1 Ethoxysulfuron no controle de soja voluntária no feijoeiro 2 3 Ethoxysulfuron in the control of volunteer soybean in bean 4 5 Resumo – A germinação de sementes de soja durante o cultivo do feijão pode 6 interferir negativamente no crescimento e produção do feijoeiro. Visando definir 7 estratégias de manejo de plantas voluntárias de soja na cultura do feijão, realizou-se esse 8 trabalho com o objetivo de avaliar a seletividade do ethoxysulfuron às culturas da soja e 9 do feijão. Foram realizados dois experimentos em casa de vegetação, um para a cultura 10 do feijão e outro para a soja, ambos no delineamento de blocos casualizados, com 11 quatro repetições. Os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 2x9, sendo o 12 primeiro fator correspondente da aplicação do herbicida isolado ou em mistura com óleo 13 mineral Nimbus® na concentração de 0,5% v/v e o segundo das doses do ethoxysulfuron 14 (0; 1,8; 3,6; 5,4; 7,2; 9,0; 13,5; 18 e 36 g i.a ha-1). Avaliou-se aos 7, 14, 21 e 28 dias 15 após a aplicação do herbicida (DAA) a intoxicação visual e aos 35 DAA a área foliar e 16 matéria seca total das plantas. O ethoxysulfuron causou intoxicação leve às plantas de 17 feijão, sem interferir na área foliar e na matéria seca total das plantas. A soja mostrou-se 18 sensível ao herbicida, sobretudo nas maiores doses e na presença do óleo mineral. A 19 dose de 36 g. i. a. ha-1 do ethoxysulfuron com o óleo mineral causou a morte das plantas 20 de soja. Conclui-se que existe seletividade diferencial do ethoxysulfuron às culturas 21 estudadas e que esse herbicida pode ser incluído em programas de manejo de plantas 22 voluntárias de soja na cultura do feijoeiro. 23 Palavras-chave: Phaseolus vulgaris, Glycine Max, seletividade de herbicidas, tiguera 24 25 Abstract - The germination of soybean seeds in cultivation of beans can negatively 26 impact the growth and yield of common bean. Aiming to define management strategies 27 voluntary soybean plants in the bean crop, held that job in order to assess the selectivity 28 of ethoxysulfuron are soybean and bean. Two experiments were conducted in a 29 greenhouse, one for the bean crop and another for soybeans, both in randomized block 30 design with four replications. The treatments were arranged in a 2x9 factorial design, 31 with the first factor corresponding herbicide application singly or combined with 32 mineral oil Nimbus® at 0.5% v / v and second doses of ethoxysulfuron (0, 1.8, 3 6, 5.4, 33 7.2, 9.0, 13.5, 18 and 36 g ai ha-1). Was assessed at 7, 14, 21 and 28 days after 34 application (DAA) visual intoxication and 35 DAA leaf area and total plant dry matter. 35 The ethoxysulfuron caused mild intoxication to bean plants, without interfering in leaf 36 area and total plant dry matter. Soybean was sensitive to the herbicide, especially in 37 higher doses and in the presence of mineral oil. The dose of 36 g. i. a. ha-1 38 ethoxysulfuron with mineral oil caused the death of soybean plants. It is concluded that 39 there is differential selectivity of ethoxysulfuron the studied cultures and that this 40 herbicide can be included in the management of volunteer soybean plants in the bean 41 crop programs. 42 Keywords: Phaseolus vulgaris, Glycine Max, herbicide selectivity, tiguera 43 44 Introdução 45 O feijão (Phaseolus vulgaris L.) é uma leguminosa que apresenta grande 46 importância na alimentação humana. O Brasil é o maior produtor mundial de feijão, 47 com uma produção estimada de 3,56 milhões de toneladas em 2014, sendo o feijoeiro 48 cultivado por pequenos e grandes produtores durante todo o ano e em todas as regiões 49 brasileiras (IBGE, 2014). 