, · - - ...•~ . e TRABALHOS ORIGINAIS . Emprego da Hidralazina e da Nifedipina nas Emergências Hipertensivas na Gestação The use of hydralazine and nifedipine in hypertensiue emergencies during pregnancy RESUMO Cinqüenta gestantes com pressão arterial diastólica maior ou igual a 110 mmHg foram submetidas a estudo prospectivo, randomizado e duplo-cego com o objetivo de comparar os efeitos de dois hipotensores, a hidralazina e a nifedipina, no tratamento das emergências hipertensivas na gestação. Vinte e cinco pacientes receberam 5mg endovenoso de hidralazina e um placebo correspondente a nifedipina por via oral e, as demais, o inverso. A redução dos níveis pressóricos e a vitalidade fetal através da cardiotocoqrafia ante parto foram avaliadas durante os períodos pré e pós-droga, além da ocorrência de efeitos colaterais. Ambas as drogas promoveram redução lenta e progressiva da pressão arterial. Os efeitos colaterais mais observados com a nifedipina foram ruborfacial e tonturas e, com a hidrelazma, palpitações. Os registroscardiotocográficos mostraram-se intalterados após a ministração dos anti-hipertensivos, na maioria dos casos. Os autores concluem que as duas drogas foram eficazes, sendo a nifedipina uma alternativa útil e segura, por via oral, no tratamento da hi pertensão severa, na gravidez. Palavras-Chave: hipertensão na gravidez; tratamento da hipertensão; complicações da gravidez; hidralazina. Rev Bras Ginec Obstet, 17: 103, 1995 Maria Rita de Souza MESQUITA* Álvaro Nagib A T ALLAH* Nivaldo da .S.ilva Correa ROCHA ** Luiz CAMANO** Anna Maria BERTINI** * ** I bloqueador de canais de cálcio, a nifedipina, além de avaliar a ocorrência de efeitos colaterais e as repercussões sobre o bem-estar letal. Material e Métodos Escola Paulista de Medicina e Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros Escola Paulista de Medicina o s distúrbios hipertensivos na gestação constituem a principal causa de mortalidade materna, além de se associarem à elevada morbiletalidade perinatal. A hemorragia cerebral,principal complicação materna, pode ser prevenida mantendo-se a pressão arterial diastólica(PAD) inferior a 120 mm Hg7 O tratamento imediato da emergência hipertensiva gestacional é obrigatório, uma vez que a lesão endotelial instala-se rapidamente frente a níveis de pressão arterial média> 150 mrnl-lq". e os efeitos materno-fetais tornam-se prevalentes. A terapêutica medicamentosa mais utilizada com esta finalidade é a hidralazina". Todavia, em alguns países, assim como o Brasil, não dispomos deste fármaco regularmente no mercado,o que torna relevante o estudo de outra droga como hipotensor alternativo". Este estudo prospectivo, controlado e duplo-cego tem como objetivo a comparação do efeito hipotensor da hidralazina com um RBGO março/95 voi. 17 nº 2 Cinqüenta gestantes provenientes dos Serviços de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina, Hospital Amparo Maternal e Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros foram selecionadas através dos critérios a seguir PAD ~ 110 mmHg após 60 minutos de repouso em decúbito lateral esquerdo (DLE) e idade gestacional maior que 28 semanas. Foram excluídas aquelas com patologias clínicas como: diabetes descompensado, cardiopatia não decorrente de hipertensão arterial, infecções agudas e lupus eritematoso disseminado; patologias obstétricas como descolamento prematuro de placenta (DPP), placenta prévia, gemelidade e iminência de eclâmpsia ou eclâmpsia; em trabalho de parto e com história de uso de hipotensores ou sedativos a menos de seis horas. O grupo populacional foi avaliado quanto à idade, grupo étnico, número de gestações anteriores, paridade, assistência pré-natal, classificação do estado hipertensivo segundo o Comitê de Terminologia do Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (Hughes, 1972), idade gestacional (IG) e cresci- 103 Empregoda Hidralazinae da NifedipinanasEmergênciasHipertensivasnaGestação mento intra-útero retardado (CIUR), ambos de forma clínica e ultra-sonográfica. Após