Hepatite B crônica HBeAg

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Interação parasito-hospedeiro:
A infecção pelos vírus das hepatites de
transmissão parenteral (HBV e HCV)
Prof. Cláudia L. Vitral
Os vírus das hepatites
Vírus da hepatite A (HAV)
Transmissão
entérica
Fam. Picornaviridae
Vírus da hepatite E (HEV)
Fam. Hepeviridae
Vírus da hepatite B (HBV)
Fam. Hepadnaviridae
Transmissão
parenteral
Vírus da hepatite C (HCV)
Fam. Flaviviridae
Vírus da hepatite D (HDV)
“viróide”
Hepatite B
 Duas bilhões de pessoas infectadas pelo HBV
 400 milhões de portadores crônicos
 Causa mais frequente de hepatocarcinoma celular
(HCC), que representa o 5o tipo mais freqüente de
neoplasma no mundo e a 3a causa de morte por câncer
 Outras complicações: cirrose e hepatite fulminante
 500.000 óbitos/ano
 45% população mundial vive em áreas de alta
prevalência do HBV (Sudoeste da África e Ásia)
 100 vezes mais infeccioso do que o HIV
Dados do Brasil
•Hepatite B
2 milhões de portadores crônicos
• Hepatite C
3 milhões de portadores crônicos
TOTAL 5 milhões de infectados:
8 vezes mais que o nº de portadores de HIV
Vírus da hepatite B-HBV
Classificação
Família Hepadnaviridae
Gênero Hepadnavirus
Partículas do HBV:
 completa (42-47 nm)
 esférica (22 nm)
 tubular (22 nm)
TIPOS DE PARTÍCULAS DO HBV
Partículas incompletas
Partícula completa
L + M + S = HBsAg
Middle
(M)
Large (L)
HBsAg
Small (S)
HBcAg
DNA
DNA Polimerase
- Partícula de Dane
- diâmetro de 42 nm
- concentração de 109 partículas/ml
- esféricas e tubulares
- diâmetro de 22 nm
- concentração de 1013 partículas/ml
Virus da Hepatite B
Partícula completa
(109 partículas/ml)
Partículas incompletas
(1013 partículas/ml)
Tubulares
HBeAg
Solúvel no sangue
Esféricas
ORGANIZAÇÃO GENÔMICA DO HBV
HBsAg
• DNA de fita
parcialmente
dupla ( 3.200 pb)
DNA
pol
HBcAg
HBeAg
HBxAg
• Quatro genes
(S,P,C,X)
sobrepostos
traduzidos em 7
proteínas
Ciclo de multiplicação do HBV
Exocitose
Adsorção
e
penetração
Fusão do
envelope viral
Ganho do
envelope viral
R.E
TRANSC.
REVERSA
NÚCLEO
Encapsidação
do pgRNA e
polimerase
RNAs S-HBs e M-HBs
RNA L-HBs
HBcAg
Proteína X
Polimerase
pgRNA, core e pol
Reparo do DNA
Desencapsidação
Variantes
antigênicas
do HBV
a
Determinante
d
Subdeterminante
y
w r w r
Subtipos
adw2
adw4
adrq+
adrq-
ayw1
ayw2
ayw3
ayw4
ayr
Genótipos do HBV
Grupo genômico Subtipo Área de alta prevalência
A
adw2
ayw1
B
adw2
ayw1
Indonésia, China
Vietnã
adw2
adrq+
adrqayr
Ásia Oriental
Coréia, China, Japão
Polinésia
Vietnã
C
Noroeste da Europa
África Central, USA, BR
D
ayw2
ayw3
Área Mediterrânea
Índia, USA, BR
E
ayw4
África Ocidental
F
adw4
Índios das Américas, Polinésia, BR
Distribuição geográfica dos genotipos e subtipos do HBV no mundo. Adaptado
de Magnius & Norder, 1995.
