Declaração Oficial da Associação Brasileira de Medicina Complementar (ABMC) sobre a Procaína (Enviado ao ministro da saúde) Este relatório contém a posição oficial da Associação Brasileira de Medicina Complementar (ABMC) sobre o medicamento: PROCAÍNA O principal objetivo da ABMC é elaborar " PROTOCOLOS DE CONSENSO " das estratégias terapêuticas, e propedêuticas com a finalidade de " REGULAMENTAÇÃO " no Conselho Federal de Medicina ou nos Conselhos de Classe Competentes. Site : www.medicinacomplementar.com.br PROCAÍNA : A procaína foi sintetizada para funcionar como anestésico sendo utilizada em medicina há mais de 100 anos e como acontece com grande parte das drogas em uso na prática clínica, o seu efeito sistêmico foi descoberto por acaso através da observação clínica. Por muito tempo a procaína foi utilizada empiricamente para uma série de patologias crônicas degenerativas e geriátricas. Somente recentemente descobriu-se o efeito primordial desta substância: inibição da enzima DNA metiltransferase com a demetilação da zona CpG e o despertar dos genes silenciados pelo envelhecimento e o estresse. Droga antiga com potente mecanismo de ação moderno. De um simples anestésico a procaína ganhou destaque como tratamento epigenético de vários tipos de doenças. Entretanto, as grandes companhias farmacêuticas não têm interesse em financiar estudos sobre droga tão importante, porque a procaína atualmente é uma droga órfã e não pode ser patenteada. 1- Síntese da Procaína A procaína foi sintetizada pelo bioquímico austríaco, Alfred Einhorn em 1905, a partir da reação do álcool dietilaminoetanol (DEAE) com a vitamina do complexo B o ácido para-aminobenzóico (PABA). Nos Estados Unidos foi patenteada como anestésico local pelo Laboratório Hoecht com o nome fantasia de: Novocaína , quimicamente o clorídrato de procaína. Atualmente a droga é de domínio publico e não pode ser patenteada. 2- Breve Histórico A partir de sua descoberta foi utilizada amplamente como anestésico local em praticamente todos os continentes, devido à sua alta eficácia e baixo risco de efeitos colaterais. Em Geriatria nas décadas de 30 - 40 a maioria dos médicos empregavam o cloridrato de procaína por via intra-articular em pacientes que padeciam de fortes dores nas 1 articulações. A maioria destes pacientes apresentava o diagnostico de artrose, desgaste da cartilagem de difícil controle na época, pois não havia os antiinflamatórios que hoje dispomos. A Dra Anna Aslan, lá no seu consultório humilde no frio da Rumênia, trabalhando com parcos recursos , também empregava o cloridrato de procaína para aliviar a dor dos seus pacientes. Como já frisamos muitos médicos também usavam o mesmo procedimento, entretanto, somente a médica rumena, perspicaz e observadora notou que os pacientes além de melhorarem da dor, apresentavam-se mais alegres, mais dispostos e com menos cansaço. Alguns contavam maior vigor físico e sexual e outros melhoravam da depressão. Foi o início do estudo dos efeitos sistêmicos clínicos de uma droga idealizada para outros fins. 3- Estudos Bioquímicos Iniciais Os efeitos benéficos da procaína foram constatados por outros médicos rumenos, porém havia um problema muito sério: os efeitos eram de curta duração. Desta forma a Dra Aslan associou-se a bioquímicos para tornar a droga de maior utilidade em Clínica. Descobriu que a adição de ácido benzóico, de metabissulfito de potássio e de fosfato dissódico, estabilizava e corrigia o pH da solução e permitia o espaçamento das injeções de procaína, agora chamada de procaína benzóica ou melhor: para-aminobenzoil dietilamino etanol. No exterior o medicamento ficou conhecido como Gerovital-H3. 