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J. Bras. Nefrol
Glomerulopatia
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A CORRELAÇÃO SONOGRÁFICO-HISTOLÓGICA NA DOENÇA
PARENQUIMATOSA RENAL DIFUSA
ARAUJO, N. C.; REBELO, M. A. P. RIOJA, L. S.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E CONSULTRASERVIÇO DE ULTRA-SONOGRAFIA. HOSPITAL EGAS MONIZ DA OBRA
PORTUGUESA DE ASSISTÊNCIA
ANALISE DAS CARACTERISTICAS CLINICAS, BIOQUIMICAS E
HISTOLOGICAS EM PACIENTES COM NEFROPATIA POR IGA
MOSCOSO, G. S.; CAMARA, N. O. S.; SILVA, A. P.; FRANCO, M.; KIRSZTAJN, G. M.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO- UNIFESP
Introdução: Este estudo foi planejado para correlacionar o aspecto sonográfico dos
rins com os achados de biópsia e avaliar o papel da ecografia como marcador de
cronicidade na doença renal. Material e método: Os dados clínicos, laboratoriais,
o exame ecográfico e a biópsia renal foram avaliados em 145 pacientes. As lesões
histológicas foram graduadas e receberam um escore de acordo com a extensão:
normal (0: 0%), leve (1: <25%), moderada (2: >25% <50%) e grave (3: >50%). O
índice de cronicidade histológica foi composto pela soma dos escores da obsolescência glomerular (OG), glomeruloesclerose parcial (GP), atrofia tubular (AT)
e fibrose intersticial (FI), variando de 0 a 12. A ecogenicidade cortical foi graduada como menor que (0), igual a (1) ou maior do que (2) a ecogenicidade do parênquima hepático/esplênico. Um índice clínico de cronicidade foi criado composto
pela soma dos escores da ecogenicidade cortical, da creatinina sérica (0: <1,4
mg/dl; 1: > 1,4 < 2,5 mg/dl; 2: > 2,5 mg/dl) e da relação entre o diâmetro longitu dinal (mm) do rim D e a altura (cm) do paciente (RDL/A) (-1: > 0,73; 0: >0,60 <
0,73; 1: < 0,60), variando de –1 a 5. Os pacientes foram agrupados em doença
primária e secundária para a análise estatística. Resultados: Na doença primária, a
ecogenicidade cortical mostrou uma associação direta com a creatinina sérica, OG,
GP, AT, FI e o RDL/A e a correlação entre os índices clínico e histológico foi significativa (r = 0,63; p<0,05). 66% dos pacientes com índice clínico igual a 5
evoluíram para diálise num período de seguimento máximo de 24 meses e os
demais elevaram a creatinina a despeito do tratamento. Conclusão: 1) a ecogenicidade cortical é um marcador sensível de lesão histológica crônica renal; 2)
pacientes que apresentam escore clínico igual a 5 não se beneficiam do resultado
da biópsia.
Introdução: A nefropatia por IgA é a glomerulopatia mais comum em países onde
a biópsia renal é amplamente praticada. Uma menor proporção de pacientes com
esta glomerulopatia evolui para IRC.
Objetivo: Avaliar as características clínicas, bioquímicas e histológicas dos
pacientes com nefropatia por IgA.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo. Foram avaliados 26 pacientes com
diagnóstico por biópsia de Nefropatía por IgA que fazem acompanhamento regular em nosso ambulatório.
Resultados: Foram avaliados 26 pacientes (15F/11M) que no início do acompanhamento apresentavam idade de 30±11 anos, raça branca 58%, HAS 46%,
hematúria 43%, síndrome nefrítica 25%, síndrome nefrótica 22%. O período de
tempo desde o início dos sintomas antes da biópsia foi 34±50 meses. As características da biópsia foram: proliferação mesangial (algum grau) 38%, esclerose
glomerular global e parcial (>20%) 11% e 46%, respectivamente, presença de
crescentes celulares 23%, alterações tubulares 25%; 8/26 pacientes não usaram
IECA nem imunossupressão, 5/26 só IECA, 4/26 usaram só corticóide, 9/26
usaram corticóide associado com ciclofosfamida e azatioprina. Ao final do acompanhamento (60±15 meses), 3/26 pacientes (G1) evoluíram para IRC (dobro da
creatinina) e 23/26 pacientes (G2) com função renal estável; a creatinina e a proteinúria inicial nos grupos foram: G1: creat =1,1mg/dl, prot 24h= 0,9±0,5g; G2:
creat=1,5mg/dl, prot 24h=1,9±1,5g. Na nossa população, que ainda é pequena, de
pacientes com NIgA, não observamos diferença entre os grupos no que se refere à
evolução. Possivelmente, com o aumento de número de pacientes, alguns fatores
agora analisados passarão a ter relevância prognóstica.
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ANÁLISE DE 121 BIÓPSIAS RENAIS (BXR) COMPARADAS COM O
REGISTRO PAULISTA DE GLOMERULOPATIAS (RPG)
ANDRADE LCF; VIEIRA PA, REIS MF, PERNAMBUCO JM, FRANCO MN,
BASTOS MG.
Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Nefrologia (NIEPEN) UFJFJuiz de Fora (MG). Apoio: Fundação IMEPEN.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS E EVOLUÇÃO CLÍNICA DE 15 CASOS
DE GLOMERULONEFRITE PROLIFERATIVA DIFUSA AGUDA
(GNDA) EM ADULTOS BIOPSIADOS
LIMA, A. M. A. ; MOYSES NETO, M.; VIEIRA NETO,O.M.; COSTA, R.S;
DANTAS,M
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP
Introdução. O estudo das glomerunefrites (Gns) tem fascinado várias gerações de
Nefrologistas. A BxR, elucidando lesões glomerulares, avaliando o acometimento
tubulointersticial e vascular permitiu intervenções terapêuticas mais eficazes.
Objetivo. Analisar 121 BxR realizadas nos ambulatórios de Gns do NIEPENUFJF e compará-las com o RPG (JASN 12: AO602, 2001).
Material e métodos . Foram realizadas ambulatorialmente, 121 BxR percutâneas
guiadas por ultrassom no período de abril de 1997 a abril de 2003, sendo que 111
(91,73%) corresponderam às Gns. O material foi processado e interpretado pelo
Serviço de Patologia da UNIFESP ou pelo Laboratório Morphos - São Paulo (SP).
Os resultados foram comparados com aqueles do RPG de 593 BxR, sendo 521
(87,8%) correspondendo às Gns, realizadas no período de maio de 1999 a fevereiro
de 2001.
Resultados. A síndrome nefrótica e a síndrome de anormalidades urinárias (SAU)
foram as maiores indicações de BxR nos dois grupos, porém a SAU prevaleceu no
estudo NIEPEN, onde as Gns associadas foram Nefropatia IgA e GESF Idiopática. As Gns primárias prevaleceu no grupo do NIEPEN (68,4% x 56,2%, p<0,05),
sendo que a Gn membranosa foi mais freqüente no NIEPEN. A Gn crônica
avançada também foi mais encontrada no NIEPEN (10,8% X 5,1%, p<0,05). A
nefropatia lúpica foi a Gn secundária mais freqüente nos dois grupos.
Conclusão. Este estudo demonstrou uma grande semelhança entre os casos de Gns
do NIEPEN e RPG.
Introdução: A glomerulonefrite proliferativa difusa aguda (GNDA), geralmente
pós-estreptocócica, tem resolução espontânea na imensa maioria dos casos e raramente necessita de biópsia. Entre as indicações de biópsia renal estão a insuficiência renal grave e/ou persistente, complemento sérico normal e indícios de outras
hipóteses diagnósticas. Objetivos: avaliar o padrão histopatológico e a evolução
clínica dos casos de GNDA com diagnósticos confirmados por biópsia renal.
Material e Métodos: Neste estudo retrospectivo foram analisados os prontuários
médicos de 15 pacientes com idade superior a 12 anos, com GNDA confirmada
por biópsia e atendidos entre 1986 e 2003. Os parâmetros avaliados incluíram a
creatinina e complemento séricos, proteinúria e achados histopatológicos, que
foram comparados com a evolução clínica.
Resultados: Na internação a idade (anos) foi de 26,8 + 18,8 (mediana: 17; variação: 13 a 72) e a pressão arterial (mmHg) sistólica e diastólica de 138 + 28 x 94
+ 24 mmHg. Níveis de séricos de C3 estavam reduzidos em 6 pacientes, normais
em 4 e em 5 não foram determinados. A creatinina (mg/dL) foi de 4,5 + 3,8 (mediana: 2,9; variação: 0,8 a 15) e a proteinúria (g/24h) 3,2 + 5,5 (mediana: 1,8; variação: zero a 20). A biópsia mostrou infiltração de polimorfonucleares e proliferação endocapilar difusa com depósitos de IgG e C3 em todos os pacientes. Em
três destes ocorreu também proliferação extracapilar (crescentes celulares) em
50% ou mais dos glomérulos. Dos 12 pacientes sem crescentes, apenas 8 foram
acompanhados em nosso serviço e evoluíram com resolução da doença. Dentre os
3 pacientes com crescentes, dois evoluíram para insuficiência renal crônica (IRC)
terminal e um com melhora clínica. A presença de 50% ou mais de glomérulos
com crescentes mostrou forte tendência prognóstica para IRC (p=0,054).
Conclusão: A presença de 50% ou mais de glomérulos com crescentes em biópsias de GNDA é sugestiva de pior prognóstico.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
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Glomerulopatia
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AVALIAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DAS BIOPSIAS
RENAIS REALIZADAS NA NEFROLOGIA DO HC - UFPE
VALENTE, L. M.; LIMA, A. E. M. CAVALCANTE, M. A.; NEIVA, R.; COELHO, S. N.
HC - UFPE
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO IMUNOSSUPRESSOR
EM GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA. VALE A
PENA TRATAR?
ROZA, F. R. C.; KIRSZTAJN, G. M.
EPM - UNIFESP
Introdução: Durante o treinamento da residência médica é recomendado que os
médicos residentes (MR) realizem cerca de 30 biópsias (bx) renais cada. Atualmente, nos grandes centros, este procedimento vem sendo transferido para radiologistas invasivos. Objetivo: Avaliar qualitativa e quantitativamente as bx renais
realizadas pelos MR da nefrologia no período de 17 meses. Métodos e pacientes:
Avaliar o número de bx renais em rins nativos de pacientes (p) com doenças
glomerulares com indicação de estudo histológico. Todas as bx renais foram realizadas sob supervisão 1 de 2 preceptores invariáveis . Todos os pacientes (p) tinham coagulação normal e ultrassonografia (US) renal que evidenciava 2 rins. As
bx foram realizadas com anestesia local, marcação por anatomia e com agulha
descartável de raqui-anestesia para avaliar a báscula. Os fragmentos eram retirados
com p em apnéia com agulhas automáticas de 16 ou 18 Gauss. O MR realizava até
2 punções, após as quais se não fosse obtido fragmento a terceira punção era realizada pelo preceptor. Todos os p permaneciam internados e em repouso absoluto
por 24 horas após o procedimento. Era então, neste período feita a avaliação do p
com medida sistemática da pressão arterial, freqüência cardíaca e cor de cada
diurese. O nome do MR responsável pela bx, bem como as complicações, número
de punções, de fragmentos e de glomérulos após a análise histológica era registrado em um livro. Resultados: Em 17 meses foram realizadas 117 bx renais. O
número médio de punções foi de 3, obteve-se tecido renal adequado 100 (85%)
fragmentos. A média de glomérulos foi de 9 (0 a 37) e mediana de 7. Quanto as
complicações 3 (2,5%) apresentaram hematúria macroscópica resolvidas em 24
horas. Um (0,8%) paciente apresentou dor lombar persistente e foi diagnosticado
por US a presença de hematoma renal que resolveu-se clinicamente. Nenhum dos
pacientes apresentou alteração hemodinâmica. Conclusão: A bx renal percutânea
é um procedimento invasivo que pode ser realizada pelo MR supervisionado. As
complicações encontradas nesta casuística estão de acordo com as da literatura. É
necessário um estudo comparativo, para conclusões, entre biópsias guiadas por US
e também com as realizadas pelos MR da radiologia intervencionista.
Introducão: Em glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP), a indicação
de tratamento imunossupressor e a eficácia deste ainda não foram estabelecidas.
Objetivo: Comparar a evolução de pacientes com GNMP submetidos ou não a
tratamento imunossupressor. Material e Métodos: Estudo retrospectivo, de
pacientes com GNMP do Ambulatório de Glomerulopatias da UNIFESP, entre
12/1978 e 04/2004, excluindo-se os casos secundários (exceto os associados à
esquistossomose). Resultados: Dos 40 pacientes estudados, 65% eram do sexo
masculino, 55% tinham 31 a 50 anos de idade; 63,2% eram brancos e 55% já
chegaram ao serviço com creatinina sérica (Cr) ≥1,5mg/dl. Na 1.a consulta, 71,1%
apresentavam proteinúria de 24h (P24h)>3g e 77,5%, HAS, sendo que 32,5% dos
pacientes apresentavam PAD≥110mmHg;17,1% possuiam FAN+ isoladamente
(sem critérios para LES); 6 casos associavam-se à esquistossomose (3 hepatoesplênica). Quanto à histologia, 90,6%(29/32) eram do tipo I. Dos pacientes avaliados, 67,5% foram submetidos a algum tipo de tratamento imunossupressor (combinações de esteróides, citotóxicos e outros). Comparando-se os dados clínicolaboratoriais dos pacientes não-tratados e tratados, respectivamente, observa-se:
HAS na 1. a consulta em 69,2% e 81,5%, com PAD≥110mmHg em 23% e 37% e
P24h > 3g em 50% e 80,8%. Do ponto de vista histológico (29 biópsias), das 7
biópsias do grupo de pacientes não-tratados, nenhuma apresentava crescentes,
enquanto que das 22 biópsias dos pacientes submetidos a tratamento, 45,5% possuíam crescentes. Do grupo de pacientes tratados, 55,6% dobraram a Cr durante o
acompanhamento (42,8 meses), em um tempo médio(Tm) de 35,6 meses e 37%
evoluíram para IRCT(Tm: 32,4 meses). Dos pacientes não-tratados, 30,8%
dobraram a Cr durante o acompanhamento (54,2 meses), (Tm: 35,8 meses) e
15,4% evoluíram para IRCT(Tm:18 meses). Conclusões: Segundo esses dados,
não há benefícios,quanto à sobrevida renal, no tratamento imunossupressor da
GNMP. No entanto, é preciso considerar que a presença de fatores sabidamente de
mau prognóstico predominou na população tratada, como é o caso da HAS
(ressaltando-se a HAS severa), proteinúria nefrótica e presença de crescentes na
biópsia renal.
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AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO IMUNOSSUPRESSOR
EM GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA: VALE A
PENA TRATAR? COMO E QUANDO?
ROZA, F. R. C.; KIRSZTAJN, G. M.
EPM-UNIFESP
AVALIAÇÃO DO DISMORFISMO DAS HEMÁCIAS ATRAVÉS DE
ANÁLISE DE IMAGEM DIGITAL DO SEDIMENTO URINÁRIO
GONÇALVES, L. F. S.; PROCHNOW, A.A.; SILVA, V.D.;URNAU, M.;FISCHER, J.; COMERLATTO,L
SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO
ALEGRE E PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
NEFROLOGIA, UFRGS
Introdução: Não há consenso quanto às indicações de tratamento em glomerulonefrite membranoproliferativa (GNMP). Objetivo: Avaliar a resposta a diferentes tipos de tratamento imunossupressor em GNMP, verificando fatores que possam ser indicação de tratamento. Material e Métodos: Foram avaliados pacientes
com GNMP, do ambulatório de Glomerulopatias da UNIFESP, entre 12/1978 e
04/2004, excluindo os casos secundários (exceto os associados à esquistossomose). Resultados: Dos 40 pacientes estudados, 27 receberam algum tipo de tratamento imunossupressor. Sete(25,9%) receberam apenas Prednisona(Pred) VO;
5(18,5%) SMD(pulsos)+PredVO; 10(37%) CFF(VO ou pulsos)+SMD(pulsos)
e/ou PredVO; 4(14,8%) Azatioprina+PredVO e 01(3,7%) CsA. Dez pacientes
(37%) do grupo tratado e 02 (15,4%) do grupo não-tratado evoluíram para IRCT.
A creatinina(Cr) média inicial destes 2 grupos foi 1,6mg/dl. Na 1a consulta havia
HAS em 81,5% dos pacientes tratados e em 69,2% dos não tratados; HAS severa(PAD≥110mmHg) em 37% e 23% e Proteinúria inicial>3g em 80,8% x 50%
dos pacientes,respectivamente. Não havia diferenças clínico-laboratoriais entre os
grupos dos diversos esquemas imunossupressores, a não ser menos HAS severa(14,3%) no que usou apenas PredVO. Dos pacientes que usaram CFF + corticóide, 50% evoluíram para o dobro da Cr inicial e 30% evoluíram para IRCT,
sendo estes percentuais de 40% e 40%, 42,8% e 28,5%, 100% e 50% para os grupos que usaram SMD+Pred, Pred VO e AZA+Pred, respectivamente.Quanto à
histologia, do grupo que usou CFF, havia 3crescentes/8biópsias, com evolução de
1 daquelas para IRCT e do grupo SMD+Pred, 4/5, com 2 daquelas desenvolvendo
IRCT.Do grupo PredVO E AZA+Pred havia 2/6 e 1/4 crescentes/biópsias, respectivamente, com evolução para IRCT de todos os casos de crescentes. Das 7 biópsias dos pacientes não-tratados, nenhuma apresentava crescentes e nenhum destes
evoluiu para IRCT. Conclusões : Não há benefícios no tratamento imunossupres sor da GNMP, nem superioridade de um esquema específico; a não ser na presença
de crescentes, quando a sobrevida renal foi de 57,2% no grupo tratado com CCF
e/ou SMD(pulso) e de 0% nos outros grupos
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Introdução: A observação do dismorfismo das hemácias na urina já está bem estabelecida como uma forma de identificar hematúria de causa glomerular. Este estudo busca desenvolver um método de análise digital para a determinação da presença de dismorfismo de hemácias no sedimento urinário.
Métodos: Foram selecionadas 18 amostras de urina de pacientes com hematúria
glomerular e não glomerular, com análise do sedimento urinário por microscopia
de contraste de fase. As imagens das hemácias foram filmadas e capturadas digitalmente com o programa Image-Pro Plus 4.0. Posteriormente, as imagens das
hemácias foram isoladas e arquivadas com o programa Corel Draw 10.0. Nestas
imagens, arquivadas em meio magnético, foi realizada uma avaliação morfométrica das hemácias através do programa Image-Pro Plus, com análise da área,
perímetro, diâmetro, circularidade e dimensão fractal das mesmas. Análise estatística: ANOVA, significância: P < 0,05.
Resultados: Encontrou-se diferença estatísticamente significativa entre as hemácias dos pacientes com hematúria glomerular e não glomerular em relação a todos
os parâmetros avaliados: área(um2) (27,63+1,66 x 40,5+1,69;P<0,0001),
perímetro(um) (18,74+1,48 x 30,73+1,41; P<0,0001), diâmetro (um) (5,88+0,27 x
7,83+0,18;P<0,0001), circularidade (1,72+0,13 x 1,08+0,02;P<0,0001) e dimensão fractal (1,47+0,12 x 1,07+0,01;P<0,0001).
Conclusão: Os parâmetros morfométricos empregados na análise digital das
hemácias permitiu diferenciar as hemácias dismórficas dos pacientes com
hematúria glomerular daquelas presentes na urina de pacientes com hematúria não
glomerular. A confirmação destes achados em estudo com maior número de casos
pode representar uma nova abordagem, automatizada e reproduzível, da análise do
dismorfismo de hemácias no sedimento urinário.
