COMPORTAMENTO NÃO-NEWTONIANO ♦ Reo-fluidificação: a viscosidade diminui com o aumento da velocidade de deformação. Estável: a fluidificação é independente do tempo. Regressiva: a fluidificação diminui à medida que o tempo cresce. Progressiva: a fluidificação aumenta com o tempo. Tixotropia: fluidificação progressiva, totalmente recuperável após repouso prolongado. Tixotropia parcial: fluidificação progressiva, recuperável após repouso prolongado. parcialmente Reo-malaxe: reo-fluidificação progressiva irrecuperável. ♦ Reo-espessamento: a viscosidade aumenta com o aumento da velocidade de deformação. Estável: o espessamento é independente do tempo. Regressivo: o espessamento diminui à medida que o tempo evolui. Progressivo: o espessamento aumenta com o tempo Anti-tixotropia: espessamento progressivo, recuperável após repouso prolongado. Anti-tixotropia parcial: espessamento progressivo, parcialmente recuperável após repouso prolongado. Reopexia: reo-espessamento progressivo irrecuperável ; (solidificação de um sistema anti-tixotrópico, causada por um movimento suave e regular). ♦ Dilatância (reo-éctase): aumento de volume por acção de uma tensão de corte. Equações constitutivas para problemas de viscosimetria Não é indiferente considerar a viscosidade como dependendo explicitamente da velocidade de deformação ou da tensão. Em sistemas monofásicos tais como soluções poliméricas e fundidos poliméricos, produzem-se modificações da forma e orientação de macromoléculas, as quais cessam (relaxam) com o escoamento: nestes casos a viscosidade, é condicionada pelas modificações das funções de distribuição da orientação e/ou da forma das macromoléculas; o movimento de cada monómero é então condicionado pela velocidade local do fluido no ponto em que se encontra esse monómero. Nestas circunstâncias, é a distribuição de velocidades que condiciona a “estrutura” do líquido em escoamento, pelo que é vantajoso representar a viscosidade como dependente da velocidade de deformação. Em sistemas multifásicos, tais como dispersões, emulsões, etc., diversos parâmetros microstruturais da fase dispersa, tais como o tamanho (e a forma) das gotas, dependem fortemente do valor da tensão na interface. Nestas circunstâncias, é o valor local da tensão que condiciona a microstrutura do sistema, e faz todo o sentido representar a viscosidade em função da tensão de corte. Equação geral para a dependência da viscosidade da velocidade de deformação. σ = σ 0 .[1 − exp(− b.γ& )] + η ∞ .γ& + σ1 .λ.γ& (1−n ) a 1 + (λ.