunca realizou cirurgias e não possuía alergias. Ex- tabagista, parou há 11 anos, iniciou aos 20 anos com 01 maço de cigarros ao dia; ex-etilista durante 20 anos com consumo de destilados, também fez uso de drogas como cocaína, crack e maconha. Negou uso de 8 drogas injetáveis ou transfusões. Negou antecedestes familiares de qualquer câncer ou outra patologia. Na investigação dos diversos sistemas reclamou de borramento visual e dificuldade de enxergar, principalmente com o olho esquerdo, acompanhado de sensação de olho seco. Notou eritema e descamação em sobrancelhas nas 3 semanas antecedentes, além de pequenas feridas em orelha, nariz e boca. Apresentava queda de cabelo, negando queixas intestinais ou urinárias. Ao exame físico apresentava artrite nas articulações interfalangianas proximais, metacarpofalangianas, punhos e joelhos. Exibiu pequenas úlceras em mucosa labial e pavilhão auricular,apresentando conjuntamente alopecia difusa, eritema e descamação nas sobrancelhas.Fotos abaixo: Foto 1:cabelo antes da doença.(Foto feita pelo próprio paciente em 12/2010.) 9 Foto 2 : cabelo após doença.( Foto feita pelo autor na enfermaria do HSPM, durante a internação) Foto 3 : artrite de joelhos. (Foto feita pelo autor na enfermaria do HSPM, durante a internação) Foto 4 : artrite de punho. (Foto feita pelo autor na enfermaria do HSPM, durante a internação) 10 Foto 5: artite de interfalangianas proximais e metacarpofalangianas . (Foto feita pelo autor na enfermaria do HSPM, durante a internação) Avaliação laboratorial inicial do paciente que mostrou glicemia de jejum 72mg/dl; uréia 27mg/dl; creatinina 0,7 mg/dl; sódio 137 mg/dl; potássio 3,8 mg/dl; TGO 20U/L; TGP 10U/L; GGT 72 U/L; Fosfatase Alcalina 51 U/L; proteínas totais 7,5g/dl ; albumina 3,3 g/dl; bilirrubina total 0,5 mg/dl; Bilirrubina direta 0,3 mg/dl;. TTPA 29,9 segundos; TP 12,4 segundos, com INR 0,95; colesterol total 120 mg/dl; HDL 29; LDL 61, Triglicerídios 152. Resultado dos anticorpos e sorologias em tabela 01 : Anticorpos/antigeno FAN(padrão 11 1/1280 Anti-HIV NR Anti-DNA 1/80 HBsAg NR FR NR Anti-HBsAg <10 C3 26,4 Anti-Hbc total NR C4 1,9 VDRL NR Anti-TPO <10 homogêneo) Tabela 1. Outros exames: hemograma com hemoglobina 10g/dl, leucócitos 3100; 9% de bastonetes; 65% segmentados; 1,8% eosinófilos; 16,4% linfócitos. Plaquetas 327.000/mm3. VSH 87mm/h; PCR 0,4 mg/dl; TSH 8,75mUI/L; T4 livre 0,848ng/dL; PSA total 0,10 ng/dl; CEA negativo; CA125 < 20 u/L; alfafetoproteína 1,46mcg/L; ASLO 94,2. Urina 1 com PH 6,0; densidade 1010, proteinúria negativa, 1.000 eritrocitos por campo, 5.000 leucócitos por campo.Urina de 24 horas com clcr de 120ml/h, proteinúria ausente. Foi solicitado, ao departamento de dermatologia do nosso hospital, avaliação sobre quadro em sobrancelhas. O parecer apontou para dermatite seborreica e foi iniciado tratamento tópico com corticosteroide; foi constatado melhora com o tratamento. Da mesma forma, foi solicitado avaliação da equipe de oftalmologia, que constatou no olho esquerdo uveíte posterior, tendo como provável etiologia toxoplasmose. Concomitantemente, no mesmo olho, foi diagnosticado uma uveíte anterior. 12 O tratamento foi iniciado com pulsoterapia com metilprednisolona 1g/dia durante três dias. No terceiro dia, pós corticosteroide, o paciente iniciou alteração comportamental com agitação psicomotora, agressividade e impulsividade. Foi pesquisado vasculite cerebral com RNM de crânio; esta mostrou-se normal. Feito então hipótese de psicose secundário ao corticosteroide. Para o tratamento da uveíte anterior foi iniciado corticosteroide tópico e midriático, entretanto o paciente teve perda visual no olho esquerdo ficando com apenas 20% da capacidade visual. O tratamento sistêmico foi continuado com pulsoterapia mensal e prednisona 1mg/kg via oral. Ocorreu negativação dos auto-anticorpos e melhora do complemento( tabela 2). O paciente apresentou melhora completa da artrite, úlceras orais e da alopecia. Evolução temporal dos auto anticorpos e complemento. 