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Glomerulopatia
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AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS CLÍNICO-LABORATORIAIS DE
PACIENTES COM NEFRITE LÚPICA
ADRIANZÉN, O. A. G.; KOUTOUZOV, S.; MEDEIROS, M. M. C.; MOTA, R.
M. S.; SILVA JUNIOR, G. B.; BACH, J. F.; CAMPOS, H. H.
HOSPITAL UNIVERSITáRIO WALTER CANTíDIO, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARá, FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL
BIÓPSIA RENAL: EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL GERAL DE GOIÂNIA
OLIVEIRA, V. S.; VIEIRA JÚNIOR, A. E. BARRETO, J. C. S.; RAMOS FILHO, R.
HOSPITAL GERAL DE GOIÂNIA
Introdução: O Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença auto-imune caracterizada pela produção de auto-anticorpos contra uma série de antígenos localizados na superfície, citoplasma e núcleo das células. A determinação dos períodos de atividade e o acompanhamento clínico-laboratorial no LES são importantes
para o controle adequado da doença.
Métodos: Foi realizado estudo longitudinal em 87 pacientes com diagnóstico confirmado de LES, atendidos no Hospital Universitário Walter Cantídio (UFC).
Durante o período de um ano, foram realizadas de 8 a 12 consultas com cada
paciente para a avaliação da atividade da doença. Concomitantemente foram colhidas amostras de sangue para análise bioquímica e dosagem de auto-anticorpos.
O tratamento constou de antimaláricos, corticosteróides, ciclofosfamida venosa e
azatioprina.
Resultados: 96 % dos pacientes eram do sexo feminino, sendo 34,5% das
pacientes de cor branca. A idade média era de 33,1 anos e o tempo médio de
doença, de 60,7 meses. A prevalência da atividade da doença variou de 50,6%, na
primeira consulta, a 29,1%, na última consulta. A prevalência da nefrite variou de
37 a 55%, durante o período do estudo, com tendência à redução a partir da 2ª
avaliação. A síndrome nefrótica esteve presente em 9,2% dos pacientes, mostrando também uma redução gradativa nas consultas subseqüentes. A prevalência de
insuficiência renal variou de 10,9% a 32,2% dos casos durante as avaliações mensais, reduzindo progressivamente. A sensibilidade do anticorpo anti-nucleossoma
na nefrite lúpica variou de 32 a 67,5% e a sua especificidade de 46,2 a 67,3%. Já
o anti-dsDNA mostrou sensibilidade que variou de 16 a 35,4% e especificidade de
85 a 97,5%. As dosagens de albumina, hemoglobina e hematócrito apresentaram
um aumento progressivo durante as avaliações seqüenciais.
Conclusão: Houve redução dos níveis de prevalência das principais variáveis
analisadas no transcurso do estudo longitudinal, fato que atribuímos ao monitoramento clínico-laboratorial adequado dos pacientes incluídos no estudo. A vigilância clínica periódica torna possível a adoção de medidas preventivas eficientes do
ponto de vista terapêutico em beneficio do paciente portador de LES.
Introdução: A biópsia renal é uma ferramenta preciosa no diagnóstico e tratamento das glomerulopatias. A via percutânea não guiada por ultrassonografia é o
método de escolha no Serviço de Nefrologia do Hospital Geral de Goiânia-GO
pela facilidade técnica e de material, embora em casos específicos são realizados
cirurgicamente. Este estudo teve como objetivo avaliar o perfil clínico-laboratorial e diagnóstico nos pacientes biopsiados neste serviço após sua reabertura.
Métodos: Revisão dos prontuários e lâminas da microscopia óptica e imunofluorescência dos 17 pacientes submetidos à biópsia renal.
Resultados: Idade média: 40 anos, variando de 12 a 80 anos. Sexo: feminino: 9
(52,95%); masculino: 8 (47,05%). Edema: presente: 14 (82,35%). Albumina:< 2,5
g =2 (11,76%); 2,5-3,5g = 10 (58,82%); > 3,5g = 5 (29,41%). Dislipidemia: presente: 12 (70,58%). HAS: presente: 12 (70,58%). Proteinúria: < 1g: 4 (23,5%);
1,0-3,5g: 5 (29,4%) e > 3,5g: 8 (47%). Hematúria: macroscópica: 4 (23,5%);
microscópica: 4 (23,5%). Função renal: creatinina < 1,5 mg/dl: 11 (64,7%); 1,53,0 mg/dl: 4 (23,5%); > 3,0mg/dl: 2 (11,76%). Tempo de doença: < 90 dias: 2
(11,76%); 90 dias-1 ano: 9 (52,9%); > 1 ano: 6 (35,29%). História de ITU: presente: 5 (29,4%). Tipo de biópsia renal: percutânea: 12 (70,58%);cirúrgica: 5
(29,4%). Diagnóstico: Glomeruloesclerose segmentar e focal: 9 (52,9%),
Glomerulonefrite Membranosa: 4 (23,5%), Glomerulonefrite por Lesões Mínimas:
3 (17,64%) e Glomerulonefrite Mesangioproliferativa: 1 (5,88%). Houve apenas 1
paciente, biopsiado por via cirúrgica, que evoluiu com choque hemorrágico e
nefrectomia.. Falha de punção: presente: 2 (11,76). Quantidade de glomérulos:
<10: 1(5,88%); 10-30: 10 (58,82%); >30: 6 (35,29%).
Conclusão: Após a reabertura do Serviço de Nefrologia do HGG-GO foram realizadas 17 biópsias renais, a maioria por punção percutânea não guiada por ultrassonografia, com diagnóstico histológico de GESF na metade dos casos, contrapondo-se aos cerca de 30% descrito na literatura, mas nossa amostra não nos
permitiu análise estatística mais detalhada.
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CICLOSPORINA (CYA) NA SÍNDROME NEFRÓTICA IDIOPÁTICA
PEDIÁTRICA DE DIFÍCIL TRATAMENTO.
VAISBICH, M. H.; LANZARINI, V.; HENRIQUES, L.; KOCH, V. H.
UNIDADE DE NEFROLOGIA PEDIÁTRICA - INSTITUTO DA CRIANÇA HOSPITAL DAS CLÍNICAS - FMUSP
CISTITE INTERSTICIAL E UROPATIA OBSTRUTIVA SECUNDÁRIAS
AO LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO: RELATO DE CASO.
FILGUEIRAS, R. S.; ALVAREZ,M.C.;ANDRADE, J.A.M.;GOMES, C.L.R.;
ROCHA, P.T.; SOUZA, E.R.M.;RUZANY, F
HOSPITAL UNIVERSITáRIO PEDRO ERNESTO
Introdução: Ciclosporina (CYA) é uma opção terapêutica na Síndrome Nefrótica
Idiopática (SNI) de difícil tratamento: córtico resistentes (CR) e córtico-dependentes (CD). O objetivo é descrever os efeitos obtidos com seu uso em uma população pediátrica.
Material e Métodos: CYA foi usada em 18 pacientes (5 meninas) com idade
média= 4,6 anos (1,4-11,3), tempo médio entre o diagnóstico e o início da CYA=
47,5 meses. Inicialmente 11/18 eram CR (GESF:6, LHM:4 e proliferação mesangial: 1) e 7/18 eram CD (GESF:2, LHM:5). Antes do uso de CYA, 17/18 receberam ciclofosfamida (CF), com alteração de CR para CD em 2 casos. No início
da CYA 9/18 eram CD e 9/18 CR. A dose usada foi 3 a 5 mg/kg/dia associada à
prednisona. Proteína transportadora de retinol urinária (RBPur) foi aumentada em
3/16 casos antes do início da CYA. Foram feitos controles bimensais de exame
hematológico, enzimas hepáticas, bioquímica sérica e avaliação urinária e de biópsia renal anual; sorologias para CMV, vírus EB e hepatites virais foram negativas
antes e durante o tratamento.
Resultados: Resposta positiva ocorreu em 16/18 casos: 6/16 suspenderam PDN,
com 4 recidivas após retirada da CYA, 1 está com CYA e 1 sem medicação. Em
9/16 casos a CYA foi retirada por efeitos colaterais e 1/16 é CD e dependente de
CYA. Resposta negativa em 2/18 casos (2 com RBPur elevada no início). Efeitos
adversosobservados: Nefrotoxicidade pela CYA:4; insuficiência renal
aguda:2;acidose tubular renal:1; 2 casos de infecções graves e 2 de aumento de
enzimas hepáticas por hepatite C.
Conclusões: CYA é boa opção terapêutica a curto prazo em SNI. Monitorização
rigorosa de efeitos adversos é imperativa. RBPur pode ser bom marcador de
resposta negativà à imunossupressão nestes pacientes.
Paciente do sexo F, 31a, branca, natural do RJ, iniciou quadro de astenia, anasarca e urina espumosa em FEV/2002. Emagreceu 5kg até julho do mesmo ano, quando apresentou náuseas, vômitos incoercíveis e dor abdominal difusa intensa.
Procurou auxílio médico e foi submetida a laparotomia exploradora branca. Transferida para o HUPE em 16/08 com dor persistente, náuseas, vômitos esverdeados,
diarréia líquida intensa não inflamatória, tenesmo, disúria e polaciúria. Tratou
“sífilis” aos 22 e 26 anos. À admissão: PA= 152 x 110 mmHg, FC=90bpm,
FR=20ipm, tax = 36,7oC. Desidratada (1+/4+). Ausculta cardíaca e pulmonar normais. Abdome peristáltico, ascítico, difusamente doloroso à palpação profunda,
sem descompressão dolorosa. Dor à mobilização do colo uterino e espessamento
do paramétrio direito. Laboratório normal, exceto por LDH (607 U/L) e inversão
da relação albumina/ globulina. Rx tórax com derrame pleural bilateral. ETT com
derrame pericárdico leve. Líquido ascítico com gradiente de albumina de 0,6g/dL
e ADA normal. EAS com proteína 2+, Hb 2+, 10 a 15 piócitos e 15 a 20 hemácias
por campo, sem dismorfismo eritrocitário. Urinocultura negativa. Proteinúria de
575mg/24h. USG abdominal e urografia excretora com hidronefrose bilateral, sem
cálculos. TC abdominal com mesmos achados, além de espessamento da parede
vesical e de alças intestinais. PPD, anti HIV e fator reumatóide negativos. VDRL
1:2, FAN > 1:160 e anti-Sm reagente. Estudo urodinâmico evidenciou bexiga de
capacidade cistométrica diminuída, com sensibilidade aumentada e baixa complacência. Cistoscopia com hiperemia interostial pré trigonal, cuja biópsia revelou
cistite intersticial, que foi atribuída ao lupus eritematoso sistêmico. Resolução do
quadro foi possível após associação de metilprednisolona e ciclofosfamida em pulsoterapia. A uropatia obstrutiva é manifestação incomum do LES, estando geralmente acompanhada de enteropatia perdedora de proteínas e pseuso-obstrução
intestinal. Este é o quadragésimo primeiro caso descrito na literatura mundial desde 1965, data da primeira publicação.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
51
Glomerulopatia
J. Bras. Nefrol
P-019
P-020
EPIDEMIOLOGIA DA SÍNDROME NEFRÍTICA NA CLÍNICA PEDIÁTRICA DE UM HOSPITAL-ESCOLA
COSTA, A. F. P.; CARNEIRO, S. TEIXEIRA, M. C. B.
HOSPITAL-ESCOLA DR. JOSÉ CARNEIO - ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE ALAGOAS (UNCISAL)
ESTRUTURA DO VIVIDO: ANÁLISE DO RELATO DE PACIENTES
COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
BARROS, B. P.; SOUZA, C. B.; KIRSZTAJN, G. M.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
Introdução: A Síndrome Nefrítica (SN) é uma manifestação de doença glomerular prevalente, sobretudo na população pediátrica. Dados epidemiológicos regionais são pouco disponíveis para análise.
Método: Para observar epidemiologicamente a SN, realizou-se a busca ente 1700
registros de internações de janeiro a dezembro de 2002, e após, revisão de prontuários da Pediatria do Hospital Escola Dr. José Carneiro, diagnosticados como
síndrome nefrítica.
Resultados: Um total de 31(1,8% das internações) casos foram identificados como
portadores de SN clássica. Desses, 21M e 10F, idade de 6,7 ± 3,4 anos. A procedência foi 51% da capital contra 32% de municípios do interior. Quanto ao foco
infeccioso original, 64,5% teve como origem a pele; 12% foram originados na orofaringe e o restante, sem foco infeccioso aparente. O início dos sintomas ocorreu
entre o 7o e o 10o dia após a infecção em 64,5% dos pacientes. Quanto às manifestações clínicas, hematúria macroscópica foi relatada em 54,8%; edema, em
77,4%. A PA sistólica foi 130 ± 15,7 e a diastólica, 86,6 ± 10,9 mmHg. Quanto às
alterações laboratoriais, a ASLO foi 350 ± 353,5; a creatinina plasmática 1,1 ± 0,7
mg/dl; uréia de 59,2 ± 32,5 mg/dl e a proteinúria de 24h, 365 ± 147 mg/24h. O complemento sérico não esteve relatado na grande maioria dos prontuários. O tempo de
internação médio foi de 12,3 ± 6,4 dias. Não ocorreram óbitos, apenas um paciente
necessitou de cuidados intensivos transitórios para controle da hipertensão arterial.
Conclusão: Conclui-se que a SN é uma causa não despezível entre as que necessitam de internação hospitalar pediátrica, com baixa mortalidade, mas com potencialidade intrínseca de complicações.
Introdução: A falta de estudos que consideram a opinião do paciente com LES
nos motivou, através de uma abordagem reflexiva e compreensiva, aestudar como
é a vida de mulheres portadoras de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e como
elas constituem a compreensão de sua doença. O objetivo desta pesquisa é, utilizando análise qualitativa, compreender como os pacientes com LES “constituem” o significado da doença, no sentido de ampliar o entendimento de como
é a vida desses pacientes.
Material e Métodos: Doze pacientes portadoras de LES diagnosticados de acordo com os critérios da ARA, do sexo feminino e com idades variando entre 15 e
40 anos. Entrevista clínica semidirigida, proposta por BLEGER, a partir da pergunta “Como é ter lúpus?”, de acordo com a metodologia de análise qualitativa de
GIORGI.
Resultados: As pacientes constituem a doença como um problema difícil de lidar,
com percepção de mudança de vida, principalmente em relação à alteração na
imagem corporal, determinada pelos tratamentos. O desconhecimento popular da
doença traz diversas conseqüências: discriminação, medo do “contágio”, dificuldade em conseguir emprego e alterações nos relacionamentos interpessoais. A
adesão ao tratamento é mantida pela incerteza e insegurança diante da imprevisibilidade da doença. Viver na iminência de uma possível atividade lúpica gera
ansiedade, medo e consequentemente impõe limites à sua vida, pois a doença não
tem um curso regular, é percebida como uma ameaça à própria existência e, em
decorrência disso, elas sesentem perseguidas pela ameaça de morte.
Conclusões: Na maneira peculiar de cada paciente descrever seu viver, as experiências pessoais de maior significação estão intimamente ligadas com: a percepção de alterações na imagem corporal e a necessidade de manter uma adesão
rigorosa ao tratamento médico, bem como com os “modos de ser” para lidar com
a doença.
P-021
P-022
ESTUDO DA PREVALÊNCIA DE GLOMERULOPATIA COM ANCAP
POSITIVO EM PACIENTES PORTADORES DE DOENÇA DE GRAVES
EM USO DE PROPILTIURACIL
MANNIS, A. A.; JORGE, B. J.; CUSSIANO, G. ; NASTRI, A.A.
SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL BRIGADEIRO
EVOLUÇÃO DO CHECKUP RENAL ( CKR ) – PROGRAMA INFORMATIZADO DE DIAGNÓSTICO PRECOCE, EPIDEMIOLOGIA E PREVENÇÃO DE DOENÇAS RENAIS.
ROCHA, J. R. C. CERQUEIRA, C. G. ROCHA, R. C. C.
RENALRIO - HOSPITAL DA BENEFICêNCIA PORTUGUESA, RJ
Indrodução: ANCA (auto-anticorpo contra citoplasma dos neutrófilos) é marcador sorológico de vasculites como granulomatose de Wegener, poliarterite
microscópica e glomerulonefrite crescêntica pauci-imune necrotizante. É classificado como ANCAc (citoplasmático), mais comumente associado à granulomatose
de Wegener e ANCAp (perinuclear), mais comumente associado à glomerulonefrite pauci-imune e à poliarterite microscópica. Sua formação também pode ser
induzida por algumas drogas utilizadas no hipertireoidismo, como propiltiuracil e
metmazol. Há relatos de casos de glomerulonefrite crescêntica pauci-imune com o
uso de PTU com ANCA positivo com ou sem vasculite sistêmica que pode ou não
evoluir com recuperação total da função renal após a suspensão da droga. Objetivos: identificar a freqüência de pacientes portadores de hipertireoidismo com
ANCA positivo e avaliar a presença de indícios de glomerulopatia nestes
pacientes. Método: foram estudados 17 pacientes portadores de doença de Graves
(16 mulheres e 1 homem) em acompanhamento no ambulatório de endocrinologia,
que concordaram em participar do estudo e que se submeteram a questionário
sobre dados clínicos, exame de urina I, dosagem sérica de uréia (U), creatinina
(Cr), Na, K, hemoglobina (Hb), hematócrito (Hto) e ANCA (imunofluorescência
indireta-IF). Os dados foram descritos em média, desvio padrão e porcentagens.
Resultados: a idade média do grupo foi de 41,5 ± 8,8 anos, com tempo de doença
de 3,4 ± 1,0 anos, em uso de propiltiuracil (70,5%) e tapazol (29,5 %) por 2,9 ±
1,4 anos. Apenas 3 pacientes tinham algum sintoma (cefaléia 17,3%). Estavam
hipertensos 52,9 % , estando também em uso de propanolol (82,3 %), captopril e
hidroclorotiazida (17,7%).Nos exames laboratoriais encontrou-se: U =
30,5±8,4mg/dl, Cr = 0,7±0,1mg/dl, Na = 139,0±2,5 mEq/l, K=4,1±0,4 mEq/l
Hb=13,2±0,9 g/dl , Hto= 37,9±2,5%, Clerance de Cr calculado = 112,5±30,5
ml/min, Anca p positivo em 4 pacientes (23,5 %), sendo a presença de hematúria
em 2 pacientes (1 deles com Anca p positivo), com proteinúria negativa em todos
esses pacientes. Conclusão: pacientes portadores de Doença de Graves em uso de
PTU podem apresentar IF positiva para Anca p, sem necessariamente desenvolver
glomerulopatia crescêntica, contudo na ocorrência de sedimento urinário positivo
os pacientes devem ser monitorados quanto à função renal e urinálise.
Introdução – Apresentamos o CKR pela primeira vez no Congresso Brasileiro de
1992. O programa, na época, era realizado manualmente, exigindo intenso treinamento e experiência par interpretação dos dados. Já em 2002, no Congresso de Natal,
introduzimos a primeira versão informatizada, que simplificava bastante sua aplicação em grandes populações. Agora, trazemos a nova versão, mais completa, que
inclui o Índice de Massa Corporal (IMC) e facilidades para inclusão de outros exames, como colesterol e creatinina. Métodos – O CKR é um “software” desenvolvido
por nós com a ajuda de um informata, consistindo de centenas de heurísticas com
finalidades diagnósticas, criadas a partir da experiência pessoal dos autores.
O programa exige o preenchimento de um questionário dirigido, a veri-ficação do
peso e da altura (para IMC), medida da pressão arterial, da frequência e qualidade
do pulso, determinação da glicemia casual e análise automática da urina, para elementos anormais (EA).
Para maior automatização do processo, desenvolvemos uma interface que permite
a transferência instantânea dos EA diretamente para o programa. Com estas informações, o CKR analisa os dados, consulta as heurísticas e emite um resultado
impresso com as suspeitas diagnósticas encontradas, que é imediatamente entregue
ao entrevistado. Resultados – O CKR está preparado apara analisar e apresentar
as seguintes suspeitas diagnósticas : Nefropatias, Hipertensão Arterial, Diabetes,
IMC, Infecção Urinária, Litíase, Prostatismo, Hepatopatias e Arritmias Cardíacas.
