CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DE INDIVÍDUOS COM PARALISIA CEREBRAL DE ACORDO COM A ESCALA DE AVALIAÇÃO GMFCS Amanda Cristina Araújo Rosa1, Márcio Rodrigues de Matosn 1 Universidade Paulista, Rodovia Pres. Dutra, km 157,5, Rio Comprido, São José dos Campos - SP, 12240-420, [email protected] Resumo - A encefalopatia crônica não progressiva é um dos problemas mais recorrentes na fase do desenvolvimento encefálico e acarreta disfunção predominantemente sensoriomotora. A escala GMFCS foi criada com o objetivo de avaliar a funcionalidade motora desses indivíduos, atendendo à necessidade de um sistema padronizado de classificação embasado nas habilidades e limitações. A amostra deste estudo será composta por 10 crianças com idade média de 7,5 anos que possuírem, isoladamente, diagnóstico médico de PC. Os participantes serão catalogados segundo a sua topografia motora e classificados de acordo com os cinco níveis da escala GMFCS. A aplicação da escala irá proporcionar aos fisioterapeutas que atuam na área de neurologia infantil uma avaliação que permita catalogar cada indivíduo no seu nível motor funcional, contribuindo para que o planejamento fisioterapêutico seja baseado em atividades funcionais para cada indivíduo. A utilização da escala GMFCS como instrumento de avaliação é relevante na prática clínica, pois permite verificar e reabilitar as limitações e mobilidades relacionadas à locomoção e funcionalidade de cada paciente. Palavras-chave: fisioterapia; paralisia cerebral e escala GMFCS. Área do Conhecimento: Ciências da Saúde. Introdução As lesões neurológicas ocorridas na infância acarretam diversos comprometimentos ao sistema nervoso, sendo a Paralisia Cerebral (PC) um dos problemas mais recorrentes na fase do desenvolvimento encefálico. A encefalopatia crônica não progressiva pode ocorrer no período pré, peri ou pós-natal, afetando o sistema nervoso central em fase de maturação estrutural e funcional. É uma disfunção predominantemente sensoriomotora que envolve disfunções no tônus muscular, postura e movimentos voluntários do indivíduo (DIAS et al., 2010; ROCHA et al., 2008; MANCINI et al., 2002; OLIVEIRA et al., 2010; LEITE et al., 2004; CARGNIN et al., 2003). A PC pode ser classificada de acordo com a disfunção motora e a distribuição topográfica do déficit motor. Clinicamente, existe o tipo espástico, com origem no sistema piramidal; o discinético, com origem no sistema extrapiramidal; o atáxico, com origem cerebelar; o hipotônico, caracterizado pela diminuição da função motora; e o misto, onde há a combinação de dois ou mais tipos de disfunção motora (MANCINI et al., 2002; OLIVEIRA et al., 2010; GRECCO et al., 2013; REBEL et al., 2010; FELIX et al., 2012). Em relação à topografia, a PC pode ser classificada em hemiplegia, com comprometimento em somente um hemicorpo; diplegia, com comprometimento nos membros superiores e inferiores, sendo o acometimento maior nos inferiores; e tetraplegia ou quadriplegia, que acomete globalmente os membros superiores e inferiores (MANCINI et al., 2002; OLIVEIRA et al., 2010; REBEL et al., 2010; CHAGAS et al., 2008). A escala GMFCS (Gross Motor Function Classification System) foi criada com o objetivo de avaliar a funcionalidade motora dos indivíduos com PC (OLIVEIRA et al., 2010) atendendo à necessidade de um sistema padronizado de classificação, embasado nas habilidades e limitações da função motora grossa (CARVALHO et al., 2010; PFEIFER et al., 2009). Ela foi desenvolvida a partir da modificação feita na escala GMFM (Gross Motor Function Measure), validada por Russel et al. (1993), que continha 88 itens de avaliação quantitativa. Palisano et al. (1997) resumiu a escala em apenas cinco habilidades, dando origem à GMFCS, classificando desde os indivíduos mais independentes até os mais dependentes, com base na iniciativa do movimento voluntário, com ênfase no sentar, andar e realizar transferências, onde