Dr enagem linf ática Drenagem linfática melhor ando a mobilidade melhorando ar ticular no ttor or noz elo e articular ornoz nozelo pododáctilos em paciente ose com der mat of ibr ofibr ibrose dermat matof Lymph drainage in the improvement of ankle dorsoflexion of patients suffering from dermatofibrosis Autores: Prof. Dr. José Maria Pereira de Godoy Professor Doutor Adjunto do Serviço de Cirurgia Vascular da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e Coordenador do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Reabilitação Linfovenosa da Famerp. Profª. Maria de Fátima Guerreiro Godoy Terapeuta Ocupacional, docente do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Reabilitação Linfovenosa da Famerp e Clínica Godoy. Aline Cristine Salum Fernandes Fisioterapeuta, aluna do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Reabilitação Linfovenosa da Famerp. Flávia Mariana Valente Fisioterapeuta, Clínica Godoy. ARTIGO CIENTÍFICO Resumo Relatam-se os casos de dois pacientes com insuficiência venosa crônica (IVC), com limitação de amplitudes de movimentos dos pododáctilos e do tornozelo esquerdo. Ambos fizeram tratamento para IVC com medicamentos venotônicos (diosmina, rutisídios, castanha da Índia) antibióticos nos eventos de infecção (erisipelas) e meia elástica, porém a doença progrediu levando à redução significante da amplitude nos movimentos dos pododáctilos e do tornozelo. Foi feita drenagem linfática mecânica com RAGodoy. Os pacientes apresentaram melhora nas amplitudes dos movimentos nos pododáctilos e tornozelo. Após documentar a melhora da amplitude de movimento com o RAGodoy foi associada a drenagem linfática manual técnica Godoy. Palavras alavras-- chave: Drenagem linfática manual; RAGodoy; mecânica; mobilidade articular. Key words: Manual lymph drainage; RAGodoy; mechanical; articular mobility. Introdução N a insuficiência venosa crônica (IVC) ocorre uma modificação no funcionamento do sistema venoso, decorrente de alterações anatômicas e funcionais da bomba músculoaponeurótica-venosa (MAV) dos membros inferiores, agravadas pelos efeitos deletérios da pressão gravitacional e como conseqüência à hipertensão venosa durante a deambulação, resultando em alterações da pele e tecido subcu- tâneo. As alterações tróficas da pele e subcutâneo denunciam os efeitos nocivos da IVC e manifestam-se alterando a coloração da pele (dermatite ocre), trofismo (lipodermatoesclerose), eczema, atrofia branca, cicatriz de úlcera ou úlcera ativa e deterioração nos movimentos de dorsoflexão dos pododáctilos e tornozelo. A progressão crônica da fibrose aumenta a limitação desses movimentos, podendo evoluir para a imobilidade articular e falência da bomba MAV e agravamento da hipertensão venosa. O restabelecimento da função da bomba MAV é de fundamental importância no tratamento da IVC. Exercícios que melhoram a função da bomba MAV têm demonstrado resultados favoráveis a essa prática.1,2 A drenagem linfática manual pode melhorar a amplitude de movimentos articulares.3 O RAGodoy é um aparelho que realiza a dorsoflexão dos pés, melhora NOVEMBRO/DEZEMBRO - Nº 4 - 2004 - Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular 165 CIENTÍFICO DRENAGEM LINFÁTICA MELHORANDO A MOBILIDADE ARTICULAR NO TORNOZELO E PODODÁCTILOS EM PACIENTE COM DERMATOFIBROSE ARTIGO CIENTÍFICO o retorno veno-linfático e os padrões linfocintilográficos.4,5 O objetivo do presente estudo foi avaliar a drenagem linfática mecânica utilizando o RAGodoy na melhora da mobilidade das