Andragogia: possibilidade de inovação no ensino universitário. Maria Rita Barbosa de Sousa1 O Presente estudo trata do uso da Andragogia como possibilidade de ação pedagógica inovadora no ensino superior, como alternativa capaz de auxiliar tanto os docentes como os acadêmicos a trilhar um novo percurso necessário as mudanças pretendidas para a docência neste nível de ensino. O objetivo consiste em mostrar o modelo andragógico apresentado por Malcolm Knowles, como inovação para o trabalho do docente universitário em sala de aula e em grupos de pesquisa de educação de jovens e adultos. A construção do aprendizado com foco nas necessidades, interesses e experiências dos aprendizes são considerados fundamentais pelos estudiosos da aprendizagem de adultos e grandes desafios para o docente da universidade. Na investigação apresentamos também a necessária distinção entre conceitos da Pedagogia e da Andragogia em busca da compreensão do conceito da Andragogia. A Concepção inovadora de que nos referimos está intrinsecamente associada à ideia de mudanças no processo de ensino-aprendizagem do cenário universitário a partir de reflexões teóricos-conceituais sobre a Andragogia. A metodologia aplicada na investigação baseia-se em pesquisa bibliográfica fundamentada especialmente CANDAU (2008), CAVALCANTE (2005), DEAQUINO (2007), MELO (2009), MELO (2008), ZABALZA (2004). Neste sentido este artigo possibilita aos interessados nos estudos da aprendizagem dos adultos, a aproximação com um modelo do processo Andragógico para a aprendizagem levando em consideração a vivência do acadêmico no processo de ensino-aprendizagem, informações que ajudam a compreender como e por que os adultos devem ser corresponsáveis por seu processo de aprendizagem. Dessa forma, o processo de aprendizagem se torna mais efetivo e permanente trazendo para o ensino universitário a possibilidade de inovação. PALAVRAS-CHAVES: Andragogia. Ensino Superior. Didática. _______________________________ 1 Mestranda em Educação na linha de pesquisa: Ensino, Formação de Professores e Práticas Pedagógicas pela Universidade Federal do Piauí - Pedagoga do Colégio Técnico de Teresina -UFPI. Contato: (086) 9816-0786. [email protected]. Introdução O presente estudo construído na disciplina de Didática do Ensino Superior do Curso de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Piauí têm se centrado nas discussões que vêm ocorrendo nas aulas, como também nos estudos do Núcleo de Pesquisa em Práticas Curriculares e Formação de Profissionais da Educação- NIPPC/UFPI em torno do uso da Andragogia como possibilidade de ação pedagógica inovadora. Esse estudo apresenta a Andragogia como alternativa capaz de auxiliar tanto os docentes como os acadêmicos a trilhar um novo percurso necessário às mudanças pretendidas para a docência no ensino superior. Os estudos de Malcolm Knowles, no início da década de 1970, nos Estados Unidos apresentaram a andragogia e a ideia de que adultos e crianças aprendem de maneiras diferentes, o conceito foi revolucionário e gerou pesquisas e controvérsias que nos dias de hoje permanecem em busca de respostas no contexto prático, no ensino e aprendizagem de adultos. Em decorrência de anos de vivência como professora da Educação Básica, atuando em diversos níveis de ensino, com o público constituído por crianças e adolescentes, ultimamente, como assessora pedagógica em Colégio Técnico vinculado a UFPI e pesquisadora do ensino e aprendizagem de jovens e adultos têm-se na Andragogia a possibilidade de um novo olhar para o aprendente adulto. Concorda-se então, com os Andragogos que o olhar para o processo de aprendizagem das crianças em processo de formação inicial difere-se das possibilidades de experiências com os estudos já adquiridos pelos jovens e adultos universitários. Esse estudo teve como objetivo mostrar o modelo andragógico apresentado por Malcolm Knowles, como inovação para o trabalho do docente universitário em sala de aula e em grupos de pesquisa de educação de jovens e adultos buscando a reflexão da construção do aprendizado com foco nas necessidades, interesses e experiências dos aprendizes. Para a construção da base teórica, além dos documentos oficiais que tratam do ensino superior, o estudo se apoiou nas ideias de autores como: CANDAU (2009), CAVALCANTE (2005), DEAQUINO (2007), MELO (2009), MELO (2008), ZABALZA (2004). A metodologia aplicada na investigação baseia-se em pesquisa bibliográfica possibilitando aos interessados nos estudos da aprendizagem dos adultos, a aproximação a um modelo do processo Andragógico para a aprendizagem. Apesar da breve trajetória de discussões do Núcleo de Pesquisa em Práticas Curriculares e Formação de Profissionais da Educação- NIPPC/UFPI ter sido marcada por esforços em meio a momentos de incertezas, resistências, discussões teóricas e práticas, o percurso trilhado pelo estudo mostrou-se bastante fértil quanto aos indicativos do modo como a aprendizagem de adultos acontece. Assim, apresentam-se a seguir, parte dessa caminhada, iniciando com a contextualização do espaço universitário de acordo com o prescrito pelos documentos oficiais, ancorado também nas bases teóricas que discutem a construção da aprendizagem de adultos com foco nas necessidades, interesses e experiências por serem considerados fundamentais pelos estudiosos da aprendizagem desses indivíduos. Em seguida apresentamos a necessária distinção entre conceitos da Pedagogia e da Andragogia em busca da compreensão do conceito da Andragogia. Por fim, a concepção inovadora referida neste artigo está intrinsecamente associada à ideia de mudanças no processo de ensino-aprendizagem do cenário universitário a partir de reflexões teóricos-conceituais sobre a andragogia, aproximando-se de um modelo andragógico para a aprendizagem, considerando a vivência do acadêmico informações que ajudam a compreender como e porque os adultos devem ser corresponsáveis por seu processo de aprendizagem. Contextualizando o espaço universitário O Brasil, nos últimos anos, tem se empenhado em promover a expansão dos números de estudantes ingressantes e concludentes neste segundo segmento estruturante da educação brasileira. As expectativas inclusas na Lei Nº 13.005/2014 do Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação- PNE (2014-2024) confirma essa afirmação. Na meta Nº12, traz como prerrogativas para o Ensino Superior: “elevar a taxa de matrícula bruta na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos assegurada à qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público”. Para alcançar essa meta o legislador lança 21 (vinte e uma) estratégias de alcance ao proposto através da ampliação dos recursos humanos e estrutura física, além das diversas políticas de acessibilidade sociais em vigor. No que se refere ao Ensino Superior aparece na meta Nº 13 “elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de Mestres e doutores do corpo docente em exercício efetivo no conjunto do sistema de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo do total, no mínimo 33 (trinta e três por cento) doutores”. Então, o legislador propõe 9 (nove) estratégias para o alcance dessa meta que em síntese são: fortalecimento das ações de avaliação pelo Sistema Nacional da Avaliação da Educação Superior -SINAES, processo de autoavaliação das instituições com comissões próprias, formação de consórcios entre instituições públicas do ensino superior buscando visibilidade nacional e internacional às atividades de ensino, pesquisa e extensão, elevação da taxa de conclusão dos cursos de graduação presenciais entre outros. Para a meta Nº 14 do PNE (2014-2024), para o Ensino Superior a expectativa será “elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25000 (vinte e cinco mil) doutores”. E na meta Nº 15 “garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política Nacional de formação de profissionais da educação”. As 5 (cinco) metas do PNE (2014-2024) para o Ensino Superior corrobora com a investigação proposta quanto a necessidade de uma ação pedagógica inovadora para o Ensino Superior haja visto a busca de atingir as metas propostas no PNE de agora em diante pelas instituições de ensino através das estratégias apresentadas, que resultará a chegada de estudantes com idades e experiências de vida variadas. Se considerada a realidade do aluno adulto esse público em alguns casos, apresenta sucessivas entradas e saídas no histórico do prosseguimento dos estudos justificado pelas suas necessidades de cidadão adulto. