Visualização do documento UNIDADE 13 -O ESTUDO DA PERSONALIDADE.doc (1298 KB) Baixar Observação reflexiva Para você como professor, qual é a importância do estudo da personalidade para o processo de ensino-aprendizagem? Depois de ter abordado o desenvolvimento da psicologia como ciência autónoma, nesta unidade vamos falar da personalidade, um termo que tem vindo a ser fortemente estudado, não só na Psicologia de aprendizagem como nas outras áreas do saber, como na Sociologia e Antropologia. Para a formação desta componente fazem parte os processos cognitivos, os traços de carácter e os estados psicológicos. Perante qualquer situação a pessoa reage (pensa, sente, imagina). A maneira como as pessoas manifestam os seus estados psicológicos (emoções, sentimentos e vontade) depende em larga medida dos seus traços de personalidade (temperamento e carácter). A organização dinâmica dos processos cognitivos, traços de personalidade e os estados psicológicos definem a personalidade. A pertinência do estudo da personalidade reside no facto de que o ser humano devido à sua inegável sociabilidade e o facto deste coabitar com os seus semelhantes, permitir que este tenha imagens coerentes e consistentes das pessoas que o rodeiam. Ao longo da vida, a acção educativa desempenha um papel preponderante na formação desta componente. Sob acção conjugada da educação e da experiência, a criança vai estruturando suas motivações. Aprende a distinguir o bem do mal, o verdadeiro do falso, o que deve ou não fazer, o que pode ou não pode dizer e age de acordo com tal distinção. No processo de ensino-aprendizagem, o professor deve orientar os alunos, sobre os aspectos sociais e morais do seu comportamento. Isto implica orientar os alunos a distinguir os bons dos maus costumes, hábitos e atitudes. Um dos pressupostos para que o professor oriente os seus alunos sobre os aspectos sociais e morais nas suas vivências, é o respeito à individualidade dos seus alunos, seus traços de personalidade assim como compreender os seus estados psicológicos. Deste modo, ao terminar o estudo desta unidade didáctica, você deverá ser capaz de: Definir o conceito personalidade, identificar e descrever os traços de personalidade e os estados psicológicos, de modo a orientar adequadamente os alunos no processo de ensino-aprendizagem. No final desta unidade didáctica, espera-se que você seja capaz de: 1. Definir o conceito de personalidade; 2. Identificar e descrever as teorias sobre o desenvolvimento da personalidade; 3. Descrever os factores da personalidade; 4. Distinguir os tipos de temperamento; 5. Distinguir os tipos de carácter; 6. Definir o conceito de emoção; 7. Identificar os tipos de emoções; 8. Descrever as funções das emoções; 9. Definir o conceito de sentimento; 10. Identificar os tipos de sentimentos; 11. Descrever as teorias sobre os sentimentos; 12. Definir o conceito de vontade; 13. Identificar a função da vontade sobre os outros estados psicológicos; 14. Explicar a importância da vontade no processo de ensino-aprendizagem. 1. A PERSONALIDADE 1.1. Conceito de personalidade 1.2. Processo de formação da personalidade 1.3. As teorias da personalidade 1.3.1. A perspectiva psicanalítica sobre a personalidade 1.3.1.1. Estrutura da personalidade 1.3.1.2. Níveis de consciência da personalidade 1.3.1.3. Mecanismos de defesa da personalidade 1.3.2. A perspectiva Humanista sobre a personalidade 1.3.2.1. A teoria humanista da personalidade segundo Carl Rogers 1.3.2.2. A teoria humanista da personalidade segundo Maslow 1.3.3. A perspectiva cognitiva sobre a personalidade 1.3.3.1. A teoria cognitiva da personalidade segundo Kelly 1.3.3.2. A teoria cognitiva da personalidade segundo Mischel 2. OS FACTORES DA PERSONALIDADE 2.1. Conceito de temperamento 2.1.1. Tipos de temperamento 2.2. Conceito de carácter 2.2.1. Componentes da estrutura do carácter 2.2.2. Tipos de carácter 3. A ESFERA EMOCIONAL, SENTIMENTAL E VOLITIVA DA PERSONALIDADE 3.1. As emoções 3.1.1. Conceito de emoções 3.1.2. Origem das emoções 3.1.3. Condições das emoções 3.1.3.1. Condições fisiológicas das emoções 3.1.3.2. Condições psíquicas das emoções 3.1.4. As etapas do processo emocional 3.1.5. Manifestações