a faixa etária para a classificação era de crianças de 2 a 12 anos de idade. Em 2007, a escala foi ampliada e passou a atender indivíduos com até 18 anos de idade (OLIVEIRA et al., 2010; CARVALHO et al., 2010; PARALISANO et al., 2007). XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 1 O objetivo deste estudo é realizar a classificação da função motora grossa nos indivíduos de 2 a 18 anos com paralisia cerebral por meio da escala de avaliação GMFCS, acompanhados na ClínicaEscola de Fisioterapia UNIP de São José dos Campos-SP e catalogá-los de acordo com a sua funcionalidade, relacionando-os conforme sua topografia motora e avaliando principalmente atividades dinâmicas como sentar, andar e realizar transferências, contribuindo assim para que a prática clínica no setor de neurologia infantil seja mais direcionada às atividades funcionais destes indivíduos. Material e Métodos Este projeto teve como base científica de pesquisa as plataformas ScieELO, PEDro, Pubmed e Google Acadêmico. Como critério de exclusão foram descartados os artigos de fontes não confiáveis e com mais de 15 anos de publicação. As palavras-chaves inseridas na busca foram fisioterapia, paralisia cerebral e escala GMFCS. Os indivíduos que participarão deste estudo de caso são pacientes com diagnóstico médico de Paralisia Cerebral atendidos no setor de fisioterapia da Clínica-Escola Unip. A amostra será composta por 10 crianças, sendo 5 do sexo masculino e 5 do sexo feminino, com idade média de 7,5 anos. Serão incluídos na pesquisa somente crianças com o diagnóstico médico de PC sem qualquer outra síndrome congênita associada na faixa etária de 2 a 18 anos, sendo excluídos os indivíduos que não corresponderem às condições propostas. As crianças serão avaliadas por meio da escala GMFCS, que é um sistema de classificação da função motora grossa distribuído em 5 níveis, de acordo com o grau de independência na locomoção do indivíduo. O nível I corresponde às crianças com independência total, ou seja, que conseguem andar sozinha com passos largos e subir escadas segurando algum objeto. O nível II apresenta os indivíduos com limitações que necessitam, por exemplo, de corrimões para subir escadas. O nível III corresponde aos indivíduos que realizam a marcha com o auxílio de algum dispositivo, como muletas e cadeira-de-rodas. O nível IV inclui às crianças mais dependentes da ajuda de terceiros e que só se locomovem por meio de andadores ou cadeira-de-rodas motorizada. Já o nível V corresponde aos indivíduos totalmente dependentes, que se locomovem mediante cadeira-de-rodas com apoio cervical e sendo empurrado por outra pessoa (SPOSITO et al., 2010). Os movimentos de deitar, rolar, sentar, engatinhar, ajoelhar-se, ficar em pé, andar, correr e pular serão observados durante a realização da atividade, sendo analisado se a criança consegue iniciar a mesma completando-a parcialmente ou totalmente ou se não é possível dar início à tarefa proposta (CARVALHO et al., 2010). Após catalogarmos cada criança no seu nível correspondente de atividade funcional, iremos realizar a classificação da mesma de acordo com a sua topografia motora. O estudo de caso foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Paulista via Plataforma Brasil e aprovado sob o CAAE nº 56394116.2.0000.5512. A pesquisa só terá continuidade após a autorização dos responsáveis pelos participantes através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Menores de Idade. Resultados Preliminares A avaliação funcional na área de neurologia infantil tem recebido destaque na fisioterapia nos dias atuais, visto que a funcionalidade de cada indivíduo está diretamente relacionada às suas atividades cotidianas e aos estímulos recebidos durante a fase do desenvolvimento neuropsicomotor. Tendo como base os estudos relacionados à aplicação da escala de avaliação GMFCS nos indivíduos com PC, pode-se esperar que o projeto contribuirá para que seja