percepções do paciente cirúrgico no período pré

Propaganda
ISSN: 1981-8963
Ascari RA, Neiss M, Sartori AA et al.
DOI: 10.5205/reuol.3188-26334-1-LE.0704201309
Percepções do paciente cirúrgico no…
ARTIGO ORIGINAL
PERCEPÇÕES DO PACIENTE CIRÚRGICO NO PERÍODO PRÉ- OPERATÓRIO
ACERCA DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
PERCEPTIONS OF SURGICAL PATIENT DURING PREOPERATIVE PERIOD CONCERNING
NURSING CARE
PERCEPCIONES DEL PACIENTE QUIRÚRGICO DURANTE EL PERIODO PREOPERATORIO SOBRE EL
CUIDADO DE ENFERMERÍA
Rosana Amora Ascari1, Mariluci Neiss2, Angela Antônia Sartori3, Olvani Martins da Silva4, Tânia Maria Ascari5,
Kiciosan Silva Bernadi Galli6
RESUMO
Objetivo: descrever a percepção do paciente cirúrgico no período pré-operatório acerca da assistência de
enfermagem. Método: estudo qualitativo, constituído por seis pacientes internados na clínica cirúrgica geral
de um hospital público no oeste catarinense em março de 2012, após aprovação do CEPSH/UDESC sob o
número 220/2011. Os dados foram coletados por entrevista semiestruturada e analisados com a técnica de
Análise de Conteúdo. Resultados: do processo de análise emergiram quatro categorias: << Conhecimento
acerca do procedimento cirúrgico >>; << O cuidado e a enfermagem >>;<< Sentimentos identificados no
período pré-operatório >> e << Contribuição da enfermagem para enfrentamento do paciente no período préoperatório >>. Conclusão: a compreensão da percepção do paciente cirúrgico no período pré-operatório pode
agregar subsídios para destacar que uma das formas de prestar assistência é por meio da sistematização da
assistência de enfermagem, aliada a uma rotina de orientações, realizada pelo enfermeiro da clinica
cirúrgica. Descritores: Procedimentos Cirúrgicos Operatórios; Assistência Perioperatória; Cuidados de
Enfermagem.
ABSTRACT
Objective: to describe the perception of surgical patients in the preoperative period concerning nursing care.
Method: a qualitative study consisted of six patients hospitalized in the general surgical clinic of a public
hospital in western Santa Catarina in March 2012, after approval of CEPSH / UDESC under number 220/2011.
Data were collected through semi-structured interviews and analyzed with the technique of Content Analysis.
Results: from process analysis, four categories emerged: << Knowledge about the surgical procedure >>; << >>
Care and nursing; << Feelings identified in the preoperative period >> and << nursing contribution to patient's
coping in preoperative period>>. Conclusion: understanding the perception of surgical patients in the
preoperative period can aggregate subsidies to highlight one of the ways to assist them is through the
systematization of nursing, allied to a routine of orientations held by the nurse's clinical surgery. Descriptors:
Surgical Operative Procedures; Perioperative Care; Nursing Care.
RESUMEN
Objetivo: describir la percepción de los pacientes quirúrgicos en el período preoperatorio sobre el cuidado de
enfermería. Método: estudio cualitativo consistió en seis pacientes hospitalizados en la clínica de cirugía
general de un hospital público en el oeste de Santa Catarina, en marzo de 2012, tras la aprobación de CEPSH /
UDESC bajo número 220/2011. Los datos fueron recolectados a través de entrevistas semi-estructuradas y
analizados con la técnica de Análisis de Contenido. Resultados: del análisis de procesos emergieron cuatro
categorías: << el conocimiento acerca del procedimiento quirúrgico >>;<< El cuidado y la enfermería >>;<<
Sentimientos identificados en el preoperatorio>> y<< la contribución de la enfermería para el enfrentamiento
del paciente en el período preoperatorio>>. Conclusión: la comprensión de la percepción de los pacientes
quirúrgicos en el período preoperatorio puede generar subsidios para entender que una de las maneras de
ayudarles es a través de la sistematización de la enfermería, aliada a una orientación de rutina, mantenida
por el enfermero de la clínica. Descriptores: Procedimientos Quirúrgicos Operativos; Cuidado Perioperatorio;
Cuidados de Enfermería.
1
Enfermeira, Professora Mestre, Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC. Santa Catarina (SC), Brasil. E-mail:
[email protected]; 2Enfermeira. Santa Catarina (SC), Brasil. E-mail: [email protected]; 3Enfermeira. Santa Catarina (SC),
Brasil. E-mail: [email protected]; 4Enfermeira, Professora Mestre, Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC. Santa
Catarina (SC), Brasil. E-mail: [email protected]; 5Enfermeira e Psicóloga, Professora Mestre, Universidade do Estado de Santa
Catarina/UDESC. Santa Catarina (SC), Brasil. E-mail: [email protected]; 6Enfermeira, Professora Mestre, Universidade do Estado de
Santa Catarina/UDESC. Santa Catarina (SC), Brasil. E-mail: [email protected]
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(4):1136-44, abr., 2013
1136
ISSN: 1981-8963
DOI: 10.5205/reuol.3188-26334-1-LE.0704201309
Ascari RA, Neiss M, Sartori AA et al.
