Aula 1 nutrição em pacientes terminais

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PACIENTE TERMINAL
Ms. Roberpaulo Anacleto
Bioética é a reflexão sobre a adequação
ou inadequação de ações envolvidas com a vida.
Competência
Científica
Conhecimento
Tecnologia
Técnica
Competência
Humanista
Sabedoria
Confiança
Ética
Bioética e Terminalidade
BENEFICÊNCIA - Evitar submeter o paciente a intervenções cujo
sofrimento resultante seja muito maior do que o benefício
eventualmente conseguido.
NÃO-MALEFICÊNCIA - Evitar intervenções que determinem
desrespeito à dignidade do paciente como pessoa.
AUTONOMIA - O exercício do princípio da autonomia na situação
do paciente terminal, em razão da dificuldade e abrangência de
tal decisão, mesmo para aqueles que não estejam
emocionalmente envolvidos, deve ocorrer de uma maneira
evolutiva e com a velocidade adequada a cada caso. Em nenhum
momento, essa decisão deve ser unilateral, muito pelo contrário,
ela deve ser consensual da equipe e da família.
Bioética e Terminalidade
JUSTIÇA DISTRIBUITIVA - Se o paciente está na fase de morte
inevitável e são oferecidos cuidados desproporcionais
(Obstinação Terapêutica), está sendo utilizado inadequadamente
os recursos existentes, que poderiam ser aplicados a outros
pacientes.
O princípio da justiça deve ser levado em conta nas decisões
clínicas, mas não deve prevalecer sobre os princípios da
beneficência, da não-maleficência e da autonomia.
Se há um consenso de que um paciente, mesmo em estado
crítico, será beneficiado com um determinado tipo de
medicação e procedimento, a despeito de que o produto esteja
escasso, preservam-se os princípios da beneficência e da
autonomia sobre os da justiça.
- Cuidado Paliativo não é abandono terapêutico!
Hierarquização e Aplicação dos Princípios da Bioética na Evolução de
uma Doença
ADOECIMENTO
Vida Salvável
Preservação da vida
Alívio do Sofrimento
Morte Inevitável
Inversão de
Expectativas
Beneficência
Não-Maleficência
Autonomia
Justiça
Alívio do Sofrimento
Preservação da vida
Não-Maleficência
Beneficência
Eutanásia
• A Eutanásia - originalmente definida como a boa morte; no grego eu -
bom e thanatos - morte. Nos dias de hoje, a isto acrescentou-se mais
um sentido: o da indução, ou seja, um apressamento do processo de
morrer.
• Só se pode falar em eutanásia se houver um pedido voluntário e
explícito do paciente – se este não ocorrer, trata-se de assassinato,
mesmo que tenha abrandamento pelo seu caráter piedoso. E é só
neste sentido que difere de um homicídio, que ocorre à revelia de
qualquer pedido da pessoa.
Distanásia
Distanásia: é a manutenção dos tratamentos invasivos em pacientes
sem possibilidade de recuperação, obrigando as pessoas a processos
de morte lenta, ansiosa e sofrida; é morte lenta, ansiosa e com muito
sofrimento.
Trata-se de um neologismo composto do prefixo grego dys, que
significa ato defeituoso, e thanatos, morte. Trata-se de morte
defeituosa, com aumento de sofrimento e agonia. É conhecida
também como obstinação terapêutica e futilidade médica.
A distanásia é sempre o resultado de uma determinada ação ou
intervenção médica que, ao negar a dimensão da mortalidade
humana, acaba absolutizando a dimensão biológica do ser humano.
Distanásia
"Morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento".
“Distanásia significa prolongamento exagerado da morte de um
paciente. O termo também pode ser empregado como sinônimo de
tratamento inútil. Trata-se da atitude médica que, visando “salvar a
vida” do paciente terminal, submete-o a grande sofrimento. Nesta
conduta não se prolonga a vida propriamente dita, mas o processo de
morrer. No mundo europeu fala-se de "obstinação terapêutica", nos
Estados Unidos de "futilidade médica" (medical futility). Em termos
mais populares a questão seria colocada da seguinte forma: até que
ponto se deve prolongar o processo do morrer quando não há mais
esperança de reverter o quadro?”
Ortotanásia
Seguindo a sequência da aplicação dos princípios éticos, tão logo
seja definido que o paciente não é mais salvável, nossos esforços
devem ser dirigidos no sentido de promover e priorizar o seu
conforto, diminuir o seu sofrimento, e evitar o prolongamento de
sua vida "a qualquer custo".
Essa postura está muito distante da promoção do óbito, como
proposto pela eutanásia que, à luz dos conhecimentos atuais, não
se enquadra nem no princípio da beneficência nem no da nãomaleficência.
