1 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Biomedicina Trabalho de Conclusão de Curso CRIPTOCOCOSE: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E PATOLÓGICOS EM PACIENTES COM HIV - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Autora: Rayanne Cursino de O. Lopes. Orientador: MSc Leandro Dias Teixeira. Brasília - DF 2014 Rayanne Cursino de Oliveira Lopes . Criptococose: aspectos epidemiológicos e patológicos em pacientes com HIVRevisão bibliográfica Monografia apresentada ao curso de graduação em Biomedicina da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biomedicina. Orientador: MSc. Leandro Dias Teixeira. Brasília 2014 3 Monografia de autoria de Rayanne Cursino de Oliveira Lopes, intitulado “Criptococose: aspectos epidemiológicos e patológicos em pacientes com HIVRevisão bibliográfica”, apresentado em 22 de Maio de 2014, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina da Universidade Católica de Brasília. Prof. MSc Leandro Dias Teixeira Orientador Curso de Biomedicina – UCB Prof ª MSc Adriana Hanai Cienslinski Curso de Biologia - UCB Prof. MSc Douglas Araújo Dos Santos Albernaz Curso de Biomedicina Brasília 2014 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me impulsionado, me dando saúde e força durante essa jornada. Ao meu orientador Leandro Dias Teixeira, pela paciência, pelo suporte, pelas correções e incentivos. Agradeço a minha mãe, minha companheira e grande incentivadora. Ao meu pai, pela força e dedicação. Sem eles nada disso teria se concretizado. Ao Daniel Laranjeira pela força sempre, pelo incentivo diário e pelo auxílio em cada etapa da elaboração desse trabalho. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada. RESUMO Referência: LOPES, Rayanne Cursino de Oliveira Lopes. Criptococose. Prevalência de Criptococose no Período de Janeiro de 2004 a Junho de 2014 em Pacientes Imunodeprimidos- Revisão Bibliográfica. 2014. 47 folhas. Monografia (Biomedicina). Universidade Católica de Brasília, Brasília 2014. Ao longo das últimas décadas, as doenças fúngicas tiveram um aumento significativo devido ao crescente número de indivíduos imunodeprimidos. Este fenômeno associado com o surgimento de cirurgias mais agressivas, terapias imunossupressoras e transplantação de órgãos têm influenciado o crescimento de infecções fúngicas. A criptococose é descrita como uma micose causada por um fungo de caráter oportunista. Conhecida por vários sinônimos como Torulose, Blastomicose Européia ou Doença de Busse-Buschke, caracteriza-se como uma micose sistêmica decorrente da infecção causada pelo fungo Criptococcus neoformans. O C. neoformans é uma levedura capsulada, classificada em duas espécies: neoformans (sorotipos A, D e AD) e espécie gatti (sorotipos B e C). A sua ocorrência em seres humanos está diretamente relacionada com o estado imunológico do hospedeiro, sendo em imunodeprimidos a maior ocorrência. A infecção ocorre pela inalação de esporos fúngicos, frequentemente presentes em detritos dos pombos. Diversos órgãos e tecidos podem ser afetados, sendo a resposta tecidual à presença do C. neoformans extremamente variável. Nos humanos, na maioria dos casos, caracteriza-se pelo acometimento pulmonar e neurológico, mas pode causar infecções envolvendo pele, olhos, miocárdio, ossos, articulações, glândula prostática e sistema urinário. A identificação de fontes ambientais se faz necessária para minimizar a possibilidade de imunodeprimidos entrarem em contato com o fungo potencialmente patogênico. Doença predominante em pacientes do sexo masculino, com idade entre 21 a 40 anos, com maior índice de internações na região sudeste do país pela variedade neoformans. A investigação da criptococose tem resultado numa melhor compreensão das fontes de transmissão e do nicho ecológico dessa levedura. Palavras-Chave: Criptococose. Estado Imunológico. Indivíduos Imunocomprometidos. ABSTRACT Referência: LOPES, Rayanne Cursino de Oliveira Lopes. Criptococose. Prevalência de Criptococose no Período de Janeiro de 2004 a Junho de 2014 em Pacientes Imunodeprimidos- Revisão Bibliográfica. 2014. 47 folhas. Monografia (Biomedicina). Universidade Católica de Brasília, Brasília 2014. Over the past decades, fungal diseases have increased significantly due to the increasing number of immunocompromised individuals. This phenomenon associated with the emergence of more aggressive surgery, immunosuppressive therapy and organ transplantation have influenced the growth of fungal infections. Cryptococcosis is described as a fungal infection caused by a fungus opportunistic character. Known by various names, such as Torulose, European Blastomycosis or disease Busse- Buschke, characterized as a systemic mycosis due to infection caused by the fungus Cryptococcus neoformans. C. neoformans is anencapsulated yeast, classified in two species: neoformans (serotypes A, D and AD) and the specie gattii (serotypes B and C). Its occurrence in humans is directly related to the immune status of the host being compromised in a higher occurrence. Infection occurs by inhalation of fungal spores, often present in the pigeon debris. Several organs and tissues can be affected, and the tissue response to the presence of C. neoformans extremely variable. In humans, in most cases, is characterized by pulmonary and neurological but way can cause infections that can affect the skin, eyes, myocardium, bones, joints, prostate gland and urinary system. The identification of enviromental sources to infeccion is necessary to reduce the possibility of this patients come in contact with the bold. Prevalent disease in male patients, aged 2140 years with high rate of hospitalizations in southeastern region of the country by the variety neoformans.The investigation of cryptococcosis has resulted in understanding of the sources of transmission and the ecological niche of this yeast. Key-words: Cryptococcosis. Immune status. Immunocompromised Individuals. better SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................7 1.1. CRIPTOCOCOSE.............................................................................................11 1.2. DIAGNÓSTICO.................................................................................................17 1.3. TRATAMENTO.................................................................................................20 1.4. CRIPTOCOCOSE EM IMUNODEPRIMIDOS..................................................21 2. EPIDEMIOLOGIA...............................................................................................................25 3. DESENVOLVIMENTO........................................................................................................29 4. CONCLUSÃO.....................................................................................................................39 5. REFERÊNCIAS...................................................................................................................40 7 1. – INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas com o avanço de estudos médicos, foi possível entender e diferenciar diversos tipos de microrganismos causadores de infecções. Dentre esses microrganismos os fungos têm assumido um papel de destaque devido a sua patogenicidade e também pelo alto poder de disseminação e propagação, sendo atualmente, um dos principais causadores de complicações hospitalares (TABORDA, 2004). Observa-se que ao longo dos anos, em meio às doenças fúngicas sistêmicas, a criptococose obteve notoriedade, sendo uma das principais doenças causadoras de infecções oportunistas, com altos índices de morbidade e mortalidade principalmente em pacientes imunodeprimidos (FAVALESSA et al., 2009). Anteriormente à descoberta da infecção pelo vírus do HIV, a criptococose era correlacionada a pacientes com diversas causas de imunodepressão, como doença de Hodgkin, Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), diabetes mellitus ou uso de medicamentos, porém, com o aumento dos casos de infecção por HIV foi possível observar que a criptococose teve aumento significativo nesses pacientes, sendo possível associar que o comprometimento da imunidade celular é considerado um dos principais fatores predisponentes para a infecção do Cryptococos neoformans, pois demonstra-se de forma efetiva na defesa do organismo conta parasitas multicelulares, fungos, células infectadas por bactérias ou vírus, células cancerosas , tecidos e enxertados e órgãos transplantados (MOREIRA, 2006). Os fungos possuem ampla distribuição na natureza. Colonizam a pele, as mucosas do trato gastrointestinal e também o trato respiratório do hospedeiro humano. Por essa ampla diversidade e pela sua alta capacidade de propagação, espera-se que