períodocontrole de 60 minutos em DLE, com aferição da pressão arterial (PA) e registro cardiotocográfico simultâneo, a hidralazina (via endovenosa) ou a nifedipina (via oral) foram ministradas de forma aleatória, na dosagem de 5 mg, além do placebo correspondente ao outro fármaco (Figura 1). Durante os 60 minutos subseqüentes, mantivemos os controles preditos. O processo de randomização baseou-se no sorteio de envelopes lacrados contendo o nome de uma das substâncias por um médico da equipe assistencial. Ressaltamos que nem a paciente, nem o autor tiveram conhecimento da droga ministrada até o término do protocolo. No preparo das drogas, uma ampola de hidralazina(20mg) foi diluída em 19 ml de água destilada, mantendo-se uma concentração de 1mg por ml e a substância placebo foi representada por soro glicosado a 5%. Ouanto à nifedipina, o conteúdo de uma cápsula sublingual (10mg) foi diluído em 10ml de água destilada (1mg/ml) e o placebo foi obtido pela combinação de essência natural de menta e corante alaranjado, mantendo-se as características no que diz respeito à cor e ao paladar. Nos casos em que a SELEÇÃO DAS PACIENTES REPOUSO EM DLE PA E PULSO CTGA 1 1 PER[ODO CONTROLE O PAD ainda manteve-se 3 a 110 mm Hg pós-droga, mais 10 mg, além do placebo, foram novamente ministrados. Os parâmetros avaliados incluíram: queda máxima da pressão arterial sistólica (OPAS), diastólica (OPAD) e média (OPAM) em mmHg; o tempo em minutos necessário para obtenção destas quedas (TPAS, TPAD e TPAM) e o período para obter-se o efeito terapêutico desejado (PAD< 11OmmHg) Excluímos das duas últimas análises os casos que necessitaram de dose complementar Apuramos ainda os principais efeitos colaterais decorrentes da droga ministrada, a vitabilidade fetal através da cardiotocografia anteparto (CTGA), durante o período-controle e pós-droga, além dos resultados perinatais. A CTGA foi realizada segundo técnica e sistematização padronizadas em 1980 por Bertini-Oliveira, em protocolo do Setor de Cardiotocografia de Disciplina de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina e os registros cardiotocográficos classificados em normais, subnor-r mais e patolóqicos". Para a análise estatística. foram aplicados os testes t de Student para comparar os grupos em relação aos valores pressóricos em cada um dos tempos estudados; Mann-Whitney para as variáveis: idade materna, REPOUSO EM DLE PA E PULSO CTGA REPOUSO EM DLE PA E PULSO CTGA 1 1 1 D_R_O_G_A_I __ 60 mino INFUSÃO DE SG5% PA~ 110 mmHg CTGA DLE PAD PA -L-- __ I D_R_OG_A_I __ 120 mino SE PAD ~ 110 mmHg DROGA + PLACEBO DOSE: 5 mg 180 mino SE PAD ~ 110 mmHg DROGA + PLACEBO DOSE: 10 mg - Cardiotocografia anteparto - Decubito lateral esquerdo - Pressão arterial diastólica - Pressão arterial Figura 1-Protocolo. RBGO março/95 vol. 17 nº 2 105 Emprego da Hidralazina e da Nifedipina nas Emergências Hipertensivas na Gestação IG, OPAS, tempo OPAD, mmHg. Ou i-quadrado, étnico, número tência TPAS, para MacN emar para TPAM que as variáveis: anteriores, classificação presença e o de Kappa TPAD, menores de gestações ao pré-natal, --tensivo, ic,IS OPAM, para a PAD cair a níveis de CIUR demonstrados hipotensora lhante assis- dados, hi- colate- pelo Teste card iotocog estão grupo do estado e efeitos complementado resu Itados e 110 de ráficos. quanto nas aos queda dó -pr o c e s s o . Através randorniz ação préfizeram uso' de hidra- de 25 pacientes :é·.zina (Grupo A) e as demais, po B). Demonstrou-se pos no que número diz de homogeneidade respeito gestações assistência a idade, pré-natal permitindo-nos da hidralazina PAS e PAD, nos mesmos gru- étnico, paridade, e classificação hipertensivo, (Gru- dos grupo anteriores, va. Os efeitos a de nifedipina do a análise IG, estado comparati- e da nifedipina intervalos sobre de tempo, às das A - OPAS: hidralazina terapêutico OPAM: 22,8/ OPAM: 22,8) correspondente dos níveis 36,7, 34,8 minutos 37,8 e 36,4 em minutos sistólico, (PAD< para para o Grupo mais evidentes ram facial (36%) após e tonturas a do efeito 11 OmmHg) foi