Diario de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 08:05 Idosos são grupo de maior risco Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, das 96 mortes em investigação por arboviroses em 2016, 43 vitimaram pessoas idosas Os casos de dengue, zika e chikungunya se multiplicam e, em Pernambuco, já somam 54 mil notificações entre janeiro e março deste ano. Muitas são as dúvidas desse cenário, motivo de estudos científicos em todo o mundo, mas algumas certezas já podem ser percebidas pelas estatísticas. Idosos são o grupo com maior risco de adoecimento. Das 96 mortes em investigação por arboviroses em 2016, 43 delas ocorreram na faixa etária de 60 ou mais anos - inserida no grupo de risco para agravamento das infecções virais. Das 96 mortes investigadas pela Secretaria Estadual de Saúde, apenas uma está confirmada. Justamente de uma idosa de 88 anos, por chikungunya, no dia 21 de fevereiro. O caso aconteceu no Recife e reforça a necessidade de cuidados para essa faixa etária. O outro grupo com mais mortes suspeitas em dados absolutos é o da faixa etária que antecede a terceira idade, dos 40 aos 59 anos. São 29 casos. Somente a faixa entre 5 e 9 anos não tem registros. “A literatura ainda é muito pobre com relação à fisiopatologia, como é que os três vírus atuam de forma a determinar a gravidade em diferentes faixas etárias. O que a gente sabe é que o idoso tem uma reserva de saúde baixa, então sobretudo naqueles com outras doenças a infecção pode gerar descompensação, o que interfere nos óbitos”, explicou o diretor técnico do Instituto de Geriatria de Pernambuco e perceptor da residência médica de geriatria do Real Hospital Português, Sérgio Durão. Se considerada apenas a dengue, cujos dados são mais consolidados que os das outras duas arboviroses, a incidência de casos para idosos é de 61,6 a cada 100 mil habitantes. Para se ter um comparativo, o segundo lugar no ranking de incidência de dengue no estado é a população de 20 a 39 anos, cuja taxa é de 57,6 casos por 100 mil habitantes. O cálculo leva em consideração a população. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pernambuco tem uma população de um milhão de idosos, enquanto a de jovens entre 20 e 39 anos é de 3,1 milhões. A proporção de idosos doentes pode ser ainda maior. Isso porque nem sempre os idosos procuram as unidades de saúde. Dificuldade de locomoção e acesso, além da resistência de uma parte deles a buscar atendimento médico, são as causas apontadas pela secretaria para atrapalhar as notificações. “Dos 20 aos 39 anos estão as pessoas com idade mais produtiva. Elas procuram mais as unidades de saúde porque geralmente precisam de atestado médico, então é mais fácil notificar. Mas quando a gente avalia o número de casos por incidência, percebemos que a faixa etária extrema tem mais risco proporcional”, explicou a coordenadora de controle da dengue, chikungunya e zika da SES, Claudenice Pontes. Em relação à chikungunya, a maior parcela de casos confirmados, em número absoluto (70), está na população entre 20 e 39 anos. Mas, segundo Claudenice Pontes, a coleta de dados ainda está no início e muitas fichas de notificação ainda não trazem o campo da faixa etária preenchido. No caso do zika, ainda não é possível avaliar o risco de adoecimento por faixa etária da população, pois ainda não há números de casos confirmados laboratorialmente da doença. Diferentemente de crianças e adultos, para os idosos febre acima de 37,8°C significa a necessidade imediata de procurar ajuda médica. “Fui à emergência no mês passado, deram uma injeção e me mandaram para casa. Passei 16 dias sem conseguir comer. Um mês depois, voltei a me alimentar, mas as dores nas mãos e braços continuam”, contou a aposentada Augusta Albuquerque, 77 anos. Diario de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 08:05 Cuidados com mais velhos devem ser redobrados As notificações entre 2015 e 2016 nas pessoas com idade igual ou superior a 60 anos mostram que o perigo vem aumentando para essa parcela da população. Entre os dias 3 de janeiro e 12 de março passado, houve o registro de 4,6 mil casos de dengue em idosos em Pernambuco, contra 439 no mesmo período do ano anterior. O número de 2016 é dez vezes maior que o de 2015, ano recorde da doença em todo o Brasil. Das notificações até o dia 12, 648 receberam confirmação. Sete