Andragogia: possibilidade de inovação no ensino universitário

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Andragogia: possibilidade de inovação no ensino universitário.
Maria Rita Barbosa de Sousa1
O Presente estudo trata do uso da Andragogia como possibilidade de ação
pedagógica inovadora no ensino superior, como alternativa capaz de auxiliar tanto os docentes
como os acadêmicos a trilhar um novo percurso necessário as mudanças pretendidas para a
docência neste nível de ensino. O objetivo consiste em mostrar o modelo andragógico
apresentado por Malcolm Knowles, como inovação para o trabalho do docente universitário
em sala de aula e em grupos de pesquisa de educação de jovens e adultos. A construção do
aprendizado com foco nas necessidades, interesses e experiências dos aprendizes são
considerados fundamentais pelos estudiosos da aprendizagem de adultos e grandes desafios
para o docente da universidade. Na investigação apresentamos também a necessária distinção
entre conceitos da Pedagogia e da Andragogia em busca da compreensão do conceito da
Andragogia. A Concepção inovadora de que nos referimos está intrinsecamente associada à
ideia de mudanças no processo de ensino-aprendizagem do cenário universitário a partir de
reflexões teóricos-conceituais sobre a Andragogia. A metodologia aplicada na investigação
baseia-se em pesquisa bibliográfica fundamentada especialmente CANDAU (2008),
CAVALCANTE (2005), DEAQUINO (2007), MELO (2009), MELO (2008), ZABALZA
(2004). Neste sentido este artigo possibilita aos interessados nos estudos da aprendizagem dos
adultos, a aproximação com um modelo do processo Andragógico para a aprendizagem
levando em consideração a vivência do acadêmico no processo de ensino-aprendizagem,
informações que ajudam a compreender como e por que os adultos devem ser corresponsáveis
por seu processo de aprendizagem. Dessa forma, o processo de aprendizagem se torna mais
efetivo e permanente trazendo para o ensino universitário a possibilidade de inovação.
PALAVRAS-CHAVES: Andragogia. Ensino Superior. Didática.
_______________________________
1
Mestranda em Educação na linha de pesquisa: Ensino, Formação de Professores e Práticas Pedagógicas pela
Universidade Federal do Piauí - Pedagoga do Colégio Técnico de Teresina -UFPI. Contato: (086) 9816-0786.
[email protected].
Introdução
O presente estudo construído na disciplina de Didática do Ensino Superior do
Curso de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Piauí têm se centrado nas
discussões que vêm ocorrendo nas aulas, como também nos estudos do Núcleo de Pesquisa
em Práticas Curriculares e Formação de Profissionais da Educação- NIPPC/UFPI em torno do
uso da Andragogia como possibilidade de ação pedagógica inovadora.
Esse estudo apresenta a Andragogia como alternativa capaz de auxiliar tanto os
docentes como os acadêmicos a trilhar um novo percurso necessário às mudanças pretendidas
para a docência no ensino superior.
Os estudos de Malcolm Knowles, no início da década de 1970, nos Estados
Unidos apresentaram a andragogia e a ideia de que adultos e crianças aprendem de maneiras
diferentes, o conceito foi revolucionário e gerou pesquisas e controvérsias que nos dias de
hoje permanecem em busca de respostas no contexto prático, no ensino e aprendizagem de
adultos.
Em decorrência de anos de vivência como professora da Educação Básica,
atuando em diversos níveis de ensino, com o público constituído por crianças e adolescentes,
ultimamente, como assessora pedagógica em Colégio Técnico vinculado a UFPI e
pesquisadora do ensino e aprendizagem de jovens e adultos têm-se na Andragogia a
possibilidade de um novo olhar para o aprendente adulto.
Concorda-se então, com os Andragogos que o olhar para o processo de
aprendizagem das crianças em processo de formação inicial difere-se das possibilidades de
experiências com os estudos já adquiridos pelos jovens e adultos universitários.
Esse estudo teve como objetivo mostrar o modelo andragógico apresentado por
Malcolm Knowles, como inovação para o trabalho do docente universitário em sala de aula e
em grupos de pesquisa de educação de jovens e adultos buscando a reflexão da construção do
aprendizado com foco nas necessidades, interesses e experiências dos aprendizes.
