efeitos da saturação por bases no

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EFEITOS DA SATURAÇÃO POR BASES NO DESENVOLVIMENTO INICIAL
DO PINHÃO MANSO EM LATOSSOLO DO CERRADO
Edna Maria Bonfim-Silva1, Analy Castilho Polizel1, Jackelinne Valeria Rodrigues
Sousa 2, Maurício Apolonio de Lima2, Ermesonguia Rezende de Almeida2
1. Professora Doutora da Universidade Federal de Mato Grosso/Campus
Universitário de Rondonópolis ([email protected])
2. Graduando do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental da Universidade Federal
de Mato Grosso, Campus Universitário de Rondonópolis. Brasil.
Data de recebimento: 07/10/2011 - Data de aprovação: 14/11/2011
RESUMO
Diante da preocupação atual com o efeito estufa e a escassez das reservas
mundiais de combustível fóssil, o pinhão manso (Jatropha curcas L.) tem despertado
interesse dos produtores, do governo e instituições de pesquisas. Objetivou-se pelo
presente trabalho avaliar o desenvolvimento inicial do pinhão manso submetido a
níveis de saturação por bases em Latossolo Vermelho do cerrado. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado com cinco saturações por bases: V(%)=0,
V(%)=20, V(%)=40, V(%)=60 e V(%)=80 e seis repetições. Foram avaliados altura
de planta, diâmetro de caule, massa seca da parte aérea e raízes e o pH do solo. Os
resultados foram submetidos à análise de variância e teste de regressão a 5% de
probabilidade. Para altura de plantas de pinhão manso, a maior altura foi observada
na saturação por bases de 48,73%. O maior diâmetro de caule foi observado na
saturação por bases de 61,25%. Comparando-se os resultados de pH do solo aos
vinte dias de incubação com aqueles oberservados aos 45 dias de crescimento do
pinhão manso, pode-se observar redução significativa. Para massa seca da parte
aérea e raizes as maiores produções foram observadas na saturação por base de
56,14 e 47,12% respectivamente. As saturações por bases entre 40 e 60%
influenciaram positivamente no desenvolvimento e produção inicial do pinhão manso
em Latossolo Vermelho do Cerrado.
PALAVRAS-CHAVE: Jatropha curcas L., Euforbiáceas, Calagem
EFFECTS OF SATURATION BASIS IN THE DEVELOPMENT INITIAL ON OF
JATROPHA IN THE CERRADO OXISOL
ABSTRACT
Given the current preoccupation with global warming and the scarcity of fossil fuel
world reserves, jatropha (Jatropha curcas L.) has attracted interest of producers, the
government and research institutions. The objective of this work was evaluate the
initial development of jatropha subjected to saturation levels in the latosol of Cerrado.
The experimental design was completely randomized with five saturation basis
levels: V(%)=0, V(%)=20, V(%)=40, V(%)=60 and V(%)=80 and six repetitions. We
estimated plant height, stem diameter, dry mass of upper part and roots, and ground
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pH. The results were submitted to analysis variance and regression test at 5%
probability. The greatest height was observed in the basis saturation of 48.73%. The
largest stem diameter was observed in the basis saturation of 61.25%. Comparing
the results of ground pH in the twenty days of incubation to those observed 45 days
of growth of jatropha, were found a significant reduction. For the dry mass of shoots
and roots the highest yields were observed in the basis saturation of 56.14% and
47.12% respectively. The saturation basis levels between 40% and 60% presented a
positive influence in the development and initial production of jatropha in latosol of
Cerrado.
KEYWORDS: Jatropha curcas L., Euphorbia, Liming.
INTRODUÇÃO
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) também conhecido como pinhão do
Paraguai, purgueira, pinha-de-purga, grão-de-maluco, pinhão-de-cerca, turba,
tartago, dentre outros, pertencente à família das Euforbiáceas, a mesma da mamona
(Ricinus communis L) e da mandioca (Manihot esculenta Crantz). É uma planta
oleaginosa com todas as qualidades necessárias para ser transformado em óleo
diesel (PURCINO & DRUMMOND, 1986).
