A integral definida Prof. Méricles Thadeu Moretti MTM/CFM/UFSC. 4 - INTEGRAL DEFINIDA - CÁLCULO DE ÁREA Já vimos como calcular a área de um tipo bem específico de região para algumas funções no intervalo [0, t]. O Segundo Teorema Fundamental do Cálculo estabelece uma relação que nos permitirá calcular a área em um intervalo qualquer. Resultado_5: Segundo Teorema Fundamental do Cálculo Seja f é contínua em um intervalo fechado I. Se P é derivável no intervalo aberto I e P´(x) = f(x), então para cada a, b em I: b f (x)dx P(x) b a P(b) P(a) a a é o limite inferior de integração e b o superior, f(x) é o integrando. Esta integral é chamada Integral de Newton [4, p.255]. 1 Exemplo 4. Calcular xdx 1 Primitiva de f(x): P(x) x2 C 2 (pois P´(x) = f(x) = x) A integral no intervalo [-1, 1] vale: 1 x2 12 (1)2 xdx ( 2 C) ( 2 C) ( 2 C) 1 1 1 1 1 ( C) ( C) 0 2 2 A Integral de Newton calculada no intervalo [-1, 1] é nula, mas a área, como podemos perceber na figura, não é. O cálculo da integral de Newton não depende do valor da constante C e por esta razão podemos usar as primitivas com C = 0. 4.1 – Propriedades da Integral de Newton As integrais de Newton gozam das seguintes propriedades P1. P.2 P.3 b b b a a a [f (x) g(x)]dx f (x)dx g(x)dx b b a a kf (x)dx k f (x)dx, k constante. c b c a a b f (x)dx f (x)dx f (x)dx, a b c . 4.2 - Cálculo de área Indicamos a seguir como calcular a área de uma região mostrada na figura a seguir. Sejam f e g integráveis no intervalo [a, b]. A área entre as curvas f e g neste intervalo vale (em unidades de área): b A(a, b) = [(g(x) f (x)]dx a Observamos que A(a, b) ≥ 0 e A(a, a) = 0, estas são características importantes que devem ter a primitiva para o cálculo da área. É preciso ter cuidado com os limites de integração e com o sinal da função no integrando que deve ser sempre positiva no intervalo de integração considerado. Para o Exemplo 4, a área da região hachurada (entre f(x) = x e y = 0 no intervalo [-1, 1]) pode ser calculada da seguinte maneira (em unidades de área): 0 1 0 1 x2 x2 1 1 Área = (0 x)dx (x 0)dx ( C1 ) ( C2 ) 1 . 2 2 2 2 1 0 1 0 EXEMPLOS 4.2 4.2.1) Calcular a área da região limitada pelas curvas y = x2 e y = 4. Pontos de encontro entre y = x2 e y = 4: x2 = 4 x2 - 4 = 0 (x - 2)(x + 2) = 0 x = 2 ou x = -2 Cálculo em unidades de área: 2 2 x3 A(-2, 2) = [4 x ]dx (4x ) 3 2 2 2 8 8 32 (8 ) (8 ) 3 3 3 4.2.2) Usando a idéia de elementos de área, calcular a área da região limitada pelas curvas y = x2 e y = 4. Resolução O elemento de área dA é a área de um retângulo de dimensões (4 - x2) e dx: dA = (4 - x2)dx Integrando de [-2, 2], tem-se: 2 2 2 2 2 dA (4 x )dx 2 A(2, 2) (4 x 2 )dx 2 Já calculada anteriormente e vale: A(2, 2) 32 unid. de área 3 4.2.3) Calcular a área limitada pela parábola y2 = 4x e a reta y = 2x - 4. a) Resolução com elemento de área vertical Os pontos de encontro entre y2 = 4x e y = 2x - 4 (já assinalados no gráfico) são: 4x = (2x - 4)2 x2 - 5x + 4 = 0 x = 1 ou x = 4. Os pontos são (1, -2) e (4, 4). Cálculo da área (em unidades de área): 1 4 Área = [(2 x (2 x )]dx [(2 x (2x 4)]dx 0 1 1 4 Área = 4 x dx (2 x 2x 