Para a construção da base teórica, além dos documentos oficiais que tratam do
ensino superior, o estudo se apoiou nas ideias de autores como: CANDAU (2009),
CAVALCANTE (2005), DEAQUINO (2007), MELO (2009), MELO (2008), ZABALZA
(2004).
A metodologia aplicada na investigação baseia-se em pesquisa bibliográfica
possibilitando aos interessados nos estudos da aprendizagem dos adultos, a aproximação a um
modelo do processo Andragógico para a aprendizagem.
Apesar da breve trajetória de discussões do Núcleo de Pesquisa em Práticas
Curriculares e Formação de Profissionais da Educação- NIPPC/UFPI ter sido marcada por
esforços em meio a momentos de incertezas, resistências, discussões teóricas e práticas, o
percurso trilhado pelo estudo mostrou-se bastante fértil quanto aos indicativos do modo como
a aprendizagem de adultos acontece.
Assim, apresentam-se a seguir, parte dessa caminhada, iniciando com a
contextualização do espaço universitário de acordo com o prescrito pelos documentos oficiais,
ancorado também nas bases teóricas que discutem a construção da aprendizagem de adultos
com foco nas necessidades, interesses e experiências por serem considerados fundamentais
pelos estudiosos da aprendizagem desses indivíduos. Em seguida apresentamos a necessária
distinção entre conceitos da Pedagogia e da Andragogia em busca da compreensão do
conceito da Andragogia.
Por fim, a concepção inovadora referida neste artigo está intrinsecamente
associada à ideia de mudanças no processo de ensino-aprendizagem do cenário universitário a
partir de reflexões teóricos-conceituais sobre a andragogia, aproximando-se de um modelo
andragógico para a aprendizagem, considerando a vivência do acadêmico informações que
ajudam a compreender como e porque os adultos devem ser corresponsáveis por seu processo
de aprendizagem.
Contextualizando o espaço universitário
O Brasil, nos últimos anos, tem se empenhado em promover a expansão dos
números de estudantes ingressantes e concludentes neste segundo segmento estruturante da
educação brasileira. As expectativas inclusas na Lei Nº 13.005/2014 do Plano Nacional de
Desenvolvimento da Educação- PNE (2014-2024) confirma essa afirmação. Na meta Nº12,
traz como prerrogativas para o Ensino Superior: “elevar a taxa de matrícula bruta na educação
superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da
população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos assegurada à qualidade da oferta e
expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento
público”.
Para alcançar essa meta o legislador lança 21 (vinte e uma) estratégias de alcance
ao proposto através da ampliação dos recursos humanos e estrutura física, além das diversas
políticas de acessibilidade sociais em vigor.
No que se refere ao Ensino Superior aparece na meta Nº 13 “elevar a qualidade da
educação superior e ampliar a proporção de Mestres e doutores do corpo docente em exercício
efetivo no conjunto do sistema de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento),
sendo do total, no mínimo 33 (trinta e três por cento) doutores”.
Então, o legislador propõe 9 (nove) estratégias para o alcance dessa meta que em
síntese são: fortalecimento das ações de avaliação pelo Sistema Nacional da Avaliação da
Educação Superior -SINAES, processo de autoavaliação das instituições com comissões
próprias, formação de consórcios entre instituições públicas do ensino superior buscando
visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino, pesquisa e extensão, elevação da
taxa de conclusão dos cursos de graduação presenciais entre outros.
Para a meta Nº 14 do PNE (2014-2024), para o Ensino Superior a expectativa será
“elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a
atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25000 (vinte e cinco mil)
doutores”. E na meta Nº 15 “garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o
Distrito Federal e os municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política
Nacional de formação de profissionais da educação”.
As 5 (cinco) metas do PNE (2014-2024) para o Ensino Superior corrobora com a
investigação proposta quanto a necessidade de uma ação pedagógica inovadora para o Ensino
Superior haja visto a busca de atingir as metas propostas no PNE de agora em diante pelas
instituições de ensino através das estratégias apresentadas, que resultará a chegada de
estudantes com idades e experiências de vida variadas. Se considerada a realidade do aluno
adulto esse público em alguns casos, apresenta sucessivas entradas e saídas no histórico do
prosseguimento dos estudos justificado pelas suas necessidades de cidadão adulto.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDEBEN Nº 9.394/96, no
artigo 43, o Ensino Superior apresenta suas finalidades de cultura de transformação através do
serviço prestado de ensino, pesquisa e extensão para as comunidades que as instituições de
ensino superior atende.