pacientes portadores de imunodeficiências adquiridas ou induzidas, apresentem um risco elevado para o desenvolvimento de infecções fúngicas disseminadas, localizadas ou invasivas (FAVALESSA et al., 2009). A ocorrência de infecções fúngicas em hospitais aumentou de forma gradativa nas últimas décadas, sendo um dos principais fatores de complicações hospitalares aumentando significativamente os índices de morbidade e mortalidade (TAMURA et al., 2007). É importante ressaltar que o Cryptococcus neoformans apresenta-se capaz de desencadear uma infecção tanto em pacientes imunocompetentes, quanto em pacientes com quadros graves de imunodeficiência, porém, estudos demonstram que pacientes 8 imunodeprimidos possuem maiores chances de desenvolver as formas mais graves da criptococose, com forma progressiva e disseminada, enquanto que em pacientes imunocompetentes a infecção pode apresentar-se de forma branda, auto-limitada e muitas vezes subclínica (PEREIRA, 2009). O C. neoformans encontra-se amplamente distribuído na natureza e a infecção em seres humanos ocorre pela inalação de pequenos esporos dispersos no ambiente, podendo colonizar o sistema respiratório do hospedeiro sem que haja qualquer infecção propriamente dita, porém, se o sistema imunológico do paciente encontra-se comprometido, pode-se reativar a forma latente podendo haver a disseminação via hematogênica gerando uma infecção sistêmica, o que pode gerar infecções em diversos órgãos como ossos, pele, articulações, olhos, glândula prostática, miocárdio, sistema urinário e Sistema Nervoso Central (SNC) (PINTO, 2010). As doenças fúngicas, são amplamente denominadas como micoses, bastante comuns em clínicas dermatológicas e grandes centros hospitalares, pela facilidade de sua disseminação e propagação. As micoses são resultado da penetração do fungo nos tecidos e podem ser caracterizadas de acordo com o local da lesão. É de grande auxílio diagnóstico classificar as lesões, observando os locais acometidos. Admite-se que as micoses superficiais, classificam-se como dermafitoses e, essas lesões são facilmente encontradas em regiões queratinizadas, como unhas, pele e couro cabeludo. Já em tecidos subcutâneos e derme, localizam-se as micoses subcutâneas. As micoses em locais como trato digestivo e respiratório, classificam-se como micoses sistêmicas, devido a expansão das lesões. É de grande importância o acompanhamento de pacientes com infecções fúngicas, principalmente os pacientes imunodeprimidos, observando a deficiência do sistema imunológico em combater infecções (SANT´ANA et al., 1999). Durante muitos anos, a Micologia foi pouco estudada pela área médica, o que influenciou diretamente no diagnóstico de doenças fúngicas, porém, com o avanço da medicina e com a expansão dessas infecções em pacientes suscetíveis em ambientes hospitalares, observa-se que esse tipo de patologia é cada vez mais frequente e consequentemente cada vez mais estudada (ALMEIDA, 2009). Na Alemanha, os médicos Busse e Buschke, um dermatologista e cirurgião, o outro, patologista, foram os primeiros a descreverem aspectos da clínica, patologia, micologia da criptococose e seu agente, que tornou-se base fundamental para descrições e estudos seguintes. Inúmeros estudos surgiram a partir de 1900, havendo relatos em humanos e também em animais, o que levou a um aumento significativo do conhecimento do agente como o patógeno causador da infecção relacionada com o sistema nervoso central (BRASIL, 2012). 9 Segundo o mesmo autor, na era da AIDS, a partir de 1980, foi possível observar um significativo aumento da criptococose oportunística ao redor do mundo o que aumentou também o interesse pela pesquisa sobre o agente e a própria patologia em si. Após esse período, no Brasil, diversos trabalhos realizados, demonstraram que as variedades estão diretamente relacionadas com seus habitats naturais e isso possibilitou a percepção de um amplo nicho natural compartilhados por esse agente, sendo ambientes silvestres, urbanos e também rurais. Com base em dados da Organização Mundial de Saúde 2012 e também em Programas de controle de HIV/SIDA é possível observar um aumento significativo de óbitos em paciente infectados pelo vírus do HIV com complicações relacionadas com a criptococose, e atualmente é atribuída a uma das três doenças oportunistas mais frequentes em pacientes soropositivos. A criptococose é uma infecção fúngica oportunista, muito frequente em indivíduos imunodeprimidos no quadro da AIDS. Nesses casos, é possível constatar que em torno de 5% dos pacientes desenvolvem meningite criptocócica e grande parte desses pacientes evoluem a óbito, principalmente na ausência do tratamento (CUNHA, et al., 2008). O objetivo do presente trabalho baseia-se em um levantamento bibliográfico, visando evidenciar o acometimento da criptococose em pacientes imunodeprimidos infectados, bem como a observação das características dessa doença fúngica. Vale ressaltar que os objetivos específicos dessa revisão bibliográfica caracteriza-se pela obtenção de dados sobre o quadro epidemiológico da criptococose, informações sobre as possíveis fontes ambientais do Cryptococcus neoformans, o sexo mais acometido pela doença e também a faixa etária mais acometida. Neste trabalho, a metodologia de abordagem empregada consiste em uma pesquisa bibliográfica em artigos acadêmicos, livros e sites com publicações avulsas. O levantamento de informações ocorreu no período de Agosto de 2013 à Junho de 2014 com o intuito de obter informações sobre o acometimento da criptococose em pacientes imunodeprimidos, o sexo mais acometido, juntamente com a faixa etária. Foi realizado um estudo exploratório com busca na literatura no Banco de Dados Scielo, LILACS, PubMed e periódicos utilizando palavras-chave como criptococose, imunodeprimidos, HIV e epidemiologia, sendo divido em Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. 11 1. 1 – CRIPTOCOCOSE: Ao longo dos anos, os fungos têm sido material de estudo para diversos pesquisadores e cientistas e, por meio desses estudos foi possível observar a diversidade e complexidade desses microrganismos facilitando o entendimento de suas fisiopatologias. Os fungos são de ampla distribuição na natureza, sendo encontrados em plantas, no solo, na água, em animais domésticos, no ar, podem ser também encontrados em superfícies domiciliares, hospitalares e em alimentos (FAVALESSA et al., 2009). O ar atmosférico é o maior meio de dispersão dos fungos, sendo assim o meio mais utilizado por esses microrganismos para sua propagação, não se resumindo a esporos somente. Com isso, fragmentos de micélio tornam-se viáveis durante o processo de disseminação aérea, aumentando assim, sua capacidade de propagação devido a sua alta colonização de diversos habitats e superfícies (QUEIROZ et al., 2008). Segundo AlMEIDA, (2009) as micoses podem ser divididas em cutâneas, superficiais, subcutâneas, oportunistas e sistêmicas. As micoses cutâneas (dermatofitose, candidíase), baseiam-se na destruição da queratina, geralmente associada a uma resposta inflamatória. As micoses superficiais promovem alteração na camada superficial e na grande maioria das vezes não é acompanhada de uma resposta inflamatória. Já as micoses subcutâneas estão relacionadas a um ponto de inoculação de estruturas fúngicas, por traumatismos mecânicos, podendo gerar lesões locais e podendo atingir alguns tecidos contíguos por meio da via linfática ou hematogênica. As micoses oportunistas apresentam-se de forma subaguda ou crônica, podendo comprometer o sistema respiratório e sistema nervoso central, estão associadas ao comprometimento do sistema imunológico do paciente. As micoses sistêmicas possuem evolução crônica, podendo atingir diversos sistemas e órgãos. Dentre as diversas doenças fúngicas existentes, a criptococose encontra-se como uma doença infecciosa, cosmopolita, potencialmente fatal, que acomete o homem, animais silvestres e domésticos, principalmente o gato e o cão. (QUEIROZ et al., 2008). A criptococose também é conhecida como torulose, blastomicose europeia e doença de Busse-Buschke (DARZÉ et al., 2000). O agente etiológico é o 12 Cryptococcus neoformans, sendo a forma assexuada do basidiomiceto Filobasidiella neoformans, apresentando-se como uma levedura encapsulada que cresce em cultura de 25ºC e 37ºC, com textura mucóide após aproximadamente 3 dias de incubação. Possui fatores de virulência como a própria cápsula, que inibe a fagocitose e a enzima fenoloxidase, que converte compostos fenólicos em melanina (que tem por função sequestrar reativos intermediários do oxigênio com atividade antifúngica). Essa cápsula espessa de polissacarídeos não se cora pela hematoxilinaeosina, pois apresenta um aspecto