CONDUTAS ORIENTADORAS DO ENFERMEIRO NA ÁREA DO NTERNAMENTO EM ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA CONDUTAS ORIENTADORAS DO ENFERMEIRO INTERNAMENTO EM ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA NA ÁREA DO As intervenções a nível dos cuidados de enfermagem nesta área específica da saúde podem resumir-se numa frase da Enfermeira Marie-Françoise Collière, “ Gente que cuida de Gente”. Ela reflecte esta dualidade da profissão de Enfermagem, - a sua universalidade e a sua especificidade -, enquanto ciência humana, hábil, criativa, actualizada e interventiva. É neste âmbito que pretendemos, aqui definir condutas, que orientarão os enfermeiros nas suas intervenções junto de doentes com afecções musculo-esqueléticas. No que se refere às intervenções autónomas de enfermagem a pacientes com lesões musculoesqueléticas, elas englobam no seu âmbito geral as definidas pelo Decreto-Lei nº 437/91, alterado pelo Decreto-Lei nº 412/98 de 30 de Dezembro, no seu Capitulo II, (conteúdo funcional), Secção I, (área de actuação da prestação de cuidados), Artigo 7º, (conteúdo funcional das categorias de Enfermeiro, Enfermeiro Graduado e Enfermeiro Especialista), conjuntamente com o Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros, (Decreto-Lei nº 161/96 alterado pelo Decreto-Lei nº 104/98 de 21 de Abril), orientadas na sua praticabilidade pelo Código Deontológico do Enfermeiro. No caso específico da Ortopedia/ Traumatologia, o que se pretende com este documento é determinar e descrever as condutas orientadoras de enfermagem, que achamos apropriadas, para um óptimo desempenho dos enfermeiros nesta área. ASSOCIAÇÃO DE ENFERMEIROS PORTUGUESES DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Página 1 CONDUTAS ORIENTADORAS DO ENFERMEIRO NA ÁREA DO NTERNAMENTO EM ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA INTERNAMENTO Na área do internamento a actuação do enfermeiro(a), deve reger-se por quatro princípios básicos: 1. O Enfermeiro desenvolve a sua actividade, na área da prestação de cuidados directos à pessoa doente; 2. O Enfermeiro deve saber identificar e avaliar os deficites em saúde, que requerem a sua actuação, enquanto, técnico de saúde; 3. O Enfermeiro deve, adoptar os princípios e executar as técnicas próprias à prestação dos cuidados aos doentes, consoante os seus graus de dependência; 4. O Enfermeiro assegura a preparação da alta/transferência da pessoa doente, assegurando a continuidade dos cuidados em situação de transferência ou de alta para o domicílio. Estes princípios, como garantes da qualidade do exercício profissional, servem de plataforma para o desenvolvimento dos critérios particulares da actuação do enfermeiro na unidade de Ortopedia/Traumatologia. Considerando, este aspecto intrínseco, do seu exercício profissional, abordaremos, agora, as intervenções de enfermagem que consideramos fundamentais, em situações que envolvem pacientes com lesões do aparelho musculo-esquelético. O Enfermeiro de Ortopedia e Traumatologia actua, para, prevenir e corrigir as alterações desencadeadas por: 1. Traumatismos musculo-tendinosos: a) Contusões; b) Entorses e distensões; Nos casos descritos, os critérios de actuação englobam: - Elevar o membro afectado; - Aplicação de crioterapia até as 72 horas; - Vigiar e controlar sinais de compromisso neuro-vasculares distais (sensibilidade, temperatura, coloração, pulso capilar, mobilidade passiva e activa e o edema); - Vigiar e controlar a perfusão tecidular, (hematoma, hemorragia); - Nos casos que requererem imobilizações ou cirurgia, manter o alinhamento, a estabilidade e a integridade da área afectada; - Vigiar e controlar a dor (posição antiálgica, ensino ao doente de técnicas de ASSOCIAÇÃO DE ENFERMEIROS PORTUGUESES DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Página 2 CONDUTAS ORIENTADORAS DO ENFERMEIRO NA ÁREA DO NTERNAMENTO EM ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA relaxamento e administrar medicação antiálgica) - Prevenir e atenuar a deteriorização e os danos provocados pelas alterações da tonicidade e funcionalidade dos segmentos articulares afectados e livres. 