estaem média, A e em B (Figura colaterais para nifedipina, ocorrendo, o Grupo dias- e 41,1 5). A obtenção semelhante, rubor ou da estatisticamente 21,2; (Figura para hidralazina 22,4; desejado 28,0 minutos da à diastólica OPAD: foram respectivamente quanto sistólica, OPAD: e 30,0, tisticamente resultados ape- 26,4; máximas e médio estu- na PAD 24,0; 4). O tempo quedas seme- os períodos semelhantes B - OPAS: tólico em Os pressões o emprego foram (Figura 2 e 3. A ação mostrou-se estatisticamente minutos. após nifedipina (Grupo estabelecido, 45 máxima e média Figuras fármacos à PAS em todos diferindo Grupo Resultados nas destes 6). Os 21,6 efeitos a nifedipina (20%). fo- Ouanto ! Período Pós-droga Período Pós-droga 220 i ô 1c lQO ~ 1&0 ~ 130 f-f-f-f-+-f__ __ WI : 'i 1: -c _ r···l·ll··l ... ~. }-+-f-+-+-~ I I ..-r-·l.·I·'T'I"-I o 100 ct•• 220T o e 190+ '60 '30 o ICI ao ao o..•.. CI '00 70 '0 ,~ 20 2~ 30 3~ 40 .015 50 5~ 60 o 5 10 15 20 2~ 30 Tempo (minuto.> - Sill. ___ o M6dla -40 .,5 50 55 60 Tempo (minuto.) --.... Diaat. Figura 2 - Grupo hldralazlna. 3~ -Si.t. ___ o M6dla ....... Diast Figura 3 - Grupo nlfedlplna. I Te~m~p~o~m~é~d~IO~(e~m~m~ln~ut=o~s)~ _ 50 r 40~~~--------~~-----30 6 '0 QPAS [ • o QPAO Hidralazlna (n-25) O Nifedipina (n-..25) 'o Of''''S qU<tda mo";lma da pr ••• ala16Nca 0'""'0 q\Mda m•• tm. da ~ ••• o dlaató4oc:" OPIIIr.M ou-.da m&lelma da p"" tt'I4d~ .fIgura 4 - Queda pressórica máxima (mmHg) nos ~rr:;lnutos após a mtntstreçõo da nidretezin« e da :,:'i.' _ [plna (5 mg). !~ .~~GO março/95 vol, 17 nQ 2 • Htdralazina n (n_23) NUedip4na . -Tp,a.s 1.mpo~,. quecM ~ da PAS TMO l«Topo poli" qu.d8 rN.ltirNo da f>"D TP!'.Ml.mpo poli" quedIo m61rinwo da ~M (n-22) Figura 5 - Tempo (em minutos) correspondente à queda máxima das pressões slstátics, diastó/íca e média pósdrogas. 107 Emprego da Hidralazina e da Nifedipina nas Emergências Hipertensivas na Gestação Tempo médio em minutos ~I 35 30 120~%~------------------------------~ 100 28 25 20 15 10 5 I O ~J I • Hidralazina (n=23) O Nifedipina (,:;;) - ··-~I Pior InaJterado • HidraJazina (n::25) o Niledipina (n;25) Figura 6 - Tempo (em minutos) necessário para a pressão diastólica cair abaixo de 110 mmHg. Figura 8 - Análise comparativa dos padrões cardiológicos antes e após hidralazina e nifedipina (5mg). à hidralazina, as manifestacões adversas foram menos freqüentes, destacando-se a presença de palpitações (Figura 7). Quanto à vitabilidade fetal, a análise comparativa dos 'registros cardiotocográficos realizados nos períodos controle e pós-droga mostrou padrões inalterados em 92% das vezes no Grupo A e em 96% no Grupo B. Para as gestantes submetidas à hidralazina, os índices de melhora e piora foram de 4%, enquanto que em uma paciente do grupo da nifedipina,o bemestar fetal revelou-se melhor após a redução dos níveis tensionais (Figura 8). Ressaltamos que duas gestantes utilitárias de hidralazina e três de nifedipina necessitaram de dose complementar (10mg). Dos 50 produtos conceptuais, 46 (92%) apresentaram evolução perinatal normal. No grupo de recém-nascidos cujas mães fizeram uso de hidralazina, verificamos a ocorrência de um óbito neonatal e um natimorto por DPP, 21 horas após a realização do protocolo, enquanto que, no grupo da nifedipina, registramos dois óbitos neonatais. Ressaltamos que as causas de neomortalidade decorrem da prematuridade, e não tiveram relação com o hipotensor ministrado. Discussão 30 20 10 O tontura • Hidralazina (n=25) F~gura7 - Efeitos colaterais após hipotensores (5mg). 