característico de “bolhas de sabão”. Porém, a cápsula pode ser visualizada pelas colorações com ácido periódico Schiff (PAS) (Figura 3), azul alciano ou mucicarmina (KOMMERS et al., 2005). O Cryptococcus neoformans além da cápsula de polissacarídeo apresenta mais dois fatores de virulência importantes, o que inclui a habilidade de produzir pigmento de melanina, que desempenha papel fundamental na proteção contra o estresse oxidativo, também a capacidade de crescer em temperatura em torno de 37 ºC (NOCERA et al., 2010). LAZERA et. al., 2004, afirma que as estruturas capsulares estão diretamente ligadas à diminuição da migração leucocitária aos locais da lesão, facilitando assim a difusão hematogênica, além de limitarem a produção de óxido nítrico, pois este é altamente reativo, com capacidade de eliminação de intermediários reativos, finalizando reações propagadas em cadeia, o que interfere diretamente nos processos de apresentação de antígeno, sendo benéfico ao microrganismo pois, assim obtém-se uma propriedade antifagocítica. Este microrganismo apresenta-se como um patógeno intracelular facultativo, interage com macrófagos do hospedeiro durante o processo de infecção. O C. neoformans possui a capacidade de replicação no interior de células fagocíticas, que envolve uma forma de permeabilização do fagolisossoma e então, a produção de polissacarídeos (GOULART, 2009). As espécies patogênicas do gênero Cryptococcus atualmente são classificadas em duas: C. neoformans e C. gatti, observa-se que tanto C. neoformans quanto C. gattii, podem reproduzir-se assexuadamente. Ambas as espécies foram classificadas em cinco sorotipos, mediantes sorotipagem baseada do polissacarídeo que compõe a cápsula dessa levedura: Cryptococcus neoformans (sorotipos A, D e o híbrido AD) de distribuição cosmopolita e encontrada com facilidade em hábitat de pombos (Columba spp.), e Cryptococcus gattii (sorotipos B e C) (OHKUSU et al., 13 2002). Por meio de análises fenotípicas, ecológicas, fisiológicas, epidemiológicas e genéticas dividiram a espécie em três variedades: C. neoformans variedade grubii (sorotipo A), C. neoformans variedade neoformans (sorotipo D) e C. neoformans variedade gatti (sorotipos B e C). Porém, com base em dados de fenotipagem, filogenia e tipagem genética, a variedade gatti passou a ser classificada no plano da espécie (KWON-CHUNG et al., 2002). O sorotipo A, denominado variedade grubii é o sorotipo que prevalece em amostras ambientais, tais como em excrementos de pombos, restos de vegetais em decomposição e também no ar atmosférico (CICHON, 2011). O mesmo autor afirma que o Cryptococcus neoformans sempre foi tido como um antígeno consideravelmente pobre, sendo difícil sua pesquisa em soro humano, observando que esta deficiência antigênica foi ligada à sua espessa cápsula que afasta o tecido do hospedeiro do corpo do parasito. Essa mesma cápsula é rica em polissacarídeo, o que aumenta a dificuldade de metabolização pelo hospedeiro, mantendo-se nos tecidos e nas células por longos períodos, fazendo com que esse antígeno criptocócico em abundância neutralize o anticorpo durante a atividade da doença, estabelecendo a dificuldade de demonstração por métodos comuns de pesquisa. O C. neoformans é um patógeno comumente isolado de excrementos de pombos e psitacídeos, enfatizando assim suas inúmeras fontes ambientais e a infecção ocorre por inalação de esporos fúngicos que estão presentes em poeiras e pequenos fragmentos contaminadas, o que leva a uma infecção primária do sistema respiratório, porém, é mais frequente afetar a cavidade nasal do que os pulmões (Figura 1). Observa-se que a criptococcose é uma doença de transmissão inalatória, ou seja, ocorre a inalação dos esporos fúngicos e após a inalação ocorre a disseminação da infecção. Enfatiza-se então, que a criptococcose tem como principal forma de instalação a via respiratória (REOLON et al., 2004). 14 Figura 1. Ciclo do C. neoformans. Fonte dos esporos fúngicos, penetração no organismo e disseminação. FONTE: MOURÃO, 2012. É bom observar que dentre as aves que vivem próximas ás habitações humanas, de interesse em saúde pública encontra-se o pombo comum (Columba livia domestica) que apresenta-se como uma ave de origem européia, introduzida no Brasil em meados do século XVI. É possível encontrar grandes quantidades dessas aves nos centros urbanos, pois há uma facilidade na obtenção de alimentos, o que facilita a disseminação da criptococose. Essa ave tem preferência por grãos e sementes, porém, alimentam-se de restos de alimentos e também de lixo, o que é facilmente encontrado pelas cidades. Nos centros urbanos, a expectativa de vida dessas aves é de 3 a 5 anos. Colocam em torno de 2 ovos por ninhada e podem ter até 6 ninhadas ao ano. A incubação dos ovos demora de 17 a 19 dias e o principal problema é que o C. neoformans permanece viável nas fezes secas dessa ave durante anos, tornandose um potencial reservatório de partículas infectantes, aumentando a propabilidade de possíveis inalações (BARONI, et al., 2010). Segundo LAZERA, (2004) já foi possível isolar o C. neoformans também em frutas e em alguns vegetais em decomposição e em fezes de morcegos, tanto em centros urbanos como em zonas rurais no Brasil. 15 Vale ressaltar que a espécie C. neoformans possui distribuição geográfica mundial, enquanto que C. gattii é encontrado com maior freqüência em regiões tropicais e subtropicais. Contudo, este cenário foi remodelado em 1998, quando foi observado um surto de infecção por Cryptococcus gattii, no clima temperado da Ilha de Vancouver, British Columbia (BC), Canadá. A doença atingiu 38 casos humanos, entre 1999 e 2001, com letalidade de 10%. A maior parte dos indivíduos era imunocompetente, sexo masculino, apresentando predominância de lesões pulmonares, seguida de meningite. (ABEGG et al., 2006). Esse fungo pode disseminar-se sistemicamente por via linfática ou hematógena. Vale ressaltar que em pacientes imunodeprimidos, a infecção pode disserminar-se por órgãos parenquimatosos, ossos e também pela pele, demonstradas por ulcerações e lesões, com presença de pápulas, abcessos e pústulas (Figura 2). É importante observar que a apresentação do quadro clínico/patológico e a disseminação da infecção do paciente estão fortemente ligadas ao grau de imunidade do hospedeiro, ao tipo de lesão causada e também aos órgãos acometidos (HONSHO et al., 2003; LARSSON et al., 2003; TABORDA, 2004). O C. gatti demonstra-se resistente à canavanina e utiliza a glicina como fonte de Carbono e Nitrogênio, modificando o pH do meio, deixando-o alcalino. O azul de bromotimol funciona como um indicador da mudança de pH, que modifica a coloração do meio, de amarelo para azul, caracterizando C. gattii, diferenciando de C. neoformans (SANTOS L.O. et al., 2000). 16 Figura 2. Fotografia de lesões cutâneas causadas pela criptococose, em portadores de HIV. Figura A, lesão eritêmato-infiltrada com secreção purulenta e borda definida. Figura B, várias lesões com a presença de pústulas e pápulas. Figura C, úlceras extensas, com bordas, fundo granuloso com secreção purulenta. FONTE: Disponível em: www.biocelfmrp.com.br/sites/default/files/micoses_oportunistas_2011_parte_2.pdf” . Acessado dia 17 de outubro de 2013, às 22:17 É uma doença que apresenta formas variáveis em sua clínica e em sua patologia em si. Podem acometer pacientes com imunidade normal mas na maioria dos casos, observa-se o acometimento de paciente imunodeprimidos. A criptococose em humanos adultos apresenta-se mais frequente, mas apesar de mais raro, pode acometer crianças também. Ao longo dos anos, observou-se que a criptococose é comumente diagnosticada em pacientes imunodeprimidos, e observou-se também que o aumento do número de casos da síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) foi diretamente proporcional ao aumento da incidência de casos de criptococose. Com isso a criptococose apresenta-se como uma doença oportunista de alta mortalidade e morbidade entre pacientes soropositivos (MOREIRA et al., 2006). O mesmo autor afirma que é uma doença que acomete principalmente o sistema nervoso central. Essa predileção pelo sistema nervoso central foi atribuída devido a grande quantidade de vitaminas e diversas outras substâncias no encéfalo e 17 também no líquido cefalorraquidiano (LCR). Ocorre o acometimento das meninges, também dos rins, pele e demais órgãos. O LCR não apresenta poder de inibição e é tido como um meio extremamente nutritivo para o criptococo É uma micose que se apresenta de forma sistêmica, crônica e subaguda sem predileção por sexo ou raça. Não houve a comprovação da transmissão entre animais e o homem (COSTA, 2009). O mesmo autor afirma que é importante ressaltar que a resposta inflamatória em relação ao C. neoformans pode variar, percebendo que pacientes imunodeprimidos, devido a diversos fatores como por exemplo, pacientes que realizaram transplantes de órgãos e também portadores da SIDA, podem não apresentarem uma resposta a este patógeno, o que permite o crescimento do fungo no tecido, podendo ocorrer à disseminação da infecção por diversos órgãos e tecidos como pele e ossos. 