Corrosão e Protecção Docente: João Salvador Fernandes Lab. de Tecnologia Electroquímica Pavilhão de Minas, 2º Andar Ext. 1964 Introdução Definição de Corrosão “Deterioração de um material ou das suas propriedades devida a reacção com o meio envolvente” (NACE) João Salvador – IST 2006 Algumas definições entendem que “corrosão” tem que envolver uma reacção electroquímica (e um metal) Outras definições, mais abrangentes, poderão incluir todas as alterações induzidas pelo meio sobre os materiais ⇒ neste caso não só metais mas também polímeros, cerâmicos, pedra, madeira, ... e admitem também que, para além do próprio material, as suas propriedades podem deteriorar-se 2 Introdução Considerações Energéticas A corrosão resulta da tendência que os materiais têm em voltar ao seu estado de menor energia, que é o que se encontra naturalmente no seu minério de origem; A obtenção do metal faz-se à custa do fornecimento de energia (processos metalúrgicos) A tendência do metal será, pois, voltar ao estado original, i.e., à sua forma oxidada Composto + Energia João Salvador – IST 2006 Metalurgia Corrosão Metal 3 Introdução Custos devidos à corrosão Custos directos Custos de substituição de peças danificadas (incluindo energia e mão de obra) Custos de manutenção de sistemas de protecção (revestimentos, protecção catódica, ...) Custos indirectos Paralisações Perda de produto Perda de eficiência Contaminação de produtos Necessidade de sobredimensionamento dos projectos Outros custos João Salvador – IST 2006 Segurança de instalações, cuja falha pode resultar em perdas humanas (automóveis, aviões, pontes, tubagens, tanques, etc) Degradação de monumentos 4 Introdução Custos devidos à corrosão Em 1988, um Boeing 737-200 da Aloha Airlines perdeu parte da sua fuselagem durante o vôo, causando a morte de um tripulante João Salvador – IST 2006 5 Introdução Custos devidos à corrosão O acidente ocorrido em 1979 no reactor 2 de Three Mile Island teve origem numa fuga de fluido de arrefecimento que pode ter sido devida a corrosão sob tensão João Salvador – IST 2006 6 Introdução Custos devidos à corrosão Acidente de aviação devido a corrosão sob tensão: A 4 de Outubro de 1992, um avião de carga Boeing 747 da EL AL despenhou-se em Amsterdão, matando os 4 tripulantes e ainda mais de 50 pessoas no solo. A causa do acidente foi a ejecção dos motores 3 e 4, situados na asa direita, com a consequente perda de controlo da aeronave. A causa para a separação do motor nº 3 foi a quebra de um pino. Este pino destinava-se a partir-se em situações de emergência, em caso de bloqueio do motor durante o vôo. Contudo, devido a corrosão sob tensão, o pino partiu-se sem motivo aparente. Por seu lado, a ejecção do motor 3 arrastou consigo o motor 4. João Salvador – IST 2006 7 Introdução Custos devidos à corrosão A Estátua da Liberdade está exposta à atmosfera marítima, ficando sujeita a vários tipos de corrosão (em particular corrosão galvânica do aço estrutural em contacto com o cobre do revestimento externo. O seu restauro, realizado nos anos 80, levou 5 meses a concluir e custou US$ 780 000. João Salvador – IST 2006 8 Introdução Custos anuais da corrosão estimativa em 1998 (3.1% do PNB) P A ÍS PN B – 1998 (b iliõ e s d e d ó la re s ) CUSTO DA CORROSÃO (m ilh õ e s d e d ó la re s ) E .U .A . 8 790 276 000 Japão 3 940 122 100 A le m a n h a 2 150 66 650 F ra n ç a 1 450 45 000 In g la te rra 1 410 43 700 P o rtu g a l 111 3 441 (6 9 0 m ilh õ e s d e c o n to s ) o custo anual devido a desastres naturais nos EUA é de aprox. 17 biliões de US$ o custo anual per capita da corrosão nos EUA é de $970/pessoa/ano estima-se que a quantidade de ferro destruída, anualmente, devido à corrosão, equivale a 25%-30% da produção anual de ferro. João Salvador – IST 2006 9 Introdução Muitas das perdas por corrosão podem ser evitadas Um bom projecto e controlo reduzir os custos da corrosão (trabalhos do engenheiro) podem Durante as últimas décadas, muitas medidas foram desenvolvidas para minorar os efeitos da corrosão Ainda há muito para fazer, tanto ao nível do desenvolvimento científico e tecnológico como das práticas de gestão industrial Os custos da corrosão nunca serão completamente eliminados, mas ainda é possível uma redução de 25 a 30% dos custos anuais. Consultar http://www.corrosioncost.com João Salvador – IST 2006 10 Introdução Usos benéficos da corrosão A Estátua da Imperatriz Sissi, no Funchal, da autoria do Mestre Lagoa Henriques, tira partido da corrosão como meio de acentuar o contraste entre o vestido (onde se observa uma patina azulada) e a pele (onde se conserva a cor natural do bronze). João Salvador – IST 2006 11 Introdução Usos benéficos da corrosão Um anuncio da Audi ao seu modelo A2, com carroçaria em alumínio, tira