V Encontro Nacional da Anppas 4 a 7 de outubro de 2010 Florianópolis - SC – Brasil _______________________________________________________ Estrutura e desempenho: O Enfoque de Redes na Governança dos Recursos de Uso Comum Jorge Calvimontes Ugarte (NEPAM/IFCH - UNICAMP) Biólogo, Doutorando em Ambiente e Sociedade [email protected] Lúcia da Costa Ferreira (NEPAM/IFCH - UNICAMP) Doutora em Ciências Sociais [email protected] Resumo Hoje, mais do que nunca, a relação entre o local e o global é muito estreita e dinâmica. Atores sociais em níveis hierárquicos muito diferentes podem estar fortemente relacionados por fluxos de informação, por motivações sobre o uso dos recursos naturais, por conflitos associados a esse uso ou por interesses das mais diversas naturezas. Entre estes atores podemos encontrar moradores locais, comerciantes, gestores, lideranças locais, tomadores de decisão, cientistas, financiadores e usuários dos recursos. As relações entre atores sociais de sistemas sócio-ecológicos podem ser de diversos tipos e intensidades, caracterizando a governança dos recursos naturais, o fluxo de informações entre eles e o sucesso das estratégias de conservação. O objetivo deste trabalho é discutir o uso do enfoque de redes na governança dos recursos de uso comum em ambientes complexos, com grande diversidade de atores portadores de distintas motivações, necessidades e percepções. A abordagem de redes é conhecida como uma das formas de ver os processos políticos e de conduzir sua análise. Um ponto chave nesta discussão é a relação entre a estrutura dessas redes e seu desempenho, e, ainda mais, quais componentes do sistema deveriam ser incluídos nessa análise. A perspectiva de redes tem sido usada tanto nas ciências sociais quanto nas naturais, entretanto, não têm sido desenvolvidas análises sistemáticas sobre redes sociais e ecológicas combinadas. Propõe-se o uso de redes sócio-ecológicas, formadas tanto por componentes sociais quanto por componentes ecológicos, mais os diversos tipos de conexões existentes entre eles, como a mais útil neste tipo de estudos. Palavras-chave Redes sociais, governança, recursos de uso comum Estrutura e desempenho: O Enfoque de Redes na Governança dos Recursos de Uso Comum Introdução A discussão sobre a sustentabilidade no uso dos recursos de uso comum adquire cada dia maior protagonismo. A tendência tem sido a enxergar os processos por trás desta dinâmica desde uma perspectiva mais local e relacional. Por outro lado, devido às características da modernidade e a complexidade dos sistemas sociais atuais, manter a discussão só no nível local não contribui para entender os complexos processos sócio-ambientais, caracterizados pela heterogeneidade de atores, com diversas motivações, conhecimentos e interesses, se relacionando nas mais diversas escalas e níveis. Atores sociais em níveis hierárquicos muito diferentes podem estar fortemente relacionados por fluxos de informação ou conhecimento, por motivações sobre o uso dos recursos naturais, por conflitos associados a esse uso ou por interesses das mais diversas naturezas. Entre estes atores podemos encontrar moradores locais, comerciantes, gestores de unidades de conservação, lideranças locais, tomadores de decisão, cientistas, financiadores de empreendimentos econômicos ou de projetos de pesquisa, e usuários diretos dos recursos. Torna-se necessária, então, uma abordagem que considere estes diferentes níveis e escalas em um processo multi-escalar e multinível onde os relacionamentos entre cada um deles sejam considerados e explorados (ARMITAGE et al. 2007, CARLSSON e BERKES 2005). Segundo Carlsson e Sandström (2006), a sobrevivência dos recursos de uso comum está fortemente associada à necessidade de achar formas para fortalecer os sistemas de manejo contemporâneos, fazendo com que eles possam responder às complexidades, como a dinâmica dos ecossistemas e suas instituições relacionadas, que estão freqüentemente fragmentadas. As relações entre atores sociais de sistemas sócio-ecológicos podem ser de diversos tipos e intensidades, caracterizando o uso dos recursos naturais, o fluxo de informações e conhecimentos entre eles e o sucesso das estratégias de manejo e conservação. É objetivo deste trabalho discutir o uso do enfoque de redes nas pesquisas sobre uso e manejo dos recursos naturais em ambientes complexos com grande diversidade de atores que têm diversas motivações, necessidades e percepções. Um ponto chave nesta discussão é a relação entre a estrutura e o desempenho dessas redes. Como a estrutura da rede e os processos que a formaram influenciam no desempenho dos sistemas de manejo de recursos naturais? E, ainda mais, que componentes dos sistemas deveriam ser incluídos nessa análise? As redes sociais Segundo Mizruchi (2006), a análise de redes é uma das abordagens que mais cresce nas ciências sociais, o que origina que se acumulem evidências de que a ação humana é afetada pelas relações sociais em que os indivíduos estão imersos. As redes são sistemas compostos por nós e conexões entre eles que, nas