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDEBEN Nº 9.394/96, no artigo 43, o Ensino Superior apresenta suas finalidades de cultura de transformação através do serviço prestado de ensino, pesquisa e extensão para as comunidades que as instituições de ensino superior atende. Assim a proposta do PNE no que se refere ao ingresso e conclusão de estudantes nos cursos para a próxima década, neste segmento da educação brasileira, trará grandes desafios para o desenvolvimento do trabalho docente que necessita inovar para atingir os resultados com a qualidade esperada. O desafio, então, será a passagem de uma docência baseada no ensino para uma docência baseada na aprendizagem. Para o Pedagogo Zabalza (2004, p.182) “um duplo processo foi sendo criado nos últimos anos: a crescente massificação da educação superior e a concentração cada vez maior de estudantes em determinados cursos” análise feita pelo autor para o sistema universitário Espanhol. Ao citar a massificação, Zabalza (2004, p. 182) nos traz não apenas o aumento do número de estudantes, mas também a possibilidade de refletirmos outras variáveis atingidas pela “quantidade” de alunos em sala de aula, assim exemplificado Na necessidade de atender a grupos muito grandes; na maior heterogeneidade dos grupos; na pouca motivação para estudar; na necessidade de contratar de modo precipitado novos professores ou de fazê-los iniciar no magistério antes mesmo de estarem em condições ideais para isso; no retorno aos modelos clássicos da aula para grupos com muitos alunos frente à possibilidade de implementar um procedimento mais individualizado; na menor possibilidade de responder às necessidades especificas de cada aluno; na menor possibilidade de organizar (planejar e fazer acompanhamento) em condições favoráveis, os períodos de práticas em contextos profissionais. Assim ao apresentarmos problemáticas presentes no processo de massificação universitário espanhol sem planejamento e execução de mudanças, busca-se levar o leitor a refletir o contexto brasileiro diante das metas do PNE (2014-2024), diante das diversas situações sistematizadas como expectativas para o ensino superior nos próximos dez anos futuros mencionados em parágrafos anteriores quando trouxemos as metas. O escritor espanhol associa a massificação no cenário universitário como empecilho para a inovação, e afirma “em casos de universidades com grande número de alunos, os professores e a instituição renunciam explicitamente ao ensino de qualidade. Busca-se apenas “sobreviver” e vencer os obstáculos esperando que só os alunos mais capacitados ou mais motivados superem a barreira das primeiras disciplinas” Zabalza (2004, p. 183). O Público atendido no sistema de ensino superior constitui-se em quantidade bastante considerável por adultos possuidores de backgraund cultural, o que para Zabalza (2004, p.187) significa a universidade tem de elevar seu ensino para um alto nível, considerando as aprendizagens prévias dos alunos. Os alunos têm de responder, em muitos casos, a exigências alheias ao que é estritamente universitário (o preenchimento dos quesitos de estudante é incompleto): às vezes, são pessoas casadas com obrigações familiares; às vezes, trabalham; às vezes, vivem longe dos campi, etc. Com frequência, isto lhes impede de assistir regulamente as aulas, o que cria necessidade de sistemas docentes alternativos. Por isso, o foco nas necessidades, interesses e experiências são considerados fundamentais no trabalho educativo com adultos. Os sistemas docentes alternativos acreditase ser praticado dentro da realidade de vida do estudante adulto possibilitado por uma prática pedagógica que atenda o aprendente. A esse respeito Zabalza (2004, p. 189) concebe a universidade como “instituição de aprendizagem” frente à ideia mais geral de entendê-la como instituição de ensino, considerando revolução transformar algumas instituições de educação superior concebida como “centro de ensino” em organizações ou comunidade de aprendizagem”. Então, considera-se relevante a reflexão sobre a atribuição de significado ao ensino e aprendizagem no fazer pedagógico do espaço universitário lembrado no parágrafo anterior. Essa articulação entre o equilíbrio do propósito da identidade da instituição de ensino superior e a aprendizagem nela proporcionada considera-se necessária primeiramente para as políticas institucionais de formação de