possível catalogar cada paciente no seu nível de independência funcional, verificando suas limitações e mobilidade ao exercer as atividades propostas relacionadas à função motora grossa. A utilização da escala GMFCS no setor de neurologia infantil irá contribuir também para que os fisioterapeutas que atuam na área tenham maior conhecimento desse instrumento de avaliação e possam utilizar do mesmo nos atendimentos às crianças deste setor, visando, sobretudo, sua funcionalidade nas atividades planejadas, promovendo um prognóstico satisfatório com o decorrer da fisioterapia. XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 2 Discussão A escala de avaliação GMFCS vem sendo explorada gradualmente no setor de neurologia infantil, principalmente por abranger o nível de comprometimento motor dos indivíduos com paralisia cerebral e permitir que sejam traçados objetivos terapêuticos baseados nas limitações funcionais apresentadas em cada paciente (ROCHA et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2010). A aplicação da escala GMFCS permite avaliar o grau de independência funcional dos indivíduos com PC, verificando se os mesmos necessitam de alguma ajuda externa, como o próprio fisioterapeuta de forma assistida, ou de outro dispositivo de suporte, como cadeira-de-rodas, andadores ou muletas para se locomover em ambientes internos, externos e/ou com escadas, como também para realizar atividades como correr e pular (PARALISANO et al., 2007; CURY et al., 2006; CHAGAS et al., 2004; ASSUMPÇÃO et al., 2011). A avaliação funcional dos indivíduos com PC por meio da aplicação da escala GMFCS não se pode dar de forma isolada, visto que a encefalopatia crônica pode estar relacionada às lesões causadas em outras áreas do córtex cerebral, ocasionando alterações visuais, auditivas, cognitivas, verbais e em demais sistemas do corpo, como o trato gastrointestinal e cardiorrespiratório, sendo necessário relacioná-las ao nível de comprometimento motor desenvolvido em cada atividade funcional realizada (CARVALHO et al., 2010; LEITE, 2012). O grau de comprometimento motor obtido através da escala GMFCS está diretamente relacionado à topografia motora do indivíduo, como exemplo, quadriplégicos espásticos graves que se enquadram no nível V da escala possuem desempenho funcional inferior aos indivíduos de topografia motora mais leve, como os hemiplégicos espásticos (DIAS et al., 2010; REBEL et al., 2010; FELIX et al., 2012; CAMARGOS et al., 2011). De acordo com os resultados esperados deste projeto e relacionando-os aos estudos que envolvem a aplicação da escala GMFCS é possível verificar que a aplicação deste instrumento de avaliação é confiável na prática clínica, visto que o mesmo garante a coleta de informações necessárias para o acompanhamento da evolução e prognóstico funcional das crianças atendidas neste setor (DIAS et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2010). Conclusão Com base na prévia do estudo apresentado, pode-se concluir que a escala GMFCS é um importante instrumento de avaliação da independência funcional nos indivíduos com PC, pois permite verificar as limitações e mobilidades relacionadas à locomoção de cada paciente, dando ênfase nos movimentos de sentar, andar e realizar transferências, tornando possível visualizar a interação entre a topografia e a disfunção motora por meio de um sistema de classificação da função motora grossa do indivíduo, direcionando assim um plano de tratamento fisioterapêutico embasado em atividades que promovam maior funcionalidade e evolução ao paciente. Referências ASSUMPÇÃO, M.S. et al. Coativação, espasticidade, desempenho motor e funcional na paralisia cerebral. Rev. Motriz. V.17, n.4, p.650-59, 2011. CAMARGOS, A.C.R. et al. Prevalência de distúrbios associados nas crianças com paralisia cerebral. Fisioterapia Brasil. V.12, n.4; p.250-54, 2011. CARGNIN, A.P.M; C, M. 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