4- Estudos Clínicos Iniciais Os primeiros estudos sobre a procaína benzóica foram realizados em 1940, no Instituto Nacional de Geriatria de Bucareste na Rumênia pela Dra Anna Aslan e uma equipe de médicos clínicos. Estudou-se os efeitos sistêmicos da procaína em 4000 pacientes durante 2 anos e os resultados foram: a- 40% de diminuição de ausências ao trabalho b- mais fácil o controle da pressão arterial c- aumento do vigor físico d- aumento da potência sexual e- desaparecimento da depressão f- melhora das artropatias , artrose , dores reumáticas g- diminuição dos níveis do colesterol h- alguns apresentaram recuperação da cor dos cabelos i- desaparecimento de úlceras gástricas e duodenais j- melhoria da função respiratória l- melhoria da função cardíaca Durante os 2 anos de estudo houve epidemia de gripe na região: a mortalidade foi de 13,9% no grupo que não recebeu a procaína e de somente 2,7% no grupo procaína. Muito importante foi a ausência de efeitos colaterais dignos de nota. Alguns pacientes apresentaram leve queda passageira da pressão arterial, nos primeiros 15 minutos da injeção. Os casos de alergia foram raríssimos e de fácil controle. 2 5- Estudos Clínicos Atuais Ressaltamos que entre 1966 e 2007 encontramos 5.289 referências sobre o emprego da procaína em seres humanos em Banco de Dados da Literatura Médica de bom nível - MEDLINE - a qual envolve mais de 40% dos trabalhos científicos publicados no Planeta. Quando pesquisamos em Banco de Dados mais completo da Literatura Médica mundial de bom nível - PUBMED - encontramos 11.739 referências bibliográficas sobre o emprego da procaína em seres humanos. Artigos sobre a procaína em seres humanos: a- depressão...............................247 artigos b- osteoartrítes ..........................149 artigos c- geriatria e envelhecimento...123 artigos d- infarto do miocárdio.............. 89 artigos e- hipertensão arterial ............... 84 artigos f- afecções neurológicas........... 70 artigos g- angina pectoris ..................... 35 artigos A grande maioria dos trabalhos do MEDLINE e do PUBMED refere-se ao uso da procaína como anestésico local. Revisão envolvendo 65 estudos Europeus e Americanos Nos estudos utilizou-se o cloridrato de procaína (Novocaina) ou a procaína benzoica (Gerovital-H3) Resultados: -Melhoria do humor: 7 trabalhos com resultados positivos e 2 sem efeito - Melhoria dos sinais e sintomas que acompanham a demência senil e a aterosclerose cerebral: 17 positivos e 13 sem efeito -Artrite e artrose: 11 positivos e 5 sem efeito -Efeitos benéficos sobre a pele e os cabelos :13 positivos e 4 sem efeito -Hipertensão arterial: 3 positivos e 6 sem efeito -Disfunção sexual: 3 positivos e 2 sem efeito -Melhoria dos sinais e sintomas da doença aterosclerótica: 17 positivos e 4 sem efeito Ostfeld A . The systemic use of procaine in the treatment of the elderly : a review. Journal of the American Geriatrics Society, XXV: 1-19,1977 Nota: 1- A maioria dos trabalhos que não mostraram efeitos benéficos, empregaram o cloridrato de procaína e não a procaína benzoica. 2- Devemos prestar muita atenção ao tipo de procaína utilizada nos estudos. A Novocaína é o cloridrato de procaína a qual por possuir efeitos passageiros, muitas vezes não são captados pelo pesquisador, dependendo do desenho da pesquisa. A Novocaína não possui estabilizantes e o pH não é modulado o que favorece a maior degradação da substância química e o menor tempo de ação. 3- Grande parte dos trabalhos foram randomizados, duplo cego e controlados por placebo. 4- Não houve efeitos colaterais dignos de nota 5- A procaína benzóica pode provocar erupções, hipotensão arterial e náuseas , todos facilmente tratados e de curta duração. 3 Procaína e Arteriosclerose 173 pacientes com arteriosclerose cardiovascular ou cerebral receberam: a- Novocaina : cloridrato de procaína a 2% , 5ml 3x semana IM - 12 ampolas/mês por 3 a 5 meses. ou b- Placebo Resultados: a- no Grupo Novocaina os resultados foram - muito bons em 46% - leve melhora em 28% - sem efeito em 26% b- no Grupo Placebo – sem efeito Zdichynec B . ZFA; 32(3):267-9,1977. Successes in novocain therapy in the control of premature ageing ( publicação : Alemanha ) Procaína protege neurônios cerebrais da isquemia A procaína foi administrada antes ou depois da isquemia cerebral experimental em ratos Resultado: a- Quando a procaína foi administrada antes da isquemia (prevenção) ela suprime a liberação dos