UMA MEDICINA DO ESTILO DE VIDA: LONGEVIDADE E SAÚDE

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UMA MEDICINA DO ESTILO DE VIDA: LONGEVIDADE E SAÚDE NA
MEDICINA ANTI-AGING.
Fernanda Rougemont*
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de apresentar a abordagem terapêutica da
Medicina Anti-aging, destacando a construção de uma concepção do envelhecimento
focada no processo contínuo de transformações fisiológicas. A análise é parte da
pesquisa realizada com médicos praticantes da Medicina Anti-aging no Brasil e com
representantes do Conselho Federal de Medicina, contrários às práticas anti-aging. Na
medida em que os médicos praticantes da Medicina Anti-aging se diferenciam e
justificam suas práticas a partir da oposição à abordagem biomédica estabelecida,
apresenta-se a contestação de padrões de normalidade, a redefinição das noções de
saúde e doença e as críticas às limitações do modelo tradicional de medicina,
organizado a partir de fatores que transpõem a relação médico-paciente. Através da
separação entre o envelhecimento biológico e o cronológico, a preservação da saúde ao
longo da vida passa a depender da adoção de cuidados contínuos individualmente
definidos, destacando o estilo de vida pessoal como fator determinante das condições de
envelhecimento.
Palavras-chave: Envelhecimento; Saúde; Anti-aging.
INTRODUÇÃO
A década de 1990 foi marcada pela emergência de um movimento que
contestava representações tradicionais da velhice, focadas no declínio físico e nas
limitações, e buscava destacar novas possibilidades da vivência do envelhecimento.
Kampf e Botelho (2009) destacam que as conquistas na ampliação da expectativa de
vida e os avanços da medicina no tratamento e controle de doenças, especialmente
aquelas associadas ao envelhecimento, compunham um cenário favorável à contestação
de uma visão homogeneizadora e limitadora do envelhecimento.
Em 1993 foi fundada nos Estados Unidos a American Academy of Anti-aging
Medicine (A4M), instituição pioneira da construção de práticas medicas a partir do
conceito anti-aging que tem atuado na promoção de eventos e na formação de
profissionais da saúde nesta emergente “modalidade médica” (Mykytyn, 2007). Embora
permaneça como uma instituição médica não legítima, a A4M é uma das mais
*
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia – PPGSA/UFRJ
E-mail: [email protected]
1
conhecidas e influentes organizações promotoras da perspectiva anti-aging no âmbito
médico-científico.
Dentre as principais referências da Medicina Anti-aging está Dr. Jeffry Life ou
simplesmente Dr. Life. Formado como médico de família, Dr. Life iniciou uma
profunda transformação física já em idade avançada, aos 60 anos, e através de
suplementos, dietas e exercícios deixou uma silhueta frágil e sedentária por um corpo
rígido e musculoso. Após a iniciação como paciente na Medicina Anti-aging,
especializou-se como médico e atualmente comanda um centro de orientação e
planejamento de mudanças no estilo de vida - o Apeiron Center for Human Potential
(Life, 2016).
A trajetória de Dr. Life apresenta elementos que expressam condições próprias
do processo de formação da Medicina Anti-aging. O slogan utilizado por Dr. Life “Eu
não sou contra envelhecer; eu sou contra ficar velho”1 explora a contradição da busca da
longevidade diante da conflituosa relação entre envelhecer e adoecer. Ao mesmo tempo,
indica a tarefa que motiva e justifica a emergência de um campo que pretende ser “antiaging”: explorar as possibilidades de alterar o declínio físico, considerado intrínseco ao
processo natural de envelhecimento. Todavia, sob o rótulo anti-aging há uma variedade
de práticas e concepções distintas. É preciso compreender, antes de tudo, o que é o
envelhecimento que se pretende “combater”.
No Brasil, destaca-se entre as instituições interessadas no desenvolvimento de
uma Medicina Anti-aging a Academia Brasileira de Medicina Anti-aging (ABMAE).
Fundada em 1999 como um centro de estudos, a ABMAE tem se consolidado como um
centro de referência de formação para profissionais interessados na perspectiva antiaging.
Em quase duas décadas, o debate sobre as possibilidades de intervenção e
controle do processo físico de envelhecimento tem se manifestado através de práticas
desenvolvidas pelos médicos em seus consultórios como um diferencial em busca de
um envelhecimento saudável. Mas o que diferencia a Medicina Anti-aging? Ela é, de
fato, uma nova modalidade médica no âmbito do envelhecimento? Representa uma
ruptura no modelo biomédico?
1
No original: I’m not against aging; I’m against getting old.