vezes mais que o mesmo período de 2015. De chikungunya, foram 1,6 mil notificados. E de zika 364. Médicos e autoridades de saúde apontam para a importância de alertar os idosos e as famílias para as medidas preventivas, como vem sendo feito com grávidas, porque com a explosão das outras enfermidades transmitidas pelo Aedes aegypti eles agora integram também os grupos de risco de zika e chikungunya. “A gente tem que ampliar a prevenção, porque neste momento se fala muito em gestante. Mas é preciso alertá-los para o uso de repelente. É uma faixa etária que está esquecida e sofre mais com as doenças pré-existentes”, afirmou a coordenadora de Controle da Dengue e Febre Chikungunya da SES, Claudenice Pontes. As dores provocadas pelo quadro de arboviroses podem aumentar a limitação, fazendo com que essas pessoas deixem de se alimentar, por exemplo. A situação é ainda mais preocupante se o idoso mora sozinho. A debilidade gerada pela infecção pode levá-lo ao leito. Diario de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 08:05 Crianças também são alvo de preocupação para médicos Elas não ocupam o topo do ranking da incidência de dengue em Pernambuco, nem mesmo o segundo lugar. Mesmo assim as crianças estão na outra extremidade do alerta máximo para as complicações advindas das arboviroses. Se o cuidado deve ser redobrado com pessoas acima de 60 anos, também precisa ser igualmente intenso na faixa etária infantil, sobretudo com menos de quatro anos. Sem sistema imunológico completamente formado, o quadro de infecção tem mais chances de agravar nessas crianças, podendo inclusive levar à morte. Entre os dias 3 de janeiro e 12 de março deste ano, os casos notificados de dengue entre menores de 4 anos cresceu quase 300% em Pernambuco. Entre os confirmados, o crescimento foi de aproximadamente 400%. Até o dia 12 deste mês, foram mais de 8,4 mil casos de arboviroses notificados nessa faixa etária, 15% do total de notificações. Pernambuco tem atualmente 750 confirmações de arboviroses entre os pequenos. Sentada na frente de casa, no bairro da Ilha do Retiro, a técnica de enfermagem Vanessa Oliveira, 24, ainda se recupera do susto de ver a filha entrar nas estatísticas. Há cerca de duas semanas, a pequena Heloísa Agatha, de 9 meses, começou a apresentar febre alta. A média de 39,2°C seguida durante dias levou o bebê para uma emergência. “Ela estava com dor de cabeça, plaquetas baixas e no quarto dia começou a apresentar manchas vermelhas”, contou Vanessa. Na casa delas, moradoras de um dos bairros mais incidentes em arboviroses do Recife, ninguém escapou de ficar doente. Nem a bisavó de Heloísa nem o irmão de Vanessa. A técnica de enfermagem se valeu dos conhecimentos de saúde para identificar a hora certa de levar a filha para o médico. Nem todos os pais têm esse privilégio. Por isso, a recomendação de especialistas é ficar atento aos sinais dados pela criança, como irritabilidade. Heloísa, por exemplo, não deixava nem a mãe pegar no corpo dela. “A criança, dependendo da idade, não consegue expressar o que está sentindo. Então, às vezes quando se percebe, a doença já está avançada. Se você trata a dengue hemorrágica, já está lidando com as consequências”, explicou o infectologista e coordenador de diagnóstico do Real Hospital Português Filipe Prohaska. Segundo o infectologista, as crianças tendem a ter febre sempre alta e, quando o caso está se agravando, costumam apresentar sinais de desidratação como não ingerir líquido, ter o olho fundo, as extremidades frias e pouca saliva. A melhor forma de evitar o quadro, pelo menos a curto prazo, de acorco com o médico, é combater os focos do mosquito Aedes aegypti. Além disso, mães e pais podem procurar repelentes adequados à faixa etária da criança e procurar vesti-los com roupas de mangas longas sempre que possível. Diario de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 08:05 As veias expostas da loucura nas ruas No Recife, 161 pessoas com transtornos mentais vagam pelas vias públicas. Problema se estende por outros municípios da região metropolitana Marcionila Teixeira Ela é Ana* moradora de rua com transtorno mental. Costuma apanhar objetos avistados no chão. Junta tudo. Principalmente as bonecas abandonadas, como ela. Tem três. No pulso, usa um relógio amarelo danificado que não lhe permite ver o passar das horas. É manhã