09/2011 10/2011 11/2011 01/2012 03/2012 06/2012 FAN 1/1280 NR 1/80 NR NR NR Anti-DNA 1/80 1/80 1/20 NR NR NR C3 26,4 69,3 87,4 130 109 103 C4 1,9 9,4 9,22 22,9 20,7 23,3 dupla hélice Tabela 2 13 Discussão do caso clínico Considerando a apresentação clínica, decidimos fazer o diagnóstico diferencial baseado em doenças reumatológicas, concomitante de artrite e uveíte anterior. com apresentação Estes dois sintomas são muito frequentes na reumatologia e permitem um amplo espectro de doenças como diagnóstico(tabela 3). Doença mediadas imunologicamente mais associadas com uveíte. (1) Espondilite Anquilosante. Artrite reativa. Doença de Behcet. Sarcoidose. Sinovite granulomatosa familiar. Síndrome de Sweet’s. Doença inflamatória intestinal. Lupus eritematoso sistêmico. Nefrite intersticial. Sind. Vogt-koyanagi-Harada. Esclerose múltipla. Vasculites : doença de Kawasaki. Artrite psoriatica. Doença inflamatória multisistemica neonatal. Tabela 3. Como várias das doenças citadas são muito raras, decidimos focar nas mais comuns e frequentes. Da mesma forma, não abordaremos doenças sistêmicas como tuberculose ou sífilis. A uveíte anterior é definida como a inflamação da uvea , que consiste, da íris, corpo ciliar e coroide. Sua inflamação pode ser causada por agentes infecciosos como herpes simplex, sífilis etc; todavia, são mais frequentes as causas não-infecciosas, como as auto-imunes (2,3). Apresenta-se clinicamente como borramento visual, às vezes fotofobia e Hipópio, dependendo da 14 intensidade da inflamação. O não diagnostico ou falta de tratamento pode levar à diminuição da acuidade visual e cegueira (4). Na tabela 4 apresentamos a frequência de uveíte anterior nas doenças mais comuns. Frequência de uveíte anterior nas doenças mais comuns. Espondilite 25-40 % Doença anquilosante. (5,6,7, 8, 9) 10-36% inflamatória intestinal. Artrite psoriatica. 25% Doença de Ocasionalmente. Behcet Artrite reumatoide 20% na forma LES juvenil. oligoarticular. Sarcoidose. 10-25 % Artrite reativa. Raramente. 25% Tabela 4. Existe uma forte associação entre uveíte anterior e fatores genéticos. A mais marcante é com o HLA-B27 presente nas espondiloartropartias soronegativas. A positividade para o HLA-B27 aumenta a probabilidade de desenvolver uveíte anterior, além disto, nos casos já com uveíte, existem maior chance de hipópio. Na doença de Behcet e na doença inflamatória intestinal, o gene de classe II DRB1-0103, aumenta a associação com uveíte anterior (10). Na artrite reumatoide juvenil, dos pacientes com uveíte, 20% tem o anticorpo anti-nuclear positivo(6). A artrite idiopática juvenil é a doença do tecido conjuntivo mais frequente na infância. Abrange todas as artrites de causa desconhecida, em menores de 16 anos com duração maior que 6 semanas. Como apresentação clínica, 15 apresenta artrite, rash cutâneo, febre intermitente, anemia, leucocitose e uveíte; a forma de apresentação pode ser com predominância sistêmica ou articular. A forma articular pode ser oligoarticular, mais associado com uveíte anterior ou poliarticular(3,6,11). Como o paciente do caso apresenta idade superior a faixa etária para artrite juvenil e a apresentação articular foi poliarticular , excluímos esta enfermidade como diagnostico. A tríade de artrite, uretrite e conjuntivite é característica da artrite reativa. Afeta principalmente homens jovens e associa-se com o HLA-B27. Ocorre em 1% dos pacientes com uretrite não gonocócica (por clamídia ou ureaplasma urealítico) e em 2% dos pacientes pós infecção intestinal por shigella, normalmente 2-4 semanas após a infecção. Como manifestação sistêmicas pode apresentar aftas orais e balanite. Já as manifestações articulares podem ser tenossinovite, sacroileíte, oligoartropatia inflamatória que afeta mãos, punhos e pés(3,11). No caso clínico, não há antecedente de infecção uretral ou intestinal anterior, o envolvimento articular foi periférico posto que na artrite reativa o mais comum é sacroileíte. A doença inflamatória intestinal é transtorno crônico de origem autoimune, tendo