50 A interferência promovida pelas plantas daninhas destaca-se entre as causas do 51 baixo rendimento da cultura (Cobucci et al., 1999; Kozlowski et al. 2002; Teixeira et 52 al., 2009; Borchartt et al., 2011). O período crítico de prevenção da interferência (PCPI) 53 é em torno 36 a 58 dias, período pelo qual a cultura do feijoeiro deve estar livre de 54 competição com plantas daninhas para obtenção de máximas produtividades 55 (Kozlowski et al., 2002). Desta maneira, as medidas de controle devem ser adotadas 56 visando impedir o convívio da cultura com outras plantas na área de cultivo. 57 O feijoeiro tem sido frequentemente cultivado após a cultura da soja. Todavia, 58 devido ao degrane natural da vagem ou a incorreta regulagem da colhedora, várias 59 sementes da soja tem germinado no solo durante o cultivo do feijão, podendo interferir 60 no crescimento e produção da cultura. Desta maneira, existe a necessidade de controle 61 das plantas de soja. Entretanto, existem poucas alternativas de controle químico da soja 62 em cultivos do feijoeiro, devido à semelhança morfológica e por pertencerem à mesma 63 família 64 O ethoxysulfuron (Gladium®) é um ingrediente ativo do grupo das sulfoniluréias 65 e atua inibindo a ação da enzima acetolactatosintase (ALS) paralisando a síntese dos 66 aminoácidos isoleucina, leucina e valina (Silva et al., 2007). O sintoma típico deste 67 grupo de herbicida em plantas é o amarelecimento das partes mais jovens da planta. 68 Inicialmente, as folhas jovens tornam-se cloróticas, murcham, necrosam e morrem; 69 estes efeitos são difundidos para o restante da planta, devido a ação sistêmica do 70 herbicida com translocação pelo xilema e floema, na etapa seguinte poderá aparecer 71 pigmentos vermelhos ou roxos (antocianina), principalmente nas nervuras da face 72 abaxial das folhas (Leite; Almeida; Prete, 1998). 73 Suspeita-se que exista diferença na tolerância entre as culturas do feijão e da soja 74 ao ethoxysulfuron aplicado em pós-emergência. Todavia, esse diferencial pode ser 75 dependente da dose aplicada do herbicida e da adição de adjuvantes. Visando definir 76 estratégias de manejo de plantas voluntárias de soja na cultura do feijão, realizou-se esse 77 trabalho com o objetivo de avaliar a seletividade do ethoxysulfuron às culturas da soja e 78 do feijão. 79 80 Material e Métodos 81 Foram realizados dois experimentos em casa de vegetação pertencente à 82 Universidade Federal de Viçosa, campus Rio Paranaíba, Rio Paranaíba - MG, durante o 83 período de maio a julho de 2014. Utilizou-se como substrato um Latossolo Vermelho 84 distroférrico, textura argilosa, coletado em uma profundidade de 0-10 cm que, após 85 secagem ao ar, foi peneirado (malha de cinco mm). As características químicas e 86 granulométricas do solo estão descritas na Tabela 1. A adubação de plantio foi realizada 87 com o uso de 1,4 g de MAP, 2,3 g de supersimples, 1,2 g de trimag e 0,1 g de cloreto de 88 potássio por dm3 de solo. 89 90 Tabela 1 - Características físico-químicas da amostra de Latossolo Vermelho 91 distroférrico, textura argilosa, utilizada no experimento. Rio Paranaíba - MG, 2013. Al3+ pH ______________________________ (H2O) 6,00 92 H++Al3+ M.O. P (dag dm-3) (mg dm-3) 2,40 13,90 Ca2++Mg2+ Ca2+ K+ (cmolc dm-3)________________________________ 0,00 3,50 4,60 3,60 1,00 CTC V Areia Silte Argila (cmolc dm-3) 8,37 (dag kg-1) (%) 58,00 32,90 11,70 55,40 93 Cada experimento correspondeu a uma cultura avaliada (feijão ou soja) e foi 94 delineado em blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos foram 95 arranjados em esquema fatorial 2 x 9, sendo o primeiro fator correspondente da 96 aplicação do herbicida isolado ou em mistura com óleo mineral Nimbus® na 97 concentração de 0,5% v/v e o segundo fator refere às doses do ethoxysulfuron (0; 1,8; 98 3,6; 5,4; 7,2; 9,0; 13,5; 18 e 36 g i.a ha-1) aplicados em pós-emergência do feijão e da 99 soja. 100 Cada unidade experimental correspondeu a um vaso de 8 dm3 preenchidos com 101 solo. Foram depositadas cinco sementes de cada cultura, realizando-se, aos cinco dias 102 após a emergência, o desbaste visando estabelecer duas plantas da cultura teste por 103 vaso. 104 A aplicação do herbicida foi realizada quando as plantas encontravam-se no 105 estádio V3 da soja (variedade Roundup Ready) e do feijão (variedade Carioca). 