interação campo e cidade: algumas considerações sobre a

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INTERAÇÃO CAMPO E CIDADE: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A
REALIDADE SÓCIOESPACIAL DO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA (MG)
E SEUS DISTRITOS
Silma Rabelo Montes1
Beatriz Ribeiro Soares2
Resumo
No presente texto fazemos algumas considerações sobre a relação campo e
cidade no município de Uberlândia (MG). O desenvolvimento do município de
Uberlândia, inclusive de seus distritos (Cruzeiro dos Peixotos, Martinésia,
Miraporanga e Tapuirama) foi marcado pela modernização agrícola, a partir de
1970, e esta resultou em transformações sócioespaciais, não somente em
Uberlândia mas também, em toda a região do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba,
através da refuncionalização a rede urbana regional.
O processo de estruturação sócio-econômica e política de cada um dos distritos
do município de Uberlândia recebe influência direta dessas mudanças ocorridas
no município principalmente, se refletindo na constituição populacional e no modo
de vida dos habitantes desses distritos. O distrito de Tapuirama é priorizado em
nosso estudo por ser o principal foco de nossa pesquisa.
Palavras-chave: Campo – Cidade – Uberlândia – Modernização - Urbanização
2
Introdução
O objetivo geral definido para nossa pesquisa é analisar as transformações
sócio-espaciais ocorridas nos distritos do município de Uberlândia (MG), nos
últimos 30 anos, a partir da relação campo e cidade, levando-se em consideração
a modernização agrícola do município e o crescimento urbano da cidade de
Uberlândia.
Especificamente, pretendemos mostrar que o processo de estruturação sócioeconômica e política de cada um dos distritos está estritamente ligado à realidade
do próprio município de Uberlândia pois estes distritos mantêm interações com o
seu entorno rural e com o distrito sede. Pretendemos também, investigar as
mudanças ocorridas na constituição populacional e no modo de vida dos
moradores dos distritos a partir da inserção destes distritos no processo de
modernização agrícola do município e da consolidação da cidade de Uberlândia
como centro urbano de importância regional.
Nossa pesquisa encontra-se ainda, em andamento, mas já fizemos
levantamento bibliográfico em livros, jornais, documentos históricos, internet e
dados estatísticos levantados juntos ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) e ao IBAM (Instituto Brasileiro de Administração Municipal). Também
já foram levantadas informações sobre as transformações populacionais,
econômicas e sociais dos distritos do município, especialmente do distrito de
Tapuirama, que é o nosso principal foco de estudo.
3
Através de trabalho de campo já foram aplicados questionários a habitantes
do distrito de Tapuirama para levantamento de informações sobre as
transformações sócio-espaciais ocorridas no distrito e sobre o modo de vida de
seus habitantes. Ainda serão aplicadas entrevistas a alguns segmentos da
população local como: presidentes da associação de moradores e do conselho
comunitário, diretores das escolas municipal e estadual, chefe do posto de saúde
e vereadores que representam o distrito, na administração municipal. Também
serão entrevistados representantes de empresas que atuam no local, como o
gerente de uma indústria multinacional, um gerente de empresa agropecuária,
entre outros.
Não podemos esquecer o registro fotográfico realizado em nosso trabalho de
campo e a montagem de mapas, gráficos e tabelas, que estão sendo
fundamentais para a análise da realidade local.
A partir de todos os dados teóricos e empíricos coletados estão sendo
realizadas análises para descobrir como o processo de modernização agrícola e
econômica, bem como a consolidação de Uberlândia como centro regional
interferiu na organização sócio-espacial do distrito de Tapuirama, que é a
problemática de nossa pesquisa.
1 – Localização e caracterização da área de estudo
O município de Uberlândia localiza-se na mesorregião do Triângulo Mineiro e
Alto Paranaíba (MG). (Mapa 1). Esta mesorregião engloba 66 municípios e
4
Uberlândia destaca-se neste espaço como o município que apresenta a maior
concentração populacional, uma das maiores extensões territoriais e o maior grau
de desenvolvimento regional.
