Terapia com célula-tronco regenera cartilagens (ORTOPEDIA)

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Programa de Informações Médicas UD
Esta é uma cortesia, cópia de matéria publicada no jornal
“Folha de S. Paulo”.
Terapia com célula-tronco regenera cartilagens
Em estudo inédito, médico carioca consegue reverter lesão nos quadris
Uma lesão no quadril, diagnosticada no final do ano passado, quase interrompeu a carreira
do bailarino Cleber Fantinatti, 28, integrante da Companhia Oficial de Balé da Cidade de São
Paulo.
Graças a um tratamento, ainda experimental, com células-tronco, Fantinatti recuperou-se e
conseguiu participar de um dos espetáculos mais almejados por ele: a reabertura do Teatro
Municipal de São Paulo, em junho.
O procedimento foi feito pelo ortopedista carioca Carlos Bittencourt, 60, professor de
ortopedia do curso de Medicina da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Ele faz testes há quase um ano com plaquetas associadas a células-tronco adultas
expandidas, retiradas dos próprios pacientes.
Em estudo ainda inédito, o médico afirma que a aplicação da substância pode regenerar a
cartilagem lesionada em cerca de seis meses.
Fantinatti não é o único bailarino a sofrer deste tipo de lesão. Por conta do esforço físico,
problemas nas articulações principalmente dos quadris são comuns nessa categoria profissional.
Desde o início do ano, o ortopedista Bittencourt fez o mapeamento das articulações de 30
bailarinos profissionais do Rio e São Paulo, com foco principalmente na região dos quadris. O
objetivo do estudo é diagnosticar precocemente a patologia por meio de exames de imagem e,
assim, impedir que as lesões se tornem mais graves.
"Poderemos interromper essa degeneração da articulação, tão comum em bailarinos,
fazendo uma simples infiltração", afirma. A intenção do médico é mapear pelo menos 300
bailarinos profissionais do país.
TRATAMENTO
Segundo o ortopedista, o tratamento com células-tronco e plaquetas pode ser feito de três
maneiras, dependendo da gravidade da lesão.
A primeira é por meio de procedimento menos invasivo, com injeção intra-articular em
casos de pequenas lesões, como o de Cleber.
Também pode ser realizado por meio de artroscopia (cirurgia feita com sistema ótico de
visualização do interior de uma articulação), em casos de degeneração maior.
Uma terceira opção, para os casos mais graves, é uma cirurgia mais complexa, com a
abertura da articulação.
As células-tronco são retiradas da medula óssea um mês antes da aplicação.
Em laboratório, o pesquisador inicia o processo de separação e expansão das célulastronco. Depois, aguarda para que as células se multipliquem até chegar à quantidade necessária
para o tratamento do paciente.
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No dia do tratamento, o sangue do paciente é coletado para a separação das plaquetas,
que contêm fatores de crescimento.
O médico injeta as células-tronco e as plaquetas. O procedimento no quadril precisa ser
guiado através de imagens de ultrassom ou radioscopia, por se tratar de uma infiltração mais
profunda.
Hoje trinta pacientes estão em tratamento, a maioria com lesões no quadril, semelhantes a
de Fantinatti.
Depoimento: "Em quatro meses, não sentia mais dores", revela bailarino
O risco de não voltar a dançar levou o bailarino Cleber Fantinatti, 28, a submeter-se a uma
terapia experimental para curar a lesão no quadril.
"Resolvi fazer o tratamento na tentativa de evitar uma futura operação. Sei que é uma
técnica ainda muito nova no Brasil, mas já faz oito meses que fiz a aplicação e não senti nenhum
desconforto até hoje", disse à Folha.
Com oito anos de profissão, o dançarino paulista contou que sentia dores incômodas no
quadril quando fazia movimentos no balé.
Em dezembro, ele aceitou ser o primeiro a realizar o procedimento celular com injeção
intra-articular.
"Fui para o Rio fazer a aplicação, que durou de três a quatro minutos. Fiquei dois meses
em repouso e voltei a dançar gradativamente. Em quatro meses eu já não sentia mais dor.
Se vai servir para sempre, não sei, mas posso afirmar hoje é que não sinto mais aquela
dor", disse.
"Ainda não dá para dizer que ele se curou completamente, mas é o que chamamos de
medicina baseada em evidências", disse o ortopedista Carlos Bittencourt.
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