Porque sentimos dor

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Do desconforto ao alívio: como
agem alguns remédios para dor
PIBID Subprojeto Química
Bolsista: Vitor Secamilli Silva
Supervisora: Brígida de Moraes Biudes
Coordenadora: Adriana Vitorino Rossi
Sumário
Introdução.................................................................................................. pg. 3
O que é dor?.............................................................................................. pg. 4
Como o corpo avisa que está sentindo dor? ........................................ pg. 5
A dor como fator psicológico ................................................................. pg. 6
Tipos de Dor ............................................................................................. pg. 6
Cafeína ...................................................................................................... pg. 7
Aspirina .................................................................................................... pg. 8
Opióides ................................................................................................... pg. 9
Conclusão ................................................................................................pg. 10
Referências Bibliográficas .....................................................................pg. 10
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Introdução
O objetivo deste tema é tratar sobre os efeitos multidisciplinares da dor,
desde sua explicação química, do tipo de neurônio responsável por receber a
sensação dolorosa, sua influência psicológica e subjetiva, pois a dor é uma
sensação individual e métodos que podem ser usados no tratamento pelo uso
de remédios. Existem vários tipos de remédios que podem ser utilizados no
tratamento contra as dores, sendo que todos eles partiram através da
observação do efeito de plantas medicinais que eram utilizados na forma de
chá, como a casca do salgueiro. Durante o auge da química, tais substâncias
foram recriadas sinteticamente, permitindo sua reprodução pelas indústrias
farmacêuticas e serem vendidas em larga escala. Técnicas alternativas no
combate as dores como a musicoterapia também obtém resultados no combate
contra as dores.
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Química do combate à Dor
O que é dor?
A dor, que no latin é dolore (e significa sofrimento), é uma linguagem de
defesa para o corpo, é “a demarcação de um limite para o organismo” (LENT)
avisando-o que há algo que está sendo nocivo e que por isto ele deve fazer
algo contra este incômodo para poder elimina-lo.
Por exemplo, quando uma pessoa aproxima a mão de uma caneca com
água fervente sem toca-la, ela sente o calor do vapor, mas não sente nenhuma
dor porque tal vapor não é prejudicial (é até agradável aquecer as mãos em um
dia bem frio). Se ela colocar a mão na caneca na parte de metal, ele sentirá a
dor do estimulo de que a caneca pode queimá-lo, além do próprio calor do
recipiente metálico, fazendo o soltar o mais depressa possível, como um
mecanismo de defesa, para evitar que o calor provoque uma lesão na pele. É
também um limite para o organismo porque impede que o homem ou qualquer
ser vivo faça movimentos que o corpo não tem capacidade de fazer como por
exemplo o homem girar o pescoço em 360º. Se ele tentar girar mais do que ele
pode girar o corpo avisa através da dor que ele deve parar pois tal ação pode
provocar uma lesão indesejável.
O responsável biológico pela percepção da dor são os nociceptores, que
são neurônios específicos que estão presentes no sistema nervoso periférico
por todo o corpo, com exceção dos tecidos nervosos dentro do sistema
nervoso central. Existem nociceptores para choques mecânicos, calor e
nociceptores químicos. A dor de cabeça origina-se de anomalias em outras
partes do corpo, mas não do próprio cérebro. Estes, como quaisquer
neurônios, possuem um corpo celular, onde são encontradas as principais
organelas e o axônio com seus dendritos, que são os prolongamentos
neuronais onde ocorre a ligação entre neurônios vizinhos e que são
responsáveis por levar os impulsos nervosos por todo o corpo até o tálamo,
que faz com que a pessoa perceba a dor.
Os axônios também estão em contato com todas as superfícies externas
e internas como a pele e/ou órgãos internos. Entretanto, no corpo humano
existem pontos onde você sente a pele através do tato, mas não sente dor em
tais pontos, pela ausência dos nociceptores, como por exemplo dentro da boca.
O alemão Friedrich Kiesow (1858 – 1940) utilizou de alfinetes para descobrir
dentro da boca pontos onde não eram sensíveis a dor como no centro da
mucosa da bochecha e na parte posterior da língua (LENT).
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Pessoas há também que possuem insensibilidade congênita a dor, ou
seja, que não sentem dor nenhuma. Estas pessoas não ultrapassam a infância,
pois sofrem automutilação e perda da visão por não receberem os sinais de
alerta contra as lesões. Não imobilizam a parte do corpo afetada por alguma
fratura e tendem a possuir grandes deformações na coluna vertebral, pela
ausência de dor para com alguma postura incorreta da coluna vertebral. Isso
ressalta a necessidade de sentir dor para a sobrevivência.
Como o corpo avisa que está sentindo dor?