INTRODUÇÃO
A Enfermagem perioperatória é a expressão
utilizada para descrever uma variedade de
funções da enfermagem associadas à
experiência cirúrgica.1 Compreende as três
fases da experiência cirúrgica: pré-operatória,
intra-operatória e pós-operatória. Cada fase
começa e termina em um ponto particular na
sequência de eventos que constitui a
experiência
cirúrgica,
e
cada
uma
compreende uma ampla gama de atividades
que o enfermeiro realiza usando o processo de
enfermagem (PE) baseada em padrões da
prática.2
Todas as fases são importantes para o
cuidado do paciente cirúrgico, mas destaca-se
a fase pré-operatória na qual o paciente se
encontra
mais
vulnerável
em
suas
necessidades, tanto fisiológicas quanto
psicológicas, tornando-o mais propenso ao
desequilíbrio emocional. Nesta fase o
enfermeiro tem o papel crucial de orientar o
paciente e prepará-lo para o procedimento,
uma vez que tem a oportunidade de conhecêlo, levantar problemas e necessidades,
fornecer
informações
que
certamente
contribuirão para minimizar seus medos e
inseguranças.1
O bem-estar do paciente cirúrgico deve
constituir o principal objetivo da equipe de
enfermagem que o assiste, sendo por sua vez
responsável pelo preparo do mesmo,
estabelecendo e desenvolvendo múltiplos
cuidados de enfermagem, de acordo com a
especificidade da cirurgia. Estes cuidados
incluem, preparo físico e emocional,
orientação, avaliação e encaminhamento ao
centro cirúrgico, com a finalidade de diminuir
o risco cirúrgico, promover a recuperação e
evitar complicações no pós-operatório.3
A visita pré-operatória de enfermagem é
caracterizada como o início da sistematização
da assistência de enfermagem, e consiste em
acompanhar o paciente desde a sua
internação até a alta pós-cirúrgica, devendo a
enfermagem ficar atenta a todas as alterações
que poderão surgir. Para isso, o enfermeiro
coleta informações a respeito do paciente e
identifica suas necessidades, para tornar a
assistência de enfermagem individualizada e
eficaz, a fim de proporcionar uma
recuperação segura e eficaz.4
Já o procedimento cirúrgico é uma
atividade técnica praticada por uma equipe
especializada em função do problema de
saúde apresentado; é um ato desconhecido
vivenciado pelo paciente que pode apresentar
diversos sentimentos antes da cirurgia, como
desconforto, ansiedade, estresse físico e
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(4):1136-44, abr., 2013
Percepções do paciente cirúrgico no…
emocional; dessa forma os cuidados de
enfermagem devem ser realizados de maneira
planejada,
para
que
os
sentimentos
apresentados nesta fase não se intensifiquem,
mas sejam amenizados.4
Todo
procedimento
cirúrgico,
independente do seu grau de complexidade,
poderá ser acompanhado de anseios, dúvidas
e medo, tornando-se um evento estressante e
complexo para o paciente. Os desequilíbrios
emocionais causados por esse evento podem
levar o paciente a uma série de conflitos
internos que favorecem o aumento da sua
ansiedade diante do acontecimento. Portanto
o cuidado pré-operatório prestado ao paciente
cirúrgico visa o bem-estar do paciente e
diminuir os níveis de estresse e sentimentos
negativos em relação ao ato anestésico
cirúrgico.1,3,5
OBJETIVOS
● Descrever a percepção do paciente
cirúrgico no período pré-operatório acerca da
assistência de enfermagem
● Identificar os sentimentos vivenciados
pelo paciente cirúrgico, bem como os
principais cuidados prestados pela equipe de
enfermagem neste período.
MÉTODO
Estudo qualitativo com delineamento
descritivo. Uma das características da
pesquisa descritiva é a técnica padronizada da
coleta de dados, realizada principalmente
através de entrevistas e da observação
sistemática. A pesquisa qualitativa é um
método de investigação que se baseia na
crença de que a realidade está fundamentada
em percepções, o que difere de pessoa para
pessoa e ao longo das épocas.6
Utilizou-se neste estudo a entrevista
semiestruturada. Esta estratégia de coleta de
dados consente ao entrevistador uma maior
flexibilidade, na medida em que se pode
mudar a ordem das perguntas e se tem ampla
liberdade para fazer intervenções, de acordo
com o andamento da entrevista.7
As entrevistas foram realizadas durante o
mês de março de 2012, com seis pacientes
internados na clínica cirúrgica geral de um
hospital público no Oeste de Santa Catarina,
de ambos os sexos, com idade entre 18 e 65
anos e que tinham sido submetidos à
intervenção cirúrgica eletiva no mês de março
de 2012, independente do município de
origem ou região anatômica operada. Foram
considerados critérios de exclusão deste
estudo, todos os pacientes que estavam em
isolamento por questões relacionadas à
doença.
1137
ISSN: 1981-8963
Ascari RA, Neiss M, Sartori AA et al.
A seleção dos participantes foi realizada
nos prontuários da clínica cirúrgica geral
intencionalmente em busca de pacientes que
se enquadravam nos critérios de inclusão.
Após a identificação dos possíveis
participantes, as pesquisadoras entraram em
contato com os pacientes, explicando os
objetivos e metodologia da pesquisa e após o
aceite verbal dos mesmos foram solicitadas as
assinaturas do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido.
Após
a
autorização
formal,
as
pesquisadoras conduziram a entrevista com
roteiro semiestruturado. Foi realizado um
total de seis entrevistas, por meio do
adicionamento
progressivo
de
novos
participantes até a ‘saturação teórica’; e
optou-se por cessar o estudo julgando haver
alcançado os objetivos. Todas as entrevistas
foram gravadas e posteriormente transcritas
na íntegra e registradas em formulário
próprio, identificados por números arábicos
crescentes seguindo a ordem de participação
na pesquisa. Por medida de segurança foi
realizado dupla digitação.
Os dados coletados constituíram a fonte
primária
para
a
interpretação
das
informações; tomou-se por base a fala dos
participantes. Estas foram analisadas com o
método de Análise de Conteúdo. “A análise de
conteúdo parte de uma literatura de primeiro
plano para atingir um nível mais aprofundado:
aquele que ultrapassa os significados
manifestos”.8
O estudo foi desenvolvido respeitando os
aspectos éticos e legais, assegurados pela
Resolução 196/96 e 251/2007 do CONEP –
Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, após
aprovação e parecer do CEPSH/UDESC sob o
número 220/2011.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando o perfil sócio-demográfico dos
entrevistados, contatou-se que três eram do
sexo feminino e três do sexo masculino, com
predomínio da faixa etária entre 30 e 49 anos,
em sua maioria agricultores com ensino
fundamental, sendo que para o estado civil
houve uma igualdade entre casados e
divorciados.