Assim a proposta do PNE no que se refere ao ingresso e conclusão de estudantes
nos cursos para a próxima década, neste segmento da educação brasileira, trará grandes
desafios para o desenvolvimento do trabalho docente que necessita inovar para atingir os
resultados com a qualidade esperada. O desafio, então, será a passagem de uma docência
baseada no ensino para uma docência baseada na aprendizagem.
Para o Pedagogo Zabalza (2004, p.182) “um duplo processo foi sendo criado nos
últimos anos: a crescente massificação da educação superior e a concentração cada vez maior
de estudantes em determinados cursos” análise feita pelo autor para o sistema universitário
Espanhol.
Ao citar a massificação, Zabalza (2004, p. 182) nos traz não apenas o aumento do
número de estudantes, mas também a possibilidade de refletirmos outras variáveis atingidas
pela “quantidade” de alunos em sala de aula, assim exemplificado
Na necessidade de atender a grupos muito grandes; na maior heterogeneidade dos
grupos; na pouca motivação para estudar; na necessidade de contratar de modo
precipitado novos professores ou de fazê-los iniciar no magistério antes mesmo de
estarem em condições ideais para isso; no retorno aos modelos clássicos da aula
para grupos com muitos alunos frente à possibilidade de implementar um
procedimento mais individualizado; na menor possibilidade de responder às
necessidades especificas de cada aluno; na menor possibilidade de organizar
(planejar e fazer acompanhamento) em condições favoráveis, os períodos de
práticas em contextos profissionais.
Assim ao apresentarmos problemáticas presentes no processo de massificação
universitário espanhol sem planejamento e execução de mudanças, busca-se levar o leitor a
refletir o contexto brasileiro diante das metas do PNE (2014-2024), diante das diversas
situações sistematizadas como expectativas para o ensino superior nos próximos dez anos
futuros mencionados em parágrafos anteriores quando trouxemos as metas.
O escritor espanhol associa a massificação no cenário universitário como
empecilho para a inovação, e afirma “em casos de universidades com grande número de
alunos, os professores e a instituição renunciam explicitamente ao ensino de qualidade.
Busca-se apenas “sobreviver” e vencer os obstáculos esperando que só os alunos mais
capacitados ou mais motivados superem a barreira das primeiras disciplinas” Zabalza (2004,
p. 183).
O Público atendido no sistema de ensino superior constitui-se em quantidade
bastante considerável por adultos possuidores de backgraund cultural, o que para Zabalza
(2004, p.187) significa
a universidade tem de elevar seu ensino para um alto nível, considerando as
aprendizagens prévias dos alunos. Os alunos têm de responder, em muitos casos, a
exigências alheias ao que é estritamente universitário (o preenchimento dos quesitos
de estudante é incompleto): às vezes, são pessoas casadas com obrigações familiares;
às vezes, trabalham; às vezes, vivem longe dos campi, etc. Com frequência, isto lhes
impede de assistir regulamente as aulas, o que cria necessidade de sistemas docentes
alternativos.
Por isso, o foco nas necessidades, interesses e experiências são considerados
fundamentais no trabalho educativo com adultos. Os sistemas docentes alternativos acreditase ser praticado dentro da realidade de vida do estudante adulto possibilitado por uma prática
pedagógica que atenda o aprendente.
A esse respeito Zabalza (2004, p. 189) concebe a universidade como “instituição
de aprendizagem” frente à ideia mais geral de entendê-la como instituição de ensino,
considerando revolução transformar algumas instituições de educação superior concebida
como “centro de ensino” em organizações ou comunidade de aprendizagem”.
Então, considera-se relevante a reflexão sobre a atribuição de significado ao
ensino e aprendizagem no fazer pedagógico do espaço universitário lembrado no parágrafo
anterior. Essa articulação entre o equilíbrio do propósito da identidade da instituição de ensino
superior e a aprendizagem nela proporcionada considera-se necessária primeiramente para as
políticas institucionais de formação de professores e que por consequência espera-se chegue
às salas de aulas.