106 Utilizou-se um para isso um pulverizador costal pressurizado a CO2, operando à pressão 107 constante de 3,0 kgf cm-2, equipado com barra de duas pontas TT 110.02 espaçadas de 108 50 cm, a uma altura de 50 cm do alvo, e volume de calda equivalente a 150 L ha-1. 109 Aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação do herbicida avaliou-se a intoxicação 110 visual das plantas de feijão e soja através de escala de notas na qual 0% representa 111 nenhum injúria e 100 % morte das plantas, conforme a metodologia da SBCPD (1995). 112 Aos 35 dias após a aplicação determinou-se a área foliar das culturas. Além 113 disso, todo o material vegetal foi colhido e, posteriormente, seco em estufa com 114 circulação forçada de ar, a 65 °C, até atingir peso constante para determinação da 115 matéria seca total. 116 Os dados foram submetidos à análise de regressão, nestas análises, as regressões 117 foram submetidas à análise de variância (P<0,05) e os regressores β1 e β2 foram 118 analisados pelo teste t (P<0,05). 119 120 Resultados e Discussão 121 Seletividade do ethoxysulfuron ao feijoeiro 122 A aplicação do ethoxysulfuron provocou baixos sintomas de intoxicação visual 123 no feijoeiro em todas as avaliações realizadas (Figura 1). As plantas apresentavam 124 pontos cloróticos nas folhas mais novas, e esses sintomas eram potencializados na 125 medida em que se aumentava a dose. Aos 7 dias após a aplicação do herbicida (DAA) 126 constatou-se aumento linear da intoxicação causada pelo produto com a adição do óleo 127 mineral, enquanto que isoladamente o ethoxysulfuron causou notas próximas a 12%, 128 porém estabilizando nas maiores doses. Nas avaliações aos 14 e 21 DAA, notou-se 129 aumento linear da intoxicação, independente do uso ou não do óleo mineral. No entanto, 130 aos 28 DAA observou-se a recuperação das plantas de feijão, principalmente pelo 131 surgimento de folhas novas com ausência de sintomas. 35 35 ŷ 1,60 0,72x r 2 0,93 ŷ 0,53 0,79x r 2 0,97 30 Intoxicação visual (%) 30 Intoxicação visual (%) ŷ 0,38 0,76x r 2 0,86 ŷ 13,03/(1 exp((x 8,16)/1,14)) R 2 0,94 25 20 15 10 5 25 20 15 10 5 a 0 b 0 0 10 20 30 40 0 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) 35 35 30 ŷ 0,15 0,17x r 2 0,67 30 25 20 15 10 5 25 20 15 10 5 c 0 d 0 0 10 20 40 ŷ 0,30 0,17x r 2 0,80 ŷ 0,64 0,77x r 2 0,99 Intoxicação visual (%) Intoxicação visual (%) 20 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) ŷ 0,78 0,67x r 2 0,78 30 10 30 40 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) 0 10 20 30 40 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) Herbicida sem óleo mineral Herbicida com óleo mineral 132 Figura 1. Intoxicação visual do feijoeiro aos 7 (a), 14 (b), 21 (c) e 28 (d) dias após a 133 aplicação de diferentes doses do ethoxysulfuron 134 135 Em trabalho de Fernandes et al. (2011) também foi relatado a tolerância do 136 feijoeiro ao halosulfuron, herbicida do mesmo grupo químico do ethoxysulfuron. 137 Porém, os resultados observados na presente pesquisa não podem ser extrapolados para 138 todos herbicidas do mesmo mecanismo de ação, visto que Procopio et al. (2009) 139 demonstraram que o chlorimuron-ethyl, imazethapyr e cloransulam-methyl, produtos 140 que também agem inibindo a enzima ALS, foram tóxicos para algumas cultivares de 141 feijoeiro, apesar de registrados para uso na cultura da soja. 142 A área foliar e a matéria seca total das plantas de feijão não foram afetadas pelas 143 pela aplicação do ethoxysulfuron, independente da dose do herbicida (Figura 2). 