Após a realização da leitura exploratória
atenta das transcrições das entrevistas,
buscaram-se pontos divergentes convergentes
nas falas de cada participante. Dessa análise
emergiram quatro categorias, que são:
Conhecimento acerca do procedimento
cirúrgico; O cuidado e a enfermagem;
Sentimentos identificados no período préoperatório e Contribuição da enfermagem
para enfrentamento do paciente no período
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(4):1136-44, abr., 2013
DOI: 10.5205/reuol.3188-26334-1-LE.0704201309
Percepções do paciente cirúrgico no…
pré-operatório, as quais revelaram as
percepções desses pacientes durante o
período pré-operatório.
●
Conhecimento
procedimento cirúrgico
acerca
do
Esta
categoria
procura
mostrar
o
conhecimento que os participantes da
pesquisa tinham a respeito do procedimento
ao qual seriam submetidos.
Todos os participantes alegaram saber a
qual procedimento foram submetidos, porém
de maneira diferenciada. Alguns sabiam citar
a terminologia técnica, outros identificavam o
local do procedimento, porém não deixavam
claro se realmente sabiam como a cirurgia
havia sido feita e, outros conseguiram
descrever como o procedimento foi realizado.
O período pré-operatório é composto por
um conjunto de ações que visam à
identificação de possíveis distúrbios no
paciente, reduzindo dessa maneira os riscos
cirúrgicos, e neste momento, é de
responsabilidade da equipe de enfermagem o
preparo adequado do paciente para a cirurgia
de acordo com o tipo e porte cirúrgico. A
visita pré-operatória é o primeiro passo e tem
como finalidade educar o paciente e sua
família, explicando rotinas, procedimentos,
como será sua chegada ao centro cirúrgico, o
que e como será feito e como será sua
recuperação
após
o
procedimento,
esclarecendo suas dúvidas e de sua família de
forma preventiva.9
Quando indagados se haviam recebido
orientações sobre a cirurgia que foi realizada,
todos
os
participantes
responderam
positivamente, no entanto, exclusivamente
pelo profissional médico, não citando a equipe
de enfermagem, conforme as falas:
Sim, sobre tudo, pelo médico mesmo.
(Participante 1)
Sim, o doutor me orientou. (Participante 3)
Essa constatação coincide com achados de
outro estudo10 que aponta que quando o
paciente é questionado sobre a orientação da
cirurgia no pré-operatório, muitos pacientes
citam a orientação do médico, mesmo nada
tendo sido perguntado sobre ele, o que
reforça o “status” do médico como
profissional mais qualificado, possuidor de
conhecimento, já que é quem detém o poder
sobre o corpo do doente no momento do
procedimento cirúrgico.
O bem-estar do paciente cirúrgico deve
constituir o principal objetivo da equipe de
enfermagem que o assiste, sendo responsável
pelo preparo do paciente, estabelecendo e
desenvolvendo diversas ações de cuidados de
enfermagem, de acordo com a especificidade
da cirurgia. Estes cuidados incluem, preparo
1138
ISSN: 1981-8963
Ascari RA, Neiss M, Sartori AA et al.
físico e emocional, orientação, avaliação e
encaminhamento ao centro cirúrgico.3
A partir das falas dos participantes e da
literatura consultada percebe-se a dificuldade
da enfermagem em se comunicar com os
pacientes, em se fazer aparecer, demonstrar
seu conhecimento e ser valorizada por isso. A
comunicação é um instrumento essencial no
atendimento do enfermeiro ao paciente que
se encontra no período pré-operatório.
Através dela, o enfermeiro consegue
identificar os significados que o paciente e
família atribuem à doença, à hospitalização e
ao próprio tratamento cirúrgico. Dessa forma
acredita-se que a partir de uma boa
comunicação enfermeiro-paciente é possível
desenvolver uma assistência individualizada,
planejada e baseada nos anseios e
expectativas
do
paciente
frente
ao
procedimento cirúrgico.
A atenção ao paciente cirúrgico deve
envolver todas as necessidades ao longo do
período pré-operatório. A equipe de
enfermagem é responsável pela realização de
todos os cuidados a serem prestados de forma
integral e individualizada, levando em
consideração o estado de saúde do paciente, o
tipo de cirurgia, a rotina da instituição, assim
como os executando com conhecimentos
especializados, para atender as necessidades
apresentadas devido ao tratamento cirúrgico,
com a finalidade de diminuir o risco cirúrgico,
promover a recuperação, evitar complicações
no pós-operatório, pois estas podem estar
associadas ao preparo inadequado no período
pré-operatório.3
As orientações ao paciente sobre o
processo cirúrgico são essenciais para o
sucesso do tratamento e, o enfermeiro atua
encorajando o paciente a aderir aos regimes
terapêuticos e transforma-se na principal
fonte de informações necessárias para o
enfrentamento do ato cirúrgico.11
O período pré-operatório é uma etapa
muito importante, pois o paciente se encontra
abalado pelas informações acerca de sua
doença e da intervenção cirúrgica à qual será
submetido. A avaliação pré-operatória, feita
pelo enfermeiro, fornece informações ao
paciente, verificando suas dúvidas em relação
ao ato anestésico cirúrgico, e além de ser uma
ação de ajuda e de aprendizado na qual
enfermeiro e paciente interagem, busca-se a
solução de problemas através de uma
assistência qualificada e particularizada por
meio da elaboração de um plano de
cuidados.4,12
● O cuidado e a enfermagem
Nesta categoria discute-se a relação da
enfermagem com o cuidado ao paciente
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(4):1136-44, abr., 2013
DOI: 10.5205/reuol.3188-26334-1-LE.0704201309
Percepções do paciente cirúrgico no…
cirúrgico no período pré-operatório. A maioria
dos participantes referiu que se sentiram
cuidados no período que antecedeu a cirurgia,
porém alguns não definem por quem esse
cuidado
foi
realizado.