Ortotanásia
A Ortotanásia, entendida como possibilidade de suspensão de
meios artificiais para manutenção da vida quando esta não é mais
possível (desligamento de aparelhos quando o tratamento é fútil,
não promovendo recuperação e causando sofrimento adicional),
não é um ato ilícito.
Ou seja, a conduta de desligar equipamentos será lícita se não
significar encurtamento da vida, obedecendo ao princípio de não
maleficência.
Mistanásia:
MISTANÁSIA: morte como um fato “sócio-político”: pobreza,violência e exclusão.
“E somos Severinos iguais em tudo na vida, morreremos de morte
igual, da mesma morte Severina.
Que é a morte de que se morre de velhice antes do trinta, de
emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia. De fraqueza
e de doença é que a morte Severina ataca em qualquer idade, e até
gente não nascida”.
(“MORTE E VIDA SEVERINA” – João Cabral de Mello Netto)
Programas de cuidados paliativos - opção à
eutanásia, ao suicídio assistido e à distanásia
• Seriam os cuidados paliativos um caminho entre a eutanásia, o
suicídio assistido e a distanásia? Uma possibilidade
operacionalização da ortotanásia? A morte na hora certa?
de
• Pacientes gravemente enfermos que frequentam programas de
cuidados paliativos têm grande possibilidade de terem aliviados seus
sintomas incapacitantes e sua dor e há grande preocupação da
equipe em relação à qualidade de vida. Assim, pode-se dizer que o
movimento de cuidados paliativos traz um grande progresso no que
concerne aos cuidados no fim da vida, restituindo o bem estar global
e a dignidade ao paciente gravemente enfermo, favorecendo a
possibilidade de viver sua própria morte, um respeito por sua
autonomia e não o abandonando à própria sorte.
NOVO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
BRASILEIRO INCLUI CUIDADOS
PALIATIVOS
Alguns destaques do Código de Ética Médica (2009):
- Capítulo I:
• A autonomia tem sido um dos itens de maior destaque.
Inciso XXI - No processo de tomada de decisões profissionais, de
acordo com seus ditames de consciência e as previsões legais, o
médico aceitará as escolhas de seus pacientes, relativas aos
procedimentos diagnósticos e terapêuticos por ele expressos, desde
que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas.
NOVO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA
BRASILEIRO INCLUI CUIDADOS
PALIATIVOS
Alguns destaques do Código de Ética Médica (2009):
- Capítulo I (cont):
• O novo Código reforça o caráter anti-ético da distanásia, entendida
como o prolongamento artificial do processo de morte, com
sofrimento do doente, sem perspectiva de cura ou melhora - Aparece
aí o conceito de cuidado paliativo:
Inciso XXII - Nas situações clínicas irreversíveis e terminais, o
médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e
terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob sua
atenção todos os cuidados paliativos apropriados.
Cuidados Paliativos
“Paliativo” - do latim pallium: manto ou capote
•
“Conjunto de medidas capazes de prover uma
melhor qualidade de vida ao doente portador de uma
doença que ameace a continuidade da vida e seus
familiares através do alívio da dor e dos sintomas
estressantes, utilizando uma abordagem que inclui o
suporte emocional, social e espiritual aos doentes e seus
familiares desde o diagnóstico da doença ao final da vida
e estendendo-se ao período de luto”. (WHO, 2002).
NUTRIÇÃO EM
SITUAÇÕES ESPECIAIS
HEPATOPATIA
Nutrição na hepatopatia
Funções do fígado:
# Metabolismo, armazenamento e distribuição dos nutrientes
# Filtro, pela ação das células de Kupffer que fagocitam toxinas e
microorganismos
Hepatopatia:
# Alteração do metabolismo
# Predisposição a quadros infecciosos
Nutrição na hepatopatia
# Deficiência nutricional é uma constante no paciente
com hepatopatia
# Melhora do estado nutricional é uma meta nos
estágios iniciais e moderados
# Nos estágios avançados, a maior preocupação é a
correção metabólica do paciente
Nutrição na hepatopatia
Desnutrição
# Sinal precoce e característico da insuficiência hepática
# Não é paralela ao grau de disfunção hepática
# Pode aumentar a frequência das complicações: ascite,
encefalopatia hepática, suscetibilidade a infecções
Nutrição na hepatopatia
Desnutrição – fisiopatogenia
# Baixa ingesta de nutrientes
# Má absorção de alimentos
# Aumento das necessidades calóricas
# Anormalidade metabolismo dos aminoácidos e dos
carboidratos, infecções recorrentes, perdas protéicas em
paracenteses
Nutrição na hepatopatia
Desnutrição – fisiopatogenia
# Inadequação dos metabolismos de adaptação à
desnutrição: aumento da lipólise, menor mobilização de
proteínas e de glicogênio em reposta ao jejum
# Isso determina maior catabolismo e agravamento
da desnutrição
Nutrição na hepatopatia
Avaliação nutricional
# Difícil
# Anamnese alimentar
# Avaliação nutricional subjetiva
# Peso?
# Estatura?
# Proteínas séricas?
# CMB, pregas cutâneas
Nutrição na hepatopatia
Repercussão na nutrição:
# Maior catabolismo: aumentar RDA em até 150%
# Maior suscetibilidade à infecções oriendas dos alimentos;
cuidado com preparo e armazenamento dos alimentos
Nutrição na hepatopatia
Proteínas
# Balanço nitrogenado negativo (mínimo 1g/kg/dia)
# Fígado não libera glicose para necessidades metabólicas e
há menor conversão de ácidos graxos livres para corpos
cetônicos
# Assim, a outra fonte de energia é o consumo periférico de
aminoácidos de cadeia ramificada (isoleucina, leucina e valina)
Nutrição na hepatopatia
Repercussão na nutrição:
# Aminoácidos de cadeia ramificada:
- evidências iniciais indicando algum benefício no
paciente com encefalopatia hepática crônica
- devido ao custo e pouca demonstração
clínica, uso restrito aos pacientes que não toleram as
proteínas iniciais
Nutrição na hepatopatia
Carboidratos
# Insuficiência hepática aguda: hipoglicemia devido ao
esgotamento dos depósitos de glicogênio e diminição da
gliconeogênese
# Doença hepática crônica: intolerância à glicose com
hiperglicemia devido à resistência periférica à insulina, aumento
dos ácidos graxos não esterificados e aumento da relação
glucagon:insulina
Nutrição na hepatopatia
Gorduras
# Menor síntese de apoproteínas de VLDL, com maior depósito de
gordura no fígado
# Menor síntese de carnitina, que seria essencial no transporte de
ácidos graxos de cadeia longa
# Menor síntese de ácidos biliares, com esteatorréia
# Pacientes com cirrose têm menor capacidade de captar TCM da
circulação e metabolizar, podendo o mesmo passar a barreira
hematocefálica e determinar ou piorar encefalopatia
Nutrição no câncer
Caquexia associada à desnutrição:
êingestão + éconsumo energético + tratamento
Nutrição no câncer
Prevalência da desnutrição depende:
# Tipo de tumor
# Estágio da doença
# Resposta da terapia
Nutrição no câncer
Principais fatores etiológicos:
# Ingestão
# Hipermatabolismo pelo crescimento tumoral
# Efeitos metabólicos do tumor no hospedeiro
Nutrição no câncer
Recuperação nutricional
# Identificação do estado nutricional
# Introdução precoce da terapia nutricional
Nutrição no câncer
Manutenção do estado nutricional
durante o tratamento antineoplásico pode influenciar
favoravelmente a qualidade de vida
Nutrição no câncer
Fatores que induzem a desnutrição:
# Anorexia pela doença, tratamento e/ou depressão
# Alterações do paladar
# Aversão alimentar adquirida
# Estresse
# Distúrbios gastrointestinais: náuseas, vômitos, diarréia, máabsorção, constipação, obstrução
# Lesões na cavidade oral e tubo GI: mucosite severa
Nutrição no câncer
Medidas iniciais para aliviar os efeitos
da terapia
# Mucosite:
• dieta com alimentos à temperatura ambiente ou frios
• modificar consistência para líquido ou pastoso
• evitar alimentos ácidos, condimentos e doces concentrados
• fazer bochechos com chá de malva ou camomila (?)
• uso de TCM tôpico
Nutrição no câncer
Medidas iniciais para aliviar os efeitos
da terapia
# Náuseas e vômitos:
• dieta fracionada em pequenos volumes
• sem concentrações de lipídios
• preferência para pastosos e brandos
• alimentos frios e secos
• líquidos nos intervalos das refeições
Nutrição no câncer
Medidas iniciais para aliviar os efeitos
da terapia
# Diarréia:
• sem lactose se houver intolerância
• cuidar hidratação
• sem alimentos com alta osmolaridade
Nutrição no câncer
Medidas iniciais para aliviar os efeitos
da terapia
# Enterite pós-radioterapia:
• dieta sem resíduos
Nutrição no câncer
Medidas iniciais para aliviar os efeitos
da terapia
# Anorexia:
• utilizar alimentos habituais e agradáveis ao paladar (?)