articulações dos pododáctilos e do tornozelo. Relato de caso 1 Relata-se o caso de um paciente de 62 anos de idade, que procurou o serviço para tratamento de lesão ulcerada em membro inferior esquerdo. A primeira ferida surgiu há trinta anos e permaneceu aberta por 15 anos, quando cicatrizou com enxerto de pele. Permaneceu fechada por cinco anos, quando, após traumatismo, abriu nova ferida e está em tratamento há dez anos, porém sem sucesso. No exame físico foi constatada lesão ulcerada localizada na região de maléolo esquerdo, edema, endurecimento da pele, imobilidade articular, calor local e odor 166 fétido. Relata que a lesão era pruriginosa, vinha fazendo uso de uma meia de tecido de baixa elasticidade "gorguron", há três meses, rutosídios e antibióticos (penicilina benzatina). Realizaram-se avaliação clínica, goniometria e perimetria. Associou-se ao tratamento anterior a drenagem linfática com aparelho RAGodoy, três vezes por semana durante o primeiro período de tratamento. Foi realizada nova avaliação perimétrica (Tabela 1), e goniometria após 15 dias. Detectou a melhora da amplitude de flexão plantar em 23º e da dorsoflexão em 5º. Relata que houve melhora do prurido, sensação de peso do membro e melhora do odor e da dor. Relato de caso 2 Tabela 1 Mostra a avaliação perimétrica dos membros inferiores Medidas Avaliação 02/07/2004 MIE MID MIE MID Pé (5 cm) 22,9 24,2 22,9 24,2 Pé (10 cm) 23,4 25,8 23,4 25,0 Prega (joelho) 33,5 35,3 33,1 35,0 10 cm 36,2 37,0 35,0 36,4 20 cm 33,5 33,5 33,0 31,0 30 cm 25,7 26,2 25,3 25,0 Tornozelo 26,4 úlcera 26,1 úlcera Abaixo Tabela 2 Perimetria Medidas Avaliação 18/06/2004 Avaliação 02/07/2004 MIE MID MIE MID Pé (5 cm) 22,9 24,2 22,9 24,2 Pé (10 cm) 23,4 25,8 23,4 25,0 Prega (joelho) 33,5 35,3 33,1 35,0 Abaixo 10 cm 36,2 37,0 35,0 36,4 20 cm 33,5 33,5 33,0 31,0 30 cm 25,7 26,2 25,3 25,0 Tornozelo 26,4 úlcera 26,1 úlcera Relata-se o caso de uma paciente de 64 anos de idade, que procurou o serviço para tratamento de dor crônica e ferida no membro inferior direito. Descreve que a primeira lesão ulcerada surgiu há 30 anos e fez tratamento medicamentoso e com repouso que resultava na cicatrização das lesões, contudo apresentavam recidivas. Relata que os movimento dos pés e tornozelos vêm piorando com o tempo. Há dois anos foi submetida a cirurgia para prótese de quadril, o que a levou a sentir mais dificuldade para os movimentos, necessitando do apoio de Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular - NOVEMBRO/DEZEMBRO - Nº 4 - 2004 Avaliação 18/06/2004 uma bengala. Ao exame físico detectaramse, na face interna do terço distal da perna, lesão ulcerada, pele com aspecto descamativo, endurecida, perda de movimento de pododáctilos e tornozelo. Foi feita avaliação clínica, goniométrica e perimétrica. Associou-se ao tratamento medicamentoso a drenagem linfática com aparelho RAGodoy. A drenagem foi feita cinco vezes por semana durante sete dias. Foi realizada nova avaliação perimétrica e goniometria e detectou-se melhora da amplitude de flexão plantar de 6º e dorsoflexão de 1º. Endereço para correspondência: Rua Floriano Peixoto, 2.950. São José do Rio Preto - SP - Cep: 15020-000 E-mail: [email protected] Discussão O presente estudo mostra o valor da drenagem linfática mecânica na melhora da amplitude de movimento das articulações dos pododáctilos e do tornozelo. A drenagem linfática manual e a mecânica têm-nos alertado sobre essa melhora e a necessidade de documentação desses achados. A melhora da amplitude de