2
Em 2012, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma resolução
restringindo o uso de substâncias e a realização de exames e terapias com o objetivo de
“tratar” o envelhecimento, bem como condenou a divulgação da Medicina Anti-aging
por considerá-la ilegítima (Conselho Federal de Medicina, 2012a). Delimitava-se, desse
modo, as práticas associadas à Medicina Anti-aging como práticas alheias à medicina
oficial e científica.
A partir de uma pesquisa realizada com médicos praticantes da Medicina Antiaging e com representantes do CFM envolvidos no debate sobre as práticas anti-aging
no país, este trabalho tem o objetivo de apresentar a proposta terapêutica da Medicina
Anti-aging. A partir da análise do dissenso entre os praticantes da Medicina Anti-aging,
representados pela ABMAE, e a instituição que representa a medicina estabelecida e
oficial - o CFM - é possível identificar diferentes associações de fatos que compõem
concepções distintas do envelhecimento e, consequentemente, do papel da medicina
neste âmbito.
UMA CRÍTICA AO MODELO MÉDICO ESTABELECIDO
Ao determinar institucionalmente a desaprovação de métodos e tratamentos antiaging e tornar pública a contestação do embasamento científico da Medicina Anti-aging,
a Resolução 1.999/2012 do CFM consolidou a organização de posicionamentos
contrários e favoráveis dentro da comunidade médica, criando uma instância de
discussão a respeito da validade de propostas de intervenção no envelhecimento. A
resolução deu sequência a um parecer-consulta que analisou o mérito da abordagem
anti-aging em seu objetivo de controlar o avanço do envelhecimento, retardando ou
revertendo transformações fisiológicas associadas a esse processo, e de prevenir o
surgimento de doenças associadas.
Diante do posicionamento contrário do CFM, a ABMAE, representando os
médicos que praticam a Medicina Anti-aging, posicionou-se através de uma ação
coletiva para a suspensão dos efeitos da resolução sobre seus membros. Inicialmente,
em 2013, a instituição obteve liminar favorável, mas o Conselho conseguiu reverter o
resultado e anular a liminar no ano seguinte. A decisão judicial admite e destaca a
competência do CFM na regulação, fiscalização e avaliação de praticas médicas, assim
3
como reconhece o poder de vetar preventivamente práticas consideradas inadequadas,
inclusive do ponto de vista ético e moral (Brasil, 2014).
O parecer-consulta foi elaborado devido à iniciativa do diretor do Grupo
Longevidade Saudável, outra instituição dedicada à Medicina Anti-aging no Brasil, que
requeria a regularização das práticas no país. O resultado, contudo, foi contrário ao
esperado, iniciando um processo institucional de repreensão às práticas anti-aging.
No documento, o principal aspecto da Medicina Anti-aging analisado foi o uso
de hormônios, a chamada modulação hormonal, com a finalidade de reversão de sinais
do declínio físico do envelhecimento. A avaliação teve como resultado a não
identificação de uma relação positiva entre o uso de hormônios específicos, como a
melatonina, o hormônio do crescimento (GH) e o hormônio tiroidiano, e a “modulação
do envelhecimento saudável”.
Considerando esse contexto, a pesquisa tem como um de seus principais tópicos
a repercussão deste dissenso na prática cotidiana dos médicos adeptos, buscando
compreender de que forma a reprovação no âmbito da medicina oficialmente
institucionalizada influencia na organização da Medicina Anti-aging no país. Através
de entrevistas semiestruturadas com médicos da ABMAE, a pesquisa aborda o interesse
e a introdução dos profissionais ao campo da Medicina Anti-aging, a relação com os
pacientes e seus pontos de vista sobre o papel da medicina no âmbito do
envelhecimento.
Os médicos praticantes da Medicina Anti-aging atribuem o interesse por essa
abordagem à frustração que tiveram com as limitações do modelo médico vigente e à
incapacidade que tinham de lidar com queixas frequentes de pacientes, a respeito das
quais haviam aprendido que eram “normais” para determinada idade. Os médicos
destacam que práticas que se tornaram rotineiras e padronizadas, além de serem
paliativas, muitas vezes contribuem para o declínio das condições de saúde do paciente
em longo prazo.
Eu creio que a nossa medicina brasileira é curativa. Porque isso é bom,
doença gera dinheiro. Para vários fatores, para várias áreas, não é? E você
aprende isso na faculdade, você não aprende a prevenir na faculdade. [...]
