CONHECIMENTO DE IDOSOS COM OSTEOARTRITE DE JOELHOS SOBRE SUA DOENÇA Priscila Ariadne de Moura Bueno (Bolsista CNPQ), Ligia Maria Facci, Celita Salmaso Trelha email:[email protected] Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Fisioterapia Palavras-chave: Osteoartrite, Conhecimento, Fatores de Risco. Área e sub-área do conhecimento: Educação Física/ Fisioterapia e Terapia Ocupacional Resumo Conviver com uma doença crônica, como a osteoartrite, requer conhecimento do paciente e familiares não só pela natureza da doença, como também das habilidades específicas para o autocuidado. O objetivo deste estudo descritivo do tipo transversal foi analisar o conhecimento sobre a doença em idosos acometidos por OA de joelhos. Participaram do estudo 54 indivíduos com diagnóstico médico de osteoartrite de joelhos, de ambos os sexos e com idade entre 60 e 80 anos. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário abordando aspectos sociodemográficos e conhecimento do sobre a doença (etiologia, locais de acometimento, sinais e sintomas, comprometimento das atividades do dia-a-dia, progressão da doença, formas de tratamento e a influência do fator emocional). Foi realizada análise estatística descritiva. Verificou-se predomínio do sexo feminino (77,8%) e com média de idade de 67,4 + 6,1 anos. Os indivíduos analisados apresentaram conhecimento insatisfatório sobre a doença em relação a sua etiologia, sinais e sintomas, fatores que podem gerar a progressão, cura e tratamento adequado. Os resultados do estudo revelam a necessidade de ações educativas de caráter interdisciplinar e com metodologia problematizadora para indivíduos com doenças crônicas como a OA. Introdução e objetivo A Osteoartrite (OA) é uma doença articular caracterizada por alterações estruturais na cartilagem articular, desenvolvimento de osteófitos, dano do menisco, fraqueza muscular e frouxidão ligamentar. (BENELL et al., 2012) 1 Para que o tratamento da OA seja feito de forma eficaz é necessário o conhecimento sobre a doença e dos fatores de risco que colaboram para o desenvolvimento ou agravamento da mesma. O conhecimento sobre a doença tem importância significativa para que o paciente acometido tenha consciência da causa, identificando os cuidados necessários, evitando a progressão e complicações advindas. Diante do exposto, o objetivo desse estudo foi analisar o conhecimento da doença em idosos com osteoartrite de joelhos. Procedimentos metodológicos Foi realizado um estudo descritivo com delinemento transversal, com a participação de idosos provenientes de Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade de Londrina/PR e do Hospital Universitário da UEL, de ambos os sexos, na faixa etária entre sessenta e oitenta e cinco anos, com diagnóstico médico de OA de joelho confirmados pelos critérios do Colégio Americano de Reumatologia (ALTMAN et al., 1986). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Londrina sob o Parecer nº 627.967. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário, elaborado pelos autores e baseado na literatura. O instrumento continha questões abordando aspectos sociodemográficos, antropométricos, intensidade da dor e 15 questões sobre o conhecimento do participante sobre a doença. Foi realizada análise estatística descritiva e foi utilizado o programa SPSS 20. Resultados e Discussão Participaram 54 idosos com OA de joelho, sendo predominantemente mulheres 54 (79,41%) e com idade média de idade 67,4 + 6,1anos, variando de 60 a 84 anos. A intensidade da dor variou de 0 a 17, com média de 8,6 + 4,0. Sobre o conhecimento da doença pelos participantes, 48 (88,9%) referiram que já tinham ouvido falar da OA