4)dx 0 8 Área x 3 1 3 1 2 0 3 4 4 ( x 2 x 2 4x ) 3 1 8 19 Área 9 3 3 b) Resolução com elemento de área horizontal Observar que y2 = 4x 1 2 1 y x e que y = 2x - 4 y 2 x 4 2 Cálculo da área (em unidades de área): 4 4 1 1 y2 y3 Área ( y 2 y 2 )dy ( 2 y ) 9 2 4 4 12 2 2 Na resolução em (a) foram necessários elementos de área distintos enquanto que na resolução em (b) apenas um e tal resolução mostrou-se ser mais simples. mm´ (, m e m´ constantes positivas) e as retas r2 verticais r = a e r = b (b > a > 0 constantes reais). 4.2.4) Calcular a área limitada por F Resolução. Considere o desenho a seguir. Tem-se, em unidades de área: b b a a b dr mm´ 2 r r dA A mm´ a mm´ .dr r2 b a 1 1 mm´( ) a b Se considerarmos que F representa a força gravitacional que atrai dois corpos de massas m e m´, uma constante de proporcionalidade que depende das unidades utilizadas nas outras grandezas e r a distância que separa esses corpos, o que acabamos de calcular é o trabalho exigido para que uma das massas passe da posição r = a para a posição r = b. 4.2.5) Encontrar a área da região limitada pelas curvas y = x + 6, y = x3 e y = -x/2. Resolução. Ponto de encontro entre y = x + 6 e y = x3: x3 = x + 6 x3 - x - 6 = 0. Possibilidades de raízes: {1, 2, 3, 6} Substituindo esses valores na equação x3 - x - 6 = 0, verificamos que x = 2 é raiz (verifique que x = 2 é a única raiz real). Essas curvas se cruzam no ponto (2, 8). Ponto de encontro entre y = -x/2 e y = x3: x3 = -x/2 + 6 2x3 + x = 0 x(2x2 + 1) = 0 x = 0 ou 2x2 + 1 = 0. x = 0 é a única raiz real. Essas curvas se cruzam no ponto (0, 0) Ponto de encontro entre y = x + 6 e y = -x/2 x + 6 = -x/2 x = -4. Essas curvas se cruzam no ponto (-4, 2). Gráfico das curvas O cálculo da área em unidades de área vale: 0 2 x A [(6 x ) ( )].dx [(6 x ) x 3 ].dx 2 4 0 0 A (6 4 2 3x ).dx (6 x x 3 ).dx 2 0 0 2 3x 2 x2 x4 A (6 x ) (6 x ) 4 4 2 4 0 A = 12 + 10 = 22 Exercícios: a) Calcular esta mesma área usando elementos de área verticais. b) Calcular a área da região limitada por y = -x/2, y = x3 e x = 2. (Resp. 5 unid. de área). 4.2.6) Encontrar a área da região limitada pelas curvas y = 2x, y = 2-x e y = 4. Resolução. Ponto de encontro entre y = 2x e y = 4: x = 2; Ponto de encontro entre y = 2-x e y = 4: x = -2; Ponto de encontro entre y = 2x e y = 2-x: x = 0. Gráfico das curvas O cálculo de área em unidade de área vale: 0 2 2 0 A (4 2 x ).dx (4 2 x ).dx 0 2 2x 2x A( 4x ) (4x ) ln 2 ln 2 0 2 A (8 3 3 ) (8 ) ln 2 ln 2 A 2(8 3 ) 7,34 ln 2 Exercícios. a) Resolver este mesmo problema usando elemento de área vertical. b) Calcular a área entre as curvas y = 2x e y = 2-x no intervalo [-2, 0]. (Resp. 9 Unid. de área) 4 ln 2 Bibliografia [1] ANTAR NETO, A. et Alli. Introdução à Análise Matemática. São Paulo: Editora Moderna, 1985. [2] FLEMMING, D. M. & GONÇALVES, M. B. Cálculo "A". Florianópolis: Editora da UFSC, 1992. [3] GUIDORIZZI, H. L. Um Curso de Cálculo. (Volume 1, 2ª Edição). Rio de Janeiro: LCT, 1985. [4] KITCHEN JR., Joseph W. Calculus of one variable. Massachusetts: AddinsonWesley, 1968. [5] KUELKAMP, Nilo; Cálculo I, Florianópolis: Editora da UFSC.