Abstract Nº PO-QU-14 LIGAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE PROLACTINA, MARCADORES CARDÍACOS E EVENTOS CARDIOVASCULARES NA DOENÇA RENAL CRÓNICA. Micael Oliveira Diniz ( 1 ); Gabriela Cobo ( 2 ); Bengt Lindholm ( 2 ); Carla Santos Araújo ( 1 ); António C Cordeiro ( 3 ); Juan Jesús Carrero ( 2 ); ( 1 ) - Universidade do Porto, Faculdade de Medicina, Porto, Portugal; ( 2 ) - Karolinska Institutet, Division of Renal Medicine and Baxter Novum CLINTEC, Estocolmo, Suécia; ( 3 ) - Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Departamento de Hipertensão e Nefrologia, São Paulo, Brasil; Introdução: A Doença Renal Crónica (DRC) associa-se com alterações hormonais, tais como hiperprolactinémia. Na população em geral, a hiperprolactinémia está associada a disfunção endotelial e a eventos cardiovasculares (CV). Objetivos: Avaliar a associação entre os níveis de prolactina, marcadores cardíacos e CV em pacientes com doença renal crónica nos estágios 3-5. Métodos: Incluímos 288 doentes (idade média de 60 ± 11 anos, 62% homens) com DRC nos estágios 3-5, nãodialisados. A prolactina sérica basal e outros parâmetros nutricionais bioquímicos e marcadores inflamatórios foram medidos. Os marcadores cardíacos considerados incluíram o peptídeo natriurético tipo B sérico (BNP), a troponina, o coronary artery calcification score (CAC) (avaliado por exame de imagem - tomografia computadorizada) e a massa ventricular esquerda (MVE) (avaliada por ecocardiografia). Os doentes foram acompanhados por uma mediana de 30 meses (p10p90: 10-47 meses) e o conjunto de CV fatais e não fatais foi registado. Resultados: O nível médio de prolactina nos homens foi de 8,7 ng / ml (5,4 - 18,9 ng / ml) e de 10,0 ng / ml (5,9 - 19,9 ng / mL) nas mulheres. Segundo tercis de prolactina sexo-específicos crescentes, os doentes tendem a ser mais velhos (p = 0,07) e tinham função renal significativamente menor, determinada pela taxa de filtração glomerular (TFG, p <0,001). Além disso, os doentes nas categorias mais elevados de prolactina mostraram níveis mais baixos de hemoglobina (p = 0,01) e fósforo sérico mais elevado (p <0,001). Na análise univariada, encontramos uma forte correlação inversa entre a prolactina e a TFG (rho = -0,37, p <0,001), independente da idade, sexo e vários outros fatores de confusão. Não foi encontrada associação significativa entre os valores de prolactina e níveis de troponina sérica, MVE ou CAC. Foi encontrada uma correlação positiva entre a prolactina e BNP na análise bruta (rho = 0,13, p = 0,03), mas foi revogada após ajuste para idade e sexo. Durante o acompanhamento, foram registados 65 CV, e nenhuma associação significativa foi feita com a prolactinémia. Conclusões: Na nossa população os níveis de prolactina aumentam acompanhando a redução da taxa de filtração glomerular em pacientes com DRC nos estágio 3 a 5. Embora uma associação bruta entre BNP e os níveis de prolactina tenha sido encontrada, nenhuma ligação consistente foi observada entre a prolactinémia e os marcadores cardíacos. Os nossos resultados sugerem que a valorização clínica dos níveis plasmáticos de prolactina deve atender ao estádio da DRC e que a quantificação da prolactina plasmática nesta população pode não ser útil na identificaçãodo subgrupo de doentes com maior risco CV.