Mapa 1 – Município de Uberlândia na mesorregião do Triângulo Mineiro/Alto
Paranaíba
O município de Uberlândia possui quatro distritos além do distrito-sede. O
mapa 2 mostra a divisão territorial do município de Uberlândia em seu distrito
sede e em mais quatro distritos: Cruzeiro dos Peixotos, Martinésia, Miraporanga e
5
Tapuirama, cada um representado pela sede do distrito, ou seja, uma vila ou
cidade (no caso de Uberlândia) e por seu entorno rural.
Mapa 2 – Município de Uberlândia e seus distritos
Fonte: Base – DAGEO/UFU.
Org.: MONTES, S. R. (2005).
De acordo com o Censo Demográfico de 2000, feito pelo IBGE, a população
total do município de Uberlândia é de 501.214 habitantes, sendo que 488.982
habitantes vivem na área urbana - distrito sede e 4 distritos (vilas) -, ou seja, 98 %
6
do total e somente 12.232 habitantes vivem no campo. Analisando a tabela 1,
percebe-se que do total urbano, os quatro distritos contribuem com 2.431
habitantes, ou seja, cerca de 0,5%3.
Na tabela 1 também percebe-se que o peso da população rural no conjunto
da população municipal é pequeno. Isto é diferente na realidade dos distritos, pois
a soma da população rural dos distritos de Uberlândia é maior que a das sedes
distritais (vilas), apresentando um total de 6.727 habitantes, ou seja, 55% do total
da população rural do município. O distrito de Miraporanga destaca-se com 4.870
habitantes rurais.
Tabela 01 – Município de Uberlândia: distribuição da população por distritos e situação de
domicílio - 2000
Distritos
População residente
Urbana
Cruzeiro dos Peixotos
390
Matinésia
330
Miraporanga
115
Tapuirama
1.596
Sub-total
2.431
Distrito Sede
486.551
Total
488.982
Fonte: IBGE. Censo demográfico, 2000.
Org.: MONTES, 2005.
% no total
0,080
0,068
0,024
0,328
0,50
99,50
100,00
Rural
786
541
4.870
530
6.727
5.495
12.232
% no total
6,43
4,42
39,82
4,33
55,00
45,00
100,00
Quando colocamos em discussão a relação entre rural e urbano temos que
avaliar as transformações que ocorrem no território como um todo e não
esquecermos que, “os contrastes entre campo e a cidade vêm desaparecendo, de
vez que, com as facilidades de transportes e comunicação, o campo penetra cada
7
vez mais na cidade e a cidade cada vez mais no campo [...]” (ANDRADE, 1995, p.
9).
2 – Modernização agrícola no município de Uberlândia e refuncionalização
da rede urbana regional
Para entendermos a realidade atual dos distritos de Uberlândia faz-se
necessário um estudo sobre a modernização agrícola no município de Uberlândia,
pós 1970.
A inserção da agricultura do município de Uberlândia, estado de Minas Gerais,
em um novo padrão agrícola a partir da década de 1970 somente pode ser
explicada a partir de uma análise sobre o desenvolvimento agrícola e suas
conseqüências nas relações entre o campo e a cidade.
A modernização agrícola no município de Uberlândia ocorreu, principalmente,
a partir da introdução da soja como produto destinado à exportação e também
para atender a atividade agroindustrial, que se desenvolveu de forma considerável
no município. A mesma está vinculada a um processo de expansão do capitalismo
no campo e à necessidade de atender aos interesses dos mercados externo e
interno através da produção de matéria-prima e alimentos.
O município de Uberlândia integra a área de cerrado, beneficiada por
programas governamentais que impulsionaram a transformação da agricultura
brasileira através da anexação de novas áreas e utilização de novas tecnologias,
como o uso de máquinas e fertilizantes agrícolas.
8
A inserção da agricultura uberlandense em um novo padrão agrícola,
resultando em um desenvolvimento econômico do espaço rural, através da
adoção de tecnologia e conseqüentemente, da modernização agrícola, não
resultou necessariamente, em um desenvolvimento rural. Os benefícios dessa
modernização agrícola como insumos, máquinas e créditos só foram alcançados
pelas pessoas mais ricas. Os pequenos proprietários, os trabalhadores rurais, os
arrendatários e parceiros não tiveram acesso a esses bens e diante das precárias
condições de trabalho e da baixa renda que obtinham, muitos desistiram da
atividade rural e acabaram vendendo suas propriedades para o empresário rural,
contribuindo para a concentração de terras no município. Houve, portanto, uma
acentuação dos desequilíbrios internos na organização do espaço rural e falta
muito ainda a ser feito para proporcionar melhores condições de vida, saúde e
educação aos habitantes do espaço rural do município.