γ& )a [ ] (1) γ& é o gradiente de velocidade; num escoamento tangencial ou de corte é o dobro da velocidade de deformação; σ0 é a tensão de cedência, isto é, o valor mínimo da tensão de corte a partir da qual se realiza o escoamento; b é um coeficiente de atenuação introduzido por Papanastasiou para atenuar a descontinuidade na curva de escoamento σ versus γ& em fluidos que aparentem possuir tensão de cedência; η∞ é o valor assintótico da viscosidade para velocidades de deformação elevadas; por razões que têm a ver com o 2º Princípio da Termodinâmica, para que a produção de entropia seja finita, a viscosidade tem necessariamente que tender para zero quando a velocidade de deformação tender para infinito; η0 é a viscosidade limite, isto é, o limite para o qual tende a viscosidade quando a velocidade de deformação tende para zero; o seu valor é dado por η0 = η∞ + σ1.λ (2) −1 λ é o valor do gradiente de velocidade que marca a transição entre o patamar newtoniano para pequenas velocidades de deformação e a região de notório comportamento não-newtoniano; λ−1 pode ser considerado como marcando o limite superior do patamar newtoniano. A partir da expressão geral (1) podem considerar-se os seguintes tipos gerais de materiais: • Fluido com tensão de cedência nula: σ0 = 0 • Fluido com tensão de cedência não-nula: σ 0 ≠ 0 e 1/b = 0 • Fluido com pseudo-tensão de cedência: σ 0 ≠ 0 e 1/b > 0 σ0 = 0 1. Fluido com tensão de cedência nula: σ1 .λ.γ& σ1 .λ ≡ η 0 − η ∞ σ = η ∞ .γ& + (1− n ) a 1 + (λ.γ& )a [ 1.1. newtoniano: ] (λ.γ& ) << 1 σ ≅ η0 .γ& (η0 − η∞ ).γ& 1.2. não-newtoniano geral: (λ.γ& ) ≈ 1 σ = η∞ .γ& + 1.3. pseudo-lei de potência: (λ.γ& ) >> 1 σ = η ∞ .γ& + σ1.(λ.γ& )n [1 + (λ.γ& ) ]( a 1− n ) a 2. Fluido com tensão de cedência não-nula: σ 0 ≠ 0 e 1/b = 0 2.1. Plástico de Bingham: (λ.γ& ) << 1 2.2. Plástico generalizado: (λ.γ& ) ≈ 1 σ ≅ σ 0 + η0 .γ& σ = σ 0 + η∞ .γ& + 2.3. Plástico pseudo-lei de potência: (η0 − η∞ ).γ& [1 + (λ.γ& )a ](1−n ) a (λ.γ& ) >> 1 σ = σ 0 + η∞ .γ& + σ1.λ.γ& 3. Fluido com pseudo-tensão de cedência: σ 0 ≠ 0 e 1/b > 0 (λ.γ& ) << 1 σ ≅ σ 0 .[1 − exp(− b.γ& )] + η0 .γ& 3.1. Pseudo-plástico de Bingham: 3.2. Pseudo-plástico generalizado: (λ.γ& ) ≈ 1 σ = σ 0 .[1 − exp(− b.γ& )] + η ∞ .γ& + (η0 − η∞ ).γ& [1 + (λ.γ& ) ]( a 1− n ) a (λ.γ& ) >> 1 σ ≅ σ 0 .[1 − exp(− b.γ& )] + η∞ .γ& + σ1 .(λ.γ& )n 3.3. Pseudo-plástico em pseudo-lei de potência: 1. Fluido com tensão de cedência nula: σ 0 = 0 σ1 .λ ≡ η 0 − η ∞ η = η∞ + σ0 = 0 σ1 .λ (1−n ) a 1 + (λ.γ& )a [ ] (13) 1.1. Comportamento newtoniano: (λ.γ& ) << 1 σ ≅ η0 .γ& ⇒ η ≅ η0 (14) 1.2. Comportamento não-newtoniano: (λ.γ& ) ≈ 1 η = η∞ + (η0 − η∞ ) [1 + (λ.