Então assim, como hoje o médico brasileiro, na sua grande maioria, pede
uma glicemia e não pede uma insulina? Como ele pode falar para o paciente
que 99 de uma glicemia é normal? Normal em aspas. Mas aquele paciente já
tem um potencial para um diabetes. Então, no mínimo, tenho que reeducar a
alimentação dele para que ele não vire diabético. (Médica cirurgiã-geral,
4
nutróloga, especialista em prática ortomolecular e medicina estética. Rio de
Janeiro, 15 de abril de 2015)
Diante das alegações da falta de evidências científica que respaldem as práticas
que propõem para tratar os pacientes, os médicos da Medicina Anti-aging defendem que
a rejeição por parte do Conselho não parte somente da avaliação dos tratamentos, mas
diz respeito a uma estrutura consolidada a partir do interesse de setores cuja atuação
interfere direta ou indiretamente nos serviços de saúde. O posicionamento do CFM,
bem como dos conselhos regionais, é inserido em uma cadeia de relações que transpõem
o objetivo de preservar a saúde do paciente. Assim, criam-se entraves para mudanças,
uma vez que há conflitos de interesses envolvidos. Mudar a forma de tratar pacientes
implicaria não apenas a inclusão de determinados recursos, técnicas ou terapias, mas
uma lógica diferente de organização das práticas médicas que alteraria relações
consolidadas: mudança nas regras dos planos de saúde, embate com a indústria
alimentícia pela proibição ou contraindicação de produtos, contestação do uso de
substâncias químicas, redução do uso de remédios alopáticos.
[...] quando você passa um antidepressivo, anti-hipertensivo, esses remédios
que usam sempre, o próprio representante quer me dar um presente. Eu nunca
ganhei porque eu não trabalho com remédios alopáticos quase, então meu
carimbo não está lá. E nunca vi algum amigo meu que me comentou isso,
mas a gente ouve muito esse comentário. É claro que o CRM não tem nada
com isso, né, ele não pode impedir ninguém de ganhar um presente do outro,
etcétera e tal. Mas a indústria farmacêutica move os médicos e os médicos é
que dominam o CRM. Então talvez seja por isso que tenha esse conflito tão
grande, a gente tem um conflito de interesse. (Médico clínico geral,
especialista em medicina estética e prática ortomolecular. Rio de Janeiro, 4
de agosto 2015)
Os médicos da Medicina Anti-aging investem em denúncias sobre práticas
difundidas entre a população que, apesar de seus efeitos nocivos à saúde, são tolerados
ou negligenciados pelas autoridades, incluindo as instituições médicas. É o caso de
produtos industrializados introduzidos na alimentação cotidiana da população, o uso de
produtos químicos em alimentos, sobretudo de agrotóxicos, e a prescrição de
medicamentos cujo uso prolongado provoca efeitos colaterais e dependência.
Se, por um lado, a modernidade é vista como um período histórico favorável ao
prolongamento da vida humana, com avanços no controle de doenças e uma relativa
garantia de segurança (Elias, 2001), por outro, é vista como uma época marcada por
práticas generalizadas que são prejudiciais à funcionalidade do corpo humano.
5
De acordo com Horibe e Horibe (2010), membros fundadores da ABMAE, a
modernidade é caracterizada por um estilo de vida condicionado a rotinas estressantes e
sedentárias e uma alimentação ditada hegemonicamente pelas opções fornecidas pela
indústria alimentícia, fatores que são considerados um obstáculo ao desenvolvimento
saudável. Assim, a tentativa de aderir a práticas consideradas saudáveis, como a
alimentação regrada, seria limitada pelos recursos e padrões vigentes. Nesta perspectiva,
uma vida mais longa é acompanhada por condições instáveis de saúde, na medida em
que o corpo está inserido em um contexto de privações de recursos necessários e
exposto a situações desfavoráveis a seu funcionamento normal.
Mas você pode saber que todo pão que você come é transgênico, porque não
existe farinha de trigo sem ser transgênica. Toda soja que você comer
também é transgênica. Então quando você pegar aquele pão de 12 cereais que
você acha assim “Ah, maravilha! Aqui tem tudo quanto é cereal, não sei o
quê, vou ficar ótima, vou ficar saudável!”. Não, eu acho que é pior ainda.
Porque ali tem milho transgênico, tem farinha de trigo transgênica e tem a
soja transgênica. Além das inulinas, todas as coisas que colocam e que
estragam o pão. Que cai no seu intestino, que abrem as paredes do intestino,
então entra tudo quanto é sujeira que estiver no seu intestino para o sangue.
(Médica cardiologista, especialista em medicina estética e práticas
ortomoleculares. Rio de Janeiro, 4 de agosto de 2015)
Destaca-se na crítica apresentada pela Medicina Anti-aging a inclusão de
princípios de filosofias e medicinas não ocidentais, tais como a Ayurverda , a medicina
tradicional chinesa e a filosofia Seicho-no-ie, a influência da teoria quântica e a
promoção de práticas como a meditação. A incorporação destes princípios expressa uma
proposta de cuidado integral do paciente como “um todo”, na medida em que os
médicos da Medicina Anti-aging criticam o modelo biomédico ocidental no âmbito da
massificação dos tratamentos, feitos de forma impessoal e fragmentada em abordagens
especializadas e situacionais.