partido da elevada resistência à corrosão deste material, comparada com a resistencia do aço. João Salvador – IST 2006 12 Fundamentos da Corrosão Princípios de Electroquímica Quando se imerge uma placa de zinco numa solução ácida, ocorre o seguinte processo: Esta reacção pode ser traduzida pela seguinte equação química global: Zn + 2 H+ → Zn2+ + H2 Pode também ser escrita sob a forma de duas semi-reacções: Zn → Zn2+ + 2e − 2H+ + 2e − → H2 João Salvador – IST 2006 14 Princípios de Electroquímica A reacção Zn → Zn2+ + 2 e- é uma reacção de oxidação: Oxidação é uma reacção onde uma espécie química perde electrões O estado de oxidação dessa espécie aumenta (torna-se mais positivo) O eléctrodo onde se dá uma oxidação é o ânodo A reacção 2 H+ + 2 e- → H2 é uma reacção de redução: Redução é uma reacção onde uma espécie química ganha electrões O estado de oxidação dessa espécie diminui O eléctrodo onde se dá uma redução é o cátodo João Salvador – IST 2006 15 Princípios de Electroquímica a cada um dos equilíbrios correspondem potenciais (ou tensões) de eléctrodo por convenção, atribuiu-se o valor zero ao potencial do eléctrodo normal (padrão) de hidrogénio (pH2=1 atm, aH+=1 ião-grama.l-1, T=25°C) os potenciais dos outros referidos em relação ao ENH sistemas são P O T E N C IA IS E L E C T R O Q U ÍM IC O S PADRÃO Au / Au Pt / Pt 3+ 2+ + 1 ,2 29 V Ag / Ag+ + 0 ,7 99 V - OH / O2 Cu / Cu 2+ + H2 / H o potencial é tanto mais alto quanto mais nobre for o metal (mais difícil de oxidar) + 0 ,3 37 V ± 0 ,00 V 2+ - 0 ,1 26 V Sn / Sn 2+ - 0 ,1 36 V 3+ - 0 ,2 00 V 2+ - 0 ,2 50 V Co / Co 2+ - 0 ,2 77 V Cd / Cd 2+ - 0 ,4 03 V Fe / Fe 2+ - 0 ,4 40 V Cr / Cr 3+ - 0 ,7 40 V 2+ - 0 ,7 63 V Zn / Zn Ti / Ti 2+ - 1 ,6 3 V 3+ - 1 ,6 6 V Al / Al Mg / Mg João Salvador – IST 2006 + 0 ,4 01 V Pb / Pb Ni / Ni as tabelas de potenciais padrão de eléctrodo (potenciais normais a 25°C) são normalmente chamadas Séries Electroquímicas + 1 ,2 0 V H 2O / O 2 Mo / Mo + 1 ,5 0 V 2+ - 2 ,3 7 V 16 Princípios de Electroquímica As condições de medida de um potencial padrão raramente se verificam: actividades das espécies iónicas não são unitárias temperatura diferente de 25°C existem impurezas nos metais os metais podem ser portadores de um eléctrodo gasoso pode formar-se uma camada de óxido ... Em Corrosão, as Séries Electroquímicas (padrão) são encaradas com alguma reserva Opta-se por obter tabelas de potenciais dos metais em meios específicos (potenciais galvânicos) ⇒ séries galvânicas Os potenciais galvânicos são diferentes dos potenciais padrão, podendo mesmo haver inversão nas posições relativas dos metais na série João Salvador – IST 2006 17 Princípios de Electroquímica Série Electroquímica Padrão versus Série Galvânica (em solução de NaCl a 3%) (potenciais relativos ao ENH) POTENCIAIS ELECTROQUÍMICOS PADRÃO 2+ (em solução de NaCl 3%) Pt / Pt + 1,20 V Pt + 0,47 V Ag / Ag+ + 0,799 V Ti + 0,37 V 2+ + 0,337 V Cr + 0,23 V 2+ - 0,126 V Ag + 0,20 V 2+ - 0,136 V Cu + 0,05 V - 0,250 V Ni - 0,02 V 2+ - 0,403 V Sn - 0,25 V 2+ - 0,440 V Pb - 0,26 V 3+ - 0,740 V Fe - 0,50 V 2+ - 0,763 V Cd - 0,52 V 2+ - 1,63 V Al - 0,63 V 3+ - 1,66 V Zn - 0,83 V - 2,37 V Mg - 1,45 V Cu / Cu Pb / Pb Sn / Sn 2+ Ni / Ni Cd / Cd Fe / Fe Cr / Cr Zn / Zn Ti / Ti Al / Al 2+ Mg / Mg João Salvador – IST 2006 POTENCIAIS GALVANICOS 18 Processos num sistema em corrosão O conjunto dos dois eléctrodos forma uma célula electroquímica ⇒ célula de corrosão João Salvador – IST 2006 19 Processos num sistema em corrosão Um processo de corrosão pode decompôr-se em: a) Processo anódico (oxidação) b) Processo de transporte de electrões e transporte de iões c) Processo catódico (redução) Então: João Salvador – IST 2006 Um metal só se corrói (dissolução anódica) se simultaneamente houver um processo catódico com potencial superior ao do eléctrodo metálico Por exemplo: em água pura, sem oxigénio, apenas se corroem os metais cujo potencial é inferior ao potencial do eléctrodo de hidrogénio 20 Teoria das células locais Célula constituída por dois metais: o metal de menor potencial (menos nobre) funciona como ânodo o metal de maior potencial (mais nobre) funciona como cátodo ou como portador do cátodo Exemplo: cobre e zinco Zn ⎯→ Zn2+ + 2 e- Ânodo Cu2+ + 2e- ⎯→ Cu 2 H+ + 2e- ⎯→ H2 Cátodo O2 + 2 H2O + 4e- ⎯→ 4 OHJoão Salvador – IST 2006 21 Teoria das células locais Exemplo: cobre e zinco (em meio ácido) João Salvador – IST 2006 22 Teoria das células locais Exemplo: cobre e zinco (em solução com iões Cu2+) I Zn2+ Dissolução do zinco Zn Ânodo João Salvador – IST 2006 e- Cu2+ Cu Deposição do cobre Cátodo 23 Teoria das células locais Célula constituída por um só metal: os ânodos e os cátodos encontram-se, lado a lado, sobre o mesmo metal a superfície, sendo