ESTA PALESTRA NÃO PODERÁ SER REPRODUZIDA SEM A REFERÊNCIA DO AUTOR. Lucia Conde de Oliveira Um fenômeno social e histórico; Enfrenta os problemas de saúde da população; Não se reduz a reforma do sistema de serviços de saúde; Sua concepção e formulação transcendem às políticas estatais; A Reforma Sanitária Brasileira é um projeto de reforma social. A RSB acompanhou as lutas pela democratização. Ampla mobilização social (sindicalistas, movimentos populares, partidos políticos, professores/pesquisadores, profissionais de saúde, etc). Novos sujeitos coletivos na luta pela RSB: Centro Brasileiro de Estudos da Saúde (CEBES/1976) e Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO/1979). RSB era uma ideia; RSB tornou-se um movimento – que mobilizou corações e mentes; RSB tornou-se proposta – documento do Cebes “A questão democrática na saúde”, 1979 RSB virou um projeto na 8ª CNS, aprovado na Constituição de 1988, com muita disputa e defesa de interesses particulares; Tornou-se processo com avanços e desafios; E a RSB precisa continuar sendo um movimento, pois ainda está em construção e disputa (Paim, 2008). Construção de um campo de saber; Diagnóstico e crítica das políticas; Saúde e os determinantes sociais; Saúde é democracia. Os princípios da RSB e os princípios do SUS são antagônicos à lógica capitalista; Elementos constituintes da RSB: ampliação da consciência sanitária, construção de um paradigma analítico oriundo da saúde coletiva,desenvolvimento de uma nova ética profissional; A RSB é uma reforma social inconclusa; Processo de revolução passiva A reforma do setor saúde com a construção do Sistema Único de Saúde (SUS) é apenas uma parte da RSB; A sociedade civil e em especial o movimento popular tem sido o elo mais frágil do movimento; Protagonismos dos gestores: CONASS e CONASEMS; Transformismo das lideranças e intelectuais; Enfrentamento do Modelo Hegemônico/Biomédico. Construção de modelos de Atenção à Saúde. Ampliação da concepção dos processos saúde-doença-cuidado. Centralidade da Atenção Primária. Papel estratégico da participação da comunidade. A efetivação da RSB encontra barreiras nas estruturas socioeconômicas, jurídicas, políticas e nas forças da sociedade civil representantes das classes dominantes. Contexto nacional e internacional marcado pela crise do capitalismo e do Estado de bem-estar social; Implantação tensionada pelo projeto neoliberal; são dois projetos em disputa. Os princípios do SUS são orientados por valores que entram em contradição com o capitalismo, produtor de desigualdade social; As desigualdades sociais, o financiamento insuficiente, a focalização das políticas públicas, a insuficiente oferta de serviços e sua concentração nos grandes centros urbanos são alguns dos obstáculos à universalização das ações e serviços de saúde para toda a população A integralidade encontra barreiras nos padrões culturais e organizacionais tradicionais que alimentam dicotomias entre o curativo e o preventivo, entre o individual e o coletivo (COHN, et al, 1991). A experiência de implantação do SUS incorpora novos sentidos à integralidade como o cuidado ao usuário como um ser humano integral e a formação de vínculos entre usuários, os serviços e os profissionais de saúde (MATTOS, 2001); O discurso da equidade é utilizado para justificar a focalização das políticas públicas; A cultura política impõe limites à participação popular e ao controle social. Os grandes debates sobre a RSB chamavam a atenção para a necessidade da mudança do modelo de atenção; Modelo assistencial dimensão macro, organização do sistema; dimensão micro organização dos processos de trabalho; Com o SUS, avançou-se na dimensão macro: com as edições das normas operacionais, mas pouco se avançou nas mudanças do processo de trabalho. Essas mudanças devem levar em consideração a situação de saúde da população Transição demográfica: redução da taxa de natalidade, aumento da esperança de vida, envelhecimento da população; Transição epidemiológica: redução das doenças infecciosas e parasitárias, aumento da prevalência das doenças crônicas e da morbimortalidade por causas externas,; Desigualdades sociais e as determinações sociais do processo saúde doença. Necessidade de superação de um modelo de atenção centrado no médico e no hospital, direcionado para atender às condições agudas de saúde da população ou à agudização das condições crônicas; Organização de um sistema integrado em rede cujo centro de comunicação é a Atenção Primária à Saúde, voltada para atender às condições crônicas e impactar na situação de saúde da população por meio de ações de promoção e de prevenção. Modelo organizacional: Rede regionalizada e hierarquizada por níveis de atenção; Atenção primária à saúde resolutiva deve ser capaz de solucionar 85% dos problemas de saúde da população; APS tem o papel estratégico de coordenação da atenção (STARFIELD, 2002) articulando com os outros níveis. Estratégia Saúde da Família como proposta de APS APS é responsabilidade dos municípios. Os níveis secundário e terciário devem se organizar nas regiões e macrorregiões de saúde; Território Brasil Nº de ACS Cobertura Nº de estimada % equipes 254.689 64,70 33.726 Cobertura estimada % 55,56 São Paulo 6.991 35,52 1.173 35,76 Rio de Janeiro 4.726 42,90 749 40,66 