título do resumo

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EFEITO DO MODELO DE PERIODIZAÇÃO LINEAR SOBRE A FORÇA
MUSCULAR E COMPOSIÇÃO CORPORAL EM MULHERES IDOSAS
Ygor Henrique Quadros (bolsista CNPq), Alexandre Jehan Marcori,
Edilson Serpeloni Cyrino (orientador), e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Educação Física
Ciências da Saúde/Educação Física.
Palavras-chave: Periodização, exercícios com pesos, envelhecimento.
Resumo
Este estudo teve o objetivo de analisar a influência do modelo de periodização
linear no treinamento com pesos (TP) sobre a força e composição corporal de
mulheres idosas. Assim, 34 mulheres idosas e fisicamente independentes após
serem separadas aleatoriamente em dois grupos (não periodizado e
periodização linear) foram submetidas a um único programa de TP por 12
semanas, com uma frequência de três sessões de treinamento por semana. O
programa foi composto por oito exercícios para o corpo inteiro, com uma ordem
de execução alternada por segmento. O grupo periodização linear foi
submetido ao TP em três mesociclos de quatro semanas, todos com 3 séries
nas seguintes faixas de repetições: 12-15 RM (semanas 1-4), 8-10 RM
(semanas 5-8) e 3-5 RM (semanas 9-12), ao passo que o grupo não
periodizado executou 8-12 RM por todo o período. A composição corporal foi
analisada por meio da absortometria radiológica de dupla energia (DEXA) e a
força muscular por testes de 1-RM. Ambos os grupos reduziram
significantemente a gordura corporal com efeito principal do tempo (P < 0,001).
Por outro lado, um aumento na massa isenta de gordura e na força muscular
foi verificado ao longo do tempo em ambos os grupos (P < 0,001), com
interação grupo vs. tempo somente para a força muscular, indicando ganhos
significantemente maiores no grupo não-periodizado (P < 0,001). Os resultados
indicam que o modelo de TP não periodizado é tão efetivo quanto o modelo de
periodização linear para a melhoria da força muscular e da composição
corporal em mulheres idosas.
Introdução
Considerando os princípios pelos quais o organismo humano se adapta ao
treinamento, variações sistemáticas na organização de programas de
treinamento com pesos (TP) têm sido propostas com o objetivo de evitar o
estabelecimento de platôs de adaptações sobre a força muscular e os
1
componentes da composição corporal (1,2). A periodização nada mais é do
que uma variação planejada das variáveis que constituem um programa de
treinamento, a partir da manipulação do volume e da intensidade. Acredita-se
que isso possa favorecer as respostas adaptativas, sobretudo, oriundas do TP,
tais como o ganho de força e hipertrofia muscular (1,2).
Pesquisadores têm demonstrado a efetividade do TP periodizado sobre
o não periodizado (3). Entretanto, a maioria das informações disponíveis até o
momento foi produzida em adultos jovens (3), dificultando a extrapolação dos
resultados para a população idosa, uma vez que idosos tendem a apresentar
respostas adaptativas diferenciadas quando comparados a sujeitos mais jovens
(1,2). Logo, torna-se difícil averiguar quais os reais benefícios que essa
intervenção poderia proporcionar sobre idosos. Assim, o objetivo deste estudo
foi analisar a influência do modelo de periodização linear sobre a força
muscular e composição corporal de mulheres idosas. A nossa hipótese é que
ambos os programas de TP serão efetivos para a melhoria da força muscular e
composição corporal, com uma maior magnitude de resposta no grupo
periodização linear.
Procedimentos metodológicos
Trinta e quatro mulheres idosas (idade = 68,1 ± 4,6 anos; massa corporal =
62,1 ± 10,5 kg; estatura = 154,3 ± 5,7 cm; IMC = 26,9 ± 4,5 kg/m²), fisicamente
independentes, participaram deste estudo. Os seguintes critérios de inclusão
foram estabelecidos para a seleção da amostra: ser aparentemente saudável,
não estar envolvida com a prática de atividade física regular sistematizada mais
do que uma vez por semana, ao longo dos últimos seis meses anteriores ao
início do estudo e ter sido liberada sem restrições para a prática de exercícios
físicospor um médico cardiologista. Todas as participantes após serem
esclarecidas sobre os procedimentos aos quais seriam submetidas assinaram
um termo de consentimento livre e esclarecido. Este estudo faz parte de um
projeto de pesquisa mais amplo que foi aprovado pelo Comitê de Ética Local
(Parecer 048/2012).
Os oito exercícios que compuseram o programde TP foram: supino em
banco vertical, leg press 90º, remada sentada, cadeira extensora, rosca scott,
mesa flexora, tríceps no pulley e panturrilha sentada. As participantes foram
submetidas a 12 semanas de TP após serem separadas aleatoriamente em
dois grupos denominados não periodizado (NP = 17) e periodização linear (PL
= 17). O PL foi submetido a três mesociclos de quatro semanas, realizando em
cada exercício três séries nas seguintes faixas de repetições máximas (RM):
12-15 RM (semanas 1-4), 8-10 RM (semanas 5-8) e 4-6 RM (semanas 9-12),
ao passo que o GNP executou as mesmas três séries em cada exercício,
entretanto, com 8-12 RM por todo o período experimental.
