título do resumo

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CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS DOS PACIENTES EM CUIDADOS
PALIATIVOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE
Vanessa Mara Martins (Bolsista Fundação Araucária/Inclusão Social)
Marcos Aparecido Sarria Cabrera, e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Clínica Médica/CCS
Área e sub-área do conhecimento: Medicina/Clínica Médica
Palavras-chave: Cuidado paliativo; escala Edmonton; escala Karnofsky
Resumo
Os Cuidados Paliativos (CP) constituem uma modalidade terapêutica
integrada e multidisciplinar aos portadores de doenças crônicas em fase
avançada, sem possibilidade terapêutica de cura. Essa possibilidade, descrita
como de baixa tecnologia e de alto contato, busca evitar que os últimos dias do
paciente se convertam em dias perdidos, oferecendo um tipo de cuidado
apropriado às suas necessidades. Igualmente, o acesso dos pacientes aos CP
diminui os custos nos serviços de saúde, se comparado ao tratamento curativo.
Eles são prestados à pacientes fora de possibilidades terapêuticas de cura,
tendo como foco o controle dos sintomas e melhora da qualidade de vida.
Pacientes em Cuidados Paliativos frequentemente apresentam mais de
um sintoma, tornando-se importante avaliar e controlar adequadamente a
evolução destes sintomas e as intervenções. A Escala de Avaliação de
Sintomas de Edmonton (ESAS) é um instrumento de avaliação composto por
nove sintomas físicos e psicológicos e a Escala de Desempenho de Karnofsky
(EDK) classifica os pacientes de acordo com o grau de suas inaptidões ou
deficiências funcionais.
Introdução e objetivo
As ações paliativas focam na prevenção de complicações e utilização de
recursos menos invasivos, incentivam a autonomia do paciente na escolha dos
tratamentos oferecidos e visam oferecer assistência adequada para o óbito
domiciliar, o que reduz os custos associados à internação hospitalar e
possibilita que o indivíduo viva o processo de morte num ambiente familiar,
quanto este é possível. Além disso, busca oferecer uma atenção integrada para
alívio do sofrimento físico, psíquico e espiritual para o paciente e seus
familiares.
Diversos desafios se impõem ao sistema de saúde brasileiro para a
disseminação e aplicação dos Cuidados Paliativos. Além da organização
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política, é necessária a mudança de paradigmas na atenção à saúde, tanto por
parte dos profissionais quanto da população. Para isto é preciso uma visão
integral das necessidades humanas, ampliar o treinamento dos profissionais e
preparar os serviços de saúde para atender a demanda destes casos.
Portanto, o objetivo desse trabalho foi caracterizar as características
funcionais dos indivíduos com indicação para Cuidados Paliativos na atenção
primária.
Procedimentos metodológicos
O estudo teve caráter transversal e descritivo. Previamente ao início da
pesquisa foram obtidas as autorizações das instâncias éticas e administrativas
envolvidas na investigação, por meio da aprovação do projeto de pesquisa por
um Comitê de Ética em Pesquisa devidamente estabelecido e da autorização
da Autarquia Municipal de Saúde de Londrina para o acesso a rede de atenção
primária do município. Em seguida, foi selecionada, conforme a disponibilidade
do sistema público, uma Unidade Básica de Saúde (UBS) que possua o
funcionamento pleno da Estratégia Saúde da Família (ESF).
Após a identificação da equipe de ESF a ser direcionada para a
pesquisa, os coordenadores, agentes comunitários de saúde e os profissionais
de saúde envolvidos foram orientados sobre os objetivos e as atividades
propostas por esta pesquisa. Os mesmos foram solicitados a indicarem, com
base na sua área de abrangência populacional, os indivíduos acompanhados
pela equipe que apresentavam as condições de saúde necessárias para a
pesquisa.
Os indivíduos indicados pela equipe da UBS foram triados por meio da
escala PalliativeCareScreening Tool a partir da avaliação de prontuário, por
ligação telefônica ou entrevista direta, para identificar àqueles com doenças em
fase avançada ou sem possibilidade de cura e, portanto, com indicação de CP.
Após o processo de triagem, os indivíduos incluídos foram contatados
para o agendamento da entrevista. Estas foram iniciadas com a apresentação
dos objetivos e métodos de pesquisa, a apresentação do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e, posteriormente à sua aprovação e
rubrica, foram preenchidos as ferramentas de coleta de dados. Pacientes nãocomunicativos, confusos ou incapazes de assinar foram representados por
seus cuidadores ou representantes legais, e pode ser incluídos no protocolo de
avaliação, pois as ferramentas utilizadas permitiam a participação dos
indivíduos incapazes de se comunicar por meio das informações coletadas de
cuidadores, familiares e profissionais de saúde. Foram excluídos da pesquisa
indivíduos menores que 18 anos, indivíduos incapazes de responder a
pesquisa e que não tenham representantes legais ou cuidadores, e àqueles
com quadro clínico divergente do estudo.
