BAKHTIN E A RESPONSABILIDADE ÉTICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO Derivado do termo grego ethos, que significa caráter, costume ou modo de ser de uma pessoa, a ética está relacionada ao sentimento de equilíbrio e de justiça social. A ética é um conjunto de valores e princípios morais que orientam a conduta social de diferentes culturas em determinado período de tempo. Falar em ética implica falar em liberdade. Liberdade de escolha. Daí advém as grandes questões éticas que balizam nossas escolhas: QUERER, PODER, DEVER e o modo como o ser humano age em função disso. Daí resultam, igualmente, os dilemas éticos que todos os dias enfrentamos. Liberdade também significa integridade: manter-se inteiro, completo, verdadeiro, sem máscaras. A ética é o exercício da maneira como encaramos o existir coletivamente e a nossa responsabilidade por isso. F. Rabelais pregou: “Conheço muitos que não puderam, quando deviam, porque não quiseram, quando podiam”. O grande filólogo e pensador da linguagem, M. Bakhtin e seu Círculo, na segunda década do século XX, pregava o “ato ético” como um ato participativo – nãoindiferente, solidário, responsável e responsível – do agir humano no mundo concreto (social e histórico). O Círculo postulou uma dimensão irrevogável da responsabilidade ética da existência humana e a valorização do ato de responder. O ser humano não tem escapatória: “não há álibi para a existência”, ou seja, o próprio sujeito é o responsável pelos seus atos particulares e deve responder por eles. Assumir uma posição no mundo é marca específica do agir humano. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: ALGUNS ELEMENTOS PARA DESVELAR A DESNATURALIZAÇÃO E DESIGUALDADE ENTRE GÊNEROS A palestra pretende abordar o tema a partir de alguns elementos que influenciam a cultura de naturalização e banalização da violência contra a mulher, como, por exemplo, músicas que instigam a violência contra a mulher e desigualdade de gênero. Também pretende demonstrar que a arte, para além da música, como ainda a exibição de filmes e poesias, pode auxiliar no desvelamento da desnaturalização e desigualdade de gêneros, na medida em que não só permitem denunciar a violência presente no cotidiano da mulher, mas também informar e sensibilizar à população para desconstruir preconceitos e rever posições em direção ao respeito aos direitos da mulher. Para tanto, num primeiro momento irei trazer parte de minha experiência profisisonal para demonstrar particularidades da violência contra a mulher em São Borja. Num segundo momento irei abordar algumas músicas que são pejorativas e degradantes à mulher e, também aquelas que denunciam a desigulade de gêneros. Num terceiro momento, pretendo exibir o documentário de Laís Chaffe intitulado Canto de Cicatriz que aborda, por meio de depoimentos de meninas e de poesia, a violência sexual contra meninas no Rio Grande do Sul. Por fim, irei tecer alguns considerações acerca do tema abordado evidenciando o papel da Universidade na construção de pesquisas que dêem visibilidade as todas a formas de violência contra a mulher e que se posicionem a favor da sensibilização à igualdade de gêneros.