As consequências da falta de conhecimento do Código de Ética na profissão Loys Lener Bueno da Silva (Bolsista de Iniciação Cientifica – IC-UEL) [email protected] Olegna Souza Guedes (Professora Doutora do Curso de Serviço Social) [email protected] Universidade Estadual de Londrina/ Departamento de Serviço SocialCESA Área e subárea do conhecimento: Ética/Código de Ética Palavras-chave: Código de ética, Congresso da Virada, Tradicionalismo. Resumo: A presente pesquisa é um dos desdobramentos da participação no projeto de pesquisa “O Código de Ética no cotidiano profissional de assistentes sociais de Londrina e Região: Dilemas e Perspectivas”, realizado na Universidade Estadual de Londrina. Tem como objetivo entender a necessidade a importância do Código de Ética no exercício profissional dos assistentes sociais. Centra-se na análise do último Código de 1993, aprovado pelo CEFESS: Conselho Federal de Serviço Social. Construído através de pesquisa bibliográfica e documental, elenca elementos da ética profissional e aspectos da construção do referido código, mostrando sua importância no cotidiano profissional dos assistentes sociais. Dentre as conclusões da pesquisa, estão às necessárias análises dos princípios éticos norteadores do exercício profissão na direção política que se volta à defesa de uma sociabilidade com justiça social, ainda que nos limites do capitalismo que reproduz a desigualdade social, e da democracia como valor ético central nas relações dos assistentes sociais com os usuários das políticas que viabilizam. 1 Introdução e Objetivo A presente pesquisa tem o objetivo de compreender a importância da ética profissional que em sua dimensão normativa se articula a uma dimensão política e filosófica necessária para orientar ações dos profissionais no cotidiano de sua atuação profissional. Centra-se, portanto na análise da perspectiva da ética profissional dos assistentes sociais que elege como seu referencial analítico o materialismo histórico dialético. E, para entender essasdimensões, levantaaspectos históricos do Serviço Social que culminaram nos princípios, direitos e deveres elencados noCódigo de Ética de 1993. No Brasil, como nos demais países daAmérica Latina, os anos 1960 e 1970 são importantes marcos para manifestações políticas revolucionárias, tendo de um lado a crise mundial que o capitalismo instaurou desde a Segunda Guerra Mundial e de outro a implementação do capitalismo monopolista, que agravou as desigualdades sociais e as contradições, acirrando desta maneira às lutas sociais. E é nesse contexto, que assistentes sociais brasileiros voltamse arevisar suas bases teóricas e seus referenciais éticos. Dentre estas bases, a que se filia ao materialismo histórico dialético começa a destacar-se como principal, a partir do início da década de 1980. Mas é apenas na década de 1990 que ela passa a referenciar a reflexão sobre a ética profissional, passando a subsidiar a construção dos princípios fundamentais do código de ética profissional dos assistentes sociais. Procedimentos metodológicos Para construir este artigo nos valemos de uma abordagem qualitativa, sendo uma pesquisa documental e bibliográfica, tendo como direção o Código de Ética profissional do Assistente Social, ahistoricização de aspectos doServiço Social no Brasil; a ética profissional ea necessidade de um novo Código de Ética, o de 1993. As pesquisas foram feitas no interior do projeto de pesquisa“O Código de Ética nocotidiano profissional de assistentes sociais de Londrina e Região: Dilemas ePerspectivas”que se iniciou no ano de 2014. Resultados e discussão Com o a política desenvolvimentista assumida no Brasil a partir desde ofinal da década de 1950,assiste-se o envolvimentode assistentes sociais com os movimentos sociais;o processo de laicização;critica interna às ciências sociais e a participação estudantil;houve uma grande crise em todo o Serviço Social. Jovens profissionais que trabalhavam com comunidades se indagam a respeito da subalternidade da profissão, reivindicando um novo padrão cultural e teórico, já visando às mudanças sociais que aconteceriam, transformando dessa maneira as intencionalidades da profissão (Barroco, 2001). Desenvolve2 se então, dentro das universidades, ainda na ditadura, uma intencionalidade de ruptura, que nos anos 70 transforma-se em elaborações teóricas orientadas pelo marxismo, iniciandoum debate teórico-metodológico importante. Mas é somente