1 108 [J Nifedipina (n=25) a ministração das drogas As complicações materno-fetais conseqüentes às emergências hipertensivas gestacionais podem ser prevenidas quando o tratamento instala-se precocemente. Admitimos que, frente a um quadro hipertensivo severo, o parto seja a conduta mais adequada visando ao bem-estar materno. Acrescente-se porém que, quando o nascituro é ainda imaturo, com IG<34 semanas, a utilização de drogas anti-hipertensivas se impõe com o objetivo de aguardar a maturidade, desde que a condição clínica materna possa ser preservada". A terapêutica medicamentosa nestas eventualidades deve, de forma ideal, incluir um agente que tenha início de ação rápido, de fácil manuseio, promovendo decréscimo lento e progressivo dos níveis pressóricos. Assinale-se, contudo, a necessidade de que não reduza o trabalho cardíaco e possua a capacidade de reverter a vasoconstrição útero-placentária, minimizando os efeitos adversos para a mãe e o feto 10. Possibilidades de tratamento têm sido revistas, incluindo drogas como hidralazina, diazóxido, labetalol e nifedipina, na tentativa de eleger-se a mais efetiva!'. Em nossa investigação, apuramos que a rninistração endovenosa (EV) de 5 mg de hidralazina 'em bolo' foi eficaz no controle dos níveis tensionais em 92% das gestantes em um tempo médio de 35 a 40 minutos. Somente duas necessitaram de dose complementar, nas quais a redução pressórica manteve-se constante e regular. Acreditamos que o uso repetido, porém cauteloso, deste fármaco, em intervalos de pelo menos 40 minutos, possa diminuir os riscos de hipotensão materna, freqüentemente observados na literatura'>. A eficácia terapêutica da nifedipina na dosagem de 5 mg via oral (VO) em nosso estudo foi de 88%, ocorrendo em média de 30 a 35 minutos. Somente em três pacientes RBGO março/95 vol. 17 nº 2 Emprego da Hidralazina e da Nifedipina nas Emergências Hipertensivas na Gestação houve a necessidade de ministração complementar. Estudos não controlados, preconizando doses iniciais entre 10 e 20 mg sublingual ou VO, reportam declínio rápido e satisfatório da PA, o que, ao nosso ver, não traz benefícios ao binômio materno-teta!". Embora a literatura cor re lacione a nifedipina a reduções abruptas dos níveis pressóricos, relevamos que seu potencial hipotensor, assim como o da hidralazina, mostra-se dependente da dose e do intervalo entre as rninistr aç õe s'. A partir de nossos resultados, julgamos que o emprego deste antagonista de cálcio, em doses iniciais menores do que as preconizadas na literatura' possa permitir queda lenta e progressiva da PA, sem comprometer a oxigenação fetal. Quanto aos efeitos colaterais, apuramos uma maior incidência entre as gestantes usuárias de nifedipina. Em acordo aos nossos achados, a maioria dos autores reportou-se à elevada prevalência de rubor faciall5,l6 Todavia, acrescentam a cefaléia como sintoma dos mais freqüentes. Merecidas considerações tornam-se imprescindíveis quando confrontamos nifedipina e hipotensão. Em nosso estudo, a hipotensão não assumiu posição relevante quando comparada aos demais efeitos colaterais. Assim como Campewell & Campewell (1991), acreditamos que grande parte das drogas, senão todas destinadas ao tratamento anti-hipertensivo emergencial, são capazes de causar pronunciado efeito hipotensor, em geral interligados ao emprego de doses excessivas. No que concerne à hidralazina, a detecção de uma maior incidência de palpitações coincidiu com os achados da literatura, embora alguns autores ainda destaquem a presença de cefaléia e rubor tacia!". Verificamos que os efeitos da hidralazina sobre a vitabilidade do nascituro não diferiram estatisticamente. Em verdade, o sofrimento fetal detectado através da CTGA é um risco real da terapia hipotensora, especialmente quando há reduções severas e agudas da PA. Além disso, o efeito destes fármacos sobre o fluxo placentário são ainda incertos e contraditórios". A presença de CIUR parece cursar com o aparecimento de desacelerações de freqüência cardíaca fetal durante o tratamento antihipertenaivo+!'