Mutantes do HBV - consequências
clínicas e virológicas
Na região do envelope (gene S)
Substituição na posição 145 (G-A): det.grupo “a” –
sítio de ligação com acs neutralizantes
Escapam da proteção da vacina
Na região pré-core (gene C)
A troca de nucleotideo na posição 1896 (G-A)=stop
codon, resulta na ausência da síntese do HBeAg
Substituições no nucleotídeo 1762 (A -T) e 1764 (GA), dim. síntese mRNA e na produção de HBeAg
Na região da polimerase (gene P)
mutantes lamivudina-resistentes
códon 552 (M-V) e 528 (L-M)
Diagnóstico das hepatites virais
1.


Diagnóstico clínico
Pródromo: síndrome gripal, astenia, febre,
cefaléia
Fase aguda: icterícia, colúria, acolia fecal,
náuseas, vômitos, hepatomegalia, dor abdominal
2. Diagnóstico bioquímico
Hepatograma (ALT, AST,
FA, gama GT)
Hepatite
aguda: A,
BeC
4. Diagnóstico molecular
Pesquisa do genoma
viral (hibridização,PCR)
Hepatite
crônica:
BeC
3. Diagnóstico sorológico
Pesquisa de anticorpos e
antígenos (EIA)
5. Diagnóstico histológico
(biópsia hepática)
Histopatologia e
imunohistoquímica
Diagnóstico sorológico da
hepatite B
• Anticorpos específicos são formados contra
todos os antígenos relacionados ao HBV.
• O exame deste sistema Ag-Ac, permite o
acompanhamento curso da infecção
Diagnóstico sorológico da
hepatite B aguda
Marcador sorológico
HBsAg
Anti-HBc IgM
Interpretação
Infecção corrente
Infecção recente
Curso sorológico da hepatite B aguda
Replicação
viral
Dim.
Infeccio
-sidade
Sintomas
HBeAg
anti-HBe
Anti-HBc Total
Contato
Título
Infecção
corrente
0
Infecção
recente
4
anti-HBs
Anti-HBc IgM
HBsAg
8
12 16 20 24
28 32 36
imunidade
52
100
Semanas após a exposição
Diagnóstico sorológico da
hepatite B
HBsAg: positivo por > 6
meses após início dos
sintomas
Interpretação
Evolução para
infecção crônica
Curso sorológico da hepatite B crônica
Infecção Aguda (meses)
Infecção Crônica (anos)
HBeAg
anti-HBe
HBsAg
Anti-HBc total
Título
Anti-HBc IgM
0 4
8 12 16 20 24 28 32 36
Semanas após exposição
52
Anos
Concentração do HBV em diversos
fluidos orgânicos
Alta
(108 – 109 PV/ml)
sangue
soro
exsudatos de
feridas
Moderada
(105 – 107 PV/ml)
sêmen
fluido vaginal
saliva
Baixa/Não
Detectável
urina
fezes
suor
lágrima
leite materno
Vias de transmissão do HBV
 Sexual
 Parenteral
 Perinatal
Intrafamiliar
Distribuição geográfica da infecção
crônica pelo HBV
Prevalência de HBsAg
 8% - Alta
2-7% - Intermediário
<2% - Baixa
Importância do conhecimento da história
natural da infecção pelo HBV
Disponibilidade de antivirais que podem
alterar a história natural da infecção pelo
HBV, embora ainda com limitações
(dificuldade de erradicar a infecção e
emergência de mutantes resistentes)
Efeitos da diversidade genética do HBV na
sua história natural
História natural da infecção pelo HBV
• A infecção pelo HBV é um processo
dinâmico caracterizado por fases
replicativas e não replicativas baseado na
interação vírus-hospedeiro
Espectro clínico da infecção pelo HBV
• Fase aguda: hepatite subclínica a
sintomática ou raramente uma hepatite
fulminante
• Fase crônica: portador inativo do HBsAg a
uma hepatite crônica de vários graus de
gravidade histológica até um quadro de
cirrose e suas complicações.
Importância do conhecimento da história natural do
HBV para um correto acompanhamento e seleção
de medidas terapêuticas.