de um dia quente e ela, 22 anos, dorme ao lado do companheiro, Francisco*, 55. Ana* é abandono, invisibilidade. Como ela, a Prefeitura do Recife calcula 161 pessoas com transtorno mental em situação de rua na capital pernambucana. O número representa 16% do total de pessoas em mendicância na cidade. Geralmente são indivíduos que foram rejeitados pelas famílias. Sem acompanhamento médico especializado, Ana* sobrevive entregue à própria sorte. Não usa medicação. Quando quer, ingere bebida alcoólica, geralmente cerveja, algo que pode comprometer ainda mais sua doença mental. “Já faz dez anos que estou sem casa, vivendo nas ruas. Conheci Ana* há oito anos pedindo dinheiro em Boa Viagem”, diz Francisco*. Ela era menor de idade e circulava sozinha. Segundo seu parceiro, sofria violência física do pai. O endereço do casal é a Rua Henrique Dias, no Derby, onde ele toma conta de carros estacionados. Mesma via do Memorial Dom Helder, conhecido como amigo dos pobres. A psicóloga Brena Leite, coordenadora do Consultório na Rua, serviço municipal especializado no atendimento médico do chamado povo de rua. Geralmente, conta Brena, essas pessoas têm tuberculose, hanseníase, além de feridas e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Identificados, os casos de transtorno mental são encaminhados para os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da capital. “É importante dizer que essas pessoas não podem ser retiradas das ruas como se fôssemos interná-las à força. Em muitos casos elas podem ser tratadas na própria rua. A regra é a mesma para toda pessoa com doença mental. A internação deve ser breve e em momentos de crise”. O atendimento também pode acontecer no Hospital Ulysses Pernambucano. João* tem nós nos cabelos impossíveis de pentear. Sua barba branca está crescida. As mãos, cobertas por sacos plásticos, têm unhas compridas e sujas. Seu corpo está sem banho há dias. Exala um cheiro forte de urina e suor. Aos 70 anos, circula sozinho há 48 anos nas imediações da Unicap. Desde então, sua condição de sobrevivência nunca mudou. Já foi cumprimentado por gerações de alunos, funcionários e dezenas de comerciantes do lugar. Apesar de seu grave estado de abandono, também é invisível para outros tantos. João* passa os dias varrendo trechos da via pública. Os sacos servem para pegar no dinheiro. Aos 16 anos, conta ter sido deixado pelo pai em um juizado do Recife porque era muito “fujão”. A violação dos direitos das pessoas com transtorno mental nas ruas tende a ser maior que a sofrida por outros moradores de rua. Valéria Monteiro, gerente de proteção social especial de média complexidade da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, diz que, dos 161 doentes, 57 estão em abrigos do Iasc. “Muitos são apenas suspeitos de terem o comprometimento mental, pois nem sempre conseguimos o diagnóstico dos médicos dos Caps por conta da demanda alta. E isso prejudica o tratamento e a garantia de direitos. Nos abrigos, vivem junto com outras pessoas exatamente para proporcionar a convivência. Na prática, temos grandes problemas, com abrigamentos sem êxito, já que as pessoas não são trabalhadas para respeitar essas diferenças”, pontua Valéria. As fugas sempre são registradas. Diario de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 08:05 Quinze anos após aprovação de lei, incertezas seguem Desde 2001, a Lei Antimanicomial (Lei 10.2016) busca o fim de um modelo baseado em asilamento e segregação em hospitais e o resgate da família das pessoas com transtorno mental. Com o fechamento de leitos psiquiátricos, muitos pacientes voltaram para casa e outros foram encaminhados para residências terapêuticas, onde ficam acolhidas no máximo nove pessoas cujo laço familiar não foi resgatado. “Infelizmente, no entanto, o abandono dessas pessoas é cultural”, destaca Valéria Monteiro. Mário* tem “cerca de” 50 anos e fala curta. Vez por outra, costuma conversar “em outra língua” palavras incompreensíveis. Os poucos dentes estão apodrecidos e a pele está escura em virtude do acúmulo de sujeira. Ele ri e posa para fotos. “Quem o ele é a gente mesmo. Nunca vi ação da prefeitura por aqui. Perto do final do ano, a vizinha dá banho, corta o cabelo e a barba”, conta Marinaldo Albuquerque, comerciante e morador do Janga, em Paulista. No bairro, conta, tem pelo menos mais três pessoas nas