DEPENDÊNCIA DA INTERNET (DI): UM NOVO TRANSTORNO PSIQUIÁTRICO NO CENÁRIO DA ADOLESCÊNCIA CONTEMPORÂNEA. MÁRCIA ELISA JÄGER ([email protected]) / Psicóloga (UNIFRA-2009) Aluna da Especialização em Gestão de Pessoas e Marketing / UNIFRA, Santa Maria - RS ORIENTADOR: VINÍCIUS GUIMARÃES DORNELLES ([email protected]) / Psicólogo (PUCRS2005); Mestre em Cognição Humana (PUCRS-2009); docente (UNISINOS), Vale do Taquarí - RS Palavras-Chave: DEPENDÊNCIA DA INTERNET; ADOLESCÊNCIA; TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL INTRODUÇÃO O Programa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizado em 2009, revela que 67,9 milhões de pessoas com 10 ou mais anos de idade declararam ter usado a Internet. Além disso, evidenciou que 71,1% das pessoas de 15 a 17 anos acessavam a rede em 2009, caracterizando assim o maior uso no público adolescente (IBGE, 2010). A partir disto, reflete-se acerca da Dependência da Internet (DI), um conceito psiquiátrico contemporâneo, caracterizado principalmente pela incapacidade de controlar o uso da internet (PUJOL et al, 2009), levantando questões acerca desta prática entre os adolescentes. OBJETIVO Refletir acerca da Dependência da Internet (DI), visando elencar alguns critérios diagnósticos, repercussões sociais e familiares em adolescentes e a existência de programas de apoio aos dependentes. MÉTODO Para atingir os objetivos propostos, foi realizada uma revisão não sistemática da literatura contemporânea. RESULTADOS A dependência da internet (DI) está sendo considerada como um transtorno psiquiátrico do século XXI, tendo como sintomas: preocupação excessiva com a internet; necessidade de aumentar o tempo conectado (online) para ter a mesma satisfação; exibir esforços repetitivos para diminuir o tempo de uso da internet; presença de irritabilidade e/ou depressão; quando o uso da internet é restringido, apresenta labilidade emocional (internet como forma de regulação emocional); permanecer mais tempo conectado (online) do que o programado; trabalho e relações sociais em risco pelo uso excessivo e mentir aos outros em relação ao tempo de horas online. Cinco ou mais destes critérios respondidos de forma positiva, revelariam Dependência da Internet (DI) (YOUNG, 2007). A partir disto, a DI foi enquadrada dentro do espectro obsessivo-cumpulsivo, que agrupa transtornos com o comprometimento do controle de impulsos em comum, ou seja, com sintomas impulsivos e/ou compulsivos. Para dar conta desta nova dependência e proporcionar resultados, foi necessária uma adaptação de alguns modelos teóricos de outros transtornos mentais, também caracterizados por dependência, compulsão e impulsividade, como por exemplo, o Jogo Patológico (JP) (PUJOL et al, 2009). Assim, a abordagem terapêutica que está sendo utilizada para dar conta da DI é a terapia cognitivo-comportamental. Porém, a literatura que existe, até o momento, sobre a problemática da DI e suas ações terapêuticas é muito escassa (PUJOL et al, 2009; BAROSSI et al, 2009). Desta maneira, carece-se de estudos e intervenções de eficácia comprovada nesta problemática contemporânea, fruto da tecnologia. No que tange às repercussões sociais e familiares deste tipo de dependência, percebe-se prejuízos no relacionamento familiar, atividades acadêmicas e profissionais, relações entre amigos e grupo de iguais e até mesmo na saúde física dos jovens dependentes. Não obstante, comportamento depressivo, mudanças de humor e reações emocionais impulsivas e descontroladas também aparecem, quando se sentem afastados da rede e da possibilidade da conexão (BAROSSI et al, 2009). Em virtude disto, existem programas de apoio para estes dependentes. Um deles, criado em 2007 pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo e dirigido por psicólogos e psiquiatras, tem a missão de oferecer atendimento aos pacientes que desenvolveram alguma forma de dependência tecnológica, e que, em decorrência disto, estão tendo prejuízos em sua qualidade de vida (BAROSSI et al, 2009). CONCLUSÃO Com base nos resultados da presente pesquisa, pode-se perceber um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam um comprometimento da vida familiar, pessoal e social do indivíduo dependente, trazendo conseqüências negativas ao desenvolvimento da personalidade adolescente.Como agravante, em virtude da contemporaneidade da DI, poucos estudos existem sobre a problemática, minimizando a criação de intervenções eficazes para atender à esta demanda. Porém, a terapia cognitivo-comportamental é uma terapêutica que está sobressaindo-se no tratamento desta dependência. Da mesma forma, na tentativa de fornecer apoio tanto ao sujeito dependente, quanto aos familiares que sofrem com a dependência, existem programas de apoio a esta população. Além de funcionar como uma terapêutica paralela ao tratamento psicológico e psiquiátrico, a iniciativa mostra-se como positiva, na medida em que oferece um espaço de escuta, compartilhamento de experiências e vivências dos dependentes e familiares. Assim, se chama atenção para a necessidade de mais estudos acerca das particularidades desta nova psicopatologia, fruto da contemporaneidade e da tecnologia. Da mesma maneira, salta-se os olhos a necessidade de estudos que tragam dados empíricos acerca da etiologia da DI, para que não só ações curativas possam ser desenvolvidas, mas como também ações preventivas ao comportamento dependente. REFERÊNCIAS: PUJOL, Cristina da Costa; SCHMIDT, Alexandre; SKOLOVSKY, Aline; KARAM, Rafael Gomes; SPRITZER, Daniel Tornaim.; Dependência de Internet: perspectivas em terapia cognitivo-comportamental; Revista Brasileira de Psiquiatria; 31; 185-186; 2009. IBGE; PNAD 2009: rendimento e número de trabalhadores com carteira assinada sobem e desocupação aumenta; http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=170; Julho 2011. BAROSSI, Odinéia; MEIRA, Sylvia van Enck, GÓES, Dora Sampaio, ABREU, Cristiano Nabuco ; Programa de Orientação a Pais de Adolescentes Dependentes de Internet (PROPADI); Revista Brasileira de Psiquiatria; 13; 389-390; 2009. YOUNG, Kimberly; Cognitive behavior therapy with Internet addicts: treatment outcomes and implications; Cyberpsychol Beh; 10; 671-679; 2007.