2. Lesões osteoarticulares: a) Fracturas e luxações; b) Distúrbios degenerativos. Nestes casos, os critérios de actuação têm como objectivos primordiais: - Redução da dor local; A dor é um sintoma preponderante em doentes que apresentam traumatismos osteoarticulares ou lesões degenerativas musculo-esqueléticas. A sua manifestação permanente, pode atrasar a redução e estabilidade das lesões, assim o seu controle, o mais precoce possível obriga que… As intervenções de enfermagem a realizar requeiram: 1. Administração de analgésicos e relaxantes musculares; 2. Crioterapia localizada; 3. Posicionamento anti-álgico e/ou com alternância de decúbitos, com restrições impostas pelo tipo e localização da lesão ou técnica cirúrgica; 4. Ensino ao doente, na utilização de técnicas de relaxamento para reduzir a rigidez e a tensão muscular. - Estabilização e consolidação óssea; A estabilização de lesões por traumatismo ósseo (fracturas) envolve a redução e a imobilização externa ou interna dos segmentos afectados. Pode ser obtida com o recurso à manipulação manual, aplicação externa de ligaduras, colocação de aparelhos gessados, talas, ortóteses, fixadores externos e tracções cutâneas ou esqueléticas, ou de forma interna, esta redução e imobilização pode ser executada com o recurso à aplicação de material de osteosíntese, (cavilhas, placas, fios, parafusos e material protésico), recorrendo à cirurgia em bloco operatório. Todos métodos acima indicados permitem uma consolidação óssea eficaz e permanente, acautelando e corrigindo as deformidades e proporcionado uma recuperação o mais precoce possível. No que diz respeito aos métodos de fixação externos, os mais comuns são a imobilização gessada ou fibra resinosa, as tracções (como exemplo, temos as percutâneas e esqueléticas, com o recurso ao plano do leito ou a tala de Braun) e os fixadores externos. Com as intervenções de enfermagem, a adoptar nestes casos, pretende-se: ASSOCIAÇÃO DE ENFERMEIROS PORTUGUESES DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Página 3 CONDUTAS ORIENTADORAS DO ENFERMEIRO NA ÁREA DO NTERNAMENTO EM ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA Elevar o segmento afectado, recorrendo ao uso de almofadas, tacões e elevação da parte distal do leito; Alinhar posicionando correctamente o segmento afectado, para aliviar e evitar zonas de pressão; Monitorizar os parâmetros neuro-vasculares distais (dor, edema, coloração temperatura, pulso capilar, sensibilidade e mobilidade passiva e activa); Preparar e utilizar correctamente o material necessário à realização de: - imobilizações gessadas de diferentes tipos; - tracções percutâneas e esqueléticas; - remoção de aparelhos gessados, talas de imobilização e fios de Kirschner Colaborar com o médico na execução de imobilizações gessadas e aplicação de tracções de fixação externa; No caso de alterações dos sinais compromisso neuro-vasculares distais, retirar e refazer ligadura da tracção percutânea ou abrir o aparelho gessado longitudinalmente ou em valva e informar o médico de serviço; Observar a integridade cutânea, procedendo à massagem das zonas de pressão com cremes protectores da pele; Manter a funcionalidade da tracção (cutânea ou esquelética), verificando e reajustando, regularmente, a direcção da força de tracção. Se os cabos de tracção se encontram desimpedidos e se os pesos se encontram na posição correcta; Manter as zonas cutâneas de inserção dos cravos de tracção limpas e desinfectadas; Vigiar o aparecimento de sinais de infecção a nível dos orifícios dos cravos; Aplicar nas extremidades dos cravos ou pinos de tracção, dispositivos protectores que evitem lesões cutâneas, por contacto, no paciente e/ou no cuidador; Valorizar e controlar todas as queixas do doente, portador de um dispositivo de fixação externa, providenciando o seu atendimento e rápida resolução. No que diz respeito aos métodos de fixação internos, a estabilização das lesões por traumatismo ósteoarticular, são executadas através de redução cirúrgica, recorrendo-se a aplicação de material de osteosíntese (cavilhas, placas, fios, parafusos e material protésico), em bloco operatório. As intervenções de