Como ressaltam Horibe e Horibe (2010), o surgimento da medicina moderna e
da figura científica do médico deu ênfase ao materialismo e à visão mecanicista do
mundo e dos humanos. Desse modo, as referências a técnicas alternativas e a formas
tradicionais de medicina apontam para um esforço no sentido de ampliar a visão da
saúde, definindo-a não apenas nas condições físico-materiais do corpo. O próprio bemestar físico é apresentado como dependente das emoções. Indica-se um direcionamento
para a chamada “medicina integrativa”, com o ser biologicamente “em rede”,
interligando mente, corpo e espírito.
6
Uma perspectiva mais abrangente da saúde já está presente na definição da
OMS, que inclui o bem-estar físico, mental e social (World Health Organization, 2016).
Todavia, na perspectiva dos médicos pesquisados, a tarefa da Medicina Anti-aging é
trazer essa concepção para à prática cotidiana de cuidados com a saúde e para o
atendimento nos consultórios.
Teoria quântica gerou o que ficou conhecido como pensamento sistêmico, em
que a vida é vista de forma integrada. Não é separado, não. Tudo integrado.
[...] Eu atendo o paciente assim. Não tem nenhuma mesa entre mim e você.
Você já viu algum médico atender desse jeito? [...] Eu atendo desse jeito. Por
quê? Eu vejo o paciente não só a parte matéria, mas eu vejo a parte
emocional, psicológica. Vejo mais profundamente a parte espiritual da
pessoa, que acredita no ser superior a nós, que você pode chamar do que
quiser, pode chamar até chamar de Deus. Que está dentro de você. Então todo
cliente que entra aqui, ele sai mais feliz do que entrou. Porque ele é tratado
integralmente. (Médica cirurgiã-plástica, professora e especialista em
medicina estética. São Paulo, 20 de julho de 2015)
Podemos identificar na Medicina Anti-aging três pilares principais: nutrição,
fisiologia hormonal, condicionamento físico. Desses pilares, a chamada fisiologia
hormonal é o mais controverso. Neste quesito, a interação entre hormônios e as funções
desempenhadas por eles, as quais dependem de concentrações adequadas e
individualmente adaptadas, são consideradas uma entrada imprescindível de
intervenções no processo de envelhecimento. Vistos como "combustíveis do corpo", os
hormônios são abordados como elemento de manutenção da capacidade de regeneração
do organismo.
Ainda que exista uma integração entre os três pilares na busca pelo equilíbrio do
funcionamento do corpo, uma vez que a alimentação e as atividades físicas alteram os
processos hormonais, este é o módulo que mais requer intervenção médica. A
necessidade de intervenção se deve ao fato dos níveis de hormônios diminuírem ou
aumentarem ao longo do envelhecimento.
Você não deixa de produzir hormônio porque você tem 50 anos. Você ficou
velho e caquético porque você deixou de produzir hormônios, é diferente.
Então aí entra a Medicina Anti-aging, que é sempre te remeter ao seu padrão
hormonal. Então como que nós trabalhamos hoje? Quando chega aqui no
meu consultório, eu sempre peço: “Você não tem um exame de quando você
tinha 20, 30 anos e estava ótima?”. Aquele é o padrão hormonal dela, o
padrão ouro. (Médico endocrinologista, especialista em práticas
ortomoleculares e medicina estética. Rio de Janeiro, 20 de março 2015.)
7
O Parecer-consulta n° 29/12 do CFM, ao analisar as referências bibliográficas
indicadas pelo diretor do Grupo Longevidade Saudável, destacou que poucos estudos
contemplavam o uso de hormônios, vitaminas e minerais em grupos de idosos, mais
propensos à iatrogenia, ou seja, ao desenvolvimento de problemas resultantes de efeitos
colaterais de tratamentos e medicações. O texto demarca a perspectiva médica
endossada pelo CFM de que a queda nos níveis hormonais acompanha o processo
natural de envelhecimento, embora esse fator não seja considerado sua causa. Portanto,
defendem que a utilização de hormônios pela medicina deve ser realizada apenas em
casos de deficiência na sua produção endógena, considerando os níveis estabelecidos
como normais para cada faixa etária. Além disso, o parecer ressalta que as sociedades
médicas, especialmente de endocrinologia, não reconhecem condições alegadas pelos
adeptos da Medicina Anti-aging para justificar o uso de hormônios, sobretudo o
conjunto de “pausas” hormonais como “fadiga adrenal”, “melatopausa”, “tireopausa”.
A conclusão do parecer é a de que a modulação hormonal é ineficaz para tratar ou
prevenir o envelhecimento, além de trazer riscos para a saúde dos pacientes.