heterogénea, permite o estabelecimento de zonas diferentes: zonas mais nobres ⇒ cátodos zonas menos nobres ⇒ ânodos Células de corrosão = Células Locais as heterogeneidades podem dever-se a: processo de fabrico: composição (limites de grão), laminagem, ... ligas (diferentes fases) manuseamento: mãos, utensílios,... acção do meio: armazenamento, radiações, ... Teoria das Células Locais ⇐ Delarive João Salvador – IST 2006 24 Teoria das células locais Zn2+ H+ Dissolução do zinco Libertação de H2 Ânodo João Salvador – IST 2006 Impurezas de Cu (cátodos) 25 Teoria dos Potenciais Mistos Ânodos e cátodos locais Infinitamente pequenos Distribuídos uniformemente na superfície Mudam de posição ao longo do tempo João Salvador – IST 2006 26 Corrosão Uniforme e Corrosão Localizada Corrosão Uniforme Nas condições anteriores, com ânodos e cátodos: que são muito pequenos estão distribuídos uniformemente na superfície variam de posição no decurso do processo Corrosão localizada Células de corrosão fixas dissolução anódica sempre nos mesmos locais processo de redução sempre nos mesmos locais João Salvador – IST 2006 27 Corrosão Uniforme e Corrosão Localizada Corrosão Uniforme Superfície homogénea João Salvador – IST 2006 Ânodos e cátodos dispersos e alternam posições Corrosão Localizada Cátodo fixo Ânodo fixo Superfície heterogénea 28 Corrosão Uniforme vs Corrosão Localizada CORROSÃO UNIFORME em princípio, poderia levar à falha da estrutura por diminuição de espessura dado que é facilmente detectada (e que deteriora a aparência das peças), estas são normalmente reparadas antes de haver riscos estruturais a vida do equipamento pode ser estimada com base em medidas simples (mm/ano, mg/dia/dm2) João Salvador – IST 2006 CORROSÃO LOCALIZADA difícil de detectar as suas consequências difíceis de prever são devido à relação entre áreas (anódicas e catódicas) a velocidade de corrosão no ponto atacado pode ser muito elevada MUITO MAIS PERIGOSA 29 Diagramas de Equilíbrio E-pH (Pourbaix) Comportamento de um metal em meio aquoso Actividade (ou dissolução ou corrosão), quando um metal se encontra nas condições correspondentes à estabilidade dos seus iões simples ou complexos. Imunidade, quando um metal se encontra nas correspondentes à sua estabilidade termodinâmica Passividade, é o estado em que o metal não sofre praticamente corrosão, por se encontrar recoberto por um filme (no entanto não se encontra no estado de imunidade). João Salvador – IST 2006 condições A sua tensão é sempre mais nobre do que a do metal imune. Um metal passivo pode ainda dissolver-se, se bem que muito lentamente (corrosão passiva), tudo dependendo das características condutoras das películas passivas. 30 Diagramas de Equilíbrio E-pH (Pourbaix) Ferro João Salvador – IST 2006 31 Determinação de Velocidades de Corrosão Velocidades de Corrosão Perda de massa ∆m ⇒ mdd (mg.dm-2.dia-1) Diminuição da espessura do material ∆e ⇒ mm/ano Tem-se: João Salvador – IST 2006 ∆e ∆m A.∆t = ∆t densidade 32 Determinação de Velocidades de Corrosão Ensaios de Exposição Natural Ensaios Acelerados Ensaios Electroquímicos João Salvador – IST 2006 33 Determinação de Velocidades de Corrosão Ensaios de Exposição Natural Morosos Fornecem valores médios Inconclusivos se houver formação de produtos sólidos João Salvador – IST 2006 34 Determinação de Velocidades de Corrosão Ensaios Acelerados Maior rapidez Modificação dos mecanismos João Salvador – IST 2006 35 Determinação de Velocidades de Corrosão Ensaios Electroquímicos Equação de Faraday ∆m = Icorr M ∆t nF Icorr <> A (Ampere) ≡ C.s-1 F (cte de Faraday) = 96500 C mole-1 (carga de uma mole de electrões) M.A.∆t ∆m = i corr nF r = ∆m ∆t .A = i corr M nF mdd <> mg dia-1 dm-2 r'= r ρ = ∆m ∆t A ρ mm ano-1 Medidas rápidas Dificuldades em reproduzir condições João Salvador – IST 2006 36 Tipos de Corrosão Corrosão Uniforme também chamada generalizada corrosão traduz-se num ataque uniforme ao metal, que pode perder o seu brilho e tornar-se rugoso pode ser explicada pela teoria dos potenciais mistos João Salvador – IST 2006 38 Corrosão por Picadas é uma forma localizada de corrosão origina picadas com uma área pequena e que podem atingir uma profundidade considerável a corrosão por picadas verifica-se em metais passivos, na presença certos iões agressivos (principalmente os cloretos) entre os metais mais expostos, situam-se os aços inoxidáveis, o alumínio (e suas ligas) e o ferro João Salvador – IST 2006 39 Corrosão por Picadas a corrosão por picadas verifica-se em metais passivos, na presença certos iões agressivos entre os metais mais expostos, situam-se os aços inoxidáveis, o alumínio (e suas ligas) e o ferro os iões agressivos mais frequentes são os cloretos, mas também outros halogenetos (e ClO4-, p.ex) a ocorrência