Salvador 1.373 29,05 147 18,83 Brasília 1.039 22,89 197 26,04 Fortaleza 2.483 57,65 257 35,80 Belo Horizonte 2.342 56,45 541 78,24 Fonte: MS DAB- Abril 2013 Desafio: tornar o Programa Saúde da Família uma estratégia de Estado, um sistema universal para que possa responder às necessidades da população. Onde existe um sistema universal consolidado, os médicos de família atendem a todos sem distinção de classe. Normas operacionais, pacto pela saúde; Decreto nº. 7.508, 28/06/2011 estabelece o acordo de colaboração entre os entes federativos para a organização da rede interfederativa de atenção à saúde firmado por meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde (COAP). Mapear e organizar as redes assistenciais. O decreto tem a pretensão de limitar as ações judiciais. Regiões e macrorregiões de saúde; Comissão intergestora bipartite regional; Implantação dos sistemas logísticos: complexos reguladores; Sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico: redes de laboratórios, hemocentros, assistência farmacêutica; Sistema de vigilância à saúde: v. sanitária, v. ambiental, v. epidemiológica, v. à saúde do trabalhador. Sistemas de informação em saúde. Um sistema segmentado com um mix público privado; Baixa cobertura de APS e retorno ao modelo biomédico com as UPA’s; Insuficiente oferta de serviços secundários e terciários – longas filas virtuais de espera para consultas especializadas, exames e internações hospitalares; Financiamento público insuficiente; elevado gasto das famílias Deficiência na formação profissional para as necessidades do SUS; formação centrada no modelo biomédico voltada para o mercado; O problema do SUS é político (Paim). Programa nacional de Imunizações. Programa de Controle DST/AIDS; HIV positivos, renais crônicos e câncer. Política Nacional de Medicamentos (desde 1998), medicamentos essenciais, produção de genéricos, farmácia popular, garantia de terapias de alto custo. Rede de Saúde Mental: CAPS, residências terapêuticas, etc. Atendimento pré-hospitalar, SAMU. Maior sistema de transplante. Ações de Comunicação e Educação e Saúde (educação permanente, residências, especializações, mestrados, doutorados). Controle da saúde suplementar - ANS. A crise do capital; Crise do Estado de bem estar social A ascensão do neoliberalismo; Estado mínimo para os trabalhadores e máximo para o capital; A contrarreforma do Estado; Descentralização, privatização, terceirização Tensões entre as conquistas e as orientações das agências multilaterais – Banco Mundial, FMI: Um pacote básico para os mais pobres e serviços secundários e terciários apenas no mercado; Organização do subsistema privado: Lei 9.656/1998/2001; ANS, Lei 9.961/2000 Regulação com funcionamento competitivo entre o subsistema público e o privado; Descentralização sem a transferência de recursos necessários; Redução percentual dos gastos da União, não é compensada pelo aumento dos recursos de estados e municípios; Novas propostas do BM em 2007: Aprimoramento da governança: qualidade da gestão e racionalização dos gastos públicos; Modelos de gestão: contrato de gestão; Leis de criação de instituições públicas não estatais: OS (1998), OSCIP (1999), Fundações estatais de direito privado (PL 92/2007); Rompimento com o caráter universal do sistema – universalização apenas da APS; Flexibilização da gestão – privatização, terceirização, repasse de recursos públicos para o setor privado, OS, OSCIP, FEDP, cooperativas de profissionais, duplo acesso, copagamento;introdução da lógica de mercado no interior dos serviços públicos, priorizando o custo/benefício em detrimento da qualidade (Correia, 2007). Tendência de delegar cada vez mais atribuições estatais à iniciativa privada Estímulo a ampliação do setor privado: proposta de desoneração fiscal e/ou subsídios para planos e seguros de saúde; Financiar a construção de hospitais privados; • Refluxo dos movimentos sociais na área da saúde (à luz da RSB). •Acesso universal à rede de serviços e continuidade da atenção. •Resolutividade da Rede de Atenção à Saúde. •Desigualdades sociais; transição demográfica e epidemiológicas. •Dependência do SUS do setor privado no que tange aos serviços especializados. •Crescimento desordenado dos planos de saúde. • Financiamento insuficiente: falta vontade •Qualificação dos trabalhadores da saúde. •Enfrentamento do modelo biomédico hegemônico. •Ampliação na concepção dos processos saúde-doença. •Humanização, cuidado e acolhimento. •Reconhecimento da produção subjetiva e intersubjetiva nos cuidados em saúde. •Interdisciplinaridade. •Produção de conhecimentos a partir das práticas e serviços. •Problematização dos Modelos de Atenção á Saúde. •Cuidado com as pessoas (individual e coletivo). •Humanização da atenção à saúde. •Produção social da saúde. •Repolitização da luta pelo Direito à Saúde. •Mobilização Social. •Frente cearense em defesa do SUS contra a privatização da saúde Frente Nacional contra a privatização da saúde: 18 fóruns estaduais, DF e 14 municipais; Luta contra a EBSERH Abaixo-assinado – ADIN contra as OS O dia mundial da saúde 7/4 – vários atos: Fortaleza, Natal Mossoró, Florianópolis, Rio de Janeiro, Maceió Nada é impossível de Mudar "Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.“ Bertold Brecht Obrigada! [email protected]