O uso de hormônios sem que o organismo esteja a precisar deles, ao contrário
do proposto pela “Medicina anti-aging”, pode sim causar vários e graves
efeitos colaterais, inclusive o desencadeamento de certos tipos de câncer.
Usar a cortisona (conhecida também como corticoide) para uma suposta
“fadiga adrenal” baseada em sintomatologia inespecífica e sem evidência
laboratorial nenhuma é submeter o paciente a uma condição anormal de
excesso desse hormônio cuja consequência, a síndrome de Cushing
iatrogênica, é bem conhecida. Do mesmo modo, administrar tiroxina a um
paciente não portador de hipotiroidismo clínico e laboratorial é submetê-lo a
uma tireotoxicose iatrogênica, ou seja, uma doença causada pelo excesso de
tiroxina, com sérios danos para o sistema cardiovascular e o esqueleto
(osteoporose). (Conselho Federal de Medicina, 2012b, p. 17)
Observa-se que o dissenso entre as instituições se estabelece através de uma
discussão sobre a cientificidade das práticas médicas e a capacidade de cumprir com
seus propósitos. Ambos os lados apontam um afastamento do objetivo da medicina, ou
seja, a cura e a manutenção do bem-estar físico e mental, por meio da influência de
interesses específicos que não estão pautados na promoção da saúde dos pacientes. Ao
passo que os profissionais da Medicina Anti-aging são acusados de oportunismo e
charlatanismo por tentar vender a solução para o envelhecimento sem que haja nenhuma
comprovação de que podem realizar o prometem, motivados pelo retorno financeiro, a
Medicina Anti-aging é defendida por seus praticantes como um esforço de inovação e
8
revisão de práticas que estagnaram em uma estrutura de interesses que compõe o atual
modelo de medicina e que só pode existir através dele.
A avaliação do Conselho busca analisar as propostas de tratamento anti-aging a
partir de sua adequação aos parâmetros, conceitos e métodos já aceitos, estabelecidos e
considerados legítimos por terem passado pelo rigor científico. Todavia, a Medicina
Anti-aging parte da construção de um padrão distinto, que passa por uma concepção
divergente de como a medicina pode intervir no processo de envelhecimento.
De acordo com Latour (2011) a tecnociência possui “caixas-pretas”, conceito
que designa enunciados já estabelecidos e consolidados como fatos, tomados
inquestionavelmente como ponto de partida. A controvérsia em torno da Medicina Antiaging não se restringe aos novos tratamentos e exames propostos. A Medicina Antiaging é um movimento que promove a tentativa de abertura das caixas-pretas na
perspectiva médico-científica do envelhecimento.
Becker (2007) defende que não é possível estudar um grupo isoladamente, pois
sua distinção depende da rede de relações que estabelece com outros grupos, na qual se
originou. No conflito entre os praticantes da Medicina Anti-aging e o CFM foi possível
identificar uma reação ambígua por parte dos primeiros. Embora neguem uma real
oposição entre as práticas da Medicina Anti-aging e a medicina convencional,
atribuindo o conflito a uma interpretação equivocada dos objetivos da Medicina Antiaging, os médicos justificam sua adesão através de críticas às práticas convencionais.
Se, por um lado, buscam por alternativas às limitações que observam nos padrões da
medicina, por outro buscam não se distanciar da medicina reconhecida e
institucionalizada: a Medicina Anti-aging é uma “nova forma” de fazer medicina, mas
não “outra medicina”. Desse modo, consideram a Medicina Anti-aging uma revisão de
lacunas, especialmente no que se refere ao papel da medicina para o envelhecimento.
“Você na sua paciente, você trabalha com câncer de mama, você, por
exemplo, mede a oxidação?”. Não, ele não sabe o que é. Se você pegar
qualquer livro de câncer de mama está lá assim: oxidação está aumentada.
“Você utiliza nos seus exames marcadores de envelhecimento e de
inflamação?”. “Não sei o que é isso”. Isso está na ciência, está nas revistas
indexadas. Isso não é ortomolecular, isso é medicina. Não existe revista de
ortomolecular. O que existe é uma maneira de olhar diferente. Mas são as
mesmas armas, os mesmos conceitos de envelhecimento utilizados pela
medicina tradicional, os conceitos de por que surge câncer, tudo isso é
retirado por nós das revistas dessas especialidades consagradas pela
medicina. Só que a gente atua sobre isso. E eles olham, pesquisam, falam que
existe, e na hora não conseguem trabalhar. É impressionante. (Médico
9
cardiologista, especialista e professor de prática ortomolecular, Rio de
Janeiro, 10 de agosto de 2015)
O envelhecimento é definido no Parecer-consulta do CFM como um complexo
fenômeno de transformações fisiológicas que se manifestam desde o nascimento.