ciências sociais, são representados por sujeitos sociais (indivíduos, grupos, organizações, etc.) conectados por algum tipo de relação (MARTELETO e SILVA 2004). Marteleto (2001) afirma que o trabalho pessoal em redes de conexões é tão antigo quanto a história da humanidade, mas, apenas nas últimas décadas, as pessoas passaram a percebê-las como uma ferramenta organizacional. A análise de redes tem suas raízes em diversas perspectivas teóricas (MIZRUCHI 2006). Mizruchi (2006) indica que alguns encontram essa origem em trabalhos da psiquiatria, onde se desenvolveu a abordagem conhecida como sociometria; outros acham essa origem nos trabalhos de alguns antropólogos, como Barnes e Mitchell; e ainda outros acreditam que a análise de redes é um apêndice ao estruturalismo francês de Lévi-Strauss. Segundo Barnes (1987), muitos trabalhos indicam que o conceito de redes sociais é útil na descrição e análise de processos políticos, classes sociais, relação entre um mercado e a periferia, provisão de serviços e circulação de bens e informações, manutenção de valores e normas, diferenças estruturais entre sociedades tribais, rurais e urbanas, e assim por diante. Por outro lado, Mitchell (1969) manifesta que a imagem de uma “rede de relações sociais” que represente um complexo conjunto de inter-relações em um sistema social tem tido uma história longa. Esse uso de “rede”, entretanto, é puramente metafórico e é muito diferente da noção de rede social como um conjunto específico de conexões entre um conjunto definido de pessoas, com a propriedade adicional de que as características dessas conexões como um todo poderiam ser utilizadas para interpretar o comportamento social das pessoas envolvidas (MITCHELL 1969). Mizruchi (2006) indica que a análise de redes também pode ser vista como um subtipo do arcabouço geral da sociologia estrutural, abordagem segundo a qual estruturas sociais, restrições e oportunidades são vistas como afetando mais o comportamento humano do que as normas culturais ou outras condições subjetivas. As raízes clássicas da sociologia estrutural, continua Mizruchi, são encontradas em Durkheim, Marx e especialmente em Simmel. Segundo este ponto de vista, a análise de redes é um tipo de sociologia estrutural que se baseia numa noção clara dos efeitos das relações sociais sobre o comportamento individual e grupal. O principio básico da análise de redes é que a estrutura das relações sociais determina o conteúdo dessas relações (MIZRUCHI 2006). Imaginar uma rede de interações entre indivíduos, grupos ou organizações não é difícil na sociedade atual, onde nossa posição na estrutura social e as relações que dela provem ou que a originam podem determinar nosso sucesso nos diversos campos da vida. Também podemos imaginar facilmente os diferentes tipos de relacionamento que temos com as pessoas que compartilham a(s) rede(s) das quais fazemos parte e como essas relações determinam, muitas vezes, nossa ação social. Neste sentido, é importante dizer que não só a estrutura é relevante nesta discussão, mas os processos sociais que levaram o sistema a se estruturar de uma determinada forma. Segundo Carlsson e Sandström (2006), a análise de redes sociais está baseada na percepção metodológica de que a vida social pode ser tratada em termos relacionais. Isto oferece também ferramentas úteis para mapear e analisar estas estruturas sociais. Dessa forma, estudando a estrutura das redes, informação importante sobre as interações que nela ocorrem podem ser reveladas. O enfoque de redes sociais também é um enfoque sistêmico, devido a não se poder entender a rede como um todo analisando seus componentes separadamente, na medida em que novas propriedades e relações surgem dessa agrupação. A sociedade em si não pode ser entendida só como a simples somatória de indivíduos, ao mesmo tempo em que não existem indivíduos entendidos isoladamente do âmbito social no qual estão inseridos. Autores das ciências sociais, como Simmel (2006), enfatizam as relações dos indivíduos como processos que se fazem e desfazem, como um acontecer que os indivíduos não só realizam, mas também sofrem, e caracterizam à sociedade como a interação entre os indivíduos que a compõem. Ao mesmo tempo, o próprio indivíduo também é composto por diversas motivações, forças, destinos e histórias, sendo elas tão constitutivas ao indivíduo como o indivíduo o é à sociedade (SIMMEL 2006). A abordagem de redes é conhecida como uma das formas de ver os processos políticos e de conduzir sua análise. Apesar das diferenças existentes, o arcabouço geral que está por trás da noção geral destas abordagens compartilha a perspectiva bottom-up (da base para cima) nos processos de tomadas de decisão, focalizando nas estruturas de resolução de problemas que se constituem a partir dos atores envolvidos e suas relações (CARLSSON e SANDSTRÖM 2006). Diversas propriedades estruturais das redes sociais, como densidade, riqueza, centralidade, entre outras, são discutidas e levadas em consideração quando se trata de entender como elas influenciam no desempenho