Assim, as múltiplas interações entre o rural e o urbano no município de
Uberlândia foram marcadas pelo desenvolvimento capitalista, visto que a
modernização agrícola favoreceu a concentração fundiária e a mecanização do
campo contribuindo para a expulsão do pequeno agricultor e grande parte da
mão-de-obra rural, que ampliou as desigualdades sociais no campo e
conseqüentemente, levou ao crescimento urbano da cidade de Uberlândia devido
ao seu poder político-econômico.
No Triângulo Mineiro, a partir dos anos 1970, começa a ocorrer uma
refuncionalização dos centros urbanos em decorrência das transformações no
campo, da industrialização planejada e das inovações tecnológicas impostas à
9
economia regional, o que levou à projeção de alguns centros urbanos (SOARES,
1995). O êxodo rural na região e o esvaziamento cada vez maior do campo e
também de algumas cidades, à medida que a urbanização se concentra em
alguns núcleos urbanos, como é o caso de Uberlândia, é evidenciado por Soares
(1995, p. 86)
esse crescimento assentado em base forte, que é a agropecuária faz ou
não evita que a nossa, seja uma região expulsora de população, o que
tem demonstrado uma certa precariedade das condições de vida e,
principalmente, êxodo rural, onde o campo está esvaziando cada vez
mais; esvaziamento que se estende também a algumas cidades, à
medida que a urbanização se concentra em núcleos como Uberaba,
Uberlândia e Ituiutaba.
Ainda nas reflexões de Soares (1995), a economia do município de
Uberlândia está voltada para setores de produção, distribuição e consumo de
mercadorias e com intercâmbio comercial, principalmente, com São Paulo, Goiás,
Mato Grosso e com o próprio Estado de Minas Gerais. Nesse sentido,
como decorrência da concentração dessas atividades, Uberlândia
canalizou a produção regional, tanto no que diz respeito ao
armazenamento de grãos, como na distribuição de bens de consumo e
parte da produção agrícola dos cerrados, e, dessa maneira, criou
condições para a implantação de um complexo agroindustrial
diversificado e de porte expressivo, no contexto regional (SOARES,1995,
p. 99).
Todo esse processo de desenvolvimento econômico-produtivo alicerçou a
influência regional de Uberlândia e “a história político-econômica do Triângulo
Mineiro, a partir da metade do século XX, será a História da consolidação das
elites de Uberlândia, no cenário nacional” (BACELAR, 2003, p.130).
Como a cidade de Uberlândia consegue, através de seu poder hegemônico,
exercer uma grande influência a nível regional, em relação a seus distritos não
seria diferente. É impossível estudar a estrutura sócio-espacial e política dos
10
distritos sem levar–se em conta o processo de urbanização da cidade de
Uberlândia e as mudanças que esta conseguiu provocar.
3 - Município de Uberlândia e seus distritos: as interações campo e cidade
Vimos que as múltiplas interações entre o urbano e o rural no município de
Uberlândia foram marcadas pelo desenvolvimento capitalista, principalmente, no
campo. A modernização agrícola favorecendo a concentração fundiária e a
mecanização do campo contribuiu para a expulsão do pequeno agricultor e
grande parte da mão-de-obra rural. Diante da reduzida oferta de trabalho e da
atração exercida pelo modo de vida urbano estes pequenos agricultores e
trabalhadores rurais se deslocaram para as cidades.
O crescimento populacional da cidade de Uberlândia representou uma
redução da população dos distritos, pois os habitantes dos mesmos, diante das
dificuldades de conseguir emprego, educação e outros serviços nos distritos,
deslocaram-se
para a cidade, atraídos pela imagem de cidade moderna,
progressista e acolhedora.