E mais, para o entendimento da dinâmica do ensino e aprendizagem, hoje
entendemos que a Didática possui como campo específico a prática pedagógica tendo o
processo de ensino-aprendizagem como elemento essencial. A Didática segundo Melo (2008,
p. 166) “ao sair do pressuposto mecânico da normatização simplista busca a compreensão
humana do contexto sócio-político-econômico da instituição escolar e o contexto histórico,
concreto de seus agentes fundamentais - profissionais e alunos”.
O ambiente de Ensino Superior atende em sua maioria agente adulto, o que nos
motiva a abordar o processo de aprendizagem na visão da Pedagogia e Andragogia. Para
Deaquino (2007, p. 10 e 11) a condução da aprendizagem para a Pedagogia e Andragogia
seria realizado em modelos assim caracterizados
O modelo Pedagógico, no entanto, não considera as mudanças que ocorre no ser
humano quando ele passa da infância para a adolescência e depois para a fase adulta,
e isso pode criar resistência ao aprendizado nos adultos (...) No modelo
Andragógico de aprendizagem, a responsabilidade pela aprendizagem é
compartilhada entre professor e aluno, o que cria um alinhamento entre essa
abordagem e a maioria dos adultos, que busca independência e responsabilidade por
aquilo que julga ser importante aprender.
Assim, a Andragogia e a Pedagogia apresentam diferenças significativas na
maneira de abordar o aprendiz, o ambiente de aprendizagem e a forma como a interação
professor – aluno acontece.
Distinção entre os conceitos da Pedagogia e da Andragogia
A abordagem da Andragogia surge com os estudos de Malcolm Knowles na
década de 70 como princípio de aprendizagem de adultos que se aplicam a todas as situações
de aprendizagem. A abordagem da Pedagogia surge na Grécia considerada local de origem da
Pedagogia e das primeiras ideias acerca da ação pedagógica.
Para o ambiente de aprendizagem do adulto conta-se com raras pesquisas
envolvendo a Andragogia, em contrapartida para o ambiente de aprendizagem da criança
diverso são os estudos na área da Pedagogia. Para o entendimento da distinção entre os
conceitos de Pedagogia e Andragogia e principalmente em busca da compreensão do conceito
da Andragogia Melo ( 2009, p.77 e 78) esclarece que
O modelo pedagógico desenhado para o ensino de crianças atribui ao professor total
responsabilidade por tomar todas as decisões sobre conteúdo da aprendizagem,
método, cronograma e avaliação. Os aprendizes desempenham um papel submisso
na dinâmica educacional. Por outro lado, o modelo andragógico enfatiza a educação
de adultos e se baseia nos seguintes preceitos: os adultos precisam saber por que
precisam aprender algo; os adultos têm a responsabilidade por suas próprias
decisões e por sua vida; os adultos entram na atividade educacional com maior
volume e variedade de experiências do que as crianças; os adultos têm prontidão
para aprender as coisas que precisam saber para enfrentar melhor as situações da
vida real; e os adultos respondem melhor aos motivadores internos do que aos
externos.
Portanto, a distinção entre o modelo pedagógico e Andragógico nos permite
perceber a redefinição dos papeis do aprendente na visão andragógica. Para a Andragogia o
adulto beneficia-se de preceitos como: conhecer primeiramente a importância do que será
aprendido antes mesmo de ser ensinado, o que é justificado por ser sujeito de experiências
diversas, em contato com o que será ensinado o adulto responsabiliza-se por todas as suas
decisões, a prontidão do aprendente contribui com o seu aprendizado principalmente se o
facilitador utilizar motivadores internos.
Os modelos Pedagógicos e Andragógicos expostos por Deaquino (2007) e Melo
(2004) compartilham o mesmo posicionamento ao apresentar a Pedagogia como ciência
voltada para o ensino de crianças e a Andragogia como ciência voltada para o ensino de
adultos. Porém, Deaquino (2007) vai além e convida os estudiosos da aprendizagem de adulto
a possibilidade do uso da Pedagogia e Andragogia como modo a se ter eficácia e eficiência no
processo de aprendizagem em busca da combinação necessária entre as abordagens.
Para essa discussão Deaquino (2007, p, 13) apresenta extremidades “nosso
entendimento é de que existe um contínuo, no qual a pedagogia, também conhecida como
aprendizagem direcionada, posiciona-se em uma extremidade, enquanto a andragogia
(aprendizagem facilitada) encontra-se em outra”.