dos sistemas de manejo e sua governança. Por outro lado, a relação estrutura-desempenho é abordada com grande interesse por diversos autores se estabelecendo como um campo relativamente novo e desafiante de pesquisa. Estes mesmos autores, concluem que essa abordagem é completamente compatível com as percepções sobre co-manejo como estruturas de rede e governança. Neste contexto, conceitos como ação propositiva, negociação, ação coletiva, capital social e resiliência sócio-ecológica, precisam ser abordados e relacionados com a teoria de redes, devido a que o desempenho da rede é altamente dependente de como acontecem as interações de negociação entre seus componentes. Em outras palavras, os atores interagem porque têm que negociar o uso dos recursos naturais se adaptando às estratégias dos outros, formando arranjos estruturais, grupos, e intercâmbios de informação e conhecimento. As redes sociais aplicadas à governança dos recursos naturais Pesquisas recentes têm identificado a existência de redes sociais como um importante denominador comum em casos onde diversos stakeholders atuam juntos para lidar eficazmente com os problemas e dilemas relacionados aos recursos naturais. Eles também têm demonstrado que as redes sociais podem ser mais importantes que a existência de instituições formais para a aplicação efetiva das regulamentações médio-ambientais. Entretanto, todas as redes sociais não são criadas iguais. Pelo contrário, os padrões estruturais das relações nas redes sociais podem ter um impacto significativo em como os atores realmente atuam (BODIN e CRONA 2009). Diversas propostas de arranjos institucionais destinados a enfrentar o desafio do manejo dos recursos de uso comum têm surgido: co-manejo, manejo adaptativo e co-manejo adaptativo (JENTOF 2003, OLSSON et al. 2004, CARLSSON e BERKES 2005, FOLKE et al. 2005, ARMITAGE et al. 2007, ARMITAGE et al. 2009), como resposta à forma convencional de abordar esta problemática, caracterizada por processos hierárquicos e verticais, onde as decisões são tomadas nas cúpulas do poder do Estado sem levar em consideração a realidade, a opinião, os interesses e as necessidades das populações locais. Jentof (2003) define o co-manejo como um processo participativo e colaborativo de tomadas de decisão entre representantes dos usuários dos recursos, agências do governo, instituições de pesquisa e outros stakeholders. Para que o co-manejo dos recursos naturais seja uma realidade é imperativo o compartilhamento do poder (JENTOF 2003), que é o resultado deste processo ao invés de ser seu ponto de partida (CARLSSON e BERKES 2005). Carlsson e Berkes (2005) indicam que a maioria dos sistemas de co-manejo podem ser entendidos como estruturas de governança que poderiam estar compostas por uma rica variedade de atores relacionados um ao outro por um significativo número de conexões que envolvem o Estado, os usuários locais dos recursos, os atores comerciais, ONG, e todo um grande leque de atores públicos e privados. Dessa forma, os sistemas de co-manejo da “vida real” podem ser descritos como redes que, de acordo com suas qualidades, podem ser catalogadas de diversas maneiras. Entre as várias abordagens que existem sobre o co-manejo, Carlsson e Sandström (2006) o entendem como uma rede caracterizada porque uma grande variedade de atores participa no sistema de manejo, sendo que o Estado não tem necessariamente uma posição central. Em lugar de considerar o Estado como um ator coerente, o caráter multifacetado do governo é amplamente reconhecido. Por outro lado, estes mesmos autores indicam que, no contexto da modernidade, as comunidades são ainda mais heterogêneas e podem ser divididas em atores privados, companhias, grupos ambientalistas e outras organizações não governamentais, concluindo que, devido a esta complexidade dual, o co-manejo leva essencialmente a criar redes coerentes para a resolução de problemas. E é dentro dessas estruturas de rede onde arranjos específicos de governança evoluem, estruturando assim a ação entre seus membros. Por outro lado, segundo Olsson et al. (2004), o co-manejo adaptativo é um processo pelo qual arranjos institucionais e conhecimento ecológico são testados e revisados num processo autoorganizado, dinâmico e continuo de aprender fazendo. Segundo estes mesmos autores, a característica chave do co-manejo adaptativo é a combinação da dimensão de aprendizagem iterativa do manejo adaptativo e da dimensão de conexão do manejo colaborativo no qual os direitos e responsabilidades são compartilhados. Folke et al. (2005) indicam que o co-manejo adaptativo depende da colaboração de um conjunto diverso de stakeholders, operando em diferentes níveis, com freqüência a través de redes. Adicionalmente, o co-manejo adaptativo amplia o manejo adaptativo adentro do domínio social e é uma forma para viabilizar a chamada governança adaptativa. Desta forma, os sistemas de governança adaptativa com freqüência se auto-organizam como redes sociais com equipes e grupos de atores que se servem de diversos sistemas de conhecimento e