movimentos foi relatada na articulação dos dedos da mão,3 e tem sido observada com freqüência nas articulações dos pés. O presente estudo iniciou com a drenagem mecânica isolada e constatou a sua eficácia na melhora da amplitude dos movimentos dos pododáctilos e tornozelos. A associação com a manual é sugerida porque permite o desbloqueio proximal do sistema linfático. Na continuidade do tratamento notou-se a redução de medidas de circunferência do membro dos pacientes. O aspecto fibrótico e endurecido da pele assumiu característica borrachóide e permitiu a formação de cacifo durante a evolução do tratamento. A reversão dos mecanismos que agravam a IVC é fundamental para uma melhora sustentada da doença. Essa abordagem deve ser simultânea a outras medidas necessárias visando o restabelecimento das funções músculo-aponeurótico-venosa. A função bomba é de vital importância no retorno veno-linfático e deve ser priorizada no tratamento da IVC. A insuficiência venosa crônica tem como principal implicação deletéria a pele e subcutâneo.6 O caráter progressivo e crônico da doença, quando não tratado, tem como seqüela a progressão da fibrose e, conseqüentemente, redução da am- plitude de movimentos e deterioração da bomba músculo-aponeurótica-venosa. A melhora do quadro clínico com redução volumétrica do membro levanta hipóteses quanto à progressão para a insuficiência venosa crônica. O palco de toda a repercussão é o interstício celular por onde ocorre o tráfego de todas as substâncias que interagem com o sistema circulatório e as células. Os capilares venosos e linfáticos são os responsáveis pelo sistema de drenagem e na falha desses teremos o edema e o linfedema. A remoção de proteínas de maior peso molecular é executada preferencialmente pelo sistema linfático, e para progressão do processo fibrótico necessita-se de acúmulo de proteínas. Portanto, denota-se falência nesse sistema de remoção dessas proteínas. Contudo, os mecanismos que levaram ao acúmulo dessas proteínas são fundamentais nesse mecanismo, porém denota-se a falência no mecanismo de remoção. A hipótese da falha nos mecanismos de remoção do sistema linfático ser mais importante que os de agressão da hipertensão venosa levanta uma possibilidade preventiva, dos pacientes com insuficiência venosa crônica, utilizando a drenagem linfática na amenização da progressão da IVC. Entretanto, pesquisas bem delineadas devem ser realizadas para constatar ou descartar essa hipótese. Referências 1. Porter JM, Moneta GL. Reporting standards in venous disease: an update. International Consensus Committee on Chronic Venous Disease. J Vasc Surg 1995 Apr; 21(4):635-45. 2. Kan YM, Dellis KT. Hemodynamic effects of supervised calf muscle exercise in patients with venous leg ulceration. Arch Surg 2001; 136:1364-1369. 3. Godoy JMP, Godoy MF. Possível associação entre componentes fisiopatológicos do linfedema e da imobilidade articular. Relato de Caso. HB Científica 1998; 5(2):213-5. 4. Godoy JMP, Godoy MFG. Development and evaluation of new apparatus for lymph drainage: preliminary results. Lymphology 2004; 37:62-4. 5. Godoy JMP, Godoy MFG. Drenagem linfática manual: novo conceito. J Vasc Br 2004; 3(1): 77-80. 6. Maffei FHA. Insuficiência venosa crônica: conceito, prevalência, etiopatogenia e fisiopatologia. In: Maffei FHA, Lastória S, Yoshida WB, Rollo H. Doenças vasculares periféricas. 3.ed. v.1. Rio de Janeiro: Medsi; 2002. p. 1581-1590. NOVEMBRO/DEZEMBRO - Nº 4 - 2004 - Revista de Angiologia e Cirurgia Vascular 167