Sites prometem efeitos psicotrópicos

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DIGITAL
CORREIO POPULAR
E3
Campinas, segunda-feira, 18 de abril de 2011
Silvana Guaiume é editora do Caderno Digital [email protected]
DOTS
● A Nokia anuncia o início da pré-venda
do Nokia E7 até 26 de abril por R$ 1.799.
Na compra do aparelho em lojas físicas,
junto com o voucher da compra para
retirada do Nokia E7, o consumidor
ainda leva um kit com dois livros. O
Nokia E7 é definido como um “escritório
móvel”. Com sistema operacional
Symbian 3, possui acesso direto e em
tempo real ao e-mail pessoal e
corporativo, calendário e contatos por
meio do Microsoft Exchange.
● A Kingston anuncia dois novos
pendrives à sua linha de dispositivos
USB: o DataTraveler 4000 (foto) e o
DataTraveler Vault — Privacy Managed
(DVTP-M). Entre outros diferenciais, o
primeiro possui o FIPS 140-2 Nível 2,
certificado de segurança emitido pelo
Instituto de Normas e Tecnologia dos
EUA. O segundo, produzido em parceria
com a BlockMaster, oferece 100% de
proteção aos dados armazenados graças
à criptografia AES de 256 bits.
● Compatível com câmeras fotográficas
digitais e filmadoras com conector
para tripé, o modelo TG-5060TR, da
Targus Digital, tem elevação de 43cm,
podendo chegar até 127cm e suporta
equipamentos de 1,15k. Possui cabeça
com três posições ajustáveis, hastes
em alumínio com prolongadores
divididos em quatro seções com
três travas. Conta ainda com
longo braço para rotação da
base da câmera e pés
emborrachados. Acompanha bolsa em
nylon.
● A Multilaser disponibiliza por um
preço promocional o fone com
microfone para Skype. O aparelho
para quem faz ligações telefônicas
pelo computador pode ser encontrado
por R$ 30. Portátil, fácil de usar e com
alimentação USB, parece um telefone
comum, mas é voltado para a
tecnologia voip. Possui um
sistema que elimina ecos,
com alta qualidade de voz,
e pode ser utilizado
também em vários
outros programas de
mensagens instantâneas de voz.
Sites prometem efeitos psicotrópicos
Edu Fortes/AAN
/ PROGRAMAS /
Páginas que
oferecem drogas
virtuais despertam
a curiosidade dos
adolescentes
Violência em
casa é mais
nociva que
jogos e filmes
Patrícia Azevedo
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
[email protected]
Efeitos sonoros e animações
psicodélicas vendidos em sites
na internet prometem causar
efeitos parecidos com os provocados pelo consumo de entorpecentes e por relações sexuais. As chamadas drogas digitais, que podem ser baixadas pela web, vem despertando a curiosidade de jovens e
adolescentes e causando polêmica.
Experiências digitais
podem alcançar
o preço de R$ 400
As prometidas experiências
se resumem a músicas ou efeitos sonoros em formato MP3
que abusam de batidas e zumbidos. São acompanhadas de
imagens psicodélicas. “É muito parecido com uma pista de
dança de música eletrônica”,
comenta o especialista em dependência química da Coordenadoria de Prevenção às Drogas de Campinas, Nelson Hossri Neto.
Alguns endereços disponibilizam arquivos gratuitamente, mas o internauta precisa
pagar se quiser novas experiências, conforme prometem
os sites. Algumas delas são comercializadas a preços que
chegam a R$ 400. Com duração entre 15 e 30 minutos, os
downloads são divulgados
também em blogs e redes sociais.
Há arquivos com vários nomes, como orgasm, peyote,
marijuana ou lucid dream.
Eles prometem sensações como melhorar a atividade esportiva, sexual e estimular a
imaginação. Especialistas dizem, no entanto, que nada disso é comprovado.