Já aplicamos o CKR em várias oportunidades, seja em empresas fechadas, como Programas de Prevenção, seja em ambiente aberto, para atingir o grande público, podendo examinar 250 pessoas/dia, com uma equipe de 8 profissionais. Nossa base de dados
atual reune 2273 adultos entrevistados e mais 464 crianças e adolescentes, perfazendo
um total de 2737 pessoas, sendo 51.2% do sexo masculino e 48.8% do sexo feminino
No que tange especificamente às Nefropatias, objetivo principal do programa,
encontramos 114 pessoas ( 4.2% ) onde o programa alertou para a presença de
doença renal.Conclusão – O CKR é de fácil aplicação e tem sido muito bem recebido pela população. O programa possui, como um de seus destaques, um aplicativo que possibilita pesquisas estatísticas e construção de gráficos de grande utilidade para a confecção de relatórios para os gestores de saúde.
Além das evidentes vantagens epidemiológicas proporcionadas, o CKR também
tem servido, com grande eficácia, para difundir as áreas de atuação da Nefrologia
e resgatar o prestígio científico da nossa Especialidade.
52
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
J. Bras. Nefrol
Glomerulopatia
P-023
P-024
FATORES HISTOLÓGICOS DE PROGNÓSTICO EM GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA
ROZA, F. R. C.; KIRSZTAJN, G. M.
EPM-UNIFESP
FATORES PROGNÓSTICOS COM APLICABILIDADE CLÍNICA EM
GLOMERULONEFRITE MEMBRANOPROLIFERATIVA (GNMP)
ROZA, F. R. C.; KIRSZTAJN, G. M.
EPM-UNIFESP
Introducão: Muitos aspectos relacionados a GNMP permanecem obscuros. A
identificação de fatores que sugiram maior gravidade da doença, bem como pior
evolução pode contribuir para a condução desses casos. Objetivo: Avaliar a pre sença de características histológicas que possam estar relacionadas a um determinado padrão evolutivo em GNMP. Material e Métodos: Foram revisados os lau dos de 29 biópsias renais com diagnóstico de GNMP de pacientes acompanhados
no ambulatório de Glomerulopatias da UNIFESP, entre 12/1978 e 04/2004,
excluindo-se os casos de GNMP secundária, exceto os associados à esquistossomose. Resultados: As biópsias foram divididas em 3 grupos: I) 7 biópsias de
pacientes que não receberam tratamento imunossupressor, os quais não evoluíram
para IRCT; II) 15 biópsias de pacientes que receberam terapia imunossupressora e
não desenvolveram IRCT e III) 7 biópsias de pacientes que foram tratados com
imunossupressores e evoluíram para IRCT. Não havia diferença significativa entre
os grupos em relação ao tipo de GNMP (o tipo I correspondia a 85,7%, 77,8% e
100%, respectivamente), presença de proliferação mesangial, hiperceluraridade
mesangial, espessamento da membrana basal (MB), duplicação da MB, depósitos
submembranosos, glomérulos lobulados, fibrose intersticial (FI), atrofia tubular
(AT), arteriolonefroesclerose ou esclerose glomerular. Sinéquias entre o tufo capilar e a cápsula de Bowman estavam presentes em 71,4% das biópsias do grupo III,
e em 33,3% e 42,9% dos grupos II e I. Infiltrado linfomononuclear (LMN) existia
em 57,1%, 40% e 85,7% das biópsia dos grupos I, II e III, respectivamente,
enquanto que infiltrado polimorfonuclear (PMN) foi visto nos percentuais de 0%,
13,3% e 28,6% nessas biópsias. Crescentes, em percentuais iguais quanto a serem
celulares ou fibrocelulares, foram vistas em 71,4% das biópsias do grupo III, em
26,7% do grupo II e em nenhuma biópsia do grupo I. Conclusões: Nesse estudo,
crescentes (cujo valor prognóstico já é bem estabelecido), sinéquias e infiltrados
LMN E PMN foram vistos com maior freqüência no grupo de pacientes que
evoluiu para IRCT, sugerindo correlação desses fatores com pior evolução em
GNMP.
Introdução: Não há consenso em relação ao tratamento da GNMP. A definição do
prognóstico desta doença pode orientar a introdução ou não de imunossupressão,
como em outras glomerulopatias. Objetivo: Analisar casos de GNMP para evidenciar possíveis fatores indicativos de pior ou melhor prognóstico. Material e
Métodos: Estudo retrospectivo de pacientes(40) com GNMP, atendidos no Ambulatório de Glomerulopatias da UNIFESP, entre 12/1978 e 04/2004, excluindo-se os
com causas secundárias, exceto os portadores de esquistossomose. Resultados:
Foram comparadas as características clínico-laboratoriais dos pacientes que
evoluíram (grupo I) e não evoluíram para insuficiência renal crônica terminalIRCT (grupo II) durante o acompanhamento, separando-se os pacientes tratados(27) e não-tratados(13) com esquema imunossupressor. A análise foi dificultada devido ao menor número de pacientes não tratados.O achado mais relevante
nestes foi a presença de proteinúria nefrótica em 100%(02) dos pacientes que
evoluíram para IRCT e em 45,5%(05) dos pacientes que não tiveram esta
evolução. Dos pacientes tratados, entre os 10 que evoluíram para IRCT e os 17 que
não evoluíram, não havia diferenças evidentes em relação a idade, creatinina sérica inicial, presença de HAS e hematúria e incidência de consumo de fatores do
complemento. No grupo que evoluiu para IRCT(grupo I), 90% eram do sexo masculino, sendo 58,8% no grupo I. Nos grupos I e II, 40% e 76,5% eram da raça branca e 60% e 11,8% eram da raça parda, respectivamente; 30% e de 11,8% dos grupos I e II apresentavam sintomas recentes(<2meses). HAS severa
(PAD≥110mmHg) estava presente em 40% do grupo I e em 23,5% do grupo II e
Proteinúria nefrótica no início do quadro em 90% e em 70,6%, respectivamente.
Na análise conjunta dos grupos tratado e não-tratado (40 pacientes), foi evidenciado FAN+(sem outros critérios para LES) em 6 , sendo que nenhum destes evoluiu
para IRCT. Conclusões: Os dados sugerem que os portadores de GNMP do sexo
masculino e de raça não-branca têm maior tendência a evoluir para IRCT, bem
como aqueles com proteinúria nefrótica e HAS severa. Pacientes com FAN+ (sem
outros critérios de LES) tiveram uma melhor evolução.
P-025
P-026
FATORES PROGNÓSTICOS DA GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA ASSOCIADA A ANTICORPO ANTIMEMBRANA BASAL GLOMERULAR
AYELLO, A. M. DOUVERNY, J. B.; PALOMBA, H.; SANTOS, D. R.; BÉRGAMO, R. R.
FACULDADE DE MEDICINA DO ABC
FATORES PROGNÓSTICOS NA EVOLUÇÃO DA GESF
MOSCOSO, G. S. ;CAMARA, N. O. S.; FRANCO, M.; SILVA, A. P.; KIRSZTAJN, G. M.
UNIVERSIDADE FEDERAL SAO PAULO-UNIFESP
Introdução: A Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva (GNRP) associada a
anticorpo antimembrana basal glomerular (anti - MBG) é pouco freqüente e relaciona-se a elevados índices de morbidade e mortalidade.
Materiais e Métodos : Relato de Caso - DGS, 13 anos, branco, estudante, natural
e procedente de São Bernardo do Campo - SP. Há 03 meses evoluindo com
quadro de febre (não aferida), astenia, anorexia, adinamia e disúria. Apresentou
01 episódio isolado de hematúria macroscópica há 15 dias e negava queixas
sistêmicas e/ou pulmonares. A investigação laboratorial inicial demonstrou
importante déficit de função renal (uréia 91 mg/dl; creatinina 8,6 mg/dl), leucocitúria (16.000/ml), hematúria (>1.000.000/ml), proteinúria não-nefrótica (344
mg/24h) e hipercalemia (8,6 mEq/l) associada à oligúria (150 ml/24h) e conseqüente necessidade de terapia de reposição renal (hemodiálise). A ultrassonografia de abdome total demonstrou rins de tamanho normal e relação córticomedular preservada. Foi realizada biópsia renal percutânea que evidenciou a presença de 26 glomérulos com imunofluorescência com depósitos lineares de IgG
em alças capilares glomerulares e cápsula de Bowman, compatível com o diagnóstico de Glomerulonefrite Crescêntica associada a anticorpo antimembrana
basal glomerular. Foi iniciado pulsoterapia com Metilprednisolona 1g/dia por 03
dias consecutivos, seguido de prednisona 1 mg/kg/dia, dose única de ciclofosfamida 10 mg/kg e 04 sessões de Plasmaferese. Não houve melhora da função
renal e o paciente permanece em tratamento dialítico.
Conclusão: O prognóstico da GNRP associada a anticorpo anti - MBG está diretamente relacionado à porcentagem de glomérulos acometidos por crescentes,
oligúria e necessidade de diálise na apresentação da doença. Somente o diagnóstico precoce associado à terapêutica imunossupressora é capaz de influenciar a
sobrevida renal da GNRP associada à anti - MBG.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
Introdução: A GESF é uma das glomerulopatias (GPs) primárias que mais evolui
para IRC e os fatores determinantes desta evolução são apenas em parte conhecidos. Objetivo: Avaliar se e quais características observadas na apresentação da
doença predizem resposta a tratamento e evolução para IRC (dobro da creatinina)
em GESF. Material e Métodos: Neste estudo retrospectivo, foram avaliados 44
pacientes com diagnóstico por biópsia de GESF, que fazem acompanhamento regular no ambulatório de GPs. Resultados: 44 pacientes (25F/19M; idade 34±15
anos) foram acompanha-dos por 56±55 meses. No início do acompanhamento,
69% dos pacientes apresentavam HAS, 44% síndrome nefrótica e 33%, proteinúria
nefrótica. A biópsia renal apresentava proliferação mesangial (algum grau) 38%;
esclerose glomerular global e parcial (>20%) 11% e 46%, respectivamente, alterações tubulares 25%; imunofluorescência “IgM e C3 positivos” 52%, “negativa”
28% e “atípica”, 20 %. Todos os 44 pacientes fizeram uso de imunossupressor,
32/44 usaram IECA com imunossupressor associado, e desses 26/32 tiveram
maior diminução da proteinúria em relação aos que não usaram IECA. Ao final do
acompanhamento, 76% (34/44) dos pacientes apresentavam HAS, 25% evoluíram
para IRC em 34±15 meses. Os fatores que se correlacionaram de forma estatisticamente significante com pior evolução foram proteinúria inicial (p<0,01), persistência da proteinúria, elevação da creatinina sérica ao final do 1.o ano do seguimento (p<0,01), presença de fibrose intersticial e alterações tubulares na biópsia.
A resposta favorável a corticóide foi um fator prognóstico de boa evolução
(p<0,003). Sexo, idade, raça, creatinina inicial, HAS inicial e recidivas não se
associaram de forma estatisticamente significante com a evolução para IRC. Conclusões: Na população com GESF estudada, os fatores que definiram o prognóstico foram proteinúria inicial elevada ou persistente no seguimento, elevação da creatinina sérica ao final do 1. o ano e lesões túbulo-intersticiais na biópsia.
53
Glomerulopatia
J. Bras. Nefrol
P-027
P-028
FATORES RELACIONADOS À ADESÃO AO TRATAMENTO EM PACIENTES PORTADORES DE GLOMERULOPATIAS
VIEIRA, V. ;TARDIVO, L. C. L. P.; KIRSZTAJN, G. M.
ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA - UNIFESP
FEBRE DE ORIGEM OBSCURA (FOO) - APRESENTAÇÃO CLÍNICA DE
VASCULITE
FREITAS, F. M. V. SOUZA, I. L. M.; MENDONÇA, A. S.; GUEIROS, A. P. S.;
LOPES, L. M. V.; COELHO, S. T. S. N.
SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFPE
Introdução: A adesão ao tratamento é um problema constante na prática médica
e inúmeros esforços vêm sendo desenvolvidos no sentido de compreender melhor
esse fenômeno. No caso de pacientes glomerulopatas, a adesão ao tratamento
adquire importância na medida em que, em alguns casos a não-adesão pode levar
à perda da função renal. Até o presente momento não encontramos na literatura
nenhum trabalho que avalie tal aspecto na população.
Objetivo: detectar os fatores relacionados à adesão ao tratamento em pacientes
glomerulopatas à partir de auto-relato.
Metodologia: os 38 sujeitos que fizeram parte desse estudo eram pacientes com
diagnóstico médico de glomerulopatia há pelo menos 6 meses, em acompanhamento ambulatorial. Aos mesmos foi aplicada entrevista semi-dirigida
padronizada, visando identificar possíveis fatores relacionados à adesão ao tratamento.
Resultados: esse trabalho parece confirmar dados de literatura de que o comportamento de adesão parece não se relacionar com o conhecimento da doença, uma
vez que 68,5% dos pacientes não-aderentes revelaram conhecimento sobre a
doença. No grupo de pacientes não-aderentes, 26,4% dos pacientes afirmaram não
seguir só a dieta. 42% dos pacientes do estudo relataram perspectivas positivas de
futuro, mas 31,6% dos pacientes com comportamento não-aderente não souberam
responder à essa questão. 52,6% dos pacientes aderentes ao tratamento afirmaram
que assim agem para não piorarem ou se prejudicarem, e 31,6% desses mesmos
pacientes afirmaram que seguem o tratamento para melhorar. Quanto aos pacientes
que não são aderentes, 52,6% afirmaram que não o seguem por concentrarem-se
nas dificuldades em fazer o tratamento e 31,6% afirmaram não acreditar nos
efeitos benéficos do tratamento.
Conclusão: esse estudo contribui para a compreensão de fatores relacionados à
não-adesão ao tratamento, muitos dos quais são corrigíveis se devidamente detectados, como a questão da dieta e da descença no valor do tratamento instituído, que
é perceptível em diferentes abordagens.
A etiologia das vasculites sistêmicas é desconhecida e o envolvimento renal ocorre
em 50 a 90% dos casos. O objetivo deste trabalho é a descrição do caso de uma
paciente de 18 anos, branca, natural e procedente de Recife-PE, internada com
história de febre há 3 meses, sem outras queixas. A paciente apresentava febre
intermitente associada à leucocitose importante e sumário de urina evidenciando
hematúria (sangue 3+/4+), com proteinúrias de 24h negativas. Foi tratada em 2
ocasiões como ITU, porém com uroculturas negativas. Nos períodos sem febre,
não se detectavam alterações na leucometria e/ou no sumário de urina. Realizouse investigação para FOO com resultados normais ou negativos: hemoculturas,
uroculturas (inclusive para BAAR), sorologias para HIV, Lues, hepatites B e C,
toxoplasmose e CMV, Mantoux, complemento, anti-DNA, anti-Ro, anti-Sm,
eletroforese de proteínas, Rx de tórax, Ecocardiograma, USG de abdome. A
paciente possuía anemia normo-normo discreta, VHS 66 mm, além de 2 FAN positivos (1/80 e 1/200; pontilhado fino). Durante o internamento, cursou com aumento dos níveis de creatinina (Cr 0,7 p/ Cr 2,0). Foi submetida à biópsia renal, cujo
achado da microscopia óptica (11glomérulos) foi de uma glomerulonefrite proliferativa necrotizante com lesões ativas e esclerosantes, de distribuição focal e segmentar; presença de crescentes epiteliais fibróticas e fibrocelulares em 36% dos
novelos levando à obsolescência glomerular. A.imunofluorenscência foi negativa.
Solicitados ANCA-P e ANCA-C que foram negativos. A paciente foi submetida à
pulsoterapia com metilprednisolona (1g por 3 dias) e ciclofosfamida, sendo programado pulso mensal com ciclofosfamida. Evoluiu com boa tolerância à terapêutica empregada, além do desaparecimento da febre e estabilização da creatinina em
torno de 1,0 mg/dL. Concluímos que, diante do envolvimento renal, a biópsia renal
precoce pode representar propedêutica decisiva no diagnóstico de FOO e que, na
investigação de hematúria, vasculite renal sempre deve ser suspeitada, independentemente da idade do paciente.
P-029
P-030
GLOMERULOESCLEROSE FOCAL E SEGMENTAR (GESF) COLAPSANTE ASSOCIADA A LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES)
FERNANDES, G. V.; OLIVEIRA, I. R.; MELLO, A. P. VALENTE, L. M.;
CAVALCANTE, M. A.; NEIVA, R.
HC /UFPE
GLOMERULONEFRITE CRESCÊNTICA ASSOCIADA AO ANCA EM
PACIENTE IDOSO COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
ARAÚJO, E. S.; NAKA, E. L.; AMORIM, S. P.; GUILHEM, M.; ABREU, P. F.;
ARAÚJO, M. S.; COUTINHO, I. H. I. L. S.; DIZ, M. C. E.; MOREIRA, M. E. M.;
SANTOS, D. R.; LARANJA, S. M. R.
HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO
Introdução: GESF colapsante é descrita em pacientes infectados pelo HIV, porém
há relatos de casos não associados ao HIV. Estes teriam como fator desencadeante
infecções como o parvovírus B19 ou CMV, uso de bisfosfonatos, heroína, ou ainda doenças auto-imunes como a doença de Still e LES. Na literatura não há consenso quanto à correlação entre lupus e GESF colapsante. Relata-se um caso de
LES em atividade e diagnóstico histológico de GESF colapsante. Caso: Paciente
do sexo feminino, 22 anos, branca, foi internada com critério clínico-laboratoriais
de LES (poliartrite, serosite, anemia hemolítica auto-imune, linfopenia e nefrite),
além de quadro de insuficiência renal em síndrome urêmica (Cr 8,1mg/dL). Os
exames laboratoriais mostravam proteinúria nefrótica (4,7g/24h), microhematúria
(incontáveis hemácias por campo 400x), hipertrigliceridemia e hipoalbuminemia,
sorologia negativa para HIV, hepatite B e C, FAN negativo e anti-DNA positivo
(1/320) e hipocomplementemia (C4 6,1mg/dL). O exame ultrassonográfico evidenciava rins aumentados de tamanho (15cm), de aspecto hiperecogênico e sem
hidronefrose. Foi iniciado tratamento com corticóide (metilprednisolona sob a forma de pulsos e prednisona 1mg/kg/dia) e hemodiálise (3 sessões, recuperando a
função renal após 7 dias). Foi submetida a 2 biópsias renais (MO e IMF), avaliadas
por dois nefropatologistas. Resultados: A 1a biópsia renal mostrava, à MO, 7
glomérulos com hiperplasia e hipertrofia das células epiteliais viscerais com
gotículas hialinas PAS positivas, colapso global e segmentar de alças capilares.
Epitélio tubular mostrava reabsorção do conteúdo protéico em túbulos proximais,
além de focos de dilatação microcística com cilindros hialinos no lúmen. Não
havia atrofia tubular ou fibrose intersticial. A 2a biópsia, realizada 2 meses após,
mostrava histologia de nefrite lúpica classe III, com IMF (+) para IgG, IgM, C1q,
cadeias leve kappa e lambda e (++) para C3d. A paciente foi tratada com ciclofosfamida e 21 meses após o evento inicial encontra-se sem proteinúria ou hematúria
e com Cr 0,5mg/dL. Conclusão: Existe na literatura descrição de pacientes com
síndrome lupus-like e biópsia compatível com GESF colapsante (IMF negativa),
porém esse é o primeiro caso relatado de achados histopatológicos peculiares a
esse tipo de glomerulopatia em uma paciente com nefrite lúpica.