γ& ) ] a (1−n ) a (15) A equação (15) engloba os seguintes modelos: 1.2.1. Modelo de Cross [14] utilizado em escoamentos envolvendo fundidos e soluções poliméricas: η=η∞ + η0 − η∞ 1+ ( λ.γ& )a (16) 1.2.2. Modelo de Carreau [15] é uma generalização do modelo de Cross: η = η∞ + η0 − η∞ (1−n ) 2 1 + (λ.γ& )2 [ ] (17) 1.2.3. Modelo de Yasuda [16] é uma generalização do modelo anterior: η = η∞ + η0 − η∞ (1−n ) a 1 + (λ.γ& )a [ ] (18) 1.3. Comportamento em pseudo-lei de potência: (λ.γ& ) >> 1 σ1.λn = η 0 − η ∞ σ = η∞ .γ& + σ1.(λ.γ& )n (9) η = η ∞ + (η 0 − η ∞ ).γ& n −1 (19) As equações (9) ou (19) englobam os seguintes modelos: 1.3.1. Modelos com viscosidade assintótica nula : η∞ = 0 . 1.3.1.1. Fluido em lei de potência (Ostwald-de Waele) [17, 18] σ = σ1 .(λ.γ& )n (20) 1.3.1.2. Fluido em lei de potência truncada (Spriggs) [19] η = σ1 .λn = η0 γ& η = σ1 .λ . γ& 0 n ⇐ γ& < γ& 0 (21a) ⇐ γ& > γ& 0 = λ-1 (21b) (n −1) 1.3.2. Modelos com viscosidade assintótica não nula: η ∞ ≠ 0 1.3.2.1. Modelo de Sisko [20] σ = η∞ .γ& + σ1.(λ.γ& )n ( ) (22) η = η∞ + σ1.γ& −1 (23) η = η∞ + σ1 .λn .γ& (n −1) 1.3.2.2. Modelo de Bingham [13] fazendo n = 0, tem-se σ ≅ η∞ .γ& + σ1 2. Fluido com tensão de cedência não-nula : σ 0 ≠ 0 2.1. Plástico de Bingham [13]. (λ.γ& ) << 1 σ ≅ σ 0 + η∞ .γ& + σ1.λ.γ& = σ 0 + η0 .γ& (7) 2.2. Plástico generalizado: (λ.γ& ) ≈ 1 σ = σ0 + η∞ .γ& + σ = σ0 + η∞ .γ& + η= σ1.λ.γ& (1− n ) a 1 + (λ.γ& )a (8a) (η0 − η∞ ).γ& [1 + (λ.γ& )a ](1−n ) a (8b) [ ] σ0 (η0 − η∞ ) + η∞ + (1− n ) a γ& 1 + (λ.γ& )a [ ] (8c) 2.3. Plástico em pseudo-lei de potência: (λ.γ& ) >> 1 σ ≅ σ 0 + η∞ .γ& + σ1.(λ.γ& )n (9) 2.3.1. Modelos com viscosidade assintótica nula: η ∞ = 0 2.3.1.1. Modelo de Herschel-Bulkley [21] σ = σ 0 + σ1.(λ.γ& )n (24) 2.3.1.2. Modelo de Parzonka-Vocadlo [22] [ ] σ = σ 0n + σ1 .(λ.γ& ) 1n (25) 2.3.2. Modelos com viscosidade assintótica não-nula: η∞ ≠ 0 2.3.2.1. Modelo de Casson [23] usado em escoamentos de sistemas dispersos, sangue, ... .5 .5 σ 0.5 = σ 0Cass + η0Cass .γ& 0.5 (26) ou ( η= ) 0.5 .γ& 0.5 (27a) σCass + ηCass + (4.σCass .ηCass )0.5 .γ& −0.5 γ& (27b) σ = σ Cass + ηCass .γ& + 4.σ Cass .ηCass onde tensão de cedência de Casson: σCass viscosidade assintótica de Casson: η∞ = ηCass (28a) (28b) 3. Fluido com pseudo-tensão de cedência σ0 ≠ 0 e 1/b > 0 3.1. Pseudo-plástico de Bingham: (λ.γ& ) << 1 [η0 = viscosidade pseudo-plástica] σ ≅ σ0 .[1 − exp(− b.γ& )] + η∞ .γ& + σ1.λ.γ& (10a) σ ≅ σ 0 .[1 − exp(− b.γ& )] + η0 .γ& (10b) 3.2. Pseudo-plástico generalizado : (λ.γ& ) ≈ 1 σ = σ 0 .[1 − exp(− b.γ& )] + η∞ .γ& + σ = σ 0 .[1 − exp(− b.γ& )] + η∞ .γ& + σ1 .λ.γ& (1−n ) a 1 + (λ.γ& )a [ ] (η0 − η∞ ).γ& [1 + (λ.γ& ) ] a (1− n ) a (11a) (11b) 3.3. Pseudo-plástico em pseudo-lei de potência: (λ.