No Núcleo de Pesquisa em Práticas Curriculares e Formação de Profissionais da
Educação- NIPPC/UFPI compartilha-se com esforços em meio a momentos de incertezas,
resistências, discussões teóricas e práticas entre as extremidades da Pedagogia e da
Andragogia. Assim, Deaquino em seus estudos recomenda movimento por parte de
professores e universidades nesse intervalo, para encontrar a combinação adequada entre as
duas abordagens.
Embora estudiosos da aprendizagem de adultos recomendem o uso da Andragogia
no trabalho com adultos fundamentados nas necessidades, interesses e experiências do adulto,
para Deaquino (2007 apud KERKA 2000 p.14) existem três mitos para essa afirmação que
são
Não é correto presumir que todos os adultos terão um melhor desempenho em
termos de aprendizagem em um ambiente centrado no aprendiz, porque muitos deles
não estarão dispostos nem serão capazes de assumir pelo menos parte da
responsabilidade pelo aprendizado […] desmistificação de que adultos acumulam
uma miríade de ricas experiências ao longo de sua vida e acabam utilizando-a como
recurso para a aprendizagem […] todos os adultos têm uma motivação interna,
intrínseca para aprender.
Então, a possibilidade de inovação no ensino universitário por meio da
Andragogia traz para o facilitador a necessidade de considerar o contínuo pedagógicoandragógico para o processo de aprendizagem, por ser aplicado em qualquer situação de
aprendizagem, independente da idade e maturidade do aprendiz criança ou adulto.
Para Deaquino (2007, p. 14) o contínuo pedagógico – andragógico possibilita que
“situações reais podem confirmar que a maioria das crianças estará posicionada de forma mais
próxima da extremidade esquerda do intervalo, ou seja, a Pedagogia, enquanto os adultos
terão uma probabilidade maior de posicionarem próximo à extremidade direita, que
caracteriza a andragogia”.
A atenção dos estudiosos da aprendizagem de adultos ao empregar tais
informações da probabilidade de aprendizagem apoiado na Pedagogia e na Andragogia
necessita encontrar-se longe do risco trazido pelas generalizações e ou especificações
exageradas do esperado para aprendizes crianças e adultos, afinal, cada aprendiz possui
experiências de vida única que tanto o Andragogo como o Pedagogo necessitam conhecer
para trabalhar.
Cada campo de estudo consideramos trazer benefícios para o desafio de
possibilitar ensino e aprendizagem. No contexto atual o profissional Pedagogo ocupa-se da
atividade de ensino e gestão do espaço educativo de empresas e hospitais, além das escolas e
universidades, sendo estes os espaços de maior experiência desses profissionais.
Consideramos fecundo para a carreira do Pedagogo estudos e pesquisas a respeito
do uso da Andragogia para a aprendizagem do adulto, pois, no século XXI o público atendido
por esse profissional possui diversas idades. O que é justificado pela presença de Pedagogos
nas empresas com o objetivo de planejar, acompanhar e avaliar projetos institucionais
portanto, gestão no espaço corporativo.
As empresas foram os espaços onde se originou os princípios da Andragogia,
particularmente no RH de empresas dos Estados Unidos. Afinal o trabalho do Pedagogo
possui o papel social de buscar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem em
qualquer local que esse profissional esteja inserido.
Para prossegui a atenção sobre o ensino do adulto e por consequência o interesse
na aprendizagem, o conceito de Deaquino (2007, p. 6) para a aprendizagem revela “a
aquisição cognitiva, física e emocional, e ao processamento de habilidades e conhecimento
em diversas profundidades, ou seja, o quanto uma pessoa é capaz de compreender, manipular,
aplicar e/ou comunicar esse conhecimento e essas habilidades”.
A aprendizagem para Deaquino (2007, p. 7) possui dimensões ou domínios: físico
intrinsecamente ligado aos sentidos físicos: visão, audição, paladar, tato e olfato, preferências
representadas pelos estilos visual, auditivo e tátil-sinestésico de aprendizagem, domínio
cognitivo relaciona-se à forma como a pessoa pensa e por fim, o domínio emocional refere-se
à forma como nos sentimos em termos psicológicos e fisiológicos.