experiências para o desenvolvimento de um entendimento e políticas comuns (FOLKE et al. 2005). Segundo Bodin et al. (2005), as redes sociais entre atores e stakeholders estão ganhando atenção em estudos sobre manejo de recursos naturais, particularmente naqueles a respeito do co-manejo adaptativo baseado nas diversas formas de participação e co-manejo. Neste mesmo sentido, Carlsson e Berkes (2005) indicam que o co-manejo pode ser estudado e analisado como redes de relações que com freqüência formam sofisticados sistemas de manejo. Por outro lado, Newman e Dale (2005) afirmam que a habilidade para a ação coletiva e as soluções colaborativas nunca tem sido tão primordial na civilização humana como hoje em dia. Desta forma, as redes sociais jogam um papel muito importante em nossa adaptação a mudanças inesperadas. Todos estes autores ressaltam o valor do enfoque de redes sociais para a ação coletiva, a negociação, o intercâmbio de informações e conhecimentos e a identificação de estruturas sociais que favoreçam a resiliência sócio-ecológica e sustentabilidade dos sistemas de manejo. Diversas propriedades estruturais das redes sociais, como densidade, riqueza, heterogeneidade, centralidade, modularidade, entre outras1, são discutidas e levadas em consideração quando se trata de entender como elas influenciam no desempenho dos sistemas de manejo de recursos naturais. A relação estrutura-desempenho é abordada com grande interesse por diversos autores (GIRVAN e NEWMAN 2002, NEWMAN e DALE 2005, CRONA e BODIN 2006, CRONA 2006, JANSSEN et al. 2006, CARLSSON e SANDSTRÖM 2006, BODIN et al. 2006, BODIN e CRONA 2009), se estabelecendo como um campo relativamente novo e desafiante de pesquisa. Outro aspecto importante a ter em consideração quando se pensa na abordagem de redes para o manejo dos recursos naturais é a falsa idéia de que o poder dentro das estruturas de governança está equitativamente distribuído. Carlsson e Sandström (2006) afirmam que uma concepção errada acerca das redes é que elas têm sempre uma estrutura não hierárquica. Adicionalmente, Bodin e Crona (2009) afirmam que a perspectiva das redes tem grande potencial para permitir a análise de interações entre diferentes escalas (cross-scale interactions). Estes mesmos autores indicam que esta perspectiva poderia ser de grande valor nas pesquisas sobre os processos de governança dos recursos naturais desde o nível local até o global, permitindo o entendimento de diversos fatores relacionados, por exemplo, às mudanças ambientais globais. Finalmente, é importante dizer que, tanto os atores, os recursos e a distribuição de poder dentro das redes estão sujeitos a uma constante mudança. Deve-se considerar as redes como arranjos institucionais que evoluem, e não como entidades fixas e que podem ser herdadas dessa forma. Nesse sentido, Bodin e Crona (2009) afirmam que não só as estrutura da rede pode evoluir, o conteúdo do que é transferido também pode mudar ao longo do tempo. Uma conexão relacional que, inicialmente, era usada só para intercambio de um tipo específico de informação; práticas agrícolas sustentáveis, por exemplo; pode evoluir em uma relação social mais profunda que possa facilitar o desenvolvimento de normas e valores comuns. O nível de análise até o qual se chega a partir da perspectiva de redes sociais aplicadas ao manejo de recursos naturais é muito útil para o estudo dos arranjos institucionais, da negociação e da ação coletiva. Entretanto, todos estes processos acontecem dentro de um sistema sócio-ecológico que inclui não só conexões entre atores sociais e stakeholders. Quando discutem a ligação entre os sistemas sociais e os sistemas ecológicos, Berkes e Folke (1998) sugerem pensar como os sistemas sociais locais têm desenvolvido práticas de manejo baseadas em conhecimentos ecológicos para lidar com a dinâmica dos ecossistemas nos quais se localizam, e quais mecanismos sociais existem por detrás destas práticas de manejo, tudo sob uma perspectiva de humanos-na-natureza. Então, que 1 A densidade é o número real de conexões existentes na rede dividido por o número total de conexões possíveis nessa mesma rede. A riqueza é a amplitude na qual todos os nós na rede são acessíveis a cada um dos outros nós. Heterogeneidade faz referência a diversidade de atores ou variedade de conhecimentos ou informações que eles podem ter. Uma alta centralidade na rede quer dizer que existem nós em posições centrais na rede e que tem conexões com muitos outros nós. A modularidade é a capacidade da rede de formar agrupamentos (BARNES 1987, BODIN et al. 2005, JANSSEN et al. 2006, CARLSSON e SANDSTRÖM 2006, BODIN e CRONA 2009). tipo de relações entre os atores sociais e os recursos naturais propriamente ditos se devem tomar em consideração para a análise dos processos de governança dos recursos naturais e sua sustentabilidade? A abordagem de redes também contribui neste sentido? As redes sócio-ecológicas A perspectiva de redes tem sido usada tanto nas ciências sociais quanto nas naturais: redes de relacionamentos em internet, redes de