1. 2 – DIAGNÓSTICO Analisa-se que um dos maiores problemas relacionados à avaliação da criptococose é a correta identificação das espécies C. neoformans e o C. gatti relacionados aos sorotipos e variedades. O diagnóstico é feito a partir de um estudo no quadro do paciente, onde se realiza uma anamnese, observando a clínica e os sintomas apresentados. São realizados então exames em amostras de material suspeito, como em exsudatos de lesões e utilizam-se também demais amostras como sangue, líquor, aspirado de medula óssea, lavado bronquioalveolar, aspirados teciduais, humor aquoso, além de fragmentos obtidos através de biópsia (LARSSON et al., 2003). O aspecto macroscópico das colônias cultivadas em ágar Sabourad e incubado em torno de 30ºC apresenta uma coloração de esbranquiçada a creme, porém, podem atingir uma coloração marrom claro, até mesmo acastanhada (Figura 4), com aspecto aparentemente brilhante. O agente etiológico é o Cryptococcus neoformans, sendo a forma assexuada do basidiomiceto Filobasidiella neoformans, apresentando-se como uma levedura encapsulada que cresce em cultura de 25ºC e 37ºC, com textura mucóide após aproximadamente 3 dias de incubação (LAZERA et al., 2004). 18 O mesmo autor afirma que a habilidade do gênero Cryptococcus de produzir melanina com base em substâncias fenólicas presentes em meios de cultura, conferindo às colônias pigmentações escuras, é especialmente útil para isolamentos do fungo de culturas mistas e/ou ambientais. Amostras purulentas e de escarro podem ser tratadas com KOH a 10% com a finalidade de eliminar demais interferentes como células do próprio hospedeiro e demais artefatos que possam vir a ocasionar um diagnóstico errôneo. É importante centrifugar amostras como urina e líquor, e o sedimento obtido deve ser corado com tinta da China e posteriormente analisado (CANDIDO et al., 2006). Segundo o mesmo autor, os cortes histológicos corados pela hematoxilinaeosina permitem apenas a visualização dos basidiósporos de C. neoformans que se apresentam de formas esféricas, ovaladas ou elípticas, com uma fina parede rósea ou azul pálido com 5 a 15 µm de diâmetro. Estudos mostram que há certa dificuldade em diferenciar algumas células leveduriformes pequenas e não encapsuladas pela hematoxilina-eosina ou mucicarmim, e dada a essa dificuldade, preconiza-se a utilização de anticorpos fluorescentes para células de C. neoformans. Com o uso da tinta de Nanquim para coloração de esfregaços do material gelatinoso fresco obtém-se a visualização da coloração negativa da cápsula, cujos polissacarídeos conferem um aspecto gelatinoso observado nas lesões macroscópicas, que dão o diagnóstico presuntivo. Histologicamente, nas lesões causadas pelo C. neoformans, são eventualmente observados brotamentos de base estreita, observando diversas estruturas leveduriformes contornados por um halo claro, em resposta ao processo inflamatório. De fato, essa morfologia típica do fungo permite o diagnóstico definitivo de criptococose através da microscopia (KOMMERS et al., 2005). Tanto o método da tinta da China quanto o cultivo em meio Sabouraud produzem bom resultado para o diagnóstico da criptococose, quando o material utilizado for o líquido cefalorraquidiano (LCR), pois os mesmos não demonstram tanta sensibilidade em outros líquidos e até mesmo em outros materiais quando a criptococose for instalada fora do sistema nervoso central, por isso se torna necessário um diagnóstico sorológico (GIORGI, et al., 1974). O mesmo autor ainda afirma que o diagnóstico sorológico é de fundamental importância, pois permite o diagnóstico precoce da infecção. Técnicas como hemaglutinação, partículas sensibilizadas em látex, reação de fixação do 19 complemento, aglutinação em lâmina e imunofluorescência (soro, urina ou líquor) são amplamente utilizadas e quando encontra-se o antígeno criptocócio circulante é indicativo que a doença encontra-se em atividade, já a diminuição desse antígeno é indicativo de recuperação do paciente. O método mais utilizado tanto para a triagem quanto para a titulação do soro é a aglutinação de látex, onde as partículas de látex recobertas com imunoglobulinas são misturadas com as diluições da amostra. Se houver aglutinação em uma diluição de 1:4 é altamente sugestivo de uma infecção criptocócica. Se as titulações forem maiores que 1:8 é indicativo de infecção ativa. Vale ressaltar que pacientes com a síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) apresentam títulos altos do antígeno (PEDROSO et al., 2006). Determinados estudos de tipificação molecular aperfeiçoam o diagnóstico fúngico, esclarecem a diversidade genética e auxiliam com bases científicas para estudos epidemiológicos mundiais. Atualmente, estes estudos também possuem importância na associação de diferentes grupos moleculares, à sensibilidade aos antifúngicos às características de virulência e também a terapêutica (SOUZA et al., 2010). Figura 3. Diversas estruturas encapsuladas (cryptococcus),obtidas através de coloração em PAS (aumento de 1000x). FONTE: NOCERA et al., 2010. 20 Figura 4. Culturas positivas para Cryptococcus em meios Sabouraud, Niger e extrato de ledo, respectivamente. FONTE: NOCERA et al., 2010. 1. 3 – TRATAMENTO O tratamento da criptococose baseia-se na administração de anfotericina B, o fluconazol e também o itraconazol, pois o C. neoformans não apresenta resistência. A anfotericina B tem a membrana celular dos fungos como alvo, onde os poliênicos ligam-se ao ergosterol presentes na membrana do fungo, havendo a formação de poros e/ou canais, o que leva ao aumento da permeabilidade que gera um desequilíbrio osmótico, levando à morte celular. Já o fluconazol e o itraconazol são compostos totalmente sintéticos e o mecanismo de ação baseia-se ma inibição do sistema enzimático microssomal que depende da enzima citocromo p450 codificada pelo gene ERG 11, que interfere prejudicando a síntese do ergosterol na membrana citoplasmática, que leva ao acúmulo de 14-metilesteróis, que não possuem as mesmas propriedades físicas que o ergoesterol, levando a formação da membrana com propriedades alteradas, alterando assim, o desenvolvimento do fungo (CICHON, 2006). Para dar início a terapêutica é importante observar a forma clínica da doença e se, o paciente encontra-se imunodeprimido ou não. Em pacientes 21 imunocomprometidos o tratamento demonstra-se em fases. Na fase primária, ocorre à administração de Fluconazol 200-400 mg, indefinidamente ou até reconstituição imune e observa-se uma terapêutica alternativa, com o Itraconazol 200 mg, administrados com alimentos ou até mesmo em jejum, indefinidamente ou até reconstituição imune. Na fase meníngea, a terapêutica primária baseia-se na administração de anfotericina B 0.7 mg/Kg/ dia + 5-Flucitosina-25 mg/Kg, 6/6 horas, por duas semanas. A terapêutica alternativa é a administração da Anfotericina B 0.7 mg/Kg/dia durante 14 dias depois Fluconazol 400 mg/dia durante 8 a 10 semanas (SILVESTRE et al., 2008). 1. 4 – CRIPTOCOCOSE EM IMUNODEPRIMIDOS Nas últimas décadas, estudos demonstram que a ocorrência de imunossupressões e suas variações, foi o fator desencadeante na dificuldade de tratamento de diversas doenças. Pacientes imunodeprimidos apresentam uma maior probabilidade de apresentarem complicações acentuadas e também o desenvolvimento de novas doenças ao longo da terapêutica. Observa-se que vários fatores contribuem para o aumento da ocorrência de imunossupressões, infecção por HIV/AIDS, linfomas, transplantes e drogas, e é importante ressaltar fatos pouco considerados, como envelhecimento natural do corpo, dieta com deficiência em diversos nutrientes e exercícios físicos fadigosos (Tabela 1). Analisa-se que pacientes imunodeprimidos são suscetíveis a diversos tipos de infecções, oportunistas e habituais. Infecções oportunistas são caracterizadas por microrganismos de pouca virulência em pacientes com quadro imunológico normal, porém, só se desenvolvem na presença de imunossupressão (JANSEN et al., 2009). Segundo o mesmo autor, o pulmão é o órgão de preferência de diversos microrganismos, sendo o órgão de maior contato com o meio externo, influenciando diretamente com os mecanismos de defesas imunológicas, sendo alvo para diversos tipos de infecções respiratórias. Devido às trocas gasosas, o pulmão possui uma grande rede