professores e que por consequência espera-se chegue às salas de aulas. E mais, para o entendimento da dinâmica do ensino e aprendizagem, hoje entendemos que a Didática possui como campo específico a prática pedagógica tendo o processo de ensino-aprendizagem como elemento essencial. A Didática segundo Melo (2008, p. 166) “ao sair do pressuposto mecânico da normatização simplista busca a compreensão humana do contexto sócio-político-econômico da instituição escolar e o contexto histórico, concreto de seus agentes fundamentais - profissionais e alunos”. O ambiente de Ensino Superior atende em sua maioria agente adulto, o que nos motiva a abordar o processo de aprendizagem na visão da Pedagogia e Andragogia. Para Deaquino (2007, p. 10 e 11) a condução da aprendizagem para a Pedagogia e Andragogia seria realizado em modelos assim caracterizados O modelo Pedagógico, no entanto, não considera as mudanças que ocorre no ser humano quando ele passa da infância para a adolescência e depois para a fase adulta, e isso pode criar resistência ao aprendizado nos adultos (...) No modelo Andragógico de aprendizagem, a responsabilidade pela aprendizagem é compartilhada entre professor e aluno, o que cria um alinhamento entre essa abordagem e a maioria dos adultos, que busca independência e responsabilidade por aquilo que julga ser importante aprender. Assim, a Andragogia e a Pedagogia apresentam diferenças significativas na maneira de abordar o aprendiz, o ambiente de aprendizagem e a forma como a interação professor – aluno acontece. Distinção entre os conceitos da Pedagogia e da Andragogia A abordagem da Andragogia surge com os estudos de Malcolm Knowles na década de 70 como princípio de aprendizagem de adultos que se aplicam a todas as situações de aprendizagem. A abordagem da Pedagogia surge na Grécia considerada local de origem da Pedagogia e das primeiras ideias acerca da ação pedagógica. Para o ambiente de aprendizagem do adulto conta-se com raras pesquisas envolvendo a Andragogia, em contrapartida para o ambiente de aprendizagem da criança diverso são os estudos na área da Pedagogia. Para o entendimento da distinção entre os conceitos de Pedagogia e Andragogia e principalmente em busca da compreensão do conceito da Andragogia Melo ( 2009, p.77 e 78) esclarece que O modelo pedagógico desenhado para o ensino de crianças atribui ao professor total responsabilidade por tomar todas as decisões sobre conteúdo da aprendizagem, método, cronograma e avaliação. Os aprendizes desempenham um papel submisso na dinâmica educacional. Por outro lado, o modelo andragógico enfatiza a educação de adultos e se baseia nos seguintes preceitos: os adultos precisam saber por que precisam aprender algo; os adultos têm a responsabilidade por suas próprias decisões e por sua vida; os adultos entram na atividade educacional com maior volume e variedade de experiências do que as crianças; os adultos têm prontidão para aprender as coisas que precisam saber para enfrentar melhor as situações da vida real; e os adultos respondem melhor aos motivadores internos do que aos externos. Portanto, a distinção entre o modelo pedagógico e Andragógico nos permite perceber a redefinição dos papeis do aprendente na visão andragógica. Para a Andragogia o adulto beneficia-se de preceitos como: conhecer primeiramente a importância do que será aprendido antes mesmo de ser ensinado, o que é justificado por ser sujeito de experiências diversas, em contato com o que será ensinado o adulto responsabiliza-se por todas as suas decisões, a prontidão do aprendente contribui com o seu aprendizado principalmente se o facilitador utilizar motivadores internos. Os modelos Pedagógicos e Andragógicos expostos por Deaquino (2007) e Melo (2004) compartilham o mesmo posicionamento ao apresentar a Pedagogia como ciência voltada para o ensino de crianças e a Andragogia como ciência voltada para o ensino de adultos. Porém, Deaquino (2007) vai além e convida os estudiosos da aprendizagem de adulto a possibilidade do uso da Pedagogia e Andragogia como modo a se ter eficácia e eficiência no processo de aprendizagem em busca da combinação necessária entre as abordagens. Para essa discussão Deaquino (2007, p, 13) apresenta extremidades “nosso entendimento é de que existe um contínuo, no qual a pedagogia, também conhecida