É com gratidão real que assumo a palavra para dirigir uma

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Pronunciamento do Deputado Pedro Wilson PT/GO,
na Sessão Ordinária do dia 15 de maio de 2008, em
homenagem ao dia do serviço social.
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Parlamentares,
“Não basta que seja justa e pura nossa causa. É
necessário que a pureza e a justiça existam dentro de
nós.”
Agostinho Neto
É com grande alegria que neste 15 de maio, dia do assistente social, dirigimos da tribuna da
Câmara dos Deputados uma saudação aos assistentes sociais do Brasil. Saudamos a Puc/SP,
a UCG e todas universidades que formam estes abnegados profissionais Brasil afora. Como
professor da Católica (e ex-professor do Curso de Serviço Social, da UCG, da PUC/SP e da
UFG) carregamos excelentes lembranças e nos orgulhamos imensamente de ter sido professor
do Curso de Serviço Social. Queremos destacar a importância do profissional da área de
serviço social que desenvolve um trabalho árduo, sério, competente, caloroso, efetivo e
verdadeiro na formação de homens e mulheres capazes de enfrentar a enorme problemática
social vivenciada pela população goiana/brasileira, especialmente, àquela sem eira e nem
beira, excluída e marginalizada.
Os assistentes sociais emprestam suas vidas a conscientizar, alertar e conhecer a vida de seus
semelhantes, e assim abrir caminhos para possibilitar um melhor encaminhamento e solução
dos problemas de uma grande parcela da sociedade que são tratados de forma diferente.
Profissionais que entreajudam a superar políticas manipuladoras e demagógicas para políticas
públicas sociais promotoras do desenvolvimento social para todos homens e mulheres das
cidades e dos campos. O desenvolvimento econômico só tem sentido com o desenvolvimento
social integrado.
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Queremos saudar a Universidade Católica de Goiás e o seu Departamento de Serviço Social e
o Centro Acadêmico 15 de maio por este dia, formando profissionais que compõem à luta pela
construção de uma sociedade igualitária, apesar de tantos percalços, e por um mundo onde o
respeito ao diferente possa se expressar.
Nesse mais de meio século de regulamentação da profissão o que é mais intrínseco à natureza
dessa profissão, e que vem se confirmando no intercurso desses anos: a luta contra o
desemprego, contra as desigualdades e contra a violência. Um compromisso tríplice tomado
como distintivo da ação desse profissional. O debate sobre a superação das desigualdades
sociais injustas e pela construção de uma nova sociedade sem explorados e sem exploradores.
Sociedade de cidadania, promoção humana e assistência social verdadeira (SUS, SUAS,
conferências, conselhos, fóruns, movimentos sociais).
Críticos e comprometidos com a justiça social, com a realização de direitos humanos e com a
ampliação da cidadania, o desempenho do assistente social justifica-se integralmente em uma
sociedade onde a questão social reflete-se na vida de milhões de famílias e indivíduos. Após
70 anos de existência e 50 anos de regulamentação no Brasil, o Serviço Social identifica-se
como a profissão cujos profissionais combatem, por ofício e por decisão ético-política, todas as
formas de violação de direitos, discriminação e subalternidade. Os assistentes sociais
executam suas atribuições com um ensejo claro: uma sociedade justa, formada por homens e
mulheres completos, construída como manifestação não só de resistência às formas de
violência, de ataque à dignidade humana, mas de consolidação de direitos sociais, culturais,
econômicos e políticos.
Igualdade, trabalho e empenho contra todas as formas de violência e exclusão são disposições
que atestam a importância desse profissional na reivindicação e na defesa pública das políticas
sociais como resultado de seu pacto com os sujeitos protagonistas. Concebida e edificada
historicamente, no palco de contradições sociais dentro da economia capitalista, o serviço
social hoje é demarcado por essa intencionalidade profissional clara, amadurecida pelas lutas e
conquistas no campo dos direitos, tantas vezes reconhecidos, mas nem sempre constituídos.
Neste dia do assistente social ressaltamos mais uma vez a importância de cada um e de
todos/as. É importante que o mundo do serviço social tenha consciência que o resgate da
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história de 50 anos de profissão regulamentada, deve ser retomada a partir da sua importância
no presente, na vida de seus usuários, no empenho pela composição de direitos, no combate
cotidiano a toda forma de injustiça. Somente com esse parâmetro, é possível estabelecer o
futuro que ensejamos para a profissão e para nós, profissionais.
No entanto, há um contexto também tríplice de desafios para a profissão: fortalecimento de
nossas entidades organizativas, incremento na qualidade da formação profissional, e empenho
pela conquista de respeito profissional e ampliação do campo profissional e adequadas
condições de trabalho. De saída, é preciso confirmar que a sociabilidade que defendemos
exige uma intervenção qualificada, desprovida de preconceitos, municiada com saberes
específicos, baseada na inteligência contida nos princípios éticos fundamentais, a favor da
eqüidade e da justiça social, da universalidade de acesso aos bens e serviços. O compromisso
com os interesses da população usuária não se realiza sem competência técnica (saber
pensar, refletir e fazer), ética (saber ser, ter, comportar, ver e agir) e política (saber participar,
organizar, partilhar e realizar o bem comum).
Esse compromisso deve sempre converter-se em uma intervenção direcionada na defesa dos
direitos sociais numa conjuntura que, nos dias atuais, merece destaque pela transformação em
curso, capitaneada por um projeto de Estado que tem referência máxima na cidadania e na
democracia por um projeto de governo que tem compromisso político-programático, que
fomente a consolidação dos direitos humanos.
