Revisão Tratamento fisioterapêutico das disfunções sexuais femininas – Revisão de Literatura Physiotherapy treatment for Female Sexual Dysfunctions - Literature Review Carolina Rodrigues de Mendonça1 Waldemar Naves do Amaral2 Palavras-chave Fisioterapia Disfunção sexual feminina Terapêutica Keywords Physiotherapy Female sexual dysfunction Therapeutics Resumo A disfunção sexual tem alta prevalência entre as mulheres. Constitui um problema que afeta a qualidade de vida e a saúde física e mental, não somente dos indivíduos que sofrem da disfunção, mas também de seus parceiros, justificando o tratamento e o estudo dessa disfunção com a sua devida importância pelos serviços de saúde. A fisioterapia é um avanço relativamente recente no tratamento dessas mulheres, e seu papel exato é pouco conhecido pela população e pelos profissionais de saúde. O presente estudo constitui um levantamento bibliográfico sobre o papel da fisioterapia no tratamento da disfunção sexual feminina. Abstract Sexual dysfunction is highly prevalent among women. It is a problem that affects the quality of life, physical and mental health, not only of individuals who suffer from the dysfunction, but also their partners, justifying the treatment and study of this dysfunction due to its importance by the health services. Physical therapy is a relatively recent development in the treatment of these women, and its exact role is little known by the population and health professionals. This study is a literature survey on the role of physiotherapy in the treatment of female sexual dysfunction. Fisioterapeuta Especializada em Fisioterapia na Saúde da Mulher pelo Centro de Estudos Avançados e Fisioterapia Integrada - Goiânia (GO), Brasil. Professor Adjunto e Chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG). Diretor Técnico do laboratório de Fertilização In Vitro e Criopreservação de Embriões da Clínica Fértile; Presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Endereço para correspondência: Carolina Rodrigues de Mendonça - Rua 236, Qd. 67 C, Lt. 33/34, apto 503 - Setor Universitário CEP 74610-0702 – Goiânia (GO), Brasil - E-mails: [email protected]; [email protected] 1 2 Mendonça CR, Amaral WN Introdução A mulher tem recorrido aos cuidados médicos, com maior frequência nos últimos dez anos, em busca de soluções para os problemas que interferem na sua qualidade de vida, em especial os que são relacionados à saúde sexual1. A disfunção sexual feminina é definida como qualquer desarranjo relacionado ao desejo sexual, excitabilidade, orgasmo e/ ou dor sexual (dispareunia e vaginismo). É pouco detectada, apesar de sua alta prevalência em mulheres ao longo da vida2. A fisioterapia constitui um avanço relativamente recente em seu tratamento e pode ser uma alternativa eficaz para mulheres que apresentam essas disfunções. Entretanto, seu papel exato ainda não está bem compreendido pelos profissionais de saúde3. É fundamental que a musculatura do assoalho pélvico mantenha uma boa função. As alterações provocam patologias uroginecológicas, coloproctológicas, e disfunções sexuais4. O desuso, a debilidade e a hipotonicidade dos músculos do assoalho pélvico contribuem para a incapacidade orgástica, e o treinamento destes resulta em efeito positivo na vida sexual das mulheres5 (D). Dentre os vários objetivos da reabilitação do assoalho pélvico estão o aumento do equilíbrio da musculatura pélvica, a melhora da vascularização e, consequentemente, uma sexualidade satisfatória4 (D). Os fisioterapeutas são responsáveis pela avaliação e educação das pacientes, e também por fornecer informações anatômicas da região genital. O tratamento proporciona melhora da saúde sexual, maior autoconsciência, autoconfiança, melhora da imagem corporal e diminuição da ansiedade6 (D). O tratamento fisioterapêutico da disfunção sexual inclui técnicas, exercícios, abordagem comportamental, biofeedback, eletroterapia para diminuição da dor e modalidades de calor. Também está em posição única no tratamento das mulheres com ansiedade relacionada à penetração vaginal7 (D). Orientam o uso de dilatadores, banhos, óleo vaginal e sobre a posição sexual6 (D). Tanto o fortalecimento quanto a conscientização do assoalho pélvico são técnicas auxiliares no tratamento da disfunção sexual feminina7 (D). O tratamento com esse foco promoveria o aumento do desejo sexual com maior possibilidade de melhorar a excitação8 (D). Outra técnica de reabilitação é o exercício perineal com cones vaginais, cuja utilização terapêutica tem o objetivo de desenvolver a máxima funcionalidade da musculatura pélvica9 (B). Na literatura há relatos de mulheres com músculos fracos que receberam reabilitação do assoalho pélvico e exercícios para os músculos dessa região, e observaram efeitos positivo na vida sexual10 (C). 