As drogas digitais, afirmam
os sites que as comercializam,
seriam baseadas em um fenômeno neurossensorial chamado de binaural beats, ou batimento binaural. Sons binaurais têm dois tons em frequência aproximada, mas diferentes entre si. O fenômeno foi
descoberto em 1839 e acreditase que essas batidas seriam capazes de sincronizar as ondas
cerebrais, supostamente alterando o estado da mente.
“Não existem estudos comprovando o fenômeno”, diz o
psiquiatra do Laboratório de
Jovem acessa um dos sites de drogas virtuais que prometem alterar estado mental com sons e imagens; ciência nega que haja alterações
Exposição ao erotismo na
web é outra preocupação
ma preocupação
frequente de pais é a
exposição ao
erotismo por meio da
internet e televisão. O
psiquiatra infantil Antonio
Carvalho de Ávila Jacintho
explica que as crianças e
adolescentes ainda não
possuem uma maturidade
bem desenvolvida que lhes
permita diferenciar o que
pode ser benéfico ou não
para a sua vida. Cabe aos
pais ou responsáveis
orientar o uso e controlar o
acesso a sites com conteúdo
erótico. “A sexualidade
infantil não pode ser
confundida com a
sexualidade do adulto, que
é de outra natureza. O
U
contato precoce com a
pornografia pode facilitar
situações de abuso sexual
de crianças, entre outras
tantas mazelas”, afirma. O
profissional, que
desenvolve pesquisas sobre
o abuso sexual, explica que
o contato com o erotismo
pode banalizar a
sexualidade para um
adolescente, “dificultando o
desenvolvimento de sua
capacidade de estabelecer
vínculos amorosos sadios,
em que a sexualidade possa
ser exercitada de um modo
responsável, respeitando o
desenvolvimento das
capacidades físicas e
mentais de cada um”.
(PA/AAN)
Substâncias Psicoativas do
Hospital de Clínicas da Unicamp, João Baptista Laurito Júnior. “Os neurônios sensoriais
são muito específicos. Os neurônios sensíveis ao som, por
exemplo, não causam o prazer alegado. Isso é diferente
do prazer que sentimos quando ouvimos uma boa música
ou a voz de alguém que amamos, algo que está ligado às
emoções”, acrescenta.
O neurocientista e professor da Faculdade de Medicina
da Unicamp Renato Sabbatini
explica que não há comprovação científica de que esse fenômeno possa provocar qualquer outra sensação além de
relaxamento.
“Há quem diga sem nenhuma base científica que o fenômeno poderia ajudar as pessoas a memorizar e aprender,
parar de fumar, fazer dieta,
combater disfunção erétil ou
melhorar o desempenho atlético, entre outras coisas. No entanto, não há estudos que
apoiem de forma conclusiva
essas alegações, que geralmente são feitas por empresas interessadas em vender aparelhos”, relata.
Internautas que experimentaram as e-drugs contam que
não perceberam alteração alguma. “Eu não senti nada, absolutamente nada. Não tem o
mesmo efeito de outros tipos
de droga”, diz um empresário
que pediu para não ser identificado. A consultora de moda
R.A. também usou as drogas
digitais e diz que se decepcionou. “Esperava um barato
com imagens psicodélicas,
mas nada aconteceu”, conta.
O contabilista JP não experimentou as drogas digitais,
mas foi proibido pela namorada de ouvir a trilha sonora do
filme Matrix enquanto dirigia.
“Bastava eu colocar a trilha para rodar, que meu desempenho ao volante mudava completamente. Ficava pilhado e
corria bem mais que o normal. O CD, por conta disso, foi
escondido em local incerto e
não sabido.”
Psiquiatras sugerem diálogo honesto e aberto
Experimentar e-drugs pela internet não desperta, necessariamente, o interesse pelas drogas reais, dizem especialistas
Gustavo Tilio/Especial para a AAN
A curiosidade em conhecer
drogas virtuais não deve ser
encarada como algo preocupante, dizem os especialistas
ouvidos pela reportagem. Segundo eles, as e-drugs não
despertam, necessariamente,
nos jovens o interesse pelas
drogas reais. “A curiosidade é
importante e ajuda o adolescente a formar sua personalidade”, diz o psiquiatra João
Baptista Laurito Júnior.
