título do resumo

Propaganda
AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE CANDIDÍASE MAMILAR EM NUTRIZES
Jessica Antonia Pinesso Montovani¹(CNPq/Fundação Araucária), Maura
Sassahara Higasi², Ricardo Sérgio Couto de Almeida¹, e-mail: [email protected].
Universidade Estadual de Londrina/¹Laboratório de Micologia Médica e
Microbiologia Bucal, Departamento de Microbiologia, ²Departamento de
Medicina Oral e Odontologia Infantil.
Área e sub-área do conhecimento: Microbiologia Médica.
Palavras-chave: Candida albicans, Candida spp., candidíase mamilar,
desmame prematuro.
Resumo
O leite humano é o alimento ideal para recém-nascidos, conferindo-lhes os
elementos necessários para seu crescimento e desenvolvimento adequados.
No entanto, trauma mamilar, traduzido por dor, eritema, edema, fissuras,
bolhas, “marcas” brancas, amarelas ou escuras, hematomas ou equimoses, é
uma das principais causas de desmame prematuro e, por isso, a sua
prevenção e tratamento são muito importantes para a manutenção dos
programas públicos de aleitamento materno. A candidíase mamilar é uma
infecção da mama no puerpério causada por fungos do gênero Candida, sendo
Candida albicans a espécie mais frequente. A infecção pode atingir só a pele
do mamilo e da aréola ou comprometer os ductos lactíferos. A compreensão
completa do processo envolvido na colonização de Candida spp. e posterior
infecção em crianças amamentadas e mulheres lactantes ainda requer muita
investigação. Deste modo, os objetivos deste projeto foram: (i) recrutamento e
levantamento epidemiológico de mulheres com dor mamilar do Município de
Londrina; e (ii) coleta de microrganismos, das duas mamas, boca da mãe e
boca da criança para avaliação da presença de Candida spp. e
estabelecimento do diagnóstico de candidíase mamilar. Das 330 participantes,
187 mães relaram dor (56,7%), e dentre essas, 12 (6,4%) eram candidíase
mamilar. Verificou-se também que a candidíase mamilar foi relatada como uma
das causas de dor mamilar e consequente desmame precoce. Relatos na
literatura apontam a C. albicans como o agente mais prevalente, entretanto,
esse não foi o resultado encontrado no nosso trabalho.
1
Introdução e objetivo
O leite humano é o alimento ideal para recém-nascidos, conferindo-lhes
os elementos necessários para seu crescimento e desenvolvimento
adequados. Em função de todos os benefícios que o leite materno traz, a
amamentação é a melhor forma de alimentar o lactente e o aleitamento
materno exclusivo (AME) deve ser estimulado até os 6 meses de vida da
criança (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). No entanto, trauma mamilar,
traduzido por dor, eritema, edema, fissuras, bolhas, “marcas” brancas,
amarelas ou escuras, hematomas ou equimoses, é uma das principais causas
de desmame prematuro e, por isso, a sua prevenção e tratamento são muito
importantes para a manutenção dos programas públicos de aleitamento
materno (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). A candidíase mamilar é uma
infecção da mama no puerpério causada por fungos do gênero Candida, sendo
Candida albicans a espécie mais frequente. A infecção pode atingir só a pele
do mamilo e da aréola ou comprometer os ductos lactíferos. São fatores
predisponentes a umidade e a lesão prévia dos mamilos, bem como o uso de
antibióticos, contraceptivos orais e esteroides (MORRILL et al., 2005). Além
disso, existe uma maior presença deste fungo na mama de mães nutrizes em
comparação com mães que não amamentam (ZÖLLNER & JORGE, 2003). A
compreensão completa do processo envolvido na colonização de Candida spp.
e posterior infecção em crianças amamentadas e mulheres lactantes ainda
requer muita investigação.
Deste modo, os objetivos deste projeto foram: (i) recrutamento e
levantamento epidemiológico de mulheres com dor mamilar do Município de
Londrina; e (ii) coleta de microrganismos, das duas mamas, boca da mãe e
boca da criança para avaliação da presença de Candida spp. e
estabelecimento do diagnóstico de candidíase mamilar.
Procedimentos metodológicos
Recrutamento das pacientes
Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UEL,
CAAE 06176712.9.0000.5231.
O recrutamento foi feito na Maternidade Municipal de Londrina “Lucilla
Ballalai”. As mulheres foram convidadas a participar do projeto e após
esclarecimentos do TCLE, confirmaram sua participação com a assinatura do
mesmo em duas vias. Além disso, elas passaram por um exame clínico e
aplicação de um questionário sobre suas condições de saúde.