Os resultados foram apresentados por meio de gráficos e tabelas, e
analisados estatisticamente por meio de medidas de tendência central e de
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dispersão. Foram realizados testes de associações entre as variáveis, por meio
de estatística apropriada, para identificar fatores atrelados a alterações na
funcionalidade e na qualidade de vida dos pacientes com indicação de CP.
Para a correlação dos dados foram utilizados a ESAS que é um
instrumento para avaliar e monitorar nove sintomas físicos e psicológicos em
pacientes de CP, dentre eles: dor, fadiga, náusea, depressão, ansiedade,
sonolência, apetite, sensação de bem-estar e falta de ar. Deve avaliar a
intensidade para cada sintoma em uma escala de 0 a 10, sendo o zero,
ausência do sintoma e, dez, pior sensação possível. Tal escala foi usada para
caracterizar pacientes da atenção primária de saúde no município de Londrina
– PR dessa pesquisa.
Também, foi usado a EDK. A mesma é uma escala que categoriza o
status funcional dos indivíduos avaliados, numa escala de 10 a 100, sendo 100
um indivíduo sem limitações e 10 para casos com alta limitação funcional e alto
risco de morte. Pode ser preenchido sem a necessidade de haver comunicação
com o paciente.
Resultados e discussão
Observou-se, a partir dos 73 pacientes avaliados, que a maior
frequência de pacientes em CP na atenção primária são àqueles com idade em
torno de 85 anos e que 58,9% desses pacientes são do sexo feminino. Logo,
41,1% são do sexo masculino.
Averiguou-se, também, que a Doença de Alzheimer e o Acidente
Vascular Cerebral (AVC) são as doenças que possuem maior frequência na
população estudada, correspondendo, respectivamente, a 27,4% e 26%.
Além disso, 6 pacientes obtiveram pontuação 30 na EDK (“severamente
incapacitado; indicado hospitalização, embora a morte não seja iminente”);
35 obtiveram 40 (“incapacitado; requer cuidados especiais e assistência; autocuidado limitado. Permanece mais de 50% do tempo em vigilância, sentado ou
deitado”); 11 obtiveram 50 (“requer considerável assistência e frequentes
cuidados médicos”); 14 obtiveram 60 (“requer assistência ocasional, mas
consegue realizar a maioria de seus cuidados pessoais”); 3 obtiveram 70 (“não
requer assistência para cuidados pessoais, mas é incapaz de realizar
atividades normais, como tarefas caseiras e trabalhos ativos”); 4 obtiveram 80
(“atividade normal com esforço; alguns sinais ou sintomas de doença.
Incapacidade para grande esforço físico. Consegue deambular”).
Com isso, estabeleceu-se correlação da escala de Karnofsky com todos
os sintomas da escala de Edmonton e com a capacidade limitada de realizar
auto-cuidados (PST_3), confinado ao leito mais de 50% do tempo que está
acordado.
Foi encontrada correlação positiva da Karnofsky com os sintomas de
dor, cansaço, falta de ar e com a capacidade limitada de realizar autocuidados.
3
A correlação da escala de Karnofsky com a dor foi positiva com r=0.36
(p=0.002); cansaço r= 0,50, falta de ar r=0,40 e PST_3, r=0,79. Nos outros
dados da escala de Edmonton não foi estabelecido correlação.
Ademais, 26 pacientes, dos 73, possuem auto-cuidado limitado,
permanecendo mais de 50% do tempo no leito; 24 permanecem com autocuidados limitados, no entanto, ficam a maior parte do tempo fora do leito; 20
pacientes ficam totalmente confinado ao leito – totalmente dependente – e 3
possuem nenhuma ou limitação leve.
No mais, não foram encontrados dados correlacionados que
possa embasar a discussão e correlacionar a escala entre si.
Conclusão
Portanto, conclui-se que quanto maior o comprometimento funcional,
maior a intensidade da dor, cansaço, falta de ar e com a capacidade limitada
de realizar auto-cuidados.
A partir disso, faz a necessidade de haver uma atenção a esses
pacientes com base em estratégias que atenuem os sintomas e intervenções
que melhorem a capacidade funcional dos pacientes em cuidados paliativos.
Agradecimentos
À Deus; aos meus pais; aos meus irmãos; ao meu namorado; ao meu
orientador; aos profissionais das UBSs e, por fim, aos pacientes.
Referências
Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo C. Cuidado Paliativo.
Oliveira RAd, editor. São Paulo: CREMESP; 2008.
Correia FR. Tradução, adaptação cultural e validação inicial no Brasil da
Palliative Outcome Scale (POS). Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo;
2012.
Monteiro DR. Tradução e adaptação transcultural do instrumento
Edmonton Symptom Assessment System para uso em cuidados
paliativos. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2012.
Pimenta CAM, Ferreira KASL. Dor no doente com câncer. In: Pimenta CAM,
Mota DDCF, Cruz DALM. Dor e cuidados paliativos: enfermagem, medicina
e psicologia. Barueri (SP): Manole; 2006. p. 124-66.
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