de corrosão por picadas envolve a existência de um filme protector e de iões agressivos João Salvador – IST 2006 40 Corrosão por Picadas Medidas Preventivas Deve escolher-se um material conhecido por não sofrer corrosão por picadas no meio de serviço. De entre os aços inoxidáveis, uns são mais resistentes à corrosão por picadas do que outros: O aço 316 pode, por vezes, ser usado em água do mar, ao contrário do 304 De uma forma genérica Resistência às picadas Da adição de 2% de Mo ao aço inox 18-8 (Tipo 304) resulta o aço 18-8Mo (Tipo 316), muito mais resistente às picadas João Salvador – IST 2006 Aço inox 304 Aço inox 316 Hastelloy (Ni/Cr), Nionel (Ni/Cr/Fe), Aços inox superausteníticos (20Cr-18Ni-6Mo-0.2Ni). Aços inox superferríticos (30Cr-4Mo) Titânio 41 Corrosão Intersticial é também uma forma de corrosão localizada ocorre em áreas protegidas (cobertas) é associada à existência de zonas com pequenos volumes de solução estagnada, cuja renovação e oxigenação é difícil João Salvador – IST 2006 42 Corrosão Intersticial semelhanças com a corrosão por picadas: diferenças picadas: ambas envolvem o estado passivo em ambos os casos existe um passo de iniciação e outro de propagação João Salvador – IST 2006 face à corrosão por na corrosão intersticial não é necessária a presença de aniões agressivos, embora eles a acelerem pode ocorrer em vários meios (cloretos, sulfatos, nitratos,...) a corrosão intersticial dá-se mais facilmente do que a corrosão por picadas ⇒ a activação para a corrosão intersticial necessita de um potencial inferior ao Er das picadas de um ponto de vista de engenharia, a corrosão intersticial de aços inoxidáveis em água do mar é mais importante do que a corrosão por picadas 43 Corrosão Intersticial Medidas Preventivas Evitar a ocorrência de interstícios nas juntas de materiais: utilizar soldaduras contínuas em vez de rebites ou parafusos Tapar os interstícios através de sobreposição de material (solda,...) Inspeccionar os equipamentos e remover depósitos que possam criar interstícios Remover sólidos em suspensão que possam criar esses depósitos Utilizar revestimentos adequados Projectar o equipamento de modo a não criar zonas propícias à acumulação de líquidos estagnados Proceder a uma correcta selecção de materiais: Ex: de entre os aços inoxidáveis, os 316 e 316L (contendo Mo) apresentam uma maior resistência à corrosão intersticial (mas a ser atacados...) João Salvador – IST continuam 2006 44 Corrosão Galvânica Corrosão Galvânica Quando dois metais diferentes, na presença de um electrólito, são postos em contacto, a diferença de potenciais entre eles dá origem à passagem de uma corrente eléctrica: O metal de potencial mais baixo funcionará como ânodo, corroendo-se O metal de potencial mais elevado torna-se cátodo A corrosão galvânica pode ser reconhecida pela ocorrência de corrosão nas juntas entre metais diferentes. A razão entre área anódica e catódica é muito importante (ex: nunca usar rebites de aço em cobre) João Salvador – IST 2006 45 Corrosão Galvânica O efeito da corrosão galvânica é maior na zona de contacto entre os metais Quanto maior a resistência das soluções, maior o grau de localização Como já foi visto, a relação entre áreas é de grande importância: S IA = IC ⇒ i A .S A = iC .S C ⇒ i A = iC C SA Situações com SC/SA>>1 são perigosas, pois concentram a corrosão em áreas reduzidas Situações com SC/SA<<1 são favoráveis, pois a corrosão espalha-se por uma área anódica elevada Por ex., na utilização de rebites é fundamental que estes sejam mais nobres que o material base (ex: nunca usar rebites de aço em cobre) João Salvador – IST 2006 46 Corrosão Galvânica Medidas Preventivas Usar combinação de metais semelhantes (em termos de série galvânica) Evitar relações desfavoráveis entre áreas catódicas e anódicas ⇒ devem usar-se cátodos pequenos e ânodos grandes Se possível, evitar o contacto, colocando um isolante entre os dois metais Aplicar revestimentos; conservá-los em bom estado, sobretudo os que revestem o ânodo Evitar rebites e parafusos ⇒ substituir por soldaduras com soldas nobres O metal menos nobre deve ser o mais fácil de substituir (ou ter espessura extra) Usar protecção João Salvador – IST 2006 ambos os metais catódica, protegendo 47 Corrosão Selectiva Corrosão Selectiva Consiste na dissolução preferencial de um elemento constituinte de uma liga O caso mais comum é a corrosão selectiva do latão (liga de Cu e Zn) Processos similares podem ocorrer noutras ligas, com remoção selectiva de alumínio, ferro, cobalto, crómio, etc. O uso da designação genérica “Corrosão Selectiva” evita a criação de um novo nome para cada caso (dezincificação, desaluminização, descobaltização, !!!) João Salvador – IST 2006 48 Corrosão Selectiva Corrosão Selectiva