O protocolo de identificação de Candidíase mamilar seguiu três
principais fatores, sintomatologia Clínica (trauma mamilar traduzido por dor,
2
eritema, edema, fissura, bolhas, “manchas” brancas, amarelas ou escuras,
hematomas ou equimoses), presença do fungo e remissão após o tratamento
com Nistatina. Caso a paciente apresentasse essa junção de fatores foi
considerada com Candidíase mamilar.
Isolamento e Identificação dos Microrganismos
Foi realizada a coleta de microrganismos, utilizando swab, das duas mamas,
boca da mãe e boca da criança. Depois da coleta, o material foi espalhado em
placas contendo CHROMagar (meio seletivo) para isolamento de Candida spp..
A identificação das espécies de Candida isoladas foi feita pela avaliação da cor
das colônias, seguindo instruções do fabricante.
Resultados e discussão
Das 330 participantes, 187 mães relaram dor (56,7%), e dentre essas, 12
(6,4%) eram candidíase mamilar (Tabela 2).
Em relação a hipótese de que a colonização prévia seria uma
predisposição para ocorrer candidíase mamilar, de acordo com a tabela 2, essa
hipótese não foi confirmada pois das 12 mães que apresentaram candidíase
mamilar (sintomatologia clínica, presença de fungo e remissão após tratamento
com Nistatina), apenas duas (mães 3 e 12 na Tabela 2) possuíam colonização
prévia do fungo em um dos mamilos. Ainda, embora as pacientes 1, 2, 6, 7, 9,
e 10 não tenham apresentado colonização alguma, elas tiveram candidíase
mamilar.
Em relação as espécies, em 5 pacientes (3, 5, 6, 10 e 12), a doença foi
causada exclusivamente por Candida sp.. Enquanto nas pacientes 1 e 2
Candida glabrata e Candida sp. foram isoladas separadamente da ME e MD
respectivamente, na paciente 7 e 8 a doença foi causada exclusivamente por
Candida krusei, assim como a paciente 9 foi exclusiva para Candida albicans.
No entanto, a paciente 11 teve uma associação entre quatro espécies tanto na
MD quanto na ME.
Tabela 2 – Presença de colonização prévia de acordo com o local estudado.
Pacientes
MD
ME
BM
BB
MD
ME
1
SM
SM
SM
SM
Candida sp.
Candida glabrata
2
SM
SM
SM
SM
Candida sp.
Candida glabrata
3
SM
Candida
sp.
Candida albicans
SM
SM
Candida sp.
4
SM
SM
Candida albicans
SM
SM
Candida glabrata
5
SM
SM
Candida albicans
SM
Candida sp.
Candida sp.
3
6
SM
SM
SM
SM
Candida sp.
SM
7
SM
SM
SM
SM
Candida krusei
Candida krusei
8
SM
SM
Candida albicans
SM
SM
Candida krusei
9
SM
SM
SM
SM
Candida albicans
Candida albicans
10
SM
SM
SM
SM
SM
Candida sp.
Candida tropicalis
Candida sp.
Candida krusei
Candida albicans
11
SM
SM
Candida albicans
SM
Candida tropicalis
Candida sp.
Candida krusei
Candida albicans
12
Candida
tropicalis
SM
Candida albicans
Candida sp.
SM
Candida sp.
Candida sp.
Legenda: MD = mama direita; ME = mama esquerda; BM = boca da mãe; BB = boca do bebê; SM= sem
microorganismo. Os números de 1 a 12 representam as pacientes com diagnóstico de candidíase mamilar
confirmado.
Conclusão
Verificou-se também que a candidíase mamilar foi relatada como uma das
causas de dor mamilar e consequente desmame precoce, tendo em vista que,
a colonização previa pelo fungo não predispõe a doença. Relatos na literatura
apontam a C. albicans como o agente mais prevalente, entretanto, esse não foi
o resultado encontrado no nosso trabalho.
Agradecimentos
Agradecemos à Fundação
financiamento deste projeto.
Araucária
(Chamada
PPSUS
2013)
pelo
Referências
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde da criança. Nutrição infantil: aleitamento materno e
alimentação complementar. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 112 p. : il. –
(Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 23), 2009.
MORRILL, J.F.; HEINIG, M.J.; PAPPAGIANIS, D.; DEWEY, K.G. Risk factors for mammary
candidosis among lactating women. JOGNN, 34: 37-45, 2005.
ZÖLLNER, M.S.A.C.; JORGE, A.O.C. Candida spp. occurrence in oral cavities of breast
feeding infants and in their mothers’ mouths and breasts. Pesqui Odontol Bras, 17: 151-5,
2003.
4
Download