O corpo utiliza-se de impulsos elétricos gerados quimicamente. Os
impulsos elétricos são gerados por uma diferença de potencial entre os íons de
potássio (K+) e sódio (Na+) na membrana plasmática do corpo celular do
nociceptor. Existem outros íons presentes, mas estes 2 são os mais
importantes. A célula possui um canal por onde estes íons passam. Enzimas,
chamadas de bombas fazem com que o potássio entre na célula e que o sódio
saia. A enzima utiliza o trifosfato de adenosina (mais conhecido como ATP),
que faz com que três íons de Na + entrem na célula e dois íons de K + saiam da
célula. Esta troca gera uma diferença de potencial (chamada de princípio de
ação) e o impulso é propagado até o tálamo e volta até o local do ferimento,
trazendo a mensagem dolorosa. A velocidade de propagação deste impulso
elétrico é de 10cm/s até 1m/s na membrana e nos neurônios que possuem
bainha de mielina a velocidade é de 100m/s
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Quando corpo sofre uma lesão, ocorre a hiperalgesia, que é quando
ocorre um aumento na sensibilidade da dor em alguma parte lesionada. Esta
sensibilidade faz com que o menor toque ou movimento provoque uma dor. Os
jogadores de futebol dos fins de semana provavelmente já sentiram a perna
doendo por pelo menos um dia após a prática deste exercício físico. A
explicação química para a hiperalgesia é que as células ficam levemente
despolarizadas, sendo assim, é necessário pouco estimulo elétrico para que o
potencial de ação ocorra pela transferência dos canais de íons. As
prostaglandinas e os leucotrienos são células presentes dentro do corpo e são
responsáveis por este aumento na sensibilidade.
A dor como fator psicológico
A dor, porém, pode ser abordada de forma psicológica e subjetiva, pois é
uma experiência única para cada individuo e pessoas diferentes sentem de
maneiras diferentes uma mesma patologia, além da história de vida de cada
uma das pessoas, seus medos, receios e gostos que o fazem reagir de
maneiras diferentes perante o sofrimento da doença. O fator psicológico
interfere na interpretação da dor e existem culturas e religiões que interpretam
de maneiras distintas a dor. A dor pode ter um caráter de punição por alguma
transgressão cometida.
O uso da musicoterapia é importante, porque reduz a ansiedade e o
medo, fatores psicológicos que podem potencializar o efeito da dor e permitem
que seja usada uma menor dose de ansiolíticos – remédios que diminuem a
ansiedade, mas que causam vários efeitos colaterais como amnésia
prolongada e hiperatividade – antes da realização de algum procedimento
cirúrgico.
Tipos de Dor
A sensação dolorosa pode ser classificada em três tipos: dor aguda, dor
crônica e dor recorrente. Uma dor aguda é uma dor incisiva, porém temporária
e o desaparecimento da mesma ocorre após pouco tempo. Já a dor crônica
possui uma duração muito grande de tempo e nem sempre é possível
encontrar o motivo desta dor, como um câncer. Dores recorrentes são dores
que duram pouco tempo, entretanto ocorrem com bastante frequência, como as
enxaquecas.
Entre os remédios utilizados pela dor, pode-se citar 3 tipos: a cafeína, a
aspirina e os opióides.
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Cafeína
Uma lenda sobre a origem do café diz que um pastor de ovelhas que
morava na Abssínia (hoje chamada de Etiópia) começou a observar que suas
ovelhas ficavam alegres enquanto comiam de uma fruta avermelhada de uma
arbusto desconhecido da região. O pastor levou os frutos a um monge, que
começou a fazer infusão com tal fruto. A bebida gerada ingerida por eles fez
com que eles se mantessem acordados na hora de fazer as orações e a fama
do uso deste fruto cresceu e se espalhou cada vez mais.
O café teve grande disseminação pelo povo árabe. Os documentos mais
antigos que tratam do cultivo do café datam do século VI, no Iêmen. Somente
no século XVI na Pérsia que o fruto foi utilizado torrado como o conhecemos.
Durante muito tempo, os árabes impediam que povos estrangeiros tivessem
contato com as plantações de café com medo de que eles o roubassem,
protegendo-as com a própria vida. Somente pelos anos de 1600 que os
comerciantes que visitavam o oriente médio levaram a planta para a Europa.
Como na Europa o clima é bem frio, os países europeus usavam suas colônias
para a produção de café. O café chegou no Brasil em 1727, através de uma
única muda, conquistada ilegalmente pelo Sargento-Mor Francisco de Mello
Palheta a pedido do governador do Maranhão e Grão-Pará junto com a esposa
do governador da cidade de Caiena, capital da Guiana Francesa. O café se
adaptou ao clima brasileiro, pela semelhança com a África. No século XIX, com
a decadência do Haiti na produção, tornou-se o líder mundial na produção e
graças as exportações do café, trouxeram riqueza para os grandes barões e
aristocratas daquela época. A produção teve suas crises ao longo do tempo,
mas hoje o Brasil é o maior produtor de café, com cerca de 30% do mercado
mundial. E o segundo maior consumidor do planeta, atrás apenas dos Estados
Unidos.
Molécula de cafeína e café
A cafeína é uma metilxantina natural que seus efeitos no homem só
foram realmente comprovados à partir de 1981. Ele está presente em alguns
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remédios comumente tomados como o tylenol e em outros anti-inflamatórios
não hormonais e tem como uma de suas funções aliviar as dores através da
inibição dos receptores da adenosina, ou seja, menos impulsos nervosos de
dor chegam ao sistema nervoso central. A quantidade letal de cafeína para um
ser humano é de 10g ou 100 xícaras de café.