Outros
citam
diretamente as enfermeiras, o que gera
dúvida se está se referindo realmente as
enfermeiras ou as demais categorias da
enfermagem, demonstrando novamente uma
falha na comunicação entre o binômio
enfermeiro-paciente.
É através da comunicação e orientação do
enfermeiro no pré-operatório que o vínculo é
estabelecido e o paciente se sente mais
confiante e seguro, diminuindo assim a
ansiedade e sofrimento.
Sabe-se que a enfermagem tem como
instrumento
de
trabalho
o
cuidado.
Historicamente os enfermeiros destacaram-se
por cuidar bem de seus pacientes de forma
organizada,
disciplinada
e
envolvendo
13
conhecimento científico. O cuidado, e todos
os conceitos a ele inerentes (saúde, conforto,
ajuda), nortearam sua prática clínica antes
mesmo de fazerem parte do corpo das teorias
de enfermagem.
A equipe de enfermagem no exercício do
cuidado deve ter como objetivo principal,
reconhecer e definir a assistência de
enfermagem mais adequada ao paciente
cirúrgico no período pré, trans e pósoperatório. Portanto, ao enfermeiro, compete
o
planejamento
da
assistência
de
enfermagem, do qual diz respeito às
necessidades físicas e emocionais do paciente,
além da orientação quanto à cirurgia e o
preparo físico necessário para a intervenção
cirúrgica.3,14
Apenas um participante referiu que não se
sentiu cuidado nesse período e a frase, dita
pelo mesmo, evidencia a fragilidade deixada
pela equipe de enfermagem no quesito
cuidado.
Não me senti cuidado. Aqui antes da cirurgia
quase não fizeram nada, eu vim um dia
antes pra no outro dia de manhã fazer a
operação. Aqui eu só vim e fiquei na cama.
(Participante 6)
Nesse sentido, ainda existem deficiências
no que diz respeito ao cuidado de
enfermagem no período pré-operatório.3
Desta maneira, acredita-se que deveria haver
uma maior qualidade e adequação nos
cuidados realizados, estabelecendo o processo
de comunicação e avaliando as reais
necessidades de cuidados que cada paciente
necessita.
Os cuidados de enfermagem identificados
pelos entrevistados apresentaram-se mais de
cunho procedimental; perante as respostas
1139
ISSN: 1981-8963
Ascari RA, Neiss M, Sartori AA et al.
percebe-se que a grande maioria dos cuidados
identificados diz respeito à aplicação de
técnicas, ou seja, procedimentos nos quais o
paciente é tocado, sendo eles: administração
de medicamentos, terapia intravenosa,
sondagem vesical, aferição dos sinais vitais e
realização de curativos, salientando que este
último é um cuidado do período pósoperatório.
Evidencia-se no estudo a dificuldade dos
pacientes na compreensão de que os cuidados
de enfermagem vão além das ações técnicas.
Dentre as responsabilidades do enfermeiro
no cuidado do paciente no pré-operatório,
estão ações como realizar do preparo da pele,
tricotomia, encaminhar para higiene oral e
corporal; manter o jejum; administrar e
explicar a finalidade da medicação préanestésica; anexar os exames complementares
ao prontuário; fornecer o avental e a touca ao
paciente; e, a verificação dos sinais vitais.15
Outros
mencionam
também
como
atividades do enfermeiro investigar se há
processos
alérgicos
a
medicamentos,
alimentos ou látex; retirada de próteses
dentárias, adornos e esmaltes; esvaziamento
intestinal
e
vesical
previamente;
esclarecimento de dúvidas e anseios; orientar
que haverá desconforto pela dor, pelo
posicionamento ou pela permanência no
leito.10 Estes cuidados de enfermagem
prestados no pré-operatório pelo enfermeiro
ou muitas vezes delegados a outras categorias
da enfermagem são de extrema importância
para diminuir o risco cirúrgico, promover a
recuperação e evitar complicações no pósoperatório.
A assistência de enfermagem préoperatória
fornece
ao
paciente
uma
compreensão completa sobre a cirurgia e o
prepara física e psicologicamente para a
intervenção cirúrgica. Esta é uma atividade de
promoção da saúde fornecida na fase préoperatória que objetiva a manutenção da
saúde, a prevenção de complicações, e
redução do risco cirúrgico, resultando em
aspectos positivos para o paciente após a
cirurgia.16
São várias as ações de enfermagem a serem
executadas no período pré-operatório,17
dentre elas orientar e treinar o cliente a
respeito dos exercícios respiratórios e dos
membros.
Constata-se pelo relato dos pacientes a
dificuldade dos mesmos na identificação dos
cuidados de enfermagem no período préoperatório, visto que, mais do que um
paciente citou cuidados do período pósoperatório, estabelecendo confusão entre
esses dois momentos. Quanto aos cuidados
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(4):1136-44, abr., 2013
DOI: 10.5205/reuol.3188-26334-1-LE.0704201309
Percepções do paciente cirúrgico no…
que não foram citados pelos participantes da
pesquisa, pode-se intuir que talvez se não se
lembraram de falar ou se a equipe de
enfermagem realmente não os executou.