movimentos sociais, redes tróficas, redes de polinizadorplanta, entre muitas outras. Janssen et al. (2006) afirmam, dentro deste contexto, que não tem sido desenvolvidas análises sistemáticas sobre redes sociais e ecológicas combinadas. Em contraposição, estes autores propõem uma perspectiva de rede para os sistemas sócio-ecológicos que permita focalizar mais facilmente na estrutura das interações entre seus componentes como um complemento útil às análises já existentes. Adicionalmente, eles chamam a atenção para as formas como essa estrutura poderia influenciar o desempenho destes sistemas. Outro benefício deste tipo de perspectiva seria a disponibilidade de uma linguagem uniforme com a qual se descreva os sistemas complexos em termos de nós e conexões (JANSSEN et al. 2006). Assim, um sistema sócio-ecológico pode ser representado como uma rede sócio-ecológica formada pelos diferentes atributos do sistema que poderiam ser usados para desenhar um mapa estrutural. Estes atributos podem ser confiança, informação, poder, movimentação de gado, poluição ou dispersão de sementes, entre muitos outros. A rede consiste tanto de componentes humanos ou sociais quanto de componentes não-humanos ou ecológicos, mais suas conexões representando diversos tipos de relações. Estes mesmos autores indicam que, tanto nos estudos de redes sociais quanto nos de redes ecológicas, tem-se usado uma abordagem de redes estáticas com escasso grau de heterogeneidade entre os nós e entre as conexões. Estas análises têm apresentado, basicamente, redes de atores sociais, de grupos de movimentos sociais, ou de espécies, com muito poucos tipos de interações entre seus componentes. Ainda que estas redes sejam modelos simplificados da realidade e que tenham objetivos concretos e claros, a complexidade dos mundos natural e social nem sempre consegue ser representada em redes homogêneas, e, muito menos ainda, sistemas sócio-ecológicos extremadamente complexos e incertos. As redes sócio-ecológicas não são fáceis de estudar uma vez que as análises quantitativas comumente aplicadas nos estudos de redes se tornam difíceis de serem usadas em uma mistura de entidades sociais e ecológicas. Neste tipo de rede, os nós podem ser representados não só por indivíduos, comunidades, organizações ou agricultores; mas também por componentes ecológicos, como lagos, florestas, espécies utilizadas ou campos de cultivo. As conexões entre seus componentes também podem ser das mais diversas, representando fluxos de unidades físicas, como água, organismos, dispersores de sementes ou gado; assim como intercâmbio de informações sobre manejo dos recursos entre os atores sociais, intercâmbio de produtos, ou transferência de conhecimentos. Janssen et al. (2006) reconhecem a dificuldade na identificação daquilo que deveria estar incluído na representação da rede sócio-ecológica que se pretende estudar. Neste sentido, o critério de escolha deveria ser a utilidade dos componentes de acordo com o objetivo de cada estudo em particular. Adicionalmente, as conexões também podem ser de diversa natureza: relações humano-humano, humano-espécie ou espécie-espécie; o que pode originar problemas no momento da comparação durante a análise estrutural. Outro aspecto interessante apontado por Janssen et al. (2006) é o fato de que nem todos os nós e conexões estariam sempre ativos na rede sócio-ecológica. Estes autores indicam que alguns poderiam permanecer latentes se ativando só em momentos de crise do sistema. Este tipo de observação é muito relevante quando se pensa na resiliência do sistema e sua capacidade para enfrentar perturbações. Por outro lado, se pensarmos em termos de intercâmbio de conhecimentos e fluxos de informação, estas conexões latentes poderiam se reativar em momentos de conflito, facilitando assim o intercâmbio e o aprendizado entre os atores sociais que ajudem na resolução dos conflitos e na ação coletiva. Janssen et al. (2006) distinguem três tipos de redes sócio-ecológicas: (1) redes de ecossistemas que são conectados por pessoas via fluxos físicos ou de informação, (2) redes de ecossistemas que são desconectados e fragmentados por pessoas, e (3) redes de ecossistemas que conectam pessoas. As pessoas podem conectar os ecossistemas de diferentes formas, por exemplo, os conhecimentos sobre a governança dos ecossistemas podem ser intercambiados para permitir que a experiência adquirida numa região possa ser usada para manejar os ecossistemas em outra região. Também podem existir fluxos de matéria entre diferentes ecossistemas realizados por atividades humanas, como a introdução de espécies de um lago a outro, ou fazendeiros movimentando seu gado de uma área para outra. As pessoas também podem desconectar componentes das redes sócio-ecológicas, como o que acontece pela construção de uma estrada que corta um ecossistema, ou pela sobreexploração de uma espécie dentro de uma rede trófica. Finalmente, os ecossistemas também conectam pessoas, cursos de água podem ligar duas ou mais comunidades distanciadas dezenas de quilômetros. Janssen et