Curso clínico da hepatite B em adultos
Hepatite B aguda
90%
0,5 a 1%
9%
Hepatite fulminante
Resolução
Hepatite B crônica
 Áreas não endêmicas a hepatite aguda é normalmente vista em adultos
 Período de incubação em torno de 3 meses
 Icterícia 30-50% adultos
 Evolução da infecção aguda depende da idade e da competência imune
do hospedeiro
Evolução da infecção pelo HBV de acordo com a
idade da infecção
100
100
80
80
60
60
Infecção crônica
40
40
20
20
Infecção Sintomática
0
0 meses
1-6 meses
7-12 meses
1-4 anos
Idade da infecção
0
Adolescentes
e adultos
Curso clínico da hepatite B
A gravidade da injúria hepatocelular é modulada pela
intensidade e força da resposta imune do hospedeiro
Infecção pelo HBV em adultos:
normalmente eliminada
Infecção pelo HBV em neonatos:
lesão hepática mínima com altas
taxas de infecção crônica
Hepatite B aguda
Hepatite B aguda
5-10%
Até 90%
Hepatite B crônica
Hepatite B crônica
Hepatite B crônica
• A história natural da infecção crônica pelo HBV
envolve um jogo complexo entre o vírus e o
sistema imune do hospedeiro.
• Inclui 4 fases, de duração variável, distinguidas
pelos seguintes parâmetros:
– HBeAg e anti-HBe
– Concentração de HBV DNA
– Nível de ALT
Fases da hepatite B crônica
1
2
3
4
Imuno
HB
crônica
HBeAg +
Portador
inativo de
HBsAg
HB
crônica
HBeAg -
tolerância
Nível de
HBV/DNA
Dosagem
ALT
Fases da
hepatite B
crônica
Hepatite B crônica
HBeAg (mutantes precore)
HBeAg negativo
DNA
ALT alterado
Mutação
pré-core
Hepatite B crônica
HBeAg +
(imunotolerância)
HBeAg positivo
DNA
ALT normal
Progressão para
cirrose
Portador inativo
de HBsAg
HBeAg negativo
DNA
ALT normal
Hepatite B crônica
HBeAg +
(imunoatividade)
HBeAg positivo
DNA
ALT alterado
Soroconversão
anti-HBe
Fase 1: imunotolerância
1
Imuno
tolerância
Nível de
HBV/DNA
Dosagem
ALT
Histologia hepática normal
Duração: 2-3 décadas (após infecção neonatal)
Ausente/rápida na infecção de adolescentes/adultos
Fase 2: HB crônica HBeAg + (Imunoatividade)
Vista na 2a-3a década de vida (infecção perinatal)
Amadurecimento sistema imune: reconhecimento dos
hepatócitos infectados e lesão hepática imuno-mediada
Histologia hepática com inflamação ativa e fibrose
Pacientes normalmente assintomáticos: dif.diagnóstico
Nível de
HBV/DNA
Dosagem
ALT
HB crônica: Transição da fase 2 para
fase 3
Soroconversão HBeAg para anti-HBe
representa um evento central e
determinante na história natural da HB
crônica
• Vista em 50-70% portadores crônicos (após 5-10 anos de
diagnóstico)
• Fatores preditivos:
– Níveis altos de ALT, genótipo B, idade mais avançada
e sexo feminino
• Soroconversão normalmente acompanhada por remissão
bioquímica e regressão histológica da atividade
inflamatória
Fase 3: Portador inativo de HBsAg
Vista na 4a década de vida (infecção perinatal)
Duração: muitos anos/indefinidamente
Lesões hepáticas mínimas ou ausentes
Prognóstico geralmente favorável, baixo risco de
cirrose ou HCC
Nível de
HBV/DNA
Dosagem
ALT
Fases da hepatite B crônica
Possibilidades de evolução a partir da soroconversão para anti-HBe:
- manutenção com portador inativo do HBsAg
- Reativação espontânea da hepatite B com reaparecimento de
atividade bioquímica e necroinflamátória
- Evolução para hepatite B crônica HBeAg negativo (Fase 4):
emergência de mutantes pre-core (1/3 portadores inativos)
Fase 4: Hepatite B crônica HBeAg (-): mutantes pre-core
Fase associada com a emergência de cepas