Estudos discorrem sobre a ritualização das
orientações pré-operatórias como sendo um
dos possíveis fatores que levam os pacientes a
não lembrarem as orientações recebidas, pois
as mesmas são semelhantes para todos os
pacientes, independente do tipo de cirurgia a
ser realizada.10 Salientam ainda a falta de
preparo específico para essa atividade, o uso
demasiado
da
linguagem
técnica,
a
passividade do paciente, bem como seu
estado de ansiedade que pode dificultar a
apreensão das informações.
Percebe-se que há uma deficiência no que
diz respeito aos cuidados prestados no período
pré-operatório pela equipe de enfermagem,
incluindo o enfermeiro, que não se faz
presente nesta assistência. Nesse contexto
pode-se inferir que fatores como a sobrecarga
de trabalho e a deficiência no contingente de
recursos humanos na enfermagem levem a
ocorrência dessas falhas no cuidado, que
repercutem na recuperação, segurança e
satisfação do paciente.
Um dos objetivos do PIPO - Programa de
Instrução
Pré-operatório
inclui
o
relacionamento entre enfermeiro e paciente,
garantindo
comunicação
eficiente,
identificação de medos e preocupações para
apoio e desenvolvimento de condições
favoráveis
a
adaptação
individual
e
16
esclarecimento de dúvidas.
O
relacionamento
da
equipe
de
enfermagem com o paciente1 é de extrema
importância, pois a garantia do sucesso está
associada à maneira pela qual são atendidas
as demandas físicas, emocionais, sociais e
espirituais do paciente. Para tanto, é
imprescindível fortalecer as dimensões que
compõem o cuidado nessa prática profissional.
● Sentimentos identificados no período
pré-operatório
Durante o percurso da vida, algumas vezes
as pessoas são acometidas por experiências
que exigem a necessidade de adaptação e
enfrentamento da situação vivenciada. Nesse
contexto, estão as doenças, que vão
necessitar de intervenção cirúrgica, levando o
individuo a vivenciar uma situação de crise,
além de romper com o equilíbrio físico a
pessoa
doente
demanda
uma
nova
estruturação psicológica para suportar este
momento. O fato, por si só, é gerador de
angústias, medo, nervosismo, ansiedades e
inseguranças no paciente cirúrgico.1
Cabe salientar que em situações de doença
e especificamente no caso deste estudo, a
1140
ISSN: 1981-8963
Ascari RA, Neiss M, Sartori AA et al.
necessidade de procedimento cirúrgico
evidencia um momento de crise físicobiológica para o paciente, no entanto não se
pode esquecer que o mesmo vivencia ainda
uma crise emocional que atinge também a
família, e que se torna manifesta de várias
formas.
Os
sentimentos
que
fluíram
dos
participantes acerca do momento préoperatório foram relatados como segurança,
insegurança, medo e nervosismo. Nesse
sentido podemos entender que os sentimentos
vivenciados poderiam ser classificados em
positivos e negativos, sendo que estes últimos
se sobressaem.
Segurança caracteriza-se por estado do que
se
acha
seguro;
certeza,
convicção.
Estabilidade em determinada condição ou
situação; sensação de inexistência de
qualquer perigo ou proteção; confiança em si
ou em outrem.18
Os participantes do estudo apontam sua
segurança ancorada na fé e na religião; por
confiar no médico que o assiste e pelo
procedimento cirúrgico ser entendido como
simples. A enfermagem não é citada como um
fator que desencadeie segurança.
Muitos
pacientes
buscam
força,
tranquilidade e esperança na religiosidade,
afirmando que têm fé em Deus neste
momento difícil de angústia e aflição, buscam
manter sentimentos positivos e assim
acreditam que tudo irá correr bem.19
A
assistência
dos
profissionais
de
enfermagem é fundamental para transmitir
confiança e segurança ao paciente, o que,
indubitavelmente, contribui para diminuir sua
angústia e ansiedade frente a uma situação,
para ele, de risco. É necessário que os
profissionais tenham responsabilidade de
identificar e conhecer os sentimentos que
surgem e, além disso, saber interpretá-los,
auxiliando o paciente, para que suas
sensações possam ser controladas e/ou
minimizadas, com apoio e compreensão,
durante o relacionamento estabelecido. 1,14
Experiências anteriores e procedimentos
considerados
simples
pelos
pacientes
favorecem o enfrentamento da cirurgia, pois
os pacientes tendem a desmistificar o que
acontece durante o transoperatório, período
de maior medo, onde criam fantasias sobre o
bloco cirúrgico, anestesia e a morte.20
Em alguns momentos é inevitável que a
insegurança acompanhe a maior parte das
pessoas que precisam submeter-se a um
processo cirúrgico. Essa experiência, muitas
vezes, apresenta-se para o indivíduo como
uma ameaça, não apenas à sua integridade
física, mas também psíquica, em virtude da
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(4):1136-44, abr., 2013
DOI: 10.5205/reuol.3188-26334-1-LE.0704201309
Percepções do paciente cirúrgico no…
ansiedade que ela pode gerar.1 Observa-se
através da fala:
Medo, medo eu não tive, só insegura
mesmo. (Participante 2)
A
identificação
do
sentimento
de
insegurança é explicada pelo participante por
ser algo desconhecido para ele. O
procedimento cirúrgico consiste para o
paciente como um dos momentos mais críticos
e complexos devido ao medo do desconhecido
e à complexidade do procedimento, gerando
uma experiência de sentimentos negativos
como de ansiedade e medo tanto em nível
psicológico quanto fisiológico. Portanto, estar
inserido em um contexto desconhecido e
incerto leva o sujeito a se sentir inseguro e
ansioso.1
O medo é caracterizado por uma
perturbação do ânimo, preocupado com a
ideia de um perigo real ou aparente; distúrbio
emocional provocado por ameaça real ou
aparente ou pela presença de algo perigoso ou
estranho.18
O ambiente hospitalar é desconhecido e
promove medo no paciente cirúrgico,
modificando os costumes e hábitos das
pessoas, que não sabem como agir, perdendo
sua autonomia e tornando-se dependentes dos
profissionais para atividades da vida diária.