A disfunção renal aguda em paciente idoso pode ser multifatorial por isso a biópsia renal deve ser realizada sempre em casos de evolução não esperada ou diagnóstico questionável. Relatamos um caso de paciente de 63 anos, sexo masculino,
hipertenso há 5 anos que deu entrada neste serviço com edema de membros inferiores há 6 meses, dispnéia há uma semana, oligúria e perda de função renal já
com necessidade dialítica. Fez uso de contraste radiológico em cateterismo cardíaco 2 meses antes da admissão. Apresentava creatinina de 0,8 mg/dl seis meses
antes. O quadro foi caracterizado como uma glomerulonefrite rapidamente progressiva e a biópsia renal revelou glomerulonefrite crescêntica com imunofluorescência positiva para depósitos granulares de IgG, IgM, IgA, C3, C1q. O complemento sérico era consumido, o fator anti-nuclear positivo e o anticorpo anticitoplasma de neutrófilo (anti proteinase 3) positivo. Apesar do tratamento com
corticóide e ciclofosfamida o paciente permanece em hemodiálise. Embora incomum, o Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) tem sido descrito como diagnóstico
diferencial nesses casos. Histologicamente a lesão renal pode se caracterizar por
proliferação difusa das células renais e/ou presença de crescentes. A associação
com o ANCA pode ocorrer em cerca de 20% dos pacientes lúpicos sendo mais freqüente o padrão pANCA. O caso descrito se refere a paciente idoso com glomerulonefrite crescêntica e cANCA positivo de etiologia lúpica. A apresentação de
glomerulonefrite crescêntica em paciente com nefropatia lúpica somado ao encontro do cANCA pode representar pior evolução renal.
54
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
J. Bras. Nefrol
Glomerulopatia
P-031
P-032
GLOMERULONEFRITE RAPIDAMENTE PROGRESSIVA NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (HC-UFPE), RECIFE - AVALIAÇÃO CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA
VALENTE, L. M.; SOUZA, I. L. M. CAVALCANTE, M. A. G. M.; MENDONÇA, A. S.; NEIVA, R.; COELHO, S. N.
HOSPITAL DAS CLíNICAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
GLOMERULOPATIA MEMBRANOSA COM DEPÓSITOS SUB-EPITELIAIS DE IGA. COMO INTERPRETAR?
AMORIM, S. P.; ABREU, P. F.; NAKA, E. L.; AMORIM, S. P.; ARAÚJO, M.
S.; COUTINHO, I. H. L. L. S.; DIZ, M. C. E.; DIAS, M. F. L.; KIRSZTAJN, G.
M.; FRANCO, M.; LARANJA, S. M. R.
HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO E
UNIFESP
Introdução: Pacientes com glomerulonefrite (Gn) rapidamente progressiva (GnRP)
em grande parte das vezes são encaminhados tardiamente para o especialista. Cerca
de 3% das afecções glomerulares submetidas a biopsia renal são diagnosticadas como
Gn crescênticas (GnC), mas esta prevalência vem aumentando nos últimos anos. A
maioria dos autores denomina GnC aquelas em que 50% ou mais dos glomerulos (G)
da amostra tem crescentes. As GnC são as principais causas de GnRP e apresentam
etiologia variada. Objetivo: Avaliação clínico-epidemiológica dos pacientes (p) com
GnRP diagnosticados entre 01/01/03 a 31/05/04 na Nefrologia do HC-UFPE. Métodos: Avaliação clínica, histológica e retrospectiva de todos os casos de GnRP diagnosticados no HC-UFPE no período de 16 meses. Resultados: Durante o período do
estudo tivemos 17 casos de GnRP, isto é, 14,5% (17/117) dos p submetidos a biopsia
renal por afecções glomerulares no mesmo período. Todos os espécimes de biopsia
apresentavam crescentes, mas só 12 (70,6%) foram considerados GnC, sendo que 4
casos mostravam crescentes em menos de 50% (25 a 44%) dos G ou amostras pouco
adequadas (número de G < 5) e 1 amostra apresentava 100% de crescentes em 4 G.
Entre os p com GnRP a idade média foi 30,7 anos; 14 eram do sexo fem (82%); raça
branca foi predominante(58,8%). Dos 17 casos, 6 (32,3%) apresentavam creatinina
serica (C) > 5mg/dl e todos os outros 11 (64,7%) tinham C anormal (>1,5mg/dl) na
ocasião do diagnóstico. Qto a etiologia da GnRP encontramos: nefrite lúpica (NL) em
11p (64,7%), vasculite associada ao ANCA em 2 p (11,8%), Gn pós infecciosa em 1
p (5,9%) e 1 p Nefropatia por IgA (5,9%).Outros 2 casos: 1 com suspeita de NL (sem
IMF) e outro com suspeita de Gn pauci-imune (fragmento com 100% crescentes
fibróticos).Qto a evolução: 4 p( 23,%%) iniciaram diálise e imunossupressão e não
tiveram recuperação da função renal (3 com NL e 1 suspeita de Gn pauci-imune). O
paciente com diagnóstico de Gn pos infecciosa recuperou funçao renal. Os demais
pacientes encontram-se em acompanhamento ambulatorial e C< 2mg/dl. 16/17 p
foram submetidos a pulsoterapia com metilprednisolona e ciclofosfamida (exceto o p
com Gn pos infecciosa). Conclusões: A prevalência de GnRP nesta amostra é elevada e o percentual de GnC (10,3%) é superior a frequencia descrita na literatura. Vale
resaltar que grande parte da amostra tinha o diagnóstico de NL e que nosso serviço é
de referência no Estado. Cerca de 25% dos casos permanecem em tt dialítico e que
estes p apresentavam pelo menos 2 fatores de risco para pior evolução. A boa
evolução dos outros 75% possivelmente foi devido a intervenção medicamentosa
assim que o diagnóstico de GnRP foi realizado.
Nefropatia Membranosa e Nefropatia por IgA são achados frequentes em biópsias
renais. Tem sido descrita a combinação das duas patologias em um mesmo
paciente com predominância de depósitos de IgG sub-epitelial e de IgA em região
mesangial. Descrevemos o caso de uma paciente com nefropatia membranosa à
microscopia óptica mas com predominância de depósitos de IgA não só em mesângio mas também em alça capilar.Trata-se de uma paciente de 71 anos, feminina,
portadora de hipertensão arterial sistêmica apresentando disfunção renal (creatinina de 2,4 mg/dl). Ao exame físico observado edema de MMll ++/++++ e pressão
arterial de 200 x 100 mmHg. A investigação laboratorial revelou proteinúria de 12
g/24horas; urina tipo l com ausência de leucocitúria ou hematúria; albumina de 3,5
g/dl; colesterol de 247 mg/dl; hemoglobina de 12 g/dl; glicemia de 85 mg/dl;
função hepática normal, sorologias virais negativas; complemento sérico normal;
FAN negativo e ultrassonografia renal normal. A biópsia renal mostrou 11
glomérulos sendo dois hialinizados e os demais com espessamento da parede capilar, identificando-se “spikes” após impregnação argêntica. A imunofluorescência
mostrou 23 glomérulos com depósitos granulosos, difusos mesangiais e em alça
capilar de IgA +++, IgG +, C3 +. Foi instituido tratamento com prednisona 1
mg/Kg alternado com ciclofosfamida 1 mg/kg. Após três meses a paciente evoluiu
com hiperglicemia, disfunção hepática, queda do hematócrito sendo optado pela
suspensão da imunosupressão.
P-033
P-034
GLOMERULOPATIAS PRIMÁRIAS (GNP): ESTUDO EVOLUTIVO DE
55 BIÓPSIAS RENAIS (BXR).
ANDRADE LCF, VIEIRA PA, REIS MF, PERNAMBUCO JM, FRANCO MN,
BASTOS MG.
NIEPEN/UFJF. Juiz de Fora (MG). Apoio: Fundação IMEPEN.
GLOMERULOSCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL IDIOPÁTICA E
SECUNDÁRIA NO HCFMUSP
PINHEIRO, C. C.; BAHIENSE, M. BITENCOURT, C. D.; MALAFRONTE, P.;
BARROS, R. T.; WORONIK, V.
DISCIPLINA DE NEFROLOGIA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO
PAULO, SP
Introdução. A presença da síndrome glomerular (SG) sinaliza para a BxR e os
achados histopatológicos diagnosticam a GnP associada, porém é fundamental
estabelecer fatores prognósticos para a doença renal elucidada.
Objetivo. A partir do diagnóstico histopatológico, os autores definem as características clínicas evolutivas das principais GnP.
Material e Método. Através do estudo retrospectivo, foram analisadas 55 BxR,
realizadas no NIEPEN/UFJF, no período de Abril/97 a Abril/2004, cujo diagnóstico foi GnP e todos os pacientes atenderam aos critérios de inclusão em protocolo específico.
Resultados. A idade média foi de 41,87+/-1,99 (14-71) anos; 33 masculinos, 22
femininos; 35 brancos e 20 não brancos. Entre as mais freqüentes SG (%): 18
(32,72) nefrótica (SN) e 17 (30,91) anormalidades urinárias (SAU); entre as principais GnP (%): 11 (20) membranosa, 10 (18,18) GeSF, 10 (18,18) de Gn-IgA.
Não houve diferença entre as idades da GnP, prevalência de sexo e cor. O SN
prevaleceu na GeSF e a doença renal crônica, Dcp < 60 ml/min (DRC) prevaleceu
na membranosa (teste Fisher, p< 0,05). Foram constados 4 casos de Gn crescêntica: 2 de Gn-IgA e 2 vasculites (1 caso de p-ANCA positivo). Após o tempo médio
de 2 anos de tratamento, 39 (71) estão em cura parcial; 6 (11) cura total, 8 (14,5)
com DRC e 2 óbitos ( 1 membranosa e outro GeSF).
Conclusões. A Gn membranosa foi aquela que demonstrou o mais variado grau de
lesões, variadas SG e o pior prognóstico, entretanto a BxR demorou a ser executada, em média 56 meses.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
Objetivo: A GESF é a glomerulopatia mais freqüentemente biopsiada no HCFMUSP. Conhecer sua epidemiologia tem sido objetivo do serviço. Métodos: foram
estudados todos os pacientes >14 anos e GESF com diagnóstico por MO e IF
(1999-2002) e ao menos 7 glomérulos na biópsia. Descrevemos características
demográficas e clínicas, de acordo com a etiologia provável. As comparações
foram feitas por testes de Mann-Whitney e exato de Fisher e p=0,05 foi o limite de
significância. Resultados: 40 pacientes foram identificados, 30 com a forma
idiopática e 10 com a secundária (obesidade mórbida=2, S. mansoni=3, refluxo
VU=1, GN pós-infecciosa=2, neoplasia=2). Os dados estão em média e dp ou percentagem.
Idade
Proteinúria
Creatinina
Síndrome nefrótica
Insufi. Renal
Hipertensão
Presença de fibrose
Resposta ao tratam.
Idiopática
28,8±14,6
9,2±6,5
1,8±2,1
87%
30%
47%
80%
40%
Secundária
34,9±12,7 0,05*
6,2±4,5
1,6±1,5
80%
40%
30%
70%
40%
P
0,13
0,86
0,62
0,70
0,47
0,67
1,0
Os tratamentos utilizados foram (isolados ou em combinação): corticóide(1mg/kg)
por tempo prolongado (n=21), ciclosporina (n=18), IECA e/ou BAT1 (n=20). O
restante dos pacientes recebeu sintomáticos. Durante o curto seguimento, 9
pacientes foram encaminhados à diálise. Conclusões: Não houve diferenças significantes entre as formas idiopática e secundária., exceto pela idade. O pequeno
número de pacientes pode ter influenciado os resultados. Apesar do tratamento
agressivo, o sucesso foi limitado, tornando necessários estudos de predição da
resposta terapêutica para estimativas de risco-benefício.
55
Glomerulopatia
J. Bras. Nefrol
P-035
P-036
GNRP ASSOCIADO A RIFAMPICINA
SILVA, I. F. ; KIRSZTAJN, G. M. NARCISO, R.; ABREU, P.; FRANCO, M. M.
UNIFESP
GRANULOMATOSE DE WEGENER: APRESENTAÇÃO ATÍPICA COM
HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA
BOHLKE, M.;TUBONE, T.; LORENZET, I.; CARPENA, A. B.; CARLOS FILHO
SANTA CASA DE PELOTAS E UNIVERSIDADE CATOLICA DE PELOTAS
Introdução: Existem poucos relatos de casos de pacientes que na vigência de
tratamento para micobacterioses desenvolveram glomerulonefrite (GN) crescêntica provavelmente secundária ao uso de rifampicina.
Objetivo: Relato de caso com achados incomuns.
Relato de caso: Indivíduo do sexo masculino, 19 anos, com diagnóstico de tuberculose (TB) pulmonar há1 mês da internação, que após 3 dias do início do tratamento com esquema-I desenvolveu mialgias, com melhora espontânea; após 15
dias de tratamento, apresentou quadro cutâneo, com petéquias e prurido, determinando suspensão do tratamento. Evoluiu com melhora e o tratamento foi reiniciado uma semana depois. Após a reintrodução do esquema, desenvolveu anasarca,
hipertensão arterial e hematúria macroscópica; ao longo de 10 dias, observou-se
elevação de creatinina sérica (Crs = 0,6-5,5 mg/dl) e uréia (Us = 27-166 mg/dl);
demais exames revelaram: Urina I (Prot +++, leucócitos = 45 pc, eritrócitos > 100
pc); Prot U 24h = 4,65g; FAN (-); crioglobulinas (-); ANCA (-); HIV/HCV/HVB
(-) e bióspia renal (Bx) com glomerulonefrite crescêntica pauci-imune (MO com
12 glomérulos; 100% de crescentes fibrocelulares e leve infiltrado túbulo-intersticial linfomononuclear). Iniciou-se hemodiálise e pulsoterapia com metilprednisolona EV (1g por 3dias), associada a prednisona VO (1mg/kg/dia) e ciclofosfamida VO 100mg/dia, que foram suspensos após 1 mês e meio, por complicação
infecciosa, num contexto de oligúria e necessidade de diálise.
Conclusão: Sabemos que 20% das GN pauci-imunes podem ser ANCA(-) e que
parte destas são desencadeadas por medicamentos. Raros casos de GN rapidamente progressiva secundária ao uso de rifampicina foram descritos. No caso
relatado, chama a atenção a possibilidade de hipersensibilidade à rifampicina, pois
em 2 tentativas prévias de introdução da droga, o paciente teve mialgias e reação
cutânea. Não há achados confirmatórios específicos de tal diagnóstico e os casos
já relatados revelaram GN ANCA (-) , na vigência do uso de rifampicina, como no
presente no caso.
A Granulomatose de Wegener (GW) é uma vasculite sistêmica que acomete
pequenas e médias artérias, arteríolas e vênulas, envolvendo primariamente o trato respiratório e os rins. Apresenta elevada mortalidade se não tratada precocemente. Este relato tem como objetivo descrever um caso de GW com apresentação
atípica. Trata-se de paciente feminina, 53 anos, hospitalizada com quadro de
hemorragia digestiva baixa maciça e insuficiência renal aguda. A colonoscopia
evidenciou sangramento difuso a partir do cólon. Apresentava focos de consolidação alveolar, compatíveis com hemorragia pulmonar. A biópsia renal constatou
crescentes fibrosos em 50% dos glomérulos, com imunofluorescência positiva
somente para IgM (++) no mesângio (pauci-imune). A pesquisa de ANCAc foi
positiva. Foi submetida a pulsoterapia com metilprednisolona endovenosa, com
remissão da hemorragia digestiva. Recebeu a seguir prednisona e ciclofosfamida
via oral por seis meses, havendo recuperação progressiva, porém incompleta, da
função renal, encontrando-se atualmente com DCE de 20mL/min e sem tratamento dialítico. O presente relato refere-se a um caso de vasculite pouco prevalente
(1:30.000), com apresentação atípica e boa resposta ao tratamento clínico.
P-037
P-038
HEMATURIA DISMORFICA ISOLADA COMO SIGNO PRECOCE DE
GLOMERULOPATIA QUE PODE SE PROGRESSIVA
MOSCOSO, G. S.; CAMARA, N. O. S.; FRANCO, M.; SILVA, A. P.; KIRSZTAJN, G. M.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO-UNIFESP
INGESTÃO ENERGÉTICA E DE MACRONUTRIENTES EM PACIENTES COM GLOMERULOPATIAS (GPS)
AHMED, M. S.; BAXMANN, A. C.; KIRSZTAJN, G. M.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SãO PAULO
Introdução: A hematúria dismórfica isolada é manifestação compartilhada por
algumas glomerulopatias e que pode preceder o desenvolvimento de proteinúria e
de dano funcional e estrutural por períodos de tempo variáveis.
Objetivo: Avaliar a evolução de casos de hematúria dismórfica isolada no contexto da progressão de doença renal.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo. Foram avaliados 190 prontuários com
diagnóstico inicial de hematúria dismórfica isolada e, em seguida, selecionados 96
em que o diagnóstico inicial manteve-se o mesmo e o tempo de acompanhamento
foi superior 24 meses. Foram avaliados parâmetros clínicos e bioquímicos no início e final do acompanhamento.
Resultados: 96 pacientes (26M/70F; idade: 39 ± 14 anos, X ± DP) com hematúria
dismórfica foram acompanhados por 39 ± 46 meses; 55 e 45% dos casos apresentavam DE discreto (+) e moderado (++), respectivamente. Encontramos 4/90
pacientes HIV+, 3/80 HCV+, 8/90 FAN(+). Biópsias renais foram realizadas em
22 pacientes: 3 (14%) não revelaram alterações(na MO e IF), 9 (30%) GN proliferativas, 6 (40%) nefropatia por IgA, 4 (18%) outras; 1% tinham sinais de crônicidade na biópsia. Ao final do seguimento, 14% dos pacientes evoluíram com proteinuria não-nefrótica, e 14% desenvolveram hipertensão arterial em média em 73
± 26 meses .
Conclusões: Observamos que nenhum paciente evoluiu para IRC ou necessitou de
diálise em um seguimento de até 10 anos. Quando realizadas biópsias, predominaram GN proliferativas e nefropatia por IgA (as quais costumam ter evolução
benigna se evoluem apenas com hematúria); vale salientar, entretanto, que não é
rotina em nosso serviço biopsiar hematúria isolada e que, em raros casos, microscopia eletrônica esteve disponível.
56
Introdução: Pouco se sabe sobre a situação nutricional de pacientes com GPs,
especialmente em situações de proteinúria. O objetivo do presente estudo é avaliar
a ingestão energética e de macronutrientes (proteína, carboidrato e gordura) em
pacientes com GPs antes de receberem intervenção nutricional. Métodos: Vinte
(20) pacientes com GPs proteinúricas (com ou sem proteinúria por ocasião do estudo) realizaram um registro alimentar de 3 dias para avaliação do consumo diário
de energia, proteína, carboidrato e gordura, e coletaram amostra de urina de 24h
para determinação da proteinúria. Os pacientes foram divididos em 2 grupos de
acordo com os valores de proteinúria (> 1 ou ≤ 1g/24h). Resultados:
Proteinúria
N
Idade
IMC
Cr
Ingestão Energética (Kcal/kg)
Ingestão de Proteína (g/kg/dia)
Ingestão de Carboidrato (%)
Ingestão de Gordura (%)
a X ± DP; *p<0,05
10
42 ± 11 a
26 ± 4
1,26 ± ,3
26 ± 13
1,18 ± 0,75
53 ± 9,13
29 ± 4,25
1
Proteinúria > 1
10
38 ± 11
23 ± 3
1,24 ± 0,44
24 ± 9
59 ± 59,37
24 ± 4,16 *
Tanto os pacientes com proteinúria >1 quanto os pacientes com proteinúria
1g/24h apresentaram ingestão energética e de macronutrientes dentro dos padrões
de normalidade (proteína: 0,8-1,2 g/kg; carboidrato: 55-60% do Valor Calórico
Total e gordura: 25-30%). Como esperado não foi observado entre os grupos diferença na ingestão energética, de proteína e de carboidrato, sendo observada diferença apenas na ingestão de gordura, embora esta diferença não seja clinicamente
importante uma vez que os valores estavam dentro da faixa de normalidade. Conclusão: Observou-se que sem intervenção nutricional os pacientes com GPs proteinúricas apresentaram um consumo alimentar semelhante ao da população normal, independente de apresentarem perdas urinárias pequenas ou grandes.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
J. Bras. Nefrol
Glomerulopatia
P-039
P-040
INSUFICIÊNCIA RENAL POR NEFRITE TÚBULO-INTERSTICIAL
(NTI) E VASCULITE DE PELE COMO PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES
NO SÍNDROME DE SJÖGREN
NASCIMENTO, G. V. R.; SILVA, V. S. RODRIGUES JÚNIOR, A. G.;
ANDRADE, L. G. M.; GABRIEL, D. P.; ALMEIDA, D. B.