mutantes do HBV que se replicam mas não
expressam HBeAg
Achados histológicos de necroinflamação
hepática continuada
Nível de
HBV/DNA
Dosagem
ALT
Fase 4: Hepatite B crônica HBeAg (-):
mutantes pre-core
• Comparado com pacientes com hepatite
crônica HBeAg +, pacientes deste grupo são
geralmente:
– Sexo masculino
– Níveis de HBV DNA mais baixos
Mais velhos
Doença hepática mais avançada
Sugere que este estágio de HC represente uma etapa
final na história natural da infecção crônica pelo HBV
(25-40% tem cirrose)
Sequelas da infecção crônica pelo HBV
•
•
•
•
Carcinoma hepatocelular
Cirrose compensada
Cirrose descompensada
Outras complicações relacionadas a cirrose
(ascite, varizes esofagianas/gástricas,
encefalopatia e peritonite bacteriana)
Risco para ocorrência ao longo da vida
destas complicações é de 25-40% em
pacientes com hepatite B crônica
Estratégia terapêutica para pacientes com
infecção crônica pelo HBV
Indicação para tratamento
– Pacientes com hepatite B crônica HBeAg + ou – (estão
sob maior risco de progressão para doença hepática
avançada)
Objetivos da terapia antiviral
– Diminuição ou supressão da replicação viral (risco de
complicação está fortemente associado a viremia)
– Normalização da ALT
– Prevenção de cirrose e HCC
Estratégia terapêutica para pacientes com
infecção crônica pelo HBV
Opções terapêuticas
1. Interferon alfa (atividade antiviral e
imunomodulatória): 3X semana e Interferon alfa
peguilado: 1X semana
– Tratamento por tempo determinado
– Soroconversão para anti-HBe até 80%
– Perda HBsAg até 25%
2. Agentes antivirais (análogos ns ou nt): lamivudina,
adefovir, entecavir, telbivudina
– Terapia a longo prazo: objetivo de manter a remissão pelo
uso continuado de antivirais orais
– Problema: desenvolvimento de resistência viral
Resumo e conclusões
• O balanço dinâmico entre a replicação viral e a
resposta imune do hospedeiro desempenha um
papel central na infecção pelo HBV
• A infecção de adultos pelo HBV normalmente
resolve-se espontaneamente e em neonatos evolui
para a forma crônica
• Indivíduos com infecção crônica pelo HBV podem
se apresentam em duas das seguintes fases: (1)
estado de imunotolerância, (2) hepatite B crônica
HBeAg (+), (3) portador inativo de HBsAg, (4)
hepatite B crônica HBeAg (-)
Resumo e conclusões
• As fases de hepatite Crônica HBeAg (+) ou (-)
estão associadas com risco significativo de
progressão para cirrose
• Fatores de risco para desenvolvimento de cirrose e
HCC: nível de HBV DNA, status de HBeAg e
nível de ALT
• Pacientes com infecção crônica pelo HBV devem
ser acompanhados para identificar aqueles que
podem ser tratados e reconhecer a possibilidade de
risco de complicações.
Hepatite C
HCV
O Vírus da Hepatite C
Classificação
Família Flaviviridae
Gênero Hepacivirus
Partícula de 30-60 nm
Envelope: glicoptns E1 e E2
(regiões hipervariáveis)
RNA fs, 9600 bases
Genoma do HCV e proteínas
virais
Variabilidade genética do HCV
NS5B: RNA pol RNA dep:
não apresenta um sistema de
correção de erros
Alta produção viral por
dia (1012 PV)
O HCV, como outros vírus RNA, existe
tipicamente como quasispécies: uma coleção
de genomas relacionados mas não idênticos
Genótipos, subtipos e quasispecies do HCV
Seqüenciamento de amostras de HCV em várias partes do
mundo demonstrou uma grande variação na seqüência de
nucleotídeos, levando a sua classificação em 6 genótipos (1-6)
e mais de 70 subtipos (a-c).