Para além do discurso, o que nos anima a comemorar com esperança o dia do serviço social, é
justamente conviver com o processo contemporâneo de reorganização, racionalização e
ampliação de políticas sociais públicas que conformam hoje uma rede de proteção social no
país nunca antes consolidada. O traço fundamental dessa história, escrita dia após dia no
presente, é a mescla dos valores da ética, da democracia, da justiça social e da solidariedade
humana com uma ação política republicana nascida de um pacto federativo comprometido com
a universalização da cobertura de proteção social à população usuária de direitos e deveres
sociais.
Nesse sentido, ser assistente social é rebelar-se contra a história de predomínio da indiferença
e, ao olhar para o passado, construir no presente, em uma trajetória de responsabilidade
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civilizatória, o futuro que todos ambicionamos: cultura da paz, justiça social, oportunidades e
chances iguais, progresso material e espiritual e assim o desenvolvimento sustentado para
homens e mulheres do planeta azul. E neste dia é importante lembrar nomes como o de Dom
Fernando, Dom Antônio, D. Washington, D. Antonieta, Eline, Tina, Maristela, Aparecida,
Orelina, Terezinha, Athos, Regina, Climaco, Mariana, Regina Sueli, Sandra Faria, Neimy,
Walderez, Maísa, Carmem, Eleusa, Marilene, Omari, Darci, Zezé, Leile, Gláucia e tantos e
tantos nomes de gente lutadora, briosa que fizeram e fazem história no Serviço Social.
O horizonte do serviço social é também o horizonte do nosso mandato a serviço das causas,
anseios, lutas, debates. Queremos somar esforços juntamente com todos vocês assistentes
sociais do Brasil para estabelecermos partilhas e parcerias que transformem, cada vez mais,
estes ideais que nos norteiam em soluções para os problemas dos mais necessitados e de
todos nós humanidade peregrina de Deus dará vida. Vida digna. Nas sábias palavras de Cora
Coralina, rendemos nossas homenagens a todos assistentes sociais. Não somente pela força
poética apresentada, mas sobretudo pelo ensinamento que transmite:
Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
Parabéns assistentes sociais que fazem, todos os dias, com que a chama da esperança se
renove dentro de cada um de nós e de todos brasileiros das cidades e dos campos/cerrados.
Escolher a vida digna de ser vivida hoje e sempre porque um outro mundo é possível e
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desejável. História, memória, identidade e compromissos na vida e no trabalho, na família e na
comunidade, nas universidades e na sociedade que queremos sempre mais e melhor, justa e
fraterna. Vocês são pessoas, sujeitos, protagonistas e assim portadores de muitas alegrias e
esperanças neste século XXI. Muitas, mil felicidades. Hoje e sempre.
Queremos, neste nosso discurso, falar do dia 18 de maio e da luta antimanicomial.
Enquanto você
Se esforça pra ser
Um sujeito normal
E fazer tudo igual...
Eu do meu lado
Aprendendo a ser louco
Maluco total
Na loucura real...
Raul Seixas
Neste 18 maio comemora-se em todo o mundo o Dia de Luta Anti-manicomial. Um dia
importante na luta contra os manicômios e sensibilizar a população para a situação das
pessoas internadas, em função de transtornos mentais, e buscar
novas formas de
atendimento, políticas públicas de saúde para esta população e sua família e inserção e
convívio social do doente.
Há séculos, o tratamento que o Brasil dispensa aos seus ditos ‘loucos’ é um tratamento que
humilha e degrada: é o isolamento social e a redução do ser humano a um nada social, a um
ser imprestável e inservível.
Dia 18 de maio é a data mundial da luta contra os manicômios. É o dia de bradar aos quatro
ventos que a loucura pode e deve ter o seu lugar no mundo, que as subjetividades individuais
contribuem na construção do todo social e que a aceitação das diferenças, sejam elas de que
níveis forem, faz parte do ideal de democracia e da esperança de um outro mundo possível.
Dia 18 de maio é dia de reafirmar o compromisso com a causa antimanicomial, é o dia de
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reafirmar que não queremos mais hospícios em nosso país , já que esta é uma instituição
retrógrada e ultrapassada, que não deve encontrar mais espaço nem respaldo em nossa
realidade.
O movimento em prol da reforma psiquiátrica já alcançou algumas vitórias no Brasil. Já
desospitalizou internos e reduziu o número de leitos em hospitais psiquiátricos. Mas há muito o
que se fazer ainda. Dia Nacional da Luta Antimanicomial é dia de lembrar que mais de
cinqüenta mil pessoas continuam presas em algum hospício brasileiro e que isto é inaceitável!
Que muitos continuam morrendo nestes lugares e que este não é um destino justo.
A esperança que mobilizou tantos brasileiros inclui o sonho de liberdade acalentado por tantos,
há tantos anos. O Brasil de todos também precisa ser o Brasil dos portadores de sofrimento
mental. A Lei 10.216 precisa ser transformada em realidade. Do mesmo modo que o mundo
aprendeu a conviver com os hansenianos, com os tuberculosos, cuja história relata episódios
de rechaçamento social, agora é a vez da loucura encontrar seu lugar no mundo, e não mais
no isolamento, que pode gerar ainda mais loucura, pois o homem, esteja ele em que condições
esteja,
é
e
sempre
será
um
ser
social.
No próximo dia 18 de maio, dê um grito pela liberdade... ... e, assim, como nos diz a canção,
"seja lá como for, vai ter fim a infinita aflição. E o mundo vai ver uma flor brotar do impossível
chão".
Muito Obrigado!
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