do Latão O latão é uma liga de cor amarela, com aproximadamente 30% de zinco e 70% de cobre Na corrosão selectiva do latão, o zinco é corroído preferencialmente, deixando o material frágil e poroso. É facilmente detectada pelo aparecimento da coloração vermelha típica do cobre que contrasta com o amarelo do latão. Pode dar-se de forma uniforme (generalizada) ou localizada João Salvador – IST 2006 49 Corrosão Selectiva Corrosão Selectiva Uniforme do Latão É o tipo mais comum em latões com alto teor em zinco (>35%) ou em meios ácidos João Salvador – IST 2006 50 Corrosão Selectiva Corrosão Selectiva Localizada do Latão No inglês plug-type Predomina em latões com baixo teor em zinco ou em meios neutros ou básicos Na figura ao lado, as zonas afectadas ficaram mais escuras, enquanto que o resto do tubo se mantém em relativo bom estado João Salvador – IST 2006 51 Corrosão Selectiva Medidas Preventivas Redução da agressividade do meio (ex: remoção do oxigénio) Protecção catódica (quando é técnica ou economicamente viável) Utilização de ligas menos susceptíveis: latão vermelho (~15% Zn) cuproníqueis (70-90% Cu, 30-10% Ni) Adição de certos elementos de liga, como arsénio, antimónio ou fósforo que actuam como inibidores, redepositando-se na liga sob a forma de um filme (ex: 70Cu-29Zn-1Sn-0.04As – Admiralty arsenical) João Salvador – IST 2006 52 Corrosão Selectiva Uso Benéfico da Corrosão Selectiva O enriquecimento em Cr do filme passivo nos aços inoxidáveis é benéfico Também dar-se o enriquecimento em Si nos filmes passivos dos aços inoxidáveis ⇒ maior resistência à corrosão por picadas A dissolução selectiva pode ser usada para enriquecer em Ir a superfície de uma liga Ti-Ir: Os óxidos de Ir são usados como eléctrodos estimuladores A presença de Ti é necessária para assegurar a resistência mecânica do material Os óxidos de Ti não permitiriam acumular carga suficiente para as funções de estimulação João Salvador – IST 2006 53 Corrosão sob Solicitações Mecânicas Corrosão sob Solicitações Mecânicas Certas propriedades dos metais e ligas (ductilidade, resistência à tracção, etc) são praticamente insensíveis ao meio Paralelamente, certos fenómenos de corrosão (corrosão galvânica, corrosão por picadas,...) são insensíveis às solicitações mecânicas Por exemplo, é possível especificar a resistência à tracção sem referência ao meio de trabalho Por exemplo, é possível especificar a velocidade de corrosão de um aço sem referência às tensões aplicadas a esse metal Há, no entanto, outros casos em que a existe uma forte interacção entre o meio corrosivo, a tensão e os seus efeitos em termos de ataque por corrosão ⇒ fala-se, então, de corrosão sob solicitações mecânicas (no inglês environmentaly induced cracking) João Salvador – IST 2006 54 Corrosão sob Solicitações Mecânicas Corrosão sob Solicitações Mecânicas Corrosão sob tensão Corrosão sob fadiga Corrosão com fricção Corrosão-Erosão Corrosão-Cavitação Fragilização pelo hidrogénio João Salvador – IST 2006 55 Corrosão Biológica Corrosão Biológica Consiste na deterioração de um metal por processos de corrosão que resultam, directa ou indirectamente, da actividade de organismos vivos. Estes organismos podem ser microorganismos (como bactérias) ou macroorganismos (como algas ou fungos) Os organismos vivos podem viver numa grande variedade de meios (pH de 0 a 11, temperaturas de 5°C a 70°C, pressões até 100 MPa ⇒ a corrosão biológica pode verificar-se em inúmeras situações São as reacções químicas que intervêm no metabolismo dos organismos que podem afectar os processos de corrosão: Afectando directamente as reacções anódicas ou catódicas Alterando os filmes protectores Criando condições (meios) de alta corrosividade Produzindo depósitos A corrosão biológica não é, em si, um tipo de corrosão, mas o que a caracteriza é a intervenção de organismos vivos João Salvador – IST 2006 56 Corrosão dos Polímeros Corrosão dos Polímeros Os polímeros não se corroem como os metais: Contudo, na definição mais abrangente de “Corrosão = degradação por acção do meio”, pode incluir-se a degradação dos polímeros. Os plásticos podem ser sujeitos a corrosão sob tensão: São degradados por inchamento, perda das propriedades mecânicas, amaciamento, endurecimento, descoloração,... O agente químico ou a tensão não poderiam, separadamente, causar a degradação do polímero, mas conseguem-no se conjugados; Exemplos deste ataque são o poliestireno, o perspex (polimetacrilato de metilo) ou o polietileno, em meios como os ácidos oxidantes, solventes orgânicos, etc. Os elastómeros podem perder as suas propriedades por acção do meio, como é o caso da fragilização da borracha devido ao ozono. João Salvador – IST 2006 57 Corrosão dos Polímeros Corrosão dos Polímeros (cont.) Um