mesmas condições circulando nas ruas, sem qualquer atendimento médico. A Prefeitura de Paulista informou que existe abordagem a essas pessoas por parte de equipes da Secretaria de Políticas Sociais para posterior localização de familiares ou encaminhamento aos Caps. Em caso de orientação sobre como fazer para ajudar um morador de rua com transtorno mental, a população pode ligar para o Creas Centro (3437-2986, funciona de 2ª a 6ª, das 7h às 16h) ou para o Caps Teresa Noronha (34389893, com funcionamento 24 horas). (*) todos os nomes são fictícios Jornal do Commercio - PE 20/03/2016 - 08:17 Mais uma morte confirmada M ais uma morte em decorrência de chicungunha foi confirmada no Recife. O último boletim epidemiológico da Secretaria-Executiva de Vigilância à Saúde, divulgado anteontem, revelou que a vítima era uma mulher de 57 anos e o óbito foi registrado no dia 30 de janeiro. No dia 8 de março, a Prefeitura do Recife havia confirmado a primeira morte relacionada à arbovirose. No primeiro caso, a paciente tinha 88 anos e faleceu no dia 21 de fevereiro, em um hospital particular. Diante do dado, que acende sinal de alerta, o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, afirmou que haverá esta semana reforço no treinamento com as equipes de saúde para ajudar na identificação da doença. “Procuramos fazer uma capacitação com toda a equipe de saúde começando com equipe de saúde da família, mas também nas policlínicas que atendem urgência e emergência para poder entender melhor esses casos. A gente começou a capacitação há algum tempo, mas a partir do dia 23 temos agenda específica de treinamento focado no atendimento emergencial e no cuidado também com a dor crônica, sintoma de chicugunha”, explicou. “A prefeitura definiu um protocolo com aquisição emergencial de medicamentos para reforçar o atendimento e para que possamos dar mais atenção a esses pacientes”, acrescentou. “Será seguido um protocolo desenvolvido pela própria secretaria. O quadro clínico, no iní- cio, ainda não é claro, então é preciso investigar”, destacou a secretária-executiva de Vigilância à Saúde, Cristiane Penaforte. Segundo Penaforte, a segunda vítima de chicugunha morava no bairro de Água Fria, na Zona Norte, e havia dado entrada no hospital em 8 de janeiro. Ela faleceu no Hospital da Restauração. A idade da vítima foge um pouco ao perfil dos pacientes acometidos pela doença, que geralmente atinge crianças muito novas ou idosos. No Recife, a média é 74 anos e, em sua grande maioria, os pacientes tem histórico de doenças graves, como diabetes ou artrite reumatoide. Questionado sobre a segunda morte associada à arbovirose na capital, o prefeito Geraldo Julio disse que o Recife foi a primeira cidade do Brasil a fazer o plano completo de combate ao mosquito e apresentar ao Ministério da Saúde. “Nós mobilizamos a sociedade inteira. Todo mundo entrou nessa luta”, comentou, ontem, durante mutirão de combate ao mosquito, na comunidade de Cosme e Damião, na Várzea. Jornal do Commercio - PE 20/03/2016 - 08:17 Colômbia tem 10 mil grávidas com zika vírus O Instituto Nacional de Saúde da Colômbia informou que 10.319 mulheres grávidas foram notificadas com zika no país desde o início da fase endêmica da doença, em outubro. O total de pessoas notificadas com o vírus é de 46.556. Os números, divulgados ontem, constam no boletim epidemiológico da décima semana de 2016, que mostram um balanço da infecção pelo vírus da zika entre 6 e 12 de março. Em relação à semana anterior, de 28 de fevereiro a 5 de março, o número total de casos notificados saltou 3.767. Já entre as grávidas, foram relatados 808 novos casos O Departamento (Estado) da Colômbia que mais tem casos de zika relatado é o Norte de Santander, que faz fronteira com a Venezuela. Na região, foram notificados 7.550 casos entre outubro e 12 de março. Também é lá que há o maior número de grávidas com o vírus, 2.226 no período analisado. Folha de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 07:32 Gêmeos: outro desafio do zika a ser desvendado Cientistas creem que DNA poderá responder o que ocorre para a anomalia, às vezes, acometer apenas um dos bebês Cinquenta bebês com suspeita de microcefalia em Pernambuco nasceram de gravidez dupla ou tripla. As crianças foram fruto de 33 gestações de gêmeos e uma de trigêmeos. Desses, um caso já foi confirmado, sete foram descartados, mas 42 continuam em investigação para a malformação fetal devido a possível infecção pelo zika vírus quando ainda estavam no útero da mãe. Em alguns casos, os irmãos tiveram a anomalia congênita. Em outros não. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Por que os fetos da mesma mãe expostas ao vírus vêm apresentando quadros diferentes ao nascer? O que está acontecendo, uma vez que a regra conhecida em infecções hereditárias é o acometimento de ambos os fetos? São respostas que pesquisadores do Brasil liderados pela Universidade de São Paulo (USP) tentam desvendar. O grupo pretende vir a Pernambuco no fim deste mês coletar amostras genéticas desses irmãos e das mães. Em seguida, vai à Paraíba. A chave, acreditam os especialistas, pode estar no DNA. O grupo de investigação é liderado pela cientista Mayana Zatz, diretora do Centro Pesquisas do Genoma Humano e Células-tronco da USP e professora de genética Instituto de Biociências. Aqui em Pernambuco, a coordenação da pesquisa é professor e pesquisador do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o neurocientista João Ricardo Oliveira. de do do da de O médico explicou que a pesquisa compreende um estudo comparativo do material genético dos gêmeos quando ambos tiverem sido afetados e no caso em que apenas um teve a malformação. “Uma das metas é conhecer o que da vulnerabilidade genética é importante para fazer essa diferença. Com isso, poderemos entender porque uma mãe afetada pode ter um filho com a microcefalia e o outro não”, disse. Além das estratégias de enfrentamento à epidemia, destacou, é importante verificar fatores de predisposição ou de proteção genética na ocorrência da microcefalia. “A pesquisa pode responder o perfil de vulnerabilidade e de proteção àmanifestação da microcefalia após a infecção viral”, enfatizou. ANÁLISES A comparação do material genético dos irmãos, o que tem a malformação e o que não tem, pode ser avaliada de duas maneiras. Primeiro, pode-se procurar por um gene alvo, importante, por exemplo, para o desenvolvimento cerebral. Segundo, pode haver uma análise completa do genoma de cada uma das crianças e verificar o que há de diferença entre eles. João Ricardo acredita que duas hipóteses são mais fortes para explicar o acometimento dos fetos. “Você pode ter tanto uma interferência por aspectos hereditários do bebê ou da própria placenta. Talvez alguma peculiaridade na formação ou na estrutura da placenta possa ter causado a preservação de um bebê e o comprometimento do outro”, sugeriu. A infectologista do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), Ângela Rocha, comentou que o comportamento do zika nas gestações duplas ou triplas tem se mostrado atípico quando comparado a outras doenças infecciosas na gravidez, como a rubéola, a toxoplasmose e o citomegalovírus. Em geral, nessas outras infecções, ambas as crianças apresentam deformidades. Mais uma vez, a placenta pode ser a resposta. O que se observou preliminarmente em Pernambuco é que, entre aqueles gerados em placentas diferentes (chamados bivitelinos, ou não idênticos) um nasce com a anomalia outro não. Já nos idênticos, gerados em placenta única, a chances de os dois bebês nascerem com microcefalia é maior. “A fase da infecção da mãe é a mesma para os dois bebês, a carga do vírus na gestação também. Se são duas placentas, provavelmente uma delas pode ter sido mais eficiente que a outra. Mas isso não explicaria o caso de presença ausência de microcefalia entre os bebês univitelinos”, disse. Folha Resume: Pesquisadores no País buscam entender como a microcefalia relacionada ao zika age em gestação de gêmeos e trigêmeos. Em alguns casos um dos bebês desenvolve a malformação e o irmão não. A placenta pode ser chave do conhecimento. Já são 50 bebês notificados de gravidez gemelares em Pernambuco. Até agora apenas um caso teve a investigação para a microcefalia confirmada. Folha de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 07:32 Pais em busca de explicações “Não entendo porque apenas um deles teve esse problema. No início chorei muito. Mas agora tenho buscado forças em Deus e na troca de experiências com outras mães”, contou Cassiana da Silva, 29 anos, mãe dos gêmeos Melyssa e Edson Junior, hoje com dois meses de vida. A mãe teve manchas na pele no quarto mês de gestação, mas o quadro