HC-UNESP-BOTUCATU
LESÃO RENAL EM PACIENTES COM LUPUS ERITEMATOSO
SISTÊMICO
CADAVAL, R. A. M. ;MARTINEZ, J. E. ALFANI, A. C. P.; OLIVEIRA, T. D.;
RODRIGUES, C. I. S.; ALMEIDA, F. A.; D´AVILA, R.
CENTRO DE CIÊNCIAS MÉDICAS E BIOLÓGICAS DA PUC/SP
Síndrome de Sjögren (SS): doença auto-imune caracterizada por infiltração linfocítica das glândulas exócrinas que pode cursar com manifestação renal em
incidência que varia de 16 a 67% (acidose tubular renal distal- ATR tipo1- 5%, distúrbio de concentração urinária 66%, proteinúria-PTU- <1g/dia 15% e insuficiência renal 13%). Objetivo: relatar um caso de NTI e vasculite de pele como
primeiras manifestações de SS. Relato de caso: R.R.A., 51 anos, masculino, pardo, casado, lavrador, natural de Ribeirão Branco - SP. Há 2 anos do início do
acompanhamento, aparecimento de pequenas manchas avermelhadas em MMII
com resolução espontânea. Há 8 meses, devido ao ressurgimento das manchas e
grande edema de MMII, foi internado na Dermatologia e submetido a biópsia de
pele: vasculite leucocitoclástica, IF negativa. Encaminhado para Nefrologia por
alteração da função renal (creatinina-Cr- inicial: 2,5 mg/dl, Ac anti-núcleo-FAN:
negativo). Retorna após 1 mês com quadro de febre diária, emagrecimento, edema
facial e artrite em mãos e pés (Cr 3,4 mg/dl, uréia: 56 mg/dl, PTU de 24 horas 1,0
g, hematócrito de 18% e FAN: negativo) submetido a biópsia renal: nefrite túbulo-intersticial linfomononuclear intensa, IF: depósitos de C3 em cápsula de Bowman, IgA em cilindros e fibrinogênio em interstício. O paciente permaneceu em
seguimento pela Nefrologia, sem diagnóstico etiológico, em uso de prednisona
20mg/dia por indicação da Dermatologia, mantendo função renal estável (Cr: 1,7
- 2,5 mg/dl, clearance de creatinina: 10 - 45 ml/min e PTU:0 - 0,7g/dia). Após 2
anos sem diagnóstico, em nova anamnese paciente informou boca seca e xerostomia. Feito a hipótese de SS que foi confirmada por 1)teste de Rosa-Bengala: insuficiência lacrimal; 2)cintilografia de glândulas salivares: função e drenagem
reduzidos em grau acentuado; 3)dosagem de anticorpo SSA-Ro e SSA-La: positivos; e 4)biópsia de glândula salivar menor: sialadenite crônica linfoplasmocitária. Além de NTI, insuficiência renal e proteinúria também foi confirmada disfunção tubular na forma de ATR tipo 1 e Diabetes insipidus.
Introdução: O lupus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória
crônica, multissistêmica que evolui com manifestações clínicas polimórficas,
necessitando acompanhamento multiprofissional.O envolvimento renal noLES é
um evento freqüente, sendo diagnosticado em 50-75% dos pacientes, podendo ser
até maior se levarmos em consideração aqueles pacientes sem evidência clínica
desta complicação. A anormalidade mais freqüentemente observada é a presença
de proteinúria (80%), enquanto aproximadamente 40% tem hematúria e/ou piúria
em algum momento do curso da doença. Métodos: Foram analisados 90 pacientes
com diagnóstico definitivo de LES (mais de quatro critérios da ARA) atendidos no
ambulatório multidisciplinar (nefrologia e reumatologia) de LES. Destes, 50%
apresentaram evidências clínicas, laboratoriais e/ou histológicas sugestivas de
glomerulonefrite lúpica. O tempo de seguimento foi de 82,8±56,0 meses. Resultados: A média de idade no momento do diagnóstico foi de 26,6±9,9 anos, com
predomínio do sexo feminino (92%), sendo que entre os 38 pacientes com biópsia
renal as classes proliferativa focal (III) e difusa (IV) foram as mais freqüentes
(71%). Destes, 31 estão em acompanhamento. Em 6 houve perda de seguimento,
6 progrediram para insuficiência renal crônica (IRC) e 2 faleceram. Hipertensão
arterial sistêmica foi diagnosticada em 59% dos pacientes. No momento da biópsia renal, a creatinina plasmática era de 1,9±1,8 mg/dl, e a proteinúria 2.145±1.903
mg/24h, sendo nefrótica em 29% dos pacientes. Na apresentação inicial do lupus,
a insuficiência renal aguda (IRA) esteve presente em 11 pacientes, sendo 10 diagnosticados com classes III/IV. Evolução para insuficiência renal crônica ocorreu
em seis pacientes, predominando na classe proliferativa. Conclusão: O atendimento ao paciente lúpico por equipe multiprofissional permite melhor integração
e agilidade nas ações terapêuticas. A incidência de acometimento renal nesta população de lúpicos foi semelhante à encontrada na literatura médica. As classes III
e IV geralmente têm na sua manifestação inicial IRA e evoluem mais freqüentemente para IRC.
P-041
P-042
LEUCOENCEFALOPATIA NECROZANTE DESMIELINIZANTE EM
PACIENTE COM PÚRPURA DE HENOCH-SCHÖNLEIN
RODRIGUES JUNIOR, A. G. SILVA, V. S.; SILVA, T. N. V.; NASCIMENTO,
G. V. R.; ANDRADE, L. G. M.; GABRIEL, D. P.
FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP
MACRÓFAGOS INDUZEM APOPTOSE NA GLOMERULONEFRITE
LÚPICA.
DELGADO, A. G. TAKIYA, C. M.; COELHO, A.; SOUTO, M. I. D.; CARDOSO, C. R.; PASCARELLI, B. M. O.; CAMPOS, D. M.; ORNELLAS, J. F. R.;
PAPI, J. Â. S.
SERVIÇO DE NEFROLOGIA, SERVIÇO DE CLÍNICA MÉDICA, HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO, DEPARTAMENTO DE
EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA, UFRJ.
Introdução:Apesar da diminuição de sua incidência, as glomerulopatias ainda
representam importante grupo de nefropatias.Em sua evolução, estão associadas a
graus diferentes de morbi-mortalidade quer decorrentes da patologia de base quer
de complicações do tratamento.As infecções estão entres as complicações relacionadas ao tratamento.Objetivo:O presente trabalho tem como objetivo relatar
um caso de paciente com Púrpura de Henoch-Schönlein e sua evolução associada
a quadro de leucoencefalopatia desmielinizante após o uso de imunossupressão.
Caso Clínico:Paciente, J.B.C, 46 anos, branco, trabalhador industrial.Encaminhado para nefrologia em 03/04 via P.S, devido queixas de edema em MMII e
escrotal há 20 dias, piora vespertina, associado a diminuição da diurese e coloração
mais escurecida da urina.Referia quadro gripal há 2 sem, mialgia, febre e malestar.Queixa de vermelhidão em pernas, recente.Ao exame, descorado 1+/4,PA
170X120mmhg, edema 3+/4 de MMII, cacifo até coxas, máculas eritematosas em
1/3 distal de pernas, sem desaparecimento à dígito-pressão.Exames laboratoriais:Cr1=1,6; U=39; K=3,7; Alb=2,2; UrinaI= 3+ de proteínas e sangue; sorologias
virais negativas; PTU 0,79 e Clcr=10.Prescritos sintomáticos.HD:Púrpura de
Henoch-Schönlein.CD:avaliação dermatologia, programação de Bx renal.Retornou em 1sem para ver exames, realizada biópsia de pele sugestiva de vasculite leucocitoclástica.Referia tonturas e desaparecimento das lesões em pele,
diminuição do edema; PA100X60; edema 1+/4 MMI; CR=3,0; K=3,3; biópsia
renal compatível com P. Henoch-Schönlein.Fez imunossupressão com corticoterapia.2 meses depois retornou com queda do nível de consciência, necessidade de
ventilação mecânica.Suspeita de CMV de SNC, com discreta melhora após Ganciclovir, seguida por piora progressiva e morte.Necropsia com leucoencefalopatia
desmielinizante.Conclusão: glomerulopatias têm posição importante entre as
patologias renais e podem estar associadas a grau significativo de morbi-mortalidade entre as quais as infecções durante o tto.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
Introdução. Tem sido documentado que macrófagos estão criticamente envolvidos na resposta inflamatória aguda e podem desempenhar papel relevante nas
glomerulonefrites. Macrófagos produzem muitos mediadores pro-inflamatórias e
também são capazes de induzir a apoptose em várias células, assim participando
da regulação da população celular em muitos tecidos. Esse estudo foi realizado
para verificar a relação entre macrófagos, apoptose e a cascata de ativação da
apoptose, via caspase-3, na glomerulonefrite lúpica.
Métodos. Foram estudas biópsias renais de 22 pacientes com LES, das quais 12 foram
classificadas como tipo IV (grupo 1) e 10 como tipo V (grupo 2). A apoptose foi detectada através da técnica do TUNEL, a caspase-3 ativada através de um anticorpo monoclonal anti-caspase-3 e os macrófagos através de um anticorpo monoclonal antiCD68. Todas as células foram contadas por método apropriado e os valores expressos
como número total por glomérulo e como porcentagem de células marcadas.
Resultados. A tabela abaixo resume os principais dados dos grupos 1 e 2:
Apoptose (%)
Macrófagos (%)
Grupo 1
Grupo 2
0,29±0,17
1,9±1,4
0,58±0,27 *
2,3±2,2
P < 0,05
Apesar das características de intensa proliferação no grupo 1, observa-se uma
depleção significativa da apoptose nesse grupo, que se acompanha de uma redução
não significativa de macrófagos. Análise de regressão linear dos dois grupos
mostrou correlação positiva entre % de macrófagos e % de apoptose (r=0,645;
P=0,02) e entre % de macrófagos e % de caspase-3 ativada (r=0,674; P=0,01).
Conclusão. Apesar da intensa proliferação da nefrite lúpica tipo IV, isso não se
acompanha de aumento da quantidade de macrófagos. A forte correlação entre
macrófagos, caspase-3 e apoptose sugere que os macrófagos estão envolvidos
nesse importante mecanismo de morte e deleção celular.
57
Glomerulopatia
J. Bras. Nefrol
P-043
P-044
MANIPULAÇÃO RENAL DE SÓDIO EM CASO ATÍPICO DE
SÍNDROME DE BARTTER ASSOCIADO COM MITOCONDRIOPATIA E
AMAUROSE NEURO-SENSORIAL.
MENEGON, L. F.; AMARAL, T. N.; GONTIJO, J. A. R.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
MICOFENOLATO DE MOFETIL (MMF) EM SÍNDROME NEFRÓTICA
IDIOPÁTICA PEDIÁTRICA DE DIFÍCIL TRATAMENTO.
VAISBICH, M. H. ;HENRIQUES, L.; LANZARINI, V.; KOCH, V. H.
UNIDADE DE NEFROLOGIA PEDIÁTRICA - INSTITUTO DA CRIANÇA HOSPITAL DAS CLÍNICAS - FMUSP
Objetivos: avaliar manipulação renal de sódio em caso atípico de síndrome de
Bartter, associado com mitocondriopatia e amaurose neuro-sensorial.
Métodos: paciente de 45 anos, sexo feminino, com diagnóstico clínico-laboratorial de síndrome de Bartter. Realizados clearance de creatinina (CCr) e lítio (CLi),
como estimativas da filtração glomerular (TFG) e manipulação tubular de sódio,
respectivamente. Clearance calculado por fórmula padrão: C=(U*V)/P. Fração de
excreção total, proximal e pós-proximal de sódio foram calculadas, respectivamente, pelas fórmulas: FENa+ = CNa+/CCr, FEPNa+ = CLi/CCr, FEPPNa+ =
CNa+/CLi.
Resultados: dosagens plasmáticas: Na+=129, K+=2.1, Ca++=0.85, Mg++=0.96,
Cl-=79, Pi=5.3 mmol/L. Renina=19.5 ng/ml/h (0.15–2.33). Gasometria arterial:
pH=7.51, PCO2=41.9 mmHg, PO2=87.1 mmHg, HCO3=33.9 mmol/L, anion
gap=16 mmol/L, Osm=260 mmol/kg. Dosagens urinárias: Na+=88, K+=42
mmol/L, Ca++=10 mg/dL, creatinina=25 mg/dL.
Introdução: Síndrome Nefrótica Idiopática (SNI) córtico-dependente (CD) ou
córtico-resistente (CR) é freqüentemente um desafio para o clínico. O objetivo
deste estudo é relatar os resultados observados em relação a eficácia e efeitos
adversos com o uso de MMF em uma população pediátrica CD ou CR com concomitante toxicidade ao corticóide ou a ciclosporina.
Material e Métodos: Uma série de 8 pacientes (2 meninas) é descrita, média de
idade 12,1 anos (3,5-18), intervalo de tempo médio entre diagnóstico e início de
MMF foi= 7,5 anos. Inicialmente 6/8 pacientes eram CR e 2/8 CD. Biópsia renal
mostrou GESF em 6/8 e LHM em 2/8 casos. Previamente ao MMF, 7/8 foram
tratados com Ciclofosfamida (CF) e 6/8 com ciclosporina (CYA). No início do
MMF 4/8 pacientes eram CD (3/4 com toxicidade à CYA e 1/4 após falhar na retirada do corticóide) e 4/8 eram CR (3/4 após CF e CYA e 1 após CF). MMF, na
dose de 600 mg/m2SC a cada 12 horas, foi prescrito associada a prednisona
(PDN). Proteína transportaddora de retinol urinária (RBPur) foi avaliada previamente ao MMF em 7/8 casos.
Resultados: A medicação foi bem tolerada. Uma resposta positiva foi observada
em 5/8 casos (4/5 estão em remissão com MMF: 2 sem PDN por 7 e 14 meses, 1
recidivou após 1 mês sem PDN e esta foi reiniciada e 1 paciente está atualmente
em retirada gradual da PDN;1/5 apresentou melhora clínica após o início do MMF
com redução na necessidade de infusões de albumina, apesar de diminuição discreta da proteinúria, porém concomitante a queda no ritmo de filtração glomerular.
Resposta negativa foi vista em 3/8 pacientes: 1/3 desenvolveu diabetes mellitus
após 3 meses de MMF e a droga foi suspensa. RBPur aumentada foi detectada em
3/8 pacientes, todos que não responderam.
Conclusões: Resultados positivos, ao menos temporários, foram observados em 5/8
casos tornando o MMF uma opção de tratamento em SNI pediátrica. A RBPur pode
ser um bom marcador de resposta negativa à imunossupressão nestes pacientes. A
ocorrência de diabetes mellitus em 1 paciente necessita ser esclarecida.
UNa+*V (mmol/min)
UK+*V (mmol/min)
CCr (ml/min)
FENa+ (%)
FEPNa+ (%)
FEPPNa+ (%)
Controle (n=11) (N=11)
Sd.Bartter
0.1 ± 0.03
0.05 ± 0.01
137 ± 11.7
0.63 ± 0.19
23 ± 2.2
2.6 ± 0.8
0.25
0.05
113
1.62
8.9
18.2
Conclusão: no caso estudado houve natriurese acentuada em decorrência de
maior FEPPNa +. A excreção de potássio foi semelhante, apesar da hipocalemia,
sugerindo comprometimento da absorção de sódio no segmento ascendente da alça
de Henle. Estes dados refletem a grande requisição energética deste segmento do
néfron – dependente do metabolismo mitocondrial – para a manutenção de sua
adequada função.
P-045
P-046
MICOFENOLATO MOFETIL (MMF) NO TRATAMENTO DAS GLOMERULONEFRITES
ANDRADE, L. C. F.; PAULA, R. B.; CARMO, P. A. V.; BASTOS, M. G.
FUNDAÇÃO INSTITUTO MINEIRO DE ENSINO E PESQUISA EM
NEFROLOGIA
Introdução: O MMF é o éster do ácido micofenólico, o qual é um potente inibidor
não competitivo e reversível da desidrogenase inosina monofosfato, enzima catalizadora da síntese de novo das purinas. Como imunossupressor, atua na antiproliferação das células B e T sensibilizadas, diminuindo a produção de citocinas, formação de anticorpos e atividade das moléculas de adesão.
Objetivo: Relatar os casos de GNs tratados com MMF.
Material e Métodos: 8 pacientes foram tratados com MMF, em doses iniciais de
2 gramas ou 1 grama/dia como indução e mantidos com 1grama por ate 18 meses,
associado a baixas doses de prednisona.
Resultados: A tabela 1 refere os casos tratados.
Casos
Idade / Sexo
Cor
SG / GN
PN (g/dia) /
Pré
Dcr (ml/min)
Pós
1
2
3
4
5
6
7
8
55 / F
47 / M
52 / M
58 / M
38 / M
25 / M
18 / F
15 / F
Br
Br
Br
Br
Br
Br
Br
Br
SN / IgA
SN / M
SN / M
SN / M
SN / M
SN / GESF
SN / PL
PN / ML
5,5 / 61
3,4 / 63
3,2 / 68
25,0 / 21,6
12 / 99
7,8 / 110
4,0 / 107
3,0 / 81
1,5 / 67
0,1 / 63
1,0 / 68
5,7 / 47
14,0 / 85
3,0 / 98
0,2 / 93
0,0 / 60
Idade: em anos; SG: síndrome glomerular; PN: proteinúria; DCr: depuração da creatinina; IgA:
nefropatia IgA; SN: síndrome nefrótica; M: membranosa; PL: proliferativa lúpica classe IV;
ML: membranosa lúpica classe V.
MICROALBUMINÚRIA COMO MARCADOR PRECOCE DE DOENÇA
RENAL NA NEFROPATIA DA ANEMIA FALCIFORME
NOBREGA, T. C. O. ;CARDOSO, L. R. ORNELLAS, J. F. R.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Introdução: A doença renal na anemia falciforme (AF) com evolução para insuficiência renal crônica (IRC) é precedida por proteinúria em 68%, com maior morbilidade e menor sobrevida em relação aos doentes sem IRC. A microalbuminúria
(MA) é um marcador sensitivo de envolvimento renal, anterior a proteinúria.
Objetivo: determinar a prevalência de MA em pacientes com AF sem doença
renal estabelecida e a associação de marcadores prognósticos. Métodos: estudo de
corte transversal em 51 pacientes com AF com idade de 15 a 30 anos. A MA foi
estimada por nefelometria e os pacientes divididos em 2 grupos: com microalbuminúria (MAU) e sem microalbuminúria (s/MAU) e testados a possíveis associações com ácido úrico (AU), hemoglobina fetal (HF) e úlcera de perna. Excluídos
os pacientes hipertensos, com proteinúria, hematuria, dor, infecção, transfusão 15
dias antes do estudo, ou outra doença associada. Resultados: Prevalência de MA
foi de 27,5%. Não houve diferença dos parâmetros clínicos, laboratoriais e indicadores de severidade da doença. Houve diferença significante da HF e AU nos
grupos MAU e s/ MAU (p= 0,01; p=0, 03, respectivamente) e uma correlação
inversa da MA com HF (r= -0,31; p= 0,04) e direta da MA com AU (r= 0, 31; p=
0,02), e, tendência estatística de ulcera de perna com MA (p=0,08). A análise pela
regressão linear múltipla mostrou uma combinação linear entre microalbuminúria,
HF e AU.
