A importância do Planejamento como fator catalisador da sustentabilidade Real Planner Engenharia Material Complementar - Palestra A Importância do Planejamento como Fator Catalisador da Sustentabilidade “A indústria da construção tem sido um dos ramos que vem sofrendo alterações substanciais nos últimos anos. Com a intensificação da competitividade, a globalização dos mercados, a demanda por bens mais modernos, a velocidade com que surgem as novas tecnologias, o aumento do grau de exigência dos clientes – sejam eles usuários finais ou não – e a reduzida disponibilidade de recursos financeiros para a realização de empreendimentos, as empresas se deram conta de que investir em gestão e controle de processos é inevitável, pois sem essa sistemática gerencial os empreendimentos perdem de vista seus principais indicadores: o prazo, o custo, o lucro, o retorno sobr e o investimento e o fluxo de caixa. Informação rápida é um insumo que vale ouro. Nesse contexto, o processo de planejamento e controle passa a cumprir papel fundamental nas empresas, na medida em que tem forte impacto no desempenho da produção. Estudos realizados no Brasil e no exterior comprovam esse fato, indicando que a deficiências no planejamento e no controle estão entre as principais causas da baixa produtividade do setor, de suas elevadas perdas e da baixa qualidade dos produtos. Atualmente, mais do que nunca, planejar é garantir de certa maneira a perpetuidade da empresa pela capacidade que os gerentes ganham de dar respostas rápidas e certeiras por meio do monitoramento da evolução do empreendimento e do eventual redirecionamento estratégico”. MATTOS, Aldo Dórea. PLANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS, Pini, 2010. Amyr Klink, Aventureiro, será? Queremos destacar nesse, o desafio enfrentado e superado com competência por Amyr Klink. “Foi a primeira travessia solitária a remo do Atlântico Sul. Por 100 dias, o jovem navegador Amyr Khan Klink, com apenas 29 anos, remou da costa da Namíbia, na África, até a praia da Espera, na Bahia, Brasil. Logo nos primeiros dias, Amyr enfrentou seu batismo de fogo, e atravessou a turbulenta corrente próxima a costa da África, não sem capotar o barco I.A.T. por 3 vezes. Para esses momentos, Amyr idealizara um lastro dos tanques anticapotagem, que fazia o barco se comportar como um joão-bobo: depois que virava, voltava à posição original (leia mais em Barcos_I.A.T.). Essa foi uma das inovações imaginadas por Amyr para o projeto do I.A.T, que tinha como base o modelo do Capitaine Cook, do navegador frânces Gérard D’Aboville. Como naquela época o GPS (Global Positioning System) ainda não existia, Amyr navegava através dos astros e do sextante. Mas eram as ondas do rádio (leia mais) que traziam informações certeiras sobre seu posicionamento. Em um dia, chegou a remar 110 quilômetros. Em outros, ficava à deriva, esperando as grandes tempestades passarem. O contato com baleias, tartarugas e tubarões marcou sua viagem, assim como a convivência com as ondas de todos os tipos, das cuspideiras às madrastas, nomenclatura inventada à época, pelo navegador.O relato dessa viagem daria origem ao livro “Cem Dias http://www.amyrklink.com.br/pt/expedicoes Entre Céu e Mar”” . Poderíamos dizer que Amyr Klink seria um aventureiro? De aventureiros podem ser chamadas as pessoas que se lançam num empreendimento sem o mínimo preparo, sem saber no que vai dar, sem saber onde chegar, ou seja, enfrentar desafios sem o devido preparo. Nota-se que nesse empreendimento Amyr planejou cada item, cada risco, cada contingência para alcançar seu objetivo. Ele simplesmente não pegou um barquinho a remo qualquer, desenvolveu um barco para suportar a travessia, se preparou físico e mentalmente para suportar o tempo em mar aberto. Para cada necessidade ele previu recursos. Planejamento, Ciência ou Arte? O que então dizer de Planejamento, ciência ou arte? Podemos afirmar que as duas opções se encaixam na ação de planejamento. É ciência porque podemos quantificar e mensurar; mas também é arte, porque não basta o pensamento lógico, se faz necessário a abstração. Quanto ao planejamento podemos dividi-lo em três níveis: “Planejamento estratégico – Planejamento Estratégico é um processo gerencial que se refere à formulação de objetivos para a seleção de programas de ação e para sua execução, levando em conta as condições internas e externas à empresa e sua evolução esperada. Também considera premissas básicas que a empresa deve respeitar para que todo o processo tenha coerência e sustentação” “Planejamento Tático – é o planejamento realizado no nível intermediário da organização e ocupa-se, entre outras coisas, com a alocação de recursos. Integra a estrutura da organização para fazer frente aos desafios estratégicos, desdobrando os objetivos institucionais em objetivos departamentais. É um planejamento de médio prazo”. “Planejamento Operacional – é a formalização dos objetivos e procedimentos a seguir, principalmente através de documentos escritos das metodologias de desenvolvimento e implantações estabelecidas e é desenvolvido pelos baixos níveis de gerência”. CHIAVENATO, Idalberto. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO. [S.l.]: Elsevier, 2004. Metodologia de Gestão - PMI Definidos os estágios de planejamento devemos nos ocupar com métodos que nos auxiliem a fazer a gestão do empreendimento. Neste seguimento no Brasil tem se destacado o Método de Gestão de Projetos apregoado pelo PMI – Project Management Institute – sobre as melhores práticas de gestão. Com seu consagrado PMBOK – A Guide to the Project Management Body of Knowledge, desenvolve recomendações para os diversos planos que compreendem os três níveis de planejamento. São eles: 1. Plano de Integração. 2. Plano do Escopo; 3. Plano do Tempo; 4. Plano dos Custos; 5. Plano da Qualidade; 6. Plano dos Recursos Humanos; 7. Plano da Comunicação; 8. Plano dos Riscos; 9. Plano das Aquisições; 10. Plano dos Interessados; 11. Plano da Segurança do Trabalho; 12. Plano do Meio Ambiente; 13. Plano dos Pleitos; 14. Plano dos Financiamentos; Cabe salientar que os Planos de Segurança do Trabalho, Meio Ambiente, Pleitos e Financiamentos são integrantes apenas para os serviços de construção civil. Os demais são utilizados para qualquer tipo de projeto. Falhas no Planejamento Tristemente se tem constatado no ramo da construção civil a falta ou inadequação do planejamento das obras. Tal constatação se faz presente em maioria nas obras de pequeno e médio portes. Estas falhas ocorrem em graus variados. Há empresas que planejam, todavia o fazem mal; outras planejam bem, no entanto, não controlam; e aquelas que são um improviso total. Falhas de planejamento podem trazer consequências terríveis para uma obra (projeto), e por extensão, para empresa que a executa. Existem vários casos de frustração de prazos, estouros de orçamento, atrasos não justificados, litígios judiciais com clientes para recuperação de perdas e danos. Por certo, a forma de minimizar esses impactos é produzir um planejamento lógico e racional, baseado em critérios técnicos e fácil de manusear. Os fatores que levam a falhas em Planejamento e Controle podem ser agrupados em função dos seguintes aspectos: Planejamento extremamente informal – Denota-se que informalidade reside no hábito de achar que o planejamento são ordens transmitidas pelo engenheiro de campo a seus mestres de obra. Nesse processo, perde-se o conceito sistêmico de planejamento, com a visão de longo prazo sendo interceptada pelo imediatismo das atividades de curto prazo. Todavia, a excessiva informalidade dificulta a comunicação entre os vários setores da empresa. Falta de confiança nos parâmetros utilizados – Vê-se que a incerteza é parte do processo de construção em função da variabilidade dos serviços e das condições locais, da natureza do seu processo de produção e da própria falta de domínio das empresas de seus processos. A lenda urbana do “tocador de obras” – historicamente devido a grande informalidade no ramo da construção civil, onde o desperdício era tido como “aceitável”, surgiu a figura do “tocador de obras” com seu estilo e postura próprio, de tomar decisões rapidamente com base em sua experiência e intuição, em detrimento do planejamento, por considerar perda de tempo. Esses profissionais estão cada vez mais raros, o que gera um déficit na empresa quando da sua substituição. Por outro lado, a figura do tocador de obras está por se encerrar, haja vista, o desperdício não ser mais um ativo aceitável. A figura do gerente é muito mais atrativa às empresas do que o tocador de obras. Planejamento e Controle como atividade um único setor – o setor técnico da empresa tem a penosa responsabilidade de elaborar o planejamento que muitas vezes tem apenas autoridade figurativa, ou seja, como diz o adágio “Apenas para inglês ver”. Este planejamento na maioria das vezes não passa por uma análise apurada, nem tampouco são aprovados por quem vai executar a obra, ou seja, sequer submetidos ao crivo da equipe de produção. Em suma, em vez de ser um processo gerencial que permeia toda empresa, é confundido como um trabalho isolado de um setor. Daí vem o eterno dilema “O que se planeja na técnica, não é o que se executa no campo”. Esta dicotomia pode levar a empresa a angariar muitos resultados negativos. Os planos feitos sob esta ótica necessitam tanto de uma base de informações consistente, quanto