como aprendizagem direcionada, posiciona-se em uma extremidade, enquanto a andragogia (aprendizagem facilitada) encontra-se em outra”. No Núcleo de Pesquisa em Práticas Curriculares e Formação de Profissionais da Educação- NIPPC/UFPI compartilha-se com esforços em meio a momentos de incertezas, resistências, discussões teóricas e práticas entre as extremidades da Pedagogia e da Andragogia. Assim, Deaquino em seus estudos recomenda movimento por parte de professores e universidades nesse intervalo, para encontrar a combinação adequada entre as duas abordagens. Embora estudiosos da aprendizagem de adultos recomendem o uso da Andragogia no trabalho com adultos fundamentados nas necessidades, interesses e experiências do adulto, para Deaquino (2007 apud KERKA 2000 p.14) existem três mitos para essa afirmação que são Não é correto presumir que todos os adultos terão um melhor desempenho em termos de aprendizagem em um ambiente centrado no aprendiz, porque muitos deles não estarão dispostos nem serão capazes de assumir pelo menos parte da responsabilidade pelo aprendizado […] desmistificação de que adultos acumulam uma miríade de ricas experiências ao longo de sua vida e acabam utilizando-a como recurso para a aprendizagem […] todos os adultos têm uma motivação interna, intrínseca para aprender. Então, a possibilidade de inovação no ensino universitário por meio da Andragogia traz para o facilitador a necessidade de considerar o contínuo pedagógicoandragógico para o processo de aprendizagem, por ser aplicado em qualquer situação de aprendizagem, independente da idade e maturidade do aprendiz criança ou adulto. Para Deaquino (2007, p. 14) o contínuo pedagógico – andragógico possibilita que “situações reais podem confirmar que a maioria das crianças estará posicionada de forma mais próxima da extremidade esquerda do intervalo, ou seja, a Pedagogia, enquanto os adultos terão uma probabilidade maior de posicionarem próximo à extremidade direita, que caracteriza a andragogia”. A atenção dos estudiosos da aprendizagem de adultos ao empregar tais informações da probabilidade de aprendizagem apoiado na Pedagogia e na Andragogia necessita encontrar-se longe do risco trazido pelas generalizações e ou especificações exageradas do esperado para aprendizes crianças e adultos, afinal, cada aprendiz possui experiências de vida única que tanto o Andragogo como o Pedagogo necessitam conhecer para trabalhar. Cada campo de estudo consideramos trazer benefícios para o desafio de possibilitar ensino e aprendizagem. No contexto atual o profissional Pedagogo ocupa-se da atividade de ensino e gestão do espaço educativo de empresas e hospitais, além das escolas e universidades, sendo estes os espaços de maior experiência desses profissionais. Consideramos fecundo para a carreira do Pedagogo estudos e pesquisas a respeito do uso da Andragogia para a aprendizagem do adulto, pois, no século XXI o público atendido por esse profissional possui diversas idades. O que é justificado pela presença de Pedagogos nas empresas com o objetivo de planejar, acompanhar e avaliar projetos institucionais portanto, gestão no espaço corporativo. As empresas foram os espaços onde se originou os princípios da Andragogia, particularmente no RH de empresas dos Estados Unidos. Afinal o trabalho do Pedagogo possui o papel social de buscar a qualidade do processo de ensino e aprendizagem em qualquer local que esse profissional esteja inserido. Para prossegui a atenção sobre o ensino do adulto e por consequência o interesse na aprendizagem, o conceito de Deaquino (2007, p. 6) para a aprendizagem revela “a aquisição cognitiva, física e emocional, e ao processamento de habilidades e conhecimento em diversas profundidades, ou seja, o quanto uma pessoa é capaz de compreender, manipular, aplicar e/ou comunicar esse conhecimento e essas habilidades”. A aprendizagem para Deaquino (2007, p. 7) possui dimensões ou domínios: físico intrinsecamente ligado aos sentidos físicos: visão, audição, paladar, tato e olfato, preferências representadas pelos estilos visual, auditivo e tátil-sinestésico de aprendizagem, domínio cognitivo relaciona-se à forma como a pessoa pensa e por fim, o domínio emocional refere-se à forma como nos sentimos em termos psicológicos e fisiológicos. O estudante adulto do Ensino