Nutrição na nefropatia
Metabolismo do rim e nutrição
# Filtração glomerular
# Função tubular
# Função endócrina
Nutrição na nefropatia
Função endócrina
#
#
#
#
#
#
#
Sistema renina-angiotensina-aldesterona
Regulação da excreção Na/H2O
Hormônio anti-diurético
Corticosteróides
Vitamina D
Eritropoetina
Hormônio de crescimento
Nutrição na nefropatia
Dieta e Rim Normal
• Alimentação adequada para idade
qualitativos
• Aspectos
quantitativos
NÃO EXISTEM RESTRIÇÕES
Nutrição na nefropatia
Crianças e Adolescentes
Doença Renal
• PROTEÍNAS
nunca restringir!
Síndrome Nefrótica
Alteração da permeabilidade glomerular
Proteinúria (albuminúria)
Hipoalbuminemia - Hiperlipidemia
pressão oncótica no plasma
Hipovolemia
Edema Intersticial
Retenção de Na+
Síndrome Nefrótica
• Avaliação nutricional (sem edema)
• Análise ingestão alimentar
• Avaliação bioquímica
• Corticoterapia
• Diuréticos
balanço nitrogenado
retenção H2O e Na+
glicemia
obesidade
crescimento
Glomerulonefrites
• Processo inflamatório agudo
ê Filtração glomerular
é Na e H2O
(intravascular)
Glomerulonefrite Aguda
• Calorias
• Proteínas
• Glicídios
RDA para idade
• Lipídios
• Vitaminas
• Minerais: sem sal
K (diuréticos)
• Líquidos: restrição hídrica
Insuficiência Renal
AGUDA
Perda súbita da função renal
• Fases:
- oligoanúrica
- poliúrica
• Evolução:
- cura
- progressão para IRC
CRÔNICA
Perda progressiva
da função renal,
com evolução de
pelo menos 3 meses
• Classificação:
LEVE: 50-75% TFG
MODERADA: < 50% TFG
SEVERA: < 25% TFG
TERMINAL: < 5%TFG
Insuficiência Renal Aguda
• Controlar o catabolismo
• Manter volemia normal (balanço hídrico, peso
corporal e controle ingestão de Na)
• Corrigir e evitar distúrbios eletrolíticos (Na e K)
• Avaliar repercussões da síndrome urêmica
Insuficiência Renal Aguda
• Calorias: 150 RDA
• PROT: 80-100% AVB
• HC: 60-70%
• LIP: 35-40%
• Vitaminas: RDA
Insuficiência Renal Aguda
• SÓDIO
Oligúrica: 1-2mEq/Kg
Poliúrica: normo/hiper
• POTÁSSIO
Oligoanúrica: 1-2mEq/Kg
Poliúrica: éprogressivamente
• Líquidos: restrição se edema ou congestão vascular e na
fase poliúrica é liberado
Insuficiência Renal Crônica
• Avaliação nutricional
• Análise da ingestão alimentar
• Estágio e duração da doença renal:
Conservador
Método dialítico (CAPD,DPI,HD)
Transplantado
• Complicações:
HAS, osteodistrofia renal, ICC
Insuficiência Renal Crônica
• Calorias: 150-200% RDA ( idade estatura )
• PROT: normoproteica (preferência AVB)
• HC: 45-55% (sem concetração)
• LIP: 35-40%
• Vitaminas: ácido fólico, complexo B, vitamina D
Insuficiência Renal Crônica
• Na (se edema, oligúria e HAS?)
Reposição:
Rins Policísticos
Hipoplasia ou Displasia Renal
Nefropatia Túbulo Intersticial
Tubulopatias
• K: individualizado
• Ca: manter calcemia
• P: carbonato cálcio é excelente quelante
• Fe: RDA (anemia déficit de eritropoietina)
• Líquidos: individualizado, RH se congestão vascular
Terapia Renal Substitutiva - CAPD
• Calorias: hipercalórica
• Proteínas: hiperproteica
Diálise (prot/AA) – 240mg/Kg dia
Crescimento
- 70mg/Kg dia
Fezes
- 195mg/Kg dia
500mg/Kg dia
• Glicídios: normais
(s/ concentração)
• Lipídios: normais
Hemodiálise
Terapia Renal Substitutiva
• Calorias: 150% RDA
• Proteínas: hiperproteica
• Na, se edema, HAS? e congestão vascular
• Líquidos: (diurese) controlar, evitando grandes
oscilações de peso (+5%) entre as sessões
Transplante
• Calorias: RDA idade
• Proteínas: hiperproteica
• Glicídios: 50% (s/ concentração)
• Lipídios: 30%
• Na: ê se edema ou HAS
• Colesterol: hipocolesterolêmica
• Líquidos: individualizar
Nutrição em cardiologia
Estado nutricional fundamental!
Prepara para a cirurgia - dando condições!
Nutrição em cardiologia
Densidade calórica
Controle hídrico
Controle de sódio
Cuidar com osmolaridade
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