144 Observa-se também que a adição do óleo mineral não aumentou a intoxicação do 145 feijoeiro, bem como não interferiu no crescimento da cultura. Y 1706,44 1800 Y 39,01 Matéria seca total (g planta-1) 1750 Área foliar (cm2 planta-1) Y 39,53 42 Y 1648,06 1700 1650 1600 1550 41 40 39 38 b a 37 1500 0 10 20 30 40 0 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) 10 20 30 40 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) Herbicida sem óleo mineral Herbicida com óleo mineral 146 Figura 2. Área foliar (a) e matéria seca total (b) do feijoeiro aos 35 dias após a 147 aplicação de diferentes doses do ethoxysulfuron 148 149 Esses resultados confirmam a tolerância do feijoeiro ao herbicida ethoxysulfuron 150 para uso em pós-emergência. Todavia, as doses testadas nesta pesquisa são menores que 151 as indicadas para as culturas da cana-de-açúcar e arroz irrigado e foram determinadas a 152 partir de relatos de produtores sobre a eficiência do produto no controle da soja 153 voluntária em plantios do feijoeiro na região do Alto Paranaíba, Minas Gerais. Portanto, 154 a seletividade em doses maiores do que a testada pode ser diferente, bem como em 155 outras cultivares de feijão. 156 157 Seletividade do ethoxysulfuron a cultura da soja 158 A soja apresentou menor tolerância ao ethoxysulfuron em relação ao feijoeiro 159 com notas altas de intoxicação visual em todas as avaliações realizadas (Figura 3). Os 160 sintomas de intoxicação visual eram mais severos que os observados para o feijoeiro, 161 sendo notados, além da clorose em folhas novas, cloroses também nas folhas velhas e 162 caule, seguidas de necrose e morte dos tecidos, principalmente nas maiores doses do 163 herbicida. Aos 7 e 14 DAA constatou-se aumento linear da intoxicação das plantas, 164 porém maiores valores foram notados quando adicionada o óleo mineral na calda de 165 aplicação do herbicida. Na maior dose a intoxicação visual era maior que 60% no 166 tratamento com óleo mineral (Figura 3 a,b). 100 100 ŷ 16,41 0,98x r 2 0,70 ŷ 6,01 1,46x r 2 0,97 ŷ 19,73 1,36x r 2 0,90 ŷ 14,09 2,09x r 2 0,89 80 Intoxicação visual (%) Intoxicação visual (%) 80 60 40 60 40 20 20 a b 0 0 0 10 20 30 40 0 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) 30 40 ŷ 1,25 2,11x r 2 0,94 100 ŷ 23,59 2,23x r 2 0,71 80 Intoxicação visual (%) Intoxicação visual (%) 20 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) ŷ 10,02 1,73x r 2 0,85 100 10 60 40 20 ŷ 123,17 * (1 - exp(-0,05x)) R 2 0,91 80 60 40 20 c d 0 0 0 10 20 30 40 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) 0 10 20 30 40 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) Herbicida sem óleo mineral Herbicida com óleo mineral 167 Figura 3. Intoxicação visual da soja aos 7 (a), 14 (b), 21 (c) e 28 (d) dias após a 168 aplicação de diferentes doses do ethoxysulfuron 169 170 A aplicação do óleo mineral aumentou a intoxicação das plantas de soja, 171 causando, na maior dose, a morte das plantas de soja aos 21 DAA (Figura 3c). Aos 28 172 DAA observou-se intoxicação acima de 60% das plantas em doses acima de 13,5 g i.a. 173 ha-1 e com a adição do óleo (Figura 3d). De maneira geral, nas maiores doses, a 174 intoxicação das plantas de soja ao ethoxysulfuron foi em torno de 50% superiores ao 175 tratamento sem óleo, sendo que o controle total da soja só foi obtido na dose de 36 g i.a. 176 ha-1 + óleo mineral. 177 Os adjuvantes, como o óleo mineral, geralmente, são recomendados para adição 178 na calda de pulverização de herbicidas aplicados em pós-emergência das plantas. 179 Segundo Mendonça et al. (2007) estes produtos podem aumentar a deposição das gotas 180 nas plantas e a molhabilidade da superfície foliar, devido a redução da tensão superficial 181 e do ângulo de contato da gota, o que consequentemente, aumenta a penetração 182 cuticular e a absorção do ingrediente ativo pela planta. Desta forma, o aumento na 183 deposição de gotas e da absorção pode proporcionar melhores níveis de controle das 184 plantas daninhas e contribuir para a redução da dose do herbicida (Maciel et al., 2010). 