Superior por possuir experiência desde a Educação Básica, com o processo de aprendizagem e a abordagem de facilitadores do ensino poderá ser estimulado a perceber os domínios de aprendizagem que contribuem com seu aprendizado e assim utilizá-los em seu benefício, principalmente quando o facilitador se encontra atento ao contínuo pedagógico - andragógico. Assim será necessária a identificação da existência de domínios preferenciais de aprendizagem. Para Deaquino (2004, p. 45) “estilos de aprendizagem representam as competências pessoais dos aprendizes para processar informação em um ambiente de aprendizado”. Então, cada indivíduo tem sua própria capacidade para receber e processar informação, que pode ser resultante de experiências prévias ou de outros fatores cognitivos. A quantidade de domínios e estilos de aprendizagem poderá variar de um aprendente para o outro, o facilitador então, terá a missão de durante as aulas propiciar aos aprendentes o contato com diversos meios de aprendizagem e assim contemplar os domínios e estilos de aprendizagem de seu grupo heterogêneos de aprendizes. Na perspectiva do uso do modelo do processo Andragógico para a aprendizagem, além dos domínios e estilos de aprendizagem andragógicos apresentados por Deaquino, encontra-se em Melo (2009, p. 111 e 112) os elementos constituintes desse processo Preparar o aprendiz, estabelecer um clima que leve à aprendizagem, criar um mecanismo para o planejamento mútuo, diagnosticar as necessidades para a aprendizagem, formular objetivos do programa ( o conteúdo) que irão atender a essas necessidades, desenhar um padrão para as experiências de aprendizagem, conduzir essas experiências de aprendizagem com técnicas e materiais adequados e avaliar os resultados da aprendizagem e fazer um novo diagnóstico das necessidades de aprendizagem. Ao trabalhar com esses elementos andragógicos o facilitador (professor) trabalha na abordagem de processo, diferente da abordagem baseada em conteúdo da educação tradicional. Outro ponto considerado são os fatores que influenciam o posicionamento no cotidiano de aprendizagem através da combinação correta da Andragogia e da Pedagogia. Desafio de trabalhar a abordagem Andragógica com a abordagem pedagógica em um contínuo pedagógico-andragógico para Deaquino acontece pelo acompanhamento do ( 2007, p. 15) “nível de desenvolvimento intelectual do aprendiz, as experiências educacionais anteriores dos alunos, seus estilos de aprendizagem e os objetivos educacionais, o ambiente educacional e ambiente externo”. Para desenvolver seu trabalho os educadores universitários devem conhecer quem são os aprendizes demonstrando que acreditam nos alunos e contextualizando a aprendizagem. Reflexões finais Os resultados alcançados nesta pesquisa mostram a Andragógica como possibilidade de inovação para o Ensino Superior, as contribuições oportunizadas pela abordagem Pedagógica e Andragógica, e, sobretudo a necessidade de conhecermos o contínuo pedagógico – andragógico. O contínuo pedagógico – andragógico como recurso para o facilitador da aprendizagem de crianças e adultos dentro de suas particularidades. As reflexões sobre essas questões passam pelo conhecimento do educando com foco em suas singularidades. Neste ponto, reafirmamos a importância de se colocar à disposição dos professores universitários espaços de formação e pesquisa em Andragogia, principalmente, por desde sua gênese a Andragogia ocupar-se da educação de adultos, público de maior relevância no espaço do Ensino Superior. Referências BRASIL. Leis, Decretos. Lei n. 13.005, 25 de junho de 2014. CAVALCANTE, Roberto de Albuquerque; GAYO, Maria Alice Fernandes da Silva. Andragogia na educação universitária. Conceitos: Revista, João Pessoa, p. 44-45, jul.2004/2005. DEAQUINO, Carlos Tasso Eira. Como aprender: andragogia e as habilidades de aprendizagem- 1. ed.- São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. MELO, KNOWLES, Malcolm S; HOLTON III, Elwood F; SWANSON, Richard Explorando o mundo da Teoria de Aprendizagem. In: _____________________. A Aprendizagem de resultados: uma abordagem para aumentar a efetividade da educação corporativa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. MELO, Alessandro de; URBANETZ, Sandra Teresinha. Fundamentos de Didática. Curitiba: IBPEX, 2008.