Conclusões: A microalbuminúria pode ser um importante marcador precoce de
doença renal na AF. Níveis de HF e AU podem servir como marcadores prognósticos nesta doença e direcionar tratamento e evitar progressão p/IRC.
MAU= 9. 98 - (2.67*HF) + (9.11*AU)
r=0,464 R2=0,216
MAU
HBF
Casos 1 e 2: apresentavam diabete melito antes do MMF. Caso 1: apresentou
pneumonia. Caso 4: com Insuficiência renal. Casos 5 e 6: excluídos por pneumonia e diarréia graves.. Caso 8: leucopenia de 2800/ml
Conclusão: O MMF é uma alternativa imunossupressora válida no tratamento das
GNs.
58
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
J. Bras. Nefrol
Glomerulopatia
P-047
P-048
MICROALBUMINÚRIA NA AVALIAÇÃO DE CRIANÇAS COM
DOENÇA FALCIFORME
CILLO, A. C. P.; SANTOS, C. C.; PELICCIONI, D. .; UEJO, D. S.; TAVARES,
C. M.; BLUMER, J.; MOTTA, A. C.; BRANDALISE, S. R.
PUC-CAMPINAS
NEFRITE LÚPICA EM IDOSO : DIFICULDADE DIAGNÓSTICA
GABRIEL, I. C. S.; KIRSZTAJN, G. M. FRANCO, M. F.
UNIFESP
Introdução: A anemia falciforme é uma doença de envolvimento multissistêmico
sendo a nefropatia uma das suas principais e mais graves complicações.
Método: Nosso objetivo é determinar a incidência de nefropatia falcêmica pela
análise da microalbuminúria na urina de 24h. Foram estudadas 71 crianças: 34 de
sexo feminino (41,9%) e 37 do sexo masculino (52,1%); com diagnóstico de anemia falciforme SS, em acompanhamento ambulatorial. Analisamos microalbuminúria 24h, de todos os pacientes. A microalbuminúria foi considerada patológica acima de 30 mg/dl.
Resultados:
Divididas por idade em 4 grupos:
• Grupo A: entre 2 e 5 anos; (10 pacientes = 14,0%);
• Grupo B: entre 6 e 10 anos; (21 pacientes = 29,5%);
• Grupo C: entre 11 e 15 anos; (21 pacientes = 29,5%);
• Grupo D: acima de 16 anos; (19 pacientes = 27,0%);
Todos apresentaram função renal normal. Encontramos 14 pacientes (19,7%) com
microalbuminúria patológica. Destes 5 (35,7%) no grupo B; 3 (21,4%) no grupo
C; 6 (42,9%) no grupo D. Nenhum no grupo A.
Conclusão: Concluímos que a microalbuminúria em crianças com anemia falciforme tem uma incidência significativamente elevada na faixa etária acima dos 5
anos. Os resultados preliminares sugerem este método como importante indicador
precoce da nefropatia podendo ser utilizado como marcador evolutivo.
Introdução: Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença que se manifesta
predominantemente em mulheres jovens, sendo raros os quadros de abertura em
idosos. Objetivo: Relato de apresentação incomum de LES/nefrite lúpica. Relato
do caso: Indivíduo masculino, 73 anos, branco, dizia que há cerca de 6 meses da
admissão iniciou quadro de edema progressivo de membros inferiores e
face,evoluindo com edema de genitália e ascite; 3 meses depois, observou redução
do débito urinário e foi diagnosticado HAS. Relatava ressecção transuretral de
próstata há 6 anos (hiperplasia benigna), uso crônico de AINH (dor lombar), ser
ex-tabagista e ex-etilista. Ao exame inicial: regular estado geral, hipocorado
(1+/4+), em anasarca, PA:160 x 100 mmHg, sopro sistólico panfocal (2+/4+),
estertores crepitantes em 1/3 inferior bilateralmente. O paciente foi submetido a
biópsia renal percutânea (nefropatia membranosa) e investigação de neoplasia (TC
de tórax e abdome: normais; colonoscopia: pólipo Yamada I; proteinúria de Bence
Jones negativa). Como evoluísse com anemia e leucopenia, foi feito mielograma
(medula óssea hipocelular com hipoplasia eritróide e presença de microeritroblastos), sendo afastado Mieloma Múltiplo. Apresentou quadro de pneumonia nosocomial e piora da função renal, revertidos com Ceftriaxone e suspensão de diurético
de alça. Teve alta sem definição do diagnóstico etiológico. Evoluiu com déficit de
função renal e agravamento da anemia e da síndrome nefrótica. Durante acompanhamento ambulatorial fez-se diagnóstico de Lúpus Eritematoso Sistêmico
(critérios: renal, hematológico, sorológico e serosites) e foi instituída terapia
imunossupressora específica, e após 4 anos mantém creatinina sérica de 1,6 mg/dL
(variou de 1,3 a 3,9 mg/dL) e proteinúria de 0,96 g/24h (chegou a 8,5 g/24h prétratamento). Discussão/conclusão: A apresentação de LES em indivíduos idosos
é incomum, fazendo-se acompanhar de uma certa dificuldade diagnóstica. Neste
caso, o maior enfoque nas etiologias mais frequentes por tipo histológico e idade
retardou o diagnóstico, que só se fez após o resultado positivo do FAN. É importante fazer esse tipo de pesquisa em pacientes com glomerulopatias, mesmo em
idosos, especialmente quando outras manifestações sistêmicas sugerem não se
tratar de doença primária.
P-049
P-050
NEFRITE LÚPICA EM PACIENTE COM RINS POLICÍSTICOS: UM
RELATO DE CASO.
PITTA, F. A.; FERRAZ, R. R. N.; IGLESIAS, J. A. A.; SILVA, P. R. S.
FUNDAÇÃO DO ABC - HOSPITAL DE ENSINO - SÃO BERNARDO DO
CAMPO - SP
NEFRITE LÚPICA: MARCADORES SOROLÓGICOS E ASPECTOS DA
IMUNOFLUORESCÊNCIA NA BIÓPSIA RENAL NAS FORMAS
MEMBRANOSA E PROLIFERATIVA DIFUSA.
BEZERRA, R.; WORONIK, V.; BARROS, R. T.
DISCIPLINA/SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS
DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP
Introdução: O Lúpus Eritematoso Sistêmico com manifestação de nefrite lúpica
já está estabelecido na literatura e descreveremos um caso com associação com
rins policísticos.
Objetivo: Apresentar um caso ilustrativo dessa situação e rever conceitos.
Método: Revisão de prontuário e da biópsia renal percutânea.
Relato de caso: SBS, 28a, F, parda. Em 2000, a paciente sabidamente hipertensa,
iniciou com quadro de edema de membros inferiores de pequena intensidade e volume urinário normal, neste período fazia uso irregular de hipotensores. Apresentava em 2000, ultra-som de rins e vias urinárias (US) compatível com rins policísticos e sem história familiar de doença policística renal. Em setembro de 2003 devido a um quadro infeccioso pulmonar, iniciou avaliação clínica por apresentar
lesões cutâneas em membros superiores e inferiores, rash malar, dores articulares
(pequenas e grandes articulações), mialgia e piora significativa do edema de membros inferiores. Ao exame laboratorial mostrava-se com a creatinina sérica de 1,0
mg/dl, uréia sérica de 35 mg/dl, FAN (+) 1/1280, complemento fração C4: 21
mg/dL e C3:120 mg/dL, albumina sérica de 3,1 mg/dl, hemoglobina de 10 g/dL,
clearance de creatinina: 35,4 ml/min, proteinúria: 9,3 g/24 h. Novo US 2003 com
múltiplos cistos renais, compatível com rins policísticos e doppler colorido de
artérias renais: normal. À biópsia renal(BR) mostrava um quadro histológico de
glomerulonefrite proliferativa difusa, padrão endocapilar com crescentes fibrocelulares em 40%, atrofia tubular focal, fibrose intersticial discreta e cistos
epiteliais de retenção. Iniciou-se tratamento imunossupressor com 03 pulsoterapias
endovenosas de metilprednisolona e 01 de ciclofosfamida associados à prednisona
1mg/kg/d via oral, e mantidos os hipotensores. Evoluiu com remissão da atividade
lúpica.
Conclusões: Dentro deste contexto, pudemos observar que a presença de cistos
epiteliais de retenção (tubulares corticais) vistos à BR estão relacionados à doença
renal policística e que o fato da paciente ser portadora deste distúrbio genético não
influenciou o tratamento da fase de atividade da nefrite lúpica.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
Introdução: Relatos de literatura sugerem uma menor atividade imunológica e
achados de imunofluorescência ( IF ) mais pobres na forma membranosa ( Classe
V ) em relação às formas proliferativas de Nefrite Lúpica. Assim, Haas descreve
presença de “Full House” em 64% de pacientes da classe V em oposição a quase
100% na classe IV. Métodos: Foram estudado o comportamento de marcadores
sorológicos e achados de IF na biópsia renal de 118 pacientes com nefrite lúpica,
sendo 40 com a classe V pura e 78 com a classe IV, definidos pela classificação da
OMS revista por Weening et al. O estudo foi retrospectivo, com análise de prontuários, avaliando-se os marcadores sorológicos por ocasião da biópsia renal. Os
achados da IF foram quantificados para cada imunoglobulina (Ig) e complemento
em intensidade dos depósitos, desde negativa ( zero ) até +++ ( 3 ).
Resultados: O sexo masculino era mais freqüente na classe IV(16%) em relação a
classe V (2,5%), p=0,03; Não havendo diferença entre os grupos quanto à idade
27 vs 30 anos, respectivamente ( p=0,16). Os resultados dos marcadores sorológicos estão na tabela abaixo.
Classe
Classe
p
FAN>160
aDNA+
C3 baixo
C4 baixo
APL*
Hb<12
IV
V
0.25
42%
55%
0.66
33%
28%
0.03
76%
55%
0.63
20%
25%
0.037
25% 52%
52% 25%
0.005
*APL = anticorpo antifosfolípide
Com relação à IF não encontramos diferenças quanto à presença de Ig e complemento entre a classe IV e V com a seguinte distribuição: IgG 92%vs 92%; IgA
56,7% vs 43,2%; IgM 58% vs 48,6%; C3 88% vs 73% e C1q 49% vs 35%, respectivamente. O achado de “Full House” foi de 18% vs 16%,respectivamente. Com
relação à intensidade do depósito de IgG entre classes IV e V, encontramos
deposição fraca em 36% vs 21% e deposição forte em 63% vs 78%, respectivamente, porém sem significância estatística.Conclusão: Na Nefrite Lúpica a forma
proliferativa difusa apresenta mais freqüentemente C3 consumido e Hb < 12,
enquanto a forma membranosa presença de anticorpos antifosfolípides.
59
Glomerulopatia
J. Bras. Nefrol
P-051
P-052
NEFROPATIA POR IGA DURANTE O USO DE ISOTRETINOÍNA
RAMOS FILHO, R.; OLIVEIRA, V. S. VIEIRA JUNIOR, A. E.; BARRETO, J.
C. S.
HOSPITAL GERAL DE GOIÂNIA
O BLOQUEIO DO SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA NA PROGRESSÃO DAS GLOMERULOPATIAS CRÔNICAS PROTEINURICAS
EM RINS NATIVOS.
MOSCOSO, G. S.; CAMARA, N. O. S.; FRANCO, M.; SILVA, A. P.; KIRSZTAJN, G. M.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO-UNIFESP
Introdução: Paciente W.C.B. 20 anos, soldado da polícia militar, atleta, durante
exames de rotina na corporação encontrou proteinúria de 2.4g/24hs. Encaminhado
ao nefrologista. Paciente relatava estar bem, sem queixas, negava edemas,
hematúria ou hipertensão. Estava em uso de isotretinoína (Roacutan®) para tratamento de acne há 6 meses. PA:140x80mmHg. Avaliação laboratorial:
uréia:29mg/dl; creatinina:0.8mg/dl; proteínas:6.3g/dl; albumina:3.1g/dl; glicemia:62mg/dl; colesterol:160mg; triglicérides:111mg; sorologias para hepatite B e
C: negativas; FAN e ANCA: não reagentes; C3:60 (n:91 a 157); C4:10(n:13 a 43);
CH50:84: TGO:17; TGP:14; EAS: 37leucocitos p/c; 4hemácias p/c; proteinúria:3.5g/24hs; Ultra-sonografia renal: normal. Suspenso o medicamento
isotretinoína e após 2 meses como o paciente mantinha a proteinúria, foi submetido a biópsia renal. Biópsia renal: 23 glomérulos, sendo 2 em área justa-medular,
mostram expansão segmentar da matriz mesangial com formação de sinéquias.
Esses glomérulos mostram cápsula de Bowman difusa e irregularmente espessada.
Túbulos focalmente atróficos, principalmente aqueles localizados na periferia dos
glomérulos alterados. Interstício alargado por discreta proliferação fibroblástica
nas áreas de atrofia tubular. Vasos sem alterações. Imunofluorescência: IgG negativo, IgM traço mesangial, IgA 3+/3+ mesangial, C3 traço mesangial, C1q negativo, fibrina negativo. Diagnóstico: glomerulopatia esclerosante segmentar e focal
e, associando com a imunofluorescência, glomerulopatia por IgA. Evolução: iniciado pulsoterapia com corticoide e ciclofosfamida com remissão da proteinúria.
Retinóides (isotretinoína) têm sido usados no tratamento experimental de glomerulopatias em ratos por suas atividades antiinflamatórias e antiproliferativas. (JASN
2000 11:179-1487; NDT 2001 1613:441-444; Kidney Int 2001. 60:222-2234). A
influência da isotretinoína como fator positivo ou negativo na evolução do
paciente relatado, não pode ser determinada.
Introdução: A inibição do sistema renina angiotensina com os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) restaura ao normal a distribuição das proteínas na membrana basal glomerular, mantendo sua função, e por outros mecanismos, atenua a perda da função renal.
Objetivos: Avaliar a resposta ao bloqueio do SRA através da terapia com IECA
na progressão das glomerulopatías crônicas proteinúricas.
Materiais e M: Neste estudo retrospectivo, foram incluídos 85 pacientes com
glomerulopatias crônicas proteinúricas com diagnóstico por biópsia, que foram
divididos em dois grupos: Grupo 1 (n=64) com uso da terapia com IECA por pelo
menos 8 semanas, grupo 2 (n=21) sem IECA. Foram avaliados parâmetros clínicos e bioquímicos antes e depois da terapia.
RESULTADOS: Os grupos eram comparáveis em relação a idade, sexo e tipo de
glomerulopatias. Nos pacientes do grupo 1, o uso de IECA diminuiu acentuadamente a proteinúria em comparação com os que não receberam IECA (R 2=0,0895
vs R2=0,1541, p<0,001). A função renal manteve-se estável em ambos os grupos,
embora o grupo que não usou IECA tenha apresentado uma tendência à redução
da função renal com o tempo (R2=0,025 vs R2=0,0491).
CONCLUSÕES: Este estudo demonstrou que o uso de IECA diminui a proteinúria de maneira efetiva e mantém a função renal (avaliada pela creatinina sérica) estável, retardando a progressão da doença .
P-053
P-054
PADRÃO DAS DOENÇAS GLOMERULARES NO AMAZONAS
CARDOSO, A C.D., MASTOIANNI, G., FRANCO, M. FREITAS, A .C.
SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GETULIO
VARGAS – AM
PREVALÊNCIA DE DOENÇAS INFECCIOSAS ESPECÍFICAS EM
PACIENTES COM SÍNDROME NEFRÓTICA
DONATTI, T. L.; ASSIS, S. B. SALLES, C. H. A.; TEIXEIRA, R. S. L.
UNIVERSIDADE FEDERAL MATO GROSSO - FACULDADE DE CIENCIAS
MÉDICAS - HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MULLER (HUJM)
Objetivo: Descrever as biópsias renais realizadas de 03/93 a 04/04 no Serviço de
Nefrologia do Hospital Universitário Getulio Vargas (Am) e analisar os casos de
Glomerulopatias.
Métodos: Foram avaliadas restropectivamente 519 biópsias renais realizadas em
pacientes internados no Serviço de Nefrologia do HUGV – Am.
Foram estudados os seguintes parâmetros: idade, sexo, freqüência e apresentação
clínica das glomerulopatias primárias e secundárias.
Resultados: 345 (66,5%) casos correspondem a glomerulopatias; lesões glomerulares primárias foram observadas em 131 (38,1%), doenças vasculares em 13
(3,8%), doenças metabólicas Em 13 (3,8%) e, finalmente , as doenças glomerulares secundárias , representadas nesta casuística apenas pela nefrite lúpica em 72
casos (20,9%), sendo a maioria da classe IV (78,0%), seguida da classe V
(12,0%), classe II e III (4,0%) e classe VI (2,0%). A Gesf foi a doença glomerular
primária mais freqüente, diagnosticada em 43 pacientes (33%), seguida da GNM
em 27 (20,9%), LM em 20 (15,3%), GN crescêntica em 14 (11,0%), GNMP em 4
(3,3%), Nefropatia por IgA em 4 (3,3%), GPM em 3 (2,2%), GNC esclerosante
em 3 (2,2%) e glomerulonefrites não – classificadas em 3 casos (2,2%).
Conclusões: A Gesf foi a lesão renal primária mais freqüente. O Lupus Eritematoso Sistêmico destacou-se como causa das glomerulopatias secundárias e a
classe IV foi a mais freqüente entre as nefrites lúpicas.
60
Introdução: O achado de um número cada vez maior de estudos mostrando a
importância das doenças infecciosas na evolução dos pacientes imunossuprimidos,
principalmente os transplantados, nos fez adotar a rotina da realização das sorologias para as doenças infecciosas mais freqüentes, em todos os pacientes, seja nos
novos, antes da introdução dos glicocorticóides ou naqueles já em seguimento. O
objetivo deste estudo é avaliar a prevalência das doenças infecciosas nos pacientes
com SN e a possível interferência da sua positividade com a evolução da doença.
Método: Foram avaliados retrospectivamente 83 prontuários de pacientes com SN
acompanhados no ambulatório de Nefrologia pediátrica do HUJM. Resultados: 53
masculinos e 30 femininos. Destes, 67 (80,7%) eram Córtico-sensíveis (sendo 6
CSRF; 49 CSRI e 12 CD); 14 (16,9%) Córtico-resistente e 2 (2,4%) não fizeram
uso de corticóides.A biópsia renal foi realizada em 33 pacientes (39,8%) sendo 16
(19,3%) LGM; 3 (3,6%) PMD; 12 (14,5%) GEFS; 1 (1,2%) Finlandês e 1 (1,2%)
EMD. A positividade das sorologias realizadas foi: Toxoplasmose IgG: 32(38,4%)
e IgM: 5 (6,0%); Citomegalovírus IgG: 54 (65,1%) e IgM: 3(3,6%); HBSAg:
2(2,4%); AntiHBSAg: 70 (84,3%); PPD: 3(3,6%). Não houve positividade dos
testes de HIV; Hepatite C e VDRL. Não houve correlação significativa entre a positividade das sorologias com o tipo histológico, resposta ao corticóide ou seu tem po de uso. Porém, 2 pacientes com IgM+ para CMV na descompensação inicial
da SN não usaram corticóides e tiveram remissão espontânea. 4 pacientes com
IgM+ para toxo em episódio inicial foram tratados para toxo e tiveram remissão
total da SN, sem recidivas e sem seqüelas após o tratamento. Por outro lado, três
pacientes córtico-dependentes, de evolução grave, com IgG+ títulos altos/ascendentes para toxo foram tratados e tiveram remissão também total, sem recidivas
mas, infelizmente um com seqüelas de toxo ocular.Conclusão: Devemos conhecer
o estado sorológico prévio dos pacientes com SN antes da introdução de agentes
imunossupressores e, estarmos alertas para detectar os quadros de infecção aguda
e reativação de infecção antiga. A real participação destas patologias como desencadeadoras de proteinúria ou complicando uma SN já instalada necessita de melhores estudos.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
J. Bras. Nefrol
Glomerulopatia
P-055
P-056
PREVALÊNCIA DE PROTEINÚRIA EM PACIENTES ANTIHIV POSITIVOS NO AMBULATÓRIO DE DOENÇAS INFECTO-PARASITÁRIAS
DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (HC-UFPE)
CAVALCANTE, M. A. G. M. ;VALENTE, L. M. MOURA, L. A.; COELHO, S.