185 Costa et al. (2007) relata que a tolerância da cultura ao herbicida também pode ser 186 reduzida pela a ação dos adjuvantes, uma vez que, a determinação da seletividade pode 187 ser dependente da dose absorvida do herbicida e da capacidade da planta em 188 metabolizar o ingrediente ativo. Todavia, isso não foi observado neste trabalho, visto 189 que o feijoeiro mostrou-se tolerante ao herbicida enquanto a soja foi controlada pela 190 aplicação da maior dose do ethoxysulfuron. 191 A área foliar da soja foi severamente afetada pela aplicação das maiores doses 192 do ethoxysulfuron (Figura 4a). Na presença somente do herbicida foi constatada 193 redução linear e com a adição do óleo mineral redução exponencial da variável. Esses 194 resultados estão relacionados aos sintomas observados, onde as folhas, após cloróticas, 195 destacavam-se das plantas. 196 ŷ 925,52 - 22,66x 1000 r 2 0,86 12 ŷ 10,97 * exp(-0,04x) R 2 0,84 ŷ 10,71* exp(-0,10x) R 2 0,94 Matéria seca total (g planta-1) Área foliar (cm2 planta-1) ŷ 906,59 * exp(-0,08x) R 2 0,82 800 600 400 200 a 10 8 6 4 2 b 0 0 0 10 20 30 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) 40 0 10 20 30 Dose do ethoxysulfuron (g. i.a. ha-1) 40 Herbicida sem óleo mineral Herbicida com óleo mineral 197 Figura 4. Área foliar (a) e matéria seca total (b) da soja aos 35 dias após a aplicação de 198 diferentes doses do ethoxysulfuron 199 200 A matéria seca das plantas de soja foram exponencialmente reduzidas pela 201 aplicação do ethoxysulfuron (Figura 4b). Todavia, a redução foi maior na aplicação do 202 produto com o óleo mineral, ocorrendo à morte das plantas na maior dose do herbicida. 203 Embora não tenha matado as plantas, nas doses de 9, 13,5 e 18 g. i. a. ha-1 com óleo 204 mineral houve redução de mais de 80% no acúmulo de matéria seca da cultura e em 205 condições de campo podem ser suficientes para a supressão da soja, visto que altos 206 índices de intoxicação permaneceram 28 DAA. 207 A tolerância da soja a herbicidas que tem como mecanismo de ação a inibição da 208 enzima ALS varia com o produto utilizado. Alguns herbicidas como diclosulam, 209 cloransulam-methyl e imazethapyr pertencentes a grupos químicos diferentes do 210 ethoxysulfuron foram seletivos à soja (Galon et al., 2007; Neto et al., 2009; Correa & 211 Alves, 2009). Todavia, Merotto Jr. et al. (2000) relataram intoxicação de duas cultivares 212 de soja em aplicações no estádio V4 da cultura pelos herbicidas metsulfuron e 213 nicosulfuron corroborando com os resultados observados nesta pesquisa. 214 Esses resultados confirmam o diferencial de seletividade do ethoxysulfuron ao 215 feijoeiro e a soja. Apesar de causar intoxicação leve às plantas de feijão, houve a 216 recuperação das plantas e não se constatou alterações no padrão de crescimento. Já o 217 aumento da dose do herbicida incrementa a intoxicação da soja. A adição do óleo 218 mineral proporcionou maior intoxicação da soja voluntária, sendo que o controle total 219 da soja só foi possível com a aplicação de 36 g. i. a. ha-1 do herbicida e na presença do 220 óleo mineral. 221 222 223 224 225 226 Conclusão O uso do ethoxysulfuron causa baixa intoxicação e não interfere no crescimento do feijoeiro, independente da aplicação do herbicida com o óleo mineral. A soja é sensível ao ethoxysulfuron aplicado em pós-emergência, sobretudo quando adicionado o óleo mineral na calda de aplicação. A aplicação de 36 g. i.a. ha-1 ethoxysulfuron com o óleo mineral causa o controle 227 228 total das plantas de soja. 229 230 AGRADECIMENTOS 231 Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento e Pessoal de Nível 232 Superior (CAPES) e à Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais 233 (FAPEMIG) pelo apoio concedido. 234 235 Referências 236 BORCHARTT, L. et al. 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