ANÁLISE “IN VITRO” DA ATIVIDADE BIOLÓGICA DA CONCANAVALINA-A EM PBMC NA LEISHMANIOSE Cayo Julius Cesar de Oliveira (PIBIC/CNPq-UEL), Ana Paula dos Santos Thomazelli, Ivete Conchon-Costa (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual de Londrina/Centro de Ciências Biológicas Área e sub-área do conhecimento: Ciências Biológicas, Parasitologia Palavras-chave: Monócito, imunomodulação, iNOS Resumo A Leishmaniose Tegumentar Americana é uma zoonose de grande prevalência, considerada uma enfermidade polimórfica, espectral da pele e das mucosas, agrupadas nas diferentes formas clínicas: a leishmaniose cutânea, a cutâneomucosa e a cutânea difusa. Seu tratamento limita-se a antimoniais, anfotericina B e pentamidinas, drogas que possuem vários efeitos adversos. Com relação à patologia, os fagócitos têm sido descritos como a primeira linha de defesa na leishmaniose experimental. Estas células além da sua capacidade fagocítica são produtoras de quimiocinas e citocinas que influenciam a resposta imune à infecção por Leishmania. A concanavalina-A (Con-A), uma lectina que apresenta ação imunomoduladora no sistema imunológico de camundongos, ativa uma gama de células a produzir citocinas, como a INF-γ, IL1β, TNF-α, citocinas do perfil imunógico Th1. Essas citocinas por sua vez, possui a capacidade induzir a expressão de iNOS, enzima responsável pela geração de óxido nítrico. Em ensaios in vitro com PBMC humano e Leishmania amazonensis, verificou-se que a Con-A possibilitou o aumento da expressão da enzima iNOS. Em tese, se há o aumento da expressão e síntese da iNOS é esperado que ocorra o aumento da molécula NO, com o consequente aumento das moléculas microbicidas, dióxido de nitrogênio e peroxinitrito, que são fundamentais na eliminação de parasitos Leishmania. Introdução e objetivo A Leishmaniose Tegumentar Americana é uma doença de caráter zoonótico que afeta o homem e diversas espécies de animais silvestres e domésticos. Causada por protozoários do gênero Leishmania, caracteriza-se por apresentar inflamações crônicas de pele e mucosas (GENARO, 2005). As manifestações clínicas são polimórficas classificadas como leishmaniose cutânea (localizada 1 ou não), leishmaniose cutânea-mucosa e leishmaniose cutânea difusa (CIMERMAN, B., et al, 1999). A quimioterapia desta doença no Brasil limita-se ao uso da N-metilglucamina (Glucantime), anfotericina B ou pentamidina (NETO, et al., 2008), os quais apresentam grande toxicidade. Concanavalina-A (Con-A) é uma lectina extraída da semente de Canavalia ensiformis, apresenta capacidade em estimular a mitose celular, influenciar na resposta imune por estimular linfócitos T e células do sistema imune na indução e síntese de citocinas (SODHI; KESHERWANI, 2007). A óxido nítrico sintase induzida (iNOS) não é detectável em condições basais. O LPS ou endotoxinas bacterianas, junto com citocinas, como TNF-α, IL-1 ou IFN- γ, induzem a síntese de iNOS, de 2 a 4 horas após a exposição ao agente. O óxido nítrico (NO) é o produto da iNOS, é uma molécula citotóxica e modula reações inflamatórias ou antiinflamatórias, dependendo do tipo celular e do estímulo (ADAMS, 1996). O objetivo foi analisar a expressão de iNOS em PBMC de indivíduos saudáveis tratados ou não com Con-A após infecção com L. amazonensis. Procedimentos metodológicos Foram obtidas células mononucleares de sangue periférico (PBMC) a partir da centrifugação do sangue de doadores humanos saudáveis, incubados por 60 minutos a 37°C em estufa de CO2 a 5% com 10 mg/mL de Con-A, incubados por 18 horas. Células promastigotas de Leishmania (L.) amazonensis mantidas em meio de cultura 199 foram adicionadas às células PBMC na proporção 5:1 em meio RPMI e incubadas a 37oC por 24 horas. Após esse período as placas foram lavadas com PBS para retirar os parasitas livres e as células aderentes foram utilizadas para avaliação dos marcadores iNOS por imunocitoquímica.. As amostras foram incubadas overnight a 4ºC com os anticorpos primários de interesse, posteriormente com anticorpo secundário e reveladas pela adição do substrato (H2O2 e 3,3'-diaminobenzidine, DAB, Sigma). Em seguida, foram contra-coradas por Hematoxilina de Harris (Merk). Os resultados obtidos foram analisados pelo programa estatístico Prism 5.04 (graphpad Software, San Diego, CA) utilizando análise de variância (ONE-WAY ANOVA) seguido do teste de comparações múltiplas de Bonferroni ou Tukey utilizando. Resultados e discussão 2 A avaliação dos marcadores iNOS pela imunocitoquímica permitiu avaliar a expressão deste composto na interação do protozoário L. amazonensis com PBMC de doadores saudáveis após pré tratamento com a lectina Con-A. No Gráfico 1 pode-se observar que as células infectadas com L. amazonensis e tratadas com Con-A apresentou diferença estatística significativa (P<0,005), quando comparada ao grupo controle. A indução da alta produção iNOS geralmente ocorre em um ambiente oxidativo e, assim, altos níveis de NO tem a oportunidade de reagir com superóxido formando o ânion peroxinitrito e toxicidade celular. Estas propriedades podem definir os papéis de iNOS na imunidade do hospedeiro, permitindo sua participação em atividades anti-microbianas como parte do “burst oxidativo” de macrófagos (NOZAKI et al, 1997). Estudos com murinos knockouts para iNOS e IL-1 mostram que sua eficácia imunológica e microbicida frente a um patógeno torna-se reduzida, isso vulnerabiliza o animal levando a morte do mesmo em um curto período de tempo (KALNS et at., 2002). Em camundongos knockouts para iNOS e NADPH oxidase de fagócitos (PHOX), observou-se que quando infectados com Leishmania donovani, o parasita apresentou replicação acelerada, formação de granulomas e resposta ineficaz ao tratamento com o antimonial (MURRAY, 2006) iNOS Pontuação 2.0 * 1.5 1.0 0.5 Tr at + In f In fe ct ad o C on tr ol e 0.0 Gráfico 1 – Scores da imunocitoquímica para a iNOS. Dados representam a média SD de dez análises independentes. *Significativamente diferente do controle (P <0,005). Conclusão 3 PBMC humanos pré tratados com Con-A apresentaram diferenças na expressão da iNOS indicando efeito imunomodulador desta lectina na leishmaniose. Agradecimentos SETI, CNPq, Fundação Araucária, Universidade Estadual de Londrina Referências ADAMS, H. R.. Physiologic, pathophysiologic, and therapeutic implications for endogenous nitric oxide. J Am Med Assoc. v. 209, p. 1297-1302. 1996. CIMERMAN, B., CIMERMAM, S. Parasitologia humana e seus fundamentos gerais. 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