capilar, que filtra o fluxo sanguíneo corpóreo, o que aumenta a disseminação de diversos outros microrganismos, presentes em outros órgãos. O estabelecimento de um quadro clínico e disseminação da infecção têm uma estreita relação com a imunidade do hospedeiro. Onde na maioria das infecções 22 fúngicas a imunidade celular é prepoderante (LARSSON et al., 2003). Pacientes imunodeprimidos são caracterizados como indivíduos que apresentam diversos tipos de alterações em seus mecanismos de defesas naturais e, para a grande maioria desses indivíduos, infecções oportunistas tornam-se altamente fatais. Observa-se que as infecções de pacientes imunodeprimidos estão relacionadas com a interação de dois fatores do hospedeiro: a característica da alteração imunológica, juntamente com a intensidade da imunossupressão do indivíduo, sendo importante analisar as características do agente causador da infecção, a intensidade da exposição em associação com a virulência relativa. Além desses dois fatores vale observar as características do causador da infecção. Diferenciar o tipo de imunodeficiência que predomina em cada paciente é de fundamental importância, pois o tipo de infecção está relacionado com o tipo de defesa comprometido (SEVERO et al., 1998). O mesmo autor afirma que existem diversos casos de criptococose descritos associados a diversas doenças como leucemia, linfoma, transplante de órgãos sólidos, LES, diabetes, síndrome de Cushing, sarcoidose e ao uso de corticoides e drogas imunosupressoras. Analisa-se que 6 a 10% dos pacientes com alterações dos linfócitos T desenvolvem criptococose, sendo altamente nítido o acometimento por essa doença fúngica em pacientes que apresentam valores baixos de CD4 (<50 céls/µL). Mecanismos de defesa do organismo, através da ativação de macrófagos, normalmente são suficientes para uma satisfatória e protetora resposta do hospedeiro. Contudo, os fatores de virulência podem tornar a resposta imunológicaineficaz, permitindo a infecção pulmonar, bem como a subseqüente disseminação do fungo para outros órgãos e sistemas, em especial ao SNC (SANTOS et al., 2010). Em indivíduos considerados hígidos, tanto a resposta humoral quanto celular delimitam a contaminação pela espécie C. neoformans, caracterizando um quadro assintomático da doença. A resistência da infecção depende da sensibilização prévia de linfócitos e posterior ativação de macrófagos e neutrófilos, além de uma resposta humoral mediada por anticorpos opsonizantes (SOUZA et al., 2010). 23 Tabela 1. Demonstração dos 10 principais fatores de imunossupressão e exemplos das principais doenças relacionadas a esses fatores . Principais Fatores de Imunossupressão 1. HIV/AIDS ---------- 2. Doenças que Doenças congênitas; alteram a imunidade Neoplasias atingindo células de imunidade (linfomas, leucemias, mieloma múltiplo) diretamente Linfopenia e neutropenia, em geral. 3. Doenças com Doenças auto-imunes; defeito imune Desnutrição; subjacente Doenças de metabolismo (diabetes mellitus, uremia, alcoolismo); Neoplasias, em geral. 4. Terapêuticas imunodepressiva 5. Infecções virais além de HIV Corticosteriódes; Drogas anti-neoplásicas (quimioterapia). Citomegalovírus; Vírus Epstein-Bar; Hepatites B e C.. 6. Transplantes De medula óssea e de órgãos sólidos, em geral 7. Grandes injúrias Traumatismos; Cirurgias de grande porte; Queimaduras; Acidente vascular cerebral. 8. Quebra da Mucosites; integridade de Queimaduras; barreiras Lesões cutâneas; anatômicas Desidratação; Grandes edemas; Cateteres; Incisões cirúrgicas. 9. Envelhecimento ---------- 10. Esforços físicos ---------- intensos Fonte: Adaptado, JANSEN, et al., 2009. Ao longo dos anos, diversos estudos demonstraram o crescente aumento do número de casos da SIDA e com esse aumento foi possível observar um significativo 24 aumento da incidência de criptococose (PAPPALARDO, M.C.S.M; MELHEM, M.S.C., 2003). Graças a esses dados, observa-se que a criptococose hoje em dia é considerada uma doença oportunista com elevado índice de morbidade e também de mortalidade, principalmente entre os pacientes soropositivos (MOREIRA, et al., 2006). Há estudos que relatam que no Brasil, a criptococose ocorre como a primeira infecção oportunista dos pacientes diagnosticados com SIDA e praticamente todos os casos de criptococose nestes pacientes são devido a C. neoformans var. neoformas, sorotipo A, tornando-se responsável pelo maior percentual de mortes devido a micoses sistêmicas, principalmente dentro desse grupo de indivíduos (GOULART, 2009). Vale ressaltar que com a utilização de técnicas imunossupressoras como quimioterapia antineoplásica, corticoterapia e o desenvolvimento da síndrome da SIDA, houve um crescente número de casos descritos de criptococose na literatura, e observa-se que esta é uma das doenças com maior causa de óbitos entre pacientes imunodeprimidos (CICHON, 2006). Para que ocorra uma boa interpretação das infecções em pacientes imunodeprimidos, torna-se útil identificar os defeitos nos sistemas naturais de defesa que tornam os pacientes imunodeprimidos. A pele e membranas mucosas, a imunidade celular específica (linfócitos B e T) e inespecífica (fagócitos) e os componentes da imunidade humoral demonstram-se como os componentes básicos da defesa do organismo e condições de imunodeficiência podem estar diretamente ligados com o comprometimento desses componentes básicos. Vale ressaltar que a pele e as mucosas demonstram-se como a primeira linha de defesa do corpo contra o meio externo e esta barreira torna-se ainda mais importante quando as defesas secundárias encontram-se alteradas, o comprometimento de cada sistema de defesa pode causar infecções por diferentes tipos de patógenos e ter conhecimento do tipo de imunodeficiência que predomina em um determinado paciente pode auxiliar no diagnóstico e na escolha do tratamento (HUFFNAGLE; DEEPE, 2003). Os linfócitos B produzem as imunoglobulinas que são responsáveis pela resposta humoral específica contra infecções. Observa-se que a deficiência dessas imunoglobulinas está fortemente ligada com o aumento da suscetibilidade a infecções respiratórias. Já a imunidade específica do sistema celular de defesa é atribuída pela interação das células acessórias (apresentadoras de antígeno) com os linfócitos T 25 que induz a ação dos macrófagos e também a destruição de determinadas células hospedeiras de germes agressores e essa imunidade celular T tem como função proteger o organismo contra uma diversidade de infecções fúngicas, virais, parasitárias e bacterianas, sendo uma imunodeficiência relacionada a germes intracelulares (SEVERO, et al., 1998). Apesar da primeira linha de defesa da resposta imune contra células de Cryptococcus ser realizada pelos macrófagos alveolares, a utilização de modelos animais naturalmente mutantes ou geneticamente modificados demonstra que a resposta imune requer ainda células do tipo T helper 1 (Th1), mediadas pela ativação de T-CD4+ e T-CD8+, além de haver secreção de algumas citocinas (IFN-γ, IL-12, IL18 e TNF-α). Uma variedade de outras células, incluindo células dendríticas e células exterminadoras naturais (NK) também são implicadas na resposta imune contra Cryptococcus (HUFFNAGLE; DEEPE, 2003). Observa-se que em indivíduos considerados hígidos, as respostas imunológicas humoral e celular delimitam a contaminação pela espécie C. neoformans, caracterizando um quadro assintomático da doença. A resistência da infecção depende da sensibilização prévia de linfócitos e posterior ativação de macrófagos e neutrófilos, além de uma resposta humoral mediada por anticorpos opsonizantes (SOUZA et al., 2010). Vale ressaltar que os fungos são classificados como endêmicos ou oportunistas e tanto um quanto o outro podem ser patógenos em hospedeiros imunodeprimidos, porém, os fungos oportunistas causam quase que exclusivamente doenças em pacientes que são imunodeficientes, muitas vezes relacionados à neutropenia. Em um mesmo paciente é possível se identificar diversas razões de imunossupressão e na prática é muito comum à identificação do tipo de imunossupressão predominante nesses tipos de pacientes, levando em conta a importância de se identificar a causa base de baixa das defesas imunológicas (JANSEN et al., 2009). 