importância da sua utilização na assistência ao paciente com surdez

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Trabalho 273
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: IMPORTÂNCIA DA SUA UTILIZAÇÃO NA
ASSISTÊNCIA AO PACIENTE COM SURDEZ
Francisca Roberta Barros Páscoa1; Ana Paula Oliveira Queiroz 2; Elaine Nunes da Silva
Rocha3; Mariana Moreira Barroso4; Rochelle Holanda Barbosa5; Shérida Karanini Paz de
Oliveira6; Francisca Elisângela Teixeira Lima 7
Introdução: Aproximadamente 15% da população brasileira possuem algum tipo de deficiência auditiva,
sendo classificados em surdos totais e surdos parciais. A deficiência auditiva é considerada por muitos
autores como a deficiência de mais difícil interação com o restante da sociedade por conta da difícil
comunicação. Comparando as pessoas com deficiência física, auditiva e visual, o deficiente auditivo é o
que enfrenta maior dificuldade de inclusão na sociedade(1). A linguagem utilizada pelos surdos é Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS), que surge como modo de minimizar os problemas de comunicação
enfrentados pelos deficientes auditivos por meio de um sistema de linguagem de gestos, principalmente
com as mãos. É importante salientar que a Língua dos Sinais não é universal, sendo que cada país possui
a sua, sujeita as influências da cultura nacional. Mesmo que incorporem alguns sinais de outra cultura, ela
se difere em cada região, o que legitima ainda mais a língua, já que ela incorpora os regionalismos (2). A
inclusão social do surdo nos serviços de saúde se apresenta como fator essencial para um efetivo
atendimento de qualidade, pois a falta de comunicação inviabiliza o atendimento (3). A comunicação entre
os profissionais e os surdos é um desafio que deve ser enfrentado para alcançar um atendimento
humanizado, caso contrário, haverá dificuldades em estabelecer um vínculo adequado no encontro
clínico, complicando o atendimento ao paciente, com relação à consulta, ao diagnóstico, à proposta
terapêutica e ao acompanhamento do mesmo (4). Problemas de comunicação interpessoal estão presentes
em todo sistema de saúde e tornam-se mais significantes quando englobam barreiras de linguagem e
cultura. A comunidade surda, que utiliza a língua de sinais como meio de comunicação, encontra
obstáculos no acesso aos serviços do setor de saúde (3). A relação dos profissionais da saúde com seus
pacientes que não têm deficiência auditiva geralmente é estabelecida pela comunicação verbal falada,
mecanismo habitualmente não utilizado pelos pacientes surdos. Diante disso surge a necessidade de
recorrerem a outro meio de comunicação para se expressar, representado pela Língua de Sinais.
Contudo, esta linguagem comumente não é compreendida por aqueles que lhes prestam assistência na
área de saúde, inviabilizando um atendimento adequado, do ponto de vista técnico e humano(3). O acesso
à LIBRAS é de fundamental importância para que o profissional de saúde efetive a comunicação com os
seus clientes, compreendendo o sujeito surdo, fazendo com que ele tenha autonomia de fazer suas
próprias escolhas, retirando as barreiras de comunicação que surgem entre duas línguas diferente: a
linguagem por sinais e a linguagem verbal. Objetivo: Averiguar a importância da Língua Brasileira de
Sinais para os profissionais de saúde como método de comunicação no atendimento ao paciente com
surdez. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, de natureza qualitativa, realizado em um Centro
1Acadêmica de enfermagem do departamento de enfermagem da faculdade de farmácia, odontologia e enfermagem da
Universidade Federal do Ceará(DENF/FFOE/UFC). Monitora de iniciação a docência. Membro do Grupo de estudos sobre a
consulta de enfermagem (GECE).
2-Acadêmica de enfermagem do departamento de enfermagem do DENF/FFOE/UFC. Membro do GECE.
3- Acadêmica de enfermagem do departamento de enfermagem do DENF/FFOE/UFC. Membro do GECE.
4- Acadêmica de enfermagem do departamento de enfermagem do DENF/FFOE/UFC. Membro do GECE.
5- Acadêmica de enfermagem do departamento de enfermagem do DENF/FFOE/UFC.
6- Enfermeira. Mestranda em enfermagem do DENF/FFOE/UFC. Membro do GECE.
7- Enfermeira. Doutora em enfermagem. Professora adjunta do DENF/FFOE/UFC. Coordenadora do GECE.