al. (2006) afirmam que uma das características das redes é o fato de que conexões podem ser adicionadas, fazendo aumentar a densidade, a centralidade e a riqueza da rede como um todo; ou eliminadas, fazendo diminuir essas mesmas características. A redução da capacidade de cada um dos componentes da rede de se conectar com os outros afeta a resiliência do sistema sócioecológico por este depender da redundância de conexões. Diversos autores das ciências sociais, e mais especificamente da Antropologia, discutem as relações do ser humano com os outros seres não-humanos desde uma perspectiva parecida ao enfoque das redes sócio-ecológicas. Quando Bruno Latour (2005) fala sobre o papel preciso que se reconhece aos não-humanos no contexto da Teoria do Ator-Rede (ou sociologia das associações) indica que eles devem ser considerados atores e não simplesmente os infelizes portadores de uma projeção simbólica. O enfoque do Ator-Rede propõe o estudo de ensamblagens que envolvem aspectos heterogêneos (tecnológicos, legais, organizativos, políticos, científicos). Por exemplo, um escritório governamental está composto por empregados, um prédio, uma organização espacial e temporal, clientes, computadores, signos, regulações, procedimentos burocráticos, metas, funções, arquivos, elementos psicológicos, relações com outros departamentos, etc. Pareceria que toda ensamblagem funciona como uma totalidade. Isto quer dizer que existem razões que justificam o estudo destes sistemas complexos e modernos em termos de unidades concretas com suas funções próprias. Entretanto, apenas focalizarmos os pormenores do seu funcionamento, este conjunto parece diluir-se num maço de eventos incomensuráveis entre si. Toda ensamblagem sócio-técnica, diz a Teoria AtorRede, deve considerar-se como um plano de relações materiais transversais que juntam vários aspectos heterogêneos do mundo, indo do físico ao político, e passando pelo tecnológico, semiótico e psicológico. Este autor enfatiza nas relações dos mais diversos tipos de atores, humanos e nãohumanos, formando um todo. Por outro lado, Ingold (2000) indica que os seres humanos devem ser simultaneamente constituídos como organismos dentro de sistemas de relações ecológicas, e como pessoas dentro de sistemas de relações sociais. Segundo ele, a tarefa crítica de antropologia seria, então, compreender a interação recíproca entre ambos os tipos de sistema, o social e o ecológico. Este autor também comenta a dificuldade relacionada à dicotomia organismo – pessoa, ou natureza – sociedade, indicando que o organismo e a pessoa podem ser um e o mesmo. Assim, em lugar de tentar reconstruir um ser humano completo a partir de dois componentes separados mas complementários, respectivamente bio-físico e sócio-cultural, mantidos unidos pelo cimento da psicologia, se deveria tentar achar uma forma de discutir a vida humana que elimine a necessidade de separá-la em essas diferentes camadas. Finalmente, Viveiros de Castro (2004) afirma que está claro que a distinção natureza – cultura deve ser criticada, mas não para concluir que tal coisa não existe. A florescente indústria da crítica ao caráter ocidentalizante de todo dualismo tem advogado o abandono de nossa herança intelectual dicotômica; o problema é bem real, continua Viveiros de Castro, mas as contrapropostas etnologicamente motivadas têm-se resumido, até agora, a desideratos pós-binários antes verbais que propriamente conceituais. Este autor prefere colocar em perspectiva os contrastes, contrastando-os com as distinções efetivamente operantes nas cosmologias ameríndias. Então, é a partir desta análise que se poderia tornar válida a pergunta de se a perspectiva de redes sócio-ecológicas poderia contribuir de alguma forma nesta discussão. Se a aplicação deste enfoque relacional pode aportar, de forma concreta, a enfrentar o dilema da relação humano – natureza, mais especificamente relacionada ao uso dos recursos naturais. Talvez, como disse Viveiros de Castro, não precisamos abandonar completamente nossa forma dicotômica de pensar, mas podemos pensar na relação natureza – sociedade como um continuum de relações estabelecidas em redes. Em conclusão, todas as características sobre as redes sócio-ecológicas antes mencionadas podem ser usadas para analisar e estudar sistemas de governança de recursos de uso comum. Então, se deveria pensar o processo de manejo de recursos naturais de uso comum só a partir das relações entre os atores sociais e stakeholders? Ou uma rede de manejo deve ampliar suas conexões até outros componentes do sistema sócio-ecológico? Conclusões preliminares Como deveriam ser as redes de co-manejo? O co-manejo é utilizado para facilitar a função de designação de tarefas e intercâmbio de recursos, para reduzir os riscos e os custos de transação, e também para promover a evolução de mecanismos de manejo de conflitos (CARLSSON e SANDSTRÖM 2006). Mas, como deveria ser uma rede de comanejo? Carlsson e Berkes (2005) apresentam um exemplo de rede de co-manejo onde se indica a heterogeneidade dentro do Estado, a diversa