γ& ) >> 1 . σ ≅ σ 0 .[1 − exp(− b.γ& )] + η ∞ .γ& + σ1 .(λ.γ& )n (12) 3.3.1. Modelos com viscosidade assintótica nula: η ∞ = 0 3.3.1.1. Modelo de Papanastasiou [12] σ = σ0 .[1 − exp(− a.γ& )] + (σ1.λ ).γ& (29a) σ0 .[1 − exp(− a.γ& )] + (σ1.λ ) γ& (29b) η= 3.3.1.2. Modelo de Papanastasiou-Herschel-Bulkley [12] σ = σ 0 .[1 − exp(− a.γ& )] + σ1 .(λ.γ& )n η= σ0 .[1 − exp(− a.γ& )] + (σ1.λ )( . λ.γ& )1− n γ& (30a) (30b) 3.3.2. Modelos com viscosidade assintótica não-nula: η∞ ≠ 0 3.3.2.1. Modelo de Papanastasiou-Casson [12] [ ( σ0.5 = σC . 1 − e −a .γ& )]0.5 + η0C.5.γ& 0.5 (31a) ou ( ) ( ) [ ( ) ]0.5.γ& 0.5 (31b) σ = σC . 1 − e− a.γ& + ηC .γ& + 4.σC . 1 − e −a .γ& .ηC η= [ ( ) ]0.5.γ& −0.5 (31c) σC . 1 − e − a.γ& + ηC + 4.σC . 1 − e − a.γ& .ηC γ& Se a viscosidade for considerada como explicitamente dependente da tensão de corte, podemos considerar a seguinte expressão geral: η = η∞ + σ1 .λ α σ (1−n ) α.n 1 + σ 1 (32) onde o significado das diferentes constantes é a seguinte: η∞ é a viscosidade assintótica para tensões de corte elevadas; por razões que têm a ver com o 2º Princípio da Termodinâmica, para que a produção de entropia seja finita, a viscosidade tem necessariamente que tender para zero quando a tensão tende para infinito; η0 é a viscosidade limite, isto é, o limite para o qual tende a viscosidade quando a tensão tender para zero; o seu valor é dado por η0 = η∞ + σ1.λ (33) σ1 é o valor da tensão que marca a transição entre o patamar newtoniano para pequenas velocidades de deformação e a região de notório comportamento não-newtoniano: tensão limite superior do patamar newtoniano. A partir da expressão geral (32) podem considerar-se os seguintes tipos de comportamento: 1. Comportamento pseudo-newtoniano. σ << σ1 η ≅ η∞ + σ1 .λ = η0 (34) 2. Comportamento não-newtoniano geral σ ≈ σ1 η = η∞ + σ1 .λ α σ (1−n ) α.n 1 + σ1 (32) 2.1. Viscosidade assintótica nula: η ∞ = 0 . 2.1.1. Modelo de Ellis [24] η= η0 σ 1 + σ1 (1 n −1) (35) 2.2. Viscosidade assintótica não-nula: η∞ ≠ 0 2.2.1. Modelo de Krieger [25], equivalente ao modelo de Ellis com n = ½ η = η∞ + η0 − η∞ σ 1 + σ1 (36) 2.2.2. Modelo de Meter η = η∞ + η0 − η∞ 1 n −1 σ 1 + σ1 (37) 3. Comportamento em pseudo-lei de potência 1−1 n σ >> σ1 σ η ≅ η∞ + σ1 .λ. σ1 (38) Como casos particulares da eq. (38) podem considerar-se os seguintes modelos: 3.1. Viscosidade assintótica nula: η ∞ = 0 . 3.1.1. Comportamento em lei de potência: η= σ11 n .λ.σ (n −1) n σ = σ1 .λ. σ1 (1−1 n ) (39) 3.2. Viscosidade assintótica não nula: η ∞ ≠ 0 3.2.1. Comportamento em pseudo-lei de potência (relativamente á tensão): σ η = η∞ + σ1 .λ. σ1 (1−1 n ) (100)