Conceber uma medicina que seja anti-aging dependeria da definição de uma etapa
específica desse processo onde seria iniciado o combate. Como processo natural e
inerente a toda forma de vida, o declínio nas funções do corpo é considerado parte digna
e necessária da vida. Neste sentido, propõem que a meta da medicina deve ser evitar o
envelhecimento precoce e a senilidade, retardando o processo sem deter esse curso
natural (Conselho Federal de Medicina, 2012b). Contraditoriamente, a Medicina Antiaging se constitui a partir da ideia de que, para que seja possível controlar o processo de
declínio físico, é necessário que o envelhecimento seja abordado como um processo
contínuo e não apenas quando a fragilização do corpo já se manifesta na velhice.
UMA NOVA MEDICINA DO ENVELHECIMENTO? A ABORDAGEM DO
ENVELHECIMENTO COMO PROCESSO.
Uma vez que as práticas anti-aging são rejeitadas em ambientes médicos
institucionais, a atuação dos médicos da Medicina Anti-aging parte principalmente da
organização de eventos em um circuito próprio, no qual a temática do envelhecimento é
associada a temas que compõem uma perspectiva específica de saúde. Congressos,
simpósios, cursos e palestras reúnem os médicos praticantes e interessados na
abordagem anti-aging e exploram áreas correlatas, cujo escopo se beneficia e/ou
compõe as terapias propostas pela Medicina Anti-aging, como é o caso da medicina
esportiva, medicina estética, medicina regenerativa e medicina ortomolecular. A
discussão do envelhecimento é atrelada a temas específicos, como estresse, obesidade,
depressão. Este circuito tem em comum o direcionamento do debate para o potencial do
corpo e a construção de estratégias que viabilizem o melhoramento do desempenho
físico.
Os médicos que promovem a perspectiva anti-aging definem suas práticas como
uma “medicina da qualidade de vida” ou “uma medicina do estilo de vida”, destacando
como diferencial o foco na prevenção. Os profissionais defendem que é possível
identificar fatores que levam ao surgimento de uma doença ou condição antes que elas
10
ocorram. As doenças e disfunções seriam precedidas por alterações no funcionamento
normal do metabolismo. Nesta perspectiva, a noção de “saudável” é atrelada à
expectativa em relação às funções desempenhas por cada parte do corpo, o que
dependeria do equilíbrio dos diferentes processos que compõem o metabolismo.
O metabolismo destaca-se como dimensão fundamental da definição de
possibilidades de intervenção no processo de envelhecimento. A concepção do
metabolismo se confunde com a concepção da natureza humana, na medida em que
representa as condições que tornam a sobrevivência do organismo possível. Uma vez
que o processo de envelhecimento é associado às alterações e falhas que ocorrem na
cadeia de processos metabólicos ao longo da vida, a possibilidade de controlar a
decadência física é associada à manutenção contínua das funções metabólicas.
O envelhecimento é concebido como expressão do estado relativo do acúmulo
de alterações em funções metabólicas que, embora sejam cronologicamente orientadas,
têm ritmo e intensidade estabelecidos de acordo com as condições de cada organismo.
Tais condições seriam definidas por fatores genéticos e ambientais e pelo estilo de vida.
Não haveria, portanto, uma sincronia entre o envelhecimento físico e o envelhecimento
cronológico. Um indivíduo mais novo cronologicamente pode apresentar um nível de
envelhecimento biológico mais avançado do que um indivíduo mais velho, na medida
em que apresente mais danos no organismo.
A noção de “combate” ao envelhecimento, o “anti-aging”, é vinculada à
potencialidade médica de recuperar as funções do metabolismo, fazendo com que o
paciente volte a ter capacidades perdidas ou desenvolva capacidades que estavam
limitadas.
Para Canguilhem (1978) a vida é uma atividade normativa: uma constante
criação e recriação do "normal" de acordo com as necessidades engendradas pela
interação com o meio ambiente. Canguilhem substitui a noção de "normal" pela noção
de "normatividade". Deste modo, a saúde consiste na persistência da potencialidade
vital do organismo de se tornar doente e posteriormente se recuperar, voltando à norma.
A doença, por sua vez, seria uma condição emergente que desafia a normatividade.
É possível identificar uma aproximação entre as definições de Canguilhem e a
proposta da Medicina Anti-aging. Se o envelhecimento biológico varia de organismo
11
para organismo e entre partes do organismo, a “normalidade” não pode ser associada a
fatores estatísticos e quantitativos, vinculados a um período cronológico. O parâmetro
passa a ser individualizado e definido de acordo com o desempenho físico, a partir das
alterações funcionais percebidas.