comunidade de usuários dos recursos, e os outros atores dentro do sistema, como as ONG, atores privados, outras comunidades, entre outros (ver figura 1). Estes autores afirmam que a rede de relacionamentos entre todos estes atores é muito rica e se expande fora das fronteiras organizacionais e geográficas. Entretanto, nesse modelo não é possível distinguir quais atores têm uma posição mais central, ou se as relações entre os atores são fracas ou fortes, se a rede é mesmo densa, ou se se formam grupos. A complexidade que pode ser representada na estrutura de redes sobre os processos de co-manejo de recursos vai depender do nível de análise que se pretende obter, entretanto, ter presente estas características estruturais é muito importante para poder explicar seu desempenho e entender os relacionamentos existentes entre cada um dos atores, assim como o papel que cada um cumpre dentro desta estrutura. Em princípio, uma rede de co-manejo deveria levar em consideração a estrutura e as propriedades antes mencionadas na análise de redes. Figura 1. Exemplo de rede de co-manejo segundo CARLSSON e BERKES (2005). Neste sentido, a proposta de rede sócio-ecólogica contribuiria mais na análise deste tipo de processo complexo, e onde, não só os componentes sociais do sistema devem ser considerados, mas também os próprios componentes naturais e sua relação com os componentes sociais. Em outras palavras, não só são relevantes as relações entre os atores sociais e as propriedades que emergem destas relações, mas também as relações que existem entre eles e os componentes naturais, e, ainda, se for o caso, os relacionamentos existentes entre os mesmos componentes naturais do sistema. Pesquisar e tentar compreender a estrutura deste tipo de rede, mais complexa, ajudará a explicar o desempenho das ações de manejo dos recursos naturais a partir de uma visão mais abrangente e, talvez, realista. Aqui é importante esclarecer o já manifestado linhas acima, a delimitação da rede a ser estudada e a incorporação dos componentes estará em função daquilo que se pretende saber. Em nenhum momento se pretende aqui sugerir que tudo deve ser incluído num só modelo de análise. Entretanto, esta discussão é, pelo menos, pertinente. As redes de manejo de recursos naturais de uso comum são redes sociais ou redes sócio-ecológicas? A partir do já manifestado linhas acima, se propõe que as redes de manejo deveriam ser vistas e abordadas como uma rede sócio-ecológica mais que como uma rede social. Para podermos compreender a posição de cada um dos atores sociais na estrutura da rede de manejo e como essa posição contribui ou não ao seu desempenho é importante saber, ou pelo menos explorar, a relação que os atores sociais têm com os recursos naturais propriamente ditos. Tal e como foi indicado anteriormente, não só é importante conhecer a estrutura da rede, mas também como foram os processos que levaram a rede a ter esse arranjo estrutural. Em concordância com isto, seria necessário conhecer quais processos, motivações e históricos de uso levaram a cada ator social a se relacionar de determinada forma com os componentes naturais do sistema. Desta maneira se terá maiores subsídios para entender a atual estrutura da rede e como esta influencia no desempenho do processo de governança dos recursos naturais e sua sustentabilidade. Estrutura e desempenho das redes de manejo de recursos naturais de uso comum: o que fazer daqui para frente? Tanto Carlsson e Sandström (2006) quando Janssen et al. (2006) indicam que, salvo algumas exceções, tem tido poucas e escassamente elaboradas tentativas de incorporar a análise de redes sociais nos campos da ciência política e, em particular, no manejo de recursos naturais. Não se conhece bem como o desempenho poderia estar relacionado às características particulares das redes, como densidade, centralidade e heterogeneidade. Uma hipótese razoável, neste sentido, é que um bom desempenho está associado não só ao estabelecimento de redes de manejo, mas também a como essas redes estão estruturadas. Estes mesmos autores recomendam que o efeito estrutural das redes para o manejo dos recursos de uso comum deveria ser uma preocupação para futuras pesquisas. Estudos de caso sobre manejo de recursos naturais, comparando sistemas com resultados divergentes, podem ser de muito valor para o desenvolvimento de teorias que considerem a estrutura de redes e sua implicação na governança. A abordagem das redes nos estudos sobre a governança de recursos naturais é um campo relativamente novo de pesquisa, e como conseqüência disso ainda é preciso estudar e discutir muito. Como já foi dito, o uso do enfoque de redes e da influencia da estrutura no seu desempenho, se apresenta como uma ferramenta muito útil para os estudos sobre a governança de recursos naturais, ação coletiva, fluxos de informação, conflitos, negociação e resiliência em sistemas sócio-ecológicos, entretanto, só através de mais estudos de caso, com coleta sistemática de dados sobre as relações nas redes e estudos de modelagem que enriqueçam o entendimento