caso particular e muito importante de degradação de polímeros é a degradação por ultravioleta: ultravioleta A radiação ultravioleta representa 4% da radiação natural do Sol; A energia da luz ultravioleta é suficiente para quebrar alguns dos principais tipos de ligações presentes nos polímeros (C-N, C-C, C-O, N-H e C-H); Embora apenas um pequeno número de ligações sejam quebradas e numa profundidade reduzida (0.5 mm), os seus efeitos fazem-se sentir nas propriedades mecânicas, físicas e químicas do polímero. Pode evitar-se este tipo de corrosão: Através da utilização de revestimentos poliméricos (vida limitada); Adição ao polímero de antioxidantes (consomem o O2 que intervém na reacção de degradação); Adição de absorventes de ultravioletas: como o nome indica, absorvem radiação ultravioleta e libertam-na (através de fluorescência ou fosforescência) sob a forma de radiação de menor energia (visível ou infravermelhos), insuficiente para a quebra das ligações químicas. João Salvador – IST 2006 58 Prevenção da Corrosão Prevenção da Corrosão João Salvador – IST 2006 Selecção de Materiais Design de Materiais Modificação do Meio Corrosivo Modificação do Potencial do Sistema Protecção por Revestimentos 60 Selecção de Materiais Selecção de Materiais Metais e Ligas João Salvador – IST 2006 Uso de bases de dados para obter a combinação adequada metal/meio Materiais não-metálicos borrachas (naturais ou sintéticas) plásticos cerâmicos carbono e grafite madeira 61 Selecção de Materiais CONSULTA A BASES DE DADOS P.Roberge, Handbook of Corrosion Engineering João Salvador – IST 2006 62 Design de Materiais Design (projecto) de Materiais evitar acumulação de líquidos evitar formação de interstícios evitar a formação de pares galvânicos evitar tensões mecânicas elevadas João Salvador – IST 2006 evitar tubagens (corrosão-erosão) com curvas apertadas prever a necessidade de manutenção (pintura, limpeza) /reparação / substituição sobredimensionar as espessuras, para compensar a redução futura, devida à corrosão 63 Design de Materiais João Salvador – IST 2006 64 Design de Materiais João Salvador – IST 2006 65 Modificação do Meio Corrosivo Modificação do Meio Corrosivo João Salvador – IST 2006 diminuição da temperatura (excepções) diminuição da velocidade dos fluidos corrosivos (excepções) alteração da concentração dos agentes corrosivos remoção do oxigénio ou oxidantes uso de inibidores de corrosão 66 Modificação do Potencial do Sistema Protecção Catódica João Salvador – IST 2006 67 Protecção Catódica - Fundamentos Exemplo: ferro e zinco isolados (em solução de HCl) Dissolução do zinco João Salvador – IST 2006 Zn Libertação de hidrogénio Fe Libertação de hidrogénio Dissolução do ferro 68 Protecção Catódica - Fundamentos Exemplo: ferro e zinco em contacto (em solução de HCl) H+ Zn2+ Dissolução do zinco Zn Ânodo João Salvador – IST 2006 e- Fe Libertação de hidrogénio Cátodo 69 Protecção Catódica - Tipos Protecção Catódica - Tipos João Salvador – IST 2006 Ânodos Sacrificados Correntes Impostas 70 Protecção Catódica – Sacrificial Ânodos Sacrificiais Ânodo de metal menos nobre: Mg, Zn, Al protegem o aço Ânodo de Magnésio João Salvador – IST 2006 71 Protecção Catódica – Sacrificial Ânodos Sacrificiais (cont.) Protecção catódica por ânodos sacrificiais de um termoacumulador de uso doméstico João Salvador – IST 2006 72 Protecção Catódica – Correntes Impostas Correntes Impostas Ânodo usualmente inerte (Pt, Pb, C, Ni, Ti, Ti/Pt) João Salvador – IST 2006 73 Protecção Catódica – Correntes Impostas João Salvador – IST 2006 74 Protecção Catódica – Correntes Impostas Rectificador João Salvador – IST 2006 75 Protecção Conjugada Protecção Conjugada João Salvador – IST 2006 76 Modificação do Potencial do Sistema Protecção Anódica João Salvador – IST 2006 77 Revestimentos Preparação de superfícies desengorduramento: orgânico alcalino vapor limpeza química - decapagem: tem como função remover os óxidos usam-se soluções agressivas, normalmente muito ácidas ou muito alcalinas limpeza por acção mecânica - abrasivos: João Salvador – IST 2006 escovas da aço, lixa, areia (seca ou molhada); granalha de aço angular (“grit”) ou esférica (“shot”), ... 