a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn como principais enfermidades. A doença de Crohn pode afetar qualquer porção do trato gastrointestinal, sendo o ílio terminal a região mais acometida. A retocolite ulcerativa apresenta-se como proctite em 55% dos casos, 30% como colite esquerda e 15% como pancolite. A diarreia crônica é o sintoma mais comum, mas, manifestações extra-intestinais são frequentes. Pode ocorrer perda de peso, febre, uveíte anterior, artrite, sacroileíte, eritema nodoso, úlceras orais na doença de Crohn, pioderma gangrenoso, etc (3,6,11,12). Novamente não há relato 16 de diarreia crônica no caso, que é a principal manifestação destas doenças, também não há a apresentação em surtos desta doença, à perda de peso e os outros sintomas mais comuns. A doença de Behcet é uma doença inflamatória crônica de etiologia desconhecida. A lesão básica é uma vasculite de pequenos vasos com inflamação perivascular. Seu diagnóstico é baseado em critérios clínicos, que incluem úlceras orais recorrentes, úlceras genitais recorrentes, lesões oculares (uveíte anterior ou posterior e vasculite retiniana), lesões cutâneas (eritema nodoso, nódulos acneiformes e pseudofoliculite) e teste da patergia positivo. Ainda pode causar artrite sem deformidades, lesões vasculares, lesões no sistema nervoso central e gastrointestinais(3,5,11). No relato de caso há úlceras orais, que foram episódicas e não recorrentes. Não houve descrição de úlceras genitais ou teste da patergia positivo, o que, torna o diagnóstico de doença de Behcet improvável. O protótipo de doença inflamatória articular é a artrite reumatoide, que afeta de 0,5 a 1% da população mundial, 3x mais frequente em mulheres e com pico entre 30-40 anos de idade. O envolvimento articular é periférico, bilateral, simétrico e cumulativo, atingindo principalmente as mãos (interfalangianas proximais e metarcapofalangianas), punhos, joelhos e pés (metatarsofalangianas). Os pacientes apresentarão ao longo da doença positividade entre 70-80% para o FR e o anti-CCP. O envolvimento extra articular pode ocorrer na pele, pulmão, olhos, coração, rins e nervos periféricos(3). Entre 20-35% dos pacientes terão afecção ocular, entretanto, a lesão mais comum é a ceratocunjuntivite seca(6). A uveíte incide em até 30% dos casos de envolvimento ocular, mas a uveíte anterior ocorre em uma 17 porcentagem menor (3). Neste relato de caso, o envolvimento articular é compatível com artrite reumatóide, mas o período de 6 semanas para ser critério diagnóstico não é cumprido, e tão pouco ocorreu positividade para o FR ou anti-CCP. A AR também não justificaria as úlceras orais ou alopecia. Já a sarcoidose é uma doença granulomatosa multissistêmica que pode afetar qualquer órgão, principalmente pulmão, gânglios linfáticos, pele e olhos. Mais prevalente em adultos entre 30-40 anos, mulheres e pessoas da cor negra. Na maioria dos casos, o processo é assintomático e o diagnóstico casual em uma radiografia de tórax é a rotina. Pode apresentar-se de forma aguda ou subaguda, com quadro de febre, mal estar geral, tosse seca, artrite, uveíte e eritema nodoso (3,13). No relato não há afecção pulmonar ou adenopatia hilar, que são as lesões mais frequentes na sarcoidose. Novamente não teríamos justificativa para os auto-anticorpos. Outra das espondiloartropatias soronegativas é a artrite psoriásica. A psoríase é uma doença muito prevalente que acomete 1-2% da população, destes 5-10% apresentarão artrite. Comumente tem inicio entre 20-40 anos, sem predomínio de sexo e as formas articulares pode ser: oligoartrite assimétrica, poliartrite simétrica, distal, artrite mutilante e espondilite. O acometimento cutâneo precede a artrite em 75% dos casos e em 10% deles é simultâneo. Os locais mais frequentes de lesão são as superfícies extensoras, couro cabeludo e lesões ungueais. A uveíte anterior pode ocorrer em até 25% dos casos. O paciente em discussão não apresenta as lesões cutâneas da psoríase, além da mesma não justificar a queda do complemento e as outras alterações (3,6 ,11). 