O fator do estresse é um ponto importante desta abordagem, na medida em que
evidencia a lógica fundamental da proposta da Medicina Anti-aging. O hormônio
cortisol, também chamado de “hormônio do estresse”, tem diferentes funções no
organismo. Dentre elas, é responsável pela preparação do corpo para reagir diante de
ameaças, como uma resposta inconsciente. Todavia, sua liberação não ocorre apenas
diante de situações imediatas e concretas, mas também diante de pensamentos e
percepções que indiquem aflição, medo ou preocupação. Considerando que os
hormônios do tipo esteroide (cortisol, testosterona, estrogênio) são produzidos a partir
de uma mesma matéria-prima, o colesterol, na exigência de níveis maiores e constantes
de cortisol para lidar com o estresse permanente há uma redução na produção dos
demais hormônios, para que a demanda de cortisol seja atendida (Lemos, 2011).
Destaca-se no exemplo uma reação em cadeia, na qual o estado constante de
estresse provoca a falência da produção de um hormônio, alterando não apenas todas as
funções que dele dependem, mas desequilibrando outras funções ao desorganizar a
produção de outros hormônios. O cuidado com o corpo é apresentado como um
empreendimento que exige o controle integrado de diferentes fatores a que o organismo
é exposto constantemente, incluindo a adequação da alimentação e de atividades físicas.
Este discurso ressalta a responsabilidade individual na condução deste processo, ainda
que esta dependa da superação de uma série de obstáculos imposta, sobretudo, pela
indústria alimentícia e pelas exigências da vida cotidiana.
Um fato que se destaca na construção desta abordagem médica é a interação por
meio de redes sociais, nas quais os médicos apresentam a perspectiva anti-aging através
do contato direto com o público geral, paciente e potenciais pacientes. Acumulando
milhares de seguidores, os médicos buscam desconstruir concepções que consideram
falsas ou obsoletas, apresentar denúncias sobre fatores prejudiciais à saúde e
propagandas enganosas, bem como uma expor, detalhadamente, os processos
metabólicos que levam às doenças.
12
Como médicos que tiveram uma formação tradicional e que iniciaram a carreira
praticando tratamentos convencionais, os adeptos da Medicina Anti-aging exploram
pontos que percebem como controversos na relação dos pacientes com o modelo médico
vigente. Estes profissionais sugerem que a Medicina Anti-aging é um cenário favorável
à busca por inovações e por uma abordagem mais complexa das condições do paciente.
Para tanto, o processo de profissionalização nesta área, ainda não reconhecida,
pressupõe uma reeducação na qual os médicos precisam rever concepções e práticas que
aprenderam na formação tradicional. Contudo, uma perspectiva distinta de medicina, de
saúde e de doença depende igualmente da reeducação do paciente, uma vez que insere
práticas e saberes que não são explorados na medicina a que estavam habituados.
Para os profissionais da Medicina Anti-aging, o modelo biomédico hegemônico
consolidou uma perspectiva de tratamento médico associado à cura de doenças. Porém,
contraditoriamente, o atendimento médico impessoal, rápido e com diagnósticos
limitados a um problema específico conduziria a tratamentos longos, ineficientes e que
frequentemente não chegam à causa do problema. Para eles, a abordagem reativa ao
surgimento de doenças ignora o processo de desequilíbrio de corpo e as falhas que
antecedem a enfermidade, excluindo-as de seu atendimento e fazendo com que com que
os pacientes se acostumem aos incômodos no corpo.
Se eu perguntar para um paciente você tem diabetes, pressão alta? Algum
tipo de doença? Hipertireoidismo... Não? Não tem. Mas se eu perguntar você
dorme bem? “Não”. Você acorda cansado? “Sim”. Você é ansioso? “Sim”.
Você se irrita fácil? “Sim”. Você vive estressado? “Sim”. Você tem
enxaqueca? “Sim”. Você tem azia? “Sim”. Pera aí, você não tinha doença?
Para a gente saúde não é ausência de doença. Entendeu? Então saúde é ter o
corpo em equilíbrio. (...) E isso quem botou foi a medicina curativa na nossa
mente. (...) Ter depressão, que é o mal do século, virou normal. Tomar um
remedinho, Rivotril, é normal. No Brasil não pode melatonina, mas pode
Rivotril. Eu não entendo isso. Então... como? Esses sintomas viraram
normais na cabeça da pessoa. Ela nem se queixa. Às vezes ela vai ao médico
falar de uma coisa grave e esquece desses outros sintomas. Eu tenho que
perguntar cada um. Eu faço uma lista. Eu pergunto porque a maioria não
sente, não, acha que isso aí é já... é corriqueiro. E não é. Você vai viver a vida
inteira com esses sintomas? Isso é um absurdo! (Médica cirurgiã geral,
nutróloga, especialista em prática ortomolecular e medicina estética, Rio de
Janeiro, 15 de abril de 2015)
Na medida em que promove uma intervenção que anteceda o aparecimento de
sintomas de doenças, a Medicina Anti-aging demarca fatores específicos a serem
tratados, os quais os pacientes precisam conhecer para serem capazes de identificar
como algo que precisa de tratamento.