Ele orienta os pais a conversar com os jovens de forma aberta sobre o assunto e a
explicar que as e-drugs não
funcionam e que não são consideradas entorpecentes.
“Eles devem ser honestos, tirar as dúvidas e, principalmente, ouvir o que os filhos
têm a dizer”, diz.
A orientação do psiquiatra
Antonio Carvalho de Ávila Jacintho aos pais que temem
que os filhos migrem da internet para o vício real é aprofundar o diálogo sobre os efeitos dos aplicativos virtuais e
os riscos de consumir drogas
de verdade.
Jacintho explica que muitos são os motivos que po-
dem levam o jovem a consumir drogas ilícitas. “São fatores genéticos, a história pessoal, as experiências, o fácil
acesso às drogas e também as
dores que cada jovem carrega”, explica.
Segundo ele, os pais devem acompanhar o desenvolvimento dos filhos e observar
o comportamento para conversar abertamente e alertar
sobre os perigos do consumo
de entorpecentes. Dessa forma, alega, o problema pode
ser detectado e evitado. (PA/
AAN)
O psiquiatra Jacintho orienta os pais a observarem os adolescentes
De tempos em tempos algum
crime reacende as discussões
sobre a origem do comportamento agressivo de crianças e
adolescentes. Filmes e games
violentos já foram apontados
como vilões. Mas o psiquiatra
infantil da Faculdade de Medicina da Unicamp Antonio Carvalho de Ávila Jacintho explica
que deixar a criança e o adolescente assistir a um filme de terror ou jogar um game violento
não constitui um problema.
“A questão é saber se os
pais agem ou não de um modo agressivo ou violento com
a criança ou adolescente. O
problema está muito mais nos
valores que os pais passam para as novas gerações. O filme
violento pode ser menos nefasto do que um castigo cruel,
frente a uma desobediência
da criança por exemplo”, diz.
Jacintho conta que a violência faz parte da vida. “Cedo ou
tarde a criança irá ter contato
com ela. Nos contos de fadas
existem situações de extrema
agressividade e violência. Estabelecer um contato ficcional
com essa realidade pode permitir à criança uma melhor
compreensão e adaptação à
realidade da vida. Uma criança ou adolescente pode ser
poupada da ficção violenta,
mas certamente não será poupada do horror frente à chacina de Realengo”, afirma.
O psiquiatra diz que não se
pode atribuir à ficção e ao
mundo virtual a responsabilidade isolada pelos comportamentos violentos do jovem.
“São muitos os fatores que modulam a agressividade humana. Além da influência que pode advir dos filmes ou videogames, também temos de levar
em conta as características da
personalidade, o modo como
o sujeito foi educado e também o tipo de relações e experiências emocionais que pode
viver em sua vida”, salienta.
Segundo ele, isso não quer
dizer que jovens possam ser
expostos de forma massiva à
violência sem danos. “Alguns
estudos sugerem que jovens
submetidos a uma rotina de
intenso contato com games
agressivos apresentam uma
falta de sensibilidade frente à
violência. Mas o assassinato
presenciado por uma criança
ou adolescente em um ambiente hostil pode ter efeitos
muito mais devastadores para
o cérebro e o desenvolvimento do que o da ficção”, reforça.
(PA/AAN)
SAIBA MAIS
Uma pesquisa do Departamento
de Investigações sobre Narcóticos
(Denarc) de São Paulo sobre as
drogas digitais verificou que elas
não produzem o efeito alegado
nos sites. Segundo o delegado
Reinaldo Correa, como as
músicas e as imagens divulgadas
nos sites não podem ser
consideradas drogas, não são
alvo de investigação. De acordo
com a Polícia Federal, a lei
antidrogas brasileira aceita como
droga ilícita as substâncias
catalogadas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). Como as chamadas
drogas digitais não se incluem
nessa portaria, o seu uso e
divulgação não são investigados.
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