2. – EPIDEMIOLOGIA Observa-se que na natureza, o C. neoformans possui distribuição mundial e o 26 sorotipo A apresenta-se com uma distribuição mais ampla no mundo. Já o sorotipo D encontra-se presente principalmente em zonas temperadas e os sorotipos B e C apresentam-se limitados a países de clima subtropical e tropical. Essa distribuição foi associada à diferença na tolerância térmica das variedades e vale ressaltar que a variedade neoformans mostra-se mais viável em altas temperaturas (MARTINEZ et al., 2001). Segundo o mesmo autor, a criptococose cutânea demonstra-se de maneira menos comum e esse tipo de infecção prevalece no norte da Europa e está diretamente ligada ao sorotipo D. Os primeiros relatos da doença no Brasil ocorreram entre os anos 1941 e 1944 sendo descritos por Floriano de Almeida e também por Carlos da Silva, A partir de então, diversos estudos epidemiológicos são realizados no País (PAPPALARDO; MELHEM, 2003). Dados do Ministério da Saúde (2000), demonstram que 4,5 % dos casos de infecções oportunistas em pacientes com a SIDA no Brasil, estão diretamente relacionado com o C. neoformans e também com C. gatti. Vale ressaltar que essa micose sistêmica ligada a SIDA predomina nas regiões sul, sudeste e centro-oeste. Há dados que informam que no Rio Grande do Sul, no período entre 1999 e 2004 foram notificados em torno de 430 casos de criptococose e é importante citar que por não se tratar de uma doença de notificação compulsória estima-se que muitos casos foram negligenciados. Em pacientes imunocomprometidos, grande parte das infecções no mundo é causada pelo C. neoformans variação grubii (sorotipo A). Baseado em técnicas de tipificação molecular, foi realizado um estudo em diversas partes do mundo que possibilitou que esses sorotipos fossem agrupados. Coneguiram distinguir oito genótipos, sendo 4 de C. neoformans (VNI e VNII, VNIII e VNIV) e 4 de C. gatti (VGII e VGII, VGIII e VGIV). Após mais alguns estudos e análises que reproduziram a metodologia de MEYER et al., (1999), constatou-se que VGII era o grupo molecular causador do surto na Ilha de Vancouver (MEYER et al., 1999). Na Índia, o genótipo VNI mostrou-se predominante ocorrendo em 89% dos 57 isolados clínicos, os genótipos VNIV e VGII também foram encontrados, com porcentagens de 2% e 9%, respectivamente (CASADEVALL et al., 2005). Um determinado estudo realizado na Austrália, com 61 isolados clínicos e 49 ambientais (isolados de eucaliptos e outras árvores) de C. gattii revelou que 92% dos 27 clínicos pertenciam ao genótipo VGI e 100% dos ambientais isolados de eucaliptos, eram VGI, além disso, três isolados clínicos e um ambiental de outra árvore, que não o eucalipto, foi VGII e apenas um isolado clínico foi VGIII (SORREL et al., 1996). Foi realizado um estudo, que possibilitou uma boa caracterização do quadro epidemiológico de C. neoformans no Brasil. Nesse estudo foram analisados 467 isolados ambientais e clínicos deste agente e observou-se que os sorotipos obtiveram as seguintes prevalências: 77,95% (sorotipo A), 18,2% (sorotipo B), 1,3% (sorotipo AD), 0,4% (sorotipo D), 0,2% (sorotipo C) e 1,93% (não tipificáveis). Diante desses dados foi possível observar que o sorotipo A predomina nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, já o sorotipo B tem predominância nas regiões norte e nordeste (NISHIKAWA et al., 2003). Um estudo clínico-epidemiológico realizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia, analisou a frequência percentual da criptococose por faixa etária e sexo. Foram analisados 96 pacientes com diagnóstico prévio clínico e laboratorial de criptococose e com os resultados obtidos através desse estudo foi possível concluir que dentre os 96 casos, 89 foram classificados como C. neoformans totalizando 92,7% e apenas 7 casos, com a porcentagem de 7,3%, foram classificados como C. gatti. É importante ressaltar que a variedade neoformans teve maior frequência na faixa etária de 21 a 40 anos, já a variedade gatti teve maior frequência em pacientes com idade superior a 51 anos. Em todas as faixas houve a prevalência da micose no sexo masculino, porém, no grupo abaixo dos 20 anos de idade, o sexo feminino prevaleceu, totalizando 10,5% como pode ser observado na tabela 2 (MOREIRA et al., 2006). 28 Tabela 2. Demonstração da porcentagem da criptococose por sexo e faixa etária, a partir da variedade neoformans e variedade gatti no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. Faixa etária Variedade neoformans Variedade gatti Total (anos) Masculino N° % Feminino N° % Masculino N° % Feminino N° % Masculino N° % Feminino N° % ≤ 20 0 0,0 2 10,5 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 10,5 21-30 26 37,1 5 26,3 0 0,0 0 0,0 26 33,8 5 26,3 31-40 25 35,7 8 42,1 1 14,3 0 0,0 26 33,8 8 42,1 41-50 9 12,9 2 10,5 0 0,0 0 0,0 9 11,6 2 10,5 51-60 8 11,4 0 0,0 3 42,8 0 0,0 11 14,3 0 0,0 61-70 2 2,9 1 5,3 1 14,3 0 3 3,9 1 5,3 71-80 0 0,0 1 5,3 1 14,3 0 0,0 1 1,3 1 5,3 < 80 0 0,0 0 0,0 1 14,3 0 0,0 1 1,3 0 0,0 Total 70 100,0 19 100,0 7 100,0 0,0 0 0,0 77 100,0 19 100,0 Fonte: Adaptado , MOREIRA et al., 2006. Vale ressaltar que nas regiões Norte e Nordeste do Brasil ocorre a predominância dos casos de criptococose em pacientes que não apresentam que não apresentam nenhuma evidência de imunossupressão, tanto no sexo feminino quanto no sexo masculino. Observa-se também que em nativos dessas regiões, incluindo em jovens e crianças, a meningoencefalite criptocócica, com elevada morbidade e letalidade, em torno de 37 a 49% dos casos e observações recentes demonstraram que a criptococose gatti pode ocorrer em áreas de clima temperado de uma forma epidêmica (BRASIL, 2012). Segundo o mesmo autor, dados do Sistema de Internação Hospitalar do Sistema único de Saúde-SIH-SUS demonstram que em termos de internação, a 29 criptococose demonstrou-se como a micose sistêmica com maior número de internações até o ano de 2007, como pode ser observado no gráfico a seguir. Gráfico 1. Demonstração do número de internações por micoses sistêmicas ao longo dos anos, entre 2000 e 2007 observando que a criptococose encontra-se como a micose sistêmica predominante sobre a paracoccidioidomicose (PCM), coccidioidomicose (Cocci) e Histoplasmose (Histo). N° de internações Internações por micoses sistêmicas. Brasil, 2000-2007 800 700 600 500 400 300 200 100 0 702 699 596 477 467 325 365 305 272 471 399 587 631 627 500 427 326 383 322 431 303 310 189 84 37 30 41 32 27 34 49 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Cripto PCM Cocci 92 2007 Histo Fonte:Adaptado, BRASIL, 2012. O Ministério da Saúde também afirma que a criptococose relacionada à SIDA é predominante nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, causada pela variedade neoformans e a letalidade possui uma porcentagem entre 35 a 45% e essa prevalência associada à SIDA nos grandes centros de referência da região Sudeste encontra-se em torno de 8 a 12%. 3. – DESENVOLVIMENTO O C. neoformans demonstra-se como um patógeno comumente isolado de excrementos de pombos e psitacídeos, que se estabelece como um ambiente rico em creatinina, nitrogênio e ureia que favorecem o crescimento dessa levedura encapsulada. Essas excretas permanecem viáveis ao longo de vários anos e podem ser encontradas em diversos locais, enfatizando assim suas inúmeras fontes ambientais e a infecção ocorre por inalação de esporos fúngicos que estão presentes 30 em poeiras e pequenos fragmentos contaminados, o que leva a uma infecção primária do sistema respiratório, porém, é mais frequente afetar a cavidade nasal do que os pulmões. Observa-se que a criptococcose é uma doença de transmissão inalatória, ou seja, ocorre a inalação dos esporos fúngicos e após a inalação ocorre a disseminação da infecção. Enfatiza-se então, que a criptococcose tem como principal forma de instalação a via respiratória (REOLON et al., 2004). O C. neoformans apresenta-se na forma de três variantes, e essas variantes possuem diferenças baseadas nas características genéticas, tais diferenças estão diretamente relacionadas com a cápsula polissacarídica que essa levedura possui. As três variantes podem ser potencialmente patogênicas ao ser humano, mas tornase importante notificar que cada variante apresenta características epidemiológicas distintas. Então, observa-se que a causa de 95% das infecções criptocócicas estão relacionadas ao C. neoformans variedade grubii (sorotipo A) e esse sorotipo também é responsável por 99% das infecções em pacientes com SIDA nos Estados Unidos da América (EUA). Já o C. neoformans variedade neoformans (sorotipo D) corresponde a 20% das infecções criptocócicas e encontra-se maior prevalência dessa variedade em regiões da Europa, como Dinamarca, Itália, Suíça, Alemanha e França. Vale ressaltar que a variedade grubii e a variedade neoformans apresentam predileção por indivíduos imunodeprimidos (PINTO, 2010). Uma pesquisa realizada na Colômbia demonstrou que em estudos em amostras de excretas de pombos, 31% desses excrementos pertenciam ao sorotipo A. Já na Espanha, grande parte dos isolados ambientais enquadravam-se nos sorotipos D e no AD, porém, em isolados clínicos, ou seja, em isolados de pacientes o sorotipo A foi prevalente nesse país. Tais diferenças