Segundo NERY et al. (2009), diante da preocupação atual com o efeito
estufa, o aquecimento global e a escassez das reservas mundiais de combustível
fóssil, o pinhão manso tem despertado interesse dos produtores, do governo e das
instituições de pesquisas. É uma planta oleaginosa viável para a obtenção do
biodiesel, pois produz, no mínimo, duas toneladas de óleo por hectare, levando de
três a quatro anos para atingir a idade produtiva (CARNIELLI, 2003).
MARTINS et al. (2010) relatam que a utilização do pinhão manso como
matéria prima para a produção de bioenergia está embasada nas características
agronômicas inerentes a espécie, tais como, alto potencial de produção de grão e/ou
óleo, espécie uso não alimentar e a perenidade da cultura.
Apesar de pouco exigente em condições climáticas e solo fértil, adaptando-se
facilmente a variadas condições, o pinhão manso deve preferencialmente ser
cultivado em solos profundos, bem estruturados e pouco compactado para que o
sistema radicular possa se desenvolver e explorar maior volume de solo,
satisfazendo a necessidade da planta em nutrientes (ARRUDA et. al. 2004).
Os solos do cerrado são predominantemente Latossolo, que apresenta acidez
elevada e baixa fertilidade natural. A acidez do solo é reconhecida como um dos
principais fatores que conduzem a baixa produtividade dos cultivos no país (RAIJ,
1991). Devido aos solos serem naturalmente ácidos a calagem é uma das práticas
mais comuns e efetivas para aumentar a produção agrícola em solos ácidos. O uso
adequado de calcário é fundamental para aumentar a produção e, ao mesmo tempo,
reduzir os custos de produção por meio da economia em adubos cuja calagem
promovem melhor aproveitamento.
A correção dos níveis tóxicos de alumínio e manganês e a adição de
quantidade adequada de calcário e magnésio, são os principais objetivos da
calagem nos solos de regiões tropicais. Segundo FAGERIA (2001) a saturação por
bases está relacionado ao fornecimento de bases trocáveis em níveis ótimos para o
desenvolvimento das plantas. No que diz respeito ao pinhão manso trabalhos na
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literatura em relação ao desenvolvimento e crescimento dessa cultura ainda são
escassos.
Assim, objetivou-se pelo presente trabalho avaliar o desenvolvimento inicial e
produção da parte aérea e raiz do pinhão manso submetido a níveis de saturação
por bases em Latossolo Vermelho do cerrado.
METODOLOGIA
O experimento foi conduzido por 65 dias em Casa de Vegetação (Figura 1) na
Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT, Campus Universitário de
Rondonópolis, no período de Abril a junho de 2011. O solo utilizado foi Latossolo
Vermelho, proveniente de área de Cerrado nativo, coletado em uma profundidade de
0-20 cm, passado em peneira com malha de 5 mm de abertura em que realizou-se a
caracterização química apresentando os seguintes resultados: V=9,8%; pH (em
CaCl2) = 4,0; P = 1,2 mg dm-3; K = 40 mg dm-3; Ca = 0,2 Cmolc dm-3; Mg = 0,1 Cmolc dm-3;
Al = 1,6 Cmolc dm-3 e MO = 24,8%.
FIGURA 1. Vista geral do experimento com pinhão
manso em Casa de Vegetação.
Fonte: Os autores.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos (níveis de saturação por bases) e seis repetições. A espécie utilizada no
estudo foi o pinhão manso. Utilizou-se vasos plásticos com capacidade para 5 dm3
de solo. A necessidade de calagem foi calculada pelo método de saturação por
bases (Raij, 1991). Os tratamentos consistiram de cinco saturações por bases
V(%)=9,8 (natural do solo), V(%)=20, V(%)=40, V(%)=60 e V(%)=80. O solo foi
incubado com calcário dolomítico (Figura 2), com PRNT 80,3%, por 20 dias, em que
foi realizado adubação fosfatada (150 mg dm-3 de P2O5), utilizando-se como fonte de
fósforo o super fosfato simples, e em seguida, feita semeadura de sementes de
pinhão manso.