Na tabela 2 percebe-se uma elevada taxa de crescimento da população
urbana de Uberlândia, muito maior que a taxa de crescimento da população rural,
considerando o período de 1970-2000. Percebe-se também que a taxa de
crescimento da população rural só foi positiva no período de 1991-2000 mas isto
se deve a uma questão de organização territorial, ou seja, a presença de dois
bairros do distrito sede do município (a cidade de Uberlândia) na zona rural, uma
11
vez que o perímetro urbano do município deixa estes bairros fora do sítio urbano
da cidade.
Tabela 02 – Município de Uberlândia: evolução da população total (urbana e
rural) – 1970 a 2000.
Habitantes
Evolução %
Situ
1970
1980
1991
2000
1970-1980
1980-1991
366.729
357.848
8.881
500.488
488.270
12.218
93,2
107,8
- 29,3
52,2
35,3
- 5,1
1991-2000
açã
o
124.706 240.961
Total
111.466 231.598
Urbana
13.240
9.363
Rural
Fonte: SOARES, 2004, p. 129.
Org.: MONTES, 2005.
36,5
36,4
37,6
Desta forma, esta baixa taxa de crescimento da população rural do
município tem reflexo na taxa de crescimento da população residente nos
distritos, pois as vilas urbanas destes distritos têm suas atividades
estritamente ligadas ao meio rural, uma vez que tais vilas não oferecem
condições de trabalho para a reprodução sócio-econômica de sua
população (MONTES; OLIVEIRA; SILVA; 2005, p. 8).
Analisando os dados populacionais (IBGE) dos distritos do município de
Uberlândia percebemos que nos últimos 30 anos a população do distrito sede
cresceu bastante enquanto os outros distritos tiveram vários períodos de
decréscimo da população total e poucos períodos de pequenos acréscimos no
número de habitantes.
A tabela 3 nos mostra que a exceção do distrito sede,
todos os quatro
distritos do município de Uberlândia tiveram diminuição do número de habitantes
no período de 1970 a 1980. Isso comprova que os distritos perderam população
para o distrito sede justamente no período de implementação da modernização
12
agrícola no município, que promovendo a mecanização do campo e a
concentração fundiária liberou mão-de-obra no campo e esta foi atraída para a
cidade.
O único distrito que perdeu um número menor de habitantes no período de
1970 a 1980 foi o distrito de Tapuirama. Isso se deve à vinda de trabalhadores de
outras regiões de Minas Gerais e até de outros estados, principalmente da Bahia,
para o distrito, atraídos pelo trabalho oferecido por empresas rurais que se
instalaram no distrito neste período. Isto também explica a retomada de
crescimento da população do distrito no período de 1980 a 1991 e de 1991 a
2000 e o predomínio da população urbana na vila do distrito pois esses
trabalhadores residem na vila e se deslocam diariamente, para o campo para
trabalharem.
Também o distrito de Miraporanga teve uma retomada de crescimento
populacional nos períodos de 1980 a 1991 e de 1991 a 2000 porém, com os
habitantes permanecendo nas propriedades rurais pois na vila do distrito vivem
apenas 115 habitantes.
Tabela 03 – Município de Uberlândia: população total por distritos – 1970 a 2000.
Habitantes
Distritos
1970
1980
1991
2000
Distrito Sede
116.821
235.554
360.809
492.056
Cruzeiros do Peixotos
2.054
1.170
997
1.176
Martinésia
2.089
930
927
871
Miraporanga
2.297
1.913
2.703
4.985
Tapuirama
1.634
1.607
1.625
2.126
Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA apud MARÇAL, 2004, p. 38.
IBGE. Censo demográfico, 1991 e 2000.
Org.: MONTES, 2005.
13
Quanto ao modo de vida não podemos afirmar que as atividades
desenvolvidas pela população das sedes distritais sejam essencialmente urbana
ou rural. Pinto destaca que,
nestes distritos o modo de vida é tipicamente urbano pois, mesmo
possuindo uma ligação forte com o meio rural, que se expressa na prática
de atividades do setor primário (agricultura e pecuária), as pessoas que
ali residem utilizam telefones celulares, vestem-se de acordo com os
padrões urbanos, assistem os programas de televisão que expressam o
modo de viver urbano. As suas reivindicações também são
caracteristicamente urbanas: calçamento de ruas, rede de esgotos,
iluminação pública, postos de saúde, escolas, dentre outras (PINTO,
2002, p. 60).