podem ser justificadas devido às diferenças ambientais que estão diretamente ligadas ao clima e a temperatura de cada região (QUINTERO et al., 2005). Para enfatizar que diferentes localidades com diferentes fontes ambientais podem diferenciar o tipo de sorotipo prevalente em um determinado lugar, observa-se uma pesquisa realizada com 40 pacientes de diferentes localidades da cidade de Nova Iorque. Essa pesquisa demonstrou que 85% dos isolados obtidos pertenciam ao sorotipo D e tal resultado apresentou elevada discrepância quando comparados com estudos anteriores realizados em outras cidades norte-americanas que apresentavam prevalência do sorotipo A (STEENBERGEN et al., 2003). As diferentes variedades de C. neoformans provocam diferentes 31 manifestações de criptococose e observa-se que a variedade neoformans demonstra um dermatropismo mais elevado que o da variedade grubii, tendo como possível explicação para esse fato à elevada sensibilidade ao calor apresentada pela variedade neoformans. Analisa-se que o sorotipo A é o mais frequente no Brasil e quando ocorre a criptococose sistêmica, as lesões de pele são observadas em torno de 10 a 15% dos casos. Observa-se que a criptococose cutânea primária é caracterizada como mais rara, porém, pode ocorrer em casos onde haja inoculação direta do fungo pela pele (MOREIRA et al., 2006). Tanto o desenvolvimento do quadro clínico quanto a disseminação da criptococose está diretamente ligado com a imunidade do hospedeiro, e observa-se que na maioria das infecções fúngicas a imunidade celular é predominante e a infecção pelo C. neoformans decorre de uma infecção oportunista, sendo prevalente em pacientes imunodeprimidos, que na maioria das vezes possui uma doença de base, sendo a SIDA a patologia associada mais comum. Contudo a infecção aguda também pode ocorrer indivíduos imunodeprimidos que por consequência de um determinado fator foram expostos a grandes quantidades de esporos de C. neoformans (LARSSON et al., 2003). Em relação à espécie gatti, análises recentes demonstraram sua ocorrência em climas temperados e sua apresentação é na forma epidêmica, havendo manifestações no sistema nervoso central e também manifestações pulmonares, sendo descritas na cidade de Vancouver, no Canadá (HANG et al., 2004). A criptococose, em seres humanos, apresenta-se mais frequente em adultos, porém, apesar de raro pode acometer crianças e o contagio dessa infecção não ocorre de pessoa pra pessoa (MOREIRA et al., 2006). À medida que a epidemia do vírus do HIV espalhou-se em meados da década de 80, o C. neoformans surgiu como uma das principais infecções oportunistas na Austrália, Europa e também nos EUA e houve um declínio das taxas de infecção por volta dos anos 90, quando surgiu o tratamento para pacientes com SIDA e observa-se que mesmo com a administração de anti-fúngicos, a mortalidade em pacientes com criptococose, principalmente no sistema nervoso central, ainda é bastante evidente, mesmo em países considerados desenvolvidos (PINTO, 2010). No Brasil, a região Sudeste apresenta o maior número de casos de internações de criptococose (Gráfico 2) associada à SIDA, principalmente em homens e pela variedade neoformans e a letalidade atinge em torno de 35 a 40 %. Observa-se 32 também que nessa região ocorre o maior número de notificações de casos relacionados à SIDA e a criptococose apresenta-se como uma das principais causas de doenças oportunísticas. Vale ressaltar que nas regiões Norte e Nordeste, a criptococose demonstra-se de forma predominante em pacientes que não apresentam nenhum tipo de imunossupressão em ambos os sexos (BRASIL, 2012). Gráfico 2. Número de internações por Criptococose, segundo regiões no Brasil Internações por Criptococose, segundo regiões. Brasil, 2000-2007 350 N° de internações 300 250 200 150 100 50 0 2000 Norte 2001 2002 Nordeste 2003 2004 Centro-oeste 2005 Sudeste 2006 2007 Sul Fonte: Adaptado, BRASIL, 2012. Um estudo realizado no Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia (HDT) analisou amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) de 50 pacientes com SIDA que apresentavam dor de cabeça, febre ocasional e vômito sendo importante ressaltar que esas manisfestações clínicas são comumente observadas em pacientes com SIDA que possuem meningite criptocócica. Nas amostras de LCR foi realizado o exame direto com a tinta nanquim e foram cultivados em Agar Sabouraud dextrose com clorafenicol a uma temperatura ambiente de 37 ºC que permite a pesquisa e isolamento dos fungos. Os pacientes analisados foram procedentes de diferentes estados do Brasil, onde 23 isolados foram provenientes de indivíduos de Goiânia e os demais indivíduos eram precedentes de Tocantins (1), Minas Gerais (2) , Pará (3) e São Paulo (1). Com esse estudo, pode-se observar que a maioria dos isolados encontrados foi identificado como C. neoformans variedade neoformans, em 47 amostras, totalizando 94% dos casos e o C. neoformans variedade gatti foi identificado 33 em 3 amostras, em pacientes provenientes do interior do estado do Goiás, totalizando 6% dos casos analisados como pode ser analisado no gráfico 3 (FERNANDES et al., 2004). Gráfico 3. Incidência regional dos casos de criptococose com seus respectivos agentes etiológicos. C. neoformans variedade neoformans representado pela cor azul e C. neoformans variedade gatti representado pela cor vermelha. 100 90 C. neoformans var. neoformans C. neoformans var. gattii 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Goiânia M. Gerais Pará S.Paulo Tocantins Interior de Goiás Total Fonte: Adaptado, FERNANDES, et. al., 2004. No mesmo estudo foi analisada a faixa etária dos pacientes observados, e os indivíduos apresentavam idade entre 20 e 60 anos, sendo que a grande maioria apresentou idade entre 20 e 30 anos, totalizando 56% dos casos. Foi possível observar também que o sexo masculino teve maior prevalência, com 39 indivíduos deste sexo, totalizando 78% dos casos. Como pode ser observado na tabela 3. 34 Tabela 3. Demonstração de casos de criptococose em pacientes com SIDA relacionando sexo e idade. Sexo Idade (anos) 20-30 N° 23 % 46 31-41 9 42-50 Total M F N° % N° 5 % 10 28 56 18 4 8 12 24 6 12 1 2 7 14 >50 1 2 1 2 2 4 Total 39 78 11 22 50 100 Fonte: Adaptado, FERNANDES et. al., 2004 Um determinado estudo realizado no período de janeiro de 2008 à maio de 2010 no serviço de Micologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, RS analisou 58 resultados de amostras clínicas de pacientes que possuíam espécime clínico confirmado com isolamento de Cryptococcus spp. Nesse determinado estudo, também foram analisados dados como sexo, idade e sorologia para HIV. Foram observadas 42 amostras (40%) positivas para Cryptococcus spp. Todas essas amostras apresentaram crescimento à temperatura entre 37 a 40 ºC e urease positiva o que caracteriza o elevado potencial patogênico dos isolados. Das 58 amostras positivas dos isolados no serviço de Micologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, 56 amostras (96%) foram de C. neoformans e 2 amostras (3,4%) de C. gatti. Com os resultados obtidos, foi possível observar que o C. neoformans obteve maior prevalência na faixa etária de 21 a 40 anos, e a variedade C. gattii ocorreu em pacientes com idade acima de 40 anos, como pode ser observado na tabela 4. O fator de risco associado a criptococose foi o HIV (MEZZARI et al., 2013). 35 Tabela 4. Demonstração de amostras C. neoformans e C. gatti no serviço de Micologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre mostrando a prevalência de acordo com o sexo e a idade. Cryptococcus neoformans Amostras % 37 19 56 66,1 33,9 100 Cryptococcus gatti Amostras % Sexo Homens Mulheres Total Idade Anos 0 a 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 Acima de 50 Total 0 4 13 19 9 11 56 0,0 7,2 23,2 33,9 16,1 19,6 100 2 0 2 100 0,0 100 0 0 0 0 1 1 2 0,0 0,0 0,0 0,0 50 50 100 Fonte: Adaptado, MEZZARI et al., 2013. O mesmo autor afirma que os pacientes com C. gatti eram imunocompetentes, o que comprova que o C. neoformans acomete principalmente indivíduos imunodeprimidos e enfatiza-se que o C. gatti acomete principalmente indivíduos imunocompetentes. O gráfico 3 demonstra que a maioria do pacientes com criptococose são provenientes da região centro-oeste do Brasil, porém dados do Ministério da Saúde afirmam que o maior número de internações por criptococose no Brasil são oriundos da região sudeste do país. Tal discrepância pode ser explicada pela quantidade de pacientes procedentes da cidade de Goiânia, localizada na região centro-oeste do país, totalizando a maioria dos indivíduos na pesquisa em questão, sendo esses pacientes 23 dos 50 pacientes analisados (BRASIL, 2012). Entre os anos de 1996 a 2006, no Ceará, cinco mortes foram relatadas durante esse período. Dentre os pacientes portadores da SIDA, cuja causa de óbito foi associada a micoses sistêmicas, a criptococose foi apontada em 50,9% das declarações. Evidências clínicas de profissionais do Centro Especializado em Micologia Médica (CEMM) mostra que, nos últimos dez anos, houve a média de sete novos casos por ano de criptococose em pacientes HIV positivos, situando-se entre as principais micoses associadas a esses doentes (PRADO et al., 2009). 