O estudante adulto do Ensino Superior por possuir experiência desde a Educação
Básica, com o processo de aprendizagem e a abordagem de facilitadores do ensino poderá ser
estimulado a perceber os domínios de aprendizagem que contribuem com seu aprendizado e
assim utilizá-los em seu benefício, principalmente quando o facilitador se encontra atento ao
contínuo pedagógico - andragógico.
Assim será necessária a identificação da existência de domínios preferenciais de
aprendizagem. Para Deaquino (2004, p. 45) “estilos de aprendizagem representam as
competências pessoais dos aprendizes para processar informação em um ambiente de
aprendizado”. Então, cada indivíduo tem sua própria capacidade para receber e processar
informação, que pode ser resultante de experiências prévias ou de outros fatores cognitivos.
A quantidade de domínios e estilos de aprendizagem poderá variar de um
aprendente para o outro, o facilitador então, terá a missão de durante as aulas propiciar aos
aprendentes o contato com diversos meios de aprendizagem e assim contemplar os domínios
e estilos de aprendizagem de seu grupo heterogêneos de aprendizes.
Na perspectiva do uso do modelo do processo Andragógico para a aprendizagem,
além dos domínios e estilos de aprendizagem andragógicos apresentados por Deaquino,
encontra-se em Melo (2009, p. 111 e 112) os elementos constituintes desse processo
Preparar o aprendiz, estabelecer um clima que leve à aprendizagem, criar um
mecanismo para o planejamento mútuo, diagnosticar as necessidades para a
aprendizagem, formular objetivos do programa ( o conteúdo) que irão atender a
essas necessidades, desenhar um padrão para as experiências de aprendizagem,
conduzir essas experiências de aprendizagem com técnicas e materiais adequados e
avaliar os resultados da aprendizagem e fazer um novo diagnóstico das necessidades
de aprendizagem.
Ao trabalhar com esses elementos andragógicos o facilitador (professor) trabalha
na abordagem de processo, diferente da abordagem baseada em conteúdo da educação
tradicional.
Outro ponto considerado são os fatores que influenciam o posicionamento no
cotidiano de aprendizagem através da combinação correta da Andragogia e da Pedagogia.
Desafio de trabalhar a abordagem Andragógica com a abordagem pedagógica em um
contínuo pedagógico-andragógico para Deaquino acontece pelo acompanhamento do ( 2007,
p. 15) “nível de desenvolvimento intelectual do aprendiz, as experiências educacionais
anteriores dos alunos, seus estilos de aprendizagem e os objetivos educacionais, o ambiente
educacional e ambiente externo”.
Para desenvolver seu trabalho os educadores universitários devem conhecer quem
são os aprendizes demonstrando que acreditam nos alunos e contextualizando a
aprendizagem.
Reflexões finais
Os resultados alcançados nesta pesquisa mostram a Andragógica como
possibilidade de inovação para o Ensino Superior, as contribuições oportunizadas pela
abordagem Pedagógica e Andragógica, e, sobretudo a necessidade de conhecermos o
contínuo pedagógico – andragógico.
O contínuo pedagógico – andragógico como recurso para o facilitador da
aprendizagem de crianças e adultos dentro de suas particularidades. As reflexões sobre essas
questões passam pelo conhecimento do educando com foco em suas singularidades.
Neste ponto, reafirmamos a importância de se colocar à disposição dos
professores universitários espaços de formação e pesquisa em Andragogia, principalmente,
por desde sua gênese a Andragogia ocupar-se da educação de adultos, público de maior
relevância no espaço do Ensino Superior.
Referências
BRASIL. Leis, Decretos. Lei n. 13.005, 25 de junho de 2014.
CAVALCANTE, Roberto de Albuquerque; GAYO, Maria Alice Fernandes da Silva.
Andragogia na educação universitária. Conceitos:
Revista, João Pessoa, p. 44-45,
jul.2004/2005.
DEAQUINO, Carlos Tasso Eira. Como aprender: andragogia e as habilidades de
aprendizagem- 1. ed.- São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MELO, KNOWLES, Malcolm S; HOLTON III, Elwood F; SWANSON, Richard Explorando
o mundo da Teoria de Aprendizagem. In: _____________________. A Aprendizagem de
resultados: uma abordagem para aumentar a efetividade da educação corporativa. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2009.
MELO, Alessandro de; URBANETZ, Sandra Teresinha. Fundamentos de Didática. Curitiba:
IBPEX, 2008.
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