de procedimentos que garantam o envio das informações geradas a seus usuários, em formato adequado e no tempo certo. Para doutrinar o pessoal de campo é necessário realizar reuniões de acompanhamento eficazes. Envolver todos no planejamento para que haja aceitação e engajamento. Também as informações de evolução do trabalho devem ser transmitidas a todos os envolvidos, desde o diretor ao estagiário. Comumente encontra-se o problema de não acompanhamento do cronograma. É feito um cronograma inicial e simplesmente é deixado de lado. Uma vez que uma obra é extremante dinâmica, um planejamento pode rapidamente tornar-se obsoleto, ou seja, planejamento sem controle, não existe. Com planejamento e controle bem desenvolvido gera-se indicadores de desempenho que permite a premiação das melhores equipes e detecção de focos de desvio. Benefícios Agregado pelo Planejamento Verificamos a algumas falhas que acontecem ao desenvolver um planejamento. Vamos então, verificar algumas vantagens de se fazer planejamento. Conhecimento integral da obra e entornos – A elaboração dos planos constrange o profissional ao estudo dos projetos, a visita técnica a obra, o conhecimento pleno do contrato, a análise dos métodos construtivos, a observação e identificação da produtividade considerada no orçamento, a determinação do período trabalhável para as frentes de serviço, o tipo de serviço, além das restrições, premissas, prazos, ambiente social, logística... Identificação de situações desfavoráveis e favoráveis – A previsão oportuna de situações desfavoráveis e indícios de desconformidade permite ao gerente da obra tomar providências a tempo, adotar medidas preventivas e corretivas e tentar minimizar os impactos no custo e no prazo. Por outro lado, identificar situações favoráveis corrigindo o curso do planejamento e agregando valor ao projeto. Podemos denominar esta situação como “oportunidade construtiva” onde se tem o potencial para agregar valor e “oportunidade destrutiva” no qual se paga o custo da mudança. Grau de oportunidade da mudança em função do tempo Agilidade nas decisões – O planejamento e o controle permitem uma visão real da obra, servindo de base confiável para decisões gerenciais como: aceleração dos serviços, métodos construtivos, terceirização de serviços... Racionalização do alocamento dos recursos – Por meio da análise do planejamento, o gerente pode trabalhar as folgas das atividades, nivelar recursos, procrastinar a alocação de certos equipamentos. Linhas de base – São planos referenciais para comparação entre o previsto com realizado. Linhas de base – São planos referenciais para comparação entre o previsto com realizado. Padronização – O planejamento disciplina e unifica o entendimento da equipe, tornando a comunicação e o plano de ataque da obra extremante eficaz. É justamente a falta de padrão que leva aos grandes conflitos e desentendimento entre os profissionais envolvidos com a obra. Ou seja, o fiscal tem uma obra na cabeça, o engenheiro outra o mestre ainda outra e assim vai sucessivamente. Referência para metas – Um planejamento referencial bem elaborado oferece um referencial confiável para programas de metas e bônus. Rastreabilidade – O planejamento e controle gera registros escritos e periódicos relatando a evolução da obra e suas nuances, deveras útil para resolução de pendências, resgate de informações, elaboração de pleitos, constituição de acervo técnico, mediação de conflitos e arbitragens. A importância do planejamento como fator catalisador da sustentabilidade O planejamento é de fato um catalisador da sustentabilidade da empresa, tendo em vista a perpetuidade da mesma. Assim como um catalisador em uma reação química, reduz a energia da ativação e aumenta a velocidade de reação, sem, contudo, participar dela. O planejamento reduz a energia da ativação de falhas, que geram prejuízos e aumenta a velocidade de reação frente as falhas evitando prejuízos e melhorando processos, sem, contudo, interferir no produto ou serviço. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CHIAVENATO, Idalberto. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO. [S.l.]: Elsevier, 2004. 2. MATTOS, Aldo Dórea. PLANEJAMENTO E CONTROLE DE OBRAS, Pini, SP, 2010. 3. PMI – Project Management Institute, Inc. A GUIDE TO THE PROJECT MANAGEMENT BODY OF KNOWLEDGE – PMBOK® GUIDE, 5º Ed., 2013, USA. 4. PMI – Project Management Institute, Inc. CONSTRUCTION EXTENSION TO THE – PMBOK® GUIDE THIRD EDITION, 2º Ed., 2007, USA. 5. KLINK, Amyr. CEM DIAS ENTRE CÉU E MAR, Cia das Letras, 1995, BR [email protected] Adm. Ivan Aralde da Conceição Eng. Alexandre Caio Martins Av. Tancredo Neves, 243 – Sala 1 – Itá – SC CEP 89760-000 – Fone: (49) 3458-2226