N.; LACERDA, H. R.
HOSPITAL DAS CLÍNICAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE ATENÇÃO A NEFRITE LÚPICA (NL)
ANDRADE, L. C. F.; REIS, M. F.; PEREGRINO, F. C.; PERNAMBUCO, J. M.;
CARMO, P. A. V.; FRANCO, M. N.; SCOTTON, A. S.
NÚCLEO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS E PESQUISAS EM NEFROLOGIA
Introdução: Estudos revelam que a taxa de prevalência de proteinúria em
pacientes antiHIV positivos varia de 7 a 30%. A detecção de proteinúria persistente é um marcador importante no diagnóstico de glomerulopatia, especialmente
a associada ao vírus da imunodeficiência humana (GNHIV). No Brasil esses dados
são escassos e são da região sudeste do país. O objetivo deste trabalho é verificar
a prevalência de proteinúria em pacientes antiHIV positivos em ambulatório
específico do HC-UFPE para HIV/AIDS, em Recife e suas possíveis causas, especialmente a correlação com GNHIV. Pacientes e Métodos: Foram avaliados 415
pacientes ambulatoriais no período de Janeiro a Maio de 2004, através de questionário e coleta de amostra de urina para realização de fita urinária (Multistix) e
análise por microscopia (400x) no laboratório central do HC-UFPE. Os paciente
com proteinúria foram submetidos a novo exame, assim como dosagem de proteinúria através de quantificação da relação albumina/creatinina (RA/C) na urina
(método do vermelho de pirogalol-molibdato de Fujita e Kitano). O questionário
aplicado constava de dados clínicos, socio-econômicos e laboratoriais, tais como
sexo, idade, raça, escolaridade, renda pessoal, modo de contágio, tempo de diagnóstico (antiHIV positivo), nível de CD4 e carga viral, função renal atual (creatinina sérica), intercorrências infecciosas e drogas usadas nos últimos 6 meses.
Resultados: Dos 415 pacientes avaliados, 292 (70%) eram do sexo masculino, a
média de idade foi 38,1 anos (mediana 37) e as raças predominantes foram a parda e negra (80%). Foi detectada proteinúria em 35 pacientes (8%). Desses 35
pacientes, em 18 não foi quantificada a RA/C na urina, em 10 (29%) foi < 1; em 5
(14%) estava entre 1 e 3; em 2 pacientes foi > 3. Um dos pacientes com RA/C >
3, foi realizada biopsia renal, com achado histológico de esclerose glomerular segmentar e global com ectasia e atrofia tubular multifocal e fibrose intersticial moderada. Conclusão: A prevalência de proteinúria em pacientes antiHIV positivos
nesta amostra foi semelhante a encontrada na literatura (8%) e no caso submetido
a biopsia o achado de GESFcolapsante é compatível com GNHIV. Outros
pacientes serão biopsiados durante o seguimento.
Introdução. Este programa foi criado em 2001 e tem caráter multidisciplinar, com
participação de reumatologistas, nefrologistas, psicólogos, nutricionista e assistente social, interessados no bem estar e qualidade de vida do paciente portador de
lúpus eritematoso sistêmico (LES). Casos com suspeita de NL ou nefropatas, cuja
biópsia renal (BxR) sugere NL são admitidos e cumprem protocolo para o diagnóstico e tratamento da NL, controle das crises e preservação da função renal.
Objetivo. Apresentar resultados preliminares de um programa multidisciplinar de
atenção para a NL.
Material e método. De abril de 2001 a abril de 2004 foram revistos 46 protocolos
de indivíduos lúpicos, idade de 30,13+/-2,47 (16-56) anos, 21 do sexo feminino e
15 brancos (br) e 8 não brancos (nbr), sendo que 23 (50%) com NL, 12 (52,2%)
apresentaram NL na evolução do LES, 9 (39,1%) como única manifestação do
LES e 2 (8,7%) como manifestação inicial do LES. A NL obedeceu a seguinte distribuição por síndrome: nefrótica 8 (34,8%), nefrítica 4 (17,4%), mista 6 (26%),
anormalidade urinária 4 (17,4%) e 1 caso de rapidamente progressiva; associadas
às seguintes classes de NL: II=4, III=3, IV= 12 (52,2%), V=4. Não houve diferença
significativa entre br e nbr quanto ás características da NL. A avaliação da atividade do LES antes e após o tratamento mostrou bons resultados, tanto em br como
nbr, comparado por ocasião da BxR (SLEDAI >10) em 80% e após o tratamento
(SLEDAI <10) em 75% dos pacientes. Atualmente, 5 (21,7%) pacientes estão em
processo de cura, 9 (39,1%) parcialmente curados e 7 com crises freqüentes, sendo
que um evoluiu para doença renal crônica e outro para o óbito.
Conclusão. São relatados 23 casos de NL de um programa multidisciplinar, onde
são enfatizados o controle da atividade do LES e a preservação da função renal.
P-057
P-058
PSEUDOTUMOR RENAL DEVIDO A GRANULOMATOSE DE WEGENER: RELATO DE CASO
NAKA, E. L.; AMORIM, S. P.; GUILHEM, M.; ARAÚJO, E. S.; ABREU, P. F.;
DIZ, M. C. E.; COUTINHO, I. H. I. L. S.; ARAÚLO, M. S.; MOREIRA, M. E.
M.; SANTOS, D. R.; LARANJA, S. M. R.
HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL
PÚRPURA DE HENOCH SCHONLEIN EM PACIENTE COM DIABETES
MELLITUS
SILVA, M. V. M.; KIRSZTAJN, G. M.; FRANCO, M. F. LIPARIZI FILHO, W.;
TEIXEIRA, A. A.
UNIFESP
Paciente de 42 anos, sexo masculino, com história de emagrecimento, tosse, febre,
anemia, função renal normal e discreta proteinúria. Os exames de imagem revelaram condensações pulmonares e imagem em terço médio de rim esquerdo
abrangendo plano gorduroso peri-renal sugestiva de tumor ou abcesso. O paciente
evoluiu com perda rápida da função renal, porém sem necessidade de terapia
dialítica e a biópsia renal evidenciou glomerulonefrite necrotizante com crescentes. Entre outros exames a pesquisa positiva do ANCAc confirmou o diagnóstico de Granulomatose de Wegener. Foi iniciado tratamento com corticóide e
ciclofosfamida com recuperação parcial da função renal, redução importante da
massa renal e desaparecimento das lesões pulmonares. Granulomatose de Wegener é uma entidade clínica pouco freqüente que tem como substrato fisiopatológico
vasculite paucimune de pequenos vasos. Na fase ativa da doença anticorpos anticitoplasma de neutrófilos de padrão citoplasmático (ANCAc) são encontrados em
cerca de 90% dos casos. No rim manifesta-se como glomerulonefrite necrotizante
e a biópsia é imprescindível para o diagnóstico. A apresentação da Granulomatose
de Wegener como imagem de pseudotumor é um achado raro que inicialmente
pode confundir o diagnóstico e o tratamento médico apropriado.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
Introdução: Uma mulher de 62 anos, há 8 meses da admissão vinha apresentando
petéquias em membros; rash malar, sonolência, artralgias em joelhos e emagrecimento de 20 kg no último ano. Na infância teve febre reumática com lesões na válvula mitral, que complicaram com episódios de fibrilação atrial (FA) aguda. Por
ocasião da 1ª internação por FA, há 6 anos, diagnosticou-se diabetes mellitus (DM).
Tem um irmão com DM. No exame físico da admissão, a paciente estava em bom
estado, sem sinais de insuficiência cardíaca ou uremia; PA 130 x 80 mmHg, FC 88
bpm; à ausculta, presença de sopro em foco mitral. Apresentava máculas e pápulas
eritematosas indolores, de aspecto crônico, em membros inferiores, algumas
palpáveis; sem edemas. No exame de fundo de olho apresentava espessamento da
parede arteriolar, tortuosidade de vasos, além de sinais leves de catarata.
Materiais e Métodos: Seus exames iniciais mostravam: hemoglobina: 15,3 g/dl;
VCM: 90,2 fl; plaquetas: 305 000/mm 3 ; leucometria: 7 400/mm 3 (linfócitos:
1998/mm3); creatinina: 3,0 mg/dl; uréia: 84 mg/dl; sódio: 129 mEq/l; potássio:
4,2 mEq/l; glicemia: 108 mg/dl; albumina: 4,0 g/l; VHS: 50 mm(1ª hora); PCR:
< 0,03 mg/dl. A proteinúria de 24 hs foi de 1,04 g/1240ml. A análise da urina I
mostrava proteinúria (0,49 g/l), 15 leucócitos/campo, 80 hemácias/campo com dismorfismo eritrocitário (2+). A urucultura foi negativa.
Sorologias negativas para hepatites (B e C) e HIV; FAN positivo; anti-DNAn,
Anti-ENA, crioglobulinas e anticardiolipina e anticoagulante lúpico negativos;
CH50 e C2H normais.
A paciente foi submetida a biópsias de pele e rim.
Resultados:Na biópsia de pele mostrava dermatite de interface e vasculite com
imunofluorescência negativa. A biópsia renal mostrou-se compatível com nefropatia por IgA, com depósitos granulosos, difusos, mesangiais, de IgA e C3 com
espessamento irregular da membrana basal glomerular e alterações degenerativas
podocitárias no microscopia eletrônica. Conclusão: A priori, poder-se-ia considerar que a causa da insuficiência renal neste caso seria nefropatia diabética. Porém
alguns dados (ausência de retinopatia na fundoscopia, petéquias, FAN positivo)
fizeram com que se aprofundasse mais a investigação, levando à realização das
biópsias, chegando-se ao diagnóstico da associação de Púrpura de HenochSchöenlein com nefropatia diabética em fase inicial.
Há poucos relatos na literatura da associação dessas duas doenças acometendo os
rins. Deve-se prestar atenção nos dados de história clínica, exame físico, dados laboratoriais para não deixar de diagnosticar nefropatia diabética associada a outras
glomerulonefrites.
61
Glomerulopatia
J. Bras. Nefrol
P-059
P-060
QUANDO REDUZIR CORTICÓIDE NO TRATAMENTO DA GLOMERULOSCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL IDIOPATICA
MOSCOSO, G. S. ;CAMARA, N. O. S.; FRANCO, M.; SILVA, A. P.; KIRSZTJAN, G. M.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO-UNIFESP
RASTREAMENTO DA ORIGEM DA MICROHEMATÚRIA ASSINTOMÁTICA ATRAVÉS DA ANÁLISE DE PARÂMETROS URINÁRIOS
PENIDO, M. G. M. G.; BASTOS, M. G.; ABRANTES, M. M.; PENIDO, M. G.;
GOMES, D. C. F. F.; GOULART, M. M.; FARIA, L. M.; RIBEIRO, I. G.
UNIDADE DE NEFROLOGIA PEDIáTRICA - HOSPITAL DAS CLíNICAS FACULDADE DE MEDICINA UFMG – BH, MG
Introdução: Embora existam evidências de que a corticoterapia prolongada (≥16
semanas) é mais efetiva para alcançar remissão completa em GESF, os tratamentos curtos também são efetivos para um certo número desses pacientes.
Objetivo: Avaliar retrospectivamente a duração ótima da terapia com corticóide
na nossa população com GESF.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo. Dos 55 pacientes inicialmente avaliados, todos com diagnóstico histológico de GESF (por MO e IF) e acompanhamento de pelo menos 12 meses, 17 não usaram corticóide, restando 38
(25F/13M). Desses, 22 pacientes usaram a terapia com corticóide por < 16 semanas (grupo 1) e 11 por > de 16 semanas (grupo 2).
Resultados: 55%(12/22) dos pacientes do grupo 1 tiveram remissão completa
(RC=proteinúria negativa): 5/22 (4/5 com 8 sem de tratamento) e parcial (RP =
proteinúria < 1g/24h) :7/22 ( 4/7 com 8 sem ); e 45% não tiveram resposta; 27%
dos pacientes do grupo 2 alcançaram remissão (RC 1/11 e RP 3/11 ), 73% não
remitiram. O grupo 2 teve maior nível de creatinina sérica antes e depois do tratamento quando comparado ao grupo 1 (p=0,029). O nível de proteinúria e a presença de hipertensão não foram estatisticamente diferentes entre os grupos (p= 0,8)
, que diferiram quanto à presença de esclerose global , infiltrado intersticial e
atrofia tubular (p=0,02).
Conclusões: Constatamos que os pacientes com menos fatores de risco (grau de
esclerose e alterações tubulares e creatinina sérica elevada) responderam mais freqüentemente ao tratamento mais curto. O nível de proteinúria não distinguiu os 2
grupos em relação à resposta a tratamento. Corticoterapia prolongada tem um
papel bem estabelecido em GESF; neste estudo, o tratamento por 16 semanas
acrescentou 32% e 23% de RP e RC, respectivamente, e o tratamento por >16
semanas acrescentou 35% e 38% de RP e RC, respectivamente. Os resultados sugerem que a definição da duração de tratamento deve ser individualizada caso a
caso, levando em conta os parâmetros que influenciam a resposta.
Introdução: microhematúria assintomática é freqüente na prática pediátrica. Identificar sua origem é necessário, entretanto, essa diferenciação não é simples e a literatura é controversa.
Objetivos: avaliar a sensibilidade (S) e a especificidade (E) de parâmetros
urinários e sua aplicabilidade clínica, na identificação da origem da microhematúria.
Métodos: sedimentos urinários de 101 pacientes portadores de hematúria (52
glomerulopatias; 46 alterações metabólicas) foram analisados por microscopia de
contraste de fase, o observador foi o mesmo não sabendo o diagnóstico etiológico
da hematúria. Padrão ouro para glomerulopatia: biópsia renal percutânea; para
alterações metabólicas: excreção urinária de cálcio, ácido úrico e citrato em urina
de 24h. Avaliou-se a presença de cilindros hemáticos, de acantócitos e de células
G1 e o padrão morfológico das hemácias (dismórfico e isomórfico). Resultados:
52 (53%) masculinos, 46 (47%) femininos; não houve diferença entre eles
(p=0,40); 7 (8%) lactentes, 37 (44%) pré-escolares, 34 (41%) escolares e 6 (7%)
adolescentes, não houve diferença entre elas (p=0,42).
Resultados:
Parâmetros urinários
Cilindro hemático (CH)
Padrão morfológico (PM)
Acantócitos (A)
Células G1 (G1)
CH e PM
CH e A
CH e G1
CH e PM e A
CH e PM e A e G1
Sensibilidade (%)
52
19
100
51
2
51
15
2
2
Especificidade (%)
60
34
2
10
95
80
82
96*
96*
Conclusões: presença de acantócitos pode ser usada como triagem para hematúria
glomerular (S=100%); presença concomitante de CH e PM pode ser usada como
“diagnóstico muito provável” (E=96%); presença de três ou quatro parâmetros não
alterou a especificidade.
P-061
P-062
REDUÇÃO DA APOPTOSE NA NEFRITE LÚPICA PROLIFERATIVA
DIFUSA
DELGADO, A. G. TAKIYA, C. M.; SOUTO, M. I. D.; COELHO, A.; CARDOSO, C. R.; PASCARELLI, B. M. O.; CAMPOS, D. M.; ORNELLAS, J. F. R.;
PAPI, J. Â. S.
SERVIÇO DE NEFROLOGIA E SERVIÇO DE CLÍNICA MÉDICA, HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO, DEPARTAMENTO
DE EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA, UFRJ
REMISSÃO DE MACROPROTEINÚRIA APÓS TRATAMENTO COM
INFLIXIMABE
LUCIANO, E. P.; LOPEZ, J. E. P.; KORN, D.
HOSPITAL PROF. EDMUNDO VASCONCELOS
Introdução. A apoptose é um mecanismo de morte celular responsável pela
deleção de células em processos hiperplásicos, como o observado em algumas
glomerulonefrites proliferativas agudas pós-infecciosas, onde o fenômeno parece
importante no clearance das células envolvidas na inflamação. Há pouca informação sobre a apoptose nas lesões renais de pacientes com lupus eritematoso
sistêmico (LES) e sua relação com a manutenção dos fenômenos inflamatórios.
Este estudo foi realizado para avaliar a relação entre apoptose, proliferação celular
e lesões histológicas glomerulares em pacientes com nefrite lúpica classes IV e V.
Métodos. Foram estudadas biópsias renais de 22 pacientes com LES, das quais 12
foram classificadas como tipo IV (grupo 1) e 10 como tipo V (grupo 2). A apoptose foi detectada através da técnica do TUNEL e as células em proliferação com
o anticorpo monoclonal dirigido ao antígeno nuclear de células em proliferação
(PCNA). Células glomerulares (intrínsecas ou extrínsecas) reativas ao PCNA (proliferação) ou ao TUNEL (apoptóticas) foram contadas e os resultados expressos
como percentuais em função do número total de células por glomérulo.
Resultados. Pacientes do grupo 1 apresentaram maior incidência de PCNA que os
pacientes do grupo 2, respectivamente 13,2±15,8% e 1,6±1,2% (P<0,05), confirmando a natureza proliferativa da lesão. Apesar disso, a apoptose foi significativamente menor nos pacientes do grupo 1 (0,29±0,17%) que no grupo 2 (0,58±0,27,
P<0,05). A relação PCNA/apoptose foi de 33,6±34,1 no grupo 1 e de 5,1±5,4 no
grupo 2 (P<0,05), indicando uma redução da proporção de células em processo de
apoptose nas lesões proliferativas.
Conclusão. O processo de apoptose está diminuído na nefrite lúpica proliferativa
difusa, quando comparada com a nefrite lúpica membranosa. Intensa proliferação
sem aumento concomitante na apoptose (elevada proporção PCNA/apoptose)
parece ser característico dessa lesão, diferente do que foi encontrado na nefrite
lúpica membranosa. Este achado está provavelmente relacionado à manutenção
persistente do aumento de células encontradas na lesão do LES classe IV.