Esses sentimentos de solidão, medo,
nervosismo e insegurança fazem com que
busquem nas pessoas que estão mais
próximas,
nesse
caso
a
equipe
de
enfermagem, não apenas a cura, mas também
segurança e afeto.10
Outro sentimento identificado no período
pré-operatório deste estudo foi o medo, como
no exemplo do participante seis foi submetido
ao
processo
cirúrgico
de
Ressecção
Transuretral da Próstata (RTU).
Ah, eu tinha medo né, de que acontecesse
alguma coisa errada, que furassem o canal.
(Participante 6)
O medo expressado pelo mesmo estava
relacionado
às
consequências
do
procedimento, neste caso, a impotência
sexual.
No que se refere aos sentimentos vividos
pelo paciente diante da espera do ato
cirúrgico,1 o medo da anestesia, que ao
mesmo tempo em que evita a dor, impede o
exercício de controle sobre o próprio corpo,
as consequências do procedimento cirúrgico, e
até mesmo da morte, são geradores de
angústias e inseguranças e, a depender do
impacto que podem causar no paciente e de
como ele enfrenta essa situação de crise,
podem interferir no curso do processo
cirúrgico e na sua recuperação.
1141
ISSN: 1981-8963
Ascari RA, Neiss M, Sartori AA et al.
Sentimentos negativos como nervosismo,
medo, estresse, ansiedade,21 são sentimentos
identificados nos pacientes submetidos à
procedimentos anestésico-cirúrgicos e pode
afetar o resultado da intervenção cirúrgica.
Por isso a orientação a este paciente serve de
estratégia de atuação para minimizar as
consequências que podem repercutir na
qualidade de vida após a cirurgia. Cabe ao
enfermeiro desenvolver e manter um espaço
de acolhimento.21
Quanto ao nervosismo neste estudo
identifica-se um relato.
Ah, eu estava meio nervosa né [...] medo,
medo eu não tive [...].(Participante 2)
Neste caso pode-se compreender o
nervosismo como uma manifestação da
ansiedade e insegurança.
Estudos
apontam22
que os fatores
responsáveis pela ansiedade no momento
cirúrgico são preocupação com lesões que
podem ocorrer, receio de dor no pósoperatório, separação da família, medo de
ficar incapacitado, medo de não acordar da
anestesia, medo de complicações.
Nesse panorama pode-se pensar que a
vivência de sentimentos negativos no período
pré-operatório é um fator prejudicial para as
demais fases cirúrgicas, bem como pode ser
um ‘embotador’ para o registro e apreensão
das orientações e demais cuidados prestados
pelo enfermeiro no pré-operatório.
● Contribuição da enfermagem para
enfrentamento do participante no
período pré-operatório
Emergiu
através
das
falas
ponto
contraditório assistencial, em que para alguns
participantes a enfermagem contribuiu para
minimizar o estresse cirúrgico e para outros a
enfermagem não se fez presente.
Para que o enfermeiro possa acolher e
assistir o paciente de modo mais humano, o
cuidado de enfermagem deve ser realizado de
forma
humanizada,1
a
relação
entre
enfermeiro e paciente deve ser estabelecida e
mantida, pois o enfermeiro pode influenciar
no desenvolvimento do processo cirúrgico em
todas as suas etapas, uma vez que o
profissional da área e sua equipe, em geral,
são aqueles que mais têm contato com o
paciente, trazendo consigo, em função disso,
um potencial transformador, se conseguir
criar um clima de confiança e segurança.
A equipe de enfermagem, assim como o
enfermeiro tem papel crucial para o paciente
enfrentar o período pré-operatório, uma vez
que se tem a oportunidade de conhecer,
levantar problemas e necessidades dos
pacientes, fornecendo informações que
contribuirão para minimizar sua ansiedade e
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(4):1136-44, abr., 2013
DOI: 10.5205/reuol.3188-26334-1-LE.0704201309
Percepções do paciente cirúrgico no…
medo. Essa assistência de enfermagem serve
para o planejamento das ações de
intervenção, de forma individualizada para
que o paciente possa enfrentar esse momento
da cirurgia em condições toleráveis,
facilitando a assistência nas demais fases do
processo cirúrgico.1
Para os participantes que responderam que
a enfermagem não contribuiu, solicitou-se
então para que expusessem como a
enfermagem poderia tê-los ajudado. Dentre as
respostas destaca-se:
Só se elas ‘dessem’ alguma informação né,
porque outra coisa não tinha né. Elas só me
informaram que tinha que ir em jejum. De
repente elas conversando poderiam acalmar
as dúvidas, porque a gente vai com dúvida
do que pode acontecer. (Participante 6)
Não sei o que eles poderiam ter feito.
(Participante 2)
Esses depoimentos nos remetem à reflexão
sobre as lacunas que a enfermagem deixa
quando não realiza uma assistência adequada,
qualificada e individualizada com os pacientes
que se encontram neste período.
O planejamento da assistência de
enfermagem ao paciente cirúrgico é de
extrema relevância, pois a garantia do sucesso
está associada à maneira pela qual são
atendidas as demandas físicas, emocionais,
espirituais do paciente. Para tanto é
imprescindível fortalecer as dimensões que
compõem a assistência de enfermagem,
voltada ao cuidado. Pois uma assistência de
enfermagem com qualidade ao paciente
cirúrgico não é realizada com frequência
desejada, sendo que muitos pacientes não se
sentem preparados para enfrentar essa
situação, e acaba indo ao centro cirúrgico com
muitas dúvidas e medos.1
No período que antecede a cirurgia, a
consulta de enfermagem auxilia a minimizar
ansiedade, pois nesse momento o enfermeiro
explica como é realizado o procedimento
cirúrgico, aborda sobre os cuidados préoperatórios e pós-operatórios necessários
antes da cirurgia, além de estimular a
expressão de sentimentos e temores e
encorajar para o enfretamento da situação.23
Para que as orientações pré-operatórias
possuam
influência
positiva
sobre
a
recuperação do paciente, faz-se necessário o
comprometimento da enfermagem para com o
paciente tanto no preparo físico como no
preparo psicológico para o enfrentamento da
intervenção cirúrgica. Além disso, as
orientações realizadas antes do procedimento
cirúrgico contribuem para a manutenção da
saúde, prevenção de complicações e apoio
para possíveis necessidades de reabilitação no
pós-operatório.16
1142
ISSN: 1981-8963
Ascari RA, Neiss M, Sartori AA et al.