e as respostas encontradas em relação ao conhecimento estão apresentadas na Tabela 1. Tabela 1 – Distribuição de indivíduos com OA de joelhos em relação às respostas sobre o conhecimento da doença: Respostas Correta Incorreta Não sabe 2 n % n % Conceitos sobre a doença Contágio Locais de acometimento Sinais e sintomas Cura 49 90,7 49 90,7 9 16,6 21 38,9 Fatores relacionados Atividade física Peso corporal Fumo Bebida alcóolica Envelhecimento 46 53 5 2 19 85,2 98,1 9,3 3,7 35,2 39 72,2 41 75,9 30 55,6 Tratamentos Cirurgia Repouso Compressas Exercício físico Medicamentos Efeito colateral medicamentos Vacina 29 27 34 47 41 27 38 53,7 50,0 63,0 87,0 75,9 50,0 70,4 25 27 20 7 13 11 2 1 5 45 19 1,9 9,3 83,1 36,2 5 9,3 46,3 50,0 37,0 13,0 24,1 20,4 3,7 n % 4 7,4 14 25,9 3 1 10 11 5 5,6 1,9 18,5 20,4 9,3 16 29,6 14 25,9 Apesar de sua elevada frequência e incapacidade, na avaliação do conhecimento, os resultados mostraram que os informantes, em geral, apresentaram conhecimento insatisfatório sobre a doença em relação a sua etiologia, sinais e sintomas, fatores que podem gerar a progressão, cura e tratamento adequado. Além disso, muitos idosos apresentaram dúvidas sobre as formas mais adequadas de tratamento. Juby, Skeith e Davis (2005) realizaram estudo sobre conhecimento em osteoartrite, onde mostraram que 75% dos pacientes tinham conhecimento da existência de 12 modalidades de tratamento. Pode-se observar à supervalorização do tratamento medicamentoso. Uma limitação do presente estudo refere-se à escassez de estudos sobre a temática, principalmente em relação à OA para discussão dos resultados. Alguns estudos abordam sobre os conhecimentos de outras doenças. Noleto et al. (2011) identificaram conhecimento regular dos hipertensos do ponto de vista de sua doença e de seu autocuidado que pode estar relacionado a fatores pessoais ou sociais que facilitam ou dificultam o acesso às informações. No estudo de Pereira et al. (2012) verificou-se aumento do conhecimento sobre a doença significativamente maior entre os pacientes com diabetes mellitus que participaram de grupo educativo. 3 Conclusão Os idosos com OA de joelhos analisados, em geral, apresentaram conhecimento insatisfatório sobre a doença em relação a sua etiologia, sinais e sintomas, fatores que podem gerar a progressão, cura e tratamento adequado. Os resultados encontrados revelam a necessidade de ações educativas de caráter interdisciplinar e com metodologia problematizadora para indivíduos com doenças crônicas, como a OA e com o propósito dos pacientes se tornarem-se co-responsáveis no controle do dia a dia de sua condição. Agradecimentos À Fundação Araucária pelo financiamento do projeto e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão de bolsa de iniciação científica à primeira autora. Referências ALTMAN, R. et al. The American College of Rheumotology criteria for the classification and reporting of osteoarthritis of the knee. Arthritis Rheum v. 29, p. 1039-1049, 1986. BENNELL, K.L.; HUNTER D.J.; HINMAN, R.S. Management of osteoarthritis of the knee. BMJ. v.30, 345:e 4934, jul. 2012. JUBY, A.G., SKEITH K. DAVIS P. Patients’ awareness, utilization, and satisfaction with treatment modalities for the management of their osteoarthritis. Clin Rhematol., v. 24: p. 535-538, 2005. NOLÊTO, S. M. G.; SILVA, S M R.; BARBOSA, C. O. Conhecimento dos hipertensos sobre a doença. RBCEH, Passo Fundo, v. 8, n. 3, p. 324-332, set./dez. 2011. PEREIRA, D.A. et al. Efeito de intervenção educativa sobre o conhecimento da doença em pacientes com diabetes mellitus. Rev. Latino-Am. Enfermagem; v. 20, n.3, 2012. [Acessado em jul 02, 2015. Disponível em: www.eerp.usp.br/rlae. 4