13
Este discurso é apresentado ao público através de uma linguagem própria, na
qual um vocabulário técnico específico visa identificar processos de saúde e doença no
organismo: inflamação, oxidação, fadiga, alimento funcional, índice glicêmico, pausas
hormonais. Tal vocabulário é disseminado através de uma contextualização prática e
didática, na qual o longo processo de reações bioquímicas decorrente da ingestão de
alimentos e bebidas específicas é explicitado através de explicações minuciosas sobre os
efeitos produzidos por cada componente. De modo similar, atividades cotidianas e os
exercícios físicos são traduzidos em termos de substâncias liberadas e de processos que
desencadeiam no organismo, evidenciando a relação entre as transformações das
condições do corpo e as ações individuais.
A este discurso soma-se a atuação dos profissionais como exemplos vivos: os
médicos não são meramente promotores das transformações, eles são usuários das
técnicas e tratamentos que promovem. Suas rotinas pessoais são apresentadas como a
realização da perspectiva que acreditam. A alimentação balanceada, com nutrientes
adequados e livre de substâncias que agridem o organismo, e as atividades físicas
diárias são expostas como a possibilidade que existe e está disponível, dependendo
somente de uma decisão pessoal de aderir.
Como destaca Nikolas Rose (2013), a biopolítica contemporânea é marcada pela
tendência de superação de um pensamento binomial em termos de saúde e doença. A
ascensão de uma perspectiva de gerenciamento de riscos implica uma complexa relação
entre probabilidade e escolhas que passa a orientar as práticas médicas. Nesse contexto
há um crescimento da preocupação com a vitalidade futura e, portanto, com a qualidade
da vida em si mesma.
A análise de Rose nos permite identificar na narrativa da Medicina Anti-aging a
relação entre a perspectiva da gestão de risco e a construção da noção de “gestão do
envelhecimento”. Se, por um lado, o envelhecimento é tido como um processo natural
inevitável, por outro, suas características são consideradas alteráveis na medida em que
são divididas e atribuídas a fatores distintos. Na perspectiva anti-aging há um
deslocamento da ênfase na velhice como fase do ciclo de vida para a noção da velhice
como um estágio, avançado, das alterações no organismo. O constante cuidado de si é
apresentado como meio para relativizar o envelhecimento cronológico, afastando a
condição da velhice, que passa a ser medida em termos de desempenho de funções
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físicas e mentais. Este cuidado, todavia, não é apenas o tratamento de doenças, mas
principalmente uma constante preocupação em evitá-las através da manutenção das boas
condições do corpo. Nesta perspectiva, o envelhecimento precisa ser pensado como um
processo cujas características se transformam de acordo com as mudanças que ocorrem
na vida social, o que inclui o contexto de desenvolvimento tecnocientífico.
Considerações Finais
Latour (2011) afirma que as discordâncias revelam o conjunto de associações do
outro. Desse modo, as controvérsias sobre determinado fato revelam um conjunto de
elementos que estão interligados e dos quais depende um enunciado. Analisar o
dissenso entre o CFM e os médicos praticantes da Medicina Anti-aging permite
identificar diferentes processos que antecederam e conduziram às controvérsias em
torno das práticas anti-aging, evidenciando um contexto de transformações na forma de
pensar o envelhecimento como fenômeno. As controvérsias reforçam o questionamento
sobre o papel da medicina, ao expor contradições e ambiguidades do debate sobre a
saúde do âmbito do envelhecimento.
Na proposição de que é possível combater o declínio físico do processo de
envelhecer há uma perspectiva contestatória não apenas dos métodos e tratamentos
médicos, mas, antes disso, da própria concepção do envelhecimento. O afastamento
entre o envelhecimento cronológico e o envelhecimento biológico cria uma margem de
intervenção através do fortalecimento das condições que o corpo necessita para realizar
suas funções. O declínio físico deixa de ser visto como dimensão inexorável de um
processo natural: o envelhecimento é abordado como um processo dinâmico, que não
pode ser separado dos demais processos de vida.
Esta perspectiva do envelhecimento evidencia um aspecto pertinente à
constituição da Medicina Anti-aging: ela não é uma medicina do envelhecimento, ao
menos não no sentido de uma medicina que tenha como objetivo tratar as condições da
velhice. O envelhecimento saudável é a meta em longo prazo e o parâmetro de sucesso
de um processo de gestão da saúde e otimização do funcionamento do corpo humano.
15
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