Pedagogia no Ensino Superior: uma reflexão inicial

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Pedagogia no Ensino Superior: uma reflexão inicial
Elaine Soares de Amorim1
Natanael Átilas Aleva2
Resumo:
O presente artigo apresenta uma visão crítica de uma pedagoga inserida no
contexto da Educação Superior. É uma reflexão sobre a importância deste
profissional da educação no sentido de auxílio à prática docente que atende a um
público específico. Para tanto, é elucidado o conceito de Andragogia, através do
qual é justificado o ponto de vista da autora.
Palavras-chave: Educação – Ensino Superior – Andragogia.
Abstract
The present article presents a critical vision of an educationalist inserted in the
context of the Superior Education. It is a reflection on the importance of this
professional of the education in the sense of help to the teaching practice that
attends to a specific public. For so much, there is elucidated the concept of
Andragogia, through which the point of view of the author is justified.
Um ano atuando na área pedagógica de uma Instituição de Ensino Superior
reforçou alguns paradigmas construídos no Curso de Graduação em Pedagogia e
modificou outros. Ao longo de quatro anos estudando teorias pedagógicas,
métodos educacionais, concepções diversas, pensadores renomados, educadores
inesquecíveis, práticas educativas, hoje, abomináveis e outras louváveis, percebi
que a práxis do processo educacional é muito mais complexa e desafiadora do que
o modo como me foi apresentada nas obras estudadas e lidas. Não obstante, o
1
Pedagoga das Faculdades Promove de Minas Gerais e da Faculdade de Direito Promove,
atuando nos Cursos de Administração, Comunicação Social e Direito.
2
Diretor Acadêmico das Faculdades Promove, Infórium e Kennedy; Graduação em
Odontologia pela Universidade Vale do Rio Verde de Três Corações, Especialização em
Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais pela EAP-APCD/SP ;Especialização em
Estomatologia pelo CFO-MG ;Mestrado em Cirurgia e Traumatologia Buco-MaxiloFaciais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul-PUCRS e Doutorado
em Odontologia (Diagnóstico Bucal) pela Universidade de São Paulo-USP. Especialista em
Gestão Educacional pelo SENAC .
Ensino Superior se apresentou ainda mais obscuro, talvez pelo fato de na
Universidade não se ter estudado especificamente, nem superficialmente, esta
modalidade de educação.
Atuar na Educação Superior requer conhecimentos “superiores” aos oferecidos nos
Cursos de Graduação em Pedagogia. Não que as exigências para a atuação na
Educação Básica sejam hierarquicamente menos importantes. Para esta também
há que se ter especificidades necessárias, mas que muitas vezes não são
respeitadas. O Ensino Superior contempla uma educação voltada para a formação
profissional cujos educandos são adultos capazes de tomar decisões, fazer
escolhas e direcionar suas ações para perseguir seus objetivos. Estes atores
educacionais são significativamente diferentes daqueles comumente estudados
durante todo o Curso de Graduação em Pedagogia. Jean Jacques Rousseau foi o
primeiro a perceber que crianças não são miniaturas de adultos. Considerando a
perspectiva existencial-humanista, as condutas humanas de um adulto se
concretizam na razão, liberdade e responsabilidade. Através da razão o homem
desenvolve a consciência, ou seja, a capacidade de conhecer o mundo e a si
mesmo e de saber que conhece (reflexão). Através da consciência, ele “se
identifica e se afirma como pessoa, como indivíduo distinto e diferente dos demais,
como portador de direitos e deveres e como criador de si próprio” (BACH, 1985,
p.77)
Diante destas especificidades, o adulto aprendiz requer uma filosofia educacional
específica com métodos peculiares para potencializar os objetivos educacionais
expressos nas Diretrizes Curriculares Nacionais de cada Curso e corroborados nos
Projetos Pedagógicos dos Cursos. Para atender a esta demanda, a Andragogia
surgiu como teoria específica de educação para adultos. O processo de ensino e
aprendizagem, do ponto de vista andragógico, procura tirar o máximo proveito das
características peculiares dos adultos, para que os resultados deste processo
culminem numa aprendizagem mais fácil, profunda e criativa que leve em
consideração as experiências dos educandos e seja relevante para as práticas
cotidianas.
Mas ainda nos deparamos com práticas adotadas no Ensino Superior condizentes
com métodos arcaicos e rígidos, nos quais o aluno ainda é o sujeito passivo do
processo educacional.
A atividade escolar consiste em “aulas”, que os alunos “ouvem”, e algumas vezes
tomando notas, e em exames em que se verificam o que sabem, por meio de
provas escritas e orais. Marcam-se alguns “trabalhos” para casa e, em casa, se
supõe que o aluno “estuda” o que corresponde em fixar de memória o quanto lhe
tem sido, oralmente, ensinado nas aulas. Esta Pedagogia pode funcionar
perfeitamente numa escola da Idade Média. (ANÍSIO TEIXEIRA, 1956, p. 230)
É nesta dicotomia educacional que o papel do pedagogo no Ensino Superior se faz
imprescindível. A inserção do pedagogo na dinâmica dos cursos superiores
representa uma revisão dos paradigmas perpetuados. Há ainda professores que
reproduzem em sala de aula o modelo clássico no qual foram formados, frustrando
a concepção de alunos que chegam ávidos por uma educação “superior”. Percebese que as práticas utilizadas ainda hoje nos cursos superiores de graduação são
inadequadas para a realidade do conhecimento humano atual. Acredito que a
solução dos entraves educacionais do Ensino Superior não se resume apenas na
filosofia andragógica com seus métodos específicos. O modelo andragógico
constitui um dos caminhos para o entendimento das peculiaridades de uma
educação voltada para um público adulto. Um modelo de educação permanente e
contínuo, no qual os alunos precisam aprender a aprender para que,
independentes das Faculdades, Centros Universitários ou Universidades, possam
construir continuamente os saberes necessários para o alcance dos objetivos, bem
como a atualização dos conhecimentos e a capacitação para o desenvolvimento
de seu papel na sociedade.
Não quero aqui esgotar os problemas da Educação Superior apenas na formação
docente ou na aplicação de métodos clássicos e descontextualizados em sala de
aula. Há ainda aqueles alunos, revestidos de todas as peculiaridades descritas,
mas que se permitem ser sujeitos passivos do processo. Acomodados, ora pela
imaturidade, ora pela dependência, estes estudantes aceitam passivamente esta
realidade escolar. Decorridos os períodos acadêmicos e de posse do diploma,
perceberão a perversa realidade, ou seja, que ainda não estão preparados para o
mundo real e o mercado de trabalho.
Referências Bibliográficas:
BACH, Marcos. Consciência e Identidade. Petrópolis: Editora Vozes, 1985.
COECKS, Rodrigo. Educação de Adultos: Uma abordagem Andragógica.
Disponível em: http://www.andragogia.com.br. Acesso em 27/11/2008.
TEIXEIRA, Anísio. A Educação e a Crise Brasileira. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1956.
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