A adubação potássica (K2O) e nitrogenada, foi realizada aos 13 dias após a
semeadura, nas doses de 50 e 100 mg dm-3, sendo utilizado com fonte KCl e Uréia,
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respectivamente. Após dois dias dessa adubação, realizou-se o desbaste, deixandose três plantas homogêneas por vaso.
A coleta do experimento foi realizada aos 45 dias após a semeadura,
cortando-se rente ao colo das plantas. As folhas foram separadas do caule para
obtenção de suas frações. O comprimento e diâmetro do caule foram medidos com
régua graduada e paquímetro digital respectivamente. O solo foi peneirado em
peneira de 2 mm para separação das raízes, em seguida as raízes foram lavadas
em água corrente. A parte aérea e raízes foram condicionadas em sacos de papel e
levados para secagem em estufa com circulação forçada de ar à 65º até massa
constante.
No momento da coleta das plantas, amostras de solo foram retiradas dos
vasos, para determinação de pH em CaCl2. As variáveis avaliadas foram: altura de
plantas, diâmetro do caule, pH do solo, massa seca da parte aérea e raízes. As
análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa SISVAR (FERREIRA,
2008).
Todas as variáveis foram submetidas à analise de variância e teste de
regressão a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSÃO
Para altura de plantas de pinhão manso (Figura 2), houve ajuste à modelo
quadrático de regressão, com a maior altura observada na saturação por bases de
48,73%, com incremento de 33% quando comparado a saturação por bases que
proporcionou a maior altura de plantas, com o tratamento com a ausência da
aplicação de calcário (testemunha).
FIGURA 2. Altura de plantas de pinhão manso
submetido à diferentes níveis de
saturação por bases em Latossolo
Vermelho do Cerrado.
LÉLES (2008), ao estudar a interação de doses de calcário e zinco na
mamoneira, observou que as doses de calcário aplicadas para elevar a saturação
por bases para 60 e 80% promoveram maior crescimento da planta.
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Para NASCIMENTO et al. (2010) o desenvolvimento da mamoneira com
níveis de calagem, necessária para elevar a saturação por bases para 50, 60, 70 e
80%, em um Latossolo Vermelho-Amarelo compactado e com saturação de bases
igual a 39,43%, não apresentou efeito significativo para altura das plantas de
mamona. Em plantas de mandioca,recomenda-se que a saturação por bases em
geral fique entre 50-60% (FUKUDA & OTSUBO, 2003).
Esses resultados foram semelhantes aos observados por BERNARDINO et
al., (2005) que estudando a influência da saturação por bases dos Latossolo
distrófico e Latossolo álico no crescimento e na qualidade de mudas de
Anadenanthera macrocarpa (angico-vermelho), onde foi observado que a altura da
parte aérea foi influenciada pela elevação da saturação por bases nos dois
Latossolos, assumindo-se comportamento linear no latossolo distrófico e quadrático
para o Latossolo álico, com altura máxima observada na saturação de base de
43,01%.
Para o diâmetro de caule a saturação por bases que proporcionou o maior
diâmetro de caule foi de 61,25%, com o diâmetro de 12,55mm (Figura 3). Observouse incremento de 16,8% quando comparado o tratamento que apresentou o máximo
diâmetro de caule (61,25%) com o tratamento que não recebeu calagem
(testemunha).
FIGURA 3. Diâmetro do caule de plantas de
pinhão
manso
submetido
à
diferentes níveis de saturação por
bases em Latossolo Vermelho do
Cerrado.
NASCIMENTO et al. (2010) não observaram efeito significativo para o
diâmetro do caule de mamona em função dos níveis de saturação por bases (50, 60,
70, e 80%).
BERNARDINO et al. (2005) avaliando o diâmetro do caule de angicovermelho (Anadenanthera macrocarpa) aos 100 dias de crescimento, observaram
que o maior diâmetro ocorreu na saturação por bases igual a 46%. SANTIN et al.
(2007) estudando os efeitos da calagem no crescimento de mudas de erva-mate
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(Ilex paraguariensis St. Hil.) verificaram influência negativamente, sendo o maior
diâmetro alcançado com a saturação por bases igual a 4%.