2
A massa corporal foi mensurada em uma balança digital (Urano, PS
180A), e a estatura foi mensurada em estadiômetro acoplado a balança. Para a
determinação da composição corporal foi utilizada absortometria radiológica de
dupla energia (DEXA), em equipamento da marca Lunar (modelo G.E.
PRODIGY – LNR 41.990). Para a avaliação da força muscular foi utilizado o
teste de uma repetição máxima (1RM) em três exercícios: supino em banco
vertical, cadeira extensora e rosca scott. A somatória das cargas levantadas
nos três exercícios foi utilizada como indicador de força muscular
Análise de variância (ANOVA) two-way (2 x 2) para medidas repetidas
foi utilizada para comparações múltiplas, seguida pelo teste post hoc de
Bonferroni quando P > 0,05. Os dados foram analisados no programa
estatístico Statistica versão 7.0.
Resultados e discussão
Os principais resultados encontrados são apresentados na tabela 1. Os
principais achados deste estudo foram que ambos os modelos de TP (nãoperiodizado e periodização linear) foram efetivos para os ganhos de massa
isenta de gordura e força muscular e redução de gordura corporal em mulheres
idosas. A nossa hipótese de superioridade do modelo de periodização linear
sobre o modelo não periodizado não foi confirmada. A única variável que
apresentou uma magnitude de ganhos superiores a um dos grupos neste
estudo foi a força muscular que, apesar de aumentar em ambos os grupos
após 12 semanas de TP, teve o seu aumento de forma mais elevada no grupo
não periodizado (14,2% vs. 21,4%).
Embora outros estudos já tenham mostrado a efetividade de modelos
de periodização linear e ondulado em mulheres idosas, este é o primeiro
estudo que analisou o modelo de periodização linear contra um modelo não
periodizado nesta população (1,2). As modificações encontradas na
composição corporal foram superiores àquelas relatadas por Prestes et al. (2),
o que aparentemente pode ser justificado pelas diferenças entre o volume e a
intensidade utilizados em ambos os estudos.
Este estudo apresenta algumas limitações. A ausência de informações
sobre o comportamento nutricional das participantes ao longo do estudo pode
ter afetado as respostas nos componentes da composição corporal. A ausência
de um grupo controle puro não permite avaliar quanto dos ganhos observados
podem ser verdadeiramente atribuídos ao TP. Por fim, as medidas de força
muscular foram produzidas por testes de força máxima, enquanto as
participantes treinaram em programas de TP nos quais a força muscular
exigida foi submáxima.
3
Tabela 1 – Composição corporal e força muscular antes e após 12 semanas de
treinamento com pesos em mulheres idosas. Os resultados são apresentados
em valores de média e desvio-padrão
P
Variáveis
PL (n = 17)
NP (n = 17)
Efeito
Massa corporal (kg)
Grupo
0,34
Pré
63,7 ± 9,2
59,8 ± 12,2
Tempo
0,04
Pós
64,0 ± 9,2
60,3 ± 11,8
Interação
0,56
Gordura corporal (kg)
Pré
Pós
MIG (kg)
Pré
Pós
26,3 ± 7,4
25,8 ± 7,4*
37,4 ± 2,9
38,1 ± 2,6*
24,3 ± 7,6
23,4 ± 8,0*
Grupo
Tempo
Interação
0,44
<0,001
0,33
35,7 ± 5,2
36,8 ± 4,7*
Grupo
Tempo
Interação
0,29
<0,001
0,22
Força muscular (kg)
Grupo
0,14
Pré
93,6 ± 12,7
98,7 ± 19,1
Tempo
<0,001
Pós
106,9 ± 15,2* 119,8 ± 18,4* Interação <0,001
Nota. *P < 0,05 vs. Pré. MIG = massa isenta de gordura. PL = grupo
periodização linear e NP = grupo não periodizado
Conclusão
Os resultados indicam que o modelo de TP não periodizado é tão efetivo
quanto o modelo de periodização linear para a melhoria da força muscular e da
composição corporal em mulheres idosas.
Agradecimentos
As participantes pela dedicação e colaboração em todas as etapas do estudo e
o CNPq pelo apoio financeiro e pela bolsa PIBIC.
Referências
1. Prestes J, Shiguemoto G, Botero JP, Frollini A, Dias R, Leite R, et al. Effects
of resistance training on resistin, leptin, cytokines, and muscle force in elderly
post-menopausal women. J Sports Sci. 2009;27(4):1607-15.
2. Prestes J, Nascimento DC, Tibana RA, Teixeira TG, Vieira DCL, Tajra V, et
al. Understanding the individual responsiveness to resistance training
periodization. Age. 2015;37:55.
3. Monteiro AG, Aoki MS, Evangelista AL, Alveno DA, Monteiro GA, Picarro Ida
C, et al. Nonlinear periodization maximizes strength gains in split resistance
training routines. J Strength Cond Res. 2009;23(4):1321-6.
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