foi leve. Na época, a suspeita dela e do marido, Edson Miguel de Souza, 28, era que se tratava de dengue. O casal ficou sabendo da malformação após o nascimento dos gêmeos. “Durante a gravidez, não foi constatado nada. O que importa é que cresçam com saúde. Minha esposa sempre diz que quer vê-la crescer e se desenvolver. A culpa não é de ninguém. Há um propósito de Deus para tudo isso que estamos passando. Ela é um presente para nós”, afirmou o pai. A chegada dos gêmeos já mudaria de fato a rotina e as finanças do casal, uma vez que a família vive do salário de Edson, que trabalha como frentista e ganha cerca de R 800. E a notícia da microcefalia de Melyssa os preocupou. Vendo sua situação financeira, o frentista contou que hoje todos os exames são feitos no Recife, no Imip, onde eles nasceram. Mas o acompanhamento futuro é incerto. “Teremos que desembolsar valores altos que não teremos condições de arcar”, prevê. Folha de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 07:32 Subtipos da dengue pouco conhecidos Boletim do Governo Federal aponta que 18 estados e o DF não enviaram relatórios sobre subtipos do vírus Em meio ao avanço da dengue, o Ministério da Saúde e a maioria dos Estados desconhecem os sorotipos da doença em circulação na maior parte do País. O mais recente boletim do Governo Federal sobre a doença aponta que, até 6 de fevereiro, 18 estados e o Distrito Federal não haviam enviado informações sobre os subtipos do vírus. Esse dado é importante tanto para quem já teve dengue se tratar como para que os governos definam políticas públicas de combate à doença. Na primeira vez que uma pessoa é contaminada, fica imune àquele tipo, mas não aos demais. A cada infecção por um subtipo diferente, o risco de desenvolver formas mais graves, como a hemorrágica, aumenta em 12 vezes, explica o infectologista Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses. O Ministério da Saúde afirma que o envio dos dados dos estados à União não é obrigatório, mas importante para que se saiba a abrangência dos sorotipos. Os únicos oito estados que transmitem a informação são: Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraná e São Paulo. Nesses locais, o tipo 1 de dengue é o predominante, segundo o Ministério da Saúde. Das 145 amostras de isolamento viral consideradas positivas, 141 são desse tipo. O dado está longe do total de casos segundo o Ministério da Saúde, o país registrou em janeiro 170 mil casos ‘prováveis’ de dengue. Das unidades da federação que não enviam o dado, oito disseram não terem registros ou porque não houve análise ou porque ainda não receberam resultados. Alegam terem priorizado casos de zika, que vêm sendo associados à microcefalia, ou não terem estrutura nos municípios para o exame, que é mais sofisticado. Cinco Estados informaram os dados à reportagem. Segundo eles, também o tipo 1 da doença prevalece. Em 2015, das 9.429 amostras enviadas pelos Estados consideradas positivas, 94,1% eram do tipo 1 e 4,8%, do 4. “A sorotipagem é importante, pois a dengue segue sendo a mais letal das doenças transmitidas pelomosquito”, afirma Rodolfo Telarolli, docente de saúde pública da Unesp Araraquara. Em 2015, o país registrou o óbito de 863 pessoas em decorrência da dengue. Outros fatores citados como críticos para o combate à doença são os cortes de investimentos em 2015 e diagnóstico deficiente. “A falta de kits é seríssima, leva ao diagnóstico clínico e expõe a fragilidade da atenção às doenças. É preciso saber se é dengue mesmo, zika ou chikungunya. E, se for dengue, que sorotipo é”, diz Timerman. Diario de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 08:05 Segunda morte por vírus no Recife Nova vítima do chikungunya foi uma mulher de 54 anos moradora do bairro de Água Fria, que faleceu em janeiro Foi registrada a segunda morte por chikungunya no Recife. A vítima foi uma mulher de 54 anos, de nome não revelado, que morava no bairro de Água Fria, Zona Norte da capital. Ela faleceu no dia 30 de janeiro, mas apenas nesta semana a causa da morte foi confirmada pela Secretaria Executiva de vigilância do município. De acordo com o secretário de Saúde Jaílson Correia, existe a ciência de que a chikungunya é uma doença que pode causar a morte e o novo óbito “reforça toda a mensagem do controle do mosquito Aedes aegypti”. “Nós procuramos fazer uma