Para o pH do solo aos 20 dias de incubação do calcário (Figura 4), houve um
ajuste ao modelo linear de regressão, com incremento de 26,7%, comparando-se o
tratamento que não recebeu calagem (testemunha) com o tratamento que recebeu
calcário para elevação da saturação por bases para 80%. Assim, observou-se
aumento de pH de 5,27 para 7,19 quando comparado ao tratamento testemunha
com a maior saturação por bases do intervalo experimental.
(A)
(B)
FIGURA 4. pH do solo aos 20 dias de
incubação do calcário (A) e após
45 dias (B) de crescimento de
plantas de pinhão manso em
função dos níveis de saturação
por bases em Latossolo Vermeho
de Cerrado.
Houve diferença significativa para pH do solo após a calagem quanto a
saturação por bases, ajustando-se ao modelo linear de regressão (Figura 6). A
calagem aumentou linearmente o pH, de acordo com as doses de calcário aplicadas.
Em decorrência da reação química do material corretivo aplicado ao solo,
têm-se as conhecidas alterações químicas no solo, como: aumento do valor pH, a
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neutralização do ferro e do alumínio trocável, a insolubilização do manganês, o
fornecimento de cálcio e magnésio, as modificações da capacidade de troca
catiônica efetiva, alteração da disponibilidade de micronutrientes entre outros efeitos
(MALAVOLTA, 1981).
Comparando-se os resultados de pH do solo aos 20 dias de incubação com
aqueles oberservados aos 45 dias de crescimento do pinhão manso, pode-se
observar redução de 0,51; 0,651; 0,796; 0,941 e 1,086 para saturações por bases de
testemunha; 20; 40; 60 e 80, respectivamente. A absorção de nutrientes catiônicos
pelas plantas podem ter possivelmente contribuido com o aumento da acidez do
solo.
Houve diferença significativa para produção de massa seca da parte aérea do
pinhão manso quanto a saturação por base, ajustando-se ao modelo quadrático de
regressão (Figura 5). As maiores produções de massa seca de parte aérea foram
observadas na saturação por base de 56,14%.
FIGURA 5. Produção de massa seca parte aérea
de plantas de pinhão manso
submetido à saturação por bases em
Latossolo Vermeho de Cerrado.
Segundo JONES (1988) uma planta com maior biomassa da parte aérea
resultará em aumento de área foliar, em maior interceptação de luz e, portanto, em
maior produtividade, tanto de massa seca quanto de grãos.
O cálcio tem muitos efeitos no crescimento e desenvolvimento das plantas
melhorando a fotossíntese e outros processos como divisão celular, movimentos
citoplasmáticos e o aumento do volume celular (MALAVOLTA, et al., 1997). O cálcio
é de fundamental importância dentro da planta, pois e o elemento formador de
parede celular, garantindo o desenvolvimento da parte aérea e do sistema radicular
(LÉLES, 2008).
A massa seca de raiz, ajustou-se ao modelo quadrático de regressão (Figura
6) em que a maior produção (2,63 g vaso-1), foi observada na saturação por bases
de 47,12%. Tais resultados confirmam os observados por PERIN et. al. (2010), que
observaram massa seca de raiz de algodoeiro entre os níveis de saturações por
bases entre 40 a 60%, havendo um decréscimo na saturação por bases a partir de
48%.
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A produção de massa seca de raiz tem sido uma das melhores características
para caracterizar a qualidade de mudas (AZEVEDO, 2003) no que se diz respeito a
sobrevivência e ao seu estabelecimento em condições de campo (HERMANN,
1964).
FIGURA 6. Produção de massa seca de raiz de
Plantas de Pinhão manso submetido
à saturação por bases em Latossolo
Vermeho de Cerrado.
CONCLUSÃO
As saturações por bases influenciaram positivamente no desenvolvimento e
produção inicial do pinhão manso em Latossolo Vermelho do Cerrado. As
saturações por bases que apresentam melhores desenvolvimentos e produção estão
entre 40 a 60%.
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