140 FEMINA | Março 2011 | vol 39 | nº 3 É necessário que as pacientes recebam um treinamento preciso e sejam monitoradas na reabilitação, pois, sem instrução, muitas são incapazes de contrair voluntariamente os músculos do assoalho pélvico. A maioria das pacientes comete erros ao realizar os exercícios, contraindo o glúteo, adutor ou músculos abdominais, em vez dos músculos do assoalho pélvico11 (A). A fisioterapia é fundamental para que a paciente consiga controlar e isolar os grupos musculares no fortalecimento, para que consiga relaxar a musculatura e se sinta motivada a obter uma boa aprendizagem e executar os exercícios apropriados12 (A). A instrução sobre os procedimentos, equipamento, posição durante o tratamento e, motivação, deve ser realizada4 (D). Para verificar se o tratamento está gerando resultados, é preciso verificar a medida da função e força dos músculos do períneo antes e após o treinamento. Se não houver nenhuma mudança, provavelmente o treinamento muscular não seguiu a intervenção recomendada11 (A). Métodos A pesquisa foi realizada nas bases de dados eletrônicas National Library of Medicine (MedLine), Scientific Electronic Library Online (SciElo), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), por artigos publicados entre 1948 e 2010. As palavras-chave utilizadas para a pesquisa dos artigos foram: “Fisioterapia”, “Disfunção Sexual Feminina”, “Tratamento”, e suas traduções para o inglês, “Physiotherapy”, “Female Sexual Dysfunction”, “Treatment”. A pesquisa foi limitada aos idiomas português, inglês e espanhol, e aos estudos realizados com seres humanos. Foram encontrados no PubMed 130 artigos. Os estudos foram pré-selecionados por meio da leitura dos artigos na íntegra. Os critérios de inclusão, definidos para a seleção dos artigos, foram estabelecidos com o objetivo de definir claramente a adequação da literatura encontrada entre estudos de revisão: a) atuação da fisioterapia na disfunção sexual feminina; b) pesquisas realizadas com seres humanos; c) artigos publicados em inglês, português e espanhol. Os critérios de exclusão para a revisão foram: a) artigos mal escritos à análise dos autores; b) estudos de caso ou com amostra menor que cinco mulheres; c) abordagens medicamentosas; d) abordagem relacionada a tratamento psicológico; e) artigos com abordagens masculinas. Os artigos foram classificados de acordo de acordo com o grau de evidência: a) estudos experimentais ou observacionais de melhor consistência; b) estudos experimentais ou observacionais de menor consistência; c) relato ou série de casos; d) opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. Tratamento fisioterapêutico das disfunções sexuais femininas – Revisão de Literatura Discussão Segundo a Associação Psiquiátrica Americana o transtorno do desejo sexual hipoativo é uma deficiência ou ausência de fantasias sexuais e desejo de ter atividade sexual13. É importante informar a paciente sobre diferenças de gênero (resposta sexual masculina e feminina), res­saltar a importância do diálogo para sensibilizar o parceiro para carícias rotineiras e jogos sexuais e mostrar a importância de atentar para os pontos positivos do parceiro, pois a mulher com disfunção sexual de origem relacional tende a concentrar-se nos pontos negativos. Ressaltar a importância do ajuste do casal para o equilíbrio familiar14 (D). O transtorno da excitação sexual feminina é a incapacidade persistente ou recorrente de adquirir ou manter uma resposta de excitação sexual adequada de lubrificação-turgescência até a consumação da atividade sexual13. É importante ressaltar o ajuste do casal com o diálogo e, o uso de carícas14 (D), orientar sobre o uso de óleo vaginal e sobre a posição mais adequada na relação sexual6 (D). Os exercícios de reabilitação do assoalho pélvico são utilizados objetivando a melhora da vascularização4 (C). Com relação ao transtorno do orgasmo, ocorre quando há atraso ou ausência persistente ou recorrente de orgasmo, após uma fase normal de excitação sexual13. O treinamento dos músculos do assoalho pélvico poderia promover melhora, pois, com o aumento da força dos músculos que se inserem no corpo cavernoso do clitóris15 (A), haveria melhor resposta da contração involuntária desses músculos durante o orgasmo16 (B), auxiliando na excitação. Além disso, a melhora do fluxo sanguíneo pélvico, da mobilidade pélvica e da sensibilidade clitoriana após exercícios, potencializaria não só a excitação, mas também a lubrificação vaginal e o orgasmo17,18 (A) (B). A dispareunia é definida como dor associada ao intercurso sexual, podendo ocorrer antes ou após o intercurso13. O tratamento inclui técnica de dessensibilização local do tecido, massagem local, alongamento, biofeedback e estimulação elétrica. As técnicas manuais como massagem, alongamento e liberação do tecido cicatricial, são aplicadas diretamente na pelve e vulva. O objetivo é melhorar a resposta sexual, aumentar o fluxo sanguíneo e a flexibilidade no introito vaginal e diminuir a dor. O uso de dilatadores vaginais ajudam a superar a ansiedade da penetração e facilitar a abertura vaginal19 (D). Um estudo