62
Introdução: A glomerulonefrite menbranosa ( GM ) é uma das formas de lesão
renal de difícil diagnóstico e tratamento, com altos índices de insucesso e recaídas.O arsenal terapêutico atual conta com drogas imunossupressoras como corticosteróides , Clorambucil, Ciclofosfamida e outras.O objetivo desse trabalho é
demonstrar, através da descrição de um caso clínico, a remissão de macroproteinúria após tratamento com Infliximab: Identificação: CGC, 44 anos , casado,
natural de Ipecó (SP),branco, inspetor de banco.HMA : Hà 2 meses com edema de
membros inferiores( tornozelo e pés), associados com dores lombares de forte
intensidade,sem irradiação,em cólicas.Procurou o PS do hospital onde constatouse proteinúria importante.Exames laboratoriais: Proteinúria de 24hs( 7.728);
microalbuminúria( 4.213);U(39);Cr(1.20);Hb(14.4);leucograma normal;FAN
nr;AntiENA - AntiDNA - ANCA -; Sorologias para HepC e HepB -; VHS( 47);
PCR(63.7); Alb(2.0); Dep.Creatinina(60.0); Biópsia renal: Complexo glomerulite
mesangial/gloméruloesclerose segmentar e focal(Síndrome nefrótica primária).ID:
depósitos granulosos,difusos,periféricos glomerulares de IgG e C3,em conclusão,
a análise global favorece o diagnóstico de GN membranosa, estadio I. Tratamento: Infliximabe na dose de 3 mg/Kg, com protocolo de 0(zero), 15 e 30 dias da
primeira dose. Conclusão: Houve redução significativa da proteinúria com a
administração de Infliximabe após 30 dias da primeira dose.O Infliximabe, um
anticorpo monoclonal quimérico, humano-murino, mostrou-se eficaz para a
redução da proteinúria nos pacientes com GM e boa opção dentro do arsenal terapêutico.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
J. Bras. Nefrol
Glomerulopatia
P-063
P-064
SÍNDROME HEMOLÍTICO-URÊMICA DURANTE GESTAÇÃO - RELATO DE DOIS CASOS COM EVOLUÇÃO ATÍPICA
GARCIA, F. D.; BALBI, A. L. NASCIMENTO, G. V. R.; SILVA, T. N. V.;
RODRIGUES JÚNIOR, A. G.; SILVA, V. S.
FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU - UNESP
SÍNDROME NEFRÓTICA (SN) ANTECEDENDO DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL (DICII) EM PACIENTE ANCAP POSITIVO
DONATTI, T. L.; DUARTE, D. M. G.; PEREIRA, M. M. ASSIS, S. B.; SILVA,
W. V.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO-FACULDADE DE
CIÊNCIAS MÉDICAS- HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MULLER
(HUJM)
SHU é caracterizada pela ocorrência simultânea de anemia hemolítica, trombocitopenia e insuficiência renal aguda, geralmente com sintomas evidentes. A seguir
são descritos dois casos de SHU com evolução atípica. Caso 1: GB, 26 anos, branca, G5P2A2, 11 semanas de gestação. História de HA de difícil controle há 8 anos,
logo após a primeira gestação. Admitida por queixas de cefaléia e PA= 250x130
mmHg com exame físico normal. Fundo de olho (FO): retinopatia hipertensiva
grau I. Exames laboratoriais: uréia (U) 264 mg/dl, creatinina (Cr) 13.3 mg/dl,
clearence (Cl) Cr 24h 3,3 ml/min, proteinúria 24h (P24) 1.3 g, urina I: normal,
hematócrito (Ht) 29.5%, plaquetas 81000/mm3, ausência de esquizócitos, bilirrubinas e haptoglobina normais. US renal com doppler de artérias renais: normal.
Iniciada diálise peritoneal por azotemia, evoluindo com abortamento 7 dias após
internação. Biópsia renal: microangiopatia trombótica. Atualmente mantém-se em
programa crônico de hemodiálise. Caso 2 : CG, 31a, branca, G3A1P1, acompanhada na obstetrícia com 33 semanas de gestação, deu entrada com quadro de
descontrole pressórico (190 x 110 mmHg) e cefaléia (exames iniciais: Cr 1.0
mg/dl, U 41mg/dl, Ht 43%, P24 13,1 g, urina I: proteínas 3+ e 4-6 hemácias).
Evoluiu com dor abdominal, sendo diagnosticado descolamento prematuro de placenta e óbito fetal e submetida a parto cesárea, sem intercorrências. No pós-operatório imediato evoluiu com anúria, PA 160 x 100 mmHg, elevação progressiva
da Ur e Cr (POi 52 e 1.4, 1º PO 62 e 2.5, 3º PO 175 e 8.2mg/dl, respectivamente),
alterações hematológicas (Ht 29%, plaquetas 44000/mm3) e aumento de DHL (de
990 para 2400 U/l), sem alteração de bilirrubinas. FO normal. US renal normal.
Iniciou no 3º PO, por azotemia, programa regular de hemodiálise. Biópsia renal:
microangiopatia trombótica. Conclusões: são descritos dois casos de gestantes,
com perda irreversível da função renal por SHU sem demonstração de hemólise
(clínica e laboratorial), mesmo com anemização importante.
Introdução: Há uma variedade de relatos isolados de alterações renais associados
com doença inflamatória intestinal crõnica (DICI). Os dados da literatura são ainda conflitantes em relação à real fisiopatologia destas alterações. Método: Dados
extraídos do prontuário do paciente no HUJM, no período de 20/10/99 a
14/06/2004. Resultados: G.C.O. masc, 13a5m, acompanhado desde 20/10/99
(6a10m).A SN apresentou-se conforme critérios do ISKDC e fez uso irregular da
Prednisona durante 16 meses, com comportamento CSRF, quando então iniciou
diarréia, vômitos, cansaço e fraqueza. Ao exame: mau estado geral, hipocorado
++/4+, pele seca e áspera, emagrecido (déficit =25%), cabelos ralos e quebradiços.
Fígado fibroelástico, 2cm do RCD e baço não palpável. Hipercolesterolemia
(236mg/dL) hipoalbuminemia (2,3g/dl), hipopotassemia (2,3mEq/L), hipocalcemia (6,5mg/dL), hiponatremia (120mEq/L), e urina com proteinúria
(1235mg/24hs=58,8mg/Kg/dia), glicosúria, hemoglobinúria e reabsorção de cálcio
e fósforo diminuídas. A exaustiva propedêutica para doenças sistêmicas mostrou
apenas ANCAp positivo. Biópsia renal com proliferação endocapilar discreta,
difusa (esclerose glomerular global 1/22); alterações degenerativas/regenerativas
epiteliais tubulares e fibrose intersticial discreta. IF com depósitos granulares de
C3d (+/++) em alças capilares e mesangio. Evoluiu com diarréia com hematoquesia, dor abdominal, ulcerações labiais, orais e peri-anais. A colonoscopia mostrou
pancolite ulcerativa com pseudopólipos, e biópsia compatível com DICI em atividade. Apresentou lesões hipercrômicas difusas na pele, cuja biópsia revelou Lupus
discóide. Beta 2 microglobulina elevada na urina da fase aguda da doença
(2960microg/24hs). Houve franca regressão da diarréia, das alterações tubulares
renais e recuperação nutricional com azatioprina, metronidazol e prednisona. Um
ano após, na tentativa de retirada da prednisona, mesmo com azatioprina, houve
recidiva da SN, sem tubulopatia ou atividade da DICI. Conclusão: Este caso
demonstra o intrincado envolvimento renal, seja tubular ou glomerular, com a
DICI. Mais estudos precisam ser realizados para elucidar a fisiopatologia e o papel
do ANCAp nestas alterações.
P-065
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SÍNDROME NEFRÓTICA CONGÊNITA TIPO FINLANDÊS- APRESENTAÇÃO DE TRÊS CASOS CLÍNICOS
LOPES, C. B.; COIMBRA, M. S. R.; VILAR, A. J.; LOPES, C. B.; SANTOS, C.
N.; LIMA, A. V.; SERRA, D. S.; SANTIAGO, L. S.; FRANCO, M. C. A.
FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERCÓRDIA DO PARÁ
TRATAMENTO DAS PROTEINÚRIAS E SÍNDROMES NEFRÓTICAS
(SN) PELO CLORAMBUCIL ( CLB )
ROCHA, J. R. C.; CERQUEIRA, C. G.
RENALRIO - HOSPITAL DA BENEFICÊNCIA PORTUGUESA, RJ
Introdução: A Síndrome Nefrótica Congênita tipo Finlandês (SNCF) é uma
doença rara de caráter autossômico recessivo, cujo gene está localizado no braço
longo do cromossomo 19q13. Apresenta manifestações clínicas, como proteinúria
maciça, hipoalbuminemia, anasarca, já nos primeiros dias de vida. O diagnóstico é
clínico e laboratorial, podendo ser realizado ainda na vida intra-uterina através da
dosagem de alfafetoproteína no líquido amniótico, cujos níveis estão elevados,
porém a confirmação diagnóstica é por biópsia renal. É uma entidade clínica com
alta morbidade e mortalidade, cuja evolução, freqüentemente, é para insuficiência
renal crônica (IRC), sendo o transplante renal o único tratamento.
Métodos: Relato de três casos de SNCF ocorridos na Fundação Santa Casa de
Misericórdia do Pará. Um dos caso é procedente de uma aldeia indígena do Pará,
com cerca de cento e cinqüenta habitantes, e com costume de casamentos consangüíneos e com relato de ocorrência de casos semelhantes a estes, porém não
diagnosticados. Todos os casos foram submetidos à avaliação clínica e laboratorial, e confirmados por biópsia renal pós-morten.
Resultados: Em todos os três pacientes ocorreu proteinúria, hipoproteinemia,
hipoalbuminemia, hipercolesterolemia e edema. Todos evoluíram com perda progressiva da função renal, e óbito antes dos cinco anos de idade.
Conclusão: A SNCF é uma doença grave que evolue inexoravelmente para IRC;
com óbito precoce por complicações infecciosas e inerentes a síndrome. Sendo de
grande importância o diagnóstico ante-natal e o aconselhamento genético nos
casos de pais consangüíneos ou com história de síndrome nefrótica congênita na
família.
XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
Introdução: Quando não respondem adequadamente aos corticóides (CS), as SN
exigem tratamentos complexos e de risco, na maioria das vezes. Tantas tem sido
as tentativas terapêuticas, que hoje dispomos de inúmeros medicamentos e protocolos diferentes. Neste trabalho apresentamos a experiência de nosso grupo, com
o uso do CLB para o tratamento das proteinúrias, num período de 25 anos.
Métodos – Foram revistos os tratamentos e as evoluções de 26 pacientes que receberam CLB para suas glomerulopatias., sendo 19 adultos, 4 adolescentes e 3 crianças. Destes, apenas 2 não foram biopsiados e tidos como Lesão Mínima ( LM)
clássica, pela evolução clínica. Após as biópsias, este grupo ficou assim dividido:
Glomeruloesclerose Focal e Segmentar (GESF) 13 (50% ), Glomerulopatia Membranosa (GM) 7 (27%) e LM 6 (23%). Em alguns casos, os pacientes também receberam CS, mas a maioria dos pacientes foi tratado apenas com CLB. A dose média
do CLB utilizada foi de 0.2 mg/kg/dia e o tempo médio de administração de 9 ±
3,3 semanas. Note-se que após alguns anos de observação, passamos a adotar a linfopenia absoluta (linfócitos < 700 /mm 3 ) como “end point” terapêutico, para suspensão do CLB. Para efeito de avaliação, definimos como cura total aqueles que
apresentaram proteinúria menor do que 300 mg / dia e como cura parcial os que
reduziram a proteinúria para menos do que 3,5g/24 horas. Os outros foram considerados insucesso. Resultados: No total, 21 pacientes (80.7%) tiveram cura total
, 2 (7.7%) tiveram cura parcial e apenas 3 (11.5%) não responderam. Todos os
pacientes com GM e com LM tiveram remissão completa, enquanto, enquanto dos
13 pacientes com GESF, 8 (62%) remitiram completamente, 2 (15%) parcialmente
e 3 (23%) não responderam. Como efeitos colaterais importantes, 1 paciente
desenvolveu Herpes Zoster de evolução benigna e outro, de 67 anos e com LM,
apresentou Doença de Hodgkins (DH) 7 meses após o término da terapêutica. A
relação causa-efeito entre o CLB e DH não pode ser estabelecida com segurança,
já que os linfomas podem ser antecedidos, neste grupo etário, em vários meses,
por quadro de LM. Conclusão : Em nossas mãos,o CLB tem sido muito eficaz
para o tratamento de algumas glomerulopatias. De maior importância, gostaríamos
de salientar os bons resultados obtidos com GESF, uma patologia notoriamente
resistente. O objetivo maior deste trabalho é resgatar o CLB como agente terapêutico eficaz e propor um novo protocolo, de fácil utilização e baixa toxicidade.
63
Glomerulopatia
J. Bras. Nefrol
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USO DA CICLOSPORINA A MICROEMULSÃO NO TRATAMENTO DA
SÍNDROME NEFRÓTICA NA INFÂNCIA - 2 ANOS DE SEGUIMENTO
MENESES, R. P. ;PRÓSPERO, H. R.; SYLVESTRE, L. C.; CARMES, E. R.
SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE, CURITIBA, PARANÁ
VARIABILIDADE INTEROBSERVADOR NA AVALIAÇÃO DE DISMORFISMO DE HEMÁCIAS NA URINA
COMERLATO, L.; GONÇALVES, L. F. S.; PROCKNOW, A. A.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL-HOSPITAL DE
CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE
Introdução: a remissão sustentada da proteinúria é o desfecho de interesse no
tratamento da síndrome nefrótica primária (SNP). A ciclosporina A (CsA) é uma
alternativa ao corticoesteróide (CE) nos córtico-resistentes (CR) e uma “redutora”
de dose de CE nos córtico-dependentes (CD). Objetivo: determinar a taxa de
remissão da proteinúria (<0,2g/24hrs) em crianças com SNP, CR ou CD, a
evolução da dose cumulativa de CE, a tolerabilidade e segurança da CsA, em especial quanto à função renal. Metodologia: estudo de coorte não controlado, com
variáveis clínico-laboratoriais aferidas a cada 6 meses e biópsia renal. Significância estatística α ≤ 0,01. Resultados: 29 (93,6%) de 31 crianças (7,3±3,5 anos)
incluídas no estudo, tratadas com CsA, 6mg/kg,dia, C0 entre 80 e 150 ng/ml, completaram 6 meses de seguimento; 7 (22,6%) interromperam o estudo e 19 (61,3%)
completaram 24 meses de tratamento até 15 de fevereiro de 2004, 14 (73,7%) do
sexo masculino (p=0,009), 7 (36,8%) com glomerulosclerose segmentar e focal
(GESF), 9 (47,4%) doença de lesões mínimas e 3 (15,8%) proliferação mesangial
difusa; 8 CD (4 com remissão) e 11 CR (7 remissões).
A ciclosporinemia variou de 131,1±42,1 ng/ml no 6o mês a 109,9±28,2 no 12o, a creatinina de 0,53±0,1 a 0,63±0,2 md/dl (NS), colesterol de 377,8±161,2 (mediana
343,0) a 225,7±157,3 (mediana 183,0) mg/dl (p<0,0001), a albumina sérica de
2,5±1,1 a 3,6±0,9 g/l (p<0,0001). A mediana (med) da dose cumulativa de CE foi de
175,3±86,5 mg/kg/6meses no início do estudo, 90,0±42,6, med 86,6, aos 6 meses
(p<0,0001) e 21,4±40,7 mg/kg/6m (mediana 0,77) aos 24 meses (p<0,0001). A proteinúria de 24 horas foi 3,8±2,7g/l, med 2,7, 1,5±3,3, med 0,0, (p=0,043), 0,8±1,7,
med 0,0, (p=0,068), 0,3±0,7, med 0,0, (p=0,125), 1,1±1,9 (med 0,06), (p=0,081), no
início e aos 6, 12, 18 e 24 meses de tratamento, respectivamente. Conclusões: A
CsA microemulsão mostrou-se efetiva e segura no tratamento de crianças CD e
CD com SNP ao final de 24 meses de estudo. As taxas de remissão foram de 77,8%
aos 6 e 12 meses, 73,7 e 57,9 para os que completaram 18 e 24 meses de seguimento (p<0,0001, p=0,6547, p=0,5376 e p=0,4941). Observou-se redução significativa na dose cumulativa de CE, função renal estável e tolerância à medicação.
Nesta série o desfecho foi independente do diagnóstico histológico. Considerou-se
particularmente beneficiado o grupo de GESF, que na maioria dos trabalhos publicados apresenta baixos índices de resposta ao tratamento.
Objetivos: Este estudo analisa a variabilidade na análise do dismorfismo eritrocitário no sedimento urinário por diferentes observadores, avaliando a correlação
entre as observações e a sua associação com o diagnóstico etiológico.
Métodos: Dezoito amostras de sedimento urinário de pacientes com hematúria
glomerular e não glomerular previamente diagnosticadas foram selecionados e
analisados de forma padronizada com microscopia de contraste de fase por um único pesquisador. As imagens das hemácias, em aumento de 400X, foram filmadas
e capturadas digitalmente com o software Image-Pro Plus 4.0, Maryland, US,
sendo então armazenadas em um CD ROM e organizadas em diferentes pastas,
uma para cada paciente. O número de hemácias em cada pasta variou de acoedo
com a intensidade da hematúria, porém em número mínimo de 100/pasta. Estas
imagens foram analisadas por doze observadores responsáveis pela análise de dismorfismo eritrocitário em laboratórios de análises clínicas de Porto Alegre. Os
observadores, cegos em relação ao diagnóstico, classificaram as amostras pela presença ou ausência de dismorfismo e estimaram a porcentagem de dismorfismo em
relação ao número total de hemácias. A análise estatística foi realizada com o teste
de correlação de Pearson e testes Kappa e Phi, adotando-se um nível de significância de p<0,05.
Resultados: Utilizando o ponto de corte de 75% de hemácias dismórficas como
diagnóstico de hematúria glomerular, o diagnóstico correto foi obtido em 79% das
observações (sensibilidade de 76%, especificidade de 82%, valor preditivo positivo de 80% e valor preditivo negativo de 78%). A correlação entre as observações
foi de kappa 0,58. Não encontrou-se correlação estatisticamente significativa entre
o acerto no diagnóstico e a idade, tempo de experiência e experiência prévia com
contraste de fase dos observadores.
Conclusões: A despeito da ausência de critérios rígidos e padronizados de avaliação e classificação de dismorfismo, sua realização por profissionais envolvidos na
prática assistencial apresenta um aceitável nível de acurácia e concordância, justificando seu uso na avaliação de pacientes com hematúria.
P-069
VARIABILIDADE INTEROBSERVADOR NA AVALIAÇÃO DE
DISMORFISMO DE HEMÁCIAS NO SEDIMENTO URINÁRIO
GONÇALVES, L. F. S.; PROCKNOW, A. A.;FISCHER, J.; URNAU, M
SERVIÇO DE NEFROLOGIA DO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO
ALEGRE E PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS:
NEFROLOGIA, UFRGS.
Introdução: A análise de dimorfismo de hemácias na urina é uma prática usual na
avaliação de hematúria, embora controversa quanto a quantificação e interpretação. Estudamos a variabilidade interobservador na análise do dismorfismo
eritrocitário, com correlação entre as observações e sua associação com o diagnóstico etiológico.
Métodos: 18 amostras de sedimento urinário de pacientes com hematúria
glomerular e não glomerular foram analisadas com microscopia de contraste de
fase por um único pesquisador, com filmagem e captura digital das hemácias com
o software Image-Pro Plus 4.0, e armazenagem em CD ROM. Estas imagens foram
analisadas por 12 observadores responsáveis pela análise de dismorfismo em laboratórios de Porto Alegre, cegos em relação ao diagnóstico, que classificaram as
amostras pela presença ou ausência de dismorfismo e estimaram o seu percentual.
Análise estatística: Correlação de Pearson, Kappa, nível de significância: P < 0,05.
Resultados: Utilizando o ponto de corte de 75% de hemácias dismórficas como
diagnóstico de hematúria glomerular, o diagnóstico correto foi obtido em 79% das
observações (sensibilidade: 76%, especificidade:82%, valor preditivo positivo:80%, valor preditivo negativo:78%). A correlação entre as observações foi kappa 0,58. Não encontrou-se correlação significativa entre o acerto no diagnóstico e
idade, tempo de experiência e experiência prévia com contraste de fase .
Conclusão: A análise de dismorfismo de hemácias na urina por profissionais
envolvidos na prática assistencial apresenta um aceitável nível de acurácia e concordância, justificando seu uso na avaliação de pacientes com hematúria.
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XXII Congresso Brasileiro de Nefrologia
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