em 1979, que através do “Congresso da Virada”,realizado em São Paulo, aparecempossibilidades objetivas e subjetivas das forças políticas de trabalho expressar suas lutas por um Estado de Direito. Isto porque, após um longo período de ditadura militar, a resistência e o combate ao autoritarismo não podiam ter expressão na realidade brasileira. Na década de 1980 assiste-se, então, a construção de um código de ética dos assistentes sociais, sancionado em 1986,que avança no sentido da democracia do rompimento com o conservadorismo ético que até, então, era preponderante nas reflexões sobre os valores no Serviço Social. Mas esseCódigo não apresentava uma perspectiva filosófica e retratava uma aproximação messiânica sem falar de aspectos operativos da profissão. O Código de Ética de 93 visa preservar esses avanços – a centralidade da democracia e a crítica ao conservadorismo ético, mas busca referências numa perspectiva filosófica. Nesta direção, passa a pensar a liberdade e a democracia, pensadas como uma prática política, associadas a um projeto político quequestiona a dinâmica da organização capitalista; trazendo ao profissional onecessário compromisso com a classe trabalhadora, visando garantir o acesso a direitos e denúncia de valores que nascem e afirmam a desigualdade social. Na análise dessa perspectiva filosófica, o homem tem o poder de responder as suas necessidades através de mediações, ações criativas e transformadoras, ultrapassando dessa maneira, o limite do imediato. Essa ação transformadora, denominada práxis, o possibilita ter capacidade de ser consciente e livre, instituindo-se assim, como sujeito ético. São, portanto, os homens quem criam as normas e valores de uma sociedade,mas numa sociedade de classes, as relações sociais são movidas por necessidades e interesses, tornando muitas vezes, essas normas e valores contraditórios e contrários à própria humanidade, haja vista a sociedade de classes que a funda (Barroco, 2014). Ao trazer esta dimensão para o interior de uma profissão, se defende que o Serviço Social, assim como o ser social, tem um projeto que se articula com um projeto de classe (Netto, 1999). Para Netto (1999),a ética profissional é um suporte para construção desse projeto. Como os profissionais, assistentes sociais,são indivíduos sociais e livres, com concepções e valores diferentes, a esfera normativa que está referenciada no código de ética é de fundamental importância para dar uma unidade e uma clareza ao projeto profissional. 3 Conclusão O código de Ética de 1986 e principalmente o Código de Ética de 1993 foram marcos fundamentais para a profissão, uma vez que estes romperam com os limites conservadores e tradicionais que conduziam a profissão anteriormente. É a partir deles que se torna possível garantir acesso aos direitos do trabalhadores e mais do que isso, torna-se possível pensar os direitos como direitos e não mais como assistência. A ética profissional não é um referencial teórico distante do exercício profissional, mas um indicativo do projeto profissional do Serviço Social e um marco regulatório para as ações a serem tomadas pelos assistentes sociais. Por isto, um código de ética, mas que um conjunto de deveres, direitos, princípios e sanções, é necessário para a direção política construída pela categoria profissional dos assistentes sociais ao longo de sua trajetória histórica. Agradecimentos Agradeço a minha orientadora, Professora Doutora Olegna Guedes, pela paciência e a Universidade Estadual de Londrina pelo incentivo e oportunidade. Referências: BARROCO, M.L, Ética e Serviço Social: fundamentos ontológicos. 2. Ed. São Paulo: Cortes, 2001. BARROCO, Maria Lucia Silva, TERRA, Sylvia Helena. Código de Ética do/a Assistente Social: Comentado. Conselho Federal de Serviço Social – CFESS. Ed. Cortez. 2014. Código de Ética de 1993. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1993.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2015. NETTO, José Paulo. A Construção do Projeto Ético-Político do Serviço Social. 1999. NETTO, José Paulo. Projeto Ético-Político do Serviço Social: 30 anos na luta em defesa da humanidade. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/congresso.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2015. SILVA, Ioan Soares. O projeto ético político profissional do serviço social: o sentido da ruptura. Revista Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 97, jan./mar. 2009. 4