aminoácidos excitatórios: aspartato e glutamato e melhora a evolução das lesões histológicas. Desta forma possui efeito preventivo. Possivelmente o mecanismo de ação se faz pela inibição dos radicais livres de oxigênio. b- Quando administrada após a isquemia (tratamento) não apresenta qualquer efeito. Desta forma não apresenta efeito curativo na isquemia cerebral. Adachi N. Br J Anaesth;83(3):472-4,1999. Pre-ischaemic administration of procaina suppresses ischaemic glutamate release and reduces neuronal damage in the gerbil hippocampus Procaína e Cirurgia Cardíaca A procaína foi adicionada à solução de cardioplegia de um modo duplo cego e randomizado em 56 pacientes submetidos à ponte de safena. Resultado: A- Grupo placebo: os 28 pacientes deste grupo necessitaram cardioversão para reverter a fibrilação ventricular B- Grupo procaína: a- Dos 28 pacientes deste grupo somente 2 necessitaram cardioversão para reverter a fibrilação ventricular b- Necessidade de lidocaina: muito menor c- Liberação de enzimas de isquemia miocárdica: muito menor Sellevold OF . Anesth Analg;81(5):932-8,1985. Procaine is effective for minimizing ventricular fibrillation in cardiac surgery Procaína : inibe liberação de cortisol no sangue 4 O aumento de cortisol provoca: depressão, hipertensão arterial, piora do Mal de Alzheimer, piora dos sintomas da AIDS, infecção de repetição, difícil controle da insuficiência cardíaca, difícil controle do diabetes mellitus, imunodepressão, etc Qualquer droga que diminua a concentração sérica de cortisol será benéfica em todas essas patologias Este trabalho mostra que a procaína provoca diminuição dos níveis séricos do cortisol. Mecanismo: a procaína reduz a atividade da HMG-CoAredutase ; diminui a expressão do RNA mensageiro da enzima ; diminui a síntese de colesterol e no final diminui a síntese de cortisol Xu J J Pharmacol Exp Ther ; 307(3):1148-57,2003. Inhibition of adrenal cortical steroid formation by procaine is mediated by reduction of the cAMP – induced 3hydroxy-3-methylglutaryl-coenzyme A reductase messenger ribonucleic acid levels Procaína: acorda genes silenciados pela metilação A metilação do DNA silencia genes supressores de tumor sendo fator importante no câncer humano: EFEITO EPIGENÉTICO A procaína inibe a família das DNA-metiltransferases as quais demetilam os genes silenciados e restauram a expressão gênica, isto é a transcrição pelo DNA. Em células do câncer de mama humano, MCF-7 a procaína restaura 40% da expressão dos genes silenciados. Possível arma terapêutica no tratamento do câncer de mama. Villar - Garea A . Cancer Res ; 63(16):4984-9,2003. Procaine is a DNA-demethylating agent with growth-inhibitory effects in human cancer cells Procaína : inibe a proliferação de células malignas Em linhagem de células do câncer de mama humano, MCF-7 “in vitro” a procaína provocou diminuição do crescimento tumoral : parada do ciclo celular ( parada da mitose ) Mecanismos: 1- Inibição das DNA metiltransferases , com aumento da expressão de genes supressores do tumor 2- Hiperpolarização da membrana citoplasmática com diminuição da síntese de DNA e aumento da produção de ATP mitocondrial o que inibe a glicólise anaeróbia – motor da proliferação maligna. Conclusão: a procaína é anti-proliferativo. Villar - Garea A . Cancer Res ; 63(16):4984-9,2003. Procaine is a DNA-demethylating agent with growth-inhibitory effects in human cancer cells Mecanismos de Ação da Procaína Bloqueia os canais de Na+ da membrana celular: polariza a membrana citoplasmática e aumenta a produção de ATP via fosforilação oxidativa mitocondrial Significado para o organismo: A procaína aumenta a energia livre de Gibbs (ATP), aumenta o grau de ordem e informação do sistema termodinâmico aberto que é a célula e portanto promove o bom funcionamento celular : síntese de anticorpos, de serotonina, de dopamina, de acetilcolina, de hormônios etc... 5 A procaína inibe a liberação de Ca++ no intracelular proveniente de reservas do citosol e diminui a concentração intracelular de cálcio iônico. A hipóxia / isquemia