CONCLUSÃO
Identificar a percepção do paciente
cirúrgico no período pré-operatório acerca da
assistência de enfermagem torna-se um
desafio que permite a aproximação e
reconhecimento
de
vivências
pouco
exploradas.
Os sentimentos identificados acerca do
período pré-operatório foram segurança,
insegurança, medo e nervosismo. Os cuidados
que os participantes da pesquisa identificaram
como
sendo
da
enfermagem
foram
administração de medicamentos, terapia
intravenosa, sondagem vesical, aferição dos
sinais vitais e realização de curativos, sendo
que este último é um cuidado do período pósoperatório.
Cuidados
provenientes
de
orientação pode-se considerar apenas o
encaminhamento ao banho e a permanência
em jejum.
Quanto aos cuidados de enfermagem de
orientação ao preparo físico para minimizar o
risco de complicações no pós-operatório e a
abordagem psicológica evidenciou-se através
dos relatos que raras vezes a enfermagem
realizou estas ações.
Em relação ao procedimento cirúrgicos a
que os participantes foram submetidos, os
mesmos tinham conhecimento sobre o ato
cirúrgico, porém de forma rudimentar, uma
vez que alguns sabiam a terminologia correta,
outros descreviam o procedimento, enquanto
alguns apenas localizavam a região anatômica
comprometida, evidenciando uma fragilidade
nos cuidados de enfermagem no período préoperatório.
Nos depoimentos as orientações préoperatórias sobre o ato cirúrgico foram
realizadas exclusivamente pelos profissionais
médicos, evidenciando a necessidade da
enfermagem se fazer presente e enfatizar as
orientações sobre o procedimento cirúrgico
junto à clientela, pois além de contribuir para
o fortalecimento do vínculo profissionalpaciente, reflete na qualidade da assistência
prestada.
A experiência de uma institucionalização e
principalmente quando da presença de uma
intervenção cirúrgica, por si só, afeta o estado
emocional, podendo ser caracterizada como
uma ameaça física e psíquica. Uma
abordagem integral, individualizada, sem
pressa, possibilitando uma interação de
conhecimentos e troca de experiências
contribuem
significativamente
para
o
enfrentamento da cirurgia, na medida em que
as orientações realizadas reduzem a
ansiedade, os medos e às aflições causadas
pelo procedimento cirúrgico.
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(4):1136-44, abr., 2013
DOI: 10.5205/reuol.3188-26334-1-LE.0704201309
Percepções do paciente cirúrgico no…
A pesquisa mostrou que no preparo préoperatório
realizado
pela
equipe
de
enfermagem
ocorre
uma
incoerência
assistencial, pois para alguns pacientes a
enfermagem contribui de forma positiva para
o enfrentamento desse momento de angústia
e para outros, a enfermagem não se fez
presente conforme relato dos participantes.
Cuidar de pacientes cirúrgicos não é um ato
simples. O período pré-operatório é um
momento fundamental para avaliar estes
pacientes, pois é nele que se realiza a
anamnese e são abordadas as questões
relativas ao ato cirúrgico.
A compreensão da percepção do paciente
cirúrgico no período pré-operatório pode
agregar subsídios para destacar que uma das
formas de prestar assistência é por meio da
sistematização da assistência de enfermagem,
aliada a uma rotina de orientações, realizada
pelo enfermeiro da clinica cirúrgica.
Cada paciente é único e, portanto
apresenta peculiaridades, sendo assim, é de
suma importância que a equipe de
enfermagem efetivamente estabeleça a
comunicação com paciente e família, bem
como se utilize de um instrumento que
possibilite
qualificar/uniformizar
e
individualizar os cuidados e as orientações
repassadas
no
período
pré-operatório,
favorecendo assim o preparo físico e
psicológico do paciente cirúrgico.
REFERÊNCIAS
1. Costa VASF, Silva SCF, Lima VCP. O préoperatório e a ansiedade do paciente: a aliança
entre o enfermeiro e o psicólogo. Rev SBPH
[Internet]. 2010 July/Dec [cited 2012 May
16];13(2):282-98.
Available
from:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rsbph/v13n2/v13
n2a10.pdf
2. Smeltzer SC, Bare BG. Brunner & Suddarth:
Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 11.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara–Koogan.; 2009.
v.4
3. Christóforo BEB, Carvalho DS. Cuidados de
enfermagem realizados ao paciente cirúrgico no
período pré-operatório. Rev Esc Enferm USP
[internet]. 2009 [cited 2011 Sept 26];43(01):1422.
Available
from:
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43n1/02.pdf
4. Possari JF. Centro cirúrgico: planejamento,
organização e gestão. 3rd ed. São Paulo: Iátria;
2007.
5. Perrando MS, Beuter M, Brondanis CM, Roso
CC, Santos TM, Predebon GR. O preparo préoperatório na ótica do paciente cirúrgico. Rev
Enferm UFSM [Internet]. 2011 Jan/Apr [cited
2012 Jan 03];1(1):61-70. Available from:
http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-
1143
ISSN: 1981-8963
Ascari RA, Neiss M, Sartori AA et al.