capacitação com toda a equipe da saúde para saber manejar melhor os casos. A partir do dia 23 haverá uma agenda específica para isso. Também foi feito um protocolo para aquisição de medicamentos”, disse. O primeiro caso de morte por em decorrência de contágio com chikungunya foi registrado pela Prefeitura do Recife no dia 8 de março. Segundo a Secretaria de Vigilância à Saúde, até a 9ª Semana Epidemológica de 2016 foram notificados 24 óbitos com suspeita de dengue. Em cinco desses foi confirmado que o motivo da morte era outro. Neste sábado, o prefeito Geraldo Julio comandou um mutirão de combate ao Aedes aegypti com os moradores de Cosme e Damião, na Várzea. A comunidade foi contemplada com ações de prevenção à saúde e serviços de capinação e limpeza de galerias. O prefeito iniciou a maratona pelo bairro na Rua Marquês de Marialva, onde será construída uma praça, que era uma antiga reivindicação da população. Serão investidos R$ 150 mil na construção do equipamento. O prazo de conclusão da obra será de 90 dias. Diario de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 08:05 Eles conseguiram fazer a diferença Na segunda-feira será celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. O Diario revela o cotidiano de superação de três pernambucanos Aline Ramos Tímida no primeiro contato, Catarina Valéria Nóbrega, 24 anos, precisou ouvir um pouco da repórter para depois falar sobre ela. Afinal, não é para qualquer pessoa que Kate, como é carinhosamente chamada por sua família, abre seu coração e conta sua história. Após alguns minutos de uma conversa descontraída, ela esboçou um sorriso e falou de seus sonhos. Catarina é atriz e já encenou nove espetáculos teatrais com o grupo Integrart. Além disso, é rainha do grupo de maracatu Maracaarte. O que a torna diferente dos outros jovens? Ela nasceu com 21 cromossomos e, para alguns, seria incapaz de ter uma vida normal, já que tem síndrome de Down. Para a sua família, ela possui o cromossomo que os fez enxergar um novo mundo cheio de alegrias e desafios. “Kate é a personificação do que é afeto em minha vida. Para ela, eu sou a ‘irmã velha’. Na infância, eu e meu irmão vivemos muitos preconceitos por ela ser diferente, o que me tornou protetora. Nós temos uma relação muito boa de amizade. Ela sempre percebe quando eu estou triste ou feliz e me dá conselhos, e isso acaba me deixando mais leve”, conta Amanda Nóbrega, 27. Em dezembro de 2015, Kate foi pedida em casamento pelo seu então namorado, Felipe Rosa, 30, que também é ator e tem Down. “Meu maior sonho é casar com ele, ser mãe e criar meus filhos”, revela. “É pra vida toda. Porque a gente se ama”, enfatiza o noivo. Para Valéria Nóbrega, mãe de Catarina, este é o rumo natural da vida e apoia o relacionamento da filha. “Eu costumo dizer que assim como a poliomielite passou por mim na infância e deixou sequelas, a síndrome de Down passou por minha filha e deixou sua marca. Ela tem o direito de viver e de ser feliz”. Estudante do 5º período do curso de educação física, a universitária Priscila Mesquita, 24, se expressa bem com as palavras, já que além do horário das aulas ela dedica cerca de seis horas estudando em casa. “Mesmo tendo síndrome de Down, eu tenho uma vida como a de qualquer outra pessoa. Eu amo estudar e meu maior sonho é terminar a faculdade e seguir a carreira que escolhi”, enfatiza. Atualmente, Priscila é professora de zumba numa academia na Região Metropolitana do Recife. “Zumba é um ritmo que mistura salsa e merengue. Além da dança, eu dou orientações para os alunos de equilíbrio, força e flexibilidade”, explica. Quem vê o sorriso largo de Neomar Sobrinho, 44, não imagina que ele viveu tantas perdas em sua família. Foi na atuação que Neomar encontrou forças e descobriu um futuro instigante. “A síndrome não me impede de ser feliz. Quero ser ator profissional de teatro e casar quando tiver um trabalho fixo para manter minha família.” Diario de Pernambuco - PE 20/03/2016 - 08:05 Estudantes contra o Aedes aegypti Estudantes de Pernambuco têm se mobilizado para conscientizar suas famílias e a comunidade sobre as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Na segunda-feira, será a vez de alunos da rede municipal de Paulista fazerem uma caminhada. Com cartazes e faixas, os estudantes vão partir, às 8h30, da Escola Municipal Irmã Assunta, em Maria Farinha.