emocionais nas pessoas 3.1.6. Tipos de emoções 3.1.7. Funções das emoções 3.2. Os sentimentos 3.2.1. Características dos sentimentos 3.2.2. Tipos de sentimentos 3.2.3. Teorias sobre os sentimentos 3.2.3.1. Teoria da disposição inata 3.2.3.2. Teoria da disposição social 3.2.3.3. Teorias da disposição mental 3.3. A vontade 3.3.1. Fases da actividade voluntária 4. RESUMO 5. EXERCÍCIOS DE AUTOAVALIAÇÃO 6. BIBLIOGRAFIA 7. GLOSSÁRIO 8. CHAVE DE CORRECÇÃO DOS EXERCÍCIOS 1. A PERSONALIDADE Tem sido controverso definir o termo personalidade. Hansenne (2003:22), argumenta que mesmo que o termo tenha sofrido uma evolução, o conceito personalidade ainda não se encontra devidamente circunscrito, nem bem definido . Tal facto, segundo Hansenne, deve-se à ampla difusão do termo personalidade, junto do grande público que não dá o mesmo significado que a psicologia ciêntifica atribui ao termo. Para termos uma definição precisa do que realmente se entende por personalidade, vamos apresentar algumas definições que os grandes defensores da personalidade propõem: 1.1. Conceito de personalidade Allport, citado por Hansenne (2003:22) entende que a personalidade é a organização dinâmica no seio do individuo, de sistemas psicofísicos que determinam o seu comportamento característico e os seus pensamentos. Byrne, também citado por Hansenne (2003:23), define a personalidade como a combinação de todas as dimensões relativamente duráveis de diferenças individuais que podem ser medidas. A teoria mais recente de todas foi apresentada por Linpton Limpton citado pelo mesmo autor (2003:23), que entende a personalidade como um conglomerado organizado de processos e dos estados psicológicos pertencentes a um individuo . Esta teoria apresenta um aspecto positivo ao enfatizar o facto de a personalidade ser um processo organizado e específico de cada pessoa. Ora, não se pode definir a personalidade fora do sujeito humano. Isto revela-nos que ao definirmos o termo personalidade teremos que ter em conta a pessoa, como ser único e indivisível e com todas as suas particularidades que o caracterizam. Observação reflexiva Qual das teorias é consensual na definição da personalidade? Todavia, a definição de Allport é abrangente segundo as várias definições propostas por muitos psicólogos, porque engloba tanto a nossa constituição genética como as influências sociais. Segundo Hansenne, (2003:23), a teoria de Allport, defende a personalidade como uma entidade única que traduz de maneira peculiar a forma como uma pessoa pensa, reflecte, age e se comporta em diferentes situações. Portanto não podemos pensar na personalidade como uma justaposição de peças, mas sim uma organização. A Personalidade encontra-se no interior de cada pessoa, cujas bases são fisiológicas, o qual determina como a pessoa se portará numa dada situação a partir de padrões de respostas recorrentes e conscientes e reflecte-se em várias direcções, como os comportamentos, os pensamentos e os sentimentos. Desta forma, para o nosso estudo abordaremos o conceito de personalidade formulado por Allport: "personalidade é uma organização dinâmica, no seio do indivíduo, de sistemas psicofísicos que determinam o seu comportamento característico e os seus pensamentos". Acabamos de apresentar o conceito de personalidade. Certamente que percebeu o que se entende por personalidade: organização dinâmica dos traços do eu, formados por uma combinação de genes que herdamos e as influências do meio social. Quando começa a formação da personalidade nas pessoas? Será que nascemos com a personalidade já formada? 1.2. Processo de formação da personalidade Não nascemos com a personalidade formada. Nascemos com a herança genética vinda dos nossos progenitores a qual vai determinar um conjunto de características individuais e congénitas designadas por temperamento que influem a nossa maneira habitual de reagir diante aos estímulos ambientais formando assim o carácter. A integração dinâmica dos dois factores, temperamento e carácter define o que designamos por personalidade. Portanto, cada um quando nasce é apenas um esboço, um centro de iniciativas, que, pela vontade própria, vai se ... 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