. Parece-nos que os sinais de comprometimento letal observados nos exames cardiotocográficos estão mais interligados ao . RBGO março/95 vol. 17 nº 2 grau do decréscimo pressórico que propriamente à droga ministrada. Quanto ao desfecho gestacional, destacamos que as razões dos óbitos neonatais não apresentaram correlação com o hipotensor utilizado. Apuramos, assim como Fenakel e col (1991), que a prematuridade constituiu a principal causa de neomortalidade em virtude de distúrbios respiatórios. Desta forma, acreditamos que o tratamento hipotensor frente a condições maternas satisfatórias possa permitir melhores condições de maturidade do concepto, reduzindo a morbiletalidade perinatal. Na maioria dos países, inclusive no Brasil, tem-se privilegiado o uso da hidralazina como anti-hipertensivo de escolha na hipertensão severa na gravidez. Salientamos, porém, que freqüentemente em nosso meio, assim como no México9 e Argentina, este fármaco não se encontra disponível no mercado farmacêutico, dificultando o tratamento erner qencia!' Em nosso estudo, a nifedipina mostrou-se um anti-hipertensivo seguro e eficaz, com a vantagem de poder ser mristrado rapidamente por via oral, em particular em gestantes muito edemaciadas e com difícil acesso venoso. Conclusões 1) nas emergências hipertensivas gestacionais o tratamento hipotensor deveser iniciado após um repouso de no mínimo 30 minutos em DLE, para confirmação dosníveis tensionais, desde que sinais ou sintomas de iminência de eclâmpsia tenham sidoexcluídos. 2) a nifedipina em baixas doses é um hipotensor tão seguro quanto a hidralazina,sendo uma droga alternativa na terapêutica emergencial na gravidez. 3) o tempo médio deação máxima destes fármacos sobre a PAD foi semelhante (hidralazina: 37,3 minutos/nifedipina 34,8 minutos) demonstrando que, quando necessário, a ministração de dosecomplementar deve respeitar um intervalo mínimo de 40 minutos após a inicial, com oobjetivo de reduzir os riscos de hipotensão. 4) a monitoração cardiotocográfica podedetectar precocemente acometimentos da freqüência cardíaca fetal, durante o emprego dehipotensores. 5) o tratamento medicamentoso em DLE, o controle cardiotocográfico simultâneo e a disponibilidade de acesso venoso para o controle de eventuais hipotensões podem trazer a terapêutica da mãe e do feto próximo das condições ideais. 109 Emprego da Hidralazina e da Nifedipina nas Emergências Hipertensivas na Gestação SUMMARY Fifty pregnant women with diastolic arterial pressure higher or equal to 110 mm Hg were submitted to a prospective, randomized and double-blind study with the goal of comparing the effects of two hypotensive drugs - hydralazine and nifedipine - in the treatment of hypertensive emergencies during pregnancy. Twenty five patients were given 5 mg of hydralazine intravenously plus a placebo equivalent to nifedipine. The other patients were given the opposite. The decline of pressure levels and fetal vitality during cardiotocography before parturition were analysed before and after the drug was given, in addition to the side effects. Both drugs promoted low and proqressive decrease of arterial pressure. The most frequent side effects with nifedipine were facial blush and dizziness: with hydralazine the side effect was palpitation. In most cases, the cardiotocographic records remained unchanged after the administration of the antihypertensives. The authors concluded that both drugs were proved effective. Nifedipine was a useful and safe choice, given orally in the treatment of severe hypertension in pregnancy. Key words: hypertension in pregnancy; hypertension treatment; pregnancy complications; Referências Bibliográficas 1- Atallah, A.N.; Mesquita, M.R.S.; Kenji, G.; Leão, E. & Delascio, D.: Estudo randomizado controlado duplocego do uso da nifedipina versu,s hidralazina no tratamento da crise hipertensiva na gestação. Rev Bras Ginecol Obstet, 12(1): 10.1990. 2- Bertini - Oliveira, A.M .. ; Souza, J.B.; Santana, R.M.; Moron, A.F.; Guazelli, M.C.; Camano, L. & Delascio, D.: Contribuição ao estudo da cardiotocografia prénatal: o teste sem estresse. Rev Bras Ginecol Obstet, 5: 150, 1983. 3- Brincat, M. & McParland, P.: Calcium channel blockers i/l pregnancy. In: STUDD, J. ed - Prog obstetand -gynae-col, Churchill Livingstone, vol 8, p 71, 1990. 4-Bruno, R.M.; Germany, L.; Behle, I. & Barros, E.: Nifedipina versus hidralazina: estudo randomizado e duplocego no tratamento agudo da hipertensão arterial severa na gravidez. 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