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Artigo da revista Farmácia Saúde
A dor é universal e complexa. Todos nós já a sentimos pelo menos uma vez na vida. Uma dor de cabeça, de
dentes ou até mesmo uma "dor de cotovelo".
A dor é um estado intrínseco ao ser humano. Todos nós estamos sujeitos à dor, pois ela é um estado universal, não escolhe
pessoas, idade ou sexo. É também um sintoma complexo, sendo fruto de factores físicos ou até mesmo psíquicos.
Embora esteja normalmente associada a situações desagradáveis existem estados em que a dor é sinónimo de alegria e
boa forma física. É o caso das dores de parto, das dores musculares após exercício físico, entre outras.
A dor é única e traduz-se numa inter-relação com a nossa condição biológica, psicológica e cultural. Existem culturas, como
a oriental, em que o sofrimento pela dor não é visto como caso de pena ou miséria. Sofrer significa portanto ser-se forte e
intocável. Inversamente, a nossa sociedade vive a debilidade com alguma compaixão e tem para com ela uma visão
distanciada. As pessoas não partilham os seus sintomas com quase ninguém. Vivem na solidão com a sua dor, como uma
pena que têm que pagar.
A mentalidade face à dor está ainda sujeita a uma "reforma". Mas para isso, o sofrimento tem que deixar de ser visto com
compaixão para passarem a ser analisadas as causas e razões do seu aparecimento. O posterior tratamento tem que ser
trabalhado conjuntamente com o médico e a equipa de fisioterapia. É através deste trabalho contínuo que o doente poderá
voltar a ter uma vida mais confortável. Exercício, técnicas de relaxamento e ocupação da mente são algumas das opções
para nos esquecermos da dor.
O processo da dor
Mas para percebemos um pouco mais sobre este submundo convém entrarmos no campo mais científico. Assim,
cientificamente falando a dor não é mais do que o resultado da detecção de um estímulo desagradável pelo sensor nervoso
- o "nociceptor". O ser humano possui milhões de sensores espalhados pela pele, ossos, articulações, músculos e órgãos
internos. Cada sensor está "programado" para reagir a diferentes estímulos, uns ao calor, outros ao frio ou à pressão. Estes
estão também aptos à detecção de qualquer tipo de inflamação fruto de um ferimento, doença ou infecção.
A dor é o sinal resultante do impulso que ocorre nas células nervosas. Este impulso pode ter ritmos diferentes, dependendo
da gravidade e natureza da doença.
O sintoma da dor não se resume a uma simples passagem de estímulos. Até chegar ao nosso cérebro a dor percorre um
longo caminho passando por filtros das nossas experiências pessoais. Se estamos com uma alto nível de stress, a recepção
da dor vai ter maior impacto do que se estivéssemos totalmente relaxados e psicologicamente controlados. É neste campo
que os tratamentos são mais necessários ou mesmo imprescindíveis. O foro psicológico de um doente vai condicionar em
muito o sucesso do tratamento. Como foi dito anteriormente o processo da dor funciona como um todo, onde a
cultura/meio ambiente, vector psicológico e o físico são partes fundamentas a ter em conta no processo de tratamento.
Dores agudas e crónicas
Na generalidade, faz-se a divisão da dor em duas categorias: as agudas e as crónicas. As dores denominadas agudas são
temporárias, relacionadas com sensações físicas. Podem durar poucos segundos a vários meses, mas geralmente a sua
intensidade diminui quando a ferida começa a sarar. Temos como exemplo uma queimadura, fractura, distensão muscular
ou as dores pós-operatórias.
Quanto às crónicas, normalmente a sua duração ultrapassa o tempo normal da dor aguda. Estas começam por ser agudas e
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com o evoluir da doença passam a crónicas, tornando-se mais difíceis de solucionar. As dores crónicas podem ser o
resultado de doenças como a diabetes, herpes ou até mesmo de traumas pós-cirurgicos. Podem também aparecer sem
nenhuma doença prévia, no caso dos nervos continuarem a enviar mensagens de dor ao cérebro. Como sintomas
secundários da dor crónica temos a diminuição da autoestima, tristeza, agressividade e depressão.
Evitar o sofrimento
Existem no mercado medicamentos para atenuar o sofrimento, qualquer que seja o tipo de dor. Também as terapias de
relaxamento, onde o factor psicológico é mais rapidamente alcançado, podem ser bastante eficazes.
Se for daquelas pessoas que não gostam de estar "dependente" de medicamentos então opte por técnicas de relaxamento,
por uma terapia ocupacional, exercício físico ou terapia familiar, consoante a causa da dor.
As técnicas de relaxação, tal como a meditação e o yoga, permitem ao doente treinar a mente no sentido de focalizar a sua
atenção noutra coisa e esquecer a dor. A relaxação tem a vantagem de poder ser feita mesmo em casa, a ouvir música.
A terapia ocupacional por seu lado, ajuda o paciente a retornar às suas tarefas do quotidiano, quer em casa quer no
trabalho. Tal como na meditação, o foco da nossa mente deixa de estar centrado na dor e passa então a ser ocupado por
outro assunto.
A terapia física, através de exercício, poderá ser outra solução. À primeira vista podemos associar o exercício físico ao
aumento da dor. No entanto, os médicos aconselham o retorno gradual ao exercício pois ajuda a relaxar os músculos que
até então estavam mais contraídos e tensos.
Como última opção temos a terapia familiar. Esta é uma óptima ajuda para o doente, pois ao sentir-se novamente
integrado e útil em casa aumentará a sua autoestima originando numa melhoria psicológica.
A dor pode ser universal, no entanto, ninguém tem o direito a sofrer. Não se podendo evitar a dor, tentar diminuí-la já é
um princípio. A chave do sucesso do controlo da dor é então o tratamento precoce, assim como uma estreita relação de
comunicação entre o paciente e o médico.
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