aumenta a concentração de Ca++ no intracelular o qual é um dos mecanismos que provoca a lesão celular. A procaína impede este efeito. Significado para o organismo: A diminuição do cálcio intracelular : a- diminui drasticamente a ativação de fatores de transcrição nucleares que propiciam a inflamação (lesão celular) e a proliferação celular maligna. b- favorece a apoptose das células malignas (morte celular programada) A procaína inibe parcialmente a monoaminooxidase (MAO) e funciona como anti depressivo de grau leve. A procaína reduz a atividade da HMG-CoAredutase e diminui os níveis séricos de colesterol e de cortisol. A procaína inibe a família de enzimas DNA metiltransferase e desperta genes silenciados pelo acúmulo de radicais metila (CH3) na zona CpG dos cromossomas. Desta forma ela aumenta a expressão gênica (transcrição do DNA) o que permite às células produzirem: hormônios , anticorpos, serotonina, etc.. . Chen J : Brain Res ;792(1):16-23,1998 Villar - Garea A . Cancer Res ; 63(16):4984-9,2003. Procaine is a DNA-demethylating agent with growth-inhibitory effects in human cancer cells Xu J J Pharmacol Exp Ther ; 307(3):1148-57,2003 Envelhecimento -- Estado de estresse crônico No envelhecimento e no estresse crônico (sobrecarga de trabalho, sobrecarga emocional, presença de vários pequenos problemas sem resolução, presença de problema importante sem solução) ocorre paulatinamente e continuamente a metilação das zonas CpG dos genes com o seu conseqüente silenciamento. O silenciamento dos genes diminui ou abole a expressão gênica , modo da célula sintetizar anticorpos, hormônios , ATP , serotonina, etc. A metilação dos genes diminui ou abole complemente a função desta estrutura vital das células sendo a responsável pela ineficácia dos tratamentos mais modernos, pelo insucesso de muitas cirurgias e pela má qualidade de vida. Os medicamentos por mais modernos que sejam não funcionam se os genes estão silenciados. É preciso despertá-los. È preciso haver transcrição gênica. Foi uma pesquisadora espanhola a Dra Villar-Garea que descobriu a maneira de demetilar os genes silenciados pelo envelhecimento e o estresse e desta forma despertar os genes: inibição da família de enzimas DNA metiltransferase. A procaína é uma das substâncias mais eficazes na inibição das DNA metiltransferases. 6 Anexamos o resumo das referências bibliográficas que utilizamos no presente relatório. Conclusão A procaína benzoica sendo muito antiga e bem estudada permite que a consideremos droga segura para uso clínico. Os inúmeros trabalhos mostrando a eficácia estatística e o novo mecanismo de ação recém descoberto - despertar genes silenciados - faz da procaína benzoica importante arma terapêutica , para ser empregada em vários tipos de patologias crônico -degenerativas: tratamento epigenético . Baseada na eficácia e na segurança, a Associação Brasileira de Medicina Complementar recomenda o emprego da procaína por médicos capacitados na sua utilização. “PROCAÍNA : de um simples anestésico local a um fármaco que desperta genes silenciados e aumenta a produção de ATP “ ABMC “Na arte de curar deixar de aprender é omitir socorro e retardar tratamentos esperando maiores evidências científicas é ser cientista e não médico” JFJ São Paulo, 14 de novembro de 2007 Prof. Dr. José de Felippe Junior Fundador e atual Presidente da Associação Brasileira de Medicina Complementar Fundador e primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Biomolecular Fundador e primeiro Secretario Geral da Associação Brasileira de Medicina Intensiva Doutor em Fisiologia pela Universidade de São Paulo Livre Docente de Clínica Médica - Medicina Intensiva da Universidade do Rio de Janeiro Ex. Diretor do Departamento de Fisiologia-Bioquímica e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo Consultor do Conselho Federal de Medicina na área de Estratégia Biomolecular. Especialista em: Clínica Médica, Medicina Intensiva, Nutrologia e Estratégia Biomolecular Rua Conde de Porto Alegre,1985 Campo Belo São Paulo tel: 5543-8833 CEP:04608-003 7