Genótipos, Subtipos e quasispecies
Termo
Genótipo
Definição
Heterogeneidade entre
% homologia de nucleotídeos
66 a 69
diferentes vírus HCV
Subtipos:
Vírus estreitamente
77 a 80
relacionados dentro de
cada genótipo
Quasispecies
Complexa população de vírus
dentro de um mesmo indivíduo
91 a 99
Genótipos do HCV no Mundo
1a / 1b
4a
3a -f
6
4a - f
1a / 1b
5a
Genótipos 1-3: distribuição mundial – genótipo 1 40-80% casos
Genótipo 4: Oriente médio e Egito
Genótipo 5: África do Sul
Genótipo 6: Sudeste da Ásia
História natural da hepatite C
 Período de incubação: 3-12 semanas
 Infecção normalmente assintomática (75%)
 Aspecto clínico mais importante: alto índice de
progressão a cronicidade (70-80%)
 A infecção pelo HCV não induz uma imunidade
protetora. O vírus é raramente eliminado, apesar
da presença de anticorpos: escape viral por
mutações (região E2), natureza de quasispecies do
HCV
História Natural da
Infecção pelo HCV
Exposição ao HCV
85%
15%
Infecção
crônica
Cura
Eliminação viral:
resposta cel T
vigorosa e
persistente
Persistência viral:
resposta cel T fraca
e transitória
Progressão lenta
(10 – 30 anos)
Fatores hospedeiro: infecção
> 40-55 anos, sexo masc.,
coinfecção HIV, IMC alto,
esteatose hepática, álcool
20-30%
Cirrose
1-4% (ano)//an
HCC
(Transplante)
Mecanismos de sobrevivência do HCV no
hospedeiro
• A patogênese e o resultado de qualquer infecção
viral são significativamente influenciados pela
resposta imune do hospedeiro
• Como um dos poucos vírus RNA capazes de
causar infecção persistente no homem, o HCV
evoluiu ao longo dos séculos em uma relação
íntima com seu hospedeiro.
• Esta adaptação levou ao desenvolvimento de
diversos mecanismos de escape ou contra ataque
aos mecanismos antivirais inatos e adaptativos do
hospedeiro.
Mecanismos de sobrevivência do HCV no
hospedeiro
1. Estratégias defensivas
• Replicação em estruturas citoplasmáticas fechadas: proteção
RNA e concentração de fatores virais para replicação
• Diversidade genética: gerada pela ausência dos mecanismos de
correção na replicação (RNA pol). O genoma viral melhor
adaptado para uma dada intervenção antiviral é selecionado
(resistência ao tratamento)
• Associação do virion com lipoproteínas protetoras: proteção das
PVs da resposta imune do hospedeiro
Mecanismos de sobrevivência do HCV no
hospedeiro
1. Estratégias ofensivas
Incluem proteínas virais e outros fatores que
ocasionam os seguintes efeitos:
• Diminuem a capacidade celular de detectar vírus:
NS4A/B: inibe o transporte de mol MHC I para
superfície celular
• Diminuem a capacidade celular de responder ao
IFN e prejudicam os mecanismos virais de defesa
inata
... Como a célula se protege da invasão
de patógenos
Presença de sensores celulares para detecção
de patógenos chamados de receptores de
reconhecimento de patógenos (PRP)
Esses receptores reconhecem nos invasores
determinados componentes chamados de
padrões moleculares associados ao
patógeno (PAMP)
Em hepatócitos ...
Ex. receptores de reconhecimento:
RIG – I (RNA helicase)
TLR3 (receptor toll like)
Um exemplo clássico de padrão molecular
associado ao patógeno é o RNA de dupla
fita, formado na replicação de vírus RNA
Em resumo
Na célula
Sensores celulares
para
detecção de patógenos
Ex: receptor Toll like
Nos patógenos
Padrão molecular
associado ao patógeno
Ex: RNA fita dupla
Mecanismo de ação dos
Interferons  e 
Quando os sensores celulares detectam
invasores virais, como o HCV, eles ativam
cascatas de sinais que resultam na
transcrição de IFNs e outras citocinas que
atuam na defesa do hospedeiro
... Entretanto, o HCV apresenta estratégias de
interferir na sinalização para a produção de
IFN
O HCV tem uma enzima (protease NS3-4)
que bloqueia essa cascata de sinalização. O
HCV dificulta assim sua detecção e como
consequência a produção de IFN é
diminuída.