78 Revestimentos Revestimentos Camada superficial com propriedades diferentes das do metal-base Classificação: João Salvador – IST 2006 Inorgânicos, metálicos Orgânicos 79 Revestimentos Orgânicos Revestimentos Orgânicos Consistem numa barreira, constituída por resinas orgânicas (e outros aditivos) entre o material a proteger e o meio Têm a propriedade de formar um filme (película sólida) contínuo e aderente ao substrato. O processo mais comum de formação de películas orgânicas consiste na transformação de monómeros ou de polímeros lineares em polímeros tridimensionais João Salvador – IST 2006 80 Revestimentos Orgânicos Tinta: Produto pigmentado, normalmente aplicado na forma líquida sobre uma superfície Ao secar, forma uma película sólida e insolúvel em água, aderente e opaca, com características protectoras ou apenas decorativas Verniz: Semelhante à tinta, mas normalmente sem pigmento, pelo que a sua principal característica é a transparência, formando películas mais ou menos duras e brilhantes João Salvador – IST 2006 81 Revestimentos Orgânicos Protecção por Pintura: Protecção activa: efeito inibidor protecção catódica etc... Protecção Passiva: João Salvador – IST 2006 efeito barreira 82 Revestimentos Orgânicos Tinta = Pigmento + Carga + Veículo: Pigmento: Carga: Além das propriedades anticorrosivas, confere à tinta a sua côr e opacidade Gama variada de pigmentos (inorgânicos ou orgânicos) substância inorgânica cujo objectivo é conferir à tinta determinadas propriedades; por exemplo, pode usar-se para dar “corpo” à tinta Veículo: solução coloidal de ligante no solvente: Veículo fixo ⇒ ligante, assegura a consistência Veículo Veículo volátil ⇒ solubiliza o veículo fixo e assegura a viscosidade necessária à aplicação João Salvador – IST 2006 solvente (que solubiliza) diluente (que confere a viscosidade óptima) 83 Revestimentos Orgânicos Veículos fixos Podem ser oleosos, oleoresinosos, alquídicos, vinílicos, epoxídicos, resinas de poliuretano, etc Veículos voláteis: Normalmente hidrocarbonetos (terpenos, éteres, alcoois, etc) João Salvador – IST 2006 84 Revestimentos Orgânicos Aditivos adicionam-se para conferir à tinta certas propriedades: João Salvador – IST 2006 secantes (catalisadores) agentes de suspensão agentes anti-pele agentes bactericidas outros 85 Revestimentos Orgânicos Secagem de uma tinta: por evaporação do solvente, ficando uma película de material sólido por conversão de constituintes do veículo ao estado sólido, através de reacções químicas envolvendo normalmente oxidações por acção do ar (uso de secantes, Co, Mn) por reacções de polimerização, policondensação ou outras, entre os diferentes componentes do veículo (agente de cura ou estufagem) João Salvador – IST 2006 86 Revestimentos Orgânicos Sistema de Pintura: Primário + Subcapa(s) + Acabamento Primário: é a tinta que está em contacto com o metal acção protectora Subcapa(s): acção niveladora da superfície (carga elevada) estabelece a ligação entre primário e acabamento Acabamento: João Salvador – IST 2006 vai dar o aspecto final funciona como barreira protege o primário pode ainda ter propriedades anti-vegetativas 87 Revestimentos Orgânicos Primário: Pode actuar por várias formas: protecção catódica, contendo elevadas percentagens de pigmentos com acção sacrificial (ex: pó de zinco) inibição anódica, contendo pigmentos como os cromatos ou o fosfato de zinco efeito barreira, contendo (plaquetas) de grafite ou mica pigmentos lamelares Acabamento a sua selecção e aplicação adequada são fundamentais não podem ser apenas vistos como conferindo boa aparência João Salvador – IST 2006 88 Revestimentos Orgânicos Outras tintas: tinta pré-primário (wash-primer) tb conhecidas por condicionadores aplicam-se directamente no metal aumentam a aderência do primário ao substrato constituídas por um pigmento inibidor e ác. fosfórico não resistem aos meios corrosivos primários de espera (shop-primer): João Salvador – IST 2006 têm como função conferir uma protecção temporária, enquanto não se procede à aplicação do primário 89 Revestimentos Metálicos Revestimentos Metálicos - Classificação: Quanto ao método de aplicação electrodeposição projecção folheação imersão difusão via química técnicas de vácuo (deposição de vapor, implantação iónica,...) Quanto ao seu efeito protector João Salvador – IST 2006 apenas efeito barreira (revestimentos mais nobres que o metal) efeito barreira associado a protecção catódica (revestimentos menos nobres que o metal) 90 Revestimentos Metálicos Electrodeposição: Revestimento muito fino e livre de poros Utiliza uma célula electrolítica solução contendo os iões do metal a depositar ânodos inertes ou do metal a depositar Variáveis: Temperatura, densidade de corrente, tempo, composição da solução, etc Exemplos: Revestimentos de ouro, prata, cobre, estanho, cádmio (!!!), zinco, ... Niquelagem dos aços Aços cromados: João Salvador – IST 2006 cobreagem (aderência) niquelagem (protecção) cromagem (protecção + efeito decorativo) 91 Revestimentos Metálicos Projecção (metalização): Utiliza uma pistola com 3 zonas: fusão do metal (fio ou pó) projecção Materiais usados alimentação de combustível (acetileno) e ar comprimido zinco, alumínio, ligas zinco-alumínio Revestimentos porosos podem ser posteriormente pintados Preparação de superfícies Aplicação in-situ (pontes e