18 Dentre todas as doenças, a que melhor justifica todas as manifestações clínicas e que preenche critérios diagnóstico é o lúpus eritematoso sistémico. LES é uma doença auto-imune crônica do tecido conjuntivo com acometimento multissistêmico. Atinge preferencialmente mulheres entre 15-35 anos; na idade adulta são de 8-13 mulheres para cada 1 homem. As manifestações clínicas são variáveis, o acometimento articular com artrite e artralgia ocorre em até 95% dos casos, variando desde artralgia simples até artrite franca. Pode ser assimétrico e migratório ou semelhante à artrite reumatoide. Manifestações dermatológicas atingem 70-80% dos pacientes, normalmente em áreas expostas ao sol; a mais comum é o rash malar. Critérios de classificação para LES do american college of rheumatology. Rash malar Lesão discóide Fotossensibilidade Úlceras na mucosa oral Artrite não deformante Serosite(pleurite/pericardite) Doença renal(hematúria, proteinúria, Envolvimento cilindrúria) sistema nervoso central(psicose ou convulsões) Alterações imunológicas (anti-DNA, Fator na,tinúcleo positivo anti-Sm, VDRL falso positivo) Alterações hematológicas( anemia hemolítica, leucopenia, plaquetopenia) Tabela 5 (3,6 ,10) ( em vermelho os critérios positivos no caso clínico). 19 Existem vários auto-anticorpos no LES que são critérios de classificação e alguns tem valor prognóstico. O FAN está presente em até 95-98% dos casos, normalmente em altos títulos. É muito sensível, mas pouco específico. O anti-DNA ocorre em 50-75% dos casos, é mais específico e aumenta a probabilidade de acometimento renal e doença mais grave. Outros auto anticorpos e porcentagens na tabela 6 (3,6,11). Auto anticorpos no LES Anti-SSA(Ro) -30% Anti-SSB(La)-10% FAN- 95-98% Anti-DNA-50-75% Anti-RNP-30% Anti-P – 10% Anti-Sm – 25-30% Anticardiolipina -20% FR- 20% Tabela 6(3,6,11). Como mostrado, o paciente do relato preenche os critérios para lúpus e mostra uma manifestação muito rara para o LES como a uveíte anterior. O relato espera demostrar a forte associação entre doenças reumatológicas e a uveíte anterior. Assim incentivando sua investigação e tratamento precoce para prevenção de complicações oculares. 20 Referências Bibliográficas 1) Firestein GS, Budd RC, Harris ED, et al. Textbook of RheumatologyKelley’s, 8th ed. Saunders, 2009 , pp 679. 2) Bucknall R.C., Arthritis and inflammatory eye disesse, Rheumatology 2005:44:1207-1209. 3) Goldman Lee, Ausiello D(eds). at al. Cecil tratado de medicina interna , 22th ed, Elsevier ,2005.pp 1918-1929, 1929-1935, 1936-1947, 20012005, 2812-2829. 4) SITE:http://www.antonioramalho.com/direscrita/ficheiros/UVEITES%20AN TERIORES.doc.pdf. Retirado dia 15/03/2012. 5) Díaz-Valle D., Méndez R., Arriola P. et al . Enfermedades sistémicas no infecciosas y uveítes. Na. Sist. Sanit. Navar 2008;31(supl.3):97-110. 6) Benítez J.M., Díaz-Valle D, Pato E. et al .Enfermidades articulares y uveítes. Na. Sist. Sanit. Navar 2008;31(supl.3):83-95. 7) Hochberg C., Silman J., Smolen S., et al . rheumatology 5th ed. Elsevier: Section 9 spondyloarthropathies , 2011, pp 9-15,21-25, 63-75. 8) Hochberg C., Silman J., Smolen S., et al . rheumatology 5th ed. Elsevier: Section 6 rheumatoid arthritis and other synovial disorders , 2011, pp 918, 19-29. 9) Zeboulon N., Dougados M., Gossec L. Prevalence and charactecristics of uveits in the spondiloarthropathies: a systematic literature review. Annals of the Rheumatic Diseases 2008; 67:955-959. 10) Tammy M., Rosenbaum J., Rosenbaum M. An update on the genectics of HLA-B27 associated acute anterior uveitis. Ocul Immunol Inflamm 2001 April; 19(2): 108-114. 21 11) Moreira C., Pinheiro G., Neto J. (eds.) Reumatologia essencial , 1th ed. Guanabara Koogan, 2009, pp 338-354, 355-363, 378-389,455-475. 12) Yüksel I., Basar Ö, Atraseven H., et al . mucocutaneos manifestations in inflammatory bowel disiase. Inflamm Bowel Dis 2009; 15: 546-550. 13) Dimantas M., Lowder C., Muccioli C. uveítes anteriores associadas a doenças sistêmicas. Arq Bras Oftalmol 2003; 66: 235-8.