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de Saúde da Família (CSF) localizado em um bairro periférico da cidade de Fortaleza-Ceará. Quanto à
população em estudo, foi composta por 24 profissionais de saúde da instituição, dentre os quais havia
enfermeiros, médicos, dentistas e auxiliares de enfermagem e odontológicos. Para a amostra, foram
selecionados 16 profissionais que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: ter atendido pacientes
surdos. A coleta de dados ocorreu em setembro de 2010, por meio de uma entrevista individualizada. A
análise foi realizada conforme a semelhança dos depoimentos. A pesquisa obedeceu à Resolução número
196/96 do Conselho Nacional de Saúde, cujo projeto foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa sob
parecer n.º 291/09. Resultados e discussões: Dentre os 16 profissionais participantes do estudo, todos
referiram dificuldades no atendimento ao paciente com surdez. Ao se deparar com deficientes auditivos,
perceberam as dificuldades enfrentadas por este grupo para utilizar qualquer tipo de recurso disponível
em nosso meio social. Os profissionais afirmaram também que ficam constrangidos, por não terem
habilidade de comunicação com esta clientela. Os profissionais foram questionados sobre a importância
de se estudar e aprender libras, todos afirmaram ser necessário que os profissionais de saúde reconheçam
e aprendam a LIBRAS como um método de inclusão do paciente surdo. Relataram, ainda, que a LIBRAS
é importante para a acessibilidade de todos os pacientes, e que por isso, poderia haver melhoria na
qualidade do atendimento, caso o profissional consiga comunica-se por meio da LIBRAS. Foi comentado
que a língua de sinais poderia facilitar a assistência ao paciente surdo, pois melhoraria a comunicação
entre as pessoas, visto que os surdos preferem não procurar os serviços de saúde pelo fato de dependerem
do acompanhamento de outras pessoas nas consultas para uma comunicação efetiva, tirando assim sua
autonomia e privacidade. O depoimento de que deveria haver um atendimento mais humanizado foi bem
frequente na maioria das respostas. Alguns profissionais referiram que, além do atendimento ao paciente
com deficiência auditiva, a linguagem de sinais é importante para a comunicação dentro e fora do
ambiente de trabalho. Uma das entrevistadas relatou ter parentes com deficiência auditiva, inclusive seu
pai, e declara a importância da LIBRAS também para o seu relacionamento familiar. Alguns dos
entrevistados com mais tempo de trabalho na unidade básica, referiram que a prefeitura prometera um
curso de LIBRAS, que seria oferecido para todos os profissionais, porém o mesmo ainda não aconteceu.
Assim, percebe-se que os profissionais não estão suficientemente preparados para cuidar do paciente
surdo, pois a falta da LIBRAS no currículo não contempla as habilidades necessárias para atender essa
população. Uma efetiva comunicação com pacientes surdos é de suma importância no atendimento, isto
porque uma comunicação inadequada pode levar a erros no diagnóstico das doenças e no tratamento (5).
Conclusões: Portanto, percebeu-se que os profissionais consideram importante a LIBRAS na
comunicação entre profissionais da saúde e pacientes surdos, pois constantemente deparam-se com
barreiras comunicativas que comprometem o vínculo a ser estabelecido e a assistência prestada, uma vez
que são raros os profissionais da saúde que compreendem a Língua dos Sinais.
Referências
1. Pagliuca LMF, Fiuza NLG, Rebouças CBA. Aspectos da comunicação da enfermeira com o deficiente
auditivo. Rev. esc. enferm. USP. 2007, 41(3): 411-418.
2. Dizeu LCTB, Caporali SA. A língua de sinais constituindo o surdo como sujeito. Educ. Soc. 2005,
26(91): 583-597.
3. Chaveiro N, Barbosa MA. Assistência ao surdo na área de saúde como fator de inclusão social. Rev.
esc. enferm. USP, 2005, 39(4): 417-422.
4.
Barbosa MA, Celmo CP, Chaveiro N. Revisão de literatura sobre o atendimento ao paciente surdo
pelos profissionais da saúde. Rev. esc. enferm. USP, 2008 Set, 42(3): 578-83.
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5.
Chaveiro N, Porto CC, Barbosa MA. Relação do paciente surdo com o médico. Rev. Bras.
Otorrinolaringol. 2009,75(1): 147-150.
DESCRITORES: Surdez; Enfermagem; Saúde
ÁREA TEMÁTICA
1 - Processo de cuidar em Saúde e Enfermagem
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