36 As espécies de C. neoformans são isoladas com grande freqüência na Europa e também na América do Sul. Contudo, no Brasil, por ser área endêmica desta espécie, há um grande interesse em se determinar os genótipos dos isolados deste fungo (LAZÉRA et al., 1998; AOKI et al., 1994). Em um determinado estudo realizado na França, observou-se que a criptococose foi a doença inicial definidora de SIDA em aproximadamente 63 % de doentes, já em outro estudo realizado no Zimbabué, essa porcentagem elevou-se para 88% e em outro, num hospital da Zâmbia observou-se 91 % (CHEVRET et al., 1996). Um estudo, baseado na análise de MEYER et al., (1999), verificando a distribuição dos tipos moleculares de C. neoformans e C. gattii em todo o Brasil em 2008, a fim de correlacionar os genótipos com as regiões geográficas e condições dos hospedeiros. Foram analisados 443 isolados, sendo 320 de C. neoformans e 123 de C. gattii, de todas as regiões do país. Os tipos moleculares mais comuns foram VNI (64%) e VGII (21%), seguido por VNII (5%), VGIII (4%), VGI e VNIV (3% cada), e VNIII (< 1%). O tipo molecular VGIV não foi identificado dentre os isolados estudados no Brasil. O estudo revelou ainda que o genótipo VGII ocorreu predominantemente na região nordeste, e o VNI na macrorregião sudeste. Do Estado do Amazonas foram obtidos 12 isolados e os tipos moleculares identificados foram VNI e VGII (LAZÉRA et al., 2008). O mesmo autor demonstra que na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, um recente estudo realizado por Silva (2009), foi realizada tanto a feno quanto a genotipagem de 40 isolados clínicos, sendo que usando o meio CGB (Canavanina-Glicina-Azul de Bromotimol), foi observado que 75,5% (n=31) e 22,5% (n=9) dos isolados eram Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gattii, respectivamente. Uma determinada pesquisa realizada no Royal Darwin Hospital, na Austrália encontrou uma prevalência elevada de criptococose causada por C. gatti, em torno de 66,7 % do que pelo C. neoformans, havendo a conclusão de que esse achado foi devido ao grande números de pacientes oriundos da zona rural, este caracteriza-se por ser o nicho predominante do C. gatti. Observa-se que esse eucalipto é proveiente da Austrália e foi exportado para o Havaí, Califórnia, México, Brasil, África e Ásia (JENNEY et al., 2004). Estudos propuseram que a formação e dispersão de basidiósporos de C. gatti ocorrem intensificadamente durante a estação de florescimento do eucalipto. Tal característica, entretanto, não está bem estabelecida, pois estudos posteriores não 37 conseguiram verificar esse tipo de associação (LAZÉRA et al. 1998; LAZÉRA et al. 2008). Vale ressaltar que os fatores climáticos de cada região, tais como temperatura, umidade e exposição à luz, podem influenciar na recuperação de cepas de C. neoformans e C. gattii oriundas do ambiente (QUINTERO et al., 2005). Apesar de vários estudos demonstrando o contrário, a ocorrência por C. gattii é bastante observada em países da América do Sul, como Brasil, Colômbia, Venezuela, Peru e Argentina, sul dos Estados Unidos, África Central, Austrália, Nova Guiné e Sudeste da Ásia. No Brasil, a prevalência de C. gattii é considerada uma das mais altas na América do Sul (MONTENEGRO; PAULA, 2000), A grande maioria das infecções criptococócicas em hospedeiros imunocomprometidos é causada por C. neoformans, sendo o sorotipo A observado em até 90% dos casos, seguido pelos sorotipos B e AD, nesta sequência. Os sorotipos D e C são menos relatados, exceto em alguns países europeus e algumas áreas dos Estados Unidos, como Califórnia e Nova Iorque (LITVINTSEVA et al., 2005). Observados os resultados dos estudos analisados, é possível concretizar que a criptococose é uma doença predominante em pacientes do sexo masculino, havendo a predominância do sexo masculino sobre o feminino, com idade entre 21 a 40 anos e analisa-se que tanto homens quanto as mulheres com criptococose apresentam a mesma faixa etária. A criptococose atualmente é considerada como uma doença oportunista com maior mortalidade e morbidade, principalmente em pacientes com imunossupressão celular. Observa-se que criptococose por C. neoformans variedade neoformans mantém-se prevalente em casos em humanos que apresentam condições de risco sendo diretamente associada à pacientes com SIDA, e também a indivíduos que fazem o uso de medicamentos corticoides ou apresentam imunossupressão devido a leucemias e linfomas (MOREIRA et. al., 2006). O C. neoformans manteve-se prevalente em grande parte dos estudos analisados no presente trabalho. Essa prevalência pode ser justificada devido a quantidade de eucalipto de um determinado ambiente, conclui-se que ambientes com pequenas quantidades de eucaliptos ou ambientes tipicamente urbanos tendem a não demonstrarem isolados de C. gatti, contudo, em grandes centros o C. neoformans costuma ser prevalente (MEZZARI et al., 2013). Observa-se que é uma doença descrita em pacientes de todas as idades, podendo acometer crianças, porém, como demonstrado nas tabelas 4 e 5, ocorre com mais frequência em adultos jovens e ao longo dos estudos observados, pode-se 38 constatar que pacientes do sexo masculino com SIDA apresentam maior risco à criptococose do que do sexo feminino (BARONI et al., 2010). 39 4. – CONCLUSÃO Apesar de se tratar de uma enfermidade relativamente pouco conhecida, a criptococose encontra-se como uma patologia potencialmente fatal, sendo cada vez mais evidente principalmente em pacientes imunodeprimidos. A criptococose surge como uma das micoses sistêmicas com elevado índice de internações em diversas partes do mundo o que torna necessário uma maior atenção da comunidade médica em relação a essa infecção fúngica pois sua frequência e gravidade tornam-se cada vez mais evidentes e uma maior atenção voltada para essa enfermidade pode possibilitar um diagnóstico precoce com um melhor prognóstico para esses pacientes. Vale ressaltar que por apresentar distribuição mundial e por possuir diversas fontes ambientais, essa doença fúngica acomete milhões de pessoas ao redor do mundo, sendo a forma disseminada a com maior prevalência em pacientes imunocomprometidos. A criptococose pode apresentar-se de forma assintomática em pacientes imunocompetentes, sendo a forma pulmonar a situação mais comum, porém, na doença disseminada as manifestações clínicas podem variar, e essas variações estão relacionadas com os sistemas acometidos, sendo bastante comum o acometimento neurológico. Observa-se que a alta taxa de mortalidade em pacientes imunodeprimidos aumenta a necessidade de diagnóstico e também de tratamento precoce. A incidência da infecção por Cryptococcos neoformans tem aumentado significamente desde a década de 70 e observou-se um agravamento na década de 90 devido à epidemia da SIDA e desde então é fácil perceber um aumento significativo nos casos de criptococose. Os dados obtidos nesse trabalho possibilitaram uma análise sobre a ecologia do Cryptococcus neoformans juntamente com a obtenção de dados sobre a epidemiologia da criptococose com relevantes observações em quadros com pacientes que apresentam quadros imunológicos debilitados associados à SIDA. Observa-se que os pombos são os principais reservatórios deste fungo e vale ressaltar a necessidade de medidas afetivas de proteção de áreas públicas visando à redução da população dessa ave para que possa haver a redução da contaminação do ambiente. 40 REFERÊNCIAS ABEGG MA, CELLA FL, FAGANELLO J, VALENTE P, SCHRANK A, VAIN STEIN MH. Cryptococcus neoformans and Cryptococcus gattii isolated from the excreta of psittaciformes in a southern Brazilian zoological garden. Mycopathol 2006; 161(2):8391. ALMEIDA, et al., 2009. Resposta in vitro de fungos agentes de micoses cutâneas frente aos antifúngicos sistêmicos mais utilizados na dermatologia.Revista Brasileira de Medicina Tropicalj 84(3):249-55. AOKI S, ITO-KUWA S, NAKAMURA K, KATO J, NINOMIYA K, VIDOTTO V. Extracellular proteolytic of Cryptococcus neoformans. Mycopathol 1994; 128: 143-50. BARONI, A. F.;CAMPOS, L. F. 2010. Isolados de Cryptococcus neoformans, C. gattii e C. laurentii. Produtores de Protease e Fosfolipase. 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