comparando um grupo randomizado e outro de terapia comportamental cognitiva realizado em mulheres com dispareunia resultantes de vestibulitis vulvar observou melhora significativa na função sexual20 (A). O vaginismo caracteriza-se por contração involuntária, recorrente ou persistente, dos músculos do períneo adja- centes ao terço inferior da vagina, quando há a tentativa de penetração vaginal com pênis, dedo, tampão ou espéculo13. O tratamento consiste em fazer a dessensibilização lenta e progressiva, tocando a musculatura peri­neal e, com ordem verbal, orientar o relaxamento dos músculos, que vão sendo palpados de forma gradativa. Após conseguir o relaxamento, fazer o toque somente unidigital. Forçar a musculatura em direção ao ânus para facilitar a dilatação. Em casa, a paciente é orientada a fazer esse exercício pela manhã e à noite. A paciente deve segurar o pênis do parceiro e orientar a penetra­ção1 (D). Em um estudo realizado por coreanos, 12 pacientes foram avaliadas e, após o diagnóstico de vaginismo, foram tratadas com dessensibilização vaginal, usando o dedo, e relaxamento dos músculos pélvicos usando FES-biofeedback. Obtiveram melhora sexual durante e após o tratamento21 (A). Utilizando eletroestimulação uma vez por semana durante dez semanas em 29 mulheres com dor vestibular, induzindo à dispareunia e ao vaginísmo, concluiu-se que esse tratamento pode ser eficaz nas desordens de dor sexual22 (B). Um ensaio clínico realizado com 26 mulheres com diagnóstico de disfunção sexual (transtorno de desejo sexual, excitação, orgasmo e/ou anorgasmia), no período de fevereiro de 2008 a maio de 2009, indicou que as mulheres submetidas ao treinamento dos músculos do assoalho pélvico, tiveram aumento da força e melhora das queixas sexuais, 69% delas receberam alta do Ambulatório de Sexologia sem necessitar de terapia sexual como tratamento complementar23 (B). Em um estudo envolvendo 42 mulheres com incontinência urinária, observou-se que elas também apresentavam algum problema sexual. Entre eles desejo sexual diminuído, escapamento de urina durante o coito, dispareunia e dificuldade de atingir o orgasmo. Após a reabilitação do assoalho pélvico utilizando estimulação elétrica, biofeedback e cinesioterapia, observaram que, além da melhora da incontinência, também houve efeitos positivos na vida sexual; 14,3% relataram um aumento no desejo, 30,9% sentiram a diminuição do escapamento de urina durante o intercurso; 21,4% tiveram uma melhora ligeira na dispareunia; e 9,5% tiveram recuperação completa10 (C). O estudo tinha 134 pacientes, com média de 31,85 anos, e estas foram divididas em Grupo Controle e Grupo Experimental. Alcançou-se a reabilitação da musculatura perineal mediante cones vaginais e, como resultado, demonstrou-se melhora significativa na força perineal9 (B). Em estudo randomizado e controlado, foi observada melhora da qualidade de vida e da vida sexual em 59 mulheres portadoras FEMINA | Março 2011 | vol 39 | nº 3 141 Mendonça CR, Amaral WN de incontinência urinária, tratadas durante seis meses com os exercícios para os músculos do assoalho pélvico24 (A). Não há evidência suficiente para tirar conclusão definitiva sobre os benefícios ou não de ultra-ssom terapêutico para o tratamento da dor aguda ou persistente do períneo após o parto e dispareunia25 (A). Em recente pesquisa, 37 mulheres com queixas de incontinência urinária tratadas com estimulação elétrica TENS relataram uma melhora notável na vida sexual26 (C). Rosenbaum concluiu por meio de uma revisão da literatura sobre eficácia das técnicas usadas no tratamento da disfunção sexual em mulheres, que os fisioterapeutas têm um importante papel como membros integrantes da equipe do cuidado de saúde envolvida na melhoria da saúde sexual. Porém, ressaltou a necessidade de estudos controlados randomizados para validar o sucesso da intervenção fisioterapêutica7 (D). Conclusão A fisioterapia é uma recente área no tratamento das disfunções sexuais femininas, e o profissional ligado à saúde da mulher é um membro importante da equipe multidisciplinar, tendo como objetivos avaliar, prevenir e tratar as patologias sexuais. Observa-se ainda a necessidade de divulgação junto à equipe de saúde que responde pelos cuidados da mulher, por um maior esclarecimento da importância da prática fisioterapêutica, e conscientização por parte das próprias pacientes acerca de suas possibilidades no tratamento na disfunção sexual feminina. Leituras suplementares 1 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 142 Lara LAS, Silva ACJ, Romão APM, Junqueira FRR. Abordagem das disfunções sexuais femininas. Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(6):312-21. Pasqualotto EB, Pasqualotto FF, Sobreiro BP, Lucon AM. Female sexual dysfunction: the important points to remember. Clinics (São Paulo). 2005;60(1):51-60. Rosenbaum TY. Physiotherapy Treatment of Sexual Pain Disorders. 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