enfermagem em pacientes submetidos, a fixação interna mediante redução cirúrgica incluem: ASSOCIAÇÃO DE ENFERMEIROS PORTUGUESES DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Página 4 CONDUTAS ORIENTADORAS DO ENFERMEIRO NA ÁREA DO NTERNAMENTO EM ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA a) Condutas de Enfermagem pré-operatórias; Avaliar o estado emocional, físico e nutricional da pessoa doente; Identificar e corrigir precocemente alterações nutricionais e hidroelectrolíticas, que possam por em risco a realização da intervenção cirúrgica; Reconhecer alterações de comportamento, actuando no sentido de minimizar o seu impacto, a nível dos cuidados pré e pós-cirúrgico; Esclarecer a pessoa doente, sobre os cuidados de enfermagem pré e póscirúrgicos; Providenciar higiene corporal, cuidada e eficaz, aos doentes, a submeter a acto cirúrgico tendo em atenção o seu grau de dependência; Preparação da superfície cutânea peri-lesional (tricotomia), de acordo com as normas do serviço ou por indicação clínica; Proceder ao ensino antecipado sobre mobilização no leito e o uso correcto dos equipamentos auxiliares de deambulação; Vigiar sinais vitais (dor, temperatura, respiração, frequência cardíaca e pressão arterial); Controlar a dor através do uso terapia farmacológica prescrita e não farmacológica adequada; Monitorizar os parâmetros neuro-vasculares distais (dor, edema, coloração temperatura, pulso capilar, sensibilidade e mobilidade passiva e activa); Preservar a imobilização do segmento lesado; Confirmar requisitos pré-cirúrgicos (análises laboratoriais, processo radiológico e e registo electrocardiográfico); Administrar terapêutica pré-operatória protocolizada ou prescrita. Acompanhar o doente até ao bloco operatório e comunicar aos elementos da equipa de enfermagem que recepcionam o doente, informação considerada relevante sobre o seu estado de saúde, indicações médicas (orais ou escritas),importantes e/ou procedimentos de enfermagem específicos relacionados com o doente. ASSOCIAÇÃO DE ENFERMEIROS PORTUGUESES DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Página 5 CONDUTAS ORIENTADORAS DO ENFERMEIRO NA ÁREA DO NTERNAMENTO EM ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA b) Condutas de Enfermagem pós-operatórias imediatas; Acompanhar o doente após a cirurgia, à unidade de internamento, recolhendo da parte elementos da equipa do bloco operatório (enfermeiros ou médicos), ou da unidade de recobro pós-anestésico, informação essencial de carácter médico (cirúrgico ou anestésico) e de enfermagem pós-cirúrgico; Transferir o doente para o leito, de forma correcta e segura, recorrendo a todos os meios logísticos e humanos adequados, em especial na cirurgia da coluna e protésica. Colocar o paciente no leito em posição correcta, consoante a zona corporal intervencionada, recorrendo ao uso de almofadas ou ortóteses; Verificar a existência e permeabilidade de: - perfusão por cateterismo periférico ou central; - drenagens, por recipientes de hemo-vácuo e sonda vesical; Avaliar sinais vitais, (dor, temperatura, respiração, frequência cardíaca e pressão arterial), utilizando a monitorização contínua, se possível nas primeiras 24ª a 48 horas pós-cirurgia; Elevar o segmento ósteoarticular intervencionado e aplicar crioterapia dirigida conforme prescrição ou protocolo de actuação estabelecido; Detectar alterações dos parâmetros neuro-vasculares distais (dor, edema, coloração, temperatura, pulso capilar, sensibilidade e mobilidade passiva e activa); Vigiar estado do penso cirúrgico (presença hemorragia excessiva) e características das drenagens (drenos e vesical); Administrar terapêutica pós-operatória prescrita (analgésica, antibiótica, anticoagulante e oxigenoterapia, em especial); Proceder com frequência regular, à alternância de decúbitos e alívio das zonas de pressão; Comunicar ao médico responsável qualquer ocorrência anómala encontrada, junto do paciente. c) Condutas de Enfermagem pós-operatórias tardias; Manter com regularidade a mudança de posicionamento no leito, evitando colocar o doente para o lado operado; ASSOCIAÇÃO DE ENFERMEIROS PORTUGUESES DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Página 6 CONDUTAS ORIENTADORAS DO ENFERMEIRO NA ÁREA DO NTERNAMENTO EM ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA Proporcionar uma hidratação parentérica e/ou oral adequada e uma dieta nutricional equilibrada; Conservar a integridade da pele quer nas zonas de pressão, quer nas zonas de solução de continuidade, através da massagem de conforto. Realização e substituição do penso e remoção dos drenos (após as 48 a 72 horas ou por indicação médica) e dos pontos ou agrafos, entre o 7 e 15 dias, mediante técnica asséptica médica; Controlar a dor, através do uso terapia farmacológica prescrita e não farmacológica adequada; Prevenir a ocorrência de tromboembolias de diferentes etiologias, estase pulmonar, deterioração neurológica das áreas afectadas ou adjacentes as lesões, infecção necrose tecidular e o Síndrome compartimental, entre outras; Iniciar precocemente, com conhecimento médico, a execução de exercícios activos e passivos dirigidos, com a finalidade de preservar e restabelecer a função músculo-esquelética, quer dos segmentos livres, quer dos segmentos intervencionados; Assumir em co-responsabilidade com enfermeiro de reabilitação ou fisioterapeuta a execução de um programa de reabilitação funcional, prescrito pelo elemento médico da equipa de saúde, desde as mobilizações activas e passivas no leito, passando pelo levante progressivo, treino de marcha e deambulação, com o recurso aos meios auxiliares de marcha; Atender, valorizando as queixas do paciente, transmitindo-as ao médico responsável; Preparar a alta ou transferência do doente em colaboração com o técnico de Serviço Social, garantindo a continuidade dos cuidados, com o envolvimento de um familiar cuidador de referência e/ou de uma estrutura de Saúde de proximidade, com a finalidade de, o mais rapidamente possível, o doente retomar o seu papel no seio da família e da comunidade onde se encontra inserido. - Prevenção e minimização das complicações; A vigilância dos parâmetros de compromisso neuro-vasculares deve ser, uma das preocupações imediatas na actuação do enfermeiro numa unidade de Ortopedia e Traumatologia. Na presença de uma fractura ou no momento da sua redução, através da utilização de aparelhos ou dispositivos de fixação externa ou interna, podem ocorrer ASSOCIAÇÃO DE ENFERMEIROS PORTUGUESES DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Página 7 CONDUTAS ORIENTADORAS DO ENFERMEIRO NA ÁREA DO NTERNAMENTO EM ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA danos a nível dos vasos sanguíneos e/ou dos feixes nervosos. Estas lesões podem ir desde, o simples edema, à alteração da integridade cutânea, ao choque circulatório (por hemorragia), à ocorrência de tromboembolias de diferentes etiologias, estase pulmonar, à deterioração neurológica das áreas afectadas ou adjacentes as lesões, infecção, a necrose tecidular e o paradigma destas complicações, o Síndrome Compartimental. A observância desta acção a nível dos cuidados de enfermagem, pode ajudar a prevenir ou minimizar as complicações susceptíveis de ocorrerem nestas situações. As intervenções de enfermagem que, nestes casos, podem ajudar a prevenir ou compensar essas complicações são: 1. Vigilância dos sinais de compromisso neurovasculares (tumefacção, temperatura, coloração, sensibilidade, pulso capilar, mobilidade passiva e activa e dor) dos segmentos afectados e áreas adjacentes (importante na detecção precoce do síndrome compartimental; 2. Observar com regularidade as áreas de proeminência óssea, identificando precocemente o aparecimento de úlceras de pressão; 3. Usar com frequência a alternância de decúbitos ou, nos casos em que o posicionamento está limitado, o alívio das zonas de pressão, recorrendo-se do mais variado material de suporte para estas circunstâncias (almofadas, colchões de pressão alterna, carneiras, etc.); 4. Ajudar o doente a conservar as áreas cutâneas próximas das extremidades dos aparelhos gessados e tracções ou fixadores limpas e secas; 5. Incentivar o doente a realizar regularmente um programa de exercícios activos ou passivos, incluindo cinesiterapia respiratória, instituído