Para Abramovay (2003) ocorre uma relação de dependência do meio rural
com o sistema urbano porque
a relação do meio rural com as cidades tem uma dupla natureza: por um
lado, as áreas rurais são sempre polarizadas por pequenos ou médios
assentamentos onde se concentram alguns serviços e infra-estrutura [...]
Por outro lado, é fundamental o estudo da relação entre estas regiões
com os centros metropolitanos de que dependem mais ou menos
diretamente (ABRAMOVAY, 2003, p. 35).
.
Não é mais possível estudar o rural separado do urbano. Sabemos que o
modo de vida das cidades modifica valores, atitudes e padrões de comportamento
em áreas rurais, promovendo transformações neste espaço mas para isto não é
necessário promover uma destruição deste rural. Há, no momento, uma difusão
de “urbanidades”
no campo e “novas ruralidades”4 na cidade, promovendo a
gestação de novas relações que podem estar presentes também nos distritos e de
acordo com Rua (2001, p.39) “não podem ser explicadas apenas pelas
concepções tradicionais de urbano e rural”.
Na concepção de Carneiro (2001) ocorre uma revitalização do mundo rural.
Para a autora,
14
mesmo permanecendo na posição de subordinação e de
complementaridade ao urbano [...], o mundo rural não representaria mais
uma ruptura com o urbano e as transformações que lhes são atribuídas
na atualidade não resultariam na sua necessária descaracterização mas
em uma possível reemergência de sociabilidade e de identidades tidas
como rurais (CARNEIRO, 2001, p. 4).
Nos últimos anos, diante da facilidade de locomoção através de meios de
transportes mais eficientes e de vias de comunicação modernas, há uma maior
fixação dos moradores em suas vilas de origem, o que “contribui para reforçar os
laços de pertencimento uma localidade através da manutenção de antigas redes
de sociabilidade com de parentesco e de vizinhança” (CARNEIRO, 2001, p. 7).
Desse modo, essa realidade complexa que envolve os distritos e a cidade de
Uberlândia deve ser tratada de forma atenta para que não se caía em incorreções
do tipo afirmar categoricamente que o modo de vida desses moradores é urbano,
sem que se perceba a permanência de muitos hábitos rurais na vida dessas
pessoas. E mais, é preciso estar atento ao fato de que o campo não é mais o
mesmo que o de 30 anos atrás, ou seja, é necessário estar ciente de que campo
e cidade são realidades em movimento que se diferenciam ao longo do tempo;
logo, não podemos entender o campo com aquela visão idílica de antigamente e
nem entendê-lo em oposição à cidade.
Considerações finais
15
A cidade de Uberlândia se consolidou como cidade hegemônica em termos
regionais e exerce um poder político-econômico sobre o Triângulo Mineiro e
conseqüentemente sobre os seus distritos. Esse desenvolvimento de bases
capitalistas reforça a divisão social do trabalho, onde a cidade passa a
comandar
o trabalho intelectual e o poder. Para que ocorra um
desenvolvimento rural, com inclusão social é preciso melhorar as condições
de vida dos moradores do campo e realizar novas atividades no campo,
baseadas num processo de descentralização política e de valorização de
saberes tradicionais. Isto deve acontecer também nos distritos.
Porém, diante dos dados populacionais, sócio-econômicos e políticos
coletados constatamos que não houve uma valorização por parte da
administração municipal de Uberlândia, das áreas de sedes distritais do
município, estando estas carentes de melhoramentos que visem principalmente,
novas oportunidades de trabalho e a única opção que os moradores dos distritos
possuem acabam se voltando para as oportunidades oferecidas no campo,
aumentando-se as relações destes habitantes “urbanos” com o espaço “rural”.
Notas
– Mestranda do curso de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia.
– Profª Drª do curso de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia.
3
– De acordo com o IBGE a população das sedes distritais é contada como população urbana.
4
– Ver mais sobre urbanidades e novas ruralidades em Rua (2001).
1
2
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16
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contemporâneo. In: __. O futuro das regiões rurais. Porto Alegre: UFRGS, 2003.
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17
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