2.2.2/index.php/reufsm/article/viewFile/2004/
1512
6. Taylor C, Lillis C, Lemone P. Fundamentos de
enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de
enfermagem. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
7. Mattos P, Lincoln CL. A entrevista nãoestruturada como forma de conversação: razões
e sugestões para sua análise. Rev Adm Publica
[Internet]. 2005 July/Aug [cited 2012 Dec
12];39(4):823-47.
Available
from:
http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/2410/2
41021497001.pdf
8. Minayo MCS. O desafio do conhecimento:
pesquisa qualitativa em saúde. 11th ed. São
Paulo: Hucitec, 2008.
9. Andreu
JM,
Deghi
LP.
Enfermagem
perioperatória: considerações gerais sobre a
temática. In: Mamagutti W, Bonfim IM. (Orgs).
Enfermagem em centro cirúrgico: atualidades e
perspectivas no meio ambiente cirúrgico. São
Paulo: Martinari; 2009.
10. Kruse MHL, Almeida MA, Keretzky KB,
Rodrigues E, Silva FP, Schenini FS et al.
Orientação pré-operatória da enfermeira:
lembranças de pacientes. Rev Eletr Enferm
[Internet]. 2009 [cited 2012 Jan 03];11(3):494500.
Available
from:
http://www.fen.ufg.br/revista/v11/n3/v11n3a0
5.htm
11. Tenani AC, Pinto MH. A importância do
conhecimento do cliente sobre o enfrentamento
do tratamento cirúrgico. Arq Ciênc Saúde
[Internet]. 2007 Apr/June [cited 2012 May
16];14(2):85-91.
Available
from:
http://www.cienciasdasaude.famerp.br/racs_ol
/vol-14-2/IIDD225%20PDF.pdf
12. Mendonça RS, Valadão M, Castro L, Camargo
TC. A importância da consulta de enfermagem
em pré-operatório de ostomias intestinais. Rev
Brasil Cancerol [Internet]. 2007 [cited 2012 May
24];53(4):431-5.
Available
from:
http://www.inca.gov.br/rbc/n_53/v04/pdf/arti
go5.pdf
13. Souza ACC, Muniz Filha MJM, Silva LF,
Monteiro ARM, Fialho AVM. Formação do
enfermeiro para o cuidado: reflexões da prática
profissional. Rev Bras Enferm [Intenet]. 2006
Nov/Dec [cited 2012 May 17];59(6):805-7.
Available
from:
http://www.scielo.br/pdf/reben/v59n6/a16.pdf
14. Christóforo BEB, Zagonel IPS, Carvalho DS.
Relacionamento enfermeiro-paciente no préoperatório: uma reflexão à luz da teoria de
Joyce Travelbee. Cogitare Enferm [Internet].
2006 Jan/Apr [cited 2012 May 24];11(1):55-60.
Available
from:
http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare
/article/view/5977/4277
15. Costa ALS, Coutinho RMC. Assistência de
Enfermagem no Período Transoperatório. In:
Carvalho D, Bianchi ERF (Orgs). Enfermagem em
centro cirúrgico e recuperação. São Paulo:
Manole; 2007.
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 7(4):1136-44, abr., 2013
DOI: 10.5205/reuol.3188-26334-1-LE.0704201309
Percepções do paciente cirúrgico no…
16. Potter PA, Perry AG. Fundamentos de
enfermagem. 7th ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
2009.
17. Figueiredo NMA, Leite JL, Machado WCA
(Orgs). Centro cirúrgico: atuação, intervenção e
cuidados de enfermagem. 2nd ed. São Caetano
do Sul: Yendis, 2009.
18. Rios DR. Minidicionário escolar da língua
portuguesa. São Paulo; 2010.
19. Vargas TVP, Maia EM, Dantas RAS. Patient
Feelings during the preopperative period for
cardiac surgery. Rev Latino-Am Enfermagem
[Internet]. 2006 May/June [cited 2012 May
24];14(3):383-8.
Available
from:
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n3/v14n3a12
.pdf
20. Fighera J, Viero EV. Vivências do paciente
com relação ao procedimento cirúrgico:
fantasias e sentimentos mais presentes. Rev
SBPH [Internet]. 2005 Dec [cited 2012 Nov
10];8(2):51-63.
Available
from:
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rsbph/v8n2/v8n2
a05.pdf
21. Stumm EMF, Zimmermann MB, GirardonPerlini NMO, Kirchner RM. Ações do enfermeiro
na recepção do paciente em centro cirúrgico.
Rev Mineira Enferm [Internet]. 2009 Jan/Mar
[cited 2012 Nov 10];13(1):93-8. Available from:
http://www.enf.ufmg.br/site_novo/modules/m
astop_publish/files/files_4c0e47a93ae90.pdf
22. Alves MLM, Pimentel AJ, Guaratini AA,
Marcolino JAM, Gozzani JL, Mathias LAST.
Ansiedade no período pré-operatório de cirurgias
de mama Rev Bras Anestesiol [Internet]. 2007
Mar/Apr [cited 2011 Feb 12];57(2):147-56.
Available
from:
http://www.scielo.br/pdf/rba/v57n2/03.pdf
23. Sampaio CEP, Silva RV, Romano RAT,
Comino LBS. Adaptation Mechanisms (COPING) of
the companions of children subitted to outpatiet
surgery. J Nurs UFPE on line [Internet]. 2012 Aug
[cited 2012 Dec 06];6(8):1880-6. Available from:
http://www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem
/index.php/revista/article/view/2837/pdf_1377
Submissão: 18/12/2012
Aceito: 07/02/2013
Publicado: 01/04/2013
Correspondência
Rosana Amora Ascari
Departamento de Enfermagem /Universidade
do Estado de Santa Catarina
Rua Benjamim Constant, 164 D / Centro
CEP: 89802-200  Chapecó (SC), Brasil
1144
Download