para o seu caso particular; 6. Estimular a implementação de um regime alimentar rico em vitaminas, proteínas, minerais e fibras, no sentido de evitar o desequilíbrio nutricional, subsequente às situações de imobilização forçada; 7. Garantir a hidratação do doente, através do encorajamento à ingestão de líquidos, entre os 2 e 3 litros /dia; 8. Atender, valorizando as queixas do paciente nas mais variadas situações, envolvendo em especial, a utilização de aparelhos de fixação externa e/ou interna; 9. Registar as ocorrências anómalas detectadas e comunica-las ao médico responsável pelo doente. - Manutenção e potencialização da mobilidade e funcionalidade dos segmentos musculares e articulares livres, segundo um programa de reabilitação dirigido e adequado às limitações do paciente. A manutenção da funcionalidade, da tonicidade e da motricidade, quer dos segmentos musculares e osteoarticulares livres ou lesionados, deve ser uma das preocupações fundamentais de qualquer enfermeiro a trabalhar nesta área. A implementação inicial de um programa de exercícios adequados à situação clínica da pessoa doente e ao seu ASSOCIAÇÃO DE ENFERMEIROS PORTUGUESES DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Página 8 CONDUTAS ORIENTADORAS DO ENFERMEIRO NA ÁREA DO NTERNAMENTO EM ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA grau de dependência, - complementado, posteriormente por um programa de reabilitação mais abrangente e completo -, pode prevenir, minimizar ou evitar a rigidez articular e a atrofia muscular pós-lesional. Para que, qualquer programa de reeducação funcional tenha êxito, é necessário desenvolver um relacionamento de ajuda com a pessoa doente, no sentido de, encorajar e estimular a sua adesão, o seu empenho e o seu esforço no plano de reabilitação com o objectivo de promover, recuperar e reforçar a sua auto-estima e autonomia. Neste, sentido, as intervenções de enfermagem, são… 1. Obter informação, a mais detalhada possível, de carácter médico/cirúrgico, como, historial clínico do paciente, técnica cirúrgica utilizada, orientação clínica prescrita, de acordo com a situação clínica do doente; 2. Estimular e orientar o doente na execução de exercícios activos e passivos dirigidos, decorrentes de planos de acção previamente definidos pela equipa multidisciplinar em que estão integrados, com a finalidade de preservar e restabelecer a função músculo-esquelética, quer dos segmentos livres, quer dos segmentos afectados; 3. Assumir a responsabilidade pela execução de um programa de actividades, baseado numa prescrição de outro profissional da equipa de saúde, (prescrição médica), que englobe desde a fisioterapia, - terapias passivas (calor e frio, massagem, relaxamento e outras) e terapias activas (cinesioterapia – exercícios isométricos, exercícios isotônicos e exercícios isocinéticos -), à terapia ocupacional, de maneira a, assistir as necessidades sentidas e percebidas do doente; 4. Ensinar a pessoa doente, a utilizar os vários equipamentos disponíveis que auxiliam na reabilitação durante o seu tratamento ou na minimização das sequelas, por perda da função temporária ou permanente (cadeira de rodas, andarilhos, canadianas ou muletas, tripés, ortóteses, entre outros); 5. Auxiliar o doente a finalizar o programa de reabilitação instituído, com o propósito de retomar, o mais rapidamente possível, a sua autonomia e funcionalidade normais, em todas a actividades da vida diária, tendo em consideração as limitações impostas, pelo acessório ou dispositivo de imobilização ou fixação utilizado; 6. Envolver a família ou pessoa significativa nos cuidados à pessoa doente, para que estes possam colaborar na reeducação e recuperação da sua autonomia, facilitando assim o retomar do seu papel no seio da família e da comunidade, de acordo com as suas capacidades físicas, favorecendo a sua adaptação à nova condição de saúde. No capítulo seguinte abordaremos as condutas do enfermeiro em urgência de ortotraumatologia. 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(2001) ASSOCIAÇÃO DE ENFERMEIROS PORTUGUESES DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA Página 11