outras super-estruturas...) João Salvador – IST 2006 92 Revestimentos Metálicos Folheação (cladding): Aplicação de uma folha fina de material a proteger Permite combinar as propriedades estruturais do material-base com a resistência à corrosão do material de revestimento Produzido por laminagem (rolling) simultâneo do material a proteger e da(s) película(s) protectora(s) Utiliza-se frequentemente a laminagem a quente Exemplo: João Salvador – IST 2006 ligas de alumínio (duralumínios) ⇒ ALCLAD 93 Revestimentos Metálicos Imersão (hot dipping): é o mais antigo método de revestimento e um dos mais usados o seu exemplo mais comum é a galvanização: imersão de aço em banho de Zn fundido (445-460°C) difusão superficial no material a proteger, com formação de várias camadas de liga bimetálica Fe-Zn e uma camada exterior de zinco revestimentos espessos (não se conseguem revestimentos finos) e não uniformes (75-100µm) não há limitações de geometria pode ser pintado (após fosfatação ou depois de um período de “envelhecimento” do galvanizado) João Salvador – IST 2006 94 Revestimentos Metálicos Difusão: envolve um tratamento térmico que leva à difusão de um metal (normalmente em pó) no outro (metal-base) o processo mais conhecido é o da “Sherardização”: difusão de zinco em pó sobre peças de aço ou ferro utilizado em peças de pequenas dimensões (porcas, parafusos) utiliza um tambor rotativo temperaturas de 350-400°C João Salvador – IST 2006 revestimentos semelhantes obtidos por galvanização aos 95 Revestimentos Metálicos Via química (deposição electroless): difere da electrolítica por não necessitar de corrente eléctrica metais depositados: Ni, Co, Cu, Pd, Au, ... deposição de níquel (niquelagem química): (1) H2PO 2− + H2O → H+ + HPO32− + 2 Hcatalizador hipofosfito (2) Ni2+ + 2 Hcatalizador → Ni + 2H+ ortofosfito (3) H2PO 2− + Hcatalizador → H2O + OH- + P (4) HPO 32− + Ni2+ → NiHPO3 η ≈ 38% João Salvador – IST 2006 96 Revestimentos Metálicos Técnicas de (alto) vácuo: preço elevado ⇒ utilizam-se para “peças críticas” (indústria da defesa, implantes metálicos) câmara de vácuo ⇒ materiais de pequenas dimensões ⇒ os produtores de equipamento afirmam estar em condições de produzir equipamento para uso em linhas de produção deposição de vapor: vapor do metal produzido por aquecimento/vaporização ou sputtering deposição por efeito de um campo eléctrico aplicado implantação iónica João Salvador – IST 2006 iões provenientes de um acelerador de partículas chocam com o metal, penetrando nas suas camadas superficiais a zona afectada pelo processo apresenta composição e propriedades distintas do resto do material 97 Revestimentos Inorgânicos (Não-Metálicos) Tratamentos de Conversão: Formação de películas sobre superfícies metálicas, por reacção das suas camadas externas com aniões adequados. Processos mais comuns: Cromatação ⇒ óxidos e hidróxidos de crómio, cromatos Fosfatação ⇒ fosfatos Objectivos: João Salvador – IST 2006 aumentar a resistência à corrosão do metal ou revestimento metálico aumentar a aderência de tintas ou outros revestimentos orgânicos efeitos decorativos 98 Revestimentos Inorgânicos (Não-Metálicos) Anodização (do alumínio): O alumínio, quando exposto ao ar, forma espontaneamente uma película de óxidos (10-15 nm) Através da polarização anódica do alumínio, pode promover-se a formação de películas mais espessas de óxido de alumínio Podem obter-se óxidos espessos (dezenas de µm) Electrólitos mais comuns: Ácido sulfúrico (15%-20%) João Salvador – IST 2006 não utilizável em objectos com cavidades ou sujeitos a fadiga mecânica Ácido Crómico (5%) não apresenta os problemas da anodização sulfúrica reagentes tóxicos e cancerígenos Ácido oxálico (3%) ⇐ Alumite (Japão) 99 Revestimentos Inorgânicos (Não-Metálicos) Anodização (do alumínio): Camada de alumina João Salvador – IST 2006 Alumínio Cátodo Ânodo I Electrólito 100 Revestimentos Inorgânicos (Não-Metálicos) Anodização (do alumínio): 200 nm Filme de óxido destacado (100 000 X) João Salvador – IST 2006 100 nm Secção transversal (200 000 X) 101 Revestimentos Inorgânicos (Não-Metálicos) Anodização (do alumínio): coloração: após a anodização, a camada porosa é adequada a receber coloração usam-se geralmente corantes orgânicos pode também obter-se coloração durante o processo de anodização colmatagem: João Salvador – IST 2006 tem como função fechar os poros do anodizado acima dos 80°C, a alumina monohidratada (Al2O3.H2O) dá origem à bohmite (Al2O3.3H2O) ⇒ o aumento de volume daí resultante leva à colmatagem dos poros a colmatagem pode efectuar-se por imersão em água fervente, usando vapor ou ainda em soluções ferventes com inibidores. 102 Material de Apoio http://gecea.ist.utl.pt ⇒ Ensino ⇒ Mestrado em RCPC Username: Alunos Password: mestrado