sobre as características estruturais e relacionais das redes, se poderá obter resultados mais concretos e formular teorias destinadas a contribuir com a conservação e manejo dos recursos de uso comum. Nesse sentido, Carlsson e Sandström (2006) propõem a hipótese de que redes caracterizadas por um conjunto heterogêneo de atores integrados densa e centralizadamente outorgam ao sistema de manejo um alto desempenho. Muitas outras hipóteses têm surgido e surgirão como resultados das pesquisas que estão sendo desenvolvidas sobre a aplicação da análise de redes na governança de recursos de uso comum. Cabe ressaltar que outro conceito que não deveria ser deixado de lado quando se pensa na influência de um efeito estrutural no desempenho dos sistemas de manejo é o de capital social e sua relevância a esse respeito (NEWMAN e DALE 2004, FOLKE et al. 2005) O enfoque de redes é muito útil nos estudos sobre a governança dos recursos naturais. Entretanto, estas redes de manejo dos recursos naturais deveriam ser vistas e abordadas como redes sócioecológicas em lugar de como redes sociais. Para podermos compreender a posição de cada um dos atores sociais na estrutura da rede e como essa posição contribui ou não no seu desempenho é importante saber a relação que os atores sociais têm com os recursos naturais propriamente ditos. Como foi indicado linhas acima, não só é importante conhecer a estrutura da rede, mas também como foram os processos que levaram a que a rede tenha determinado arranjo estrutural. Da mesma forma, é necessário conhecer quais processos, motivações e históricos de uso levaram a cada ator social a se relacionar de determinada forma com os componentes naturais do sistema. Desta maneira se terá maiores subsídios para entender a atual estrutura da rede e como esta influencia no desempenho do processo de governança dos recursos naturais e sua sustentabilidade. Finalmente, é sempre importante ter em consideração que o tipo de pergunta é o que vai determinar o tipo específico de rede que vai se formar em cada estudo em particular. Ter claros os objetivos do estudo, neste caso sobre a governança de recursos de uso comum, é o primeiro passo para a utilização deste enfoque. A maneira de conclusão se pode dizer que a perspectiva de rede é muito útil para estudar os relacionamentos entre os indivíduos, organizações e os fluxos que acontecem entre eles. A ação social, movida e motivada pelos relacionamentos e conflitos entre indivíduos e organizações, pode ser abordada e analisada desde esta perspectiva devido às características da sociedade atual. Castells (2000), no seu livro Sociedade em Rede, contribui ao fechamento deste texto ressaltando a importância deste tipo de abordagem para a pesquisa sobre relações, fluxos, conflitos e ação coletiva dos movimentos sociais, como o movimento ambientalista, tão diversos e cheios de arestas. Estudar os relacionamentos entre os indivíduos, incluindo aqueles cotidianos e no nível microssociológico, pode ser de grande utilidade para entender como a sociedade se comporta e age frente aos desafios que se apresentam cada vez mais rápido e cada vez com mais força. Disse Castells, no livro Sociedade em Rede: “Nosso estudo sobre as estruturas sociais emergentes nos domínios da atividade e experiência humana leva a uma conclusão abrangente: como tendência histórica, as funções e os processos dominantes na era da informação estão cada vez mais organizados em torno de redes. Redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades, e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura. Embora a forma de organização social em redes tenha existido em outros tempos e espaços, o novo paradigma da tecnologia da informação fornece a base material para sua expansão penetrante em toda a estrutura social. Além disso, eu afirmaria que essa lógica de redes gera uma determinação social em nível mais alto que a dos interesses sociais específicos expressos por meio das redes: o poder dos fluxos é mais importante que os fluxos de poder. A presença na rede ou a ausência dela e a dinâmica de cada rede em relação às outras são fontes cruciais de dominação e transformação de nossa sociedade: uma sociedade que, portanto, podemos apropriadamente chamar de sociedade em rede, caracterizada pela primazia da morfologia social sobre a ação social” (CASTELLS 2000, p. 497). Bibliografia ARMITAGE, D,; PLUMMER, R.; BERKES, F.; ARTHUR, R.I.; CHARLES, A.T.; DAVIDSON-HUNT, I.J.; DIDUCK, A.P.; DOUBLEDAY, N.C.; JOHNSON, D.S.; MARSCHKE, M.; MCCONNEY, P.; PINKERTON, E.W. e WOLLENBERG, E.K. Adaptive co-management for social-ecological complexity. Front. Ecol. Environ. 7(2):95-102. 2009. ARMITAGE, D.; BERKES, F. e DOUBLEDAY, N. Introduction: Moving beyond co-management. In: Adaptative co-management: collaboration, learning, and multi-level governance. Editores: D. ARMITAGE, F. BERKES e N. DOUBLEDAY. UBCPress. Canada. 2007. BARNES, J.A. Redes Sociais e processo político. In: Antropologia das sociedades contemporâneas – Métodos. 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