Vias de sinalização da resposta
imune inata interditadas pelo
HCV
A ligação do IFN na superfície celular induz
uma cascata de reações (JAK-STAT) que
leva a ativação de genes que codificam para
proteínas com ação antiviral
... Mas duas proteínas do HCV (NS5A e Core)
bloqueiam a sinalização JAK-STAT
Dentre as proteínas induzidas a partir do IFN
está a PKR (proteína cinase), que enzima
que impede a tradução do RNA mensageiro,
bloqueando a síntese proteica.
... Mas duas proteínas do HCV (NS5A e E2)
inibem a proteína PKR
Em suma ...
“O HCV apresenta uma capacidade
impressionante de persistir no hospedeiro.
Até o presente, o resultado do conflito entre
as defesas do hospedeiro e os mecanismos
de escape do HCV ainda favorece o vírus.”
Diagnóstico laboratorial da hepatite C
Diagnóstico inicial:
pesquisa de anti-HCV
(ELISA)
Em caso de anti-HCV
reativo: pesquisa de
HCV-RNA (RT-PCR)
Em caso de HCV-RNA
detectável: monitorar
ALT
Em caso de ALT
alterada: biópsia
hepática




Anticorpo inicialmente detectado
8-10 semanas após a infecção
Indica contato com o HCV:
infecção corrente ou passada
detectado desde 2 semanas após
infecção
permanece detectável na hepatite
C crônica

Marcador¨normalmente¨associado
com dano hepático

Diagnóstico histopatológico: grau
de inflamação e estágio de fibrose
Perfil Sorológico da Infecção Aguda por
HCV com recuperação
antiHCV
Sintomas +/-
Título
HCV RNA
ALT
Normal
0
1
2
3
Meses
4
5
6
1
2
3
Anos
Tempo após exposição
4
Perfil Sorológico da Infecção Aguda por HCV com
Progressão para Infecção Crônica
antiHCV
Sintomas +/-
Título
HCV RNA
ALT
Normal
0
1
2
3
Meses
4
5
6
1
2
3
Anos
Tempo pós-exposição
4
Como é feito o tratamento para hepatite C ?
Terapia antiviral combinada : IFN ou PEG-IFN + ribavirina
(1000-1200 mg/dia/oral)
A duração do tratamento depende do
genótipo viral:


genótipo 1: 12 meses
genótipos 2, 3: 6 meses
Tratamento para hepatite C
Objetivos
1. Negativar a carga viral (resposta virológica)
2. Melhora histológica (resposta bioquímica)
Acompanhamento laboratorial do tratamento:
1. Clínico e hematológico
2. Dosagem de ALT e pesquisa de HCV/RNA
Tipos de resposta viral ao tratamento:
1. Sustentada: HCV RNA negativo 6 meses após o fim da terapia
2. Com recidiva: HCV RNA negativo apenas durante o tratamento
3. Não respondedores: HCV RNA sempre positivo
Evolução da eficácia do tratamento para
hepatite C
Adição da
ribavirina
Desenvolvimento do
PegIFN
Taxa de resposta viral sustentada (RVS)
ao tratamento com PEG IFN
• Ge
• Genótipo 2 e 3: 70 –80%
• Genótipo 1: 42 – 45%
Tratamento na infecção aguda:
• Início após 8-12 semanas do quadro agudo
• > 90% RVS
Fatores preditivos de resposta ao
tratamento
Fatores associados com uma menor taxa de resposta
ao tratamento:
• Genótipo 1
• Afro americanos
• Níveis basais de HCV RNA > 800.000 UI/ml
• Sexo masculino
• Nível alto do IMC
• Fibrose avançada
Principais vias de transmissão do HCV
Transmissão parenteral
 Transfusão ou transplante a partir de doador infectado
 Uso de drogas injetáveis
 Hemodiálise (anos de tratamento)
Transmissão perinatal
 Nascimento de mãe infectada pelo HCV (até 5% risco)
Transmissão sexual
 Pouco frequente
Casos esporádicos
 Sem fator de risco identificável (até 20% dos casos)
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