Aspirina
Transformação do acido salicílico em acido acetilsalicílico
Outra maneira de se tratar a dor pode ser através da aspirina. Sua
descoberta remete ao século V a.C pois Hipócrates, grego considerado Pai da
Medicina, já havia descoberto que a casca do salgueiro e do chorão poderiam
ser utilizadas na produção de um remédio que sarava as dores. Entretanto, até
obter-se a aspirina como conhecemos levou-se muito tempo.
No século XIX, muitos químicos trabalharam na síntese deste remédio.
Primeiramente foi necessário descobrir alguma maneira de minimizar os efeitos
colaterais do ácido salicílico, porque ele causava muitas irritações estomacais.
Através de uma acetilação, (inserir uma acetila na reação) a reação torna-se
menos agressiva ao estômago. Quem descobriu tal reação química foi o
quimico Felix Hoffmann em 1899. O produto que ele descobriu foi patenteado
pela indústria farmacêutica Bayer, onde ele trabalhava. O consumo da aspirina
hoje supera 30 bilhões ao ano nos Estados Unidos.
Este medicamento atua na enzima ciclooxigenase, impedindo-a de fazer
a síntese das prostaglandinas. Mas porque é importante que esta substancia
não seja sintetizada? Esta substância não causa dor, mas ela é a responsável
por transformar uma área lesionada em uma área hiperalgésica, ou seja,
potencializar o efeito de dor produzido nos nociceptores. O remédio, então, não
cura o motivo da dor. O próprio corpo se encarrega desta função. A aspirina só
impede que você sinta dor enquanto o corpo não se auto-regenera.
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Opióides
Morfina e Heroína, respectivamente.
O ópio é um dos analgésicos mais antigos conhecidos e utilizados pelo
homem. Ele pode ser extraído através das flores da papoula e já era conhecido
há pelo menos 2000 anos atrás por chineses, gregos e mesopotâmios. O ópio
era utilizado como oferenda aos deuses gregos Thanatos (deus da morte),
Hipnos (deus do sono) e Morfeu (deus dos sonhos). Paracelso usava em seus
tratamentos médicos e também foi utilizada como tratamento durante muitas
guerras, como nas batalhas navais durante a expansão britânica, na guerra
franco-prussiana e na guerra civil americana, sendo que nestas duas ultimas já
era utilizada a morfina, um dos vinte alcaloides presentes no ópio e
responsável pelo efeito analgésico. Como a população não tinha uma
preocupação tão grande em relação à dosagem de qualquer medicamento
como hoje em dia, muitas pessoas feridas em batalha morreram envenenadas
por ingerirem uma quantidade de morfina maior que o corpo humano pode
aguentar. Toda e qualquer substância tem potencial em ser um veneno,
dependendo da dosagem. Mas há certas substancias como a morfina que
podem matar com pouca dosagem.
Estes alcalóides causam dependência e a diamorfina (conhecida como
heroína), uma variação da morfina, é vendida e consumida em todo o mundo,
contribuindo com o trafico de drogas.
A morfina é bastante utilizada no tratamento de dores crônicas, e seu
uso reduz o recebimento de sinais de dor no cérebro. Entretanto esta
substancia causa alguns efeitos colaterais como náusea, sedação e
sonolência. Uma substancia com estrutura semelhante aos dos opióides é a
endorfina, sendo que está é produzida pelo próprio ser humano, causando
prazer e bem-estar ao ser humano.
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Conclusão
O tema sobre a dor é extremamente abrangente, e revelou-se ser
bastante interdisciplinar. O objetivo foi dar enfoque aos aspectos químicos da
dor apesar deste tema poder ser abordado com bastante profundidade em
outras áreas como história, psicologia, biologia ou abordar especificamente
sobre remédios bem recorrentes de nossos dias como a aspirina. Este tema
pode ser trabalhado por diversos professores das mais diferentes áreas e ser
reproduzido e ampliado em sala de aula, fazendo conexões entre conteúdos
distantes para um assunto que é bem interdisciplinar e bastante presente na
vida corriqueira.
Referências Bibliográficas
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Brasileira de Anestesiologia, Vol. 62 N°3 Mai-Jun 2012
MARQUEZ,
Jaime
Olavo. “A
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NOCITI, J. R. “Musica e Anestesia”. Editorial. Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 60, No 5, Setembro-Outubro, 2010
DEPARTAMENTO DA QUIMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
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“Quimica
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Disponível
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PINTO A. C.; “Alguns Aspectos da história da aspirina” Disponível em
http://www.sbq.org.br/filiais/adm/Upload/subconteudo/pdf/Historias_Interessantes_de_
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PATRICK, G.L. “An introduction to Medicinal Chemistry”. 4ª Edition, Oxford
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LENT, Roberto. “Cem Bilhões de Neurônios: conceitos fundamentais de
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WEISENBERG, Matisyohu; TURSKY, Bernard “Pain, New perspectives in
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“História
do
Café”
Disponível
http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=38.
em 06 de Dezembro de 2012
em
Acesso
11
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